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APRESENTAÇÃO PESSOAL
SUMÁRIO
9.1.1 REQUISITOS 17
9.1.2 LEGÍTIMA DEFESA 18
9.1.3 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 18
9.1.4 EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 19
10.0 CULPABILIDADE 19
1 0.1 TEORIAS 19
CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE PENAL (EXCLUSÃO DA IMPUTABILIDADE) 20
1 7. 3 REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO 31
1 7. 4 RECONVERSÃO 31
1 7. 5 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 31
1 7.6 ESPÉCIES DE PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 32
24.0 PRESCRIÇÃO 40
24 .1 PRESCRIÇÃO COM BASE NA PENA EM CONCRETO 41
26.0 FURTO 44
26 .1 TÓPICOS IMPORTANTES SOBRE O CRIME DE FURTO 45
27.0 ROUBO 45
TÓPICOS IMPORTANTES SOBRE O LATROCÍNIO 46
2 8 .0 EXTORSÃO 47
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (MAJORANTES) 47
EXTORSÃO QUALIFICADA PELO RESULTADO 47
SEQUESTRO-RELÂMPAGO (ART. 158, §3º, DO CP) 47
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 48
29.0 DANO 48
31.0 ESTELIONATO 50
3 1.1 ESTELIONATO ENVOLVENDO ATIVOS VIRTUAIS (ART. 171-A DO CP) 50
3 1. 2 TÓPICOS IMPORTANTES 50
3 1. 3 ESTELIONATO “PREVIDENCIÁRIO” 51
32.0 RECEPTAÇÃO 51
1 .1 CONCEITO
Normas que, extraídas da Constituição Federal, servem como • Pena de caráter perpétuo
base interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do • Pena de trabalhos forçados
sistema jurídico brasileiro. Possuem força normativa, devendo ser • Pena de banimento
• Penas cruéis
respeitadas, sob pena de inconstitucionalidade da norma que os
OBS.: Trata-se de cláusula pétrea.
contrariar. Em resumo:
Presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade)
Legalidade - Uma conduta não pode ser considerada criminosa
– Ninguém pode ser considerado culpado se ainda não há sentença
se antes de sua prática (anterioridade) não havia lei formal (reserva
penal condenatória transitada em julgado.
legal) nesse sentido. Pontos importantes:
• Uma regra probatória (regra de julgamento) - Desse princípio
• O princípio da legalidade divide-se em “reserva legal”
decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou
(necessidade de Lei formal) e “anterioridade” (necessidade de que
ofendido, conforme o caso).
a Lei seja anterior ao fato criminoso).
• Uma regra de tratamento - Desse princípio decorre, ainda,
• Normas penais em branco não violam tal princípio.
que o réu deve ser, a todo momento, tratado como inocente.
• Lei penal não pode retroagir, sob pena de violação à
anterioridade. EXCEÇÃO: poderá retroagir para beneficiar o réu. Dimensão interna – O agente deve ser tratado dentro do
• Somente Lei formal pode criar condutas criminosas e cominar processo como inocente.
penas. OBS.: Medida Provisória pode descriminalizar condutas e Dimensão externa – O agente deve ser tratado como inocente
tratar de temas favoráveis ao réu (há divergências, mas isso é o FORA do processo, ou seja, o fato de estar sendo processado não
que prevalece no STF). pode gerar reflexos negativos na vida do réu.
Individualização da pena – Ocorre em três esferas: OBS.: O STF, que havia relativizado o princípio (autorizando
• Legislativa - Cominação de punições proporcionais à gravidade
a execução provisória de pena a partir de condenação em segunda
dos crimes e com o estabelecimento de penas mínimas e máximas.
instância), voltou a seu entendimento clássico, estabelecendo que
• Judicial - Análise, pelo magistrado, das circunstâncias do
a presunção de inocência vai até o trânsito em julgado (e, só a partir
crime, dos antecedentes do réu, etc.
• Administrativa – Ocorre na fase de execução penal, daí, admite-se execução da pena criminal).
oportunidade em que serão analisadas questões como progressão Desse princípio decorre que o ônus da prova cabe ao acusador.
de regime, livramento condicional e outras. O réu é, desde o começo, inocente, até que o acusador prove sua
Intranscendência da pena – Ninguém pode ser processado culpa.
e punido por fato criminoso praticado por outra pessoa. Isso não Pontos importantes:
impede que os sucessores do condenado falecido sejam obrigados • A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no
a reparar os danos civis causados pelo fato. curso do processo) não ofende a presunção de inocência.
• Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do
OBS.: A multa não é “obrigação de reparar o dano”, pois não se
acusado NÃO podem ser considerados maus antecedentes (nem
destina à vítima. A multa é espécie de PENA,
circunstâncias judiciais desfavoráveis). – Súmula 444 do STJ
e não pode ser executada contra os sucessores.
• Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo
Limitação das penas (ou humanidade) – Determinadas crime) para que o condenado sofra regressão de regime (pela
espécies de sanção penal são vedadas. São elas: prática de novo crime).
• Pena de morte. EXCEÇÃO: no caso de guerra declarada • Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo crime)
(crimes militares) para que haja revogação da suspensão condicional do processo.
Princípio da Alteridade - O fato deve causar lesão a um bem Princípio da Proporcionalidade - As penas devem ser aplicadas
jurídico de terceiro. Desse princípio decorre que o DIREITO PENAL de maneira proporcional à gravidade do fato. Além disso, as penas
NÃO PUNE A AUTOLESÃO. devem ser cominadas de forma a dar ao infrator uma sanção
Princípio da Ofensividade - Não basta que o fato seja proporcional ao fato abstratamente previsto.
formalmente típico, é necessário que esse fato ofenda, de maneira Princípio da Confiança - Todos possuem o direito de atuar
grave, o bem jurídico pretensamente protegido pela norma penal. acreditando que as demais pessoas irão agir de acordo com as
Princípio da Adequação Social – Uma conduta, ainda que normas que disciplinam a vida em sociedade. Ninguém pode ser
tipificada em lei como crime, quando não afrontar o sentimento punido por agir com essa expectativa.
social de Justiça, não é crime (em sentido material). Princípio da Insignificância (ou da bagatela) - As condutas que
Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal - Nem todos não ofendam significativamente os bens jurídico-penais tutelados
os fatos considerados ilícitos pelo direito devem ser considerados não podem ser consideradas criminosas (em sentido material). A
uma infração penal, somente aqueles que atentem contra bens aplicação desse princípio afasta a tipicidade MATERIAL da conduta.
jurídicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. Pontos importantes:
Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal - O Direito • Descaminho – Cabe aplicação do princípio da insignificância.
Penal não deve ser usado a todo momento, mas apenas como PATAMAR: R$ 20.000,00.
• Reincidência – Há divergência jurisprudencial. STF: apenas a
uma ferramenta subsidiária, quando os demais ramos do Direito se
reincidência específica é capaz de afastar a aplicação do princípio
mostrarem insuficientes.
da insignificância (há decisões em sentido contrário).
Princípio da Intervenção Mínima (ou Ultima Ratio) -
• Contrabando – Em regra, não se aplica o princípio da
Decorre do caráter fragmentário e subsidiário do Direito Penal. A insignificância, salvo se se tratar de:
criminalização de condutas só deve ocorrer quando se caracterizar • Pequena quantidade de medicamento para uso
como meio absolutamente necessário à proteção de bens jurídicos próprio.
ou à defesa de interesses cuja proteção, pelo Direito Penal, seja • Contrabando de cigarros quando a quantidade
absolutamente indispensável à coexistência harmônica e pacífica da apreendida não ultrapassar 1.000 (mil) maços (STJ - Tema
repetitivo 1143).
sociedade.
• Crimes com violência ou grave ameaça à pessoa – Inaplicável
Princípio do ne bis in idem – Ninguém pode ser punido
o princípio da insignificância.
duplamente pelo mesmo fato. Ninguém poderá, sequer, ser
• Crimes ou contravenções praticados contra a mulher no
processado duas vezes pelo mesmo fato. Não se pode, ainda, âmbito das relações domésticas –
utilizar o mesmo fato, condição ou circunstância duas vezes (como Inaplicável o princípio da insignificância (súmula 589 do STJ).
qualificadora e como agravante, por exemplo). • Moeda falsa – Inaplicável o princípio da insignificância.
