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USO PROGRESSIVO DA FORÇA E REGRAS DE ENGAJAMENTO NOSDE PR0 04

OBJETIVO

Orientar os “elos” dos SISDE a respeito dos procedimentos para o uso proporcional e
progressivo da força para contrapor-se a atos hostis contra pessoal, equipamentos ,
materiais e instalações do COMAER e quando executando outras Ações de Infantaria da
Aeronáutica, fundamentadas pelos dispositivos legais em vigor. Os conceitos
preconizados na presente Norma poderão servir de subsídio ao planejamento de outras
Ações Terrestres realizadas pela Infantaria da Aeronáutica.

ÂMBITO

Esta Norma operacional do Sistema de Segurança e Defesa do Comando da Aeronáutica


(NOSDE) aplica-se a todas às OM do Comando da aeronáutica através do SISDE, conforme
NSCA 205-3, 02/05/2006.

ATRIBUIÇÕES DOS ELOS DO SISDE

Competem ao Orgão Central, aos Elos regionais, Executores, Operacionais (Permanentes e


Eventuais) do SISDE , por determinação da portaria nº 464/GC3, de 02 de maio de 2006,
garantirem o grau de segurança desejado das instalações, dos equipamentos e do
pessoal, contribuindo para preservação da capacidade do COMAER de cumprir sua
missão.

CONCEITUAÇÕES

Os termos e expressões constantes desta NOSDE devem ser entendidos de acordo


com os significados consagrados no vernáculo, nos glossários das Forças Armadas e da
Aeronáutica e em outros documentos apropriados, ou conforme explicitado neste item.

AMEAÇA

Intenção declarada de causar prejuízo, dano ou outra ação hostil, podendo ser
compreendida como circunstância ou tendência..

ATO HOSTIL

É a ação agressiva e deliberada com a intenção de provocar os efeitos lesivos ou danosos


contra pessoas ou patrimônio.
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DOUTRINA

Conjunto de princípios que, sem desconhecer os aspectos subjetivos da decisão e sem


desvalorizar a força da criatividade, procura orientar a ação. A Doutrina apresenta ideias
básicas, fundamentadas principalmente nas experiências, que visam imprimir normas à
conduta nos diversos setores abrangidos por ela.

ELOS DE SUPORTE OPERACIONAL DE INFANTARIA

Elos Permanentes de Suporte Operacional de Infantaria

Os Elos Permanentes de Suporte Operacional de Infantaria do SISDE são os Batalhões de


Infantaria da Aeronáutica Especiais(BINFAE); os Batalhões de Infantaria da Aeronáutica
(BINFA); e as Companhias da Aeronáutica Isoladas (CINFAI).

Elos Eventuais de Suporte Operacional de Infantaria

Os Elos Eventuais de Suporte Operacional de Infantaria do SISDE são o Esquadrão


Aeroterrestre de Salvamento(PARASAR); as Unidades Celulares de Segurança e Defesa
(UCSD); e qualquer grupamento tático criado e ativado temporariamente para cumprir
uma missão específica.

ELOS EXECUTORES

Os Elos Executores do SISDE são todas as OM do COMAER e outras instalações de


interesse deste Comando que realioza as ações de SEG/DEF, mediante; as diretrizes de
seus Comandantes, Chefes e Diretores, e , a coordenação e apoio de Elos de Suporte
Operacional do Sistema.

No âmbito das OM do COMAER, inclusive nos Quartéis-Generais dos COMAR, as ações de


SEG/DEF serão coordenadas pelo Oficial ou pelo Encarregado do Segurança e
Defesa(O/ESD) da OM.

ELO REGIONAIS

Os Elos Regionais do SISDE são os Comandos Aéreos Regionais (COMAR) e, por extensão
as Forças Aéreas Componentes (FAC) ou Forças Aéreas Numeradas (FAN), quando
ativadas.
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FORÇA

É toda a intervenção compulsória sobre um indivíduo ou grupo de indivíduos, reduzindo


ou eliminando suas capacidades de autodecisão.

FORÇA LETAL

É o nível de força mediante ao qual está intrínseca a probabilidade de causar a morte ou


grave dano à integridade física de um alvo vivo.

FORÇA NÃO-LETAL

É o nível de força mediante ao qual NÃO está intrínseca a probabilidade de causar a


morte ou grave dano á integridade física de um alvo vivo.

LEGÍTIMA DEFESA

Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,


repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

OPONENTE

Todo indivíduo, atuando a uma força adversa ou isolamento, que demostre intenção
(suspeito) ou promova ato hostil(agressor).

OUTROS ELOS DE SUPORTE OPERACIONAL

Também constituem Elos de Suporte Operacional do SISDE as organizações militares e


civis, ou qualquer de seus setores, responsáveis pelo planejamento, execução e controle
de medida de SEG/DEF que não constituam atividade de Infantaria, bem como os que
forem responsáveis pelo apoio direto, operacional ou logístico, aos Elos de Suporte
Operacional de Infantaria a consecução dos objetivos de SISDE.

