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MATÉRIA: PROCESSO PENAL III

PROFESSOR: ROBERTO LAURIA


TURMA 7NNA – 2023.2

RECURSOS NO PROCESSO PENAL


-É o meio legal de se obter nova apreciação da decisão judicial com o fim de
corrigi-la, modificá-la ou confirmá-la.

-Fundamentos:
. Falibilidade humana e o combate ao arbítrio

-Princípios Gerais dos Recursos:


.Taxatividade
Em matéria criminal, não deve ser conhecido recurso especial adesivo interposto
pelo Ministério Público veiculando pedido em desfavor do réu. (STJ. 6ª
Turma.REsp 1595636-RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
2/5/2017 - Info 605).
.Voluntariedade art. 574
A ausência de interposição de recurso pelo defensor, por si só, não é suficiente
para comprovar eventual prejuízo sofrido pelo réu com consequente nulidade
processual. Assim, a ausência da interposição de recurso cabível pelo advogado
do réu, ainda que este seja assistido por defensor público ou dativo, não constitui
falta de defesa, uma vez que, no art. 574, caput, do CPP, é adotado o princípio
da voluntariedade dos recursos. (STJ. 6ª Turma. HC 111393-RS, Rel. Min.
Alderita Ramos de Oliveira, Desembargadora convocada do TJ-PE, julgado em
2/10/2012).
.Unirrecorribilidade
.Non Reformatio in pejus – art. 617-final (Direto/Indireto-Júri)
.Caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio da “non
reformatio in pejus”, a majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese de
recurso exclusivo da defesa. Isso porque, na apreciação de recurso exclusivo da
defesa, o tribunal não pode inovar na fundamentação da dosimetria da pena,
contra o condenado, ainda que a inovação não resulte em aumento da pena final.
(STF. 2ª Turma. RHC 194952 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 13/4/2021 - Info 1013).
.Ofende o enunciado do non reformatio in pejus indireta o aumento da
pena através de decisão em recurso especial interposto pelo Ministério Público
contra rejulgamento de apelação que não alterou reprimenda do acórdão
anterior, que havia transitado em julgado para a acusação e que veio a ser
anulado por iniciativa exclusiva da defesa. Exemplo: sentença condenou o réu a
10 anos de reclusão. Defesa apelou. Tribunal de Justiça reduziu a pena para 9
anos. Essa decisão transitou em julgado para ambas as partes. Defesa impetrou
habeas corpus junto ao STJ, que concedeu a ordem para anular o acórdão do TJ
por ausência de prévia intimação. TJ rejulgou a apelação e manteve a
condenação, fixando a pena em 9 anos (como na primeira vez). Contra este
segundo acórdão o Ministério Público interpôs recurso especial. STJ deu
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provimento ao Resp para aumentar a pena do réu para 10 anos (como na


sentença). Essa decisão do STJ violou o princípio da non reformatio in pejus
indireta considerando que colocou o sentenciado em situação pior do que aquela
que ele tinha antes do habeas corpus. Desse modo, deve ser afastado o
acréscimo da pena (10 anos), restabelecendo-se o segundo acórdão proferido
pelo Tribunal de Justiça no julgamento do recurso de apelação (9 anos). (STJ. 3ª
Seção. RvCr 4853-SC, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador
Convocado do TJ/PE), julgado em 27/11/2019 - Info 663).
.Não caracteriza reformatio in pejus a decisão de tribunal de justiça que,
ao julgar recurso de apelação exclusivo da defesa, mantém a reprimenda
aplicada pelo magistrado de primeiro grau, porém com fundamentos diversos
daqueles adotados na sentença. Não viola o princípio da proibição da reformatio
in pejus a reavaliação das circunstâncias judiciais em recurso de apelação penal,
no âmbito do efeito devolutivo, desde que essa não incorra em aumento de pena.
Não há falar em reformatio in pejus se os motivos expendidos pelo julgador em
sede de apelação exclusiva da defesa não representaram advento de situação
mais gravosa para o réu. (STF. 1ª Turma. RHC 119149/RS, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 10/2/2015 - Info 774 e STF. 1ª Turma. HC 126457/PA, Rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/11/2018 - Info 922).
.Configura inegável reformatio in pejus a correção de erro material no
julgamento da apelação — ainda que para sanar evidente equívoco ocorrido na
sentença condenatória — que importa em aumento das penas, sem que tenha
havido recurso do Ministério Público nesse sentido. Assim, se o juiz cometeu
um erro na sentença ao somar as penas, mas o Ministério Público não recorreu
contra isso, não é possível que o Tribunal corrija de ofício em prejuízo do réu.
STJ. 6ª Turma. HC 250455-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015
(Info 576).
.Fungibilidade - art.579
É possível a aplicação da fungibilidade no uso do recurso de apelação em
detrimento do recurso em sentido estrito, desde que demonstradas a ausência de
má-fé e a tempestividade do instrumento processual. STJ. 5ª Turma. AgRg no
REsp 2011577-GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
27/9/2022 (Info Especial 10).
.Reformatio in melius

