CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Artigo 1237.º —
Clementino Celestino, em 2017 celebrou um contrato de
arrendamento com Paulo Aleixo, que teria uma vigência de 12 meses
renováveis, e uma renda mensal fixada em 34.500,00. Porém, o
arrendatário até a presente data pagou apenas os primeiros 6 meses.
Agastado com a situação, o senhorio intentou uma acção, em que
entre outros pedidos, requereu também uma indemnização no valor de
82.5000,00 pelos danos sofridos, tendo o arrendatário ficado vencido na
respectiva acção. Diante de tal facto, por considerar a decisão injusta,
tempestivamente o arrendatário intentou o competente recurso, para sua
surpresa também foi rejeitado pelo Meritíssimo Juiz da causa.
Artigo 1238.º —
Para sabermos por que razão o Meritíssimo juiz da causa indeferiu o
recurso interposto pelo Réu, torna -se necessário identificar qual é a
espécie de acção que o Autor instaurou contra o réu e qual é o seu valor,
para se aferir se estão ou não reunidos todos os pressupostos processuais
específicos da instância de recurso e, se a rejeição do recurso encontra ou
não acolhimento na lei.
Quanto a espécie da acção, é de salientar que, considerando que a
hipótese prática e versa sobre um contrato de arrendamento, nos termos
do artigo 964° do PCC. e seguintes, o Autor lançou, mão à uma acção
Especial de despejo.
Por se tratar de uma acção especial, a lei impõe também alguns
critérios especiais na determinação do valor da acção, em' conformidade
com o desposto no artigo 307° do CPC.
Em conformidade com o disposto no nº 1 do citado artigo, nas
acções de despejo, o valor da causa é o da renda anual, acrescido das
rendas em dívida e da indemnização requerida.
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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Artigo 1238.º —
Decorre da hipótese em análise, que a renda mensal foi fixada
em 34.500,00, as rendas vencidas e não pagas correspondem a seis
meses e foi requerida uma indemnização no valor de 82,500,00.
Aplicando a fórmula descrita na norma cima referida, teremos
como renda anual 414.000,00, como rendas em dívida 207.000,00 e
82.000,00 de indemnização, que somando perfaz um total de
703.500,00, tido como valor da acção.
Tendo em conta que nos termos do nº 2 do artigo 2° da Lei n°
9/2005, de 17 de Agosto ( Lei sobre a actualização de custas judiciais e
da Alçada dos Tribunais), a Alçada da Sala do Cível e administrativo é
fixada em 8.000UCF, sendo que, cada UCF, por força do despacho
nº174/11, de 11 de Março é fixada em 88,00. Assim multiplicando
8.000 UCF por 88.00 teremos como alçada do Tribunal Provincial do
Huambo o valor em Kz. 704.000,00
Artigo 1239.º —
Olhando para o disposto nº 1 do artigo 6780 conjugado com o
disposto no n° 3 do artigo 687º, ambos do CPC, o juiz da causa
rejeitou o recurso interposto pelo Réu, por ter constatado que há Lima
causa de irrecorribilidade, resultante da relação que se estabelece entre
o valor da acção e a Alçada do Tribunal de que se recorre, porquanto,
o valor da acção é de 703.500,00 e a alçada do tribunal da causa é de
704,000,00, o faz com que a decisão não admita recurso. Porém, diante
de tal interpretação, caminhou mal o Juiz causa ao rejeitar o recurso
porquanto, decorre do n° 1 do artigo 980º do CPC, que' as acções de
despejo admitem sempre recurso, seja qual for o valor da causa, o que
representa uma excepção ao n° 1 do artigo 6780 do CPC, que as acções
despejo admitem sempre recurso seja qual for o valor da causa, o que
uma excepção ao nº 1 do artigo 678º do CPC. Logo, deverá o Réu
reclamar contra o indeferimento do recurso nos termos do artigo
688º do CPC.
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 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
O carácter devolutivo constitui plena e exclusiva dos recursos, na
medida em que, uma vez proferida a sentença, fica imediatamente
esgotado o poder jurisdicional do juiz da causa, que a parte que se
julgue nº 1 do artigo 666º do CPC. É neste contexto, apenas poderá
ataca-la por via de recuso nos termos do nº1 do artigo 676º do CPC.
Artigo 1240.º —
A proposição que nos é sugerida, nasce do paralelismo existe
entre os recursos e reclamações, enquanto meios ele impugnação de
decisões judiciais. Salientamos desde logo que a afirmação em
apreço é falsa, na medida em que o carácter devolutivo, não é uma
característica essencial dos recursos, visto que, nem sempre para
efeitos de Impugnação de decisões judiciais, se verifica a
transferência dei poder jurisdicional do Tribunal que proferiu a
decisão a rever para outro, hierarquicamente superior. É o que
acontece por exemplo com o recurso de agravo, quando o juiz, em
vez de sustentar a sua decisão, repara a, pondo fim ao recuso em
detrimento da sua expedição nos termos do artigo 744º do CPC.
