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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

14ª CÂMARA CÍVEL

Autos nº. 0053316-98.2019.8.16.0014/1

Apelação Cível n° 0053316-98.2019.8.16.0014 Ap 1


8ª Vara Cível de Londrina
Apelante 01: BANCO BMG S.A.
Apelante 02: REGINALDO PASQUAL DE CARVALHO.
Apelados: OS RECORRENTES
Relator: Desembargador JOSÉ HIPÓLITO XAVIER DA SILVA.

APELAÇÕES CÍVEIS – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE


DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C DANO MORAL – SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA – IRRESIGNAÇÃO DE AMBAS AS
PARTES.

APELAÇÃO CÍVEL 01, INTERPOSTA PELO BANCO-


REQUERIDO– PLEITO DE RECONHECIMENTO DA
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DO AUTOR AO
RESSARCIMENTO PRETENDIDO – ACOLHIMENTO –
APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL DO
ART. 27, DO CDC – TERMO INICIAL – DESCONTO DA
ÚLTIMA PARCELA – ORIENTAÇÃO FIRMADA NO IRDR Nº
1.746.707-5 –ÔNUS SUCUMBENCIAIS REDISTRIBUÍDOS –
HONORÁRIOS RECURSAIS FIXADOS EM ATENÇÃO AO
DISPOSTO NO ART. 85, §11º, DO CPC - DEMAIS QUESTÕES
PREJUDICADAS – SENTENÇA REFORMADA - RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.

APELAÇÃO CÍVEL 02, INTERPOSTO PELO AUTOR– PLEITO


DE CONDENAÇÃO DO BANCO AO PAGAMENTO DE DANOS
MORAIS – PLEITO PREJUDICADO EM DECORRÊNCIA DO
PROVIMENTO DO APELO DO BANCO - RECURSO
CONHECIDO E PREJUDICADO.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


0053316-98.2019.8.16.0014/01, da 8ª Vara Cível da comarca de Londrina-Pr, em que é
apelante 01 BANCO BMG S.A. e apelante 02 REGINALDO PASQUAL DE
CARVALHO e apelados OS RECORRENTES.
I– RELATÓRIO.

Trata-se de recursos de Apelação Cível interpostos contra a sentença


proferida na ação “Declaratória de Nulidade/Inexigibilidade de Desconto em Folha de
Pagamento/Ausência do Efetivo Proveito Cumulada com Repetição de Indébito e Danos
Morais”, movida por Reginaldo Pasqual de Carvalho em face do Banco BMG S.A que,
preliminarmente, afastou a prescrição da pretensão de restituição de valores alegada pelo
Banco e, no mérito, julgou parcialmente procedente a ação, em termos (mov. 58.1):

“...

II – FUNDAMENTAÇÃO

1. Preliminares

a. Prescrição

Alega a parte ré a ocorrência de prescrição, sob o argumento de que “


a pretensão da autora funda-se em cobranças supostamente indevidas
decorrentes de contrato de empréstimo firmado em 31/07/2012, ou seja,
no presente caso a pretensão de ressarcimento do autor encontra-se
prescrita”.

Pois bem, sabe-se que a questão acima apontada foi objeto de


deliberação referente ao INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE
DEMANDAS REPETITIVAS Nº 1746707-5, no qual restou firmado o
entendimento de que “O prazo prescricional das pretensões de
declaração de inexistência de empréstimo consignado c/c pedidos de
repetição de indébito e de indenização por danos morais, embasadas
na contratação fraudulenta de empréstimo consignado em nome de
indígena ou analfabeto é quinquenal (art. 27 do CDC) e o seu marco
inicial é a data do vencimento da última parcela”.

Diante disso, resta afastada a preliminar arguida. (...)

II – DISPOSITIVO

Em face do exposto, com fulcro no artigo 487, inciso I, do Código de


Processo Civil, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os
pedidos formulados nesta ação para o fim de:

a) declarar a nulidade do contrato de empréstimo consignado no valor


de R$ 601,86 (seiscentos e um reais e oitenta e seis centavos), referente
ao contrato de nº 222942510, início em 08/2012, com 58 (cinquenta e
oito) parcelas de R$ 18,79 (dezoito reais e setenta e nove centavos).

b) condenar o Réu à devolução dos valores indevidamente descontados


do benefício previdenciário do Autor, de forma dobrada.

