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Superior Tribunal de Justiça

AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.227.973 - RJ


(2018/0001251-4)

RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR


AGRAVANTE : LUCIANO PADUA BOTECHIA
ADVOGADOS : ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA - ES012184
PAULO ANTONIO PINTO BRAGA - ES026631
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
INTERPOSIÇÃO DE DOIS AGRAVOS REGIMENTAIS. PRECLUSÃO
CONSUMATIVA. UNIRRECORRIBILIDADE. DUPLICIDADE DE
INTIMAÇÕES. PROCESSO ELETRÔNICO. PREVISÃO EXPRESSA
NO ART. 5º DA LEI N. 11.419/2006. PREVALÊNCIA DA
COMUNICAÇÃO VIA PORTAL ELETRÔNICO. MATÉRIA PENAL.
INTERPRETAÇÃO MAIS BENÉFICA AO RÉU NA HIPÓTESE DE
DÚVIDA. TEMPESTIVIDADE AFERIDA. AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA.
ARGUMENTAÇÃO GENÉRICA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 182/STJ.
1. Quando da interposição simultânea de dois agravos regimentais
contra o mesmo ato judicial e pelo mesmo agravante, deve ser
conhecido apenas o primeiro deles, por força do princípio da
unirrecorribilidade e da preclusão consumativa.
2. Em se tratando de processo eletrônico, conforme expressamente
previsto no art. 5º da Lei n. 11.419/2006, deve prevalecer a intimação
via portal eletrônico, em virtude de tal modalidade dispensar a
publicação via Diário da Justiça eletrônico. Precedente: AgInt no AREsp
n. 903.091/RJ, Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma,
DJe 27/3/2017
3. Em se tratando de matéria penal, havendo dúvidas, deve prevalecer a
interpretação que seja mais benéfica ao réu.
4. A impugnação genérica, na qual o agravante deixa de mencionar
qualquer argumento relativo à não incidência dos óbices sumulares
utilizados na decisão agravada, atrai a incidência da Súmula 182/STJ à
espécie.
5. Agravo regimental às fls. 696/706 (Petição n. 117751/2018) não
conhecido e agravo regimental às fls. 685/695 (Petição n.
117615/2018) provido para reconsiderar a decisão da Presidência,
reconhecendo a tempestividade do recurso especial às fls. 613/622.
Agravo em recurso especial não conhecido (art. 253, I, do RISTJ).
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, não conhecer do agravo regimental às fls. 696/706 (Petição n.
117751/2018) e dar provimento ao agravo regimental às fls. 685/695 (Petição n.
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117615/2018) para reconsiderar a decisão da Presidência, reconhecendo a
tempestividade do recurso especial às fls. 613/622; entretanto, com fundamento
no art. 253, I, do RISTJ, não conhecer do agravo em recurso especial. Os Srs.
Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Antonio Saldanha Palheiro
votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis
Moura.
Brasília, 05 de junho de 2018 (data do julgamento).

Ministro Sebastião Reis Júnior


Relator

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(2018/0001251-4)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Trata-se de


agravo regimental interposto por Luciano Padua Botechia contra decisão da
Presidência deste Tribunal que não conheceu do agravo em recurso especial,
ante sua intempestividade (fls. 679/680).

Alega o agravante [...] que a intimação em discussão ocorreu dentro do


sistema eletrônico utilizado por aquela Corte de Justiça. Referido sistema
eletrônico é regido pela Lei Federal n. 11.419/2006, sendo certo que essa, em
seu artigo 5º, expressamente determina que as intimações a serem efetivadas
nos processos eletrônicos por ela regidos, serão realizadas por intermédio do
próprio portal eletrônico. E ainda que, quando não for certificada a leitura do ato
que se pretende dar publicidade, a Parte será considerada intimada 10 dias
após o lançamento da informação no portal (fl. 688). Requer a reforma da
decisão.

Pugna seja reformada a decisão agravada, [...] de modo a conhecer e


prover o agravo em recurso especial, para que, por fim, possa o apelo nobre ser
conhecido e provido (fl. 695).

É o relatório.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR (RELATOR):


De início, observo que a defesa interpôs dois agravos regimentais contra a
decisão que não conheceu do agravo em recurso especial (Petições n.
117615/2018 e 117751/2018). Contudo, pelo princípio da unirrecorribilidade e
pela preclusão consumativa, analisarei apenas do primeiro deles.

Entendo por bem afastar a intempestividade reconhecida na decisão


agravada.

Sobre o tema, não obstante existam julgados em sentido contrário,


coaduno do entendimento segundo o qual, em se tratando de processo eletrônico,
conforme expressamente previsto no art. 5º da Lei n. 11.419/2006, deve
prevalecer a intimação via portal eletrônico, em virtude de tal modalidade de
intimação dispensar a publicação via DJe. Nesse sentido: AgInt no AREsp
903.091/RJ, Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, DJe
27/03/2017.

Ademais, a hipótese versa sobre matéria penal, na qual, havendo


dúvidas, deve prevalecer a interpretação que seja mais benéfica ao réu.