Tal facto constitui uma excepção ao princípio do esgotamento
do poder jurisdicional do juiz da causa, nos termos do n? 1 do artigo
666º do diploma legal em análise.
Aliás, existem também reclamações com carácter devolutivo, isto é, as
reclamações contra o indeferimento ou retenção do recurso, previstas no
artigo 6880 do CPC que nunca são julgadas pelo próprio órgão proferiu a
decisão impugnada. Contudo, pelo acima exposto, não restam dúvidas de
que a afirmação em análise é falsa, já que o carácter devolutivo não é
característica plena nem exclusiva dos recursos.
Artigo 1241.º —
Domingas Munjanga, mediante prova planíssima, intentou na Sala
do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial do Huambo uma Acção
Declarativa de Condenação, contra Benedito Manjolo e Celestino João,
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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
comproprietários do Restaurante "A nossa moda", com sede no Município
do Huambo.
Citados os Réus, contestaram dentro do prazo legal, tendo
confessado todos os factos alegados na Petição Inicial do Autor. Por via
disso, o Juiz condenou os Réus nos preciosos termos.
1 - Servindo - se dos conhecimentos legais e doutrinários absorvidos
na cadeira de Recursos, face à hipótese, atente às seguintes factualidades:
a) Desconfomado Benedito Manjolo, intentou o competente
recuso de Agravo nos termos do artigo 733° do CPC , tendo o
Meritíssimo Juiz indeferido o respectivo requerimento nos termos
do nº 3 do artigo 687°. do CPC, alegando no seu despacho que o
Recorrente não tem legitimidade.
A hipótese que nos é sugerida, remete - nos para o instituto dos
recursos por adesão, por ser esta a espécie de recurso cuja instância
comporta pluralidade de partes, o que ocorre-nos casos de litisconsórcio
ou de coligação.
O litisconsórcio, caracteriza - se por reflectir uma situação de
pluralidade de partes e unicidade da relação material controvertida. Diz -
se necessário quando representa uma única acção com pluralidade de
sujeitos, nos termos do artigo 29° do CPC e será voluntário quando
represente apenas uma acumulação de acções, conservando cada uma
delas a sua independência.
Por sua vez, a coligação corresponde sempre a uma plural idade de
acções objectivamente consideradas, desde que não haja nenhum
obstáculo legal ou lógico para o efeito.
O caso em apreço versa sobre um litisconsórcio necessário, na
medida em que, a pluralidade de partes resulta da titularidade da relação
material controvertida por vários interessados. Assim, a natureza da
relação jurídica impõe ao credor o direito de exigir judicialmente a
responsabilização conjunta dos devedores, ( litisconsórcio necessário
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 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
convencional), nos termos do artigo 280 do CPG ou que todos os credores
responsabilizem num mesmo processo o devedor de ambos. Neste
contexto, os interesses em jogo são incidíveis, por isso, o recurso
interposto por urna das partes aproveitada necessariamente outra, nos
termos do nº 1 do artigo 683º do CPC.
Assim, pelo acima exposto, vislumbra - se que caminhou mal o
Meritíssimo juiz ao indeferir o requerimento de interposição de recurso, ao
alegar no despacho de indeferimento que o recorrente não tem
legitimidade, nos termos do nº 3 do artigo 6870 do CPC. Salientamos por
outro lado que o recorrente indicou erradamente a espécie de recurso, na
medida em que, pretende impugnar uma decisão final que conheceu do
mérito da causa, pelo que devia se servir do recurso de Apelação e não de
Agravo. Porém, se indeferisse o recurso com base neste fundamento,
também teria caminhado mal, porquanto o erro na indicação da espécie de
recurso não desemboca no indeferimento, por força do disposto na parte
final do nº 3 do artigo 687º, conjugado com os artigos 701º e 703º, todos do
CPC.
O que se levanta com a natureza Jurídica dos Recursos
extraordinários é a questão de saber se estes recursos constituem uma
nova instancia, ou se pelo contrário, representam uma fase da instância de
que derivou a decisão impugnada.
Trata - se de uma questão que já fez correr muita tinta na doutrina.
Porém, não há uma resposta uniforme para as duas grandes espécies do
género recursos, ou seja, por um lado ternos urna resposta para os
recursos ordinários e, por outro lado, temos uma resposta para os recursos
extraordinários, que aqui Interessa. Os recursos extraordinários tem como
finalidade específica, concretamente, o recurso de revisão e o recurso de
oposição de terceiro, impugnar decisões já transitadas em julgados. Com
elas, como é sabido, procura-se impedir que considerações respeitantes
aos interesses ou valores da certeza e segurança jurídica que estão na base
do instituto do trânsito em julgado, em situações extremas se
