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Vistos, etc.

Trata-se de ação declaratória de inexistência de relação contratual c/c


restituição e indenização por danos morais e materiais ajuizada por Francisco Martins
Lopes, em face de Banco BMG S.A, ambos devidamente qualificados.
Aduz o autor, em breve síntese, que foi surpreendid por um contrato de
mútuo que não reconhece, firmando junto ao Banco BMG S.A, possuindo como limite a
quantia de R$ 4.886,00 com reserva de margem no valor de R$ 129,00, incluído em
07/03/2015.
Alega, dessa forma, que pode ter sido vítima de fraude, o que vem
gerando danos de ordem material e moral. Assim, requer a declaração de nulidade dos
negócios jurídicos e indenização por danos morais e materiais.
Citado, o réu apresentou contestação (fls. 49/75) e juntou documentos
(fls. 76/264). No mérito, aduz a regularidade no processo de contratação, finalizado
após clara manifestação de vontade e prévio conhecimento das condições do produto
contratado, que inclusive se trata de um cartão de crédito consignado nº
5259.0898.3404.7117, vinculado à matrícula 1374111527, código de adesão (ADE) nº
41084822 e código de reserva de margem (RMC) nº 11611046. Defende que por meio
do "Termo de Cartão de Crédito Consignado Banco BMG e autorização para desconto
em folha de pagamento”, o requerente, de forma expressa, autorizou a reserva de
margem consignável para desconto. Além do mais, diz que o autor fez vários saques,
sendo o crédito disponibilizado em conta de sua titularidade. Por fim, aduz a
impossibilidade de declaração de inexistência de contrato e o descabimento do pedido
de repetição do indébito e dos danos morais.
Intimada para apresentar réplica, a parte autora não se manifestou (fls.
265/268).
É o relato do necessário.
Fundamento e decido.
Primeiramente, cumpre destacar que a matéria sub judice envolve
questão unicamente de direito, de forma que passo a julgar de plano a lide, posto que
desnecessária a produção de outras provas.
Registro que o julgamento antecipado não representa cerceamento de
defesa ou violação ao princípio do contraditório, pois há nos autos elementos suficientes
para a solução da demanda, que a causa tenha seu desfecho protraído, homenageando-se
desse modo a celeridade processual.
O feito comporta o julgamento antecipado, nos termos do art. 355, I, do
Código de Processo Civil (CPC), visto que a solução da lide prescinde de quaisquer
outras provas.
Os pressupostos de existência e desenvolvimento válido e regular estão
presentes. A petição inicial preencheu adequadamente os requisitos dos artigos 319 e
320, do Código de Processo Civil de 2015, e os documentos utilizados para instruí-la
são suficientes para amparar os fatos narrados e o pedido realizado.
As condições da ação devem ser aferidas in status assertionis e, no caso,
foram demonstradas. As partes são legítimas e estão bem representadas. O interesse de
agir foi comprovado, sendo a tutela jurisdicional necessária e a via escolhida adequada.
Ab initio, consoante entendimento consolidado no STJ, o Código de
Defesa do Consumidor aplica-se aos contratos firmados pelas Instituições Financeiras -
incidência da Súmula 297/STJ – pelo que é cabível a inversão do ônus probatório.
Sem preliminares, passo ao mérito.
No caso em tela, deveria a parte autora comprovar, ainda que de forma
ínfima, a inexistência de contrato firmado e a ausência do depósito em sua conta
bancária do valor disponibilizado. Por outro lado, vislumbra-se que a instituição
financeira se desincumbiu a contento do seu ônus probante, comprovando fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito autoral (art. 373, II, CPC), quando
produziu prova robusta pertinente à regularidade da contratação.
Dos documentos colacionados pelo réu junto à contestação, avista-se o
"Termo de Cartão de Crédito Consignado Banco BMG e autorização para desconto em
folha de pagamento”, às fls. 76/79, devidamente assinado a rogo pelo autor, coma
presença de duas testemunhas. Colaciona, ainda, faturas do cartão de crédito (fls.
100/155), além de documentos pessoais apresentados no momento da contratação (fls.
182/187) e comprovantes de pagamentos (fls. 160/162) feito na modalidade TED em
conta de titularidade do autor, referente aos vários saques por ela realizados (inicial e
complementar).
O Código Civil preconiza:

Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das


partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado
a rogo e subscrito por duas testemunhas.

O Código de Processo Civil preconiza:


Art. 927, inciso III. Os juízes e os tribunais observarão os acórdãos em
incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial
repetitivos.

