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Direito Sucessório - Turma N04

Amanda de Souza Santos Oliveira

Karoline Ruth Dantas Barreto

Matheus Carvalho Alves dos Santos

Patricia Lays Piccolotto Chianca Azevedo

Atividade: Pesquisa sobre anulação de testamento de famosos no Brasil

ANÁLISE DE CASO - ANULAÇÃO DE TESTAMENTO DE BETTY LAGO

1. INTRODUÇÃO

Nascida em 1955, Betty começou sua carreira como modelo nos anos 1970, desfilando
para grandes marcas como Yves Saint Laurent, Jeans Paul Gaultier, Thierry Mugler, Gianni
Versace, Valentino Garavanti, Pierre Cardin e Azzedine Alaïa, entre outros. Em 1985,
começou a carreira como atriz, atuando em várias novelas de sucesso dos anos 90. A atriz e
ex-modelo Betty Lago morreu aos 60 anos em 13 de setembro de 2015, no Rio de Janeiro,
em virtude de um câncer na vesícula, diagnosticado em 2012.

2. DA CONTESTAÇÃO DO TESTAMENTO: TRANSGRESSÕES E VIOLAÇÕES DE


DIREITOS ALEGADOS

Após o falecimento da atriz Betty Lago em 2015, seus filhos iniciaram uma longa disputa
pela herança. Em 2019, veio à tona a alegação de que o testamento de Betty teria sido
manipulado e que a atriz teria assinado o documento sob a influência de fortes
medicamentos, sem compreender seu conteúdo. O testamento, que foi assinado poucas
horas antes de sua morte, deixava 80% dos bens ao filho Bernardo, deixando apenas 20%
para a filha Patrícia.

O médico de Betty havia diagnosticado, dez dias antes de seu falecimento, uma grave
debilitação da atriz, associada a um "estado de confusão mental". Dois dias antes do óbito, a
médica do Homecare relatou que Betty apresentava um "grau de orientação confuso,
desorientado, grau de consciência no pior estágio". Na véspera da morte, médicos
novamente confirmaram esse estado de saúde, observando que Betty "não conseguia
completar palavras" e "não abria mais os olhos". O advogado de Patrícia iniciou uma ação
alegando "crime de captação dolosa", argumentando que o testamento foi assinado em
circunstâncias inadequadas. Neste contexto, o principal vício alegado pela filha está previsto
no Código Civil, em seu artigo 1.860, que dispõe: “Além dos incapazes, não podem testar os
que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.”

3. AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO TESTAMENTO

Na inicial, os pedidos da requerente, Patricia Lago foi para que o processo tenha o
trânsito em segredo de justiça, para determinar a tutela de urgência e suspensão do
testamento, e por fim, que seja declarada a nulidade da escritura de testamento público, ou,
caso não entendesse, que fosse declarada a anulabilidade das cláusulas nº 4 e 5, com
alegação da captação dolosa da testadora, por Bernardo, diante da confusão mental e
desorientação da sua mãe. Outros pedidos foram para intimação do cartório responsável
para que apresentasse o inteiro teor do testamento e condenação do Suplicado nas custas
processuais e honorários advocatícios em 20%.

Na impugnação, o advogado de Bernardo requereu uma correta atribuição no valor da


causa, que inicialmente era de R$ 1.000,00, para o valor de R$ 560.107,09, e requereu
ainda a improcedência de todos os pedidos da inicial, condenando a autora nos ônus da
sucumbência.

Na réplica, a advogada da Patrícia alega que o valor não pode ser definido neste
momento da ação, em razão das dívidas que o réu Bernardo tem feito como inventariante e
fortaleceu todos os pedidos da inicial.

A capacidade para elaborar um testamento é presumida, ou seja, a menos que seja


comprovado que o testador não tinha condições de expressar sua vontade livremente, o
documento não pode ser invalidado. Com base nesse entendimento, a 1ª Vara de Órfãos e
Sucessões do Rio de Janeiro decidiu não anular o testamento da atriz Betty Lago, falecida
em 2015 devido a um câncer na vesícula.

A sentença foi prolatada 4 de fevereiro de 2020, pela juíza Gracia Cristina Moreira do
Rosário , julgando procedente o pedido do filho Bernardo, ficando assim com a maior parte
dos bens (cerca de 80%), a juíza entendeu que Betty Lago, no ano de 2015 (data de seu
falecimento) estava com total capacidade para expressar a sua vontade em testamento,
assim, negando o pedido pleiteado por sua irmã Patrícia Lago que, inicialmente, contestou o
estado que sua mãe se encontrava, afirmando que "não estava em pleno gozo de suas
faculdades mentais". Desse modo, entende-se que foi cumprida a vontade estabelecida pela
de cujus. O ministério público em sua manifestação, opinou pela improcedência do pedido
inicial.
“Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, na forma do
artigo 487, I, do CPC. Condeno a autora ao pagamento das custas e
dos honorários advocatícios de 10% do valor da causa.”

A juíza afirmou que a filha não conseguiu provar que Betty Lago não estava apta a
expressar sua vontade quando redigiu o testamento. As testemunhas que estiveram
presentes durante a assinatura do testamento relataram que, apesar da debilidade física, a
atriz estava lúcida. Além disso, os relatórios clínicos não indicaram comprometimento das
funções neurológicas de Betty Lago, o que levou a juíza a concluir que não havia dúvidas
sobre sua capacidade mental.

No entanto, Patrícia e Bernardo recorreram da referida sentença tendo os


Desembargadores que compõem a Vigésima Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça,
por unanimidade de votos, em conhecer do recurso da autora/1ª apelante (Patrícia) e
negar-lhe provimento, majorando-se, em seu desfavor, os honorários sucumbenciais, e
conhecer do recurso adesivo do réu/2º apelante (Bernardo) dar-lhe parcial provimento, nos
termos do voto da Relatora Marianna Fux:

“Isto posto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR provimento ao


recurso da autora/1ª apelante, majorando-se, em seu desfavor, os
honorários sucumbenciais em adicionais R$ 200,00 (duzentos reais),
nos termos do artigo 85, § 11, do CPC/2015, e CONHECER e DAR
PARCIAL provimento ao recurso do réu/2º apelante para alterar os
honorários advocatícios fixados na sentença para a quantia de R$
1.500,00 (mil e quinhentos reais), na forma do artigo 85, § 8º, do
CPC/2015, mantendo-se a sentença vergastada em seus demais
termos.”

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