REGRA – Princípio da atividade: a lei é aplicada aos fatos praticados durante sua vigência.
EXCEÇÃO: Extra-atividade da lei penal benéfica. Duas formas:
• RETROATIVIDADE da lei penal benéfica – Lei nova mais benéfica retroage, de forma que será aplicada aos fatos criminosos praticados
antes de sua entrada em vigor.
• ULTRA-ATIVIDADE da lei penal benéfica – Lei mais benéfica, • Quando a lei nova, simultaneamente, insere esse fato dentro
quando revogada, continua a reger os fatos praticados durante sua de outro tipo penal.
vigência. • Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta está
Abolitio criminis – Lei nova passa a não mais considerar a prevista como crime em outro tipo penal.
conduta como criminosa (descriminalização da conduta). OBS.: Faz cessar a pena e os efeitos penais da condenação.
Continuidade típico-normativa - Em alguns casos, embora a Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu - Prevalece
lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, o entendimento que não é possível combinar as duas Leis. Deve ser
a conduta pode continuar sendo considerada crime (não há abolitio aplicada a Lei que, no todo, seja mais benéfica (teoria da ponderação
criminis): unitária).
• Processo ainda em curso – Compete ao Juízo que está revogando a criminalização prevista na lei temporária ou
conduzindo o processo. excepcional, ela não mais produzirá efeitos.
• Processo já transitado em julgado – Compete ao Juízo da Tempo do crime – Considera-se praticado o delito no momento
execução penal (enunciado nº 611 da súmula do STF).
da conduta (ação ou omissão), ainda que seja outro o momento do
Leis excepcionais e temporárias - Continuam a reger os fatos resultado (adoção da teoria da ATIVIDADE ou da AÇÃO).
praticados durante sua vigência, mesmo após expirado o prazo de Crimes continuados e permanentes – Consideram-se
vigência ou mesmo após o fim das circunstâncias que determinaram como sendo praticados enquanto não cessa a continuidade ou
a edição da lei. permanência. Consequência: se, nesse período em que o crime está
sendo praticado, sobrevier lei nova mais grave, ela será aplicada
OBS.: Se houver superveniência de lei abolitiva expressamente (súmula 711 do STF).
REGRA – Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no • O mar territorial (faixa de 12 milhas marítimas medidas a
território nacional, sem prejuízo de convenções, tratados e regras partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular);
de direito internacional (Ex.: Convenção de Viena sobre imunidades • O espaço aéreo (foi adotada a teoria da absoluta soberania
sobre a coluna atmosférica do país subjacente).
diplomáticas). Trata-se do princípio da territorialidade mitigada ou
Território nacional por extensão
temperada.
• Os navios e aeronaves públicos ou a serviço do governo
Território nacional - Espaço em que o Estado exerce sua
brasileiro, onde quer que se encontrem.
soberania política. O território brasileiro compreende:
• Os navios e aeronaves particulares de bandeira brasileira
• Toda a extensão terrestre situada até os limites fronteiriços
que se encontrem em alto-mar ou no espaço aéreo a ele
do nosso país, bem como rios, lagos e mares interiores (além das
correspondente.
ilhas vinculadas ao Brasil) e também o subsolo;
EXTRATERRITORIALIDADE – Aplicação da lei penal brasileira a um crime praticado fora do território nacional.
• Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; que tenha sido o crime cometido nessas circunstâncias.
• Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
OBS.2: Será aplicada a lei brasileira ainda que o agente já tenha
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída sido condenado ou absolvido no exterior.
pelo Poder Público;
• Contra a administração pública, por quem está a seu serviço; OBS.3: A pena já eventualmente cumprida no estrangeiro será
• De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado levada em consideração (“A pena cumprida no estrangeiro atenua a
no Brasil. pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela
OBS.: Essas hipóteses dispensam outras condições, bastando é computada, quando idênticas”, art. 8º do CP).
Condições:
• Entrar o agente no território nacional
• Ser o fato punível também no país em que foi praticado
• Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição
• Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena
• Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável
EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA - ÚNICA HIPÓTESE: Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil.
Condições:
Lugar do crime - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a conduta (ação ou omissão), bem como onde se produziu ou
deveria se produzir o resultado (adoção da teoria da UBIQUIDADE ou MISTA).
4 .1 SUJEITO ATIVO
É a pessoa que, de alguma forma, participa do crime (como praticados na circunscrição do município.
autor ou como partícipe). É a pessoa que pratica a infração penal. Imunidade formal - Não está relacionada à caracterização
OBS.: Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de crimes ou não de uma conduta como crime. Está relacionada a questões
(atualmente, somente de crimes ambientais). Adotava-se a teoria da processuais. São duas espécies:
dupla imputação (necessidade de processar, concomitantemente, • Imunidade formal para a prisão – “Desde a expedição
a pessoa física responsável pelo ato). STF e STJ abandonaram essa do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão
ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável”. Os autos
teoria.
da prisão devem ser remetidos dentro de 24h à Casa respectiva
Imunidades – Regras específicas de (não) aplicação da lei
(Senado ou Câmara) que, pelo voto da maioria de seus membros,
penal a determinadas pessoas, em determinadas circunstâncias.
deverá resolver sobre a prisão. OBS.: Essa imunidade não impede:
Imunidades diplomáticas – Baseiam-se no princípio da (1) prisão em flagrante de crime inafiançável; (2) prisão decorrente
reciprocidade. Conferidas em razão do CARGO, não da pessoa. de condenação definitiva.
Previstas na Convenção de Viena, incorporadas ao nosso • Imunidade formal para o processo – Possibilidade de a Casa
ordenamento jurídico por meio do Decreto 56.435/65. Imunidade respectiva (Senado ou Câmara) sustar o andamento de ação penal
TOTAL aos Diplomatas, sendo estendida aos funcionários dos órgãos contra um de seus membros (Senadores ou deputados federais),
relativa a crime praticado APÓS a diplomação. Tópicos importantes:
internacionais (quando em serviço) e a seus familiares, bem como
• Iniciativa de partido político com representação na
aos Chefes de Governo e Ministros das Relações Exteriores de outros
Casa
países. Estão sujeitos à jurisdição de seu país apenas. Irrenunciável.
• Voto da maioria absoluta dos membros
OBS.: Com relação aos cônsules, a imunidade só é conferida aos • Caso o processo seja suspenso, suspende-se
atos praticados em razão do ofício. também a prescrição
Imunidades parlamentares - Prerrogativas dos parlamentares, • → As imunidades são aplicáveis aos parlamentares estaduais
garantias conferidas para que possam desempenhar suas funções de (deputados estaduais).
forma livre. São irrenunciáveis. Duas espécies: • → Aos parlamentares municipais (vereadores) só se aplicam
as imunidades materiais!
Imunidade material - Deputados e Senadores são invioláveis,
• → As imunidades não abrangem os suplentes.
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Não é necessário que o parlamentar tenha proferido as palavras
dentro do recinto (Congresso, Assembleia Legislativa, etc.), bastando OBS.: Parlamentar afastado para exercer cargo de Ministro ou
que tenha relação com sua função. Secretário de Estado NÃO mantém as imunidades (INQ 725-RJ, rel.
OBS.: A imunidade material dos vereadores só abrange os atos Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002 – Informativo 267 do STF).
4 . 2 SUJEITO PASSIVO
É quem sofre a ofensa causada pela infração penal. Pode ser de duas espécies:
• Sujeito passivo mediato ou formal – É SEMPRE o Estado, pois a ele pertence o dever de manter a ordem pública e punir aqueles que
cometem crimes.
• Sujeito passivo imediato ou material – É o titular do bem jurídico efetivamente lesado (ex.: no furto, o dono da coisa furtada).
OBS.: O Estado também pode ser sujeito passivo imediato (ex.: crimes contra o patrimônio público).
TÓPICOS IMPORTANTES
OBS.: Não há possibilidade de homologação da sentença penal estrangeira para fins de cumprimento de PENA. A aplicação de pena
criminal é um ato de soberania do Estado.
