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EXMO (A) SR(A) DR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

Proc. Nº ..................................... (

A RÉ, já devidamente qualificada nos presentes autos, intermediada pela Defensoria Pública
Estadual, vem, respeitosamente à presença de V.Exa., em tempo hábil, oferecer
CONTESTAÇÃO à AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO, aduzindo e requerendo o que adiante segue:

1. INICIALMENTE

A contestante, com fundamento no artigo 4º, da lei nº 1.060/50, requer os benefícios da


Assistência Judiciária, já que não pode arcar com pagamento de custas processuais sem
prejuízo de seu sustento e familiares.

2. DOS FATOS

O Autor postula, em sua petição inicial, divórcio litigioso em face da Ré, imputando a ela a
acusação de não ter querido acompanhá-lo quando precisou mudar de emprego para outra
cidade, além da incompatibilidade de gênios e desentendimentos constantes, o que teria
levado à insuportabilidade da vida em comum.

No mais, o Autor infere que os filhos do casal já são maiores e que não há bens a serem
partilhados

3. DO DIREITO

3.1) Da Culpa da Autora pela Dissolução da União Estável:


Ao contrário do pugnado pelo Autor, não foi a Ré a responsável pelo término da convivência
harmoniosa do casal, mas sim ele própria. Isso porque o Autor traia a Ré, de forma reiterada,
tendo inclusive uma amante fixa aqui neste município de ....................................

O deslocamento do Autor para Tabatinga, inclusive, foi resultado de uma decisão espontânea
sua, visto que não havia a necessidade desta mudança para que seu emprego fosse mantido.
Tal conduta caracterizou, pois, abandono de lar.

Desta maneira, a Autora violou os deveres do casamento estabelecidos no art. 1724 do Código
Civil, especialmente a lealdade e o respeito. O abandono de lar pela Autora importa violação
ao preceito da vida em comum, no domicílio conjugal, esculpido no art. 1566, II, do CC.

Por conta disso, deve ser reconhecida a culpa do Autor pelo término do casamento, cujo
divórcio ora requer.

3.2) Da Partilha dos Bens:

A Ré concorda com o fato de que não há bens a serem partilhados

3.3) Dos Alimentos:

Inicialmente, cabe inferir-se que, por estar caracterizada a culpa do Autora pela dissolução do
casamento em questão, conforme expedindo e demonstrado acima e pelos documentos
anexos, ela deve pagar alimentos à Ré. Isso porque os alimentos são devidos ao

Cônjuge ou companheiro inocente, aplicando-se os preceitos do art. 1702 do Código Civil: “Na
separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocentes e desprovido de recursos,
prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios
estabelecidos no art. 1694”

De igual forma, o art. 19 da Lei 6515, a Lei do Divórcio, estabelece que os alimentos serão
devidos apenas pelo cônjuge que é responsável pela separação.

Quanto aos filhos, de fato, estes já são todos maiores, mas existe uma filha de 20 anos,
DEIVIANE MENEZES DA SILVA, que ainda estuda, conforme prova certidão de nascimento e
declaração de matrícula anexas (docs. 01 e 02).
Conforme o disposto no Código Civil Brasileiro, têm-se o que segue:

“Art. 1.694..

§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção

das necessidades do reclamante e dos recursos da

pessoa obrigada.”

Nesse sentido, decidem nossos Tribunais:

ALIMENTOS – CRITÉRIO DE FIXAÇÃO – BINÔMIO

NECESSIDADE/POSSIBILIDADE OS ALIMENTOS HÃO DE TER

NA DEVIDA CONTA AS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS DO

ALIMENTANDO E DO ALIMENTADO – Vale dizer: serão

fixados na proporção das necessidades do

reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

(TJMG – AI 000.197.897-2/00 – 1ª C. Cív. – Rel.

Des. Orlando Carvalho – J. 21.11.2000)”

Destarte, ínclito magistrado, comprova-se a

necessidade econômica que se abate sobre a menor pelo fato da

mesma estar ainda estudando. Evidencia-se também a possibilidade

da prestação da forma como fora deferida nos autos do

processo............................, em trâmite nesta Comarca de

.............................

