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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 11

26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.390 MATO GROSSO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : FRANCISCO PEREIRA DOS SANTOS
ADV.(A/S) : HERBERT COSTA THOMANN
AGDO.(A/S) : RELATOR DO HC Nº 745.074 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


PROCESSUAL PENAL. PENAL. DESCABIMENTO DE IMPETRAÇÃO
CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA. TRÁFICO DE DROGAS. POSSE
IRREGULAR DE MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO. VIOLAÇÃO DE
DOMICÍLIO AFASTADA POR FLAGRANTE DELITO EM CRIME
PERMANENTE. IMPOSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO POR QUEBRA
DA CADEIA DE CUSTÓDIA E PERDA DE CHANCE PROBATÓRIA.
REEXAME DE FATOS E PROVAS. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão da Primeira Turma, na
conformidade da ata de julgamento, por unanimidade, negar provimento
ao agravo regimental, nos termos do voto da Relatora. Sessão Virtual de
16.6.2023 a 23.6.2023.

Brasília, 26 de junho de 2023.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C130-8BCF-4F08-11D9 e senha 7399-70C0-B31B-DC78
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26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.390 MATO GROSSO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : FRANCISCO PEREIRA DOS SANTOS
ADV.(A/S) : HERBERT COSTA THOMANN
AGDO.(A/S) : RELATOR DO HC Nº 745.074 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Em 29.5.2023, foi negado seguimento ao habeas corpus, com


requerimento de medida liminar, distribuído a esta relatoria em 23.5.2023
e impetrado em 22.5.2023 por Herbert Costa Thomann, advogado, em
benefício de Francisco Pereira dos Santos, contra decisão pela qual, em
9.2.2023, o Ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça,
não conheceu do Habeas Corpus n. 745.074/MT.

2. Publicada aquela decisão em 31.5.2023, foi interposto,


tempestivamente, na mesma data, o presente agravo regimental.

3. Na decisão questionada, tem-se a seguinte ementa:

“HABEAS CORPUS. PENAL. DESCABIMENTO DE


IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA.
TRÁFICO DE DROGAS. POSSE IRREGULAR DE MUNIÇÃO
DE USO PERMITIDO. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO AFASTADA
POR FLAGRANTE DELITO EM CRIME PERMANENTE.
IMPOSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO POR QUEBRA DA
CADEIA DE CUSTÓDIA E PERDA DE CHANCE
PROBATÓRIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. AUSÊNCIA
DE TERATOLOGIA. HABEAS CORPUS AO QUAL SE NEGA
SEGUIMENTO” (fl. 1, e-doc. 11).

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HC 228390 AGR / MT

4. No presente agravo regimental, o agravante limita-se a repetir as


alegações apresentadas na inicial do habeas corpus.
O agravante reitera o argumento de violação de domicilio, pois “o
fato de o recorrente ter dispensado algum objeto no chão, legitima a abordagem e
busca pessoal. Mas em momento algum, autoria o ingresso na residência. Isso
porque a dispensa do objeto gera a suspeita do ilícito junto à pessoa, mas vale
repisar, que não havia nenhuma suspeita de crime no interior da residência.
Então, diferentemente, da conclusão adotada pela eminente min. Relatora, não é o
caso de afastamento do Tema 280 do STF, mas sim, de aplicação para o fim de
anular as provas colhidas com a invasão irregular, posto que, não obstante haver
fundadas suspeitas para abordagem e revista pessoal, não havia nenhuma
fundada suspeita de que no interior da residência havia comércio de drogas, posto
que não havia investigação prévia, denúncia, nem o ponto era conhecido como
local de venda de entorpecentes. Assim, pugna que o colegiado reforme a decisão
monocrática, e concedam a ordem de ofício para que seja considerada irregular a
revista domiciliar anulando todas as provas decorrentes da busca ilícita” (sic, fl.
6, e-doc. 12).

Ressalta a pretensa quebra da cadeia de custódia, porque “os Art.


