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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 41.541 - RJ


(2013/0063718-9)

RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
AGRAVANTE : GUILHERMO DAVIES
ADVOGADOS : ANDRÉ FILGUEIRA DO NASCIMENTO
MATHEUS TESSARI CARDOSO
NILO BATISTA
WAGNER AUGUSTO DE MAGALHÃES
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. SUPOSTA PRÁTICA DE
CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
PREJUÍZO À FAZENDA PÚBLICA. SEQUESTRO DE TODOS
OS BENS DO RECORRENTE. POSSIBILIDADE MANDADO
DE SEGURANÇA. NÃO CABIMENTO. SÚMULA 267/STF.
AUSÊNCIA DE DECISÃO TERATOLÓGICA OU ILEGAL.
RECURSO CABÍVEL PARA IMPUGNAR DECISÃO QUE
DETERMINA O SEQUESTRO DE BENS. APELAÇÃO.
DECISÃO RECORRIDA EM CONSONÂNCIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DESTE SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. A decisão judicial que determina o sequestro de bens do recorrente
deve ser atacada por meio de recurso de apelação. Precedentes.
2. Ausência de ilegalidade, teratologia ou abuso de poder que autorize
a excepcional impetração de mandado de segurança. Aplicação da
Súmula 267/STF.
2. A alegação de que os bens sequestrados teriam origem lícita,
demanda dilação probatória, o que é incabível na via do mandado de
segurança.
3. Em se tratando da suposta prática de delito que causa prejuízo à
Fazenda Pública o sequestro pode recair sobre todos bens do
denunciado.
4. Agravo Regimental a que se nega provimento.

ACÓRDÃO
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A Quinta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros
Felix Fischer, Gurgel de Faria, Reynaldo Soares da Fonseca e Newton Trisotto
(Desembargador Convocado do TJ/SC) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 17 de setembro de 2015(Data do Julgamento)

MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
Relator

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AgRg no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 41.541 - RJ
(2013/0063718-9)

RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
AGRAVANTE : GUILHERMO DAVIES
ADVOGADOS : ANDRÉ FILGUEIRA DO NASCIMENTO
MATHEUS TESSARI CARDOSO
NILO BATISTA
WAGNER AUGUSTO DE MAGALHÃES
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) (Relator):

Trata-se de recurso de agravo interposto por GUILHERMO DAVIES em


face de decisão que negou seguimento ao recurso ordinário em mandado de segurança.

Nas razões do recurso (e-STJ fls.1311/1332) alega o recorrente que


impetrou mandado de segurança objetivando cessar ilegalidade constante na decisão prolatada
pelo d. Juízo da 5ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, que
determinou o sequestro de todos os seus bens, por meio da medida cautelar de sequestro nº
2009.51.01.814125-1, ajuízada pelo Ministério Público Federal em face da instauração da
ação penal nº 2005.51.01.503143-0.

Sustenta o recorrente que o Tribunal Regional Federal da 2ª Região não


conheceu o mandamus, por entender ser descabida a impetração, diante da possibilidade de
oposição de embargos contra a medida de sequestro.

Entende equivocada a suso mencionada decisão, pois os referidos


embargos ( art. 130, inciso I, do Código de Processo Penal), não possuem efeito suspensivo,
não vedando a impetração do writ e, sequer, constituem recurso.

Acrescenta que os Tribunais já admitiram a possibilidade da impetração de


mandado de segurança para atacar decisão que decretou o sequestro de bens, especialmente

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quando houver urgência ou manifesta ilegalidade, bem como quando não forem indicados os
bens que devem ser sequestrados.

Refere que esta Relatoria consignou (e-STJ fl. 1.313) ser inadequada a
impetração da segurança, pois "a decisão judicial que resolve questão incidental de restituição
de coisa apreendida tem natureza de definitiva, sujeitando-se, assim ao reexame da matéria
por meio do recurso de apelação, nos termos do artigo 593, inciso II, do Código de Processo
Penal (fls. 1.301 e-STJ)".

Contudo, julga equivocado o entendimento da decisão acima mencionada,


pois afirma às e-STJ fl.1.323 que "o decreto judicial que determina a constrição do patrimônio
do acusado não se insere no grupo de " decisões definitivas, ou com força de definitivas" como
preconiza o artigo 593, inciso II, do Código de Processo Penal". (...) E "como o assunto
envolve o patrimônio do Agte., não é cabível a impetração de habeas corpus, sendo o
remédio judicial, neste caso, o mandado de segurança."

Conclui que, ao caso em exame, não se aplica a vedação prevista na súmula


267 do Supremo Tribunal Federal e, tampouco, o artigo 5º, inciso II, da Lei nº 12.016/2009
(e-STJ fl.1.323).

