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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 00ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA -

PR.

AÇÃO DE EMBARGOS À PENHORA

Processo nº. 02222.2012-07-04-00-2


Embargante: Lojão das Peças Ltda
Embargado: Josué das Quantas

Intermediado por seu mandatário ao final firmado, comparece, com o


devido respeito à presença de Vossa Excelência, JOSUÉ DAS QUANTAS (“Embargado”)
solteiro, autônomo, inscrito no CPF(MF) sob o nº. 333.444.222-11, residente e domiciliado na
Rua X, nº 0000 – Curitiba(PR) – CEP nº. 55666-77, para, tempestivamente, com fulcro no art.
900, da Consolidação das Leis do Trabalho, apresentar

CONTRAMINUTA
1
A AGRAVO DE PETIÇÃO,

onde figura como recorrente LOJÃO DAS PEÇAS LTDA (“Agravante”), em virtude dos
argumentos fáticos e de direito evidenciados na RAZÕES ora acostadas.

Destarte, ex vi legis, após cumpridas as formalidades legais, solicita


que Vossa Excelência ordene a remessa deste recurso ao Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho do Paraná.

Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba(PR), 00 de março do ano de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB(PR) 112233

2
CONTRAMINUTA AO RECURSO

Processo nº. 0011223-44.2012.5.66.7777


Originário da 00ª Vara do Trabalho de Curitiba(PR)
Agravante: Lojão das Peças Ltda
Agravado: Josué das Quantas

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DO PARANÁ:


Não há que se falar em reforma da decisão combatida, visto que o Juízo
de origem proferiu a sentença em completa consonância para com as
normas aplicáveis à espécie, o que poderá ser observado, mais ainda,
pelas razões ora expostas.

(1) – SÍNTESE DO PROCESSADO

Consoante a inicial da ação de execução em vertente, o ora


Recorrido ajuizou em 00 de outubro do ano de 0000 referido feito executivo, em face da
inadimplência da sentença exarada na reclamação trabalhista acima aludida da empresa Lojão
das Peças Ltda, nesta ocasião figurando como Agravante.

Tendo sido citada em 00 de janeiro de 0000 para pagar o débito, a


Recorrente, na forma do art. 882 da CLT, nomeou, tempestivamente, bens móveis de sua

2
titularidade para garantia da execução, anexado, inclusive, na ocasião, prova da propriedade dos
mesmos.(fls. 119/224). Referidos bens, ademais, totalizavam a quantia de R$
00.000,00( .x.x.x.x.x. ), quantia esta que, seguramente, ultrapassava o valor perseguido na
querela executiva.

Em face da referida peça processual, o Agravado fora instando a


manifestar-se acerca da mesma, onde declinou orientação pela indeferimento do pleito e,
consequentemente, fosse feita penhora de dinheiro via BacenJud em eventuais contas da
Embargante, sustentando, em resumo, a priorização da gradação legal prevista no CPC( art.
655).

E análise do entrave processual, decidiu-se da seguinte forma(fls.


228):

“ Não merece acolhimento o pedido formulado pela empresa executada.


Na observância da gradação legal, em regra prevista no Código de
Processo Civil(art. 655), a penhora em ativos financeiros(inc. I), como na espécie
em debate, prevalece sobre a pretensão de penhora em bens móveis(inc. III).
Por este norte, INDEFIRO a nomeação de bens feita pela executada e, por
conseguinte, DETERMINO seja feito o bloqueio de ativos financeiros em nome da
executada pelo sistema BACEN-jud, até o limite do valor da execução.
Cumpra-se.
Intime-se. “

2
Diante disto, ocorreu, na data de 22/33/4444, o bloqueio da conta
corrente nº. 112233/44 perante o Banco Zeta S/A, da Ag. 3344, de titularidade da Agravante, no
importe do valor da execução.(fls. 331)

Constatado o bloqueio dos ativos financeiros, convolou-se o


respectivo depósito em penhora, onde fora intimada a então empresa Executada para, querendo,
opor Embargos, na forma do art. 884 da CLT, o que se observa pelos documentos de fls.
335/336.

Entende a Recorrente que tal procedimento, prejudicou


substancialmente sua rotina empresarial, sendo por demais onerosa a execução.

