Você está na página 1de 19

Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 19

26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.037 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AGTE.(S) : CICERO JORGE MORAES
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: AGRAVO INTERNO NO HABEAS CORPUS. PENAL E


PROCESSUAL PENAL. CRIME DE ESTELIONATO
PREVIDENCIÁRIO. ARTIGO 173, § 3º, DO CÓDIGO PENAL.
REDISCUSSÃO DOS CRITÉRIOS DE DOSIMETRIA DA PENA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO
ENGENDRADO NOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE NA VIA
ELEITA. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO HABEAS
CORPUS COMO SUCEDÂNEO DE RECURSO OU REVISÃO
CRIMINAL. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. A dosimetria da pena, bem como os critérios subjetivos
considerados pelos órgãos inferiores para a sua realização, são
insindicáveis na via estreita do habeas corpus, por demandar minucioso
exame fático e probatório inerente a meio processual diverso.
Precedentes: HC 114.650, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de
14/8/2013, RHC 115.213, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de
26/6/2013, RHC 114.965, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de
27/6/2013, HC 116.531, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de
11/6/2013, e RHC 100.837-AgR, Primeira Turma, Rel. Min Roberto
Barroso, DJe de 3/12/2014.
2. In casu, o paciente foi condenado às penas de 2 (dois) anos de
reclusão e 20 (vinte) dias-multa, em regime inicial aberto, substituídas por
duas penas privativas de direito consubstanciadas prestação pecuniária
de 3 (três) salários mínimos e prestação de serviços à comunidade ou
entidades públicas pelo tempo da pena privativa de liberdade, em razão
da prática do crime tipificado no art. 171, § 3º, do Código Penal.
3. O habeas corpus é ação inadequada para a valoração e exame

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 5A5D-58F3-3C7F-4A12 e senha 82C4-EB68-58A4-E3A8
Supremo Tribunal Federal
Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 19

HC 228037 AGR / SP

minucioso do acervo fático-probatório engendrado nos autos.


4. O writ é impassível de ser manejado como sucedâneo de recurso
ou revisão criminal.
5. A impugnação específica da decisão agravada, quando ausente,
conduz ao desprovimento do agravo interno. Precedentes: HC nº 218.637-
AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 15/9/2022; HC nº
214.068-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Nunes Marques, DJe de
15/9/2022.
6. A reiteração dos argumentos trazidos pelo agravante na petição
inicial da impetração é insuscetível de modificar a decisão agravada.
Precedentes: HC 136.071-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, DJe de 9/5/2017; HC 122.904-AgR, Primeira Turma, Rel.
Min. Edson Fachin, DJe de 17/5/2016; RHC 124.487-AgR, Primeira Turma,
Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 1º/7/2015.
7. Agravo interno DESPROVIDO.
ACÓRDÃO

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na conformidade


da ata de julgamento virtual de 16 a 23/6/2023, por unanimidade, negou
provimento ao agravo, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 26 de junho de 2023.
Ministro LUIZ FUX - RELATOR
Documento assinado digitalmente

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 5A5D-58F3-3C7F-4A12 e senha 82C4-EB68-58A4-E3A8
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 19

26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.037 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AGTE.(S) : CICERO JORGE MORAES
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de agravo


interno, interposto por CICERO JORGE MORAES, contra decisão de minha
relatoria que negou seguimento a pedido de habeas corpus e restou assim
ementada:

“HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL.


CRIME DE ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. ARTIGO 173, §
3º, DO CÓDIGO PENAL. REDISCUSSÃO DOS CRITÉRIOS DE
DOSIMETRIA DA PENA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA
PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REVOLVIMENTO DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO ENGENDRADO NOS
AUTOS. INADMISSIBILIDADE NA VIA ELEITA.
IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO HABEAS CORPUS
COMO SUCEDÂNEO DE RECURSO OU REVISÃO
CRIMINAL.”