Assevera que tanto ele como os seus irmãos Jorge Davies e Raul Fernando
Davies foram denunciados pelo Ministério Público Federal como incursos nas penas dos
artigos 4º, caput, artigos 16 e 22, parágrafo único, todos da Lei nº 7.493/86, além do artigo
288 do Código Penal, porque teriam mantido depósitos em conta bancária no exterior,
juntamente com o falecido patriarca da família, Raul Davies Mendez, mediante transações
supostamente irregulares de câmbio.

Faz um relato dos fatos constantes dos autos visando demonstrar a


teratologia da decisão que determinou o sequestro dos bens.

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Requer que a decisão agravada seja reformada, determinando-se que o
Tribunal de origem julgue o mérito do Mandado de Segurança nº 2012.02.01.012799-7,
pronunciando-se acerca dos indícios veementes da proveniência ilícita dos bens.

É o relatório.

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(2013/0063718-9)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) (Relator):

O cerne do presente recurso consiste em saber se é cabível a impetração de


mandado de segurança contra decisão judicial que determina o sequestro de bens.

Cumpre inicialmente referir que o recorrente foi denunciado pela suposta


prática dos crimes do artigo 22, parágrafo único, in fine, da Lei nº 7.492/86; artigo 16, da
Lei nº 7.492/86; artigo 4º, caput c/c art. I, da Lei 7.492/86; e artigo 288 do Código Penal
(e-STJ fls. 35/44). Conforme relatado também foram denunciados familiares seus.

Nos autos do Processo nº 2009.51.01.814125-1 (e-STJ fls. 43), requereu


o Ministério Público o sequestro de bens móveis e imóveis dos denunciados, dentre os quais
os do ora recorrente.

O douto magistrado a quo despachou à e-STJ fl. 47 determinando que e o


Ministério Público Federal especificasse exatamente quais eram os bens móveis e imóveis
objeto das providências requeridas, bem como fornecesse o endereço dos requeridos.

Atendendo ao despacho judicial o Ministério Público manifestou-se à e STJ


fls.50/55.

Em decisão fundamentada de e-STJ fls. 56/61 deferiu alguns dos


requerimentos formulados pelo Ministério Público Federal, indeferindo outros.

No que tange ao sequestro de bens, objeto da impetração, consta às e-STJ


fls. 59/61:

"O artigo 3º do Decreto Lei nº 3.240/41 prevê que para ser


decretado o sequestro ou aresto estão previstas duas condições:
necessidade de que haja indícios veementes da responsabilidade e
a indicação dos bens que devam ser objeto da medida. Pelos
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elementos fornecidos nos autos verifico que se encontram presentes
os requisitos para aplicação do Decreto Lei nº 3.240/41.
Especificamente no que se refere aos bens localizados nos EUA,
estes encontram-se abrangidos pelo Acordo de Assistência
Judiciária em Matéria Penal firmado entre o Brasil e os Estados
Unidos da América, promulgado através do Decreto nº 3.810/01, e
que no Artigo 11, item 2, alíneas "f" e "g", que trata do Alcance, da
Assistência, faz constar que a assistência ocorre em procedimentos
relacionados à imobilização e confisco de bens, restituição
cobrança de multas e qualquer outra forma de assistência não
proibida pelas leis do Estado Requerido. Assim também é cabível a
aplicação do arresto em relação aos bens pertencentes aos
requeridos e que se encontrem naquele país.
Face ao exposto, DEFIRO o sequestro dos bens móveis e imóveis de
Jorge Davies (CPF nº 667.234.347-49); Raul Fernando Davies
(CPF nº 607.555.637-00); Guilhermo Davies (CPF nº
005.078.947-68) e do espólio de RAUL DAVIES MENDEZ (CPF nº
006.078.947-680), nos termos do requerido pelo Ministério Público
Federal, e determino: 1) o bloqueio de todos os ativos financeiros
dos requeridos no país, através do BACEN; 2) o bloqueio das
contas correntes KIESSER e MEDDOX, no J.P. MORGAN
CHAGE/NY e de todos os demais ativos financeiros dos envolvidos
nos Esatados Unidos da América, por meio das normas contidas no
MIAT; 3) A anotação do sequestro em relação a todos os bens
imóveis dos envolvidos, através da expedição de ofício ao Juiz
Corregedor dos Cartórios de Registros de Imóveis no Estado do Rio
de Janeiro; 4) a anotação do sequestro em relação a todos os
veículos dos envolvidos, através da expedição de ofícios ao
DETRAN (automóveis), à Capitania dos Portos (embarcações) e ao
DAC (aeronaves); 5) Expedição de ofício ao Juízo da 3ª Vara Cível
da Comarca do Estado do Rio de Janeiro, no Foro Regional da
Barra da Tijuca, informando acerca do bloqueio dos bens que
compôem o espólio de RAUL DAVIES MENDEZ, (...); 6) A lavratura
de auto de depósito em relação a todos os bens móveis voluptuários
(jóias, obras de arte, etc.), porventura encontrados na residência
dos envolvidos.

