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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO.

Processo de 1ª Instância nº 0057086-68.2019.8.17.2990 oriundo da 2ª


Vara de Família da Comarca de Olinda/PE.

GIOVANNA CASSIMIRO MUZI, brasileira, solteira,


menor impúbere, portadora do RG nº 10.949.040 SDS/PE e do CPF/MF nº
116.631.504-51 neste ato representada por sua genitora GISELE
CASSIMIRO DA SILVA, brasileira, solteira, portadora do RG nº 5.480.800
SDS/PE e do CPF/MF nº 032.034.124-03, ambas residentes e domiciliadas a
Rua Catarina Batista de Alencar, nº 419 – Casa Caiada – Olinda/PE – CEP:
53.310-020, por intermédio de sua procuradora adiante assinada, Ana
Magali Duques de Soares, brasileira, solteira, advogada, portadora do
CPF/MF nº 886.947.044-04 e OAB/PE 18.040, endereço eletrônico
anaduques.advogada@outlook.com, não se conformando, permissa maxima
venia, com a r. Decisão Interlocutória que concedeu liminarmente, a
redução do valor da pensão alimentícia para 70% (setenta por cento) do
valor do salário mínimo, proferida nos autos da Ação Revisional de
Alimentos – processo nº 0057086-68.2019.8.17.2990, originária do Juízo
da 2ª Vara de Família da Comarca de Olinda/PE, razão pela qual vem,
amparado pelo art. 1.015 e seguintes do CPC e demais dispositivos
aplicáveis à espécie, com o devido respeito à Vossa Excelência, interpor
tempestivamente, o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO COM EFEITO
SUSPENSIVO ao teor do que dispõe o art. 995, parágrafo único e art.
1.015, inciso I, ambos do Código de Processo Civil, para com efeito de obter
a reforma da referida decisão que fixou alimentos em 70% (setenta por
cento) do salário mínimo, pelas razões anexas, requerendo a Vossa
Excelência se digne em recebê-lo e processá-lo, distribuindo o presente a
uma das Colendas Câmaras deste Egrégio Tribunal em face a EMERSON
MUZI, brasileiro, divorciado portador do RG nº 21289661 SSP/SP e CPF/MF
nº 172.862.898-96, residente e domiciliado a Rua Alameda Rubi, nº 291 –
condomínio Grape Village – Pinheirinho – Vinhedo/SP – CEP: 13.289-738.
Para a instrumentalização do presente agravo e em
cumprimento ao disposto no art. 1.016, inciso IV, do Código de Processo
Civil, informa o nome e o endereço dos advogados, constantes do processo,
a saber:

Procuradora da parte Agravante: Ana Magali Duques de Soares, OAB/PE


18.040, CPF/MF 886.947.044-04, com escritório profissional localizado na
Rua Catarina Batista de Alencar, nº 90/101 – Bairro Novo – Olinda/PE.

Procuradores da parte Agravada: CAIO PEREIRA BOSSI, brasileiro, solteiro,


advogado inscrito na OAB/SP sob n• 310.117, inscrito no CPF sob n•
368.246.418-20 ; JEFFERSON JOS CALARGA , brasileiro, Inscrito na
OAB/SP n• 306.820, inscrito no CPF sob n• 350.428 .888-45,
representantes da BOSSI & CALARGA SOCIEDADE DE ADVOGADOS ,
sociedade inscrita na OAB/SP n• 15.530, todos com escritório profissional
localizado na Rua Armando Fredianl, 230 - Jd. Alba , cidade de
Vinhedo/SP.
Outrossim, de acordo com o que dispõe o art. 1.017 do
CPC, para instrumentalização do presente agravo, segue anexo as seguintes
cópias:

a) Processo Revisional de Alimentos: petição inicial, contestação,


procurações de ambos patronos, Decisão Agravada, Certidão de intimação,
documentos de comprovação do pagamento da pensão alimentícia e
despesas mensais da infante.

b) Processo principal de alimentos nº 0008557 53.2009 8 17.0990 –


cópia integral dos autos devidamente autenticada pela Vara.

