Você está na página 1de 18

Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 18

15/05/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 226.627 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : MARCELO DA SILVA SERRA
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO
PAULO
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


PROCESSUAL PENAL. ABSOLVIÇÃO EM REVISÃO CRIMINAL.
PROVIMENTO A RECURSO ESPECIAL DA ACUSAÇÃO. DECISÃO
MONOCRÁTICA: IMPOSSIBILIDADE. INADMISSIBILIDADE DE
REVISÃO CRIMINAL. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão da Primeira Turma, na
conformidade da ata de julgamento, por unanimidade, negar provimento
ao agravo regimental, nos termos do voto da Relatora. Sessão Virtual de
5.5.2023 a 12.5.2023.

Brasília, 15 de maio de 2023.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BE7F-7627-56F6-5F0D e senha C8FF-768B-4D07-6E6C
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 18

15/05/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 226.627 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : MARCELO DA SILVA SERRA
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO
PAULO
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Em 11.4.2023, foi negado seguimento ao habeas corpus, com


requerimento de medida liminar, impetrado, em 4.4.2023, pela Defensoria
Pública de São Paulo, em benefício de Marcelo da Silva Serra, contra
decisão do Relator, Ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de
Justiça, que, em 13.10.2022, deu provimento ao Recurso Especial
n. 1.972.041/SP, interposto pelo Ministério Público paulista.

2. Publicada essa decisão em 11.4.2023, foi interposto,


tempestivamente, em 17.4.2023, o presente agravo regimental.

3. Na decisão questionada, tem-se a seguinte ementa:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


ABSOLVIÇÃO EM REVISÃO CRIMINAL. PROVIMENTO A
RECURSO ESPECIAL DA ACUSAÇÃO. DECISÃO
MONOCRÁTICA: IMPOSSIBILIDADE. INADMISSIBILIDADE
DE REVISÃO CRIMINAL. PRECEDENTES. HABEAS CORPUS
AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO”.

4. No presente agravo regimental, o agravante limita-se a repetir as


alegações apresentadas na inicial do habeas corpus.

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B2CB-BC2F-EC3E-2193 e senha 4F35-B610-C9E7-0644
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 18

HC 226627 AGR / SP

Insiste que “o paciente restou condenado à pena de 9 anos, 6 meses e 20


dias de reclusão, em regime fechado, pela prática de roubo qualificado em
concurso com corrupção de menores” (fl. 1, e-doc. 9).

Argumenta que, “em sede de Revisão Criminal, o E. Tribunal de Justiça


do Estado de São Paulo, deu provimento ao pedido e reconheceu que a
condenação do paciente em primeiro grau contrariou a evidência dos autos, nos
exatos termos do art. 621, I do CPP” (fl. 2, e-doc. 9).

Afirma que, “o deferimento do pedido revisional com base no art. 621, I,


do CPP não exige condenação ‘sem qualquer lastro probatório’ como quer o STJ,
mas sim, que a condenação seja contrária a evidência dos autos” (fl. 3, e-doc. 9).

Ressalta que “[n]egar ou proibir esse reexame probatório sem sede de


revisão criminal é, nada menos, que impedir, daqui em diante, qualquer
provimento revisional com base na contrariedade da condenação a evidência dos
autos, e tornar letra morta a parte final do art. 621, I, CPP” (fl. 3, e-doc. 9).

Assevera que “não houve qualquer ofensa ao art. 621, I, CPP, no


deferimento da revisão criminal pelo E. Tribunal de Justiça de São Paulo. Sendo
que a r. Decisão do C. Superior Tribunal de Justiça não pode subsistir e
repristinar a condenação do paciente” (fl. 5, e-doc. 9).

5. Estes o requerimento e o pedido:


“Diante do exposto, considerando que essa Corte Suprema pode
de ofício suprir qualquer ilegalidade verificada, o Agravante requer a
reconsideração da r. decisão agravada (ou o provimento do Agravo
Regimental para determinar o prosseguimento do feito), para se assim
entender V. Exa, conceder a ordem nos termos da inicial apresentada”
(fl. 6, e-doc. 9).

É o Relatório.

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B2CB-BC2F-EC3E-2193 e senha 4F35-B610-C9E7-0644
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 18

HC 226627 AGR / SP

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código B2CB-BC2F-EC3E-2193 e senha 4F35-B610-C9E7-0644
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 18

15/05/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 226.627 SÃO PAULO

VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Razão jurídica não assiste ao agravante.

