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21/09/23, 18:51 Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça
Da admissibilidade do recurso
B. O presente recurso é admissível ao abrigo do disposto no artigo
629.º, n.º 2, alínea d) ex vi artigo 854.º do CPC, porquanto o acórdão
recorrido encontra-se em contradição com o acórdão proferido pelo
Tribunal da Relação do Porto16 (“acórdão fundamento”) no domínio da
mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito, e de
outro modo não seria possível o seu recurso ordinário, conforme prevê
o artigo 854.º do CPC.
C. Tanto o acórdão recorrido como o acórdão fundamento discutem a
interpretação do artigo 741.º, n.º 1 do CPC,
D. E ambos debatem a mesma questão fundamental de Direito,
essencial para a solução do caso: a admissibilidade do incidente de
comunicabilidade da dívida em sede executiva, quando o título
executivo não é uma sentença proferida por um tribunal estadual.
E. Sucede que, ambos apresentam critérios de interpretação
divergentes do artigo 741.º, n.º 1 do CPC, o que leva a uma aplicação
da norma em sentidos opostos, com soluções divergentes.
F. No acórdão recorrido defende-se que a dedução do incidente de
comunicabilidade da dívida em sede executiva está apenas vedada
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Nada nos diz que a decisão proferida pela Relação nestes autos seria
idêntica caso o título executivo fosse aquele que foi objecto de decisão
no acórdão fundamento. Na verdade, segundo a argumentação seguida
pela Relação no acórdão recorrido, parece-nos que a decisão seria
oposta, no sentido da inadmissibilidade do incidente de
comunicabilidade da dívida.
Realmente, se no acórdão recorrido se defende que a admissibilidade
do incidente da comunicabilidade quando a dívida conste de título
diverso da sentença encontra a sua razão de ser no art. 34.º, n.º 3, do
CPC, tal como acima já foi referido, esta norma não tem aplicação em
sede de arbitragem voluntária. Não podia, pois, a exequente obter o
título executivo baseado em decisão arbitral também contra o cônjuge
do executado, aqui recorrente, sem que tal ficasse dependente da
vontade deste último em aderir à convenção de arbitragem.
No procedimento de injunção, o art. 34.º n.º 3, do CPC, impõe esse
ónus ao requerente sob pena de, como se afirma no acórdão
fundamento, citando o Prof. Miguel Teixeira de Sousa, precludir a
possibilidade de invocação da comunicabilidade da dívida numa
execução posterior baseada no título formado no procedimento de
injunção contra um único dos cônjuges.
Do acima exposto, resulta com clareza que é totalmente diverso o
quadro factual na base de cada um dos arestos aqui em confronto, o
que, só por si, afasta qualquer hipótese de contradição jurisprudencial
relevante para efeitos do preenchimento da previsão da al. d) do n.º 2
do art. 629.º do CPC.
A divergência jurisprudencial deve assentar na mesma questão
fundamental de direito e com base em quadro factual similar. Assim, no
caso dos autos, não existe qualquer contradição jurisprudencial acerca
da interpretação do art. 741.º, n.º 1, do CPC, uma vez que as diferentes
soluções de direitos alcançadas por cada um dos arestos aqui em
confronto resultam da diferente natureza do título executivo em causa
em cada uma das respectivas acções executivas.
Como se entendeu no acórdão do STJ de 18-01-2022 (Revista n.º
1560/13.1TBVRL-M.G1.S2, Relatora Maria João Vaz Tomé), acima
citado: “não há oposição de julgados quando a base factual subjacente
ao acórdão recorrido é essencialmente diversa daquela do acórdão
fundamento”. No mesmo sentido vejam-se os acórdãos acima citados a
propósito dos requisitos da oposição de julgados enquanto fundamento
de admissibilidade de revista.
A esse propósito também no acórdão do STJ de 12-07-2011 (Agravo n.º
6/05.3TBARC-D.P1.S1, Relator Orlando Afonso, não publicado na
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DECISÃO
Por todo o exposto, Acordam os Juízes que integram a 7ª Secção
Cível deste Supremo Tribunal de Justiça em rejeitar a revista.
Custas pela recorrente.
Registe e notifique.
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