Recorrido: XXXXX.
Processo de origem: autos nº xxxxxxxxx, em trâ mite na 6ª Vara Cível - Foro de Barueri.
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
ÍNCLITOS JULGADORES,
I. SÍNTESE DOS FATOS
Trata-se de Agravo Contra Despacho Denegató rio em Recurso Especial, o qual fora
inadmitido por nã o reunir os requisitos de admissibilidade, nã o restando comprovado a
contrariedade a tratados ou lei federal ou negar-lhes vigência e ainda por nã o restar
caracterizada a similitude de situaçõ es com soluçõ es jurídicas diversas entre os vv.
Acó rdã os recorrido e paradigma, conforme preconiza o Art. 105, III, a da Constituiçã o
Federal.
Irresignada a Recorrente persiste na alegaçã o de que nã o restou efetivamente comprovado
a sua qualidade de devedora do montante de R$ 27.436,93. Alegando por fim interpretaçã o
divergente em casos idênticos.
Inconformada pela negativa do seguimento do seu apelo excepcional a Recorrente alega
por fim que o V. despacho denegató rio, trata-se de mero despacho modelo, desprovido de
qualquer fundamentaçã o específica, razã o pela qual deixa de impugnar especificamente
todas as fundamentaçõ es da decisã o. Eis a sínese.
II. PRELIMINAR: DA AUSÊ NCIA DE REGULARIDADE FORMAL DO AGRAVO INTERNO
É cediço que para o juízo de admissibilidade de qualquer modalidade recursal faz-se
necessá rio o preenchimento de determinados requisitos, dentre os quais o da regularidade
formal. Esta constitui ô nus implicado à parte de atacar os fundamentos do acó rdã o
combatido e de expor as razõ es de fato e de direito que fundamentam o pedido de nova
decisã o, observando-se a forma legal segundo a qual o recurso deve se revestir.
Tal exigência é comum a todas as espécies de recursos no processo civil, mormente quando
se está a tratar de irresignaçã o endereçada aos Tribunais Superiores, em face da natureza
excepcional de ditos apelos extremos.
Tanto é assim que, em relaçã o ao Agravo do art. 1.021, do CPC, o Egrégio Superior Tribunal
de Justiça - STJ editou a Sú mula nº 182, cujo enunciado é a afirmaçã o da inviabilidade do
recurso que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisã o agravada.
A mencionada regra também é de observâ ncia obrigató ria no Agravo que impugna decisã o
que inadmite Recurso Especial e/ou Extraordiná rio, nã o sendo digno de acolhimento o
recurso que deixa de refutar os fundamentos que serviram de base para o pronunciamento
da inadmissibilidade no Tribunal a quo. Senã o vejamos:
“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. NÃO
IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO QUE INADMITIU O RECURSO
ESPECIAL. DECISÃ O DE ADMISSIBILIDADE NA ORIGEM QUE NÃ O VINCULA ESTA CORTE.
AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. HONORÁ RIOS RECURSAIS. DESNECESSIDADE DE
TRABALHO ADICIONAL DO ADVOGADO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Para se
viabilizar o conhecimento do agravo em recurso especial, é necessá rio que a parte
agravante impugne especificamente todos os fundamentos da decisã o de inadmissã o, o que
nã o ocorreu na hipó tese em exame. 2. A ausência de impugnação específica, na petição
de agravo em recurso especial, dos fundamentos da decisão que não admite o apelo
especial atrai a aplicação do artigo 932, III, do Código de Processo Civil de 2015. 3. É
dispensada a configuraçã o do trabalho adicional do advogado para a majoraçã o dos
honorá rios na instâ ncia recursal, que será considerado, no entanto, para quantificaçã o de
tal verba. Precedente. 4. Agravo interno a que se nega provimento.” (STJ - AgInt nos EDcl no
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.217.489 - MS (2017/0312672-7), julgado em 07 de
agosto de 2018).