2. Consta dos autos ter sido o agravante condenado, em definitivo, à


pena de nove anos, seis meses e dez dias de reclusão, em regime inicial
fechado, e ao pagamento de dezoito dias-multa, pela prática dos crimes
de roubo majorado por concurso de agentes e corrupção de menores (inc.
II do § 2º do art. 157 do Código Penal e art. 244-B da Lei n. 8.069/1990).

3. Na espécie vertente, o agravante não impugnou os fundamentos


da decisão monocrática, mas apenas reiterou os argumentos da inicial do
habeas corpus. Este Supremo Tribunal consolidou jurisprudência no
sentido de ser incabível o agravo no qual não se infirmam todos os
fundamentos do ato questionado. Assim, por exemplo:

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


DECISÃO AGRAVADA EM HARMONIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DESTA SUPREMA CORTE QUE ORIENTA
A MATÉRIA SOB EXAME. REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS
EXPOSTOS NA INICIAL QUE NÃO INFIRMAM OS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
I - A decisão ora atacada não merece reforma ou qualquer
correção, pois os seus fundamentos harmonizam-se estritamente com a
jurisprudência desta Suprema Corte que orienta a matéria em questão.
A análise do writ foi exauriente, respeitados os estreitos limites dessa
via mandamental, como se pode verificar no documento eletrônico
correspondente.
II - O presente recurso mostra-se inviável, pois contém apenas a
reiteração dos argumentos de defesa anteriormente expostos, sem, no

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 18

HC 226627 A GR / SP

entanto, revelar quaisquer elementos capazes de afastar as razões


decisórias por mim proferidas.
III - Agravo regimental a que se nega provimento”
(HC n. 184.848-AgR, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski,
Segunda Turma, DJe 4.6.2020).

“Agravo regimental nos embargos de declaração no habeas


corpus. 2. Recurso que não enfrenta os fundamentos da decisão
agravada. Princípio da dialeticidade recursal violado. 3. Ausência de
intimação do defensor para a oitiva de testemunha no Juízo deprecado.
Ainda que superado óbice, a defesa não requereu sua participação na
audiência para oitiva da testemunha via carta precatória, não se
insurgiu nas alegações finais contra a falta da intimação, muito menos
em grau de apelação, a evidenciar manifesta preclusão. 4. Ausente
matéria de ordem pública. 5. Agravo não conhecido” (HC n. 173.711-
ED-AgR, Relator o Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma,
DJe 1º.6.2020).

“AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


DESCABIMENTO DE IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO
MONOCRÁTICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO MONOCRÁTICA:
INVIABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE
HABEAS CORPUS DE OFÍCIO: AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE
MANIFESTA OU TERATOLOGIA. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO CONHECIDO” (HC n. 175.196-AgR, de
minha relatoria, Segunda Turma, DJe 28.2.2020).

“PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM


HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE LATROCÍNIO.
PROGRESSSÃO DE REGIME. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE.
1. A parte recorrente não impugnou, especificamente, todos os
fundamentos da decisão agravada, o que impossibilita o conhecimento

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 18

HC 226627 A GR / SP

do recurso, na linha da pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal.
2. Inexiste violação ao princípio da colegialidade na utilização,
pelo Ministro relator, da faculdade prevista no art. 21, § 1º, do RI/STF
para negar seguimento ao habeas corpus.
3. Situação concreta em que a progressão do regime prisional foi
indeferida pelas instâncias de origem com respaldo na ausência do
preenchimento do requisito objetivo. Paciente reincidente condenado
pelo crime de tentativa de latrocínio que não cumpriu o lapso temporal
de 3/5 estabelecido no art. 2º, § 2º, da Lei 8.072/90. Ausência de
teratologia, ilegalidade flagrante ou abuso de poder.
4. Agravo regimental não conhecido” (HC n. 170.547-AgR,
Relator o Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma,
DJe 6.8.2019).

4. Como assentado na decisão questionada, os elementos jurídicos


apresentados não autorizam o prosseguimento desta ação no Supremo
Tribunal Federal, e não se verifica, na espécie, teratologia ou manifesto
constrangimento ilegal.

