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Vistos.

Trata-se de ação ordinária de cunho (des)constitutivo na qual a parte


promovente deseja o reconhecimento de inexistência de débito junto à promovida,
consistente na não contração de empréstimo àquela imputado por esta.

Citada, a promovida argumentou a contratação legítima e o depósito na conta


bancária da contratante do numerário contraído.

Em réplica, a promovente insiste no desconhecimento de qualquer relação


jurídico-negocial.

Passo a sanear o feito.

Conforme dicção do art. 429, II, do CPC, é ônus da prova sobre a


autenticidade da assinatura lançada em documento à parte que o produziu.

Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando:


I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento
abusivo, à parte que a arguir;
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que
produziu o documento.

Nessa senda, observando que, nos autos, a instituição financeira requerida


imputa legitimidade da contratação debatida através de cópia de instrumento de contrato
coligido afirmadamente mantido com a promovente, é daquela o dever probatório de
demonstrar a autenticidade da firma.

Tal conclusão encontra consonância com o que decidido pelo Superior


Tribunal de Justiça, inclusive adotada sob a sistemática dos recursos repetitivos, de
observância obrigatória por juízes e tribunais:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO


PROFERIDO EM IRDR. CONTRATOS BANCÁRIOS.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DOCUMENTO
PARTICULAR. IMPUGNAÇÃO DA AUTENTICIDADE DA
ASSINATURA. ÔNUS DA PROVA. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO,
DESPROVIDO.
1. Para os fins do art. 1.036 do CPC/2015, a tese firmada é a
seguinte: "Na hipótese em que o consumidor/autor impugnar a
autenticidade da assinatura constante em contrato bancário
juntado ao processo pela instituição financeira, caberá a esta o
ônus de provar a sua autenticidade (CPC, arts. 6º, 368 e 429, II)."
2. Julgamento do caso concreto.
2.1. A negativa de prestação jurisdicional não foi demonstrada,
pois deficiente sua fundamentação, já que o recorrente não
especificou como o acórdão de origem teria se negado a enfrentar
questões aduzidas pelas partes, tampouco discorreu sobre as
matérias que entendeu por omissas. Aplicação analógica da
Súmula 284/STF.
2.2. O acórdão recorrido imputou o ônus probatório à instituição
financeira, conforme a tese acima firmada, o que impõe o
desprovimento do recurso especial.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão,
desprovido.
(REsp n. 1.846.649/MA, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Segunda Seção, DJe de 9/12/2021.)

Em conclusão, considerando o fim da atividade postulatória, determino seja


intimada exclusivamente a parte promovida para especificar as provas que pretende
produzir, observando-se o ônus de evidenciar a autenticidade do documento discutido, em
quinze dias, cabendo à secretaria atentar a eventual solicitação de intimação exclusiva a
causídico indicado. Alerto que o silêncio da parte poderá implicar em julgamento antecipado
do mérito, na forma do art. 355, I, do CPC/15.

Intimem-se.

Expedientes.

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