Consta da decisão de e-STJ fls. 77/78 dos autos que não obstante a
determinação de sequestro de todos os seus bens RAUL DAVIES MENDEZ doou a
PABLO TADEU LEITE DAVIES, um imóvel no valor de R$ 593.374, 51(quinhetos e
noventa e três mil trezentos e setenta e quatro reais e cinquenta e um centavos).

Conforme referido nas razões recursais, o Ministério Público Federal


entendeu que a suposta prática delitiva perdurou por longos anos, de maneira que, haveria
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indícios de que todos os bens dos denunciados teriam sido adquiridos com o produto do
crime.

Assim, não logrou o recorrente demonstrar que a decisão do magistrado de


primeiro grau seja teratológica, ilegal ou abusiva de direito, tampouco que resulte em prejuízo
ao recorrente.

Ademais acerca do cabimento de mandado de segurança como sucedâneo


recursal, a jurisprudência firme desta Corte Superior de Justiça e do Pretório Excelso é no
sentido de que a ação mandamental visa a proteção de direito líqüido e certo contra ato
abusivo ou ilegal de autoridade pública, não podendo ser utilizada de forma substitutiva, sob
pena de se desnaturar a sua essência constitucional.

Daí, somente ser cabível o excepcional instrumento do writ of mandamus


contra ato judicial eivado de ilegalidade, teratologia ou abuso de poder, que decorram ao
paciente irreparável lesão ao seu direito líquido e certo.

Nesse viés, o Enunciado nº 267 da Súmula do Supremo Tribunal Federal,


segundo o qual: "Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso
ou correição".

Ademais, a alegação de que os bens sequestrados teriam sido adquiridos


com recursos lícitos demanda dilação probatória o que é incompatível com a via eleita do
mandamus.

Registre-se que ambas as decisões, tanto a do Tribunal de origem quanto a


desta Corte Superior de Justiça entenderam pelo não cabimento do writ. Divergindo apenas
no que concerne ao recurso cabível da decisão judicial que determina o sequestro de bens.

Esta Corte Superior de Justiça entende que a decisão que determina o


sequestro de bens deve ser impugnada por meio do recurso de apelação.

Neste sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. ALEGADA OFENSA A PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS. INOCORRÊNCIA. INCIDÊNCIA DO
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ENUNCIADO N. 267, DA SÚMULA DO STF. NÃO INTERPOSIÇÃO
DO RECURSO CABÍVEL. MATÉRIA DEDUZIDA QUE EXIGE
DILAÇÃO PROBATÓRIA, INVIÁVEL NA VIA ELEITA. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
I - A possibilidade de proferir-se decisão monocrática terminativa
no processo encontra amparo no ordenamento jurídico pátrio,
tanto na Lei n. 8.038/90, quanto no Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça, sendo descabidas as alegações de ofensa a
postulados constitucionais.
II - É cediço que, para impugnar decisão que decreta o sequestro
de bem, cabível é o recurso de apelação, previsto no art. 593,
inciso II, do Código de Processo Penal. (Precedente). Portanto,
incide para o caso o Enunciado n. 267, da Súmula do Supremo
Tribunal Federal.
III - Não se evidencia o direito líquido e certo do agravante,
denunciado pelo crime de peculato-furto, previsto no art. 312, do
Código Penal, a não ter os bens sequestrados, uma vez que a
apreciação do argumento de que o bem objeto da medida cautelar
assecuratória foi adquirido com recursos lícitos demandaria
dilação probatória, que se revela inviável na via mandamental,
onde a prova deve ser pré-constituída.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no RMS 45.707/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 15/05/2015).