5. O Tribunal de Justiça de São Paulo deu provimento à revisão


criminal do agravante, absolvendo-o de ambos delitos, por “concluir que a
condenação contrariou a evidência dos autos” (inc. I do art. 621 do Código de
Processo Penal):
"Ante o exposto, o meu voto afasta as preliminares de não
conhecimento arguida pela Procuradoria Geral de Justiça e a de
nulidade, arguida pela Defensoria Pública e julga procedente a ação
revisional para absolver Marcelo da Silva Serra com fundamento no
artigo 621, inciso I, do Código de Processo Penal" (fl. 4, e-doc. 4).

6. Houve recurso especial interposto pelo Ministério Público paulista


(REsp n. 1.972.041/SP), provido em 13.10.2022, por decisão monocrática
do Relator, Ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça,
nos seguintes termos:
“Sobre a violação ao art. 621, I, do CPP, o TRIBUNAL DE

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 18

HC 226627 A GR / SP

JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO acolheu a pretensão de


revisão da defesa para acolher o pedido de absolvição do ora recorrido
quanto aos delitos de roubo e corrupção de menores entendendo que as
provas dos autos não permitiram a indicação segura de que ele era
autor dos ilícitos, nos seguintes termos do voto do relator:
‘Marcelo da Silva Serra foi denunciado como incurso nas
sanções do artigo 157, § 2º, inciso II, por duas vezes, na forma
do artigo 70, ambos do Código Penal e do artigo 244, B, da Lei
8.069/90, por três vezes, na forma do artigo 70, do Código
Penal, porque no dia 24 de outubro de 2016, por volta de 00:18
hora, na Rua Nhonhô do Livramento, nº 2328, na cidade de
Monte Alto, agindo em concurso e previamente ajustado com o
corréu, Julio César da Silva Meireles, vulgo ‘Mussum’, e com os
adolescentes Eduardo Mateus da Silva Meirelles, Carlos César
da Silva Meirelles e Rerisson Vítor Muniz, subtraiu para
proveito de todos eles, mediante violência real, a quantia de
R$ 161,00 (cento e sessenta reais), em espécie, um molho de
chaves e um aparelho de telefonia celular, marca Samsung, bens
pertencente a Renato Romera, além da quantia de R$ 300,00
(trezentos reais), em espécie, pertencente ao Auto Posto Pignata.
E assim agindo, teria corrompido os três menores, com eles
praticando o roubo. O corréu Júlio Cesar foi preso em flagrante
delito e os três adolescentes foram apreendidos. Júlio Cesar
confessou que praticou o roubo juntamente com os três menores
(fls. 64). Os menores também confessaram a prática do crime e
acrescentaram que havia um quinto indivíduo, a quem
conheciam apenas como ‘Má’ (fls. 5, 61 e 63). O réu não foi
preso em flagrante. Foi indiciado, denunciado e processado
porque os policiais militares Gustavo Berini e Fábio da Silva
Urbano o apontaram como um dos autores do roubo. Todavia,
quando foi interrogado em juízo o Revisionando negou a prática
da imputação, sustentando que não se encontrava na cidade da
data do crime, não conhece o corréu Júlio Cesar e também não
conhece os adolescentes. Alegou que os policiais da cidade o
perseguem e que teriam incentivado o corréu e os adolescentes a
incriminá-lo. A sentença e o acórdão concluíram que a versão