-Pressupostos Processuais
Objetivos: .Cabimento (deve estar previsto em lei)
.Adequação
.Tempestividade: art.798,§4º
Não é extemporâneo recurso interposto antes da publicação do acórdão.
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Sob o ângulo da oportunidade, a publicação do acórdão impugnado é elemento


neutro, podendo a parte, ciente da decisão proferida, protocolar o recurso. (STF.
1ª Turma. HC 113826, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018 - Info
897).

Subjetivos: .Interesse Jurídico: art. 577, parágrafo único


Súmula 705 do STF: A renúncia do réu do direito a apelação, manifestada sem a
assistência do defensor, não impede o conhecimento de apelação por esse
interposta.
.Legitimidade para recorrer: art. 577, caput

-Efeitos: Devolutivo – Suspensivo – Extensivo (art.580) – Regressivo


Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público.
O art. 580 do CPP afirma que, no caso de concurso de agentes, a decisão
favorável que um dos réus conseguir no julgamento do seu recurso poderá ser
aproveitada pelos demais acusados, salvo se a decisão tiver se fundamentado em
motivos que sejam de caráter exclusivamente pessoal. Esse dispositivo não pode
ser aplicado quando: a) o réu que estiver requerendo a extensão da decisão não
participar da mesma relação jurídico-processual daquele que foi beneficiado. O
requerente será, neste caso, parte ilegítima; b) se invoca extensão da decisão
para outros processos que não foram examinados pelo órgão julgador. Isso
porque, neste caso, o que o requerente está pretendendo é obter a transcendência
dos motivos determinantes para outro processo, o que não é admitido pela
jurisprudência do (STF. STF. 1ª Turma. HC 137728 EXTN/PR, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 30/5/2017 - Info 867).

RECURSOS EM ESPÉCIE
APELAÇÃO (art. 593 a 603, CPP)
-Recurso contra decisões definitivas ou com força de definitivas, para o 2º grau,
com o fim de reexame da matéria de mérito, com sua modificação ou não.
-Devolve ao Tribunal o conhecimento integral da ação.
-Cabimento: art. 593
-Quem pode apelar:
. Ministério Público, ou querelante, ou réu, seu procurador ou seu defensor
(art. 577).
.Assistente de acusação: sua atuação depende de sua habilitação ou não.
-Se tiver Habilitado:
.MP recorre: o assistente apenas pode apresentar razões;
.MP não recorre: o assistente pode recorrer e seu prazo de 5
dias inicia imediatamente após a finalização do prazo do MP; (art. 593) - O
prazo para o assistente de acusação habilitado nos autos apelar é de 5 (cinco)
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dias, após a sua intimação da sentença, e terminado o prazo para o Ministério


