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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO
ACÓRDÃO
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ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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RELATÓRIO
Na inicial (fls. 37/42), a parte autora aduz ter sido surpreendida ao perceber uma
redução considerável em seus proventos mensais. Com isso, consultou a situação de seu
benefício previdenciário e verificou que tal situação resultava do contrato de empréstimo
consignado nº 106416310, celebrado com a instituição bancária promovida. No entanto, a
parte autora afirma que este contrato foi formulado sem a sua manifestação de vontade.
Considerando a situação acima explanada, requer a declaração da nulidade do
contrato, a restituição, em dobro, de todas as parcelas indevidamente descontadas, bem como
a indenização pelos danos morais sofridos, sendo esta no importe de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais).
Na Contestação (fls. 54/59), o banco réu sustenta a natureza lícita da contratação
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em testilha, a qual havia sido celebrada mediante a livre manifestação de vontade da parte
autora, e, consequentemente, das cobranças efetuadas em virtude desta.
Para comprovar suas alegações, realizou a juntada da cópia do contrato (fls.
64/65), dos documentos pessoais da parte autora (fls. 66/67) e do comprovante de repasse (fl.
62).
inconformada com a decisão proferida na sentença, a parte requerente interpôs o
presente recurso de apelação às fls. 112/122, alegando que a contratação em debate é ilícita,
uma vez que a escrita contida em seus documentos pessoais diverge completamente da
assinatura aposta no contrato juntado pelo banco réu.
Posto isso, pugna pelo provimento do presente recurso com a finalidade de anular
a sentença vergastada, determinando o retorno dos autos à origem, mediante a designação de
perícia grafotécnica.
Em eventual caso de não reconhecimento do cerceamento de seu direito de defesa,
requer o afastamento da sua condenação ao pagamento de multa por litigância de má-fé.
Contrarrazões às fls. 124/132.
É o relatório.
VOTO
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uma vez que o texto do art. 507 do CPC dispõe que “é vedado à parte discutir no curso do
processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão”.
Neste sentido, segue o entendimento deste Egrégio Tribunal de Justiça:
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Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
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Extrai-se do teor dos autos que a parte autora sustenta a ilação de que nunca
chegou a realizar a pactuação em testilha, o que, portanto, levava à ilicitude dos descontos
feitos em seus rendimentos.
No entanto, conforme alhures demonstrado, observa-se a regularidade na
celebração do contrato uma vez que a parte requerida, ora apelada, colacionou aos presentes
autos o contrato objeto da controvérsia analisada, junto ao comprovante de repasse no valor
exato da referida avença, no importe de R$ 735,09 (setecentos e trinta e cinco reais e nove
centavos – fl. 61).
Outrossim, faz-se relevante destacar que, até o proferimento da sentença, a parte
autora não apresentou qualquer objeção à assinatura subscrita no instrumento contratual,
tampouco buscou refutar a titularidade da conta bancária em que o valor fora repassado.
Portanto, tona-se possível inferir a veracidade de tais dados.
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Dessa forma, resta caracterizado que a parte autora alterou a verdade dos fatos
quando afirmou, em sua inicial, jamais ter realizado o contrato ou ter recebido os referidos
créditos. Assim, imperioso se mostra a condenação em litigância de má-fé.
Ante o exposto, em consonância com a legislação regente, conheço do presente
recurso para NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo incólume a sentença vergastada.
Diante do desprovimento deste apelo, majoro as verbas sucumbenciais fixadas na
origem para o importe de 15% (quinze por cento) sobre o valor atualizado da causa, com
esteio no artigo 85, §§ 2º e 11º, do CPC, suspensa a exigibilidade em razão do benefício da
gratuidade judiciária.
É como voto.
Fortaleza, data e hora indicadas no sistema.
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