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 18

HC 226627 A GR / SP

exculpatória ficou isolada nos autos e condenaram o


Revisionando. Todavia, e evidentemente preservada a convicção
dos dignos magistrados, creio que o conjunto probatório merece
outra leitura. O frentista é a única pessoa que se encontrava no
local no momento do crime. Ele não reconheceu nenhum dos
agentes; todos estavam encapuzados. Declarou que percebeu
movimentação de quatro ou cinco pessoas no pátio, imaginou
que pretendessem assaltá-lo, fechou a porta, mas os indivíduos a
arrombaram a pontapés, o abordaram, amarraram suas mãos
com fio e subtraíram o seu telefone celular e o dinheiro do caixa.
O frentista ouviu dizer que havia um quinto indivíduo, mas não
viu essa pessoa. O frentista não reconheceu o Revisionando, na
fase policial nem em juízo. Restam os depoimentos dos dois
policiais militares: Gustavo Berini afirmou que o frentista
relatou que cinco indivíduos invadiram a loja de conveniência
após quebrarem a porta de vidro e subtraíram dinheiro.
Examinando as imagens das câmeras de segurança conseguiram
identificar Júlio Cesar e os três adolescentes ‘porque outros
agentes também viram as imagens e afirmaram que haviam
acabado de abordar as mesmas pessoas, porque houve uma
ligação de uma lanchonete em que as pessoas reportaram temer a
eminência de um assalto’. Marcelo, a despeito de não ter sido
encontrado no local, também foi reconhecido pelos agentes
(mídia audiovisual). O policial Fábio Urbano afirmou que os
adolescentes, confessaram o crime. A caminho da delegacia
conseguiram prender o corréu Júlio, mas não localizaram
Marcelo. A maior parte do dinheiro subtraído ficou em poder de
Marcelo, conforme relato dos adolescentes (mídia audiovisual).
Essa é a prova acusatória. Quando o policial militar Gustavo
Bernini afirma que ‘outros agentes’ também viram as imagens,
talvez estivesse se referindo a outros policiais militares. Esses
policiais, no entanto, não foram inquiridos; sequer identificados.
E pelo que se conclui, o próprio Gustavo não identificou o
Revisionando nas tais imagens. O policial Fábio Urbano
afirmou que ‘a maior parte do dinheiro não foi localizada porque
teria ficado em poder de Marcelo, conforme relato dos

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 18

HC 226627 A GR / SP

adolescentes’. Mas os adolescentes nada esclareceram sobre


dinheiro. Ao menos nada consta nos relatos de fls. 59, 71 e 63.
Sob o crivo do contraditório nenhum deles foi ouvido. Os dois
policiais militares não presenciaram o roubo. As imagens
captadas pelas câmeras de segurança, ao menos as que foram
reproduzidas nos autos, mais se assemelham a borrões; não
permitem identificação segura de quem quer que seja. Essa
prova, sempre com a devida vênia, não estava a permitir a
procedência da denúncia relativamente ao Revisionando.
Consequentemente, devo concluir que a condenação contrariou a
evidência dos autos.’ (fls. 974/975)
No entanto, tal entendimento não encontra amparo na
jurisprudência desta Corte, pois está fixada no sentido de que o escopo
restrito da revisão criminal, ajuizada com fundamento no art. 621,
inciso I, do Código de Processo Penal, pressupõe condenação sem
qualquer lastro probatório, o que não confunde com a mera
fragilidade. (...)
Nesse mesmo diapasão, ‘A revisão criminal não deve ser adotada
como um segundo recurso de apelação, pois o acolhimento da
pretensão revisional reveste-se de excepcionalidade, cingindo-se às
hipóteses em que a contradição à evidência dos autos seja manifesta,
induvidosa, dispensando a interpretação ou análise subjetiva das
provas produzidas. [...] Nessa senda, este ‘Superior Tribunal de
Justiça já pacificou o entendimento no sentido do não cabimento da
revisão criminal quando utilizada como nova apelação, com vistas ao
mero reexame de fatos e provas, não se verificando hipótese de
contrariedade ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos,
consoante previsão do art. 621, I, do CPP’ (HC 206.847/SP,
Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 16/2/2016,
DJe 25/2/2016).
Ante o exposto, conheço do recurso especial e, com fundamento
na Súmula n. 568 do STJ, dou-lhe provimento para restabelecer o
acórdão apelatório da Egrégia Egrégia 7ª Câmara de Direito Criminal
do TJSP que manteve a condenação do ora recorrido pelos delitos de
roubo e corrupção de menores, fixando-lhe a pena final de 9 (nove)
anos, 6 (seis) meses e 10 (dez) dias de reclusão e 18 (dezoito)

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 18

HC 226627 A GR / SP

dias/multa, no regime inicial fechado” (e-doc. 4).

7. Contra a decisão monocrática de provimento do recurso especial


da acusação foi impetrado o presente habeas corpus, asseverando que o
“paciente foi condenado à pena de reclusão de 9 anos, 6 meses e 24 dias de
reclusão, além da pena de multa, arbitrada em 18 dias multa, por infração penal
contida no artigo 157, § 2º, inciso II do Código Penal e 244, b do Estatuto da
Criança e do Adolescente” (fl. 2, e-doc. 1).