Por tais circunstâncias, ajuizou-se a aludida Ação de Embargos à


Penhora, alegando-se, em síntese, temas estes que ora tornam a serem levantados neste
recurso:

a) penhora incorreta; b) execução realizada de forma gravosa ao Executado,


ferindo o princípio contido no art. 620 do Código de Processo Civil; c)
existência de uma segunda forma de perseguição do crédito, menos gravosa ao
devedor, qual seja penhora sobre o faturamento da empresa, sem comprometer
o desenvolvimento de suas atividades; d) a penhora deve ser anulada e
substituída pela penhora do faturamento da empresa, limitada ao percentual de
5%(cinco por cento) da receita mensal.

O Juízo Monocrático, por decisão de mérito, não acolheu os pedidos


formulados nos Embargos, consoante r. sentença que demora às fls. 347/349, dando por válida
a penhora incidente sobre os ativos financeiros da empresa executada, razão qual o Agravante
manejou o presente recurso de Agravo de Petição.
2
(3) – NO ÂMAGO DO RECURSO

( i ) DA LEGALIDADE DA CONSTRIÇÃO JUDICIAL(PENHORA)


E
ACERTO DA DECISÃO GUERREADA

Os argumentos levantados no recurso defesa não devem prosperar,


sendo observado, por mais ainda, o desvelo com o qual fora proclamada a d. sentença recorrida,
da qual, com uma rica fundamentação, rebatera cada ponto destacado nos Embargos à
Penhora.

Ao combater a sentença recorrida, alegou a empresa Agravante que


a execução é onerosa, trazendo-lhe seqüelas ao regular desenvolvimento empresarial, inclusive
com possibilidade de quebra, em razão da penhora dos ativos financeiros em conta corrente.

Ao revés do quanto aduzido nas linhas recursais, temos que a


penhora em dinheiro tem preferência sobre qualquer outra, nos termos do art. 11, inc. I, da Lei
nº. 6.830/80 e do art. 655 da Legislação Adjetiva Civil , com a aplicação subsidiária em face dos
preceitos de regência contidos nos arts. 769 e 889, ambos da Consolidação das Leis do
Trabalho.

De outro compasso, as provas colacionadas durante a instrução


processual foram ínfimas e efetivamente não comprovaram que a penhora em liça comprometa
2
decisivamente a sua atividade econômica, como bem frisou o Doutro Magistrado no julgado.
Outrossim, neste azo, a Agravante deve suportar o ônus dos riscos de seu negócio e não, ao
revés, como ora procura impor ao Agravado-Exequente.

Sopesemos, mais, que a execução é definitiva e, por este modo,


deve se realizar no interesse do credor, nos termos do que reza o art. 612 do Estatuto de Ritos,
regra esta que, no âmago, destaca que deve ser priorizada a satisfação do crédito exeqüendo de
forma mais rápida e eficiente possível . Leve-se em conta, mais, que o debate traz à luz tema de
crédito trabalhista e, pois, de natureza alimentar.

Neste diapasão, de já ratificando o que foram amplamente citado na


sentença guerreada, o processamento da ação executiva do crédito trabalhista em relevo, não
vai de encontro ao que rege o art. 620 do Código de Processo Civil , como amplamente
defendido pela Agravante. Até porque, vale ressaltar, o débito não representa grande monta.

A propósito o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho , sobre o tema


em vertente, lançou verbete declinando este mesmo raciocínio:

Súmula 417.
417. Mandado de segurança. Penhora em dinheiro.(
dinheiro.(Conversão
Conversão das
Orientações Jurisprudenciais nºs 60, 61 e 62 da SDI-II, Res. 137/05 - DJU 22.8.05)
22.8.05)

I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora
em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo,
uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC. (ex-OJ
(ex-OJ SDI-II nº 60 -
inserida em 20.9.00)
20.9.00)

2
II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado
direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados
no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC. (ex-OJ
(ex-OJ SDI-
IInº 61 - inserida em 20.9.00)
20.9.00)

III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a


determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois
o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos
gravosa, nos termos do art. 620 do CPC. (ex-OJ
(ex-OJ SDI-II nº 62 - inserida em 20.9.00)
20.9.00)