158 e sgs do CPP ditam as regras de como deve ocorrer a cadeia de custódia, e se
não for observado aquele rito considera-se quebrada a cadeia de custódia. Então,
conclui-se que não é dever da defesa comprovar a quebra da cadeia de custódia,
mas sim, a acusação comprovar que cumpriu com todas as regras contida no Art.
158 e sgs do CPP. Se assim não fosse, não há razão de existir das regras no CPP.
Nada no ordenamento jurídico é ilustrativo. Era intenção do legislador assegurar
a defesa para a qualidade, credibilidade e confiança do procedimento, que caso não
cumprido o rito, deve ser considerada nula. Ora, claramente se conclui que é
dever da defesa, apenas, imputar onde a acusação não cumpriu com a sua
obrigação e não comprovar a irregularidade da prova. Em razão disso não há
revolvimento fático probatório. É incontroverso nos autos que houve tais
desconformidades, inclusive, a irregularidade sequer foi impugnada pelo órgão
ministerial” (fls. 7-8, e-doc. 12).

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HC 228390 AGR / MT

Reitera o cerceamento de defesa, ao argumento de que “a defesa


pergunta para o Policial que realizou a abordagem se ele registrou com vídeo ou
foto o momento da abordagem. Prontamente o policial diz que sim. Então a defesa
pugna pela apresentação do vídeo em juízo para comprovação da matéria
controvertida. Ocorre que o policial enviou um vídeo, não do momento da
abordagem, mas sim da droga já na delegacia. Tínhamos dúvida provável em
relação a legitimidade da abordagem policial. Se a abordagem foi na rua,
legitimaria o ato policial. Agora, caso a abordagem se deu dentro da residência,
haveria a ilicitude da abordagem policial. Esses fatos são incontroversos nos
autos, logo não se pretende o revolvimento fático probatório. O que se pretende,
pois, é a possibilidade de comprovar que a abordagem não se deu como os policiais
alegam” (fls. 14-15, e-doc. 12).

Pede “seja o presente agravo regimental conhecido e provido nos termos da


fundamentação acima, ao menos para conceder a ordem de ofício” (fl. 16, e-doc.
12).

É o relatório.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.390 MATO GROSSO

VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Razão jurídica não assiste ao agravante.

2. Como anotado na decisão agravada, o presente habeas corpus foi


impetrado em 22.5.2023 por Herbert Costa Thomann, advogado, em
benefício de Francisco Pereira dos Santos, contra decisão pela qual, em
9.2.2023, o Ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça,
não conheceu do Habeas Corpus n. 745.074/MT.

Pela jurisprudência deste Supremo Tribunal, “[h]á óbice ao


conhecimento de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática,
indeferitória de writ, do Superior Tribunal de Justiça, cuja jurisdição não se
esgotou. Precedentes” (HC n. 191.940-AgR, Relatora a Ministra Rosa Weber,
DJe 17.2.2021). Confira-se também este julgado:

“AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO ESGOTAMENTO
DE JURISDIÇÃO. CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
REITERAÇÃO DE IMPETRAÇÃO ANTERIOR.
SUPERVENIÊNCIA DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA.
SUBSTITUIÇÃO DO TÍTULO PRISIONAL. 1. Há óbice ao
conhecimento de habeas corpus impetrado contra decisão
monocrática, indeferitória de writ, do Superior Tribunal de Justiça,
cuja jurisdição não se esgotou, ausente o manejo de agravo
regimental. Precedentes” (HC n. 152.853-AgR, Relatora a Ministra
Rosa Weber, DJe 10.5.2018).

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HC 228390 AGR / MT

Sem adentrar o mérito da causa, mas para afastar eventual alegação


de ilegalidade comprovada ou teratologia, na decisão agravada analisou-
se a ocorrência de eventual constrangimento ilegal, nos termos da
seguinte ementa:
“HABEAS CORPUS. PENAL. DESCABIMENTO DE
IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA.
TRÁFICO DE DROGAS. POSSE IRREGULAR DE MUNIÇÃO
DE USO PERMITIDO. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO AFASTADA
POR FLAGRANTE DELITO EM CRIME PERMANENTE.
IMPOSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO POR QUEBRA DA
CADEIA DE CUSTÓDIA E PERDA DE CHANCE
PROBATÓRIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. AUSÊNCIA
DE TERATOLOGIA. HABEAS CORPUS AO QUAL SE NEGA
SEGUIMENTO” (DJ 21.5.2023).