8. Na presente impetração, aponta-se como ato coator decisão


monocrática do Relator, Ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal
de Justiça, que, em 13.10.2022, proveu o Recurso Especial n. 1.946.667/PR,
para cassar acórdão prolatado em revisão criminal, restabelecendo a
condenação imposta ao paciente com trânsito em julgado.

A decisão impugnada, proferida pelo Superior Tribunal de Justiça no


Recurso Especial n. 1.972.041/SP, também transitou em julgado em
27.10.2022, com a baixa definitiva do processo na mesma data.

9. Pela jurisprudência deste Supremo Tribunal, “a não interposição de


agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça – STJ e, portanto, a ausência
da análise da decisão monocrática pelo Colegiado impede o conhecimento do
habeas corpus por esta Corte” (HC n. 143.436-AgR, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 11.10.2018). Confiram-se:

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DE
MINISTRO DE TRIBUNAL SUPERIOR. RECORRIBILIDADE.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE
ILEGALIDADE. PRECEDENTES. 1. Incidência de óbice ao
conhecimento da ordem impetrada neste Supremo Tribunal Federal,
uma vez que se impugna decisão monocrática de Ministro do Superior
de Tribunal de Justiça (HC 122.718/SP, Rel. Min. ROSA WEBER;
HC 121.684-AgR/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI; Ag. Reg. no

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 18

HC 226627 A GR / SP

habeas Corpus 138.687, Segunda Turma, j. 13.12.2016, Rel. Min.


CELSO DE MELLO; HC 116.875/AC, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA;
HC 117.346/SP, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA; HC 117.798/SP, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI; HC 118.189/MG, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI; HC 119.821/TO, Rel. Min. GILMAR
MENDES; HC 122.381-AgR/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI; RHC
114.737/RN, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA; RHC 114.961/SP, Rel.
Min. DIAS TOFFOLI). 2. O exaurimento da instância recorrida é,
como regra, pressuposto para ensejar a competência do Supremo
Tribunal Federal, conforme vem sendo reiteradamente proclamado por
esta Corte (RHC 111.935, Primeira Turma, j. 10.9.2013, rel. Min.
LUIZ FUX; HC 97.009, Tribunal Pleno, j. 25.4.2013, rel. p/ Acórdão
Min. TEORI ZAVASCKI; HC 118.189, j. 19.11.2013, Segunda
Turma, rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI). 3. Inexistência de
teratologia ou caso excepcional que caracterizem flagrante
constrangimento ilegal. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento” (HC n. 161.456-AgR, Relator o Ministro Alexandre
de Moraes, Primeira Turma, DJe 16.10.2018).

“AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO ESGOTAMENTO
DE JURISDIÇÃO. WRIT SUCEDÂNEO DE RECURSO OU
REVISÃO CRIMINAL. INADMISSIBILIDADE. (...)
SUBSTITUIÇÃO DO ATO APONTADO COMO COATOR.
PERDA DE OBJETO. 1. Há óbice ao conhecimento de habeas
corpus impetrado contra decisão monocrática, indeferitória de writ,
do Superior Tribunal de Justiça, cuja jurisdição não se esgotou.
Precedentes. (...) 5. A superveniência de decisão definitiva de Tribunal
Superior corresponde a novo ato a desafiar ação própria. Precedentes.
6. Agravo regimental conhecido e não provido” (HC n. 191.940-AgR,
Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 17.2.2021).

10. A condenação do agravante na ação penal objeto deste habeas


corpus e a revisão criminal ajuizada com a pretensão de reformá-la
transitaram em julgado antes da impetração deste habeas corpus.

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 18

HC 226627 A GR / SP

Este Supremo Tribunal consolidou orientação jurisprudencial de


inviabilidade de utilização do habeas corpus como sucedâneo de revisão
criminal. Assim, por exemplo:

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


PROCESSUAL PENAL. FURTO QUALIFICADO E
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. PROVA IRREPETÍVEL: ART. 155
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. INTERCEPTAÇÃO
TELEFÔNICA. DECISÃO DE PROVIMENTO A RECURSO
ESPECIAL DA ACUSAÇÃO. IMPETRAÇÃO CONTRA
DECISÃO MONOCRÁTICA. HABEAS CORPUS SUCEDÂNEO
DE REVISÃO CRIMINAL. PEDIDO MANIFESTAMENTE
IMPROCEDENTE E CONTRÁRIO À JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE
TERATOLOGIA OU FLAGRANTE ILEGALIDADE. AUSÊNCIA
DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA: INVIABILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
CONHECIDO” (HC n. 189.046-AgR, de minha relatoria,
Segunda Turma, DJe 3.12.2020).