Art. 988, inciso IV. garantir a observância de acórdão proferido em


julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
incidente de assunção de competência;

O sistema de precedentes inaugurado legalmente sob a égide do


CPC/2015 objetiva conceder tratamento isonômico aos litigantes em situação similar,
acarretando maior segurança jurídica, bem como visa a redução de recursos com
obtenção de celeridade na solução dos conflitos.
Sobre o tema, o egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, em sede
de julgamento de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas – IRDR, firmou
orientação de que:

É considerado legal o instrumento particular assinado a rogo e


subscrito por duas testemunhas, para a contratação de
empréstimos consignados entre pessoas analfabetas e instituições
financeiras, nos ditames do art. 595 do CC, não sendo necessário
instrumento público para a validade da manifestação de vontade do
analfabeto, nem procuração pública daquele que assina a seu rogo,
cabendo ao Poder Judiciário o controle do efetivo cumprimento das
disposições do artigo 595 do Código Civil (TJCE, Seção de Direito
Privado, Relator Desembargador Francisco Bezerra Cavalcante, IRDR
nº 630366-67.2019.8.06.0000, Julgado em 21/09/2020).

Vejamos ainda jurisprudências recentes sobre o tema:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE CONTRATO C/C REPARAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO.
ANULAÇÃO DO CONTRATO. ASSINATURA A ROGO.
INSTRUMENTO PARTICULAR ASSINADO POR DUAS
PESSOAS. CONTRATO DEVIDAMENTE FORMALIZADO.
ANALFABETISMO. DESNECESSIDADE DE INSTRUMENTO
PÚBLICO. APELO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1.
Compulsando os autos, não houve por caracterizada a falha na
prestação do serviço, sobretudo porque o banco recorrido
apresentou cópia do contrato devidamente contraído (cf. fls.
99/108) com a observância dos ditames legais para a formalização
de contrato por pessoa analfabeta, no caso, instrumento particular
assinado por duas pessoas. 2. Por sua vez, em momento algum a
demandante nega que a conta onde foi creditado o valor seja de sua
titularidade, tampouco comprova que não obteve proveito econômico
com a transação, limitando-se a afirmar que não procedeu à
contratação em comento e que não possui relação com o banco
recorrido. Por outro lado, em sua exordial, confirma que realizou
diversos empréstimos através de correspondentes, recebendo os
respectivos valores em sua conta bancária. Em sendo assim, não há
que se falar em fraude praticada por terceiro na perfectibilização da
avença. 3. Dessa maneira, a instituição bancária agiu com o
necessário zelo, o que implica no reconhecimento da existência do
contrato, sobretudo por que atendida a forma prescrita em lei. 4.
Por fim, quanto à necessidade de procuração pública, visto ser a
consumidora analfabeta, é importante consignar o que restou decidido
no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas de nº 0630366-
67.2019.8.06.0000 deste e. TJCE, em 22/09/2020. 5. Naquela
oportunidade, os Desembargadores integrantes da Seção de Direito
Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, aprovaram, à
unanimidade, após deliberar o mérito da questão controvertida
debatida, nos termos do art. 978 do Código de Processo Civil, a
seguinte tese: É considerado legal o instrumento particular
assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas para a
contratação de empréstimos consignados entre pessoas
analfabetas e instituições financeiras, nos ditames do art. 595, do
CC, não sendo necessário instrumento público para a validade da
manifestação de vontade do analfabeto nem procuração pública
daquele que assina a seu rogo, cabendo ao Poder Judiciário o
controle do efetivo cumprimento das disposições do artigo 595 do
Código Civil. 6. Nesta esteira, portanto, desnecessária a
procuração pública, como pretende a recorrente, para se conferir
validade ao contrato ora discutido. 7. Apelação conhecida e não
provida. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
de apelação cível nº 0050112–92.2020.8.06.0142, em que figuram as
partes acima indicadas, acordam os Desembargadores integrantes da
2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará, por votação unânime, em conhecer do recurso interposto, mas
para negar-lhe provimento, em conformidade com o voto do eminente
relator. Fortaleza, 7 de julho de 2021 FRANCISCO GOMES DE
MOURA Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR
CARLOS ALBERTO MENDES FORTE Relator (Relator
(a): CARLOS ALBERTO MENDES FORTE; Comarca: Tauá;
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Comarca de Tauá; Data do
julgamento: 07/07/2021; Data de registro: 07/07/2021)

