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A PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS

Autos n° …..

ANTONIETA, nacionalidade, aposentada, inscrita sob CPF n°, portadora do RG n°,


residente e domiciliada, endereço eletrônico, representada pelo advogado que ao final
subscreve (petição em anexo), que recebe intimações no endereço, endereço eletrônico,
telefone, com fundamento no art. 1015, I, do CPC, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM EFEITO SUSPENSIVO

Em face da decisão proferida pelo juízo da II Vara de Família da Comarca de


Augustinópolis, pelos fatos e fundamentos aqui aduzidos.
Em cumprimento ao art. 1.016, IV, do CPC/15, informa a Agravante o nome e o
endereço dos advogados de ambas as partes:
Agravante: Nome do advogado (OAB nº _), endereço profissional.
Agravado: Nome do advogado (OAB nº _), endereço profissional.
Atendendo ao art. 1.017 do CPC/15, a Agravante instrui o presente recurso com as
seguintes peças: (i) cópia da petição inicial; (ii) cópia da contestação; (iii) cópia da petição
que ensejou a decisão agravada; (iv) cópia da decisão agravada; (v) cópia da certidão da
respectiva intimação [ou outro documento oficial que comprove a tempestividade]; (vi)
cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
Ademais, requer o recebimento do presente recurso, bem como seu regular
processamento perante o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins. Por fim,
requer a intimação do Agravado para, querendo, oferecer contrarrazões no prazo de 15
(quinze) dias.

Nesses termos, pede deferimento.

Augustinópolis – TO, 25 de Agosto de 2020


_______________________________
Clairton Alves Alencar - Matrícula (RA) nº: 2020101600400278

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Processo n°

Origem: II Vara da Família de Augustinópolis – TO

Agravante: ANTONIETA

Agravado: VITOR, representado por sua mãe MARIA

COLENDO TRIBUNAL ,
EGRÉGIA CÂMARA CÍVEL,

I – DAS PRELIMINARES

1.1 – TEMPESTIVIDADE

O recurso é tempestivo, sendo que a agravante foi intimada da decisão no dia


20/08/2020, tendo em vista que o prazo começa a contar no primeiro dia útil seguinte.

1.2 – GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A princípio, a agravante por se tratar de pessoa idosa e vulnerável afirma ser


beneficiária da Gratuidade de Justiça, entendendo que não tem capacidade de arcar com
as custas processuais e os honorários advocatícios sem que haja prejuízo de seu
sustento próprio, vide art. 98 e seguintes da Lei n° 13.105/2015.

1.3 – PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

A agravante é pessoa idosa de 75 (setenta e cinco) anos de idade, fazendo jus à


prioridade na tramitação do ato, nos termos do art. 1048, inciso I da Lei 13.105/2015.

1.4 – DISPENSA DE PREPARO

Sendo a parte beneficiária da Gratuidade de Justiça, o preparo é dispensado, nos


termos do art. 98, § 1° e do art. 1007 da Lei n° 13.105/2015.

1.5 – CABIMENTO

O art. 1015 do CPC, em seu inciso I dispõe que cabe a interposição de agravo de
instrumento para atacar decisões interlocutórias quando estas versarem sobre tutelas
provisórias, como no caso em tela.
No caso em questão, a agravante foi condenada a pagar alimentos provisórios no
valor de um salário mínimo. Neste caso, o agravo de instrumento é perfeitamente cabível.

II – BREVE RESUMO DOS FATOS

Trata-se de ação de alimentos movida por VITOR, menor, representado por sua
mão MARIA, em face de sua avó paterna, na qual requer a condenação ao pagamento de
pensão alimentícia no valor de um salário mínimo mensal.
Recebida a petição inicial, o Juízo entendeu como procedentes as alegações feitas
pelo autor e fixou os alimentos provisórios a serem pagos pela avó paterna, no valor um
salário mínimo.
A decisão proferida necessita de reforma, pelos fatos a seguir expostos.