Assim, verificada a tempestividade recursal, dou provimento ao


agravo regimental para reconsiderar a decisão da Presidência, reconhecendo a
tempestividade do recurso especial às fls. 613/622.

Ultrapassada essa questão, passo à análise do agravo às fls. 650/653,


afirmando, desde já, que a insurreição em tela não comporta conhecimento.

A decisão ora agravada inadmitiu o recurso especial, [...] por incidência


das Súmulas 7 e 83 do STJ e 279 do STF (fl. 639).

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Nas razões do agravo, entretanto, a defesa se limita a afirmar que [...]
preencheu todos os requisitos fundamentais exigidos para a interposição do
Recurso Especial (fl. 651), acrescentando que se deve [...] ter em mente o
objetivo maior do recurso especial que é o de assegurar o cumprimento de um
direito constitucional, para que através de uma análise mais profunda de
determinadas questões sejam possíveis chegar à verdadeira Justiça (fl. 652).
Afirma, ainda, que não tendo reproduzido os acórdãos na íntegra, não pode ter
seu direito cerceado mais uma vez, mesmo porque, não se fugiu ao sentido real
do recurso especial (idem).

Como se percebe, as razões do agravo, tal como postas, não


impugnaram os fundamentos da decisão ora agravada, o que atrai a incidência da
Súmula 182/STJ à hipótese em comento.

Com efeito, o agravante nem sequer mencionou, ainda que


genericamente, qualquer argumento relativo à não incidência dos óbices
sumulares utilizados na decisão agravada. Nesse passo, não há como negar a
aplicação analógica da Súmula 182/STJ à espécie.

Em casos similares, em que a argumentação lançada foi


demasiadamente genérica, esta Corte Superior tem aplicado o óbice em
comento:
[...]
3. Em obediência ao princípio da dialeticidade, deve o agravante
demonstrar o desacerto da decisão agravada, não se afigurando
suficiente a impugnação genérica ao 'decisum' combatido.
Precedentes.
[...]
(AgRg no AREsp n. 114.531/PR, Ministro Paulo de Tarso Sanseverino,
Terceira Turma, DJe 17/2/2014 – grifo nosso)

[...]
2. Não se mostra suficiente mera alegação genérica sobre as razões que
levaram à inadmissão do recurso especial, para que se alcance a pretendida
reforma do decisum atacado. A esse respeito: "Com efeito, à luz do princípio
da dialeticidade, que norteia os recursos, deve a parte recorrente impugnar
todos os fundamentos suficientes para manter o acórdão recorrido, de
maneira a demonstrar que o julgamento proferido pelo Tribunal de origem
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merece ser modificado, ou seja, não basta que faça alegações genéricas
em sentido contrário às afirmações do julgado contra o qual se
insurge" (AgRg no Ag 1.056.913/SP, Ministra Eliana Calmon, Segunda
Turma, DJe 26/11/2008).
[...]
(AgRg no AREsp n. 392.653/PB, Ministro Og Fernandes, Sexta Turma,
DJe 3/2/2014 – grifo nosso)

[...]
1. O Tribunal de origem indeferiu o processamento do Recurso Especial
sob o fundamento, dentre outros, de que a verificação da responsabilidade
pela demora na citação demanda reexame de provas (incidência da Súmula
7/STJ).
2. Nesse ponto, a agravante limitou-se a afirmar que não há
discussão sobre matéria de cunho fático. Acontece que essa simples
afirmação caracteriza impugnação genérica à decisão agravada, o que
atrai a incidência da Súmula 182/STJ.
[...]
(AgRg no AREsp n. 97.169/RJ, Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, DJe 13/5/2013 – grifo nosso)

Ante o exposto, não conheço do agravo regimental às fls. 696/706


(Petição n. 117751/2018) e dou provimento ao agravo regimental às fls.
685/695 (Petição n. 117615/2018) para reconsiderar a decisão da Presidência,
reconhecendo a tempestividade do recurso especial às fls. 613/622. Entretanto,
com fundamento no art. 253, I, do RISTJ, não conheço do agravo em recurso
especial.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA

AgInt no
Número Registro: 2018/0001251-4 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 1.227.973 /
RJ
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 00027992520148190065 201724700574 27992520148190065

PAUTA: 05/06/2018 JULGADO: 05/06/2018

Relator
Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro NEFI CORDEIRO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ANA BORGES COELHO SANTOS
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : LUCIANO PADUA BOTECHIA
ADVOGADOS : ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA - ES012184
PAULO ANTONIO PINTO BRAGA - ES026631
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico Ilícito e
Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins

AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : LUCIANO PADUA BOTECHIA
ADVOGADOS : ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA - ES012184
PAULO ANTONIO PINTO BRAGA - ES026631
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, não conheçeu do agravo regimental às fls. 696/706
(Petição n. 117751/2018) e deu provimento ao agravo regimental às fls. 685/695 (Petição n.
117615/2018) para reconsiderar a decisão da Presidência, reconhecendo a tempestividade do
recurso especial às fls. 613/622. Entretanto, com fundamento no art. 253, I, do RISTJ, não
conheceu do agravo em recurso especial.
Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Antonio Saldanha Palheiro
votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

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