Requer, finalmente, que eventuais intimações sejam


feitas na forma da lei, fazendo-se constar o nome e endereço da
procuradora da Agravante:

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Olinda, 25 de abril de 2023.

ANA MAGALI DUQUES DE SOARES


OAB/PE 18.040
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO.

Processo de 1ª Instância nº 0057086-68.2019.8.17.2990 Ação Revisional


de Alimentos oriundo da 2ª Vara de Família da Comarca de Olinda/PE.

Agravante: GIOVANNA CASSIMIRO MUZI, brasileira, solteira, menor


impúbere, portadora do RG nº 10.949.040 SDS/PE e do CPF/MF nº
116.631.504-51 neste ato representada por sua genitora GISELE
CASSIMIRO DA SILVA, brasileira, solteira, portadora do RG nº 5.480.800
SDS/PE e do CPF/MF nº 032.034.124-03

Agravado: EMERSON MUZI, brasileiro, divorciado, engenheiro civil, portador


do RG nº 21.289.661 SSP/SP e CPF nº 172.862.898-96, residente e
domiciliado a Rua Alameda Rubi, nº 291 – Pinheirinho – Vinhedo/SP – CEP:
13.289-738.

EGRÉGIO TRIBUNAL

COLENDA CÂMARA CÍVEL


RAZÕES DO AGRAVO

Eminentes Desembargadores,

Insurge a Agravante contra a r. decisão de Id nº


106373348 do douto julgador a quo, proferida nos autos de Ação Revisional
de Alimentos – Autos nº 0057086-68.2019.8.17.2990 Ação Revisional de
Alimentos em trâmite perante o Juízo da 2ª Vara de Família da Comarca de
Olinda/PE.

I – PRELIMINARES:

1. DA JUSTIÇA GRATUITA:

Antes de adentrar ao mérito do presente recurso, a


Agravante requer liminarmente nos termos do art. 1.019, I do CPC, os
benefícios da assistência judiciária gratuita nos termos dos artigos 98 e 99
do CPC e da Lei nº 1.060/50, em virtude de sua situação econômica não lhe
permitir pagar às custas dos atos processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo do sustento próprio e de seus dependentes.

O intuito da lei da gratuidade judiciária não é outro


senão possibilitar o acesso à Justiça àqueles que não possuem recursos
suficientes, por isso, a simples afirmação de falta de condições de pagar as
despesas do processo em prejuízo do sustento próprio ou da família contém
veracidade presumida, tanto que basta, para a concessão do benefício, a
declaração de insuficiência declarada por pessoa natural (art. 99, § 3º CPC).

Mister frisar ainda, que, em conformidade com o art.


99, § 1º, do CPC, o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por
petição simples e durante o curso do processo inclusive em fase recursal,
tendo em vista a possibilidade de se requerer em qualquer tempo e grau de
jurisdição os benefícios da justiça gratuita, ante a situação do status
econômico.

2. DO PREPARO DO RECURSO:

A Agravante deixa de colacionar aos autos, o


comprovante de preparo, eis que requereu os benefícios da Assistência
Judiciária Gratuita (Arts. 98 ao 102 do CPC, c/c Lei nº 1.060/50), e aguarda
deferimento, consoante ao disposto no art. 1.007 do Código de Processo
Civil. Caso V. Exa. assim não entenda requer prazo para pagamento do
preparo recursal.

3. DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO:

A Agravante foi intimada da decisão interlocutória de Id


nº 106373348 por meio de Oficial de Justiça, cujo mandado fora juntado
aos autos, na data de 02.04.2023, conforme certidão de Id. nº 131541953
tendo seu prazo final para interposição do presente recurso em 26.04.2023.
Logo, consoante ao disposto no art. 1.017, inciso I do Código de Processo
Civil o presente recurso é tempestivo.