III – DO MÉRITO

3.1 FALTA DE INTERESSE DE AGIR


O agravado ao ajuizar ação de alimentos em face de sua avó paterna, não se
prestou ao serviço de comprovar ao juízo o esgotamento de tentativas de obter os
alimentos de seu genitor, sendo assim, não há interesse de agir em relação aos alimentos
avoengos.
O genitor possui vínculo empregatício e domicílio certo – conhecido da
representante do agravado – o que lhe seria suficiente para acionar o seu genitor, visando
alcançar a sua pretensão perante a justiça, já que o mesmo é o mais próximo em grau, e
que por força do art. 1696 do Código Civil, tem o direito de prestar alimentos ao seu filho:

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e


extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, uns em falta de outros.

Na mesma seara, o Enunciado da Súmula 596 do STJ estabelece que “ a


obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, configurando-se
apenas na impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais”.
Neste contexto, só seria cabível pedir alimentos avoengos quando comprovada a
impossibilidade dos pais em prestar-lhos, oque não foi comprovado, sabendo-se que tanto
a genitora como o genitor possuem renda, exercendo atividade remunerada, não cabe
exigir alimentos de ascendentes em segundo grau, a não ser na hipótese de
complementação das despesas, e não no valor exorbitante fixado, pois a obrigação
principal é dos pais, como já explicitado.
Por não ter sido comprovada a tentativa de buscar o pagamento de alimentos em
face do pai do agravado, a decisão deve ser reformada para que se extingua sem
resolução de mérito, nos termos do art. 485, IV do CPC/2015.

3.2 DO TRINÔMIO POSSIBILIDADE, PROPORCIONALIDADE, NECESSIDADE

O parágrafo primeiro do art. 1694 dispõe que “Os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”.
No caso em tela, a agravante condenada a pagar um salário mínimo mensal é uma
idosa de 75 (setenta e cinco) anos de idade, que recebe seus proventos de aposentadoria
no valor de 3 (três) salários mínimos, o que demonstra a desproporcionalidade da pensão
fixada, visto que se trata de um terço do total recebido pela agravante.
A agravante, na qualidade de pessoa idosa, vulnerável, necessita de proteção e
atenção especiais por conta de sua fragilidade.
Além disso, o agravado possui outros avós vivos e em condições de colaborar nas
despesas do menor, visto que todos os outros recebem proventos da aposentadoria no
valor de um salário mínimo. Logo, o agravado deveria ter cobrado alimentos de todos em
proporção às suas possibilidades.
O entendimento do Superior Tribunal de Justiça ratifica que sendo mais de um o
número de avós, todos devem ser incluídos no polo passivo, em litisconsórcio passivo
necessário, afim de que o pensionamento seja fixado nas proporções e possibilidades
corretas.
Logo, se não entender pela reforma da decisão originária que fixou os alimentos
em um salários mínimo para que a mesma seja indeferida, pede subsidiariamente que
sejam reduzidos para apenas 30% do salário mínimo, tendo em vista que existem outros
coobrigados que não forma incluídos na demanda, respeitando a necessária
proporcionalidade do valor.

IV – PREQUESTIONAMENTO

O presente recurso traz a debate a demanda pelo fato do juízo de base ter fixado
alimentos sem antes ter a comprovação das tentativas de buscar alimentos em face dos
pais por parte do agravado, sendo que o mesmo se dirigiu diretamente a ascendente de
segundo grau, mesma na existência dos genitores.

V – DOS PEDIDOS

Neste sentido requer:

a – A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça;


b – Seja conferida a Tutela de Urgência recursal, afim de que seja atribuído efeito
suspensivo ao presente recurso, nos termos do art.1019 do CPC/2015;
c – A Reforma da Decisão proferida pelo Juízo de primeiro grau, pela ausência de
interesse processual, devendo ser julgada extinta sem resolução de mérito a demanda
ajuizada, nos termos do art.485 do CPC/2015;
d – Subsidiariamente, requer a reforma da decisão agravada, afim de que os alimentos
provisórios sejam reduzidos para 30% do salário mínimo, respeitando o trinômio
possibilidade-necessidade-proporcionalidade, bem como em respeito ao caráter divisível
da obrigação alimentar.

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