A defesa veiculou habeas corpus, com pedido liminar, impetrado


contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça que negou provimento ao
agravo interno no habeas corpus nº 2.147.908, verbis:

“PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO.
DOSIMETRIA DA PENA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE.
MOTIVAÇÃO SUFICIENTE. FRAÇÃO DE AUMENTO.
PROPORCIONALIDADE.
1. Não prospera a arguida ilegalidade quanto à exasperação da

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B273-1570-467E-B2A4 e senha E971-2C56-EA62-112B
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 19

HC 228037 AGR / SP

penabase em relação às consequências do crime de estelionato


previdenciário, pois, embora o prejuízo financeiro seja decorrência
comum dos crimes contra o patrimônio, sua análise pode ser
considerada quando extrapolar a normalidade, como na hipótese dos
autos, haja vista o elevado montante dos prejuízos aos cofres públicos.
2. A exasperação da sanção básica em 6 meses acima do mínimo
legal foi adequadamente motivada dentro do critério da
discricionariedade vinculada do magistrado, o que revela a sua
idoneidade e a consequente desnecessidade de reparo algum.
3. Agravo regimental desprovido.”

Colhe-se dos autos que o paciente foi condenado à pena de 1 (um)


ano e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime inicial aberto, bem como
ao pagamento de 13 (treze) dias-multa, substituída por duas penas
privativas de direito consubstanciadas prestação pecuniária de 2 (dois)
salários mínimos e prestação de serviços à comunidade ou entidades
públicas pelo tempo da pena privativa de liberdade, em razão da prática
do crime tipificado no art. 171, § 3º, do Código Penal.

Em sede de apelação, o Tribunal de origem se manifestou nos termos


da seguinte ementa:

“PROCESSO PENAL. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO.


MATERIALIDADE. AUTORIA. COMPROVAÇÃO.
DOSIMETRIA DA PENA. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
GRAVIDADE. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. MAJORAÇÃO.
1. As provas dos autos são suficientes à prova da materialidade e
autoria delitiva.
2. A união estável resulta de convivência duradoura e contínua
entre duas pessoas. No caso dos autos, ainda que se alegue
intolerância familiar a impor discrição no relacionamento, não é crível
que ao longo de 17 (dezessete) anos o réu não tenha sido avistado na
companhia de Oscar, qualquer que seja a residência em que se
encontravam. Malgrado o longo período do suposto relacionamento, a
defesa não arrolou testemunhas, limitando-se a apresentar os

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B273-1570-467E-B2A4 e senha E971-2C56-EA62-112B
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 19

HC 228037 AGR / SP

elementos que foram considerados inverídicos ou fraudulentos pelo


INSS por ocasião da auditoria do benefício. A conclusão
administrativa foi corroborada em sede judicial, conforme se verifica
do acórdão proferido pela 7ª Turma do TRF da 3ª Região, que deu
provimento ao recurso do INSS nos Autos n. 0020517-
55.2015.4.03.9999.
3. A insurgência da acusação em relação à dosimetria da pena
deve ser acolhida no que diz respeito às consequências do crime, que
não integram o tipo penal. Tendo em vista os valores indevidamente
pagos pelo INSS, deve ser majorada a pena-base para ambos os réus.
4. No que diz respeito à prestação pecuniária, também assiste
razão ao Ministério Público Federal ao afirmar que deve ser
exacerbada. Embora o Código Penal inclua a prestação pecuniária
dentre as penas restritivas de direitos a 'multa', essa não se confunde
em sua natureza com a multa constante de preceito secundário do tipo
penal: não se trata exclusivamente de multa 'penitenciária', isto é, não
se resume à sanção pela prática do delito. Apesar de ser portadora de
uma função punitiva, tem também a de reparar o dano causado à
vítima, a qual eventualmente poderá ser dela beneficiária (CP, art. 45,
§§ 1º e 2º). Dado que a prestação pecuniária associa tanto a punição
quanto a reparação, os critérios para sua quantificação devem, na
medida do possível, abranger tanto uma quanto outra dessas funções.
Para esse efeito, cumpre atentar para a culpabilidade, aos
antecedentes, à conduta social do agente, às circunstâncias do crime
(CP, art. 44, II; CP, art. 59, caput), mas também às consequências,
dado que a prestação pecuniária é primordialmente um pagamento em
dinheiro à vítima (CP, art. 45, § 1º, c. c. art. 59, caput, do CP).
5. Apelação da defesa desprovida. Apelação da acusação provida
em parte.”