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS EXPOSTOS NA INICIAL
QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. UTILIZAÇÃO DO WRIT COMO SUCEDÂNEO
DE REVISÃO CRIMINAL. INADMISSIBILIDADE. AGRAVO A
QUE SE NEGA PROVIMENTO. I - O agravante apenas reitera os
argumentos anteriormente expostos na inicial do habeas corpus,
sem, contudo, aduzir novos elementos capazes de afastar as razões
expendidas na decisão agravada. II - A jurisprudência pacífica do
Supremo Tribunal Federal não admite o uso do writ como sucedâneo
de revisão criminal. Precedentes. III - Agravo a que se nega
provimento” (HC n. 161.656-AgR, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, Segunda Turma, DJe 31.10.2018).

“PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 18

HC 226627 A GR / SP

EM HABEAS CORPUS RECEBIDOS COMO AGRAVO


REGIMENTAL. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 1. Embargos de declaração
recebidos como agravo regimental, tendo em vista a pretensão da parte
recorrente em ver reformada a decisão impugnada. 2. O entendimento
do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o habeas corpus
não se revela instrumento idôneo para impugnar decreto condenatório
transitado em julgado (HC 118.292-AgR, Rel. Min. Luiz Fux).
Confiram-se, nessa mesma linha, os seguintes precedentes: HC
128.840-AgR, de minha Relatoria; RHC 116.108, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski; HC 117.762, Rel. Min. Dias Toffoli; HC 91.711, Rel.ª
Min.ª Cármen Lúcia. 3. Na situação concreta não se verifica
teratologia, ilegalidade flagrante ou abuso de poder que justifique a
concessão da ordem de ofício. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento” (HC n. 154.106-ED, Relator o Ministro Roberto
Barroso, Primeira Turma, DJe 6.8.2018).

Confiram-se também os julgados a seguir: HC n. 137.153-AgR,


Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 16.11.2018;
HC n. 161.267-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Primeira Turma,
DJe 15.10.2018; HC n. 135.239-AgR, Relator o Ministro Celso de Mello,
Segunda Turma, DJe 17.9.2018.

11. Não se verifica, na espécie, teratologia ou manifesto


constrangimento ilegal. Sem adentrar o mérito da causa, mas apenas para
afastar eventual alegação de possibilidade de concessão da ordem de
ofício, é de se anotar que, ao julgar o recurso especial, o Superior Tribunal
de Justiça não incorreu em ilegalidade, limitando-se a apreciar questão
estritamente de direito, relacionada à interpretação dos arts. 621 e 622 do
Código de Processo Penal e aos pressupostos processuais de cabimento
da revisão criminal, afrontados pelo Tribunal estadual, ao reexaminar
provas existentes, confirmadas em definitivo no julgamento da ação
penal. Reafirmou-se, para tanto, a jurisprudência consolidada daquele
Tribunal sobre o “não cabimento da revisão criminal quando utilizada como
nova apelação, com vistas ao mero reexame de fatos e provas, não se verificando

10

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 18

HC 226627 A GR / SP

hipótese de contrariedade ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos,


consoante previsão do art. 621, I, do CPP”.

A conclusão harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo


Tribunal, de que “o objetivo da revisão criminal fundada no inciso I do art. 621
do Código de Processo Penal (contrária à prova dos autos) não é permitir ‘uma
terceira instância’ de julgamento, uma segunda apelação. Se a sentença
condenatória se apresenta verossímil e minimamente consentânea com as
evidências produzidas durante a instrução criminal, não cabe ao Tribunal
reverter a condenação mediante o afastamento de interpretação de prova aceitável
e ponderada, ainda que não a melhor” (HC n. 114.164, Relator o Ministro
Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe 19.5.2015). Nesse mesmo sentido:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO


EM HABEAS CORPUS. POSSE OU PORTE DE ARMA DE
FOGO DE USO RESTRITO. ALEGADA ATIPICIDADE DE
CONDUTA EM APLICAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. NÃO CABIMENTO. CRIME DE MERA
CONDUTA, SENDO SUFICIENTE A AÇÃO DE POSSUIR
ILEGALMENTE O ARMAMENTO OU A MUNIÇÃO.
CONDENAÇÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO DA
DECISÃO. AÇÃO DE REVISÃO CRIMINAL UTILIZADA
COMO SEGUNDA APELAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 621, DO
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO” (RHC n. 202.161-AgR, Relator o Ministro
Alexandre de Moraes, Primeira Turma, DJe 1º.7.2021).