4. DA DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE:

A Agravante declara que os documentos em cópia


apresentados no presente Agravo de Instrumento, são cópias autênticas,
em conformidade com o art. 425, IV e VI do Código de Processo Civil, sob a
integral responsabilidade da procuradora que subscreveu o presente
recurso.
II – DO MÉRITO:

1. DA ANTECIPAÇÃO DA PRETENSÃO RECURSAL:

Como exaustivamente mencionado alhures, sobre a


decisão interlocutória proferida pelo douto Juízo a quo, com a efetivação da
mesma ocasionará em grandes transtornos quanto ao sustento da
Agravante.
Assim, faz-se necessário a concessão liminar da tutela
antecipada pleiteada no sentido de suspender a eficácia da decisão tendo
como pleito sua reforma, nos termos do art. 1.019, I do CPC.

PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DE QUE TRATA O ART. 1.019 9, inc. I,


do CPC

As questões destacadas no presente recurso de Agravo


de Instrumento são de gravidade extrema e reclama, sem sombra de
dúvidas, a concessão da tutela recursal, com base no art. 1.019, I CPC.

Demonstrado, pois, o preenchimento dos requisitos do


“risco de lesão grave e de difícil reparação” e da “fundamentação
relevante”, há de ser concedido efeito ao recurso em combate.

Nesse compasso, a parte Agravante demonstrou o


requisito da “fundamentação relevante”. É irrefutável que ficou
comprovada a situação de desequilíbrio da possibilidade-necessidade
quanto ao pagamento da verba alimentar.
Ademais, além da “fundamentação relevante”,
devidamente fixada anteriormente, a peça recursal preenche o requisito do
“risco de lesão grave e difícil reparação”. Desse modo, para a Agravante,
como para qualquer outro, é medida drástica que tem afetado
significativamente na sua ordem social e psicológica. De outro passo, não
se pode permitir que o valor pago ao alimentado de R$ 2.500,00 (dois mil
e quinhentos reais), seja bruscamente diminuído para 70% (setenta por
cento) do salário mínimo, praticamente no meio do ano letivo, no qual a
sua vida já estava por completo organizada e planejada para tal período. É
permitir por demais, afetar a sua dignidade e estado psicológico, no qual
se vê obrigada a paralisar sua vida educacional e social de maneira tão
repentina.
Como consequência, pede-se, tutela de urgência de
maneira a suspender os efeitos da decisão interlocutória guerreada Ar.
1.019, I CPC, conferindo-se efeito suspensivo presente recurso,
determinando-se:

a) Com base no art. 8º, do Código de Processo Civil, seja suspenso,


provisoriamente, o valor arbitrado em sede de tutela pelo juízo a quo no
montante de 70% sobre o salário mínimo, devendo a parte agravada
continuar a pagar o valor que habitualmente vem pagando no importe de
R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) a título de alimentos.

b) ainda subsidiariamente com fulcro no Art. 326 do CPC, pleiteia-se a


suspensão dos efeitos da decisão guerreada até a análise do pleito de
revisão alimentar em decisão transitada em julgado.

2. DOS FUNDAMENTOS DA AÇÃO E DAS RAZÕES DO PEDIDO DA


REFORMA:
O Douto Juízo monocrático proferiu decisão
interlocutória no âmbito dos presentes autos, sedimentando sua decisão em
síntese, no seguinte:

“Despacho/Decisão:"ID 106373348 DECISÃO Vistos e examinados etc.