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. SENTENÇA DE


IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE
INEXISTÊNCIA E/OU DE NULIDADE CONTRATUAL, COM
REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. MÉRITO:
ALEGAÇÃO DE EMPRÉSTIMO FRAUDULENTO SEM
QUALQUER RESSONÂNCIA NOS AUTOS. EM ANÁLISE
EXAURIENTE DOS DOCUMENTOS, PARTE A PARTE,
AGITADOS, NÃO FOI EVIDENCIADA QUALQUER CONDUTA
ILÍCITA PASSÍVEL DE REPARAÇÃO. ATESTADA A
VALIDADE CONTRATUAL E A PLENA APTIDÃO PARA
SURTIR OS EFEITOS JURÍDICOS QUE LHE SÃO INERENTES.
PARADIGMAS DOS SODALÍCIOS DE JUSTIÇA E DESTE
EGRÉGIO TJCE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1.
Inicialmente, percebe-se que o cerne da questão posta a desate
consiste em conferir a verossimilhança das alegações recursais
vertidas na existência de empréstimo consignado sem sua autorização
e a sua revelia, porquanto, originado mediante fraude. A par disto,
verificar-se-á a possibilidade de reparação. 2. O empréstimo
consignado é uma modalidade de crédito bancário, em que o desconto
da prestação é feito diretamente na folha de pagamento ou de
benefício previdenciário do contratante. A consignação em folha de
pagamento ou de benefício depende de autorização prévia e expressa
do cliente para a instituição financeira. 3. Esta modalidade contratual é
regida pelo CODECON, conforme assinala a Súmula 297 do STJ, que
dispõe sobre a aplicabilidade deste diploma legal às instituições
financeiras. 4. Mérito: Validade da contratação. Em síntese, alega
a parte autora que não contratou o empréstimo ora questionado,
ou, se o fez, por ser analfabeta, não teriam sido respeitados
critérios legais. É de se ver que a promovida, em sede de
contestação, apresentou informes pertinente à documentação,
desincumbindo-se do ônus probatório que lhe foi imposto. A parte
autora, por outro lado, não conseguiu afastar a legitimidade da
contratação que na inicial alegou inexistente ou fraudulenta. 5.
Apelação cível conhecida e não provida, uma vez que não constatado
qualquer ilícito passível de reparação. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e
discutidos estes autos, acorda a 2ª Câmara Direito Privado do Tribunal
de Justiça do Estado do Ceará, em, por unanimidade, conhecer do
Recurso, e negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator.
Fortaleza, 16 de junho de 2021 DESEMBARGADOR FRANCISCO
DARIVAL BESERRA PRIMO Relator (Relator (a): FRANCISCO
DARIVAL BESERRA PRIMO; Comarca: Fortaleza; Órgão julgador:
22ª Vara Cível; Data do julgamento: 16/06/2021; Data de registro:
16/06/2021)

Dito isso, destaque-se também que no instrumento contratual juntado aos


autos consta expresso que a modalidade contratada é Cartão de Crédito Consignado,
bem como consta cláusula autorizando os descontos diretamente no benefício
previdenciário da requerente, restando comprovado que o dever de informação claro e
adequado foi prestado.
Inclusive, consoante art. 3º, inciso III da resolução do INSS (Instrução
Normativa INSS nº 28/2008, alterada pela Instrução Normativa INSS nº 39/2009) é
autorizado o desconto no benefício na adesão de cartão de crédito, quando seja dada
autorização de forma expressa, por escrito ou por meio eletrônico, o que aconteceu nos
presentes autos, tornando-se válido o contrato e a cláusula da Reserva de Margem
Consignável (RMC), in verbis:

Artigo 3º Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão por


morte, pagos pela Previdência Social, poderão autorizar o desconto no
respectivo benefício dos valores referentes ao pagamento de
empréstimo pessoal e cartão de crédito concedidos por instituições
financeiras, desde que:

(…)
III - a autorização seja dada de forma expressa, por escrito ou por
meio eletrônico e em caráter irrevogável e irretratável, não sendo
aceita autorização dada por telefone e nem a gravação de voz
reconhecida como meio de prova de ocorrência.