3. Na espécie, o agravante reitera os pedidos feitos no habeas corpus e


pede a este Supremo Tribunal o reconhecimento de a) invasão domiciliar
e consequente nulidade das provas após produzidas; b) quebra da cadeia
de custódia, para alcançar a absolvição do agravante por ausência de
materialidade delitiva; e c) cerceamento de defesa, acarretando a anulação
da sentença condenatória e reabertura da instrução processual.

4. Nesta análise da decisão agravada, não há evidência de


ilegalidade ou teratologia a ser reconhecida.

5. Sobre a alegada violação de domicílio, com o consequente


reconhecimento da nulidade das provas colhidas na instrução processual
e absolvição do agravante por ausência de materialidade delitiva,
permanece o entendimento apresentado na decisão agravada por seus
próprios fundamentos.

Diferente do apontado pela defesa, no sentido de que “a dispensa do


objeto gera a suspeita do ilícito junto à pessoa, mas vale repisar, que não havia
nenhuma suspeita de crime no interior da residência” (fl. 6, e-doc. 6), não é o

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consectário lógico da conduta de quem porta substância entorpecente em


via pública e a dispensa quando se depara com guarnição policial.

Assim, deve ser mantida a decisão agravada por seus próprios


fundamentos, pois “a entrada dos policiais na residência do paciente decorreu
de sua conduta antecedente, ao dispensar um pacote com substância entorpecente
em via pública, após visualizar a aproximação da guarnição. O desdobramento da
conduta dos policias, ao se dirigirem à residência do paciente após a apreensão de
referida droga, deu-se na sequência da persecução penal, não se configurando
violação de domicílio, pela ocorrência de flagrante delito, afastando-se a aplicação
do Tema 280 da repercussão geral” (fls. 12-13, e-doc. 11).

6. Quanto à alegação de quebra da cadeia de custódia por não


observância do rito previsto nos arts. 158 e seguintes do Código de
Processo Penal, a defesa sustenta ser ônus probatório da acusação e não
da defesa. Insiste que haveria fragilidade e debilidade do material
probatório dos autos (fls. 7-14, e-doc. 12).

Da mesma forma, a decisão agravada deve ser mantida pelos


próprios fundamentos, afastando-se a hipótese de absolvição do
agravante por ausência de materialidade delitiva. Acertada foi a decisão
monocrática do Habeas Corpus n. 745.074/MT no Superior Tribunal de
Justiça, tendo o Relator concluído não configurada a quebra da cadeia de
custódia, nestes termos:
“No caso dos autos, conforme destacado pelas instâncias
ordinárias, ‘a atuação policial, na coleta da prova [apreensão da droga,
termo de exibição e apreensão e laudo pericial definitivo], foi
devidamente detalhada, desde sua localização [pelos policiais militares,
na residência do paciente, quando do flagrante], até a realização do
laudo pericial definitivo, por perito criminal oficial, minuciosamente
particularizado [com características biológicas, físicas e químicas das
substâncias, forma de acondicionamento, peso e metodologia
utilizada], de modo que não se evidencia qualquer irregularidade, ou
imprestabilidade como meio probatório’, ressaltando, ao final, que ‘não

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há qualquer indicativo a demonstrar adulteração das características


originais ou manipulação indevida do entorpecente apreendido’ (fls.
1152/1153) Desse modo, diante da compreensão firmada pela
instância ordinária, no sentido de que não foi constatado qualquer
comprometimento da cadeia de custódia, o seu reconhecimento, neste
momento processual, demandaria amplo revolvimento do conjunto
fático-probatório, o que, como é sabido, não é possível na via do
habeas corpus” (fls. 10-11, e-doc. 8).

