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EXMO. SR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE SÃO PAULO.

EDITORA CRUZEIRO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ


n°___________, com sede no endereço _______________, apresentada por seu administrador
______________________, documento n°, CPF n°_________________, residente e domiciliado no
enderenço ________________, neste ato por seu procurador ao final identificado, vem
perante Vossa Excelência, nos termos do artigo 994, inciso II, e artigo 1.015 , inciso I do
Código de Processo Civil, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

contra decisão interlocutória proferida pelo juízo “a quo” da 1°VaraCívelda comarca da capital
do estado de São Paulo nos autos do processo n°___________, que deferiu a tutela provisória
de urgência. Pelas razões de direito a seguir expostas, requerendo a sua distribuição a uma das
câmaras cíveis.

Termos em que pede deferimento.

São Paulo, 25 de março de 2021

Advogado – OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

PROCESSO DE ORIGEM N°___________________

COMARCA DE ORIGEM: 1° VARACÍVEL DA CAPITAL DE SÃO PAULO

AGRAVANTE: Editora Cruzeiro

AGRAVADO: Jaqueline

I. DA SÍNTESE DOS FATOS

A ação de indenização por danos morais cumulado com obrigação de fazer


interposta por Jaqueline, cantora que fez grande sucesso entre as décadas de 1980 e 1990,
em face, da agora, agravante, Editora Cruzeiro LTDA em razão dessa haver lançado uma
biografia onde relata sobre a vida de consumo de drogas que levou-a decadência e em seu
afastamento do mundo da fama. Tomando conhecimento do lançamento da obra em um
evento nacional de divulgação, poucos dias após o início da venda dos livros, por meio de
oficial de justiça, a editora foi citada para responde a uma ação de indenização por danos
morais cumulada com a obrigação de fazer, ajuizada por Jaqueline. A Editora fora
intimidada dias antes da realização do evento, a cumprir a decisão do Juízo da 1ª Vara
Cível da Comarca da Capital Estado de São Paulo, que deferiu a antecipação de tutela que
proibia a venda e o recolhimento do exemplares da biografia que estivessem nos postos de
venda e ainda não tivessem sido vendidos em um prazo de 72 horas sob pena de multa
diária cinquenta mil reais.
O tribunal proferiu tal decisão baseada na fundamentação da petição inicial em que
a produção da obra não foi autorizada, pois revelava fatos da imagem e da vida privada da
autora que não havia dado autorização prévia e que a divulgação dessa causa lesão ao
direito da personalidade e dano moral de acordo o artigo 20 do Código Civil e vai de
encontro o direito à privacidade assegurado no artigo 21 do Código Civil, e que, sem a
imediata interrupção da divulgação, a lesão se ampliaria e se consumaria de forma
definitiva, causando um perigo de dano irreparável e com risco ao resultado útil do
processo. Contudo a Editora, entende que os fatos relatados na biografia são verídicos e
que trata-se sobre a vida de uma pessoa pública e que o cancelamento do evento de
divulgação, antecipadamente programado, lhe causará prejuízos significativos.
Assim, diante dos fatos relatados, a agravante discorda da decisão proferida pelo
juízo de primeiro grau, razão pela qual interpõe o presente recurso de agravo de
instrumento pelas razões de direito a seguir expostas.
II. DA ADMISSIBILIDADE

O presente recurso é cabível uma vez que possui amparo no art. 1015, inciso I do
Código de Processo Civil. Sabe-se que cabe agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias que versarem sobre tutelas provisórias, o que representa o processo, tendo
em vista a antecipação de tutela proferida pela decisão do juízo da 1ª Vara Cível da
Comarca da Capital do Estado de São Paulo que proibi a o lançamento e venda da biografia
e ordena o recolhimento dos exemplares distribuídos nos postos de vendas, sob pena de
multa diária de cinquenta mil reais.
É encaminhado o presente recurso com as peças necessárias para sua
admissibilidade e as custas devidamente pagas, conforme art. 1017 I,II e III e art. 231, II do
Código de Processo Civil. A agravante aporta o comprovante de recolhimento do preparo,
atendendo à tabela de custas deste Tribunal, conforme artigo 1007 do CPC.
Desse modo, desde já, faz-se a menção dos documentos obrigatórios de acordo com
o art. 1017 do CPC e que estes estão disponíveis no processo eletrônico:
cópia da petição inicial ,cópia da contestação, cópia da petição que ensejou a decisão
agravada, cópia da certidão da intimação que comprova a tempestividade, cópia da
procuração outorgada ao advogado da agravante e agravado. Ademais, considerando que
o presente recurso fora protocolado no prazo de 15 dias, contados da data da juntada aos
autos do mandado de intimação, tem-se que o mesmo é plenamente tempestivo.