Público apelar. Incidência do enunciado da Súmula n.º 448 do STF. (STJ. 5ª
Turma. HC 237574/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/11/2012)
Súmula 448 STF: O prazo para o assistente recorrer,
supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do
Ministério Público.
-Se não tiver Habilitado
.MP não recorre: o assistente poderá apresentar o recurso no
prazo de 15 dias, contas a partir da finalização do prazo do MP. (art. 598,
parágrafo único)
-Renúncia e Desistência:
Em caso de divergência na interposição de recurso entre réu e seu defensor, o
que deve prevalecer? Sempre prevalece a vontade que viabiliza o duplo grau de
jurisdição, ou seja, de quem pretende recorrer, seja a defesa técnica, seja o
acusado pessoalmente. (HC n. 712.847/PE, relator Ministro Rogerio Schietti
Cruz, Sexta Turma, julgado em 19/4/2022, DJe de 25/4/2022)
*Sentença que extingue a punibilidade é decisão definitiva, mas por disposição
expressa (taxatividade) cabe recurso em sentido estrito (art. 581, VIII)
-Prazo: .termo de interposição (5 dias – art. 593)
.razões – 8 dias (art. 600). É nulo o julgamento de apelação no qual não
foram apresentadas as razões do recurso. (STJ. 6ª Turma. HC 137100-SE, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 2/10/2012).
.Prazo comum (dois ou mais apelados): art. 600, §3º
.Assistente de acusação: prazo de 3 dias para apresentar razões após o
MP (art. 600, §1º)
-Efeito Suspensivo (art. 597)
-Processamento: art.600
-Remessa ao Tribunal: art. 601
-Cumprimento Provisório Da Pena: impossibilidade, pois só cabe após o trânsito
em julgado da condenação criminal. Esse foi o entendimento do STF exarado no
julgamento das ADCs 43, 44 e 54 que julgaram constitucional o art. 283, CPP.
.OBS: Execução provisória da pena no Tribunal do Júri no caso de condenação
igual ou superior a 15 anos de reclusão (art. 492, I, “e” e §4º - redação dada pela
Lei 13.964/19). O Ministro Presidente do STF, Luiz Fux, deferiu medida
cautelar em suspensão de liminar para derrubar a decisão do desembargador
José Manuel Martinez Lucas, da 1ª Câmara Criminal do TJ-RS, que impediu
quatro réus condenados pelo Tribunal do Júri, em razão do incêndio da Boate
Kiss, serem imediatamente presas pelo crime ocorrido em 2013. (SL 1.504, STF,
de 14.12.2021)
OBS: a constitucionalidade do art. 492, I, "e", §§3º, 4º, 5º e 6º, todos do CPP
ainda se encontra em discussão, visto que as matérias ainda não foram
definitivamente decididas nas ADI’s 6.735 e 6.783.
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Porém, o STJ, na Edição nº 185 da Jurisprudência em Teses, definiu: “10)


Apesar da alteração legislativa promovida pela Lei n. 13.964/2019 no art. 492, I,
e, do Código de Processo Penal - CPP, a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça e do Supremo Tribunal Federal entende que é ilegal a execução
provisória da pena como decorrência automática da condenação proferida pelo
Tribunal do Júri, salvo quando demonstrados os fundamentos da prisão
preventiva.” (AgRg no TP 2998/RS, Rel. Ministro OLINDO MENEZES -
DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA
TURMA, julgado em 21/09/2021, DJe 27/09/2021. HC 649103/ES, Rel.
Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
03/08/2021, DJe 12/08/2021. HC 538491/PE, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 04/08/2020, DJe 12/08/2020).
OBS: O STF havia formado maioria para reconhecer a constitucionalidade da
imediata execução da condenação imposta pelo corpo de jurados,
independentemente do quantum da pena aplicada, porém o Ministro Gilmar
Mendes, em 06.08.2023, pediu destaque, o que fez com que o julgamento fosse
interrompido e, consequentemente, remetido para sessão presencial do Plenário
do STF, razão pela qual será reiniciado (Tema 1068 - RExt. 1.235.340, relator:
Ministro Roberto Barroso). É importante destacar que esse tema não guarda
relação com nenhuma das ADI’s que questionam dispositivos da Lei do Pacote
Anticrime, especificamente o art. 492, §4º, CPP.

- Procedimento: art. 609 a 618


-Apelação das decisões do Tribunal do Júri:
.Fundamentação Vinculada: art. 593, III, CPP - a) ocorrer nulidade
posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei
expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à
aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados
manifestamente contrária à prova dos autos.
.Quando poderá haver a retificação da sentença proferida pelo Tribunal do
Júri? - Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir
das respostas dos jurados aos quesitos; - Quando houver erro ou injustiça no
tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança.
.Novo Julgamento: Quando a decisão dos jurados manifestamente
contrária à prova dos autos.
.É possível a interposição de recurso de apelação por decisão
manifestamente contrária a prova dos autos quando os jurados absolveram o réu
por clemência, respondendo positivamente ao terceiro quesito (O jurado absolve
o acusado?)? Essa questão foi afetada como esse de repercussão geral e será
decidida pelo STF através do ARE 1225185 RG, Relator(a): GILMAR
MENDES.
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.Decisão manifestamente contrária a prova dos autos e determinação para