Defiro ao Autor os benefícios da justiça gratuita. 1. DAS TUTELA DE
URGÊNCIA. Cuida-se de pedido Revisional de Alimentos cumulado com
Modificação de Visitas ajuizado por EMERSON MUZI relativamente
GIOVANNA CASSIMIRO MUZI, menor impúbere representada por sua
Genitora GISELE CASSIMIRO DA SILVA. Pede, a título de antecipação de
tutela, a redução dos alimentos para o equivalente a 1/3 (um terço) do
salário mínimo vigente, assim como a modificação da visitação da Filha
comum a ser por ele exercida. Ouvida, a Representante do Ministério
Público opinou pela concessão parcial das tutelas antecipadas pretendidas,
sendo favorável à redução dos alimentos e desfavorável à modificação de
guarda relativamente à Menor envolvida (Parecer ID 61995196). É o
relatório. Passo a decidir. Aduz o Autor que, quando da celebração do
acordo de alimentos nos autos do Processo de nº 0008557-
53.2009.8.17.0990 (Ação de Alimentos c/c Guarda e Visitas), restou fixada
a contribuição de alimentos por ele devida à Requerida no percentual
equivalente a 12,5% (doze vírgula cinco por cento) dos vencimentos e
vantagens do Alimentante. Ainda afirmou que, à época da celebração do
acordo, ele, Autor/Alimentante estava empregado, e que não foi previsto no
acordo como seria a contribuição dos alimentos acaso desempregado ou
sem vínculo formal de emprego. Dessa feita, demonstrado, através dos
documentos colacionados nos autos, que a situação do Autor foi modificada
e que o encargo, cuja revisão é pretendida, esteja lhe ocasionando
prejuízos irreparáveis, entendo preenchidos os pressupostos do artigo 300
do CPC, razão pela qual, em consonância, em parte, com o Parecer
Ministerial, DEFIRO PARCIALMENTE a antecipação da tutela pretendida para
o fim de fixar a pensão alimentícia devida pelo Autor em favor da Requerida
para o equivalente a 70% (setenta por cento) do salário mínimo vigente,
restando fixado dito percentual para a hipótese de desemprego ou falta de
vínculo formal, situação atual vivenciada pelo Alimentante, ficando mantido,
em relação aos casos de emprego formal do Alimentante, o percentual
outrora fixado nos autos do Processo de nº 0008557-53.2009.8.17.0990
(Ação de Alimentos c/c Guarda e Visitas), qual seja, 12,5% (doze vírgula
cinco por cento) dos vencimentos e vantagens do Alimentante. Por sua vez,
no tocante à modificação de visitação, restou definido nos autos do
Processo nº 0008557-53.2009.8.17.0990 (Ação de Alimentos c/c Guarda e
Visitas) que a guarda da menor GIOVANNA CASSIMIRO MUZI ficaria com a
Genitora – na modalidade unilateral –, com a visitação livre do Genitor.
Apreciando o pedido liminar, verifico que a Parte Requerente busca, em
Juízo de cognição sumária, a fixação de uma nova visitação relativamente à
Filha menor; todavia, entendo que o pleito não merece prosperar, ao menos
em sede de cognição sumária, ante a ausência de elementos que
evidenciem o perigo de dano, notadamente porque a Exordial não trouxe
prova suficiente a comprovar, de plano, os fatos alegados, tornando-se
necessária a dilação probatória e a oportunização do contraditório. Logo,
INDEFIRO O PLEITO LIMINAR DE MODIFICAÇÃO DE VISITAÇÃO
fixada nos autos do processo 0008557-53.2009.8.17.0990 (Ação de
Alimentos c/c Guarda e Visitas), sem prejuízo de novo reexame da
matéria caso surjam novos fatos relevantes ou após o
contraditório. 2. PROVIDÊNCIAS PELA SECRETARIA. Converto a presente
Ação ao rito comum, nada obstando que seja oportunamente designada
audiência de tentativa de conciliação, acaso o ânimo e postura das Partes
no curso do processo demonstre que o ato seja medida útil ao deslinde do
feito. Cite-se a parte requerida para ciência dos termos desta ação,
assim como intime-se-a da presente decisão, para que apresente
resposta, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de revelia.
Publique-se. Cumpra-se. Olinda/PE, data conforme assinatura eletrônica.
Juiz(a) de Direito"

Advertência: "Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e


presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor."
(Art. 344 do CPC).”

Porém, a referida decisão merece reforma, para que


seja corrigido o erro in procedendo, face ao grave prejuízo que a decisão
ora atacada ocasiona a Agravante, pois além de não espelhar a realidade
dos fatos, deixou de ser aplicada as disposições legais pertinentes à
matéria, ferindo as garantias constitucionais, uma vez que ao atribuir uma
parte a faculdade de observar o desenvolvimento do processo, a lei garante
a transparência e a segurança da prestação jurisdicional, permitindo que o
litigante manifeste-se a respeito dos atos praticados e se defenda de
qualquer afirmação que lhe seja desfavorável. Tais princípios encontram-se
consolidados no inciso LV, art. 5º da Constituição Federal.
Pois bem, tais garantias constitucionais foram
mitigadas nos autos do processo em trâmite em 1ª instância, pela r.
decisão interlocutória, que se agrava. Com efeito, o M.M. Juiz a quo ao
determinar a concessão liminar supramencionada, sem que lhe fosse
facultado a oportunidade de se manifestar acerca dos pagamentos que vem
sendo realizados pela agravante, ignorou o preceito constitucional, assim
temos que o MM juízo a quo não ouviu a parte contrária e concedeu a tutela
de urgência inaldita altera pars, causando grave prejuízo a agravante.