São diversas as classificações sobre a interpretação da norma • Analógica – Esse método de interpretação irá existir somente
penal. Vejamos: naqueles casos em que a lei estabeleça uma fórmula casuística
1. Quanto ao sujeito – Aqui, a interpretação é classificada (um exemplo) e criminalize outras situações idênticas (fórmula
levando-se em conta quem está realizando a interpretação. Pode genérica). Um caso clássico é o do art. 121, § 2°, I, do CP, que diz
ser classificada como: ser o homicídio qualificado quando realizado mediante paga ou
• Autêntica – É aquela realizada pelo próprio legislador promessa de recompensa (fórmula casuística, por exemplo), ou
(também é chamada de interpretação legislativa) no texto da lei. outro motivo torpe (fórmula genérica, outras hipóteses idênticas).
EXEMPLO: O art. 327 dá a definição de funcionário público para • Progressiva (ou evolutiva) – Levam-se em consideração as
fins penais. modificações sociais ocorridas ao longo do tempo no momento de
• Doutrinária – É a interpretação realizada pelos estudiosos do interpretar a norma.
Direito. A exposição de motivos do Código Penal é considerada • Histórica – Aqui, o intérprete leva em consideração o contexto
interpretação doutrinária. histórico em que a norma foi criada para buscar compreender o
• Judicial (ou jurisdicional) – É aquela realizada pelos membros que levou o legislador a criar a norma e, assim, tentar entender o
do Poder Judiciário, por meio das decisões que proferem nos real sentido da norma.
processos que lhe são submetidos. 3. Quanto ao resultado interpretativo – Aqui, a interpretação é
2. Quanto ao método interpretativo – Aqui, a interpretação classificada levando-se em conta o resultado a que se chega após a
é classificada levando-se em conta os meios empregados para interpretação. Pode ser classificada como:
extrair-se o sentido da norma. Pode ser classificada como: • Declaratória – Decorre da perfeita sintonia entre o que a lei
• Gramatical (literal) – É aquela realizada levando-se em conta diz e o que ela quis dizer. Não há nada a ser acrescido ou retirado.
apenas o conteúdo semântico das palavras que constam na norma O intérprete conclui, ao final, que a lei disse exatamente o que
penal. É muito simples, superficial, e pode conduzir a conclusões pretendia dizer.
equivocadas. • Extensiva – A lei, aqui, disse menos do que pretendia,
• Lógica (ou teleológica) – É aquela que busca entender a motivo pelo qual o alcance das palavras contidas na lei deve ser
vontade da lei. É uma das mais confiáveis e técnicas. O intérprete, ampliado para além do mero conteúdo semântico. O intérprete,
aqui, não fica preso ao conteúdo semântico das palavras, buscando portanto, realiza a interpretação (aplicando algum dos métodos
interpretar a norma de acordo com a intenção da lei, ou seja, qual interpretativos) e conclui, ao final, que a lei disse menos do que
era a finalidade da norma, ainda que não tenha sido tão explícita. pretendia dizer.
• Sistemática (ou sistêmica) – Leva em consideração o • Restritiva – O intérprete realiza a interpretação (aplicando
ordenamento jurídico como um todo para tentar extrair a melhor algum dos métodos interpretativos) e conclui, ao final, que a lei
interpretação possível. Esse método considera que a norma não disse mais do que pretendia dizer. É necessário, portanto, restringir
está isolada no mundo jurídico, mas inserida em um contexto o alcance da norma para aquém do conteúdo semântico das
jurídico, que deve ser levado em consideração. palavras ali contidas.
Analogia - A analogia não é uma técnica de interpretação da Lei Penal. Trata-se de uma técnica integrativa, ou seja, aqui se busca suprir a
falta de uma lei. Não confundir analogia com interpretação analógica! Na analogia, por não haver norma que regulamente o caso, o aplicador
do Direito vale-se de uma outra norma parecida, de forma a aplicá-la ao caso concreto, a fim de que este não fique sem solução.
OBS.: Não se admite a analogia prejudicial ao réu (analogia in malam partem).
Especialidade - O princípio da especialidade deve ser utilizado mas seu caráter subsidiário poderá ser aferido no caso concreto.
quando há conflito aparente entre duas normas, sendo que uma • Consunção (absorção) - Pode ocorrer em algumas hipóteses:
delas, denominada “norma especial”, possui todos os elementos da • Crime progressivo – O agente, querendo praticar determinado
crime, necessariamente tem que praticar um crime menos grave.
outra (norma geral), acrescida de alguns caracteres especializantes.
• Progressão criminosa – Aqui, o agente altera seu dolo, ou
OBS.: Não tem relevância o fato de a norma especial prever
seja, durante a empreitada criminosa o agente altera sua intenção.
uma pena mais branda que a norma geral (ex.: infanticídio, que é
• Antefato impunível (antefactum impunível) – Aqui, o agente
norma especial em relação ao homicídio e possui pena bem mais pratica fatos que estão na mesma linha causal do crime principal,
branda). mas responde apenas pelo crime principal, pois considera-se que
Subsidiariedade - Aqui, não há uma relação de “gênero e esses fatos anteriores são impuníveis.
espécie”, como ocorre na especialidade. Aqui, a relação entre as • Pós-fato impunível (post factum impunível) – Aqui, o agente
normas aparentemente em conflito é de “subsidiariedade”, ou seja, pratica fatos que, isoladamente, são considerados criminosos.
Todavia, por serem considerados um desdobramento natural ou
uma é mais abrangente que a outra. A norma subsidiária, portanto,
exaurimento do crime praticado, não são puníveis.
atua como uma espécie de “soldado de reserva”, ou seja, fica lá,
Alternatividade - Seria aplicável nas hipóteses em que
esperando para ser aplicada quando nenhuma outra norma mais
uma mesma norma penal descreve diversas condutas que são
grave (primária) for aplicável. A subsidiariedade pode ser:
criminalizadas, sendo que a prática de qualquer uma delas já
• Expressa – A norma penal subsidiária já informa que sua
aplicação só será cabível se não for prevista norma mais grave para consuma o delito (não é necessário praticar todas), mas a prática de
o fato. mais de uma das condutas, no mesmo contexto fático, não configura
• Tácita – Aqui a norma penal não é expressamente subsidiária, mais de um crime (chamados de “tipos mistos alternativos”).
6 .1 CONCEITO DE CRIME
O Crime pode ser entendido sob três aspectos: material, formal (legal) e analítico:
• Formal (legal) – Crime é a conduta prevista em lei como crime. No Brasil, mais especificamente, é toda infração penal a que a lei comina
pena de reclusão ou detenção
• Material – Crime é a conduta que afeta, de maneira significativa (mediante lesão ou exposição a perigo), um bem jurídico relevante de
terceira pessoa.
• Analítico – Adoção da teoria tripartida. Crime é composto por fato típico, ilicitude e culpabilidade (posição da doutrina mais que
majoritária).
O fato típico também se divide em elementos, são eles: adequada, na hipótese de superveniência de causa relativamente
• Conduta humana (alguns entendem possível a conduta de independente que produz, por si só, o resultado. OBS.: a teoria da
pessoa jurídica) – Adoção da teoria FINALISTA: conduta humana é a imputação objetiva não foi expressamente adotada pelo CP, mas
ação ou omissão voluntária dirigida a uma determinada finalidade. há decisões jurisprudenciais aplicando-a.
• Resultado naturalístico – É a modificação do mundo real • Tipicidade – É a adequação da conduta do agente à conduta
provocada pela conduta do agente. Apenas nos crimes materiais descrita pela norma penal incriminadora (tipicidade formal).
exige-se um resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera A tipicidade material é o desdobramento do conceito material
conduta, não há essa exigência. Além do resultado naturalístico de crime: só haverá tipicidade material quando houver lesão
(que nem sempre estará presente), há também o resultado jurídico (ou exposição a perigo) significativa a bem jurídico relevante de
(ou normativo), que é a lesão ao bem jurídico tutelado pela norma terceiro (afasta-se a tipicidade material, por exemplo, quando se
penal. Esse resultado sempre estará presente. reconhece o princípio da insignificância). OBS.: Adequação típica
• Nexo de causalidade – Nexo entre a conduta do agente mediata: Nem sempre a conduta praticada pelo agente amolda-
e o resultado. Adoção, pelo CP, da teoria da equivalência dos se perfeitamente ao tipo penal (adequação imediata). Às vezes,
antecedentes (considera-se causa do crime toda conduta sem é necessário que se proceda à conjugação de outro dispositivo
a qual o resultado não teria ocorrido). Utilização do elemento da Lei Penal para se chegar à conclusão de que um fato é típico
subjetivo (dolo ou culpa) como filtro, para evitar a “regressão (adequação mediata). Ex.: homicídio tentado (art. 121 + art. 14, II,
infinita”. Adoção, subsidiariamente, da teoria da causalidade do CP).
