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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Proc. Resp em apelação 2011.01.1.202584-8

CONDOMÍNIO DO EDIFICIO PORTO SEGURO já devidamente qualificado nos autos


em epígrafe, vem perante Vossa Excelência por intermédio de seu advogado já
devidamente constituído, requerer a juntada de

CONTRARRAZÕES

DE AGRAVO

Interposto por PERFECTA CONSTRUTORA LTDA ME pelas razões de fato e direito a


seguir delineadas.

Nesses Termos, Pede Deferimento

Brasília, 25 de maio de 2016.

FERNANDO LUIZ CARVALHO DANTAS PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES


OAB/DF nº 22.588 OAB/DF nº 19.336

RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS


OAB/DF Nº 36.086
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MINISTROS DO COLENDO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CONTRARRAZÕES DE AGRAVO

I – BREVE RELATO DOS FATOS

Excelências, o caso em comento trata de ação de ordinária movida pela


empresa Perfecta Construtora Ltda – ME em face do Condomínio agravado na qual
pleiteou a condenação do réu ao pagamento de R$ 355.329,56 (trezentos e
cinquenta e cinco mil trezentos e vinte e nove reais e cinquenta e seis centavos).
Após a citação do Condomínio, foram apresentadas contestação e reconvenção, nas
quais se aduziu a ocorrência de prejuízos decorrentes do abandono da obra pela
empresa requerente no montante de R$ 321.230,41 (trezentos e vinte mil duzentos
e trinta reais e quarenta e um centavos).

O valor pretendido na reconvenção referia-se aos danos materiais decorrentes


do total das despesas efetivadas pelo autor na execução de obra de recuperação da
fachada do edifício. Tal recuperação foi realizada em razão da apresentação de
defeito encontrado na obra abandonada pela empresa requerente.

O juízo de primeiro grau julgou parcialmente improcedente a inicial da


Agravante e julgou totalmente procedente o pedido carreado na reconvenção. Em
face da referida sentença foram interpostos recursos de apelação por ambas as
partes, cujo acórdão teve a seguinte ementa:

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE


DANOS. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE REFORMA. REALIZAÇÃO DE
OBRAS EM CONDOMÍNIO. AGRAVO RETIDO NÃO PROVIDO. INEXISTÊNCIA DE
CERCEAMENTO DE DEFESA. DESNECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE NOVA PROVA
PERICIAL. CULPA DA CONSTRUTORA. INADIMPLÊNCIA POR ATRASO DA EXECUÇÃO
DA OBRA E MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. BOA-FÉ OBJETIVA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS, CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS. PRINCIPIO DA CAUSALIDADE.
1. O art. 130 do Código de Processo Civil permite ao juiz condutor do processo
determinar a realização das provas necessárias à instrução processual ou indeferir
aquelas reputadas inúteis para o julgamento da lide.

2. Não configura cerceamento de defesa o julgamento da causa sem a produção de


determinada prova requerida, quando o juiz de origem entender substancialmente
instruído o feito, declarando a existência de provas suficientes para seu convencimento.

3. A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) visa


impedir que uma das partes, após gerar uma expectativa na outra, aja de forma
incoerente com a conduta anterior.

4. Na hipótese, o comportamento da construtora é manifestamente contraditório, pois,


ainda que houvesse justificativa para o atraso na conclusão do serviço contratado,
também seria necessário também questionar se a obrigação adimplida estava adequada
à finalidade do contrato.

5. Considerando que os pedidos da reconvenção foram julgados procedentes, deve a


parte sucumbente ser condenada ao pagamento de honorários advocatícios, custas e
despesas processuais correspondentes, inclusive o ressarcimento dos honorários
periciais, em razão do princípio da causalidade.

6. Agravo Retido e Apelação da Autora-reconvinda conhecidos, mas não providos.


Apelação do Réu-reconvinte conhecida e provida. Unânime.

(Acórdão n.920226, 20110112025848APC, Relator: FÁTIMA RAFAEL, Revisor: MARIA


DE LOURDES ABREU, 3ª Turma Cível, Data de Julgamento: 17/02/2016, Publicado no
DJE: 22/02/2016. Pág.: 195)

Publicado o referido acórdão, a ora recorrente deixou de interpor recurso de


embargos de declaração, mas interpôs Recurso Especial em 04.03.2016, pelas
alíneas “a” e “c” do inciso III do art. 105 da CF, no qual aduziu que o insucesso da
demanda pela recorrente se deu por ter sido equivocado o laudo pericial e, ainda,
que seu teve negado o pleito de nova pericia.

Aduz que o acórdão recorrido violou os artigos 330,I; 332; 333,I; 435; 437 e
438 do CPCP por cerceamento de defesa. Afirma que o indeferimento de nova
pericia judicial acarretou em cerceamento de defesa e que o laudo produzido não foi
suficiente para elucidar a questão. Aduz que a perícia deveria envolver outra área
de conhecimento além da engenharia civil, qual seja contador habilitado para a
realização dos cálculos, análise do contrato e apuração dos haveres e deveres das
partes. Sem razão a recorrente conforme a seguir disposto.