novo julgamento: “A reversão de seu veredito somente é cabível quando
completamente dissociado e contrário às provas dos autos. Se, por outro lado,
são apresentadas duas versões em plenário e os jurados optam por uma delas, é
inviável o controle judicial com espeque no art. 593, III, "d", do CPP. [...] Para
anular o veredito, o Tribunal local avocou para si a tarefa de valorar,
amplamente, todos os elementos probatórios, mas sem demonstrar que o
argumento da defesa não encontraria suporte em nenhuma das provas dos autos.
Em outras palavras, não basta que o Tribunal aponte elementos de prova
favoráveis à argumentação do Parquet; para se anular um veredito favorável ao
réu, é preciso que os julgadores expliquem que a tese defensiva não corresponde
a nenhum elemento de prova, e isso não foi feito pelo TJ/PA. Se estivéssemos
diante de outro crime, certamente seria válida a valoração sobre as provas feita
pela Corte local. No entanto, no específico caso de homicídio, é ao júri que cabe
o ônus de examinar as provas e sobre elas decidir.” RECURSO ESPECIAL Nº
1970178 – PA, Relator Ministro Ribeiro Dantas.

Temas da Jurisprudência:
.É possível a realização de emendatio libelli em segunda instância no
julgamento de recurso exclusivo da defesa, desde que não gere reformatio in
pejus, nos termos do art. 617 do CPP. Como a pena foi mantida pelo Tribunal,
não houve prejuízo ao réu. STF. 2ª Turma. HC 134872/PR, Rel. Min. Dias
Tóffoli, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
.Súmula 453 - Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo
único do código de processo penal, que possibilitam dar nova definição jurídica
ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita
ou implicitamente, na denúncia ou queixa.
.É possível que o Tribunal, ao julgar um recurso, mantenha a sentença do
juiz fazendo a suplementação da fundamentação da dosimetria e da fixação do
regime de cumprimento de pena, sempre que não haja agravamento da pena do
réu. Isso é possível em razão do efeito devolutivo amplo de recurso de apelação,
não se configurando reformatio in pejus. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
425.361/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018.
.No julgamento de apelação interposta pelo Ministério Público contra
sentença de absolvição sumária, o Tribunal não poderá analisar o mérito da ação
penal para condenar o réu. Isso viola os princípios do juiz natural, do devido
processo legal, da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição. STJ. 6ª Turma.
HC 260188-AC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 8/3/2016 (Info 579).

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (art. 581 a 592)


- É um recurso que serve para impugnar as decisões interlocutórias prolatadas
no curso do processo.
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- Interlocutória Simples: são as que solucionam questões relativas a marcha


processual.
- Interlocutória Mista: são aquelas que encerram uma etapa do procedimento
processual ou o próprio processo.
- Recurso Exaustivo (cabimento – rol taxativo): art. 581
- OBS: art. 581, incisos XVII, XIX a XXIV – recurso cabível é Agravo da
LEP.
- Nova hipótese de cabimento: recusar homologação à proposta de ANPP
(inciso XXV).
- Terá efeito suspensivo somente no caso do art. 584
- Prazo: 5 dias para a interposição (art. 586) e 2 dias para as razões (art. 588)
- Juízo de retratação: art. 589
- Remessa para o Tribunal em caso de não retratação: art. 591
Procedimento: art. 609 a 618
Jurisprudência:
- Caracteriza erro grosseiro a interposição de apelação contra decisão que
desclassificou o crime determinando a remessa dos autos ao Juizado Especial
Criminal. Logo, se a parte interpôs apelação, em vez de RESE, não pode ser
aplicado o princípio da fungibilidade. STJ. 6ª Turma. REsp 611877-RR, Rel.
originário Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 17/4/2012.
- As hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito trazidas pelo art. 581
do CPP são: - exaustivas (taxativas); - admitem interpretação extensiva; - não
admitem interpretação analógica. A decisão do juiz que revoga a medida
cautelar diversa da prisão de comparecimento periódico em juízo (art. 319, I, do
CPP) pode ser impugnada por meio de RESE? SIM, com base na intepretação
extensiva do art. 581, V. O inciso V expressamente permite RESE contra a
decisão do juiz que revogar prisão preventiva. Esta decisão é similar ao ato de
revogar medida cautelar diversa da prisão. Logo, permite-se a interpretação
extensiva neste caso. Em suma: é cabível recurso em sentido estrito contra
decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão. STJ. 6ª Turma. REsp
1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2016 (Info
596).
- Pode ser conhecida como recurso em sentido estrito a apelação erroneamente
interposta contra decisão que julga inepta a denúncia, com a condição de que,
constatada a ausência de má-fé, tenha sido observado o prazo legal para a
interposição daquele recurso e desde que o erro não tenha gerado prejuízo à
parte recorrida no que tange ao processamento do recurso. STJ. 5ª Turma. REsp
1182251-MT, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 5/6/2014 (Info 543).
- É cabível RESE para impugnar decisão que indefere produção antecipada de
prova, nas hipóteses do art. 366 do CPP. A decisão que indefere a produção
antecipada de provas com base no art. 366 deve ser encarada, para fins de
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recurso, como sendo uma decisão que “ordena a suspensão do processo” e, além
disso, determina se haverá ou não a produção das provas. Logo, enquadra-se no
inciso XVI do art. 581 do CPP. STJ. 3ª Seção. EREsp 1630121-RN, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/11/2018 (Info 640).