Dolo direto de primeiro grau - composto pela consciência de querido é POSSÍVEL OU PROVÁVEL; no dolo direto de segundo grau,
que a conduta pode lesar um bem jurídico + a vontade de violar (pela o resultado não querido é CERTO (consequência necessária).
lesão ou exposição a perigo) esse bem jurídico. O dolo pode ser ainda:
Dolo direto de segundo grau - também chamado de “dolo de • Dolo genérico – É, basicamente, a vontade de praticar a
consequências necessárias”. O agente não quer o resultado, mas conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
• Dolo específico, ou especial fim de agir – Em contraposição
sabe que o resultado é um efeito colateral NECESSÁRIO e pratica
ao dolo genérico, nesse caso, o agente não quer somente praticar
a conduta assim mesmo, sabendo que o resultado (não desejado)
a conduta típica, mas o faz por alguma razão especial, com alguma
ocorrerá fatalmente.
finalidade específica.
Dolo eventual - consiste na consciência de que a conduta • Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae – Ocorre
pode gerar um resultado criminoso + a assunção desse risco, mesmo quando o agente, acreditando ter alcançado seu objetivo, pratica
diante da probabilidade de algo dar errado. Trata-se de hipótese em nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que
que o agente não tem vontade de produzir o resultado criminoso, esta última foi a que efetivamente causou o resultado. Trata-se
mas, analisando as circunstâncias, sabe que esse resultado pode de erro na relação de causalidade, pois, embora o agente tenha
conseguido alcançar a finalidade proposta, somente a alcançou por
ocorrer e não se importa, age da mesma maneira. OBS.: diferença
meio de outro meio, que não havia direcionado para isso.
em relação ao dolo direto de segundo grau - aqui o resultado não
7. 2 CRIME CULPOSO
• Culpa consciente e inconsciente – Na culpa consciente, o erro inescusável, acredita que o está fazendo amparado por uma
agente prevê o resultado como possível, mas acredita que este causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. A culpa, portanto,
não irá ocorrer (previsibilidade SUBJETIVA). Na culpa inconsciente, não está na execução da conduta, mas no momento de escolher
o agente não prevê que o resultado possa ocorrer (há apenas praticar a conduta. Trata-se de uma conduta dolosa praticada em
previsibilidade OBJETIVA, não subjetiva). situação de erro evitável, de forma que o agente será punido na
• Culpa própria e culpa imprópria – A culpa própria é aquela forma culposa por questões de política criminal.
em que o agente NÃO QUER O RESULTADO criminoso. É a culpa OBS.: crime preterdoloso (ou preterintencional): ocorre
propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prevê quando o agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo),
o resultado como possível, ou inconsciente, quando não há essa
acaba por praticar crime mais grave, não com dolo, mas por culpa.
previsão. Na culpa imprópria, o agente quer o resultado, mas, por
Crime consumado – ocorre quando todos os elementos da Crime impossível (tentativa inidônea ou crime oco) –
definição legal da conduta criminosa estão presentes. o resultado não ocorre por ser absolutamente impossível sua
Crime tentado – há crime tentado quando o resultado não ocorrência, em razão: (1) da absoluta impropriedade do objeto;
ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. Adoção da ou (2) da absoluta ineficácia do meio. Adoção da teoria objetiva
teoria objetiva da punibilidade da tentativa: como regra, o agente da punibilidade da tentativa inidônea: a conduta do agente não é
responde pela pena do crime consumado, diminuída de um a dois punível.
terços. EXCEÇÃO: (1) crimes em que a mera tentativa de alcançar o Desistência voluntária - Na desistência voluntária, o agente,
resultado já consuma o delito. Ex: art. 352 do CP (evasão mediante por ato voluntário, desiste de dar sequência aos atos executórios,
violência contra a pessoa); (2) outras exceções legais. mesmo podendo fazê-lo. FÓRMULA DE FRANK: (1) Na tentativa – o
agente quer, mas não pode prosseguir; (2) Na desistência voluntária – Arrependimento posterior - Não exclui o crime, pois este já
o agente pode, mas não quer prosseguir. Se o resultado não ocorrer, o se consumou. Ocorre quando o agente repara o dano provocado ou
agente não responde pela tentativa, apenas pelos atos efetivamente restitui a coisa. Consequência: diminuição de pena, de um a dois
praticados. terços. Só cabe:
Arrependimento eficaz - Aqui, o agente já praticou todos os
• Nos crimes em que não há violência ou grave ameaça à
atos executórios que queria e podia, mas, após isso, arrepende-se pessoa;
do ato e adota medidas que acabam por impedir a consumação do • Se a reparação do dano ou restituição da coisa é anterior ao
resultado. Se o resultado não ocorrer, o agente não responde pela recebimento da denúncia ou queixa.
tentativa, apenas pelos atos efetivamente praticados.
É a condição de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra, toda conduta típica é ilícita. Não o será, porém, se houver uma
causa de exclusão da ilicitude. São elas:
• Genéricas – São aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Estão previstas na parte geral do Código Penal, em seu art. 23;
• Específicas – São aquelas próprias de determinados crimes, não se aplicando a outros.
Conceito – “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade,
nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
Se bem sacrificado era de valor maior que o bem protegido – Não há justificação. A conduta é ilícita. O agente, contudo, tem a pena
diminuída de um a dois terços.
9.1.1 REQUISITOS
• Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi ele mesmo quem deu causa, não poderá sacrificar o direito de um
terceiro a pretexto de salvar o seu).
• Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei não permite o estado de necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente.
• A situação de perigo deve estar expondo à lesão um bem jurídico do próprio agente ou de um terceiro.
• O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o resultado.
• O bem jurídico sacrificado deve ser de valor igual ou inferior ao bem protegido - Se o bem sacrificado era de valor maior que o bem
protegido, não há justificação, a conduta é ilícita. O agente, contudo, tem a pena diminuída de um a dois terços.
• Atitude necessária – O agente deve agir nos estritos limites do necessário. Caso se exceda, responderá pelo excesso (culposo ou doloso).
Espécies:
• Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o agente sacrifica bem jurídico de um terceiro que não provocou a situação de perigo.
• Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem jurídico de quem ocasionou a situação de perigo.
• Real – Quando a situação de perigo efetivamente existe.
• Putativo – Quando a situação de perigo não existe de fato, apenas na imaginação do agente.
9.1.2 LEGÍTIMA DEFESA
Conceito – “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
OBS.: A Lei 13.964/19 (pacote “anticrime”) incluiu a previsão expressa (art. 25, § único, do CP) no sentido de que se considera também
em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão à vítima mantida refém durante a prática de
crimes. Obviamente, só haverá legítima defesa se preenchidos os requisitos para toda e qualquer legítima defesa (agressão injusta, reação
proporcional, etc.).
Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz em cumprimento a um dever previsto em lei.
Observações importantes:
• Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do dever legal, a ele também se estende essa causa de exclusão
da ilicitude (há comunicabilidade).
• O particular também pode agir no estrito cumprimento do dever legal.
Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz no exercício de um direito seu. Dessa forma, quem age no legítimo
exercício de um direito seu, não poderá estar cometendo crime, pois a ordem jurídica deve ser harmônica. Ex.: Lutador de vale-tudo que agride
o oponente.
Excesso punível – Da mesma forma que nas demais hipóteses, o agente responderá pelo excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui, irá
se verificar sempre que o agente ultrapassar os limites do direito que possui (não estará mais no exercício REGULAR de direito).
10.0 CULPABILIDADE
CONCEITO - Juízo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se suas circunstâncias pessoais.