Sobre o valor reembolsado deverá incidir correção monetária pela


média entre o INPC e IGP-DI (Tabela do Contador Judicial) desde a
data do desconto dos respectivos valores, bem como juros de mora de
1% ao mês desde a citação.

Considerando a sucumbência havida, condeno a parte autora ao


pagamento de 40% (quarenta por cento) e a parte ré ao pagamento de
60% (sessenta por cento) das custas e despesas processuais, e, na
mesma proporção, condeno as partes (autora 40% e ré 60%) ao
pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono das
respectivas partes, que ora fixo em 10% sobre o valor da condenação,
com fundamento no artigo 85, §2°, do Diploma Processual Civil,
observado o disposto no artigo 98, §3º do Código de Processo Civil, em
relação à parte autora, beneficiária da assistência judiciária
gratuita.”.

Irresignado, o Banco-requerido interpôs o presente recurso de Apelação


01 sustentando, preliminarmente, a prescrição da pretensão do Autor ao ressarcimento de
valores, poRQUE, ao seu ver, entre a data da assinatura do contrato e do ajuizamento da
ação, já decorreu o prazo trienal previsto no art. 206, §3º, IV, do Código Civil.

No mérito, aduz a ausência de fraude ou venda casada no serviço


prestado, vez que a “contratação da modalidade restou devidamente comprovada nos
autos, não havendo qualquer ilegalidade/abusividade a ser reconhecida.”, o que afasta a
alegação de que indevidos os descontos.
Alegou, ainda, que os valores decorrentes do empréstimo foram
disponibilizados ao Autor, conforme comprovam os documentos juntados aos autos e, por
isso, indevida a pretendida restituição, tampouco na forma dobrada, em razão da ausência
de má-fé na cobrança.

Por tais razões, requereu o conhecimento e provimento do recurso


(mov. 64.1).

Inobstante a sua intimação (mov. 67.1), o Autor deixou de contrarrazoar


o recurso (mov.72).

Também inconformado, o Autor interpôs o recurso de Apelação 02


requerendo, exclusivamente, a reforma da sentença para o fim de condenar o Banco ao
pagamento pelos danos morais sofridos, sugerindo o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Por tais razões, requereu o conhecimento e provimento do recurso


(mov. 68.1).

Intimado, o Banco apresentou contrarrazões requerendo, em suma, o


desprovimento do recurso (mov. 73.1).

Subiram os autos, vindo-me conclusos.

É a breve exposição.

II –VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO.

Presentes os pressupostos recursais de admissibilidade (intrínsecos e


extrínsecos), conheço do Apelo 01 interposto pelo Banco, pelo que passo a analisar as
questões nele aduzidas.

1. - A APELAÇÃO CÍVEL DO BANCO.

1.1. - Com relação à prescrição.


De início, cumpre registrar que desnecessária a intimação do
Autor-apelado para se manifestar acerca da prejudicial de mérito de prescrição alegada,
vez que o Juízo de origem oportunizou ao Autor contrarrazoar o presente recurso (mov.
67) que, no entanto, renunciou ao prazo (mov. 72).

Ademais, em razão da devolutividade da matéria, será analisado o pleito


de afastamento da prescrição deduzido pelo Autor-apelado em sua impugnação (mov.
48.1), respeitando-se, assim, os princípios do contraditório e ampla defesa.

Pois bem.É sabido que, na hipótese em que se discute a nulidade de


empréstimo consignado ante suposta contratação fraudulenta, é plenamente aplicável o
entendimento firmado por este Egrégio Tribunal de Justiça no IRDR n. 1.746.707-5, que
[1]
prevê a aplicação do prazo prescricional quinquenal, nos termos do art. 27, do CDC ,
com contagem iniciada a partir do vencimento/desconto da última parcela do mútuo.
Veja-se:

“INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS.


DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS.CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA.INDÍGENA
E/OU ANALFABETO. PRAZO PRESCRICIONAL E RESPECTIVO TERMO
INICIAL. ADMISSÃO DO INCIDENTE. ARTIGOS 976 E 977 DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL.PRESSUPOSTOS LEGAIS PREENCHIDOS.
MÉRITO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
VENCIMENTO DA ÚLTIMA PARCELA.OBRIGAÇÃO DE TRATO
SUCESSIVO.PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
TESE FIXADA: "O prazo prescricional das pretensões de declaração de
inexistência de empréstimo consignado c/c pedidos de repetição de indébito
e de indenização por danos morais, embasadas na contratação fraudulenta
de empréstimo consignado em nome de indígena ou analfabeto é
quinquenal (art. 27 do CDC) e o seu marco inicial é a data do vencimento
da última parcela". JULGAMENTO DOS RECURSOS AFETADOS (I)
APELAÇÃO CÍVEL Nº 0000630- 62.2017.16.0059. PRESCRIÇÃO NÃO
CONFIGURADA. NECESSIDADE DE RETORNO DOS AUTOS À
ORIGEM, PARA REGULAR PROSSEGUIMENTO. RECURSO PROVIDO.
(II) APELAÇÃO CÍVEL Nº 0000952- 23.2017.8.16.0111. PRESCRIÇÃO
NÃO CONFIGURADA. NECESSIDADE DE RETORNO DOS AUTOS À
ORIGEM, PARA REGULAR PROSSEGUIMENTO. RECURSO PROVIDO.
59.2016.8.16.0104. PRESCRIÇÃO CONFIGURADA. SENTENÇA
MANTIDA.RECURSO NÃO PROVIDO. (III) APELAÇÃO CÍVEL
0003624-59.2016.8.16.0104. PRESCRIÇÃO CONFIGURADA. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO”. (TJPR - Seção Cível Ordinária -
IRDR - 1746707-5 - Curitiba - Rel.: Desembargador Sérgio Roberto
Nóbrega Rolanski - Rel.Desig. p/ o Acórdão: Desembargador Vitor Roberto
Silva - Por maioria - J. 29.11.2019).

Ademais, é importante destacar que esse entendimento é aplicável tanto


aos casos em que o autor é indígena e/ou analfabeto (conforme decidido no IRDR n.
1746707-5), quanto aos demais em que se verifica a prescrição.

Neste sentido, o entendimento do STJ e deste Tribunal:

PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO


EM RECURSO ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO MANIFESTADA NA
VIGÊNCIA DO NCPC. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
NEGÓCIO JURÍDICO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO
E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO . PRAZO
PRESCRICIONAL. CINCO ANOS. ART. 27 DO CDC. TERMO INICIAL.
ÚLTIMO DESCONTO. DECISÃO EM CONFORMIDADE COM O
ENTENDIMENTO DESTA CORTE. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA NA
ORIGEM COM BASE NOS FATOS DA CAUSA. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA Nº 7 DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO
COMPROVADO ANTE A INCIDÊNCIA DOS ÓBICES SUMULARES.
INCIDÊNCIA DA MULTA PREVISTA PELO ART. 1.021, § 4º, DO NCPC.
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO, COM IMPOSIÇÃO DE MULTA. [...]
2. O Tribunal a quo dirimiu a controvérsia em conformidade com a
orientação firmada nesta Corte, no sentido de que, para a contagem do
prazo prescricional quinquenal previsto no art. 27 do CDC, o termo inicial a
ser observado é a data em que ocorreu a lesão ou pagamento, o que, no
caso dos autos, se deu com o último desconto do mútuo da conta do
benefício da parte autora. Incidência da Súmula nº 568 do STJ, segundo a
qual, o relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá
dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante
acerca do tema. [...]. (STJ, AgInt no AREsp 1367313/MS, Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/05/2019, DJe
28/05/2019)

“AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE / INEXIGIBILIDADE DE


DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO C/C COM REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA – RECURSO DO AUTOR – CAUSA DE PEDIR
FUNDADA NA NEGATIVA DA CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO E NA IMPUTAÇÃO AO RÉU DA PRÁTICA DE ATO
ILÍCITO – PRETENSÕES DE RESSARCIMENTO DOS VALORES
DESCONTADOS NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO E
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – APLICAÇÃO DO ART. 27 DO
CDC – PRECEDENTES – PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL –
TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO – DATA DO
DESCONTO DA ÚLTIMA PARCELA NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO
– SENTENÇA REFORMADA. Apelação conhecida, com o reconhecimento,
de ofício, da prescrição da pretensão inicial.”. (TJPR - 15ª C. Cível -
0012295-36.2019.8.16.0017 - Maringá - Rel.: Juíza Elizabeth M F Rocha - J.
31.08.2020)

Nota-se, portanto, conforme o entendimento jurisprudencial, que o


marco inicial para a contagem do prazo prescricional quinquenal é a data do
vencimento/desconto da última parcela no benefício previdenciário do Autor.

Por isso, não merece prosperar a alegação do Autor-apelado deduzida


em impugnação (mov. 48.1), de que “a prescrição quinquenal de sua pretensão passou a
contar a partir do conhecimento dos descontos, tendo este ciência dos descontos em
OUTUBRO de 2017, conforme extrato acostado no mov. 1.6 e, sendo a ação ajuizada em
13/08/2019, não há que se falar na ocorrência de prescrição.”. Ademais, é de ser
ponderado que se mostra pouco provável o alegado desconhecimento anterior do suposto
ato lesivo, especialmente quando se considera a relevância que a diminuição de renda,
reiterada ao longo de vários meses, representa a quem percebe mensalmente já parcas
quantias.

Demais disso, constata-se no caso que, desde julho de 2005, o Autor


celebrou pelo menos outros 31 (trinta e um) empréstimos consignados, alguns ainda ativos
(cf. extrato de mov. 1.6), bem como 01 (um) contrato de cartão de crédito consignado, não
sendo crível que, em todo esse período, não tenha obtido relação dos empréstimos
incidentes sobre seu benefício previdenciário.

Pois bem. A sentença reconheceu o Autor como pessoa analfabeta e


aplicou o prazo prescricional quinquenal, conforme o entendimento proferido no IRDR n.
1746707-5, afastando a prescrição alegada pelo Banco em contestação, conforme trecho
que passo a transcrever:

"...

Constata-se da análise dos documentos apresentados (evento 16.4) a


inobservância pela parte ré das formalidades legais quando da
celebração do contrato com o Autor, analfabeto, devendo o negócio ser
considerado inválido...
a. Prescrição

Alega a parte ré a ocorrência de prescrição...

Pois bem, sabe-se que a questão acima apontada foi objeto de


deliberação referente ao INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE
DEMANDAS REPETITIVAS Nº 1746707-5, no qual restou firmado o
entendimento de que “O prazo prescricional das pretensões de
declaração de inexistência de empréstimo consignado c/c pedidos de
repetição de indébito e de indenização por danos morais, embasadas
na contratação fraudulenta de empréstimo consignado em nome de
indígena ou analfabeto é quinquenal (art. 27 do CDC) e o seu marco
inicial é a data do vencimento da última parcela”.

Diante disso, resta afastada a preliminar arguida... “

Nota-se, portanto, que a sentença reconheceu o prazo prescricional


quinquenal e a data do vencimento da última parcela como marco inicial para a sua
contagem, conforme o entendimento proferido no IRDR, o que, aparentemente, não
haveria que se falar em reforma, considerando o fato de que o último desconto efetivado
no benefício do Autor tenha ocorrido em 03.04.2013.

É que, na inicial, o Autor questiona o contrato de empréstimo


consignado n. 222942510, no valor de R$ 601,86, para pagamento em 58 parcelas de R$
18,79 cada, sendo a primeira com vencimento previsto para agosto de 2012. E, consoante
se extrai do extrato de empréstimos bancários emitido pelo INSS em abril de 2017 (mov.
1.6), o contrato em questão foi excluído da relação de descontos no benefício do Autor em
03/04/2013, com 8 parcelas quitadas.