Deve-se rememorar, com a devida vênia, os entendimentos


dominantes dos Tribunais Pátrios, segundo os quais não é o fato do

alimentado ter atingido a maioridade que automaticamente o

Alimentante encontra-se desobrigado ao pagamento das verbas desta

natureza. No mais, as condições pessoais da Ré, principalmente o

fato dela ainda estar estudando e ter que sustentar o filho, não

autorizam a dispensa do pagamento de alimentos pelo seu pai, como

este requer na qualidade de Autor da presente demanda. Neste

sentido, traz-se à colação os seguintes acórdãos e súmula, todos

do Superior Tribunal de Justiça:

CIVIL E PROCESSUAL. PENSÃO ALIMENTÍCIA PAGA A FILHO

ENTÃO MENOR POR FORÇA DE ACORDO EM SEPARAÇÃO

CONSENSUAL. MAIORIDADE. PEDIDO DE CANCELAMENTO DA

PENSÃO FEITO NOS PRÓPRIOS AUTOS. PROCESSAMENTO COM

CONTRADITÓRIO. EXAME DO MÉRITO. MANUTENÇÃO DOS

ALIMENTOS. RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA ECONOMIA

PROCESSUAL. MATÉRIA DE FATO. REEXAME.

IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7-STJ.

I. Se ao pedido de cancelamento da pensão,formulado

pelo pai alimentante no bojo dos autos do processo

de separação consensual, em face da maioridade do

filho, foi dado processamento litigioso, com

observância de contraditório e colheita de provas,

não há efeito prático, senão propósito

procrastinatório, em perquirir, a tal altura,

depois de apreciada profundamente a controvérsia,

qual a ação cabível e a quem pertencia a sua


iniciativa, se ao filho maior em ajuizá-la para

postular a manutenção, ou ao genitor alimentante em

pedir a exoneração.

II. Decidido pelo Tribunal estadual, soberano na

interpretação da prova, sobre a necessidade do

filho maior estudante, a ser provida com pensão

alimentícia pelo pai (arts. 396 e 397 do CC), o

reexame da questão encontra, em sede especial, o

óbice da Súmula nº 7 do STJ.

III. Recurso especial não conhecido.(STJ, 4a. T,

REsp 306791 / SP, Rel. Min. Aldir Passarinho, DJ

26.08.2002 p. 228.

Pensão alimentícia. Filho Maior. Exoneração. Ação

própria. Necessidade.

Com a maioridade cessa o pátrio-poder, mas não

termina, automaticamente, o dever de prestar

alimentos. A exoneração da pensão alimentar depende

de ação própria na qual seja dado ao alimentado a

oportunidade de se manifestar, comprovando, se for

o caso, a impossibilidade de prover a própria

subsistência. Recurso especial conhecido e provido

(STJ, 2a. Seção, REsp 442502 / SP, Rel. Min.

Antonio de Pádua Ribeiro, DJ 15.06.2005 p. 150)

Súmula 358. O cancelamento de pensão alimentícia de


filho que atingiu a maioridade está sujeito à

decisão judicial, mediante contraditório, ainda que

nos próprios autos.

4. DO PEDIDO

Por tudo considerado, espera a contestante que V. Exa.:

a) Regularmente receba e atue a presente contestação, com a

concessão expressa à Ré dos benefícios da justiça gratuita,

previstos na Lei 1060/50;

b) Julgue improcedente os pedidos formulados na inicial, em

razão da inveracidade dos fatos embasadores ao mesmo, devendo ser

expressamente reconhecida a culpa do Autor pela dissolução do

casamento em questão, assim como que sejam fixados alimentos para

a Ré e para a filha DEIVIANE MENEZES DA SILVA, nos termos da ação

2006100396-6, em trâmite por esta comarca.

Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito,

requerendo, de logo, o depoimento pessoal do Autor, depoimento

pessoal da contestante, oitiva de testemunhas, desde logo

arroladas e, juntada ulterior de documentos, pedido de informações

e diligências, tudo de logo requerido.

Nestes Termos
Pede Deferimento.

Local e Data.

Defensor Público

Rol de testemunhas:

Rol de documentos:

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