Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DECISÃO
Consta dos autos que o paciente foi condenado como incurso no art. 217-A,
caput, c/c os arts. 226 e 14, inciso II, todos do Código Penal, à pena de 5 anos e 4 meses
de reclusão, em regime fechado. Irresignados, o assistente de acusação e a defesa
interpuseram recurso de apelação, sendo provido apenas o recurso do assistente, para
reconhecer o crime na forma consumada, resultando uma pena de 16 anos de reclusão.
É o relatório. Decido.
Diante da utilização crescente e sucessiva do habeas corpus, o Superior
Tribunal de Justiça passou a acompanhar a orientação do Supremo Tribunal Federal, no
sentido de ser inadmissível o emprego do writ como sucedâneo de recurso ou revisão
criminal, a fim de que não se desvirtue a finalidade dessa garantia constitucional, sem
olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de ofício, nos casos de flagrante
ilegalidade.
Diante disso, tem-se que o entendimento exarado pelo juízo de primeiro grau e
reiterado pela Corte estadual está em harmonia com a jurisprudência desta Corte no
sentido de que nos crimes contra a dignidade sexual, a palavra da vítima é de suma
importância para o esclarecimento dos fatos, considerando a maneira como tais delitos
são cometidos, ou seja, na clandestinidade.
Por oportuno:
PENAL E P ROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. VIOLAÇÃO AO ART.
155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CPP. NÃO OCORRÊNCIA.
Para gerar ainda mais perplexidade, registro que, de fato, se trata de crime
considerado consumado, motivo pelo qual não seria possível mera readequação típica ou
simples refazimento da dosimetria. Contudo, a situação dos autos demanda inevitável
filtragem constitucional, em especial em atenção ao princípio da proporcionalidade,
para que a aplicação da lei não se revele mais injusta que sua não aplicação.
A conduta imputada foi relatada pela vítima, que afirmou que "confiava no
pastor e por isso abriu o portão de sua casa autorizando a entrada dele; que estava de
short e o autor passou a mão dele em sua vagina, por cima do short; que o autor
passou poucos minutos no local e logo foi embora, não esperando a chegada da madrasta
da vítima" (e-STJ fl. 60).
Publique-se.