Destarte, os elementos constantes dos autos indicam que a parte autora


efetivamente contratou o cartão de crédito de margem consignável objurgado, o qual
está perfeito e acabado, de modo que não há respaldo jurídico e probatório a
consubstanciar a pretensão autoral.
A propósito, colaciono recentes julgados das Câmaras de Direito Privado
do Tribunal de Justiça, nos quais se verifica a regularidade da contratação de
empréstimos consignados mediante descontos em benefício previdenciário:

APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. AÇÃO ANULATÓRIA DE


NEGÓCIO JURÍDICO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CONTRATO BANCÁRIO.
CARTÃO DE CRÉDITO BANCÁRIO CONSIGNADO.
VALIDADE. COMPROVANTE DE CONTRATO E DE VALOR
DE SAQUE JUNTADOS. IMPROCEDÊNCIA DO PLEITO
AUTORAL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. 1. A controvérsia reside em analisar, no caso em
comento, a existência, ou não, de contratação de cartão de crédito
consignado junto à instituição financeira recorrida. 2. Conforme
asseverou o juízo de piso na sentença, aplicam-se as normas do
Código de Defesa do Consumidor à hipótese em tela, por se tratar de
relação de consumo, tendo o banco recorrido apresentado o contrato
assinado e a documentação correlata, às págs. 38/60. 3. No caso em
tela, deveria a parte autora comprovar, ainda que de forma ínfima, a
inexistência de contrato firmado e a ausência do depósito em sua
conta bancária do valor disponibilizado. Por outro lado, vislumbra-se
que a instituição financeira se desincumbiu a contento do seu ônus
probante, comprovando fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito autoral (art. 373, II, CPC), quando produziu prova robusta
pertinente à regularidade da contratação. 4. Compulsando os fólios,
verifica-se que o contrato em questão, devidamente assinado a
rogo pela insurgente, e acompanhado do RG e declaração de
endereço da contratante, teve o respectivo valor do saque
autorizado disponibilizado na conta de titularidade da autora,
conforme comprovante às págs. 60. 5. Por sua vez, em momento
algum a demandante nega que a conta onde foi creditado o valor
seja de sua titularidade, tampouco comprova que não obteve
proveito econômico com a transação, limitando-se a afirmar que
não procedeu à contratação em comento e que não possui relação
com o banco recorrido. 6. Cumpre salientar que, nas ações que
versem sobre cartão de crédito consignado mediante descontos em
benefício previdenciário, a prova da existência do contrato e do
proveito econômico do consumidor, diante da operação
bancária/transferência/depósito do valor contratado, é elemento
essencial ao deslinde dos fatos e à procedência ou improcedência
da demanda. 7. Não elidida a validade do contrato celebrado pela
autora junto ao banco recorrido e comprovado nos autos que
houve disponibilização de valores na conta bancária da apelante, a
manutenção da sentença de improcedência do pedido autoral é
medida que se impõe. 8. Recurso conhecido e improvido. Sentença
mantida. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
de apelação cível nº 0005908-94.2019.8.06.0142, em que figuram as
partes acima indicadas, acordam os Desembargadores integrantes da
2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará, por votação unânime, em conhecer do recurso, mas para negar-
lhe provimento, em conformidade com o voto do eminente relator.
Fortaleza, 14 de julho de 2021 FRANCISCO GOMES DE MOURA
Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR CARLOS
ALBERTO MENDES FORTE Relator
(Relator (a): CARLOS ALBERTO MENDES FORTE; Comarca:
Tauá; Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Comarca de Tauá; Data do
julgamento: 14/07/2021; Data de registro: 14/07/2021) (GN)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA/NULIDADE