O recurso do órgão de acusação foi provido em parte e as penas


foram fixadas em 2 (dois) anos de reclusão e 20 (vinte) dias-multa, bem
como para fixar a prestação pecuniária 3 (três) salários mínimos vigentes
à época do pagamento. Mantidos os demais termos da sentença.

Irresignada, a defesa interpôs recurso especial dirigido ao Superior

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B273-1570-467E-B2A4 e senha E971-2C56-EA62-112B
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 19

HC 228037 AGR / SP

Tribunal de Justiça, o qual não foi admitido. O agravo em recurso especial


interposto foi provido para se conhecer parcialmente o recurso especial e,
nessa extensão, foi negado provimento. A decisão foi mantida nos termos
da ementa supratranscrita.

No presente mandamus, a defesa apontou constrangimento ilegal


consubstanciado na dosimetria da pena fixada.

Argumentou que “as consequências do crime foram valoradas


indevidamente, porquanto ausentes fundamentos concretos”. Sustentou,
também, que “se trata de circunstância judicial inerente ao próprio crime”.

O writ teve o seguimento negado, sobrevindo o presente agravo


interno, no qual a defesa repisa os argumentos aduzidos na petição
inicial.

Pondera que ser desnecessário o revolvimento fático-probatório e


sustenta que “o julgador valorou de forma desproporcional esse critério na
dosimetria da pena, excedendo o limite da razoabilidade”.

Por fim, formula pedido recursal nos seguintes termos:

“Ante o exposto, Requer a V.Exa., o conhecimento do presente


agravo regimental, exercendo a faculdade legal e regimental da
reconsideração, de modo a prover o recurso para sanar o evidente
constrangimento ilegal e/ou teratologia do caso, com concessão da
ordem, de ofício, para reconhecer e declarar como indevida a
exasperação da pena pela valoração negativa da circunstância normal
e inerente ao delito patrimonial (prejuízo financeiro), vez que este se
compõe em elementos constitutivos do delito imputado(estelionato),
não se admitindo a sua valoração negativa autônoma, na fase das
circunstâncias judiciais, sob pena de praticar verdadeiros bis in idem.
Outrossim, a Instituição Defensória requer sejam observadas as
suas prerrogativas de receber intimação pessoal de todos os atos do

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B273-1570-467E-B2A4 e senha E971-2C56-EA62-112B
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 19

HC 228037 AGR / SP

processo e de contagem em dobro de todos os seus prazos, em


conformidade com o artigo 44, incisos I e VI, da Lei Complementar
80/1994.”

É o relatório.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B273-1570-467E-B2A4 e senha E971-2C56-EA62-112B
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 19

26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.037 SÃO PAULO

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Apresente irresignação


não merece prosperar.

Em que pesem os argumentos expendidos no agravo, resta


evidenciada a ausência de argumento capaz de infirmar a decisão
hostilizada, razão pela qual deve ela ser mantida, por seus próprios
fundamentos.

Inicialmente, observo que o recorrente se limitou a reiterar os


argumentos expostos na petição inicial e já refutados exaustivamente na
decisão ora agravada. Assim, ao insistir em repetir os argumentos
constantes da exordial, silenciando sobre o fundamento da decisão
concernente à inviabilidade de utilização do habeas corpus como
sucedâneo de recurso ou revisão criminal, não houve a impugnação
específica do decisum objurgado. Nesse sentido, in verbis:

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTE.
REITERAÇÃO DE IMPETRAÇÃO ANTERIOR JULGADA PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: IMPOSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DE
FUNDAMENTO DA DECISÃO MONOCRÁTICA:
INVIABILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO.
(HC 218.637-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe
de 15/9/2022)

AGRAVO INTERNO EM HABEAS CORPUS.