Apesar da previsão legal de dever do juiz em fixar os


alimentos in liminis liti, a Lei 5.478 de 1968 não foi omissa quanto a
possibilidade do alimentante em interpor recursos cabíveis, bem como sua
defesa em momento oportuno anterior a audiência respeitando o direito ao
contraditório e ampla defesa.
Segue abaixo colacionados os entendimentos jurisprudenciais e
doutrinários:

O consagrado civilista Caio Mario da Silva Pereira aduz que:

“Os alimentos devem ser prestados por


aquele que os forneça sem desfalque do
necessário ao próprio sustento. O
alimentante os prestará sem desfalque
do necessário ao próprio sustento. Não
encontra amparo legal que a prestação
de alimentos vá reduzí-lo a condições
precárias, ou lhe imponha sacrifício para
a sua condição social. Daí dizer-se que
tanto se exime de prestá-los aquele que
não o pode fazer sem sacrifício de sua
própria subsistência, quanto aquele que
se porá em risco de sacrificá-la se vier a
dá-los.
(...)
Se o alimentante não os puder fornecer
na razão de seu próprio sustento,
prestá-los-á dentro daqueles limites,
cumprindo ao alimentando reclamar de
outro parente a complementação.
(Instituições de Direito Civil – Direito de
Família – Vol. V – Pg. 621 - 2017 – Caio
Mario da Silva Pereira).”

Bem como observa também:


“Ação revisional de alimentos. (...) 1. A
fixação da obrigação alimentar deve ser
realizada com observância de seu
trinômio formador: necessidade,
possibilidade e proporcionalidade.2. O
princípio da proporcionalidade,
norteador da obrigação alimentar,
consubstancia-se em ideias de justiça,
equidade, bom senso, prudência,
moderação, guardando relação com a
capacidade econômica do alimentante e
necessidade do alimentando. (TJPR, AI
11671388, 12.º V. Cív., Rel. Des.
Ivanise Maria Tratz Martins, j.
17/09/2014).”

Após análise dos entendimentos insculpidos na doutrina


e jurisprudência supracitada, passamos agora a adentrar nos detalhes do
caso em questão.

3. DA SÍNTESE DOS FATOS

Cuida-se de ação revisional de alimentos proposta pelo


Agravado, na qual pleiteia liminarmente a redução dos alimentos e
definitivos no percentual de 30% sob o salário mínimo, no entanto a
Decisão agravada concedeu 70% do salário mínimo, porém, sem ouvir a
outra parte.

No ano de 2009 os genitores formularam acordo de


alimentos no percentual de 12,5% dos rendimentos do Agravado (doc.),
destarte que nesse período o agravado tinha vínculo celetista e ganhava em
torno de 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), além de possuir férias e 13º
salários. Sendo certo que 12,5% dos rendimentos do agravado girava em
torno de dois salários mínimos mensais, além da percepção das férias e 13º
salários que sempre serviram para custear as despesas com material
escolar, fardamento e demais insumos escolares do início do ano.

Em setembro de 2019 o agravado perdeu seu vínculo


celetista, no entanto, mesmo supostamente desempregado permaneceu
depositando a importância de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais),
consoante faz prova os informes de rendimento da representante da menor,
bem como comprovantes de depósitos realizados na conta desta. Assim
temos que mesmo “desempregado”, como alegado, o agravado possui
condições financeiras em continuar arcando com o valor que já deposita
habitualmente a anos.

Colenda turma, em 2020 o agravado constituiu uma


empresa, consoante faz prova o comprovante do CNPJ registrado na cidade
de Vinhedo/SP.

