Você está na página 1de 5

Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.194.693 - PR (2009/0104814-3)

RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO


AGRAVANTE : BANCO ITAÚ S/A
ADVOGADO : EVARISTO ARAGAO FERREIRA DOS SANTOS E OUTRO(S)
AGRAVADO : MARIA DE LOURDES BELO NOGUEIRA
ADVOGADO : HEROLDES BAHR NETO
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL


EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL.
CAUTELAR. MÚTUO. DESCONTOS EM CONTA CORRENTE.
LIMITAÇÃO. MULTA COMINATÓRIA. ALEGAÇÃO DE
IRRAZOABILIDADE DO VALOR ARBITRADO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA POR
SEUS PRÓPRIOS E SUFICIENTES FUNDAMENTOS.
1. Em regra, é inadmissível o exame do valor atribuído às astreintes,
tendo em vista que tal providência depende da reavaliação do
contexto fático-probatório inserto nos autos, o que é vedado pela
Súmula 7/STJ. Todavia, o óbice da referida súmula pode ser afastado
em hipóteses excepcionais, quando se verificar a exorbitância ou o
caráter irrisório da importância arbitrada, em flagrante ofensa aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o que, no entanto,
não se observa na hipótese em exame.
2. Agravo regimental a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas,


decide a Quarta Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Maria Isabel Gallotti, João Otávio de
Noronha (Presidente) e Luis Felipe Salomão votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília, 19 de maio de 2011(Data do Julgamento)

MINISTRO RAUL ARAÚJO


Relator

Documento: 1062402 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 07/06/2011 Página 1 de 5
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.194.693 - PR (2009/0104814-3)

RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO


AGRAVANTE : BANCO ITAÚ S/A
ADVOGADO : EVARISTO ARAGAO FERREIRA DOS SANTOS E OUTRO(S)
AGRAVADO : MARIA DE LOURDES BELO NOGUEIRA
ADVOGADO : HEROLDES BAHR NETO

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO RAUL ARAÚJO (Relator): Trata-se de agravo


regimental interposto contra a decisão de fls. 232-236, que conheceu do agravo de
instrumento para negar seguimento ao recurso especial.

Em suas razões, o ora agravante alega, em suma, que: (a) "Se a ordem judicial
já está sendo cumprida e não existiu qualquer forma de oposição ao seu cumprimento, não se
justifica a manutenção da multa diária no valor estabelecido no v. Acórdão" (fl. 257); (b)
"Ao contrário do que entendeu o Il. Ministro Relator, a multa arbitrada em R$ 500,00
(quinhentos reais) se mostra exorbitante" (fl. 257).

Ao final, requer seja reconsiderada a decisão agravada ou, caso contrário,


venha a ser levado o recurso à apreciação da Turma julgadora.

É o relatório.

Documento: 1062402 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 07/06/2011 Página 2 de 5
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.194.693 - PR (2009/0104814-3)

RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO


AGRAVANTE : BANCO ITAÚ S/A
ADVOGADO : EVARISTO ARAGAO FERREIRA DOS SANTOS E OUTRO(S)
AGRAVADO : MARIA DE LOURDES BELO NOGUEIRA
ADVOGADO : HEROLDES BAHR NETO

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO RAUL ARAÚJO (Relator): A irresignação não


merece prosperar.

Verifico que, não tendo os argumentos trazidos pelo recorrente o condão de


infirmar a decisão recorrida, deve ser mantido o decisum ora agravado pelos seus próprios e
suficientes fundamentos, conforme abaixo se expõe:

"Relativamente à revisão do valor da multa imposta, cumpre ressaltar


que o Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido de
que, em regra, é inadmissível o exame do valor atribuído às
astreintes, tendo em vista que tal providência depende da reavaliação
do contexto fático-probatório inserto nos autos, o que é vedado pela
Súmula 7/STJ. Todavia, o óbice da referida súmula pode ser afastado
em hipóteses excepcionais, quando for verificada a exorbitância ou a
irrisoriedade da importância arbitrada, em flagrante ofensa aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade (AgRg no Ag
856.775/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de
31.10.2007; AgRg no Ag 658.626/SC, 4ª Turma, Rel. Min. Carlos
Fernando Mathias - Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região -, DJe
de 17.11.2008).
Entretanto, essa excepcionalidade não ocorreu no caso em exame, na
medida em que o arbitramento da multa diária, em quinhentos reais
(R$ 500,00), não se mostra exorbitante, nem desproporcional à
obrigação imposta."

Ainda nesse sentido, colhem-se os seguintes precedentes:


"ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. FUNDAMENTO
INATACADO. SÚMULA 182/STJ. MULTA. VALOR EXCESSIVO.
ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. MATÉRIA FÁTICA.
EXAME.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. "É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar
especificamente os fundamentos da decisão agravada" (Súmula

Documento: 1062402 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 07/06/2011 Página 3 de 5
Superior Tribunal de Justiça
182/STJ).
2. É deficiente de fundamentação o recurso especial em que a parte
recorrente, após obter do Tribunal de origem a redução do valor da
multa cominatória de R$ 235.000,00 (duzentos e trinta e cinco mil
reais) para R$ 20.000,00 (vinte mil reais), pleiteia nova redução
desse valor apoiado em argumentos genéricos. Incidência da Súmula
284/STF.
3. Somente 'é possível a revisão do valor da multa estipulada pelo
descumprimento da obrigação de fazer quando for aplicada de
forma exorbitante ou irrisória, ou seja, de maneira a não aviltar o
princípio da proporcionalidade; pois, do contrário, como ocorre na
presente hipótese, demanda reexame de matéria fática, vedado nesta
Corte, ante o óbice da Súmula 7/STJ' (AgRg no REsp 1.126.646/SP,
Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, DJe
1º/12/09).
4. Agravo regimental não provido."
(AgRg no Ag 1334203/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/12/2010, DJe
16/12/2010)

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO -


EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - ASTREINTES EXORBITANTES -
NÃO OCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE – RECURSO IMPROVIDO."
(AgRg no Ag 1197399/RS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 13/11/2009)

Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.

É como voto.

Documento: 1062402 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 07/06/2011 Página 4 de 5
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2009/0104814-3 PROCESSO ELETRÔNICO Ag 1194693 / PR

Números Origem: 4464333 446433303 446433304


EM MESA JULGADO: 19/05/2011

Relator
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. HUGO GUEIROS BERNARDES FILHO
Secretária
Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : BANCO ITAÚ S/A
ADVOGADO : EVARISTO ARAGAO FERREIRA DOS SANTOS E OUTRO(S)
AGRAVADO : MARIA DE LOURDES BELO NOGUEIRA
ADVOGADO : HEROLDES BAHR NETO
ASSUNTO: DIREITO DO CONSUMIDOR - Contratos de Consumo - Bancários

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : BANCO ITAÚ S/A
ADVOGADO : EVARISTO ARAGAO FERREIRA DOS SANTOS E OUTRO(S)
AGRAVADO : MARIA DE LOURDES BELO NOGUEIRA
ADVOGADO : HEROLDES BAHR NETO

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto
do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Maria Isabel Gallotti, João Otávio de Noronha (Presidente) e Luis
Felipe Salomão votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 1062402 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 07/06/2011 Página 5 de 5

Você também pode gostar