PRETENDIDO ABRANDAMENTO DE REGIME DE
CUMPRIMENTO DE PENA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO
ESPECIFICADA. TRÁFICO PRIVILEGIADO AFASTADO COM
FUNDAMENTO NA DEDICAÇÃO A ATIVIDADES

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 19

HC 228037 AGR / SP

CRIMINOSAS. NECESSÁRIO REEXAME DO CONTEXTO


FÁTICO-PROBATÓRIO. HABEAS CORPUS INDEFERIDO. 1. É
inviável o agravo interno que deixa de atacar especificadamente os
fundamentos da decisão agravada (CPC, art. 1.021, § 1º, c/c CPP, art.
3º). 2. A dosimetria da pena é matéria sujeita a certo grau de
discricionariedade, o que não afasta o controle de legalidade e
constitucionalidade dos critérios e da motivação utilizados. 3. A
aplicação da causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.
11.343/2006 foi afastada com fundamento na dedicação a atividades
criminosas. 4. É inadmissível, na via estreita do habeas corpus, a qual
não comporta dilação probatória, o reexame, com vistas ao
acolhimento da tese defensiva – descaracterização da dedicação do
agravante a atividades criminosas –, do conjunto fático-probatório
produzido nas instâncias ordinárias. 5. Agravo interno parcialmente
conhecido e desprovido. (HC 214.068 AgR, Segunda Turma, Rel.
Min. Nunes Marques, DJe de 15/9/2022)

De outro lado, conforme assentado em decisão monocrática, in casu,


inexiste excepcionalidade que permita a concessão da ordem de ofício
ante a ausência de teratologia na decisão atacada, flagrante ilegalidade ou
abuso de poder. Por oportuno, transcrevo a fundamentação da decisão do
Superior Tribunal de Justiça, naquilo que interessa, in verbis:

“[...] Em relação às consequências, embora o prejuízo financeiro


seja decorrência comum dos crimes contra o patrimônio, sua análise
pode ser considerada quando extrapolar a normalidade, como na
hipótese dos autos, haja vista o elevado montante dos prejuízos aos
cofres públicos, pois "a planilha de cálculo do INSS indica o
recebimento de valores indevidos no montante original de R$
109.080,24 (cento e nove mil, oitenta reais e vinte e quatro centavos)
(Id n. 206630069,pp. 98/99), além dos valores posteriormente
recebidos em face da antecipação de tutela concedida nos Autos n.
0020517-55.2015.4.03.9999" (e-STJ fl. 1.489).
Assim, o aumento da reprimenda básica está devidamente
justificado nos termos do art. 59 do CP, inexistindo, portanto,
ilegalidade a ser sanada, diante da fundamentação idônea para sua

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 19

HC 228037 AGR / SP

fixação além do mínimo. [...]


A pena-base do crime de estelionato previdenciário foi
exasperada em 6 meses acima do mínimo legal. Sobre a fração de
aumento, rememoro que, de acordo com a orientação jurisprudencial
desta Corte, o cálculo da pena é questão afeta à discricionariedade
motivada do magistrado, passível de revisão na via eleita apenas
quando ficar evidenciada notória ilegalidade, sem a necessidade de
maior aprofundamento no acervo fático-probatório.
A ponderação das peculiaridades da causa não se resume a uma
simples operação aritmética, uma conta matemática que fixa pesos
estratificados a cada uma delas. Tal apreciação enseja um verdadeiro
processo que impõe ao magistrado apontar, de forma motivada, as
balizas para aplicar a reprimenda que melhor servirá para a prevenção
e repressão do fato delituoso.
Ao Superior Tribunal de Justiça cabe a revisão dos casos
flagrantemente desproporcionais ou desarrazoados, não lhe
competindo a análise de toda irresignação defensiva relativa à fração
de aumento ou redução da pena.
No caso em apreço, o patamar de 6 meses corresponde a 1/2
acima do mínimo legal e se mostra adequado para o aumento da
sanção básica. Analogicamente, ele corresponde a 1/8 sobre a diferença
entre as previsões mínima e máxima do preceito secundário, fração que
vem sendo considerada pela jurisprudência desta Casa como idônea e
proporcional para o cálculo dosimétrico.”

Deveras, como se depreende da fundamentação da decisão do


Tribunal a quo, a dosimetria da pena foi realizada com base em fatos e
elementos existentes no caso in concreto.

