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Documento: 1562947 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2016 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 379.763 - SC (2016/0307162-1)
RELATÓRIO
Nesta via, aduz que o paciente foi condenado pelo crime de estupro de
vulnerável mesmo com o expresso reconhecimento, pelo Tribunal a quo,
de que o paciente não teria consciência efetiva de todas as elementares do
tipo penal (há reconhecida dúvida sobre a elementar do tipo "menor de 14
anos"). A tese da impetração é, portanto, de erro de tipo.
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Superior Tribunal de Justiça
Sublinha tratar-se de caso bastante peculiar, "não em razão da flagrante
injustiça - embora valha o registro - da condenação de um jovem (21 anos,
à época) absolutamente estranho ao sistema criminal (primário, sem jamais
ter sido processado criminalmente) pelo estigmatizante crime de estupro de
vulnerável, à rigorosíssima pena mínima de 8 anos de reclusão, por ter
mantido relação sexual consentida com uma adolescente prestes a
completar 14 anos de idade (13 anos, 7 meses e 18 dias, à época). Relação
mantida sem qualquer resquício de exploração ou de proveito. Muito pelo
contrário: um ato puramente de afeto, em que a própria "vítima" (as aspas
são porque ela mesma se recusa a ser vítima, embora o Estado paternalista
lhe imponha essa pecha) relatou ter sido por vontade própria, teria
declarado sua admiração pelo 'obreiro Leandro'. Após se declarar,
beijou-o, e diz que então 'aconteceu'".
Requer, liminarmente, a suspensão dos efeitos da condenação até o
julgamento definitivo deste habeas corpus.
No mérito, pugna, pela absolvição do paciente.
É o relatório.
A insurgência não merece prosseguir.
Com efeito, o acolhimento da tese de erro de tipo para absolver o
paciente, como pretende a impetrante, exigiria indevida incursão no
panorama fático-probatório dos autos que tramitaram em primeira e
segunda instâncias, o que não se admite na estreita via eleita.
Confira-se, a propósito, o seguinte precedente:
(...)
Aduz que "o acórdão proferido pelo TJSC deixa clara a possibilidade de
o acusado não saber a idade da vítima quando diz que o mesmo ainda que não
soubesse da idade, tinha condições de saber. Assim, evidencia-se que há dúvida
concreta quanto à elementar do tipo 'menor de 14 anos'".
Sublinha, pois, que "não está o presente Habeas a pretender o
reconhecimento da hipótese de erro de tipo, o que evidentemente esbarraria no óbice
da Súmula 7, mas sim, a pretender o reconhecimento da ausência do elemento volitivo
(dolo de manter relações sexuais com menor de 14 anos) necessário para a
configuração do crime".
Assim, estaria o feito a merecer nova solução "com o reconhecimento da
ausência de dolo na ação com a consequente absolvição do paciente".
Requer, pois, a reconsideração da decisão monocrática ou, caso não exercido
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o juízo de retratação, seja o feito submetido ao exame do colegiado da Sexta Turma.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 379.763 - SC (2016/0307162-1)
EMENTA
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2016/0307162-1 HC 379.763 / SC
MATÉRIA CRIMINAL
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
PACIENTE : L C DA S
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : L C DA S
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
AGRAVADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Antonio
Saldanha Palheiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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