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
NEGATIVO. NECESSIDADE DE IMPUGNAÇÃ O DE TODOS OS FUNDAMENTOS DO TRIBUNAL
DE ORIGEM. SÚ MULA N. 182 DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃ O PROVIDO. 1. É ônus do
agravante impugnar as causas específicas de inadmissão do recurso especial, sob
pena de incidência da Súmula n. 182 do STJ. 2. Na hipó tese, o agravante nada
argumentou sobre a ausência de prequestionamento da matéria, ou seja, nã o demonstrou
especificamente que a questã o foi objeto de debate pelo Tribunal de origem, à luz da
legislaçã o federal indicada, com emissã o de juízo de valor acerca do dispositivo legal
apontado como violado. A simples oposiçã o de embargos de declaraçã o, à época, nã o supria
a falta de prequestionamento. 3. Agravo regimental nã o provido.” (STJ - AgRg no AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL Nº 808.133 - SP (2015/0286291-5),julgado em 22 de março de
2018)
Ora, por simples aná lise no Agravo contrarrazoado resta claro que a Agravante limitou-se
apenas e tã o somente a repetir os argumentos deduzidos nas razõ es do recurso especial,
sem contestar os motivos que levaram o Douto Presidente da Seçã o de Direito Privado da
Egrégia Corte Bandeirante a negar seguimento ao apelo excepcional, quais sejam, a
incidência da sú mula nº 07 do STJ e a ausência de similitude fá tica entre o acó rdã o
paradigma e o recorrido.
Vejam Ínclitos julgadores, preferiu a recorrente afirmar que “data vênia, trata-se de nítido
modelo carente de fundamentação...” ao invés de combater especificamente cada
fundamentaçã o do v. despacho denegató rio.
Notem nobres Desembargadores que a Agravante praticamente reapresenta a minuta do
Recurso Especial, com as mesmas alegaçõ es de inconformismo, desprovida de quaisquer
fundamentaçõ es.
É notó ria que a Agravante nada mais pretende que o embaraço do processo, visto que
claramente confessa seu inconformismo, buscando a reanalise das provas ao dispor:
“Entretanto, não pode ser admitido que a juntada de vultosa documentação, 501/790
seja capaz de comprovar a efetiva prestação de serviço como firmado pelas partes no
contrato.”
Desse modo, por nã o ter a Agravante atacado especificamente os fundamentos da r. decisã o
recorrida, nã o há que ser conhecido o Agravo interposto, em face da ausência de
regularidade formal.
III. DO MÉ RITO
Na hipó tese remota de ultrapassada a preliminar arguida, também no mérito nã o merecem
ser acolhidos os argumentos da Agravante, senã o vejamos:
A decisã o ora recorrida inadmitiu o Recurso Especial sob os seguintes fundamentos:
a) Nã o restou demonstrado a vulneraçã o dos dispositivos arrolados (369 e 373 I do CPC),
tendo em vista que as questõ es de fato e de direito foram atendidas pelo acó rdã o, portanto
nã o houve configuraçã o do cerceamento de defesa, item amplamente fundamentado em
jurisprudência consolidada e ainda com Sú mula da Corte Superior – STJ, analisar
novamente as provas como pretende a Agravante implica no revolvimento da matéria
fá tico-probató ria, providência vedada em face do enunciados das sú mulas 7, do pró prio
STJ;
b) Nã o restou demonstrado a similitude de soluçõ es com decisõ es judiciais diversas ente os
acó rdã os guerreados e o paradigma, o que foi fundamentado em diploma normativo, CPC, e
com jurisprudência. Assim nã o existe similitude fá tica entre o acó rdã o recorrido e o
acó rdã o paradigma a autorizar a admissã o do apelo extremo com base na alínea c do
permissivo constitucional.
Conforme será adiante demonstrado, a r. decisã o aplicou corretamente as disposiçõ es
constitucionais e legais referentes ao recurso Especial, devendo ser mantida pelos seus
pró prios e jurídicos fundamentos.
Da ausência de demonstraçã o de violaçã o aos dispositivos arrolados (artigos 360 e 373, I
do CPC)
No que tange a suposta alegaçã o de violaçã o aos dispositivos normativos a Agravante nã o
logrou êxito em demonstrar tal vulneraçã o, o Douto Relator constatou a ausência da
demonstraçã o de violaçã o, apontando-a, e esclarecendo que a simples alegaçã o de violaçã o
por si só nã o tem o condã o de admitir apelo excepcional. Decisã o acertada e amplamente
fundamentada.
O que se verifica de forma clara e inequivocamente, inclusive a Agravante assim confessa é
a pretensa e descabida reanalise das provas. “Entretanto, não pode ser admitido que a
juntada de vultosa documentação, 501/790 seja capaz de comprovar a efetiva
prestação de serviço como firmado pelas partes no contrato.” Seu inconformismo é
desguarnecido de qualquer fundamentaçã o ou lastro legal, jamais devendo prosperar.