Com efeito, consigno que o Supremo Tribunal Federal fixou


entendimento no sentido de que “a dosimetria da pena, bem como os critérios
subjetivos considerados pelos órgãos inferiores para a sua realização, não são
passíveis de aferição na via estreita do habeas corpus, por demandar minucioso
exame fático e probatório inerente a meio processual diverso” (HC nº 114.650,
Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 14/8/2013). Nesse sentido, o

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 19

HC 228037 AGR / SP

seguinte julgado:

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM


HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CONDENAÇÃO
TRANSITADA EM JULGADO. DOSIMETRIA DA PENA. 1. A
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal consolidou
entendimento no sentido da inadmissibilidade do uso da ação de
habeas corpus em substituição ao recurso ordinário previsto na
Constituição Federal (HC 109.956, Rel. Min. Marco Aurélio; e HC
104.045, Rel.ª Min.ª Rosa Weber). 2. O Supremo Tribunal Federal
não admite a utilização do habeas corpus em substituição à ação de
revisão criminal (RHC119.605-AgR, Rel. da minha relatoria; HC
111.412-AgR, Rel. Min. Luiz Fux; RHC 114.890, Rel. Min. Dias
Toffoli; HC 116.827-MC, Rel. Min. Teori Zavascki; RHC 116.204,
Rel.ª Min.ª Cármen Lúcia; e RHC 115.983, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski). 3. A dosimetria da pena é questão relativa ao
mérito da ação penal, estando necessariamente vinculada ao
conjunto fático probatório, não sendo possível, em habeas
corpus, a análise de dados fáticos da causa para redimensionar
a pena finalmente aplicada. Assim, a discussão a respeito da
dosimetria da pena cinge-se ao controle da legalidade dos
critérios utilizados, restringindo-se, portanto, ao exame da
“motivação [formalmente idônea] de mérito e à congruência
lógico-jurídica entre os motivos declarados e a conclusão” (HC
69.419, Rel. Min. Sepúlveda pertence). 4. A orientação
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, “Se
instâncias ordinárias concluíram que o ora agravante se dedicava à
atividade criminosa para negar a incidência da causa especial de
redução de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, para se
chegar a conclusão diversa, necessário seria o reexame de fatos e
provas, o qual o habeas corpus não comporta. Não há que se falar em
bis in idem, pois, embora haja simples referência à quantidade de
droga apreendida, ela não foi um fator preponderante na negativa de
aplicação da causa especial de redução de pena prevista no art. 33, §
4º, da Lei 11.343/06, já que se entendeu, em razão das circunstâncias
em que foi praticado o delito, que o agravante se dedicava à atividade

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 19

HC 228037 AGR / SP

criminosa, o que, por si só, obsta a incidência do redutor de pena


pretendido” (HC 136.177-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli). 5. Agravo
regimental a que se nega provimento. (HC 141.167-AgR, Primeira
Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 16/6/2017)

Ademais, há que se reconhecer que a dosimetria da pena é matéria


sujeita a certa discricionariedade judicial, sindicável apenas em casos de
flagrante teratologia, ilegalidade ou abuso de poder. Nesse sentido o HC
nº 132.475, de relatoria da Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe de
23/8/2016:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. INADEQUAÇÃO
DA VIA ELEITA. REITERAÇÃO DE IMPETRAÇÃO ANTERIOR.
TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
DOSIMETRIA. FIXAÇÃO DA PENA-BASE. AFASTAMENTO
DA MINORANTE DO ARTIGO 33, § 4º, DA LEI 11.343/2006. 1.
Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a
Constituição Federal remédio jurídico expresso, o recurso ordinário.
Diante da dicção do art. 102, II, a, da Constituição da República, a
impetração de novo habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia
o instituto recursal próprio, em manifesta burla ao preceito
constitucional. 2. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal
no sentido de que “não se conhece de habeas corpus em que se reitera a
pretensão veiculada em writ anteriormente impetrado” (HC
112.645/TO, Rel. Min. Ayres Britto, 2ª Turma, DJe 08.6.2012). 3. A
dosimetria da pena é matéria sujeita a certa discricionariedade
judicial. O Código Penal não estabelece rígidos esquemas matemáticos
ou regras absolutamente objetivas para a fixação da pena. Pertinente à
dosimetria da pena, encontra-se a aplicação da causa de diminuição da
pena objeto do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. 4. Na hipótese,
adequada a exasperação da pena-base acima do mínimo legal dada
'a expressiva quantidade de droga apreendida – 57 kg de
maconha'. 5. A tese defensiva de aplicação da minorante do § 4º
do art. 33 da Lei 11.343/06, afastada pelas instâncias anteriores dada a
constatação de o paciente integrar organização criminosa e/ou dedicar-

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 19

HC 228037 AGR / SP

se à atividades delitivas, demandaria o reexame e a valoração de fatos e


provas, para o que não se presta a via eleita. 6. Agravo regimental
conhecido e não provido.