Assim, aplicando o prazo prescricional de 5 anos, constata-se que, com


efeito, na data do ajuizamento da ação (em 13/08/2019) já havia decorrido pouco mais de
06 (seis) anos do último desconto da parcela no benefício do Autor (03.04.2013), sendo
evidente que, na hipótese dos autos, a pretensão autoral foi afetada pela prescrição.
1.2. – Conclusão.

Por tais razões, diante na necessidade de reconhecimento da prejudicial


de mérito de prescrição, deve ser reforma a sentença recorrida, julgando extinto o feito,
com resolução de mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC.

2. - A APELAÇÃO CÍVEL DO AUTOR.

Em que pese a irresignação recursal acerca da necessidade de reformar


a sentença para ao fim de condenar o Banco-apelado ao pagamento pelos danos morais
sofridos pelo Autor-apelante, o fato é que orecurso se encontra prejudicado, em virtude do
provimento do apelo 01, que reconheceu prescrita a pretensão do Autor e,
consequentemente, de extinção do feito, com resolução de mérito, nos termos do art. 487,
II, do CPC.

3. - O ÔNUS SUCUMBENCIAL.

A sentença, considerando a sucumbência recíproca, condenou ambas as


partes ao pagamento dos ônus sucumbências “ condeno a parte autora ao pagamento de
40% (quarenta por cento) e a parte ré ao pagamento de 60% (sessenta por cento) das
custas e despesas processuais, e, na mesma proporção, condeno as partes (autora 40% e
ré 60%) ao pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono das respectivas
partes, que ora fixo em 10% sobre o valor da condenação, com fundamento no artigo 85,
§2°, do Diploma Processual Civil”.

No entanto, em razão do provimento ao apelo 01, do Banco, e,


consequentemente, da reforma da sentença porque reconhecida a prescrição da pretensão
autoral, necessária a readequação dos ônus sucumbenciais, competindo, agora, ao
Autor-apelante 02, o pagamento integral das custas e despesas processuais, bem como dos
honorários advocatícios sucumbenciais, nos termos dos arts. 82 e 85, do CPC.

Assim, levando-se em conta que o feito está em trâmite desde


13.08.2019 e que já contou com inúmeras manifestações, o que bem demonstra o efetivo
labor do aludido procurador, e porque ausente o caráter condenatório da decisão,
impossibilitando medir-se o benefício econômico obtido porque prescrita a pretensão, fixo
os honorários sucumbenciais a benefício do advogado do Banco-apelante 01 em 20%
(vinte por cento) sobre o valor da causa (R$ 10.829,30, em 13.08.2019), devidamente
atualizado,aqui já incluídos os honorários recursais, em atenção ao disposto no art. 85,
§11º, do CPC/2015, observando-se, contudo, a suspensão da exigibilidade da condenação
[2]
em face da gratuidade judicial concedido ao Autor pelo Juízo de origem (mov. 21.1).

4. - CONCLUSÃO.

Diante do exposto, é caso de conhecimento e provimento do recurso de


Apelação (1) para o fim de reconhecer a prescrição alegada, reformando-se a sentença e
julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC,
restando prejudicadas as demais questões alegadas, e de julgar prejudicado o recurso de
Apelação (2), nos termos da fundamentação.

III –DECISÃO.

Diante do exposto, acordam os Desembargadores da 14ª Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos em conhecer e dar
provimento ao recurso de Apelação 01 interposto pelo Banco, julgando prejudicadas as
demais questões, bem como julgar prejudicado o recurso de Apelação 02 interposto pelo
Autor, nos termos do voto do Relator.

O julgamento foi presidido pela Desembargadora Themis De Almeida


Furquim, com voto, e dele participaram Desembargador José Hipólito Xavier Da Silva
(relator) e Desembargador Octavio Campos Fischer.
25 de junho de 2021

JOSÉ HIPÓLITO XAVIER DA SILVA

Relator

[1] “Art. 27 - Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto
ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.”

[2] “V - Defiro, por ora, os benefícios da gratuidade da justiça em favor da parte autora, nos termos do
art. 98, do CPC, sem prejuízo das disposições d Lei 1.060/50 ainda vigentes.

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