1 0.1 TEORIAS
PSICOLÓGICO- Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + culpa + dolo natural (consciência e vontade) +
NORMATIVA dolo normativo (consciência da ilicitude)
ELEMENTOS: POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE, seja imputável e que tenha potencial conhecimento da ilicitude do
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA E IMPUTABILIDADE PENAL fato, é necessário, ainda, que o agente pudesse agir de outro modo.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE - Possibilidade de o Não havendo tal elemento, afastada está a culpabilidade. Exemplos:
agente, de acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito • Coação MORAL irresistível – ocorre quando uma pessoa
do fato. Quando o agente atua acreditando que sua conduta não é coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaça de lhe
fazer algum mal grave. Obs.: a coação FÍSICA irresistível NÃO
penalmente ilícita, comete erro de proibição.
EXCLUI A CULPABILIDADE. A coação FÍSICA irresistível EXCLUI
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - Não basta que o agente
Basta a existência de uma característica biológica (doença mental ou determinada idade) para
BIOLÓGICO que o agente seja inimputável.
OBS.: adotado pelo CP em relação à inimputabilidade por menoridade penal.
1
O dolo natural (a mera vontade e consciência de praticar a conduta definida como crime) migra, portanto, para o fato típico, como elemento integrante
da conduta.
Esquema:
EMBRIAGUEZ
Sem discernimento algum Inimputável
Redução de pena
(um a dois terços)
Redução de pena
Discernimento parcial
(um a dois terços)
ERRO DE TIPO ESSENCIAL – O agente pratica um fato cometeria o mesmo erro. Afasta a culpabilidade (agente fica
considerado típico, mas o faz por ter incidido em erro sobre algum isento de pena).
de seus elementos. É a representação errônea da realidade. O erro • Inescusável – O erro não é tão perdoável, pois era possível,
mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta
de tipo pode ser:
penalmente ilícita. Não afasta a culpabilidade. Há diminuição de
• Escusável – Quando o agente não poderia conhecer, de fato,
pena de um sexto a um terço.
a presença do elemento do tipo. Qualquer pessoa, nas mesmas
condições, cometeria o mesmo erro.
• Inescusável – Ocorre quando o agente incorre em erro sobre OBS.: Erro de proibição indireto - ocorre quando o agente
elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforço atua acreditando que existe uma causa de justificação que o ampare.
mental razoável, não ter agido dessa forma. Diferença entre erro de proibição indireto e erro de tipo
permissivo:
• Erro de tipo permissivo – o agente atua acreditando que, no
OBS.: Erro de tipo permissivo - o erro de “tipo permissivo” é
caso concreto, estão presentes os
aquele sobre os pressupostos objetivos de uma causa de justificação
• requisitos fáticos que caracterizam a causa de justificação e,
(excludente de ilicitude). portanto, sua conduta seria justa.
• Erro de proibição indireto – o agente atua acreditando que
ERRO DE PROIBIÇÃO - Quando o agente age acreditando que existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de justificação)
sua conduta não é ilícita, comete ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 do CP). que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre a existência e/ou
O erro de proibição pode ser: limites de uma causa de justificação em abstrato. Erro, portanto,
• Escusável – Qualquer pessoa, nas mesmas condições, sobre o ordenamento jurídico (erro normativo).
ERRO DE TIPO ACIDENTAL - O erro de tipo acidental nada mais • Erro sobre a execução com unidade complexa (aberratio
é que um erro na execução do fato criminoso ou um desvio no nexo ictus de resultado duplo ou em sentido amplo) - O agente atinge
causal da conduta com o resultado. Pode ser: a vítima não visada, mas atinge também a vítima originalmente
pretendida. Nesse caso, responde pelos dois crimes, em CONCURSO
Erro sobre a pessoa (error in persona) - Aqui, o agente pratica
FORMAL.
o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com
Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido
a que deveria ser o alvo do delito. Não existe falha na execução,
(aberratio delicti ou aberratio criminis) - O agente pretendia cometer
mas na identificação do alvo da conduta (Ex.: o agente quer matar
um crime, mas, por acidente ou erro na execução, acaba cometendo
determinada pessoa e, ao ver alguém de costas, imagina ser seu alvo
outro. Aqui há uma relação de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa).
e atira, mas depois descobre que se tratava de uma outra pessoa,
Pode ser de duas espécies:
parecida com ela). CONSEQUÊNCIA - O agente responde como se
• Com unidade simples - O agente atinge apenas o resultado
tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA (teoria da
NÃO PRETENDIDO. O agente responde apenas por um delito, da
equivalência). seguinte forma:
Erro sobre o nexo causal - O agente alcança o resultado • Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo
efetivamente pretendido, mas em razão de um nexo causal diferente dolo em relação à pessoa (tentativa de homicídio ou lesões
daquele que ele planejou. Pode ser de duas espécies: corporais).
• Erro sobre o nexo causal em sentido estrito - Com um só ato, • Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas
provoca o resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). pelo resultado ocorrido em relação à pessoa.
• Dolo geral ou aberratio causae – Também chamado de • Com unidade complexa - O agente atinge tanto o alvo (coisa
DOLO GERAL OU SUCESSIVO. Ocorre quando o agente, acreditando ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) não pretendida. Responderá
já ter ocorrido o resultado pretendido, pratica outro ato, mas, por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL.
ao final, verifica que este último foi o que provocou o resultado. Erro sobre o objeto (error in objecto) - Aqui, o agente incide
CONSEQUÊNCIA: Responde por apenas um crime (há posições em em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito.
contrário), pelo crime originalmente previsto (TEORIA UNITÁRIA Prevalece que não há qualquer relevância para fins de afastamento
ou princípio unitário). Responde, ainda, de acordo com o nexo
do dolo ou da culpa, bem como não se afasta a culpabilidade.
causal efetivamente ocorrido.
CONSEQUÊNCIA: A doutrina majoritária (há divergência) sustenta
Erro na execução (aberratio ictus) - Aqui, o agente atinge
que o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada
pessoa diversa daquela que fora visada, não por confundi-la, e
(independentemente da coisa visada).
sim por erro ou acidente no uso dos meios de execução. Pode ser
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - No erro determinado
de duas espécies (Ex.: atira na vítima e erra o alvo, atingindo uma
(ou provocado) por terceiro, o agente erra porque alguém o induz a
terceira pessoa).
isso. Só responde pelo delito aquele que provoca o erro (modalidade
• Erro sobre a execução com unidade simples (aberratio
de autoria mediata).
ictus de resultado único ou em sentido estrito) - O agente atinge
somente a pessoa diversa daquela visada.
Conceito - Colaboração de dois ou mais agentes para a prática que esse fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado.
de uma infração penal. Modalidades
Teoria adotada pelo CP – Teoria monista temperada (ou Coautoria – Adoção do conceito restritivo de autor (teoria
mitigada): todos aqueles que participam da conduta delituosa restritiva) por meio da teoria objetivo-formal: autor é aquele que
respondem pelo mesmo crime, mas cada um na medida de sua pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais
culpabilidade. Há exceções à teoria monista (Ex.: aborto praticado são partícipes.
por terceiro, com consentimento da gestante. A gestante responde OBS.: Autoria mediata: situação em que alguém (autor
pelo crime do art. 126 e o terceiro pelo crime do art. 124). mediato) se vale de outra pessoa como instrumento (autor imediato)
Espécies: para a prática de um delito. Pode ocorrer quando:
• EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato seja praticado • o autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro)
por mais de uma pessoa. • o autor imediato age sem culpabilidade (ex.: coação moral
• NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta seja praticada irresistível)
por mais de uma pessoa. Divide- se em: Tópicos importantes:
a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): os • Pode haver autoria mediata nos crimes próprios - Desde que
agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma finalidade o autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo tipo
criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); penal.
• Não há possibilidade de autoria mediata nos crimes de mão
b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de
própria – Impossibilidade de se executar o delito por interposta
encontro): nessa modalidade, os agentes praticam condutas que se
pessoa.
encontram e produzem juntas o resultado pretendido (ex. bigamia);
• AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se aquele que,
c) condutas contrapostas: nesse caso, os agentes praticam embora não sendo autor nem partícipe, exerça sobre a conduta
condutas uns contra os outros (ex. crime de rixa) domínio EQUIPARADO à figura da autoria.
Requisitos Teoria do domínio do fato – Deve ser aplicada para as
• Pluralidade de agentes - É necessário que tenhamos mais de hipóteses de autoria mediata. Para essa teoria, o autor seria aquele
uma pessoa a colaborar para o ato criminoso.
que tem poder de decisão sobre a empreitada criminosa. Pode se
• Relevância causal da colaboração – A participação do
dar por:
agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma
• Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta
que a colaboração que em nada contribui para o resultado é um
prevista no tipo penal.
indiferente penal.
• Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta
• Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – É necessário que a
diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade
colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles ou, pelo
do executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de
menos, tenha havido adesão de um à conduta do outro. Trata-se
autoria mediata).
do princípio da convergência.
• Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma
• Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes
função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada
(identidade de infração penal) – As condutas dos agentes, portanto,
criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada um
devem constituir algo juridicamente unitário.
uma parcela significativa, essencial e imprescindível.
• Existência de fato punível – Trata-se do princípio da
Tópicos importantes
exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos
• Não se admite coautoria nos crimes de mão própria
agentes seja punível, o que, de um modo geral, exige pelo menos
1 3.1 PARTICIPAÇÃO
• As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam (salvo quando elementares do crime)
• As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, comunicam-se
• As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas
Também chamada de “participação em crime menos grave” furto). Pedro, porém, vai até o local armado, rende os moradores e
ou “desvio subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos os agentes subtrai os bens, praticando um roubo (crime mais grave). José não
decidem praticar determinado crime, mas, durante a execução, um quis participar de um roubo, de forma que responderá apenas por
deles decide praticar outro crime mais grave. CONSEQUÊNCIA: O furto (que é o crime MENOS grave do qual aceitou participar).
agente que quis participar do crime menos grave responde pelo A pena, contudo, poderá ser aumentada até a metade caso
crime menos grave (que quis praticar). Ex.: José empresta o carro a tenha sido previsível a ocorrência do resultado mais grave.
Pedro, para que este cometa um furto (José aceitou participar de um
1 4 .1 CONCURSO MATERIAL
Conceito – Aqui, o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados.
Espécies:
• Homogêneo - quando todos os crimes praticados são idênticos.
• Heterogêneo - quando os crimes praticados são diferentes.
Sistema de aplicação da pena
Aplica-se o sistema do CÚMULO MATERIAL.
1 4 . 2 CONCURSO FORMAL
Conceito – Aqui, o agente pratica uma só conduta e produz • Perfeito (próprio) – o agente pratica uma única conduta
dois ou mais resultados. e acaba por produzir dois resultados, embora não pretendesse
Espécies: realizar ambos, ou seja, não há desígnios autônomos (intenção de,
• Homogêneo - quando todos os crimes praticados são com uma única conduta, praticar dolosamente mais de um crime).
idênticos. • Imperfeito (impróprio) – o agente vale-se de uma única
• Heterogêneo - quando os crimes praticados são diferentes. conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime.
1 4 . 3 CRIME CONTINUADO
Conceito – Hipótese em que o agente tem diversas condutas, praticando dois ou mais crimes que, por determinadas condições, são
considerados pela lei (por uma ficção jurídica) como crime único.
OBS.: Em relação à prescrição, não há ficção jurídica, de maneira que as condutas serão consideradas autonomamente (a prescrição
incidirá sobre cada crime individualmente).
REQUISITOS:
• Pluralidade de condutas
• Pluralidade de crimes da mesma espécie
• Condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e outras semelhanças
O que seriam crimes da mesma espécie? A corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da mesma espécie são
aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. Além disso,
devem tutelar o mesmo bem jurídico.
CONCURSO DE CRIMES
Crime continuado e conflito de leis penais no tempo - Se, durante a execução do crime continuado, sobrevir lei nova mais gravosa ao réu,
esta última será aplicada, pois considera-se que o crime continuado está sendo praticado enquanto não cessa a continuidade delitiva (súmula
711 do STF).
Crime continuado e prescrição - Por haver mera ficção jurídica apenas para fins de aplicação da pena, a prescrição é calculada em relação
a cada crime isoladamente.
1 5 .1 CONCEITO
A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade dá ao indivíduo que transgride a ordem jurídico-penal estabelecida e
consiste na privação ou restrição de um bem jurídico do condenado (liberdade, patrimônio etc.), de forma a castigá-lo e reeducá-lo (adoção da
teoria mista, unificadora, eclética ou unitária - dupla finalidade: punição e prevenção).
1 5 . 2 PRINCÍPIOS
• Reserva legal ou legalidade estrita – A pena deve estar de índole cruel, desumano ou degradante (art. 5°, XLIX e XLVII, da
prevista em lei formal. Constituição).
• Anterioridade – A pena deve estar prevista em lei anterior • Princípio da proporcionalidade – A sanção aplicada pelo
ao fato. Estado deve ser proporcional à gravidade da infração cometida e
• Intranscendência da pena – A pena não pode passar da também deve ser suficiente para promover a punição ao infrator e
pessoa do condenado. sua reeducação social.
• Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena – Uma vez • Princípio da individualização da pena – A pena deve ser
aplicada, não pode deixar de ser executada. Há exceções (Ex.: aplicada de maneira individualizada para cada infrator em cada
sursis). caso específico. Essa individualização dá-se em três fases distintas:
• Princípio da humanidade ou humanização das penas – A a) cominação; b) aplicação; c) na terceira e última fase, temos a
pena não pode desrespeitar os direitos fundamentais do indivíduo, aplicação desse princípio na execução da pena.
violando sua integridade física ou moral, e também não pode ser
1 5 . 3 ESPÉCIES
Reclusão
PRIVATIVAS Detenção
DE LIBERDADE
Prisão Simples
Prestação pecuniária
Também chamadas de “penas alternativas”, pois apresentam-se como uma alternativa à aplicação da pena
privativa de liberdade, muitas vezes desnecessária no caso concreto.
1 7.1 CARACTERÍSTICAS
1 7. 2 REQUISITOS:
REQUISITOS OBJETIVOS
Só pode haver substituição nos casos de crimes culposos (todos eles) ou no caso de crimes
Natureza do crime dolosos, desde que, neste último caso, não tenha sido o crime cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa (ex.: não caberia substituição no caso de homicídio).
REQUISITOS SUBJETIVOS
Suficiência da medida A pena restritiva de direitos deve ser suficiente para garantir o alcance das finalidades da
(princípio da suficiência) pena (punição e prevenção, geral e reeducação).
Esquema:
Somente se a
Crimes Dolosos pena não for
SUBSTITUIÇÃO DA superior a 04 anos
PENA PRIVATIVA
DE LIBERDADE
1 7. 3 REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO
Pena igual ou inferior a um ano = substituição por multa ou uma pena restritiva de direitos.
Pena superior a um ano = substituição por pena de multa e uma pena restritiva de direitos, ou por duas restritivas de direitos. No caso de
serem aplicadas duas restritivas de direitos, o condenado poderá cumpri- las simultaneamente se forem compatíveis entre si.
1 7. 4 RECONVERSÃO
• Não se admite a reconversão se o condenado deixa de pagar a outra é uma espécie de pena RESTRITIVA DE DIREITOS. No
a pena de multa. primeiro caso, NÃO É POSSÍVEL A CONVERSÃO EM PRISÃO pelo não
• Não se deve confundir pena de MULTA com pena de pagamento. No segundo caso, é POSSÍVEL, conforme entendimento
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. A primeira é uma modalidade de pena, do STJ.
Prestação pecuniária – Consiste no pagamento em dinheiro à superiores a seis meses de privação da liberdade. O sistema de
vítima da infração penal, a seus dependentes, ou ainda, à entidade cumprimento adotado pelo CP é o da hora-tarefa, ou seja, cada hora
pública ou privada com finalidade social, em montante fixado pelo de tarefa realizada será computada como um dia da condenação. Se
Juiz entre 01 (um) e 360 (trezentos e sessenta) salários-mínimos. Esse superior a 01 ano, pode ser cumprida em menor tempo, mas nunca
valor pago será deduzido de eventual valor a ser pago em razão inferior à metade.
de condenação na esfera cível, SE OS BENEFICIÁRIOS FOREM OS Interdição temporária de direitos – Consiste na limitação
MESMOS. temporária de alguns direitos do condenado, pode ser de diversas
Perda de bens e valores – Em favor do Fundo Penitenciário ordens:
Nacional. Seu valor tem como teto o que for maior: o montante do 1. proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública,
prejuízo causado ou o proveito do crime. OBS.: Não confundir com bem como de mandato eletivo - só pode ser aplicada quando o
crime for cometido no exercício do cargo ou função pública.
o confisco, que é mero efeito secundário da condenação e recai
2. proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que
sobre o patrimônio ilícito, bem como sobre os instrumentos do crime
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do
(apenas se se tratar de coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
poder público – só pode ser aplicada quando o crime for cometido
detenção constitua fato ilícito). no exercício de atividade que dependa de habilitação especial,
Limitação de fim de semana - Consiste na obrigação de licença ou autorização do poder público.
permanecer aos finais de semana (sábados e domingos), por 05 horas 3. suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. veículo – somente se aplica nos casos de crimes culposos
Nesse período, poderão ser ministrados ao condenado cursos e cometidos no trânsito (CTB também trata desse tema).