A jurisprudência da Corte Superior é inconteste, visto que encontra-se sumulada, no
sentido de nã o se admitir a simples reanalise de provas em sede de Recurso Especial,
conforme se depreende da Sú mula 7 do STJ. É exatamente o que ocorre no presente caso,
configurando verdadeiro atentado à dignidade da justiça.
Da ausência de similitude de soluções com decisões judiciais diversas ente os
acórdãos guerreados e o paradigma
A Recorrente, além de alegar ofensa à disposiçã o de lei federal, argumenta a ocorrência de
divergência entre a interpretaçã o dada ao acó rdã o recorrido com aquela dada por outro
Tribunal Pá trio.
O recurso especial, interposto com fundamento na alínea c, do inciso III, do artigo 105, da
CR/88, exige, para comprovaçã o do dissídio jurisprudencial, a observâ ncia dos requisitos
previstos pelos arts. 1.029, § 1º, do CPC, e 255, pará grafos 1º e 2º[1] do RISTJ.
In casu, com relaçã o ao dissídio pretoriano, constata-se que a Recorrente nã o atentou para
a exigência prevista no Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça e da legislaçã o
processual civil, mormente no que tange à necessidade da transcriçã o de trechos dos
acó rdã os e o consequente cotejo com a decisã o recorrida, destacando as circunstâ ncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, limitando-se tã o somente a apresentar
quadro com a citaçã o das emendas, sem de fato apontar a similitude.
Com efeito, a simples transcrição da ementa do acórdão paradigma e a afirmação de
que ocorreu divergência entre os arestos não delimita o cerne da impugnação e, por
conseqüência, permite concluir pela inexistência do necessário cotejo analítico.
No escó lio de Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha, “... deve o recorrente
prosseguir no cotejo analítico, transcrevendo trechos do voto do acórdão paradigma e trechos
do voto do acórdão recorrido para, então, confrontá-los, demonstrando que foram adotadas
teses opostas”. (in Meios de impugnaçã o à s decisõ es judiciais e processo nos tribunais,
2006, p. 213).
Desse entendimento nã o discrepa a jurisprudência:
“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊ NCIA
JURISPRUDENCIAL. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. NÃ O-CONFIGURAÇÃ O.
AÇÃ O CIVIL PÚ BLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS.
PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA RECONHECIDA PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM. REEXAME DE MATÉ RIA FÁ TICO-PROBATÓ RIA. IMPOSSIBILIDADE.
SÚ MULA 7/STJ. LIMITES DA CONSTRIÇÃ O. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, DESPROVIDO.
1. É inviável a apreciação de recurso especial fundado em divergência
jurisprudencial quando o recorrente não demonstra o suposto dissídio pretoriano
por meio: (a) da juntada de certidão ou de cópia autenticada do acórdão paradigma,
ou, em sua falta, da declaração pelo advogado da autenticidade dessas; (b) da citação
de repositório oficial, autorizado ou credenciado em que o acórdão divergente foi
publicado; (c) do cotejo analítico, com a transcrição dos trechos dos acórdãos em que
se funda a divergência, além da demonstração das circunstâncias que identificam ou
assemelham os casos confrontados, não bastando, para tanto, a mera transcrição da
ementa e de trechos do voto condutor do acórdão paradigma 5. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido."(STJ, REsp 762.894/GO, Rel. Ministra
DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24.06.2008, DJe 04.08.2008).
Pelo exposto, requer o nã o conhecimento do presente recurso especial.
IV. DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer digne-se Nobre Julgadores:
a) Que seja acolhida a preliminar suscitada, para que nã o seja conhecido o agravo
interposto.
b) Na hipó tese remota de ser conhecido o Agravo, requer que seja negado provimento ao
mesmo, em face da inexistência de violaçã o à legislaçã o infraconstitucional ou de dissídio
jurisprudencial, para que seja mantida incó lume a decisã o que negou seguimento ao
recurso especial interposto pela Requerente.
Termos em que,
Pede deferimento.
Sã o Paulo, 17 de setembro de 2018.
Carilene Ribeiro Barreto
OAB/SP no. 392.864
[1] RISTJ - Art. 255, § 2º. Em qualquer caso, o recorrente deverá transcrever os trechos dos
acó rdã os que configurem o dissídio, mencionando as circunstâ ncias que identifiquem ou
assemelhem os casos confrontados.