CONTRATUAL. PRELIMINAR DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA
DIALETICIDADE. REJEITADA. CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO. DESCONTOS EM PROVENTOS DE
APOSENTADORIA. REGULARIDADE DO NEGÓCIO
JURÍDICO OBJURGADO. CONTRATO ASSINADO.
CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS ASSINATURAS DO
INSTRUMENTO E DOS DOCUMENTOS QUE
ACOMPANHAM A PROEMIAL. ATO ILÍCITO.
INEXISTENTE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA. 1. A presente ação busca a anulação de
contrato de cartão de crédito de margem consignável que a parte
autora alega não ter contratado. 2.DA PRELIMINAR
CONTRARRECURSAL DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA
DIALETICIDADE. Não há que se falar em descumprimento ao
princípio da dialeticidade, posto que as razões recursais atacam
expressamente os fundamentos do decisum a quo. Ademais, a mera
reiteração de algumas das teses ventiladas na exordial não implica,
necessariamente, em afronta ao comando da dialeticidade. Preliminar
rejeitada. 3.DO MÉRITO. A requerente comprovou, mediante extrato
de consignações do INSS, os descontos efetuados em seu benefício
previdenciário, decorrentes do cartão de crédito com margem
consignável objurgado. 4. Por sua vez, a instituição financeira
logrou êxito em infirmar as alegações autorais, comprovando fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da suplicante (art.
373, II, do CPC), ao exibir em juízo a cópia do contrato
devidamente assinado pela autora, faturas do cartão, documentos
pessoais, comprovante de endereço e comprovante de pagamento
na modalidade TED. 5. Destarte, reconhecida a validade do
negócio jurídico, impõe-se, como corolário, a improcedência dos
pedidos iniciais, de modo que a sentença de primeira instância não
merece reproche e deve ser mantida incólume. 6. Tendo em vista o
improvimento do recurso de apelação interposto, majoro a verba
honorária de sucumbência, conforme os ditames do § 11 do art. 85 do
Código de Processo Civil. Dessa forma, consoante o disposto no § 2º
do mencionado dispositivo legal, bem como o trabalho suplementar do
causídico, impõe-se a majoração dos honorários sucumbenciais para
15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. Contudo, sua
execução fica suspensa, uma vez que foi concedido o benefício da
gratuidade judiciária, conforme o disposto no art. 98, §3º do CPC. 7.
Recurso de Apelação conhecido e improvido. Sentença mantida.
ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 2ª
Câmara Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará,
unanimemente, em conhecer do Recurso de Apelação interposto, para
negar-lhe provimento, nos termos do voto da e. Relatora.
(Relator (a): MARIA DE FÁTIMA DE MELO LOUREIRO;
Comarca: Quixadá; Órgão julgador: 2ª Vara Cível da Comarca de
Quixadá; Data do julgamento: 07/07/2021; Data de registro:
07/07/2021) (GN)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE


DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E
REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO LIMINAR DE
TUTELA PROVISÓRIA. CERCEAMENTO DE DEFESA
INEXISTENTE. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS ACOSTADAS AOS
AUTOS. COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO DO
CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO.
INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO. RECURSO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Trata-se de Apelação
Cível interposta por ADAUTO MARTINS DE OLIVEIRA, buscando
a reforma da sentença proferida pelo Juízo da 15ª Vara Cível Da
Comarca de Fortaleza, que julgou improcedente a Ação Declaratória
de Nulidade de Negócio Jurídico c/c Obrigação de Fazer e Reparação
por Danos Morais c/c Pedido Liminar de Tutela Provisória, movida
em face do BANCO BMG S/A. 2. Verifica-se dos autos que o banco
juntou o contrato de cartão de crédito devidamente assinado pelo
autor, acompanhado de cópias de seus documentos pessoais,
comprovante de endereço e comprovantes de transferência TED
para a conta de titularidade do autor. Nessa toada, impende
ressaltar que o autor, ora apelante, subscreveu tanto as Cédulas
de Crédito Bancário - Saque Mediante a Utilização do Cartão de
Crédito Consignado emitido pelo Banco BMG (fls. 103 a 105 e 110
a 113) como também o Termo de Adesão a Cartão de Crédito
Consignado Banco BMG e Autorização para desconto em Folha
de Pagamento (fls. 116-118). 8. Recurso conhecido e não provido.
Sentença mantida. (TJ-CE - AC: 01793048420188060001 CE
0179304-84.2018.8.06.0001, Relator: JOSE RICARDO VIDAL
PATROCÍNIO, Data de Julgamento: 14/04/2021, 3ª Câmara Direito
Privado, Data de Publicação: 14/04/2021) (GN)

Desse modo, da estrita análise dos elementos constantes dos autos,


considero que o contrato é regular, dele se beneficiando financeiramente a parte autora,
ao passo em que obteve proveito econômico com crédito comprovadamente creditado
em sua conta bancária.
Dito isso, inexiste ato ilícito do banco recorrente apto a invalidar o
contrato de cartão de crédito e o empréstimo consignado em questão, circunstância que
impede a condenação postulada em danos morais ou materiais.
Ante o exposto, com base no art. 487, I, do CPC/15, JULGO
IMPROCEDENTE o pedido formulado na petição inicial. Condeno a autora nas custas
processuais e nos honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o
valor atualizado da causa, mas cuja cobrança e exigibilidade ficarão suspensas por até 5
(cinco) anos na forma do art. 98, § 3.º do CPC.
P.R.I.
Não havendo a interposição de recurso voluntário, certifique o trânsito
em julgado e arquivem os autos com baixa.

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