Acerca do enfoque, vejamos as lições de Carlos Henrique Bezerra


Leite, o qual levantando considerações sobre a súmula em referência, professa que:

“ Tal verbete sumular prevê que nã o deve ser concedida a segurança


impetrada contra ordem judicial que determina, em execuçã o definitiva, a penhora
em dinheiro, pois este é o primeiro bem penhorá vel no rol do art. 655 do CPC.
Assim, o chamado bloqueio on line do Convênio BACEN JUD, em execuçã o
definitiva, nã o implica violaçã o a direito líquido e certo do executado a ser
protegido por mandado de segurança, mormente com a nova redaçã o do art. 655-A
do CPC. “ (Leite, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho.
Trabalho.
8ª Ed. Sã o Paulo: LTr, 2010. Pá g. 1169)

Com a mesma sorte de entendimento são as lições de Mauro


Schiavi:
2
“ O dinheiro é o bem que satisfaz a execuçã o por quantia. Em razã o disso, todo
o esforço judicial na execuçã o deve convergir para a penhora de dinheiro do
executado. Nã o foi por outro motivo que o Legislador colocou o dinheiro, em
espécie ou em depó sitos ou aplicaçã o em instituiçã o financeira, como o primeiro
bem na ordem de penhora(art. 655, I, do CPC).
Atualmente, a jurisprudência trabalhista vem convergindo no sentido de
admissã o da penhora de dinheiro, ainda que o executado tenha declinado outros
bens à penhora, em razã o da efetividade e celeridade que devem ser imprimidas
pelo Juiz do Trabalho na execuçã o.
(...)
Considerando-se o cará ter alimentar do crédito trabalhista, a celeridade que
deve ser imprimida ao procedimento de execuçã o e a efetividade do processo, deve
o Juiz do Trabalho, de ofício(art. 878, da CLT) ou a requerimento do exequente,
determinar providências para viabilizar a penhor de dinheiro do executado.
Uma providência efetiva que vem dando bons resultados na Justiça do
Trabalho foi a penhora on line no sistema Bacen-Jud,
Bacen-Jud, por meio do qual o Juiz do
Trabalho, mediante senha personalizada, consegue ter acesso aos dados de contas
bancá rias do executado no â mbito do territó rio nacional e determinar o bloqueio
de numerá rio até o valor da execuçã o.”(Schiavi, Mauro. Manual de Direito
Processual do Trabalho.
Trabalho. 3ª Ed. Sã o Paulo: LTr, 2010. Pá gs. 935-936)

Mesmo já destacado acima, por meio de Súmula do TST, que a


penhora em dinheiro em ação de execução definitiva não ofusca o que regra o art. 620 do CPC,
ainda assim, por desvelo ardente do Agravado, destacamos os seguintes julgados:

2
PENHORA INCIDENTE SOBRE 30% DO FATURAMENTO DA PESSOA JURÍDICA.
ESGOTAMENTO DE OUTROS MEIOS. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE DA
EXECUÇÃO TRABALHISTA. PONDERAÇÃO COM O PRINCÍPIO DA MENOR
ONEROSIDADE DO EXECUTADO. CONSTRIÇÃO POSSÍVEL.
Em face do esgotamento de todos os esforços na localização de patrimônio livre,
desimpedido e apto à satisfação da dívida, é devida a penhora sobre o faturamento da
empresa, conforme a previsão dos artigos 677, 678 e 719, CPC. Não há falar em ofensa
ao princípio da menor onerosidade do devedor, uma vez que o artigo 620 do CPC deve
ser analisado em conjunto com o 655, I, CPC. Isto é, o dinheiro prefere a todos os
outros bens na ordem de preferência para a penhora. Por fim, é relevante lembrar que
se trata de medida adequada ao cumprimento do princípio da máxima efetividade da
execução trabalhista sem importar injustificado sacrifício da função social da empresa.
(TRT 2ª R. - AP 0100900-70.2009.5.02.0203; Ac. 2013/0176480; Décima Quarta Turma;
Rel. Des. Fed. Paulo Sérgio Jakutis; DJESP 08/03/2013)

BLOQUEIO DE VALORES. BANCENJUD.