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME


DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO. UNIFORMIZAÇÃO DA
INTERPRETAÇÃO DA LEI FEDERAL. MISSÃO
CONSTITUCIONAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
INADMISSIBILIDADE DO MANEJO DA REVISÃO CRIMINAL
COM FUNDAMENTO NO DESACERTO DA VALORAÇÃO
PROBATÓRIA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE

11

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 18

HC 226627 A GR / SP

PODER. 1. Ao interpretar o art. 621, I, do Código de Processo Penal,


o Superior Tribunal de Justiça agiu dentro dos limites de sua
competência constitucional – apreciou a controvérsia jurídica posta,
de natureza infraconstitucional –, e aplicou o entendimento
consolidado daquela Corte, no sentido do ‘não cabimento da revisão
criminal quando utilizada como nova apelação, com vista ao mero
reexame de fatos e provas’. 2. A Corte Superior agiu dentro dos limites
de sua competência constitucional delineada no artigo 105, inciso III,
da Constituição Federal, uniformizando a interpretação da lei federal
ao definir o sentido e o alcance da norma processual penal, sem
incorrer em ilegalidade ou abuso de poder aptos a serem corrigidos
pela via do writ. 3. O ato coator está em conformidade com a
jurisprudência desta Suprema Corte, no sentido de que a revisão
criminal não possui natureza recursal, sendo, portanto, inadmissível a
sua utilização com fundamento no desacerto da valoração probatória.
4. Agravo regimental conhecido e não provido” (HC n. 193.667-AgR,
Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 5.5.2021).

“AGRAVO REGIMENTAL. REVISÃO CRIMINAL.


COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
RECONHECIDA. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ART.
621 DO CPP. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (…)
4. O Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de
que a revisão criminal tem por pressuposto necessário e indispensável,
‘quanto à matéria de fato, o desprezo à evidência dos autos’
(RvC 5437, Tribunal Pleno, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 17/12/2014)”
(RvC n. 5.457-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe
11.10.2017).

12. Registre-se que, na espécie, “Marcelo, a despeito de não ter sido


encontrado no local, também foi reconhecido pelos agentes (mídia audiovisual). O
policial Fábio Urbano afirmou que os adolescentes, confessaram o crime. A
caminho da delegacia conseguiram prender o corréu Júlio, mas não localizaram
Marcelo. A maior parte do dinheiro subtraído ficou em poder de Marcelo,
conforme relato dos adolescentes (mídia audiovisual)” (fl. 3, e-doc. 4).

12

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 18

HC 226627 A GR / SP

Acresça-se que, para anular a condenação transitada em julgado, o


Tribunal estadual não assentou a nulidade da prova colhida ou eventual
inobservância do devido processo legal na instrução probatória,
tampouco houve o surgimento de novas provas, apenas reexame do
acervo probatório produzido. Resultou, assim, segundo a conclusão no
julgado questionado, incabível rejulgamento da apelação do paciente em
revisão criminal ao argumento de desacerto na valoração do conjunto
fático que deu ensejo à condenação.

13. Os argumentos do agravante, insuficientes para modificar a


decisão questionada, demonstram apenas inconformismo e resistência em
pôr termo a processos que se arrastam em detrimento da eficiente
prestação jurisdicional.

14. Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental.

13

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 2288-5437-EEA7-45AB e senha DB6A-A72A-7AC3-95F6
Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 15/05/2023

Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 18

PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 226.627


PROCED. : SÃO PAULO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
AGTE.(S) : MARCELO DA SILVA SERRA
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto da Relatora. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 5.5.2023 a 12.5.2023.

Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente),


Cármen Lúcia, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

Disponibilizaram processos para esta Sessão os Ministros Rosa


Weber e André Mendonça (não participaram do julgamento desses
feitos os Ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia, respectivamente) e
Dias Toffoli.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código BB56-ADEE-B836-8F3D e senha 9379-B5D4-0DF3-D5E8

Você também pode gostar