É de se anotar que reanalisar as alegações do agravante como


revaloração da prova de quebra de cadeia de custódia demandaria
revolvimento do conjunto probatório, como já decidido. Para o reexame
da substância entorpecente apreendida, das munições e demais objetos,
como se teria dado a apreensão, todos os registros existentes desde a
abordagem policial até a efetiva prisão do paciente, seria necessária nova
instrução probatória, incabível na via estreita do agravo regimental em
habeas corpus. Assim, por exemplo:

“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL.


TRÁFICO DE DROGAS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DAS
PROVAS. QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA. REEXAME
DO ACERVO PROBATÓRIO: DESCABIMENTO. AUSÊNCIA
DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RECURSO ORDINÁRIO
EM HABEAS CORPUS AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.
(RHC n. 228.171, de minha relatoria, DJ 21.5.2023).

7. Para acolher a tese de cerceamento de defesa, por pretensa perda


da chance de produzir prova indeferida pelo juízo (fotografias e vídeo do
momento da abordagem e dos objetos apreendidos), também seria
necessária nova instrução processual, configurando-se reexame do
conjunto probatório, não permitido em habeas corpus. A decisão agravada
também subsiste, portanto, neste ponto pelos próprios fundamentos.
Neste sentido:
“Processual penal. Agravo regimental em Recurso ordinário em
habeas corpus. Tráfico de drogas. Trancamento da ação penal.

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Superveniência de sentença condenatória. Entorpecentes não


apreendidos na posse direta. Materialidade atestada por outros meios
de provas. Busca e apreensão. Decisão devidamente fundamentada.
Fatos e provas. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 1. A
jurisprudência desta Corte é no sentido de que a ‘superveniência de
decisão condenatória torna inviável o pleito de trancamento da ação
penal. Precedentes: HC 133.130-AgR, Segunda Turma, rel. min.
Ricardo Lewandowski, Dje de 16/4/2018; HC 129.577-AgR/RS, rel.
min. Celso de Mello, Segunda Turma, Dje de 26/4/2016’ (HC
169.313-AgR, Rel. Min. Luiz Fux). 2. A ‘falta de laudo pericial não
conduz, necessariamente, à inexistência de prova da materialidade de
crime que deixa vestígios, a qual pode ser demonstrada, em casos
excepcionais, por outros elementos probatórios constante dos autos da
ação penal (CPP, art. 167) (HC 130.265, Rel. Min. Teori Zavascki). 3.
A ‘decisão que autorizou a busca e apreensão apresenta justificativa
idônea acerca da necessidade da medida e está fundamentada na
representação policial e no parecer do Ministério Público, que
explicaram claramente a imprescindibilidade da diligência. Houve
demonstração mínima e razoável de que a medida era imprescindível
para elucidação dos fatos, especialmente se levadas em conta as
condutas criminosas investigadas’ (HC 187.730-AgR, Rel. Min.
Alexandre de Moraes). 4. Assim como afirmou o Ministério Público
Federal, ‘é inviável o Habeas Corpus quando ‘ajuizado com o
objetivo (a) de promover a análise da prova penal; (b) de efetuar o
reexame do conjunto probatório regularmente produzido; (c) de
provocar a reapreciação da matéria de fato; e (d) de proceder à
revalorização dos elementos instrutórios coligidos no processo penal de
conhecimento. (…) Destarte, para se chegar a um entendimento
diverso daquele obtido pelas instâncias ordinárias, oportunidade em
que foram analisados todos os fatos e provas coligidas, seria mister
proceder a reexame desses elementos, o que é, como consabido, vedado
no âmbito do remédio heroico’. 5. Agravo regimental a que se nega
provimento” (RHC n. 222.281, Relator o Ministro Roberto
Barroso, Primeira Turma, DJe 28.2.2023).

8. Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental.

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Extrato de Ata - 26/06/2023

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.390


PROCED. : MATO GROSSO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
AGTE.(S) : FRANCISCO PEREIRA DOS SANTOS
ADV.(A/S) : HERBERT COSTA THOMANN (27466/O/MT)
AGDO.(A/S) : RELATOR DO HC Nº 745.074 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto da Relatora. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 16.6.2023 a 23.6.2023.

Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente),


Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

Disponibilizaram processos para esta Sessão os Ministros Dias


Toffoli e Edson Fachin.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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