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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA

DE SÃO PAULO - SP

ANTONIO PEDRO, nacionalidade, viúvo, profissão, RG nº _________________,


inscrito no CPF sob o nº _______________, residente e domiciliado à ________________, nº ___,
Bairro ________, CEP ______, São Paulo - SP, por meio de seu advogado subscrito (proc.
anexa), com endereço em __________________, onde recebe intimações, vem, à presença de
Vossa Excelência, com fundamentos nos artigos 1.694 e seguintes do Código Civil,
propor a presente

AÇÃO DE ALIMENTOS

em face de ARLINDO, nacionalidade, estado civil, empresário, RG nº _________________,


inscrito no CPF sob o nº _______________, residente e domiciliado à ________________, nº ___,
Bairro ____________, CEP ______, Jundiaí - SP, pelas razões de fato e de direito seguintes.

1. DOS FATOS

O Autor contraiu matrimônio e assim permaneceu durante quatro décadas


com a Sra. Lourdes, com quem teve seu único filho, Arlindo - hoje, um empresário bem
sucedido, dono de uma rede de hotelaria.

Por uma infelicidade, contudo, sua esposa, mãe de Arlindo, veio a falecer, o
que causou no Autor demasiada tristeza que o impediu de continuar a trabalhar.
Devido a ausência de renda, veio o Requerente a enfrentar dificuldades
financeiras, as quais acabam por serem supridas, mormente, por vizinhos e alguns
parentes como Marieta, sua sobrinha-neta.

A jovem, que acabara de ingressar no curso de graduação em Direito, ao


relatar seu desapontamento com relação ao abandono que seu tio sofrerá, tomou
conhecimento da previsão constitucional de que os filhos devem amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.

De posse dessa informação e, no intuito de ajudar seu tio, o direcionou para


que buscasse o Poder Judiciário, mediante a presente ação, a fim de garantir o direito
inerente a Antônio de obter suporte financeiro de seu único filho, Arlindo.

3. DAS PRELIMINARES

3.I. PROCEDIMENTO ESPECIAL - LEI N. 5.478/68

A ação de alimentos é regida por um rito especial, conforme o art. 1º da lei n.


5.478/68. In verbis:

"Art. 1º. A ação de alimentos é de rito especial, independente de prévia distribuição e


de anterior concessão do benefício de gratuidade."

Assim, é necessário que o procedimento respeite as disposições contidas na


respectiva lei.

3.II. DA CONCESSÃO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

É garantido à parte que não tiver condições de arcar com as custas a


concessão do benefício da gratuidade, conforme o parágrafo 2º do art. 1º da lei n.
5.478/68. O Autor, idoso e fora do mercado de trabalho, passa por dificuldades
financeiras.

Foi, inclusive, sua condição de pobreza que tornou necessária a presente


ação. Diante da condição do autor, é requerida a concessão do benefício da gratuidade de
Justiça.

3.III. DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO - LEI N. 10.741/2003

O autor é pessoa idosa, possuindo mais de 60 (sessenta) anos de idade,


fazendo jus à prioridade de tramitação. Conforme o art. 71 do Estatuto do Idoso (lei n.
10.741/2003), a prioridade na tramitação abrange os processos e procedimentos e na
execução dos atos e diligências judiciais, em qualquer instância. No mesmo sentido, o
art. 1.048 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece que aqueles em que figure como
parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos possuem
prioridade na tramitação dos procedimentos judiciais.

Pelo exposto, nos termos do art. 71 da lei n. 10.741/2003 c/c art. 1.048 do
CPC, é requerido que o processo trâmite com prioridade.

3.IV. DA INTERVENÇÃO OBRIGATÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A presente ação tem como objetivo fundamental a proteção de direitos


inerentes à condição de idoso do Autor, estando albergado por um Estatuto próprio. O
art. 75 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que "nos processos e procedimentos
em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos
direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos autos depois
das partes, podendo juntar documentos, requerer diligências e produção de outras
provas, usando os recursos cabíveis."

Assim, com fundamento legal, é requerida a participação obrigatória do


Ministério Público no presente processo.
4. DOS DIREITOS

A Constituição da República, em seu artigo 229, estabelece o dever de


assistência recíproca entre familiares, o qual se estende dos pais para os filhos menores
e dos filhos maiores para os pais. In verbis:

"Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade."

É esperado que essa assistência ocorra de forma gratuita, motivada


unicamente pelo vínculo de sangue e/ou afetividade que, em geral, rege uma família. No
entanto, hoje o autor carece de condições econômicas para se sustentar minimamente.
Devido à grande tristeza que lhe causou a morte de sua esposa e à sua idade avançada,
ele não tem condições de trabalhar.

Seu único filho, ora réu, possui boas condições econômicas, sendo
proprietário de uma rede de hotéis, possuindo plena capacidade, sem prejuízo de seu
próprio sustento, para ajudar financeiramente seu pai.

Para casos em que a assistência não aconteça de forma voluntária, a lei n.


5.478/68 estabelece o procedimento pelo qual aqueles que passam por dificuldades
podem exigir ajuda de seus familiares. Além de ser um dever ético, prestar assistência
aos familiares e, no caso específico, aos idosos da família é um dever legal, conforme
disposto no artigo 3º do Estatuto do Idoso:

"Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público


assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária."
O próprio Estatuto, em seu artigo 11, prevê a possibilidade de prestação de
alimentos aos idosos, sendo estabelecido que "os alimentos serão prestados ao idoso na
forma da lei civil." Da mesma forma, o Código Civil (CC) garante o direito de se pedir
alimentos aos parentes para que se possam manter suas necessidades de modo
compatível com a condição social do alimentando, sem prejuízo ao alimentante. O artigo
1.694 do CC dispõe:

"Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros
os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação."

Dessa forma, o autor requer que a presente ação seja julgada procedente,
fixando-se alimentos que permitam a subsistência digna do alimentando, na medida das
condições econômicas do réu.

5. DA FIXAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS

A prestação de alimentos em nosso ordenamento jurídico é revestida de


proteção especial, dada a sua importância para a sobrevivência daqueles que
necessitam. Nesse sentido, o art. 4º da Lei n. 5.478/68 dispõe sobre a possibilidade de
fixação de alimentos provisórios:

Art. 4º - Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a


serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não
necessita.

Dessa forma, o Autor requer, desde já, a fixação de alimentos provisórios


início litis, tendo em vista a urgência e a natureza do pedido de alimento.
6. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

● A observância do procedimento especial, seguindo os ditames da lei nº


5.478/60;

● A concessão do benefício da gratuidade da justiça, com fundamento no art.


1º, §2º da lei nº 5.478/68;

● A prioridade na tramitação do processo, com fundamento no artigo 71 da


Lei nº 10.741/2003 e art. 1.048 do Código de Processo Civil;

● A intimação do Ministério Público para sua intervenção obrigatória;

● Em sede antecipada, a concessão initio litis de alimentos provisórios;

● No mérito, a condenação do Réu ao pagamento dos alimentos definitivos;

● A condenação do Réu em custas e honorários advocatícios;

● A citação do Réu para que, querendo, apresente contestação.

Ainda, protesta provar o alegado por meio de provas documentais e


testemunhais que forem necessárias.

Dá-se à causa o valor de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais).

Termos em que,
pede deferimento

São Paulo, data do protocolo.

[Nome, OAB e assinatura]

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