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


SEQUESTRO DE BENS DE EMPRESA, INVESTIGADA POR
CRIMES DE QUE RESULTA PREJUÍZO PARA A FAZENDA
PÚBLICA. UTILIZAÇÃO DO WRIT COMO SUCEDÂNEO DE
RECURSO PREVISTO EM LEI. DECISÃO QUE DESAFIA
APELAÇÃO, NOS TERMOS DO ART. 593, INCISO II, DO CÓDIGO
DE PROCESSO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 267 DO
STF. PRECEDENTES. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO
DEMONSTRADO. RECURSO DESPROVIDO.
1. A decisão judicial que determina o bloqueio de bens e ativos
financeiros tem natureza definitiva (decisão definitiva em sentido
estrito ou terminativa de mérito), sujeitando-se, assim, ao reexame
da matéria por meio de recurso de apelação, nos termos do art.
593, inciso II, do Código de Processo Penal.
2. O mandado de segurança não é sucedâneo de recurso, sendo
imprópria a sua impetração contra decisão judicial passível de
recurso previsto em lei, consoante o disposto na Súmula n.º 267 do
STF. Precedentes.
3. O direito líquido e certo ameaçado ou lesado por ato ilegal ou
abusivo de autoridade deve ser comprovado de plano, sem a
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necessidade de dilação probatória, o que não ocorreu na hipótese.
4. Recurso desprovido.
(RMS 26.768/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
julgado em 27/03/2012, DJe 03/04/2012).

Anote-se que em se tratando de crime do qual resulte prejuízo ao patrimônio


da Fazenda Pública, como ocorre no caso em apreço, esta Corte Superior de Justiça entende
que o sequestro pode recair sobre todo os bens que integram o patrimônio dos investigados.

A propósito:

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PENAL.


SONEGAÇÃO FISCAL. ADESÃO AO REFIS. SUSPENSÃO DA
PRETENSÃO PUNITIVA. IMPOSSIBILIDADE DE LEVANTAMENTO
DAS CONSTRIÇÕES. APLICAÇÃO DO ART. 141 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL. SEQUESTRO DE BENS DE PESSOAS
INDICIADAS POR CRIMES DE QUE RESULTA PREJUÍZO PARA A
FAZENDA PÚBLICA. CONSTRIÇÃO FUNDAMENTADA NO
DECRETO-LEI N.º 3.240/41. MEDIDA ACAUTELATÓRIA QUE
RECAI SOBRE TODOS OS BENS DOS ACUSADOS. RECURSO
DESPROVIDO.
1. A adesão ao Programa de Recuperação Fiscal - Refis implica a
suspensão da pretensão punitiva e não a extinção da punibilidade,
que só ocorre com o pagamento integral dos tributos.
2. No caso, como só houve a suspensão da pretensão punitiva, por
força do art. 9.º da Lei n.º 9.964/00, o levantamento do sequestro
só será possível após o trânsito em julgado de sentença absolutória
ou de extinção da punibilidade, nos termos do art. 141 do Código
de Processo Penal.
3. E, considerando que o sequestro dos bens dos sócios da
empresa, em tese, sonegadora tem como escopo assegurar o
pagamento dos tributos elididos, não há qualquer
desproporcionalidade na duração da medida até a extinção da
punibilidade pelo pagamento integral do débito tributário, ao revés,
tal providência visa assegurar a efetividade da medida
assecuratória.
4. A teor do art. 4.º do Decreto-Lei n.º 3.240/41, o sequestro, para
a constrição de bens de pessoas indiciadas ou já denunciadas por
crimes dos quais resulte prejuízo para a Fazenda Pública, pode
recair sobre todo o patrimônio dos Acusados e compreender os
bens em poder de terceiros, contanto que estes os tenham adquirido
com dolo ou culpa grave.
5. Recurso desprovido.
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(RMS 26.961/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
julgado em 27/03/2012, DJe 09/05/2012).

Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao agravo regimental


interposto por Guilhermo Davies.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2013/0063718-9 PROCESSO ELETRÔNICO RMS 41.541 / RJ
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 00127996320124020000 200551015031430 200951018141251 201202010127997

EM MESA JULGADO: 17/09/2015

Relator
Exmo. Sr. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/PE)
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ÁUREA M. E. N. LUSTOSA PIERRE
Secretário
Bel. MARCELO PEREIRA CRUVINEL

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : GUILHERMO DAVIES
ADVOGADOS : NILO BATISTA
ANDRÉ FILGUEIRA DO NASCIMENTO
WAGNER AUGUSTO DE MAGALHÃES
MATHEUS TESSARI CARDOSO
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

ASSUNTO: DIREITO PROCESSUAL PENAL - Medidas Assecuratórias - Indisponibilidade / Seqüestro


de Bens

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : GUILHERMO DAVIES
ADVOGADOS : NILO BATISTA
ANDRÉ FILGUEIRA DO NASCIMENTO
WAGNER AUGUSTO DE MAGALHÃES
MATHEUS TESSARI CARDOSO
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."
Os Srs. Ministros Felix Fischer, Gurgel de Faria, Reynaldo Soares da Fonseca e Newton
Trisotto (Desembargador Convocado do TJ/SC) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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