4. proibição de frequentar determinados lugares – impossibilita
palestras, bem como serem atribuídas atividades educativas.
o condenado de frequentar certos lugares e deve ter relação com
Prestação de serviços à comunidade - Atribuição de tarefas
o fato praticado (Ex.: proibir um valentão, membro de torcida
gratuitas e de acordo com as aptidões do condenado, em favor da
organizada, de frequentar estádios de futebol).
comunidade ou de entidades públicas (em entidades assistenciais, 5. proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame
hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, públicos - em se tratando de uma pena substitutiva, essa pena terá
em programas comunitários ou estatais), ou privadas com destinação como duração o mesmo período da pena privativa de liberdade
social (entendimento doutrinário). Cabível para as condenações aplicada.
Tópicos importantes
• O pagamento da pena de multa deve se dar em até 10 dias a • Em caso de sobrevir doença mental ao condenado, é suspensa
contar do trânsito em julgado da sentença. a execução da pena de multa
• Juiz pode, considerando as circunstâncias e a requerimento • Em caso de morte do condenado, NÃO passa aos herdeiros.
do condenado, permitir o parcelamento. Nesse caso, fica extinta a punibilidade.
• Pode ser descontada diretamente na remuneração do • O não pagamento da multa aplicada cumulativamente
condenado, salvo na hipótese de ter sido aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade impede a progressão de
com a pena privativa de liberdade. regime (em relação à pena privativa de liberdade, claro), salvo se
• Não pode incidir sobre recursos indispensáveis ao sustento comprovada a incapacidade econômica do condenado (STJ - AgRg
do infrator e de sua família. no AREsp n. 2.148.772/PR, relator Ministro João Batista Moreira
• Não sendo paga, será considerada dívida de valor, devendo (Desembargador Convocado do TRF1), Quinta Turma, julgado em
ser executada PERANTE O JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL (previsão 21/3/2023, DJe de 27/3/2023).
expressa trazida pela lei 13964/19 – Pacote anticrime)
Fixação da pena-base
Aplicação de agravantes e atenuantes
Aplicação de causas de aumento e diminuição da pena
O Juiz fixa a pena base do condenado considerando as chamadas “circunstâncias judiciais”. São elas:
• Culpabilidade
• Antecedentes do réu
• Conduta social do réu
• Personalidade do réu
• Motivos determinantes do delito
• Circunstâncias e consequências do crime
• Comportamento da vítima
OBS.: Nessa etapa, ainda que as circunstâncias judiciais sejam extremamente favoráveis ao condenado, não pode o Juiz fixar a pena-base
abaixo do mínimo legal.
OBS.: As circunstâncias judiciais possuem um caráter subsidiário, ou seja, só podem ser levadas em consideração se não tiverem sido
consideradas na previsão do tipo penal e não constituam circunstâncias legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de aumento e diminuição
da pena (visando evitar bis in idem, ou seja, dupla punição pela mesma circunstância).
OBS.: Na fixação da pena-base, o juiz deve partir do mínimo legal e só poderá sair desse patamar se estiverem presentes circunstâncias
desfavoráveis, devendo fundamentar sua decisão.
1 9. 3 TÓPICOS IMPORTANTES
• Maus antecedentes – O STJ e o STF entendem que a mera considerada como mau antecedente.
existência de Inquéritos Policiais e ações penais em curso, sem • Consequências do crime - Para que possam caracterizar
trânsito em julgado, não podem ser considerados como maus circunstância judicial apta a aumentar pena base, devem ser
antecedentes para aumento da pena-base, pois isso seria violação consequências que não sejam aquelas consequências naturais do
ao princípio da presunção de inocência (súmula 444 do STJ). delito.
• Condenação definitiva anterior – Não pode ser considerada • Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou
como mau antecedente se já for considerada como reincidência fixação de regime de cumprimento de pena mais gravoso – Não
(agravante). Somente a condenação definitiva, por fato anterior pode o julgador aumentar a pena base apenas por entender que o
ao crime, mas que não sirva como reincidência, é que poderá ser delito é, abstratamente, grave.
São circunstâncias legais que agravam ou atenuam a pena fixada inicialmente (pena-base).
As agravantes genéricas estão previstas nos arts. 61 a 62 do CP e SÃO UM ROL TAXATIVO (somente aquelas).
• As atenuantes genéricas (favoráveis ao réu) estão previstas no art. 65 do CP e são um ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO.
• A Lei Penal não estabelece uma quantidade de diminuição ou aumento que deva ser aplicada. Esse critério é do Juiz.
• A Doutrina entende, ainda, que as agravantes só se aplicam aos crimes dolosos (majoritária), exceto a agravante da reincidência.
• Agravantes e atenuantes não podem conduzir a pena abaixo do mínimo ou acima do máximo legal (Súmula 231 do STJ).
19.4.1 REINCIDÊNCIA
Conceito – Ocorre quando o agente pratica novo crime após ter sido condenado anteriormente por outro crime. Também ocorre
reincidência quando o agente pratica contravenção tendo sido anteriormente condenado por crime ou contravenção.
E se o agente praticar um crime após ter sido condenado anteriormente por contravenção? Em razão de falha legislativa, deve ser
considerado primário.
OBS.: A reincidência só ocorrerá se o crime novo for praticado OBS.: Os crimes militares e os crimes políticos não geram
no período de até cinco anos a partir da data EM QUE A PENA reincidência no campo penal comum.
ANTERIOR SE EXTINGUIU (não a data da sentença), computando-se o STJ – Condenação anterior pelo crime de posse de substância
período de prova da suspensão condicional da pena ou do livramento entorpecente para uso próprio não gera reincidência (STJ, AgRg
condicional, se não tiver havido revogação. Esse período é chamado no HC n. 801.995/SP, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta
de “período depurador”. Turma, julgado em 22/5/2023, DJe de 25/5/2023).
As causas de aumento e diminuição são obrigatórias ou facultativas (dependendo do caso), podendo estar previstas na parte geral ou na
parte especial (genéricas ou específicas), podendo, ainda, ser fixas ou variáveis.
OBS.: Aqui a pena pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo legal previsto no tipo penal.
Se forem de natureza diversa, aplicam-se ambas (aplicam-se primeiro as causas de aumento e, depois, as causas de diminuição).
Em sendo da mesma natureza, o Juiz deve proceder conforme o quadro abaixo:
Máximo de cumprimento de pena – O CP estabelece limite máximo de cumprimento de pena, que é de 40 anos. Isso não impede que a
pessoa seja condenada a período superior a esse.
E se, durante o cumprimento da pena, o agente é condenado por nova infração, sendo-lhe aplicada nova pena privativa de liberdade?
Nesse caso, aplica-se uma nova unificação das penas, de forma a começar um novo prazo de 40 anos do zero.
• Natureza da pena aplicada – A pena aplicada deve ser 77, § 2°, do CP). Nos crimes ambientais, o sursis pode ser aplicado
privativa de liberdade. aos condenados à pena não superior a três anos.
• Quantidade da pena aplicada – A pena aplicada não pode ser • A pena privativa de liberdade não deve ter sido substituída
superior a dois anos (regra). Se o condenado, porém, for maior de por restritiva de direitos – Sursis só cabe quando não for possível a
70 anos (sursis etário) ou enfermo (sursis humanitário), admite-se substituição por penas restritivas de direitos.
a suspensão condicional da pena que não ultrapasse 04 anos (art.