EMBARGOS INFRINGENTES (art. 609, parágrafo único)


- Cabimento: Quando não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu. São cabíveis apenas contra julgamento de recurso em
sentido estrito e apelação.
- Prazo: 10 (dez) dias.
- Legitimidade: recurso exclusivo da defesa.
- Se a decisão não unânime for apenas parcial, havendo unanimidade quanto à
solução de outras questões, a defesa deverá opor os embargos apenas em relação
a essa parte. Ex: Apelação que trata sobre matéria X e Y, o Tribunal é unânime
quanto a matéria X, mas quanto a Y é divergente, logo, cabe embargos
infringentes apenas acerca da matéria Y.
- Vale ressaltar que a defesa poderá, também, interpor o recurso eventualmente
cabível (RExt e/ou RESP), concomitantemente em relação às demais matérias
que foram julgadas a unanimidade. A apreciação do RExt e RESP deverá ser
posterior ao julgamento dos Embargos Infringentes.
- A doutrina faz uma diferenciação entre EMBARGOS INFRINGENTES e
EMBARGOS DE NULIDADE:
- Embargos Infringentes: voto vencido tem por objeto da divergência uma
questão de mérito.
- Embargos de Nulidade: voto vencido tem por objeto divergência sobre
questão processual.
Súmula 207-STJ: É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos
infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.
Súmula 354-STF: Em caso de embargos infringentes parciais, é definitiva a
parte da decisão embargada em que não houve divergência na votação.
Súmula 355-STF: Em caso de embargos infringentes parciais, é tardio o recurso
extraordinário interposto após o julgamento dos embargos, quanto a parte da
decisão embargada que não fora por eles abrangida.
Jurisprudência:
- Em regra, cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão
condenatória proferida pelas Turmas do STF, desde que 2 Ministros tenham
votado pela absolvição. Neste caso, o placar terá sido 3 x 2, ou seja, 3 Ministros
votaram para condenar e 2 votaram para absolver. Excepcionalmente, se a
Turma, ao condenar o réu, estiver com quórum incompleto, será possível aceitar
o cabimento dos embargos infringentes mesmo que tenha havido apenas 1 voto
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absolutório. Isso porque o réu não pode ser prejudicado pela ausência do
quórum completo. STF. Plenário. AP 929 ED-2º julg-EI/AL, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 17/10/2018 (Info 920)
- Cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão
condenatória proferida em sede de ação penal de competência originária das
Turmas do STF. O requisito de cabimento desse recurso é a existência de dois
votos minoritários absolutórios em sentido próprio. Voto absolutório em sentido
próprio: significa que o Ministro deve ter expressado juízo de improcedência da
pretensão executória. STF. Plenário. AP 863 EI-AgR/SP, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 18 e 19/4/2018; HC 152707/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 18 e 19/4/2018 (Info 898).
- A divergência estabelecida na fixação da dosimetria da pena não enseja o
cabimento de embargos infringentes no STF. STF. Plenário. AP 470 EI-décimos
quartos-AgR/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 13/2/2014 (Info 735).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 619 e 620)