Assim, é certo que, de acordo com o Tribunal a quo, “o patamar de 6


meses corresponde a 1/2 acima do mínimo legal e se mostra adequado para o
aumento da sanção básica. Analogicamente, ele corresponde a 1/8 sobre a
diferença entre as previsões mínima e máxima do preceito secundário, fração que
vem sendo considerada pela jurisprudência desta Casa como idônea e
proporcional para o cálculo dosimétrico”.

Sendo esse o contexto, cumpre ressaltar que esta Corte sufraga o


entendimento de que o habeas corpus é a via inadequada para um juízo de
ponderação sobre a suficiência das circunstâncias judiciais valoradas
pelas instâncias antecedentes para majorar a pena-base. Nessa linha, in
verbis:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM


HABEAS CORPUS. PENAL. INVIABILIDADE DE REEXAME
DOS FUNDAMENTOS APONTADOS PELO JUIZ NATURAL
DA CAUSA A PARTIR DO SISTEMA TRIFÁSICO. PENA-BASE
ADEQUADA E PROPORCIONAL AO CASO EM APREÇO.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – A
orientação jurisprudencial desta Suprema Corte firmou-se no sentido
de que somente em situações excepcionais é admissível o reexame dos
fundamentos da dosimetria da pena fixada pelo juiz natural da causa a
partir do sistema trifásico, sendo certo que o quantum de pena-base
fixado (3 anos de reclusão) ao crime em questão, num intervalo de 2 a
8 anos, encontra-se proporcional ao caso em apreço. II – É assente que
não se pode utilizar “o habeas corpus para realizar novo juízo de
reprovabilidade, ponderando, em concreto, qual seria a pena adequada
ao fato pelo qual condenado o Paciente”. (HC 94.655/MT, Rel. Min.
Cármen Lúcia). Precedentes. III – Agravo regimental a que se nega
provimento. (RHC 219.891-AgR, Segunda Turma, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJe de 21/10/2022)

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 19

HC 228037 AGR / SP

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIMES


DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. WRIT SUCEDÂNEO DE
RECURSO OU REVISÃO CRIMINAL. PLEITO DE
ABSOLVIÇÃO. REEXAME DE FATOS E PROVAS.
INADMISSIBILIDADE. DOSIMETRIA. FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. RESULTADO
DOSIMETRÍCO PROPORCIONAL. REVOLVIMENTO DO
ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE.
ILEGALIDADE OU TERATOLOGIA NÃO IDENTIFICADAS. 1.
Inadmissível o emprego do habeas corpus como sucedâneo de recurso
ou revisão criminal. Precedentes. 2. A orientação jurisprudencial
desta Corte é sentido de que, para acolher a tese de absolvição,
imprescindíveis o reexame e a valoração de fatos e provas, para o que
não se presta a via eleita. Precedentes. 3. A dosimetria da pena é
matéria sujeita a certa discricionariedade judicial, à míngua de
previsão, no Código Penal, de rígidos esquemas matemáticos ou regras
absolutamente objetivas para a fixação da pena. 4. Exasperação da
pena-base estabelecida dentro da margem de discricionariedade
permitida ao julgador e cuja resultante não teve desfecho
flagrantemente desproporcional. 5. Na linha da jurisprudência desta
Suprema Corte, é a ponderação das circunstâncias elementares do tipo
de forma simultânea à dosagem da pena-base que configura ofensa ao
princípio do non bis in idem . Precedentes. 6. Inviável, como regra, a
reavaliação das premissas fáticas ou a glosa de modelos de fixação da
pena empregados pelos órgãos julgadores, ligados a aspectos
discricionários da atividade dosimétrica. Precedentes. 7. Agravo
regimental conhecido e não provido. (HC 218.217-AgR, Primeira
Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 20/9/2022)