Incluem-se nessa categoria os Elos de diversos Sistemas do COMAER, afins com as ações
de SEG/DEF.
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REGRAS DE ENGAJAMENTO

Caracteriza-se por uma série de instruções pré-definidas que orientam o emprego das
unidades que se encontram na área de operações, consentindo ou limitando
determinados tipos de comportamentos, em que particular o uso da força, a fim de
permitir atingir os objetivos políticos e militares estabelecidos pelas autoridades
responsáveis. Dizem respeito à preparação e à forma de condução tática dos combates e
engajamento, descrevendo ações individuais e coletivas, incluindo as ações defensivas e
de pronta resposta.

TIRO DE ADVERTÊNCIA

Tiro efetuado sobre um ponto seguro com o propósito de chamar a atenção de


aeronaves, navios, embarcações, veículos ou elementos adversos, demostrando força, mas
sem a intenção de acertar ou causar danos, sendo que os disparos não indicam o uso da
força mas a disposição iminente de empregá-la.

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

ART . 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer netureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito á vida, á
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.

III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurando o direito a indenização pelo dano material e moral decorrente de sua
violação;

ESTATUTOS DOS MILITARES

ART. 28 “O sentimento de dever, o pundonor militar e o decoro da classe impõem, a cada


um dos integrantes das Forças Armadas, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com
a observância dos seguintes preceitos de ética militar;

II – exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções que lhe couberem em


decorrência do cargo;
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IV – cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das


autoridades competentes;

VII - empregar todas as suas energias em benefício do serviço;

CÓDIGO PENAL MILITAR

EXCLUSÃO DE CRIME

ART. 42 “Não há crime quando o agente pratica o fato:


I – em estado de necessidade;
II – em legitima defesa;
III – em estrito cumprimento do dever legal; e
IV – em exercício regular do direito.”

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR

EMPREGO DA FORÇA

ART. 234 “O emprego da força só é permitido quando indispensável, no caso de


desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de
terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa do
executor e seus auxiliares, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará o auto,
subscrito pelo executor e por duas testemunhas”.

SÚMULA VINCULANTE 11 DO STF/2007

“Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de


perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros”. O STF
também decidiu que, sendo exceção o uso de algemas deve ser “justificada a
excepcionalidade por escrito”. A não observância gera responsabilização ”disciplinar, civil
e penal do agente ou da autoridade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

AVISO INTERNO Nº4/GC3/14(PUBLICADO NO BCA Nº 155, de 18/08/2008)

EMPREGO DE ALGEMAS

“Só se deve recorrer ao uso de algemas em caso de real necessidade e nas estritas
hipóteses elencadas no § 1º, do art. 234 do Código de processo Penal militar e que, em
caso de dúvida sobre a real necessidade do uso de algemas em uma determinada
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situação, se devem optar por outras normas de segurança.”

USO DE ARMA

“O uso de arma, de qualquer natureza, contra a integridade física do preso de restringir-se


às hipóteses de legítima defesa própria ou de terceiros, fazendo uso, com prudência e
bom senso, dos meios necessários para tal fim, ou seja, quando não há outra forma de
defesa, buscando-se empregar um meio razoável, apenas repelir a injusta agressão atual
ou iminente”

USO PROGRESSIVO DA FORÇA

O militar investido legalmente de autorização para fazer uso da força praticará conduta
lícita, quando em suas ações estiverem respaldadas nas excludentes de ilicitudes previstas
no art.42 do CPM, pois não só atuará dentro da ordem jurídica, mas em defesa dessa
mesma ordem.

O militar investido legalmente de autorização para fazer uso da forçando age, o esta
fazendo em nome do seu Comandante/Chefe/Diretor de OM e deve observar as
prescrições legais, fiscalizar a obediência às leis, ordens e regulamentos.

O uso da força está associado à resposta a atos hostis contra pessoal, equipamento,
material e instalações do COMAER. Tal resposta tem por finalidade dissuadir, neutralizar
ou eliminar agentes adversos à segurança.

PRINCÍPIOS APLICADOS AO EMPREGO DA FORÇA

Os princípios têm por objetivo orientar o militar investido legalmente para fazer uso da
força e devem ser observados na manutenção e imposição da lei e da ordem, por ocasião
de ações de Infantaria ou em atividade para a proteção de recursos do COMAER.

Antes de fazer o uso da força é necessário responder aos seguintes questionamentos:

1) O emprego da força é legal?


Princípio da Legalidade

2) A aplicação é necessária?
Princípio da Necessidade

3) O nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de resistência oferecido?


Princípio da Proporcionalidade
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4) O uso da força é conveniente?


Princípio da Conveniência

Portanto, para revestir-se de amparo legal, o emprego da força deve obedecer


integralmente, aos princípios abaixo listados:

a) Princípio da Legalidade – Deve-se verificar se o uso da força se enquadra nos


preceitos do Código Penal, de Processo Penal, Penal Militar e de Processo Penal militar.