A penhora em dinheiro é o primeiro item da ordem de preferência a que alude o artigo
655 do CPC, sendo perfeitamente cabível a penhora de créditos bancários de
titularidade da agravante. O crédito trabalhista tem natureza alimentar e, tratando-se
a hipótese de execução definitiva, afigura-se plenamente cabível a determinação da
constrição judicial sobre créditos da executada, a teor do que dispõe o item I, da
Súmula nº 417 do TST. Na execução dos créditos trabalhistas, aplicam-se os princípios
protetivos inerentes, que mitigam sobremaneira o da menor onerosidade para o
devedor (art. 620 do CPC) e potencializam o do resultado (art. 612 do CPC), pela qual a
2
execução se realiza em proveito do credor-empregado. (TRT
(TRT 3ª R. - AP 656-
90.2010.5.03.0100; Relª Juíza Conv. Martha Halfeld F. de Mendonça Schmidt; DJEMG
01/03/2013; Pág. 115)

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR. BENEFÍCIO DE ORDEM.


Configurada a inadimplência da 1ª reclamada, o tomador, responsável subsidiário, não
tem amparo para invocar o benefício de ordem, devendo responder pela execução dos
débitos trabalhistas. Execução definitiva. Bloqueio de valores em contacorrente.
Possibilidade. A penhora em dinheiro realizada quando a execução é definitiva, com
observância dos limites legais e preservação do amplo direito de defesa, não configura
violação das garantias constitucionais previstas no artigo 5º da cf/88, e não afronta o
disposto no artigo 620 do CPC, pois o dever de proceder a execução do modo menos
gravoso ao devedor não implica imputar ônus maior ao credor nem prejudicar a
efetividade da jurisdicão. Inteligência dos artigos 655 e 655-a do CPC e da Súmula nº
417 do c. Tst. (TRT
(TRT 15ª R. - AP 0095600-21.2009.5.15.0089; Primeira Câmara; Relª Desª
Tereza Aparecida Asta Gemignani; DEJTSP 01/03/2013; Pág. 717)

PENHORA ON LINE. LEGALIDADE.


Ao indicar bens à penhora, o devedor deve observar a ordem prevista no artigo 655 do
CPC, que estabelece como prioridade a penhora sobre dinheiro. Se o devedor não
atende à exigência legal, o Juiz, atentando para o convênio Bacen-Jud, pode e deve
determinar a penhora sobre dinheiro. A execução deve realizar-se no interesse do
credor (art. 612 do CPC), não sendo crível que a aplicação do princípio da execução
menos gravosa para o devedor, prevista no art. 620 do CPC, possa impedir a aplicação
2
de outras normas que regem a execução forçada, ou venha permitir ao devedor
conduzir a execução da forma que melhor lhe convier. (TRT
(TRT 18ª R. - AP 2656-
66.2011.5.18.0082; Primeira Turma; Relª Desª Kathia Maria Bomtempo de
Albuquerque; DJEGO 28/02/2013; Pág. 54)

AGRAVO DE PETIÇÃO. PENHORA EM DINHEIRO. BLOQUEIO VIA BACENJUD.


MANUTENÇÃO.
A alegação de que a execução deve se processar pelo modo menos gravoso para o
executado (artigo 620, do CPC) não prospera em face da constatação de que a penhora
sobre dinheiro atendeu à ordem de preferência estabelecida na Lei. Agravo não
provido. (TRT
(TRT 19ª R. - AP 129500-48.2009.5.19.0003; Rel. Des. João Leite de Arruda
Alencar; Julg. 31/01/2013; DEJTAL 13/02/2013; Pág. 12)

(5) – EM CONCLUSÃO

Nessas condições, requer o Agravado que esta Egrégia


Corte reedite mais uma de suas brilhantes atuações, para, em considerando
tudo o mais que dos autos consta, conheçam das razões recursais, porém
neguem-lhe provimento, e, via reflexa, considerar válida a constrição
guerreada(penhora) incidente sobre os ativos financeiros bancários da
Agravante, determinando que a execução tenha regular prosseguimento,
arcando a executada com o pagamento das custas, na forma do que preceitua
o art. 798-A, da CLT.
2
Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba(PR), 00 de março do ano de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB(PR) 112233

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