sobreponham ao valor supremo da justiça material, em nome da tutela
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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
jurisdicional efectiva, nos termos descritos No artigo 29º da CRA.
Artigo 1242.º — Sentença dos Despachos
O ponto de partida para se distinguir a sentença dos despachos,
consta do nº1 do artigo 156° do CPC, que dispõe: os juízes têm o dever
de administrar a justiça, proferindo despachos, ou sentenças sobre as
matérias pendentes e cumprindo nos termos da lei, as decisões dos
Tribunais superiores". Assim, enquanto a sentença é o acta pelo qual o
juiz decide a questão principal ou algum incidente que apresente
segundo a lei a figura de uma causa, o despacho será o acta pelo qual
o juiz resolve qualquer problema de natureza processual. Porém,
salientamos que tal diferenciação não pode ser encarada de forma
absoluta, uma vez que, em determinadas circunstancias, encontramos
despachos que podem decidir a causa principal, como também,
podemos encontrar sentenças que decidem a causa com base num
problema de natureza processual. Temos a título de exemplo o artigo
510° 1 aI. C) e 288° nº 1 da mesma lei. Dai a distinção entre sentenças
de Forma e sentenças de mérito.
Artigo 1243.º — Vistos e Promoções
Os vistos e promoções, têm lugar nos processos em sede dos
quais, o Ministério Público intervém como garante e fiscal da
legalidade. Porém, distinguem se na medida em que, enquanto os
vistos são pareceres que os Magistrados do Ministério Público emitem
no decurso do processo sobre a forma que do seu ponto de vista
devem ser resolvidas todas as questões controvertidas que surgirem,
já as promoções são actos processuais por intermédio dos quais, o
Ministério Público requer ou sugere a prática de determinadas
diligências processuais de natureza instrutória.
Artigo 1245.º — Recurso Independente e Recurso Subordinado
A distinção dos recursos independentes e dos recursos subordinados
consta do artigo 6820 do CPC, em sede do qual, estes recursos têm .como
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factor determinante as situações de duplo vencimento e, do ponto de vista situações se com o trânsito em julgado da decisão nos termos. do artigo
funcional, destinam, se a corrigir as situações de desigualdade processual 677º CPC, uma vez que normais, extingue os recursos impedem o transito
que potencialmente decorreriam do princípio da reformatio in pejus. Nestes em julgado da decisão, a sua interposição não pode determinar o
termos, enquanto os recursos independentes são sempre os propostos em surgimento de uma nova instância e/ou renovação, pelo simples facto de a
primeiro lugar, com vida própria, autónoma e não condicionada, os primeira não ter sido extinta. Além disso, geralmente os elementos da
recursos subordinados serão sempre os propostos após a admissão dos instância permanecem os mesmos, isto é, mantêm se as partes, o pedido e a
primeiros, isto é, os propostos em último lugar, cuja subsistência depende
causa de pedir. Portanto, face a esse quadro argumentativo, resulta claro
da sorte do primeiro recurso, o recurso independente. A relação de
que os recursos ordinários.
subordinação entre estes dos recursos materializa - se pelo facto de, se por
qualquer razão o recurso Independente ficar sem efeito, ou o tribuna! dele
não tomar conhecimento, caduca o recurso subordinado, ou seja, a
extinção do recurso independente determina necessariamente a extinção
do recurso subordinado.

Artigo 1246.º — Recursos Típicos E Atípicos

Enquanto os recursos típicos são aqueles cuja tramitação observa

necessariamente as três fases da dinâmica cios recursos, nomeadamente a
fase ela interposição, subida ou expedição e a fase do julgamento e, além
disso têm sempre carácter devolutivo, constituindo exemplo paradigmático
o recurso de Apelação Contrariamente, os recursos atípicos são aqueles
cuja tramitação pode dispensar a ocorrência de algumas das fases da
instância de recurso, isto é, quando por exemplo, em sede de um recurso de
agravo, apresentadas as alegações das partes, o juiz do tribunal recorrido
exara um despacho de reparação pondo fim ao recurso interposto, em
detrimento da expedição ou subida do mesmo para apreciação e decisão do
Tribunal Superior, nos termos do artigo 744° nos 1 e 3 do CPC.

Artigo 1241.º — Natureza Jurídica dos Ordinários

A questão que se levanta com a natureza jurídica dos recursos

ordinários é a de saber se os recursos constituem uma nova instância, ou se
representam urna fase da instância de que derivou a decisão impugnada.
Face 2 esta questão, considerando que a instância inicia - se com a
propositura da acção, nos termos do artigo 2670 e seguintes do CPC e, em

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