Em decisão proferida por este TJDFT foi indeferido o processamento do recurso


especial no dia 04.05.2016, que dispôs:

DECISÃO
I - Trata-se de recurso especial interposto com fundamento no artigo 105, inciso III,
alínea "a", da Constituição Federal, contra acórdão proferido pela Terceira Turma Cível
deste Tribunal de Justiça, cuja ementa é a seguinte:

(...)

A recorrente aponta violação aos artigos 330, inciso I, 332, 333, inciso I, 435 e 438,
todos do Código de Processo Civil/1973, alegando cerceamento de defesa, porquanto
necessária para o deslinde da controvérsia, a realização da perícia requerida.

Tendo em vista que o acórdão recorrido foi publicado antes da entrada em vigor do
CPC/2015, analiso o recurso com base no Código de Processo Civil/1973, em
observância ao Enunciado administrativo número 2, do Superior Tribunal de Justiça,
aprovado em sessão do Pleno realizada em 16/3/2016.

II - O recurso é tempestivo, regular o preparo, as partes são legítimas e está presente o


interesse recursal.

Passo ao exame dos pressupostos constitucionais de admissibilidade.

O recurso especial não merece prosseguir, pois de acordo com a jurisprudência do


Superior Tribunal de Justiça, "não configura cerceamento de defesa o julgamento da
causa sem a produção da prova solicitada pela parte quando devidamente
demonstrada, pelas instâncias de origem, que o feito se encontrava suficientemente
instruído, afirmando-se a presença de dados bastantes à formação do seu
convencimento" (AgRg no AREsp 786.791/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, DJe 9/12/2015).

Assim, "Estando o acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência do STJ,


aplica-se a Súmula n. 83 do STJ." (AgRg no AREsp 198.356/SP, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, DJe 10/12/2015).

Ademais, o recurso não mereceria prosseguir, pois a Turma Julgadora após sopesar
todo o acervo probatório coligido aos autos, entendeu pela existência de provas
suficientes para o seu convencimento. Assim, rever tal assertiva encontraria óbice no
enunciado 7 da Súmula do STJ.

III - Ante o exposto, INDEFIRO o processamento do recurso especial.

Publique-se.

Inconformado com a decisão que indeferiu o processamento do Resp


apresentou recurso de agravo no qual não ataca a decisão acima referida e somente
repete o que dispôs em seu Recurso Especial.

II – DO MÉRITO DO AGRAVO

O Resp foi adequadamente julgado como inadmissível. Na verdade a agravante


pretende um novo julgamento da apelação por estar inconformada com o decisão do
TJDFT.
A empresa tenta, neste último suspiro, afastar a sua responsabilidade para
com os seus consumidores através de tentativa de uma verdadeira reanálise dos
fatos judicialmente atestados.

Vejamos:

a) Da incidência da súmula 07 do STJ

Ante a sua não concordância com o resultado do laudo pericial,


infundadamente, procura a agravante a reapreciação de fatos a fim de afastar as
provas lidimamente produzidas nos autos. O que busca o agravante, na verdade, é
rediscutir a conclusão da perícia realizada na presente demanda.

A busca por uma nova conclusão pericial busca, ao fim e ao cabo, um novo
julgamento.

Ademais, a reapreciação dos fatos não é possível na atual fase processual,


tendo em vista a proibição trazida pela súmula n.7 do STJ. O alegado cerceamento
de defesa é apenas pretexto para se buscar alterar o laudo que lhe foi desfavorável.

A insurgência da agravante não dispensa a reapreciação de provas e de


questões factuais. Assim, a pretensão que se revela inviável em face do disposto na
Súmula 07 do STJ.

O acórdão recorrido afirmou corretamente que: “Ademais, nos termos da


jurisprudência do colendo Superior Tribunal de Justiça, não configura cerceamento
de defesa o julgamento da causa sem a produção de prova determinada, quando o
tribunal de origem entender substancialmente instruído o feito, declarando a
existência de provas suficientes para seu convencimento.”

As balizas delimitadas pela Súmula 07 do STJ inviabilizam a reapreciação de


provas e, por conseguinte, não socorrem a pretensão do recorrente em tratar os
vícios construtivos estruturais reconhecidos no laudo pericial, na sentença e no
acórdão, sob a ótica de alegada erronia na valoração da prova.
III - DO PEDIDO

a) O não-provimento do presente agravo nos autos em recurso


especial tendo em vista a impossibilidade de reanálise de fatos, sob
pena de violação à súmula 07;

b) Que o Acórdão do Tribunal a quo seja confirmado, mantendo-se na


íntegra o acórdão do TJDFT que condenou a agravante ao pagamento
da indenização aos condômino.

Nesses Termos,

Pede Deferimento

Brasília, 25 de maio de 2016.

FERNANDO LUIZ CARVALHO PAULO HENRIQUE FRANCO


DANTAS PALHARES

OAB/DF nº 22588 OAB/DF nº 19336

RENATA LELIS RUFINO DOS


SANTOS

OAB/DF Nº 36086

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