- Recurso interposto para o mesmo órgão prolator da decisão para dirimir
ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão de toda e qualquer
decisão.
- Prazo: 2 dias (arts. 382 e 619).
- Pode ser interposto tanto pela acusação quanto pela defesa.
- É necessário que seja indicado o ponto conflitante da sentença, se não o for,
pode ser rejeitado liminarmente, e dessa decisão não cabe recurso (art. 620,
§2º).
- Interrompe o prazo recursal para os demais recursos.
- Cumpre ressaltar que, com a vigência do CPC/2015, atualmente, cabe
embargos de declaração contra toda e qualquer decisão (art. 1022, CPC) e
não somente contra acórdão, como enuncia o CPP. Aplica-se o CPC, nesse
caso, com base no art. 3º, CPP.
- Possibilidade de efeitos infringentes.
- Jurisprudência:
- Os segundos embargos declaratórios só podem ser admitidos quando o vício
a ser sanado tenha surgido pela primeira vez no julgamento dos anteriores.
Assim, se os segundos embargos de declaração são manifestamente
incabíveis, eles não produzem o efeito interruptivo, de modo que o prazo
para impugnações ao julgado atacado segue fluindo até seu termo final,
devendo ser certificado o trânsito em julgado, além da possibilidade de
fixação de multa por conta do manifesto intuito protelatório do recurso. STF.
Plenário. ARE 913264 RG-ED-ED, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
24/03/2017. STF. Plenário. ARE 654432 ED-ED, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 05/10/2018.
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- Caracterizam-se como protelatórios os embargos de declaração que visam


rediscutir matéria já apreciada e decidida pela Corte de origem em
conformidade com súmula do STJ ou STF ou, ainda, precedente julgado pelo
rito dos recursos repetitivos ou da repercussão geral. STJ. 2ª Seção. REsp
1410839-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 14/5/2014 (recurso
repetitivo) (Info 541).
- Embargos de Declaração manifestamente protelatórios: não enseja a
aplicação do efeito interruptivo e a decisão embargada transita em julgado,
caso não haja interposição de recurso concomitantemente ao próprio ED.
- Súmula 98-STJ: Embargos de declaração manifestados com notório
propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório. OBS: Existe
uma exceção a essa súmula: se a parte opuser embargos contra acórdão que
esteja em conformidade com súmula do STJ ou STF ou, ainda, com
precedente julgado pelo rito dos recursos repetitivos ou repercussão geral,
esses embargos serão considerados protelatórios mesmo que tenham sido
interpostos com objetivo de prequestionamento. STJ. 2ª Seção. REsp
1.410.839-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 14/5/2014 (recurso
repetitivo) (Info 541).
- OBS: É de 5 dias (art. 1023, CPC/2015) — e não de 2 dias (art. 619 do CPP)
— o prazo para a oposição, por quem não seja parte na relação processual
penal, de embargos de declaração contra acórdão que julgou agravo de
instrumento manejado em face de decisão, proferida por juízo criminal, que
determinara, com base no art. 3º do CPP, o pagamento de multa diária
prevista no CPC em razão de atraso no cumprimento de ordem judicial de
fornecimento de informações decorrentes de quebra de sigilo no âmbito de
inquérito policial. STJ. 6ª Turma. REsp 1455000-PR, Rel. originária Min.
Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 19/3/2015 (Info 559).
- É manifesto o prejuízo causado pelo julgamento, por órgão colegiado, de
embargos declaratórios opostos contra decisão monocrática, pois
desrespeitou a competência legalmente estabelecida para o julgamento do
recurso (art. 1.024, § 2º, do CPC) e inviabilizou o exaurimento da jurisdição
ordinária (Súmula 281 do STF). STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 2.173.912-
RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/3/2023 (Info 770).
- Embargos de Declaração manifestamente protelatórios: Não obstante na
esfera penal não ser viável a fixação de multa por litigância de má-fé, é
possível, até mesmo antes do trânsito em julgado da condenação, a baixa dos
autos à origem, independentemente da publicação do acórdão recorrido.
(STJ. Corte Especial. EDcl nos EDcl no AgRg no RE nos EDcl no AgRg no
AREsp 1442541/AC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/4/2022 - Info
750). O STF possui julgados afirmando que é possível sim a aplicação da
multa: A utilização indevida das espécies recursais no processo penal
MATÉRIA: PROCESSO PENAL III
PROFESSOR: ROBERTO LAURIA
TURMA 7NNA – 2023.2

desvirtua o postulado da ampla defesa e configura abuso do direito de


recorrer, sendo permitido, em tais casos, a fixação de multa por litigância de
má-fé. (STF. 2ª Turma. HC 192814 AgR/RJ, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 16/11/2020).

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