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EMAJ – Escritório Modelo de Assistência Jurídica

FACULDADE DE DIREITO DE FRANCISCO BELTRÃO

JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE FRANCISCO


BELTRÃO - ESTADO DO PARANÁ

ENZO GABRIEL SCOLARO DE LIMA, menor impúbere, neste ato


representado por sua genitora, JAINE MAYARA SCOLARO DOS SANTOS,
solteira, desempregada, inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas nº
101.385.829-80, residente e domiciliada na Rua Adalmiro Nesi, Quadra 1995,
Lote 01, Bairro Padre Ulrico, nesta cidade e comarca de Francisco Beltrão,
estado do Paraná, CEP 85.604-001, com endereço eletrônico
jaine.jelvanee@gmail.com e whatsapp (46) 99935-5540, vem,
respeitosamente, perante esse Juízo, por intermédio de sua advogada
constituída Drª Raquel B. S. Lavratti, inscrita na Ordem dos Advogados do
Brasil sob nº 18.646, com endereço profissional na Rua Romeu Lauro Werlang,
nº 644, Centro, nesta cidade e comarca de Francisco Beltrão, no estado do
Paraná, com fulcro no art. 911 do Código de Processo Civil, propor a presente:

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS


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em face de JEFFERSON DE LIMA, brasileiro, convivente, frentista, inscrito no


CPF nº (...), residente e domiciliado na Rua São João, nº 1.079, Bairro
Guanabara (última casa do lado direito, próximo ao rio), nesta cidade e
comarca de Francisco Beltrão, estado do Paraná, com endereço eletrônico (...)
e whatsapp (...), o que faz pelos fundamentos que passa a expor:

1. DOS FATOS
A genitora do exequente manteve uma relação afetiva com o executado
durante o período de três meses, mas nunca chegaram a residir juntos, dessa
relação, nasceu o exequente, Enzo Gabriel Scolaro de Lima, atualmente com
sete anos de idade.
A exequente possuí um título executivo judicial consistente em um acordo de
pensão alimentícia e guarda realizado em audiência e homologado pelo juízo
de Dois Vizinhos/PR, título este previsto no art. 515, II do Código de Processo
Civil.
Neste documento, ficou convencionado que o executado pagaria para o menor
a título de alimentos o valor mensal equivalente a 25% (vinte cinco por cento)
do salário mínimo nacional, o que representava na época o montante de R$
200,00 (duzentos reais) mensais, por depósito bancário todo o dia 25 (vinte e
cinco) do mês subsequente ao vencido.
Ocorre que, o executado não vem cumprindo com a sua obrigação, restando
pendentes as parcelas relativas aos meses de setembro e outubro, totalizando
o importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais).
Insta salientar que a genitora da exequente se encontra desempregada e com
dificuldades financeiras para sustentar o menor, por sua vez, o executado
trabalha como frentista percebendo a quantia aproximada de R$ 1.500,00 (mil
e quinhentos reais).
Diante das necessidades, não lhe resta outra escolha a não ser propor a
presente ação, para que o executado venha cumprir com suas obrigações
paternas.

2. DO DIREITO
2.1 Da competência do Juízo
Dispõe o art. 53, inc. II do NCPC que, será competente para o tramite da ação
que discuta alimentos o Juízo de domicílio do alimentando. Senão, vejamos:
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Art. 53. É competente o foro:


[...]
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a
ação em que se pedem alimentos;
Como se desprende da qualificação acima, bem como, de toda a
documentação anexa à peça inicial, tanto o alimentando, que reside com sua
genitora, como o alimentado, residem no município e Comarca de Francisco
Beltrão/PR, de modo que perfeitamente cabível o tramite da presente execução
no Foro desta comarca.
Outrossim, o STJ já se manifestou nesse sentido, de modo que, vem
entendendo que as normas que tratam de competência, quando o assunto é
alimentos, devem ser interpretadas de forma mais favorável para o
alimentando. O julgado:
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA. AÇÃO AJUIZADA NO FORO DA
RESIDÊNCIA DOS ALIMENTANDOS. SENTENÇA
EXEQUENDA PROFERIDA POR JUÍZO DE FORO
DIVERSO. COMPETÊNCIA FUNCIONAL.
RELATIVIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. ARTS.
ANALISADOS: 100, II, E 475-P, DO CPC. 1. Conflito
negativo de competência suscitado em 24/05/2011,
visando à definição do Juízo competente para o
processamento de execução de prestação alimentícia
ajuizada em 2001. 2. O descumprimento de obrigação
alimentar, antes de ofender a autoridade de uma
decisão judicial, viola o direito à vida digna de quem
dela necessita (art. 1º, III, da Constituição Federal).
Em face dessa peculiaridade, a interpretação das
normas que tratam de competência, quando o
assunto é alimentos, deve, sempre, ser a mais
favorável para o alimentando. 3. Em se tratando de
execução de prestação alimentícia, a aparente antinomia
havida entre o art. 475-P e parágrafo único (e também o
art. 575, II) e o art. 100, II, todos do CPC, resolve-se em
favor do reconhecimento de uma regra de foro
concorrente, que permite ao alimentando escolher entre:
(I) o foro do seu domicílio ou residência; (II) o Juízo que
proferiu a sentença exequenda; (III) o Juízo do local onde
se encontram bens do alimentante, sujeitos à
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expropriação; e (IV) o Juízo do atual domicílio do


alimentante. 4. Na hipótese, é competente para o
processamento da execução de alimentos o foro do
domicílio ou residência do alimentando, eleito por ele para
o ajuizamento da ação, ainda que a sentença exequenda
tenha sido proferida em foro diverso. Relativização da
competência funcional prevista no art. 475-P do CPC.
Precedentes do STJ. 5. Conflito de competência
conhecido para declarar a competência do Juízo
Suscitado. (STJ - CC: 118340 MS 2011/0175077-4,
Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de
Julgamento: 11/09/2013, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data
de Publicação: DJe 19/09/2013). Grifos nossos.
Assim, pelos fundamentos acima expostos, resta evidente a competência deste
Juízo para o tramite da presente execução.

2.2 Da justiça gratuita


Com fundamento no art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal c/c o art. 98 e
seguintes do Código de Processo Civil, a genitora do exequente requer que
sejam concedidos os benefícios da gratuidade da justiça, uma vez que a
mesma não possui condições financeiras que lhe permita arcar com as custas
do processo e os honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio.

2.3 Da execução de alimentos e da prisão civil


Como narrado, em 05 de março de 2015, nos autos de Ação de Alimentos n.º
3505-47.2014.8.16.0079, tramitando perante o Juízo da Comarca de Dois
Vizinhos/PR, o genitor, ora Executado, comprometeu-se em pagar alimentos à
seu filho, ora Exequente, por meio de acordo judicial, no valor equivalente a
25% (vinte e cinco por cento) do salário mínimo nacional, mediante depósito
bancário em conta da titularidade da genitora do executado.
O acordo entabulado fora homologado pelo r. Juízo, constituindo-se, assim,
título executivo judicial, passível de cumprimento de sentença, nos termos do
art. 515, inc. II do NCPC.
Não obstante evidente razoabilidade do acordo celebrado, que unicamente
visou homenagear o princípio do melhor interesse da criança, tem-se que o
Executado está em mora com suas obrigações, visto que, sem qualquer
justificativa para tanto, cessou os pagamentos desde de agosto de 2020.
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O executado, no mês de agosto do ano-calendário vigente efetuou o


pagamento de tão somente metade do valor devido, bem como, se não
bastasse, nos meses subsequentes deixou de efetuar qualquer pagamento em
favor do exequente, deixando de honrar o acordo firmado e, mais que isso, seu
dever como genitor.
O valor atualizado da dívida referente ao não pagamento dos alimentos dos
últimos três meses, período compreendido entre agosto a outubro do presente
ano, corresponde a R$ 680,06 (seiscentos e oitenta reais e seis centavoso),
conforme o demonstrativo anexo.
Vejamos o débito atualizado:

PLANILHA DE DÉBITOS JUDICIAIS


Data de atualização dos valores: novembro/2020
Indexador utilizado: TJ/PR (média IGP/INPC)
Juros moratórios simples de 1,00% ao mês
Acréscimo de 0,00% referente a multa.
Honorários advocatícios de 0,00%.