O agravado presta serviços a diversas empresas como


pessoa jurídica, possuindo um bom padrão de vida, logo não há quaisquer
elementos que justifique a uma redução tão drástica no valor da pensão. De
certo que as despesas da adolescente giram em torno de 6.000,00 (seis mil
reais), devendo o agravado arcar com pelo menos metade destas despesas
em face ao princípio da responsabilidade de educação e zelo de ambos os
genitores.

Quando o agravado perdeu seu vínculo formal de


emprego, fora acordado entre o Agravado e a genitora da Agravante um
contrato verbal, no qual ficou estipulado o pagamento do valor de R$
2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), o qual o Agravado sempre cumpriu,
consoante faz prova os comprovantes dos últimos depósitos na conta da
adolescente, em substituição ao 13º salário, ficou acordado entre as partes
que cada um arcaria com 50% (cinquenta por cento) do valor das despesas
de material escolar, fardamento e demais insumos relativos às despesas do
início do ano letivo, destaque-se que o agravado este ano solicitou o
parcelamento destas despesas e vem depositando habitualmente o valor
correspondente a sua cota parte (doc.).

Desde então (até o ajuizamento da ação revisional de


alimentos e da decisão agravada), não houvera por parte da genitora da
Agravante quaisquer questionamentos quanto a quantia acordada. Tanto,
que o Agravado continua realizando os depósitos em conta da menor
Agravante, mesmo após o ajuizamento da ação, não houve qualquer
questionamento do agravado quanto ao valor de R$ 2.500,00 (dois mil e
quinhentos reais) que habitualmente deposita. Assim, entende-se que
mesmo sob a alegação de desemprego o Agravado permaneceu pagando o
valor acima informado a título de pensão alimentícia sem que esse valor
tenha lhe causado qualquer prejuízo de ordem financeira ou redução do seu
bom padrão de vida.

Com a máxima vênia e o devido respeito, equivocou-se


a douta magistrada a quo em sua r. decisão interlocutória, uma vez que
sequer teve a Agravante oportunidade de demonstrar a real e verdadeira
situação do agravado. Portanto, o que se questiona é o percentual sobre o
salário mínimo, uma vez que a importância de pouco mais de R$ 900,00
(novecentos reais) sequer paga a mensalidade escolar, logo não faz
qualquer sentido uma redução tão drástica no valor da pensão alimentícia
da Agravante, tendo em vista que mesmo supostamente desempregado o
Agravado permaneceu depositando a importância de R$ 2.500,00 (dois mil
e quinhentos reais).
A Agravante não sabe ao certo qual a
remuneração média do Agravado, sabendo apenas que este tem uma
empresa constituída, que presta seus serviços como engenheiro a outras
empresas de engenharia. O que se pode, de fato, asseverar é que o
Agravado tem condições em permanecer depositando a quantia de R$
2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).
Conforme detalhado em sede de contestação,
segue abaixo descrito em média, as despesas realizadas pela Agravante
mensalmente, que podem sofrer alterações conforme alguma situação
inesperada:
DESPESAS DE GIOVANNA CASSIMIRO MUZI

ITEM DESCRIÇÃO VALOR


1.0 ESCOLA COLÉGIO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA R$ 1.108,05
1.1 TRANSPORTE ESCOLAR NEIDE TRANSPORTES R$ 230,00
1.2 LANCHE ESCOLA COLÉGIO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA R$ 200,00
1.3 INGLÊS WIZARD R$ 255,00
1.4 REFORÇO ESCOLAR MATEMÁTICA R$ 400,00
1.5 PLANO DE SAÚDE CASSI R$ 550,86
1.6 CELULAR CLARO R$ 50,00
1.7 ÁGUA (DIVIDIDO POR 4 PESSOAS) COMPESA R$ 45,00
1.8 ENERGIA (DIVIDIDO POR 4 PESSOAS) CELPE R$ 117,50
1.9 ÁGUA MINERAL/GÁS (DIVIDIDO POR 4 PESSOAS) R$ 64,00
1.10 INTERNET/NETFLIX (DIVIDIDO POR 4 PESSOAS) CLARO R$ 46,25
1.11 ALIMENTAÇÃO (DIVIDIDO POR 4 PESSOAS) SUPERMERCADO/FRUTARIA/PADARIA R$ 715,00
1.12 MESADA GIOVANNA R$ 120,00
1.13 ROUPAS/MATERIAIS DE HIGIENE/BELEZA GIOVANNA R$ 280,00
1.14 PASSEIOS FINAIS DE SEMANA/ANIVERSÁRIOS GIOVANNA R$ 600,00
1.15 DENTISTA DIVIDIDO POR 12 MESES R$ 50,00
1.16 REMÉDIOS/VITAMINAS FARMÁCIA R$ 140,00
TOTAL MENSAL R$ 4.971,66
TOTAL DIVIDIDO POR 2 R$ 2.485,83

