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9ª PROCURADORIA DE JUSTIÇA DE HABEAS CORPUS

Processo: 0073116-05.2021.8.19.0000

TJRJ 202104545803 13/10/2021 12:06:47 K=HX - PETIÇÃO ELETRÔNICA Assinada por JOAO CARLOS BRASIL DE BARROS
Habeas Corpus nº 0073116-05.2021.8.19.0000
Impetrantes: Dr. Carlos Eduardo Oliveira Conti e Dr. Thiago Mesquita Gibrail
Paciente: Carlos Eduardo Ventura de Souza
Autoridade Coatora: Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Petrópolis
Relator: Desembargador Carlos Eduardo Roboredo – 3ª Câmara Criminal
HABEAS CORPUS. DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE. RÉU QUE RESPONDEU À AÇÃO
PENAL EM LIBERDADE POR 09 ANOS.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DA
R. SENTENÇA CONDENATÓRIA NO TOCANTE
À CUSTÓDIA CAUTELAR. CONCESSÃO
PARCIAL DA ORDEM.

PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO


Egrégia Câmara,
Eminente Desembargador Relator,

Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de Carlos Eduardo Ventura de


Souza, condenado à pena de 16 anos de reclusão pela prática do delito previsto no
artigo 121, § 2º, incisos II e IV do Código Penal.

Em resumo, os impetrantes argumentam que o ora paciente estava respondendo ao


processo em liberdade por 09 anos, contudo, a apontada autoridade coatora, ao
proferir a sentença condenatória após o julgamento pelo Tribunal do Júri, negou-lhe o
direito de recorrer em liberdade sem a devida fundamentação, configurando, dessa
maneira, constrangimento ilegal a ser sanado através do presente writ.

A liminar foi indeferida por decisão vazada às fls. 45/47.

Os esclarecimentos de praxe foram acostados às fls. 54/58.

É o relatório.

A vexata quaestio cinge-se à falta de motivação idônea da r. sentença condenatória


no ponto em que negou ao paciente o direito de recorrer em liberdade.

S.m.j., in casu, pensamos assistir inteira razão aos doutos impetrantes.

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O ora paciente respondeu ao processo em liberdade por 09 anos, de sorte que, para62
denegar o apelo em liberdade (inexistindo qualquer alteração fática) e justificar a
prisão preventiva com expedição de mandado de prisão, a r. sentença deveria
estar, devidamente, fundamentada.

Não é o que ocorre, no caso, como se verifica pelo trecho abaixo da r. sentença
condenatória, proferida em 31/08/2020:

“(...) Ademais, presentes estão os requisitos cautelares que


justificam a prisão. A materialidade do crime está provada
pericialmente e, neste ponto do feito, com o julgamento dos
senhores Jurados, o mínimo que se pode dizer é que haja
suspeitas fundadas de autoria. Presente, portanto, o fumus
comissi delicti. Cabe ressaltar que a severidade da pena
seguramente há de instilar no apenado anseio de fuga, de
modo que vislumbro que, caso não se efetive a prisão neste
momento, haverá de se ter dificultada a aplicação da lei penal
ao final. Presente, de igual sorte, o periculum libertatis. Assim,
sob esse duplo fundamento, EXPEÇA-SE MANDADO DE
PRISÃO. DETERMINO AO COORDENADOR DA SECRETARIA
DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA QUE ACAUTELE O
APENADO EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL COMPATÍVEL
COM O REGIME FIXADO NA SENTENÇA. Em virtude da
decretação da prisão, nego ao acusado o direito de recorrer em
liberdade (...)”

Destarte, opina esta Procuradoria de Justiça pela CONCESSÃO PARCIAL DA


ORDEM para substituir a prisão preventiva combatida por medidas cautelares
alternativas previstas no art. 319 do Código de Processo Penal.

Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2021.

JOÃO CARLOS BRASIL DE BARROS


Procurador(a) de Justiça
Mat. 810099

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