JUROS JUROS
VALOR VALOR
ITEM DATA COMPENSATÓRIOS MORATÓRIOS TOTAL
SINGELO ATUALIZADO
0,00% a.m. 1,00% a.m.
1 25/8/2020 130,62 137,04 0,00 4,11 141,15
2 25/9/2020 261,25 268,32 0,00 5,37 273,69
3 25/10/2020 261,25 262,59 0,00 2,63 265,22
--------------------------------
Sub-Total R$ 680,06
--------------------------------
TOTAL GERAL R$ 680,06

A desídia do Executado faz com que a mãe do Exequente se encontre em uma


situação financeira delicada, contraindo dívidas em supermercados, farmácias
e outros estabelecimentos comerciais, em razão de suportar sozinha a tanto
tempo o sustento do filho.

2.4 Da possibilidade da prisão civil


Caso o Executado não cumpra com as suas obrigações, como já vem fazendo
há diversos meses, negligenciando o bem-estar de seu filho, deve se proceder
a sua prisão.
Nesse sentido, dispõe o artigo 5°, inciso LXVII da Constituição Federal:
Art. 5º todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
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à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à


propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Afunilando os casos em que caberá a prisão civil por obrigação alimentícia, a
súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça especifica:
Súmula 309. O débito alimentar que autoriza a prisão civil
do alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo.
Outrossim, O parágrafo 3º, do artigo 528, do NCPC traz expressa a
possibilidade da prisão civil de executado de alimentos que de forma
injustificada, quedar-se inadimplente:
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já
fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-
se-á a requerimento do exequente, sendo o executado
intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze)
dias, acrescido de custas, se houver.
[...]
§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento
voluntário, será expedido, desde logo, mandado de
penhora e avaliação, seguindo-se os atos de
expropriação.
Ora Excelência, visto que o executado já está inadimplente com suas
obrigações, o que trouxe graves danos às condições de vida da menor, caso
não pague, deverá ser compelido a isso por todos os meios admitidos.
Dessa feita, encontra-se fundamentado o pedido da exequente, sendo legítimo
e urgente, sob pena de prejuízos irreparáveis para a menor, o pagamento das
prestações dos meses de agosto, setembro e outubro de 2020, bem como, das
que vencerem no curso do processo, nos termos do art. 523, § 7º do NCPC.

3. DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer:
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a) O recebimento da presente execução com sujeição ao rito da prisão, nos


ditames do art. 911, CPC;
b) A concessão da Justiça Gratuita ante a hipossuficiência do executante;
c) Citação do executado para, no prazo de 3 (dias) dias, pagar o débito,
provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo, de acordo com o
art. 911, CPC;
d) No caso de inércia do executado, seja efetuado o protesto judicial do
débito e decretada a prisão civil pelo prazo de 3 (três) meses, a ser cumprida
em regime fechado, inteligência do art. 528, § 1º, 3º e 7º, CPC;
e) A condenação do executado ao pagamento das custas processuais e
dos honorários sucumbenciais a serem fixados pelo Juízo, conforme disposto
no art. 85, caput, CPC.

Atribui-se a causa o valor de R$ 653,12 (seiscentos e cinquenta e três reais e


doze centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Francisco Beltrão/PR, 11 de novembro de 2020.

RAQUEL B. S. LAVRATII
OAB/PR 18.646

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