OUTRAS DESPESAS - OPTEI POR MINHA MÃE FICAR COM ELA DO QUE CONTRATAR UMA BABÁ
1.17 BABÁ (PLANO DE SAÚDE DA MINHA MÃE) SALÁRIO MÍNIMO + TRANSPORTE R$ 1.475,40
TOTAL MENSAL R$ 6.447,06
TOTAL DIVIDIDO POR 2 R$ 3.223,53

Logo, a estipulação do percentual de 70% sobre o


salário mínimo vigente é absurda em face às despesas que a genitora tem
para o sustento da filha de ambos, posto que o Agravado possui condições
em manter o mesmo padrão de vida para sua filha, mesmo estando sem
qualquer vínculo formal de emprego, consoante todas as provas
colacionadas a esta peça recursal.
Neste diapasão temos que a redução abrupta do
valor da pensão corrobora com o desequilíbrio financeiro e psicológico da
Agravante e de sua representante legal, não sendo de bom alvitre baixar o
padrão de vida da adolescente sob a alegação de não ter emprego com
vínculo celetista, pois o Agravado, mesmo estando supostamente
desempregado suportou o encargo do pagamento no valor de 2.500,00
(dois mil e quinhentos reais), o que corresponde a 1,92 do salário mínimo
vigente.

III - DOS REQUERIMENTOS:

Diante de todo o exposto, e visando manter a dignidade


da Agravante, visto que o Agravado possui condições de arcar com o valor
de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), equivalente a 1,92 salários
mínimos, requer a Agravante ao Excelentíssimo Senhor Desembargador
Relator, a nulidade do Ato Decisório que ensejou o presente recurso, tendo
como objetivo a confirmação do Efeito Suspensivo atribuído ao Agravo de
Instrumento e sejam acolhidas as razões ora aduzidas, afim que:

1. Determine a Anulação do Ato Decisório atacado, o qual determinou a


redução da pensão alimentícia para 70% (setenta por cento) do salário
mínimo, tendo em vista o preceito insculpido Código Civil – no que cinge ao
trinômio: necessidade/possibilidade/razoabilidade; seja o presente
recurso recebido no modo Suspensivo, com a concessão total do efeito
ativo para antecipar a tutela recursal, reformando a decisão interlocutória
da qual fixou os alimentos em 70% do salário mínimo, fixando os alimentos
no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), por ser habitual e
constante esse pagamento, oficiando-se o Juízo a quo, até ulterior
julgamento, e por fim consequente prosseguimento da ação principal, pelos
fundamentos acima expostos, nos termos do art. 1.019, inciso I do CPC,
como medida de inteira Justiça.

2. Seja concedido liminarmente os benefícios da justiça gratuita a


Agravante, nos termos dos arts. 98 ao 102 e art. 1.019 ambos do CPC;
3. Seja intimado o agravado, para querendo responder o presente nos
termos do Art. 1019, II do CPC, preferencialmente pelo aplicativo WhatsApp
(11) 97394-2513.

4. Seja o presente Recurso de Agravo de Instrumento conhecido e


provido em todos os seus termos, reformado in totum a decisão guerreada.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Olinda, 25 de abril de 2023

ANA MAGALI DUQUES DE SOARES


OAB/PE 18.040

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