B) Princípio da Necessidade – Deve-se verificar se todas opções foram consideradas e se


não existem outros meios menos danosos para atingir o objetivo desejado.

c) Princípio da Proporcionalidade – Deve-se verificar se o uso que se faz da força é


proporcional à resistência do suspeito ou transgressor; e

d) Princípio da Conveniência – Deve-se verificar se o local e o momento são adequados


ao uso da força, tendo em vista o risco que podem ocasionar ao público, ao militar de
serviço e ao suspeito de serviço e ao suspeito ou transgressor.

EMPREGO DA FORÇA

O uso da força deve ser graduado por níveis e proporcional à ameaça oferecida pelo
agressor, devendo, se possível, iniciar-se com níveis progressivos, primeiro com a
verbalização e, como medida extrema, ultimar com emprego de armamento.

O uso da arma de fogo constitui medida extrema, somente justificável para preservação
da vida. Este uso deve ser entendido como excepcional e nunca deve ultrapassar o nível
razoavelmente necessário para atingir o objetivo de se fazer respeitar às leis, ordens e
regulamentos.

Os militares investidos legalmente de autorização para fazer uso da força devem ser
equipados com armamentos letais(armas de fogo) e meios não-letais( algemas, bastão,
dentre outros de dotação da OM), de modo que lhes seja permitida a escolha do meio
legítimo e necessário para repelir a agressão injusta.

Sendo inevitável o emprego de armamento letal, o militar investido legalmente de


autorização para uso da força interromperá o fogo, quando o oponente houver cessado a
ameaça.
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Quando for inevitável o uso de arma de fogo, os militares deverão observar o que dispõe
o Anexo B ,priorizando o seguinte:

a) a sua segurança pessoal;


b) a segurança de terceiros;
c) a segurança do suspeito ou agressor; e
d) a segurança das instalações, equipamentos e material.

MODELO DE USO PROGRESSIVO DA FORÇA

Quadro que estabelece critérios para orientar os procedimentos a serem adotados pelo
militar investido legalmente para fazer uso da força (Anexo B)
ANEXO B

O militar investido legalmente poderá fazer uso da força, atendendo aos princípios
Legalidade, Necessidade, Proporcionalidade e Conveniência, com o objetivo de :

a) promover a autodefesa contra-ataques diretos ou ameaças concretas a sua integridade


física ou a de terceiros;

b) evitar ser desarmado;

c) impedir furto, roubo ou dano de bem patrimonial sob custódia do COMAER; e

d) evitar atos hostis que possam impedir o comprimento da missão.


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Para efeito de compreensão, são consideradas, dentre outras, como “atitudes não-
cooperativas”, em ambientes de rotina ou de operações:

a) pessoas que não obedeçam à sinalização ou à verbalização emitidas pelo militar


investido legalmente para fazer o uso da força; e

b) pessoas que coloquem em risco ou atentem contra a integridade física de civis e de


militares ou de patrimônio.

O treinamento para emprego da força deve contemplar, obrigatoriamente:

a) o conhecimento (o que fazer),

b) a habilidade (o como fazer); e

c) a atitude (o querer fazer) concernentes às ações dispostas no Anexo B


Anexo B

Nos treinamentos da tropa, as instruções deverão simular diferentes cenários onde cada
militar entenda o tempo de reação necessário ao acatamento da ordem, de modo a
oferecer oportunidade ao suspeito de mudar sua atitude.
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REGRAS DE ENGAJAMENTO

No contexto do Uso Progressivo da força, Regras de Engajamento (RE) constituem um


conjunto de normas estabelecidas para orientar a conduta dos militares em determinada
missão ou serviço (Anexo C)
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Em função do Exames de Situação e observados os procedimentos contidos no Anexo C,


compete ao Elo Regional do SISDE aprovar as RE específicas para as OM jurisdicionadas.

A difusão das RE deverá ser garantida pela inserção em ordens operacionais no Plano
Regional de Segurança e Defesa (PRSD); no Plano de Segurança e Defesa (PSD); e, nas
Normas Padrão de Ação (NPA).
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RESTRIÇÕES LEGAIS AO ENGAJAMENTOS

O disparo sobre o agressor deve buscar sempre impedi-lo de concretizar sua intenção
criminosa e não matá-lo.

No que compete aos assuntos tratados pela presente Norma Sistêmica, o tiro de
advertência é uma conduta desaconselhável, tendo em vista o seu alto grau de
imprevisibilidade. Entretanto, a natureza de determinada operação pode recomendar
tal prática, desde que estritamente necessária para se obedecer aos critérios
estabelecidos para o Uso Progressivo da Força, nas Regras de Engajamento.

A eventual reação para o emprego da força deve ser proporcional à agressão, ou seja,
tão logo cesse a atitude agressiva por parte do oponente, deve ser interrompida.

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