Por oportuno, cabe referir que o exame das questões de fato


suscitadas pela defesa demanda uma indevida incursão na moldura fática
delineada nos autos. Com efeito, o habeas corpus é ação inadequada para a
valoração e exame minucioso do acervo fático probatório engendrado nos
autos. Destarte, não se revela cognoscível a insurgência que não se
amolda à estreita via eleita. Nesse sentido:

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 19

HC 228037 AGR / SP

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME


DE ESTELIONATO MAJORADO. WRIT SUCEDÂNEO DE
RECURSO OU REVISÃO CRIMINAL. DOSIMETRIA. PENA-
BASE. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. EXASPERAÇÃO
PROPORCIONAL. REEXAME DE FATOS E PROVAS.
INVIABILIDADE. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE OU
ARBITRARIEDADE. 1. Inadmissível, como regra, o emprego do
habeas corpus como sucedâneo de recurso ou revisão criminal.
Precedentes. 2. A dosimetria da pena é matéria sujeita a certa
discricionariedade judicial. O Código Penal não estabelece rígidos
esquemas matemáticos ou regras absolutamente objetivas para a
fixação da pena. Precedentes. 3. Exasperação da pena-base estabelecida
dentro da margem de discricionariedade permitida ao julgador e cuja
resultante não teve desfecho flagrantemente desproporcional. 4. Para
concluir em sentido diverso quanto à exasperação da pena-base,
imprescindíveis o reexame e a valoração de fatos e provas, para o que
não se presta a via eleita. Precedentes. 5. Inexistente manifesta
ilegalidade ou arbitrariedade no ato hostilizado passível de correção na
presente via. 6. Agravo regimental conhecido e não provido. (HC
179.364-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de
26/04/2021)

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL E


PROCESSUAL PENAL. CRIME DE HOMICÍDIO
DUPLAMENTE QUALIFICADO. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
INADMISSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL PARA JULGAR HABEAS CORPUS:
CRFB/88, ART. 102, I, D E I. HIPÓTESE QUE NÃO SE AMOLDA
AO ROL TAXATIVO DE COMPETÊNCIA DESTA SUPREMA
CORTE. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. INADMISSIBILIDADE NA VIA ELEITA.
INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO CARACTERIZADA.
CUSTÓDIA PREVENTIVA DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADA. ELEMENTOS CONCRETOS A

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 19

HC 228037 AGR / SP

JUSTIFICAR A MEDIDA. ALEGADO EXCESSO DE PRAZO.


INOCORRÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (HC
130.439, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 12/5/2016).

Ainda, cumpre registrar que não cabe a rediscussão da matéria


perante esta Corte e nesta via processual, porquanto o habeas corpus não é
sucedâneo de recurso ou revisão criminal. Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM


HABEAS CORPUS. WRIT SUCEDÂNEO DE RECURSO OU
REVISÃO CRIMINAL. EXECUÇÃO PENAL. FALTA
DISCIPLINAR GRAVE. ABSOLVIÇÃO OU
DESCLASSIFICAÇÃO. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-
PROBATÓRIO. INVIABILIDADE. MANIFESTA ILEGALIDADE
OU TERATOLOGIA NÃO IDENTIFICADAS. 1. Inadmissível o
emprego do habeas corpus como sucedâneo de recurso ou revisão
criminal. Precedentes. 2. Para concluir em sentido diverso das
instâncias anteriores quanto ao pleito de absolvição ou desclassificação
da imputação de falta grave, imprescindíveis o reexame e a valoração
de fatos e provas, para o que não se presta a via eleita. Precedentes. 3.
Agravo regimental conhecido e não provido. (RHC 217.371-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 9/9/2022)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM


HABEAS CORPUS. MATÉRIA CRIMINAL. WRIT UTILIZADO
COMO SUCEDÂNEO DE REVISÃO CRIMINAL.
IMPOSSIBILIDADE. REGIME. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE
EVIDENTE OU TERATOROLOGIA A INFIRMAR
JULGAMENTO ACOBERTADO PELA COISA JULGADA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O recurso ordinário
em habeas corpus não merece conhecimento na medida em que
funciona como sucedâneo de revisão criminal. Precedentes. 2. Devido
ao caráter excepcional da superação da jurisprudência da Corte, a
concessão da ordem de ofício configura providência a ser tomada tão
somente em casos absolutamente aberrantes e teratológicos, o que não
se verifica na espécie. 3. Agravo regimental desprovido. (RHC