III. DAS RAZÕES

Acesso à informação e liberdade de expressão são garantias asseguradas pela


Constituição Federal. O direito à informação resguardo no artigo 5º, inciso XIV, IV e IX
dispostos a seguir:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
o anonimato;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;

Tendo como base esses dispositivos de direito À informação e da


liberdade de expressão, entende-se que esses são direitos fundamentais e
devem sim ser assegurados, independente de censura ou licença. E mesmo
sendo garantias fundamentais, esses direito também entram em desacordo com
outros direitos que também são assegurados pela Constituição, como o direito
à privacidade e intimidade, que foram os argumentos em que a agravada
apresentou para ter o seu pedido de tutela antecipado deferido.
Tem-se também, que a agravada é uma pessoa pública e as informações
que contém nos seus exemplares são verdadeira, e ademais a censura é
proibida no Brasil. Desta maneira, a referida decisão contraria o julgado do STF
4815 de 10 de junho de 2015, que tem um posicionamento sobre a ponderação
desses princípios para uma divulgação de biografia não autorizada, pois o STF
interpreta de forma questionável a questão das biografias, uma vez que isso iria
de encontro ao interesse público.
Outra questão é que, a obra de fata, narra fatos sobre a agravada que são
verídicos e que não tem propósito algum em lesionar sua honra, agindo-se de
má-fé. Sabe-se que é preciso um equilíbrio entre os princípios e direitos em
conflito, e que, nesse caso, o direito a informação e liberdade deve ser
sobressalentes.
Para que seja publicada uma biografia não é necessária autorização
prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus
familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo
compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. E, de acordo
com o STF, as biografias que não foram aprovadas pela biografada, não devem
ser impedidas de comercialização desde que contenha fatos que seja verídicos.

IV. DO EFEITO SUSPENSIVO

Por ter fundamento constitucional e de entendimento reconhecido no STF,


o recurso tem grande probabilidade de provimento, a ensejar para esse Agravo
de Instrumento, o efeito suspensivo conforme artigo 955 do Código de Processo
Civil.
O artigo 1019 do Código de Processo Civil dispões sobre a possibilidade
de deferimento de antecipação de tutela, desde que demostrado nos autos o
risco e dano ao resultado útil do processo. A manutenção da decisão gerará
vários danos, de difícil reparação dada a dimensão da sanção econômica e
logística imposta à Editora Cruzeiro. É evidente que esse risco está exposto em
questão, uma vez que a Editora também se programou para a realização de um
evento nacional, no qual a obra seria lançada, além de diversas vendas que ali
poderiam ser concretizadas.
Diante dos fatos expostos, cabe assegurar o direito de realização do
evento, previamente organizado, onde houve investimento e compromisso com
os consumidores e que fora surpreendida, dias antes, desse mandado judicial
que proíbe a realização do evento, venda de exemplares e ainda o recolhimento
dos exemplares que foram posto a venda.

V. DOS PEDIDOS

Considerando os fundamentos levantados nessa peça recursal, requer


que Vossas Excelências:
a) reconheça os requisitos de admissibilidade desse recurso;
b) atribua efeito suspensivo ao presente recurso;
c) revogue a tutela antecipada concedida em decisão interlocutória em 1ª
instância;
d) reformar a decisão que suspende o lançamento de vendas e que passe
então, a autorizar a livre venda de biografias;
e) condene a agravada ao pagamento de honorários advocatícios
recursais, nos termos do art. 85, 1° do CPC.

Termos que,

Pede deferimento.

Local e data

Advogado OAB

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