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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão
DJe 19/04/2012
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 6

03/04/2012 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 110.133 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


PACTE.(S) : MARCO ANGELO TELLES DE FREITAS JUNIOR
IMPTE.(S) : MARCO ANGELO TELLES DE FREITAS JUNIOR
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE TRÂNSITO.


SENTENÇA CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO.
CUMPRIMENTO DA PENA NÃO INICIADO E AUSÊNCIA DE
NOVOS MARCOS INTERRUPTIVOS. PRESCRIÇÃO DA
PRETENSÃO EXECUTÓRIA DA PENA. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE.
1. A prescrição regula-se pela pena aplicada depois de proferida a
sentença condenatória, sendo que, cuidando-se de execução da pena, o
lapso prescricional flui do dia em que transita em julgado para a
acusação, conforme previsto no artigo 112, combinado com o artigo 110
do Código Penal.
2. In casu, o agente foi condenado à pena de sete meses de detenção
e, decorridos mais de dois anos do trânsito em julgado da sentença para a
acusação e defesa, não se deu início à execução da pena nem se apontou a
existência de causa interruptiva da prescrição executória da pena.
Extinção da punibilidade em virtude da superveniente prescrição da
pretensão executória do Estado, nos termos do artigo 112, inciso I, do
Código Penal.
3. Ordem de habeas corpus concedida.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do
Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata de julgamento e das

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HC 110.133 / SP

notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em conceder a ordem de


habeas corpus, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 3 de abril de 2012.
LUIZ FUX - Relator
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Relatório

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03/04/2012 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 110.133 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


PACTE.(S) : MARCO ANGELO TELLES DE FREITAS JUNIOR
IMPTE.(S) : MARCO ANGELO TELLES DE FREITAS JUNIOR
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Ao paciente foi


imputada a prática do crime previsto no artigo 311 do Código de Trânsito
Brasileiro - a Lei nº 9.503/97: trafegar em velocidade incompatível com a
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e
desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande
movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano.

O Juízo Especial Cível e Criminal da Comarca de Getulina/SP, em


sentença proferida no Processo-Crime nº 254/2006, condenou o paciente a
sete meses de detenção, em regime inicial aberto. O recurso interposto
contra a referida decisão foi desprovido pelo Colégio Recursal da 35ª da
Circunscrição Judiciária do Estado de São Paulo.

Tendo em consideração a data em que ocorrido o fato – 23 de julho


de 2006 – e o trânsito em julgado do acórdão proferido pelo Colégio
Recursal - 13 de outubro de 2009 -, o sentenciado apresentou pedidos de
declaração da extinção da punibilidade pela prescrição, que foram
indeferidos pelas instâncias judiciais percorridas, bem assim pelo
Superior Tribunal de Justiça no Habeas Corpus nº 178.668/SSP, em
acórdão assim ementado:

“EMENTA: HABEAS CORPUS. ART. 311 DO CÓDIGO


DE TRÂNSITO BRASILEIRO. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
DESCABIMENTO. LAPSO TEMPORAL NÃO CUMPRIDO.

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Relatório

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HC 110.133 / SP

1. Se, entre os marco interruptivos, não transcorreu prazo


superior a 2 anos, é improcedente a alegação de extinção da
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva.
2. Hipótese em que, por delito cometido antes da vigência
da Lei n. 12.234/2010, impôs-se ao paciente, por sentença
transitada em julgado, a pena de 7 meses de detenção.
3. Ordem denegada.”

Nesta impetração, formalizada pelo próprio paciente, reitera-se a


tese relacionada à ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do
Estado e o pleito de expedição de contramandado de prisão.

A Procuradoria Geral da República manifesta-se pela concessão da


ordem. O parecer recebeu a seguinte ementa:

“Habeas Corpus. Crime de trânsito. Condenação


transitada em julgado. Prazo prescricional de 2 anos (redação
do art. 109, VI, do CP, anterior a vigência da Lei nº 12.234/2010).
Cumprimento de pena não iniciado. Configurada a prescrição
da pretensão executória. Parecer pela concessão da ordem”.

É o relatório.

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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03/04/2012 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 110.133 SÃO PAULO

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Conforme observado


pelo Ministério Público Federal, à época do julgamento do Habeas
Corpus nº 178.668/SP pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça
não havia transcorrido, entre os marcos interruptivos, o prazo de dois
anos previsto no artigo 109, inciso VI, do Código Penal (redação anterior
à Lei nº 12.234/2010): a conduta delituosa data de 23 de julho de 2006; a
denúncia foi recebida em 19 de dezembro de 2006; a publicação da
sentença condenatória ocorreu em 16 de outubro de 2008 e transitou em
julgado em 13 de outubro de 2009 o acórdão proferido pelo Colégio
Recursal no recurso formalizado pela defesa.

Sucede, entretanto, que, consoante informações prestadas pelo Juízo


Criminal em 27 de outubro de 2011, o mandado de prisão expedido
contra o paciente não foi efetivamente cumprido e não houve início do
resgate da sanção penal imposta ao paciente. Assim, contado a partir do
trânsito em julgado da sentença condenatória – 13 de outubro de 2009 -
tem-se, até data dos esclarecimentos prestados pelo Juiz, o transcurso do
prazo de mais de dois anos sem que houve o início do cumprimento da
pena ou notícia de outra causa interruptiva da prescrição. Verifica-se, por
isso, a superveniência da prescrição da pretensão executória, nos termos
do artigo 112, inciso I, do Código Penal.

Ex positis, declaro a extinção da punibilidade do paciente, razão por


que concedo a ordem.

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Decisão de Julgamento

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

HABEAS CORPUS 110.133


PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
PACTE.(S) : MARCO ANGELO TELLES DE FREITAS JUNIOR
IMPTE.(S) : MARCO ANGELO TELLES DE FREITAS JUNIOR
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma concedeu a ordem de habeas corpus, nos termos


do voto do Relator. Unânime. Não participou, justificadamente,
deste julgamento, a Senhora Ministra Cármen Lúcia. Presidência do
Senhor Ministro Dias Toffoli. 1ª Turma, 3.4.2012.

Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. Presentes à


Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Luiz Fux
e Rosa Weber.

Subprocurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Coordenadora

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