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 19

HC 228037 AGR / SP

213.694-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de


26/8/2022)

Por fim, observo que que esta corte sufraga o entendimento de que a
reiteração dos argumentos aduzidos na petição de habeas corpus, os quais
já foram objeto de exame pelo relator, não possuem o condão de infirmar
os fundamentos da decisão agravada. Nesse sentido, in verbis:

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS EXPOSTOS NA INICIAL
QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. WRIT CONTRA DECISÃO LIMINAR DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. POSTERIOR
JULGAMENTO DO MÉRITO: PREJUDICIALIDADE DA
IMPETRAÇÃO. AGRAVO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
I - O agravante reitera os argumentos anteriormente expostos na
inicial do habeas corpus, sem, contudo, aduzir novos elementos
capazes de afastar as razões expendidas na decisão agravada. II - A
superveniência do julgamento do mérito de habeas corpus pelo
Superior Tribunal de Justiça torna prejudicada a impetração que ataca
a decisão que indeferiu a liminar. III – Agravo ao qual se nega
provimento. (HC 136.071-AgR, Segunda Turma, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJe de 9/5/2017)

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


PROCESSO PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA.
INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-
LA. MANUTENÇÃO DA NEGATIVA DE SEGUIMENTO.
DELITO DE TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. RITO ESPECIAL.
RESPOSTA À ACUSAÇÃO. PRESCINDIBILIDADE. PRISÃO
PREVENTIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. A inexistência de argumentação apta a infirmar o
julgamento monocrático conduz à manutenção da decisão recorrida. 2.
O artigo 396 do CPP, que assegura ao acusado a apresentação de
resposta à acusação após a admissão da imputação, não se aplica ao
rito disciplinado na Lei 11.343/06, hipótese em que a defesa escrita

10

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX

Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 19

HC 228037 AGR / SP

precede ao recebimento da denúncia. Ademais, ambas as defesas são


direcionadas a evitar a persecução criminal temerária, de modo que,
forte no princípio da especialidade, não há direito subjetivo à
acumulação das oportunidades de defesa. 3. Não há ilegalidade na
decisão que impõe prisão preventiva com lastro em argumentos que
evidenciam o fundado receio de reiteração delituosa. 4. Agravo
regimental desprovido. (HC 122.904-AgR, Primeira Turma, Rel.
Min. Edson Fachin, DJe de 17/5/2016)

Direito Penal e Processo Penal. Agravo Regimental. Recurso


Ordinário em Habeas Corpus. Ação Penal. Desobediência. Coação no
Curso do Processo. Nulidade do Processo em que Ocorreu o Crime. 1.
O crime de coação no curso do processo é formal. Sua consumação
independe de resultado naturalístico, bastando a simples ameaça
praticada contra qualquer pessoa que intervenha no processo, seja
autoridade, parte ou testemunha. É irrelevante que a conduta produza
o resultado pretendido. 2. A conduta foi praticada quando o processo
se encontrava em curso, o que atende à descrição típica do art. 344 do
Código Penal. 3. A reiteração dos argumentos trazidos pelo agravante
na inicial da impetração não é suficiente para modificar a decisão
agravada (HC 115.560-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli). 4. Agravo
regimental a que se nega provimento. (RHC 124.487-AgR, Primeira
Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 1º/7/2015)

Ex positis, DESPROVEJO o agravo interno.

É como voto.

11

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BFD2-5D3B-8904-E54C e senha 9CBB-422A-914D-9670
Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 26/06/2023

Inteiro Teor do Acórdão - Página 19 de 19

PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.037


PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) : CICERO JORGE MORAES
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


interno, nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 16.6.2023 a 23.6.2023.

Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente),


Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

Disponibilizaram processos para esta Sessão os Ministros Dias


Toffoli e Edson Fachin.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 745F-8ABF-78AB-1957 e senha 1627-BB81-EB1B-7B52

Você também pode gostar