2 0. 2 REQUISITOS SUBJETIVOS
• Não reincidência em crime doloso – Essa é a regra. EXCEÇÃO: Se a pena aplicada tiver sido a de multa, poderá haver a suspensão
condicional da pena.
• As circunstâncias pessoais do agente sejam favoráveis, autorizando a concessão do benefício
2 0. 3 ESPÉCIES DE SURSIS
• Simples – O condenado não reparou o dano e as circunstâncias CP) são-lhe inteiramente favoráveis. Nessa hipótese, o condenado
judiciais (art. 59 do CP) não lhe são muito favoráveis. É o sursis não precisa, no primeiro ano, se submeter à prestação de serviços
comum, a regra. à comunidade ou limitação de fim de semana (serão substituídas
• Especial – Aqui, o condenado reparou o dano (ou não teve pelas condições do art. 78, §2º, do CP).
possibilidade de fazê-lo) e as circunstâncias judiciais (art. 59 do
2 0. 4 REVOGAÇÃO DO SURSIS
Quantidade da pena - A pena aplicada deve ter sido igual ou hediondo (prática de tortura e tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
superior a dois anos. afins), tráfico de pessoas ou terrorismo não pode ser beneficiado
Parcela da pena já cumprida - A pena já deve ter sido com o Livramento Condicional.
razoavelmente cumprida. O montante da pena já cumprida irá variar OBS.:3: Em alteração promovida pela Lei 13.964/19 (pacote
conforme as condições do crime e do condenado: anticrime), passou a ser vedada a concessão de livramento
• Condenado não reincidente em crime doloso e que possua condicional para condenados pela prática de crime hediondo ou
bons antecedentes – Cumprimento de 1/3 da pena (Livramento equiparado com resultado morte, sejam primários ou reincidentes
Condicional Simples).
(ex.: estupro com resultado morte, roubo com resultado morte, etc.).
• Condenado reincidente em crime doloso – Cumprimento de
Resumidamente, então, no que tange aos condenados por crime
mais da metade da pena (Livramento Condicional Qualificado).
hediondo ou equiparado:
• Condenado por crime hediondo, equiparado a hediondo
• Condenado por crime hediondo ou equiparado com
(prática de tortura e tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins),
resultado morte – NUNCA cabe o livramento condicional;
tráfico de pessoas ou terrorismo, desde que não seja reincidente em
• Condenado por crime hediondo ou equiparado (sem
crime dessa natureza – Cumprimento de 2/3 da pena (Livramento
resultado morte) – Cabe o benefício do livramento condicional se
Condicional Específico).
for primário ou reincidente não específico.
OBS.1: Condenado não reincidente em crime doloso, mas
que também não possui bons antecedentes – STJ: deve ser adotada
Reparação do dano – Requisito dispensado no caso de
a posição mais favorável ao réu, permitindo-se a concessão do
impossibilidade de reparação e no caso de a vítima não ser
Livramento Condicional Simples.
encontrada para ser indenizada, ou ainda, demonstrar desinteresse
OBS.2: Reincidente em crime hediondo, equiparado a
na reparação.
• PACOTE ANTICRIME)
• Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído
• Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto
OBS.: No caso de crime doloso cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, é necessária, ainda, uma análise acerca da possibilidade
de o condenado voltar a delinquir.
21 .1 REVOGAÇÃO DO SURSIS
Obrigatória – Ocorre no caso de: OBS.: A revogação impede nova concessão do benefício? Sim.
Condenação irrecorrível, a pena privativa de liberdade: OBS.: O tempo em que o condenado esteve solto (em
• Por crime cometido durante o benefício livramento condicional) é abatido da pena privativa de liberdade que
• Por crime anterior – Nesse caso, só será revogado se a voltará a cumprir? Em regra, não. EXCEÇÃO: no caso de revogação
soma das penas formar um montante que impeça a concessão do
pela condenação por crime anterior.
benefício
Extinção da punibilidade – Se, esgotado o prazo, o Livramento
Revogação facultativa – Ocorre nos casos de:
Condicional não tiver sido revogado, considera-se extinta a pena
• Descumprimento de condição imposta
privativa de liberdade e, por conseguinte, extinta a punibilidade
• Condenação irrecorrível por crime ou contravenção, sendo
aplicada pena não privativa de liberdade (Súmula 617 do STJ).
Conceito – Espécie de sanção penal aplicável àqueles que, cessou a periculosidade do agente.
embora tendo cometido fato típico e ilícito, são inimputáveis ou OBS.: Embora o CP não estabeleça um prazo máximo para as
semi-imputáveis em razão de problemas mentais. Assim, é possível medidas de segurança, o STF e o STJ não aceitam isso. O STF entende
a aplicação de medida de segurança a agentes culpáveis (semi- que a medida de segurança não pode ultrapassar 40 anos, que é o
imputáveis). prazo máximo de uma pena privativa de liberdade. O STJ entende que
Espécies – Internação e tratamento ambulatorial. A escolha de o prazo máximo da medida de segurança é o prazo máximo de pena
qual será a medida deve levar em consideração a periculosidade do estabelecido (em abstrato) para o crime cometido (súmula 527 do
agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento STJ).
que melhor se adapte ao agente (STJ. 3ª Seção. EREsp 998.128-MG, Necessidade de trânsito em julgado – Não se admite execução
Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/11/2019). provisória de medida de segurança, somente sendo cabível sua
Prazo – A sentença deve fixar um prazo mínimo (que varia de execução após o trânsito em julgado da sentença que a fixou.
01 a 03 anos), findo o qual deverá haver um exame para saber se
Graça - Conferida de maneira individual. Não exclui o FATO extrapenais (súmula 631 do STJ, prevista para o Indulto, mas aplicável
criminoso em si, mas apenas extingue a punibilidade em relação à Graça).
a determinados agentes. Sua concessão cabe ao Presidente da Abolitio criminis - Ocorre quando surge uma lei nova que deixa
República. Pode ser causa parcial de extinção da punibilidade. de considerar o fato como crime. Faz cessar a pena e todos os demais
Indulto - Conferida de maneira coletiva. Não exclui o FATO efeitos penais da condenação (ex.: reincidência), permanecendo,
criminoso em si, mas apenas extingue a punibilidade em relação porém, os efeitos extrapenais da condenação (ex.: obrigação de
a determinados agentes. Sua concessão cabe ao Presidente da indenizar a vítima).
República. Pode ser causa parcial de extinção da punibilidade.
OBS.: A graça e o indulto afetam apenas o efeito penal primário Renúncia x Perdão do Ofendido x Perdão Judicial – conforme
da condenação (a pena), permanecendo os demais efeitos penais e quadro abaixo:
Concedido pela VÍTIMA Concedida pela VÍTIMA Concedido pelo Estado (Juiz)
Somente nos crimes de ação Somente nos crimes de ação Somente nos casos previstos
penal privada penal privada em Lei
Precisa ser aceito pelo Não precisa ser aceita pelo Não precisa ser aceito pelo
infrator infrator infrator
Decadência - Ocorre quando a vítima deixa de ajuizar a ação penal dentro do prazo ou quando deixa de oferecer a representação dentro
do prazo. O prazo é de seis meses a contar da data em que a vítima passa a saber quem foi o autor do fato.
Perempção - Extinção da ação penal privada pela negligência do querelante na condução da causa.
Retratação do agente – Somente nos casos em que a lei a admite. Ex.: difamação, falso testemunho.
24.0 PRESCRIÇÃO
Conceito – Perda do jus puniendi pelo decurso do tempo.
Espécies – Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória
Prescrição da pretensão punitiva – Aqui, o Estado ainda não aplicou (em caráter definitivo) uma sanção penal ao agente que praticou a
conduta criminosa. A ocorrência de prescrição da pretensão punitiva impede que o Estado venha a condenar o infrator, de forma que não haverá
qualquer efeito condenatório em razão da sentença extintiva da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva.
• Prazo prescricional – Calculado com base na pena máxima 5. nos crimes contra a dignidade sexual ou que
em abstrato cominada ao delito. envolvam violência contra a criança e o adolescente,
• Início do prazo prescricional previstos neste Código ou em legislação especial, da data
1. do dia em que o crime se consumou; em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se, a
2. no caso de tentativa, do dia em que cessou a esse tempo, já houver sido proposta a ação penal.
atividade criminosa; • Prescrição da pena de multa - Se a multa for prevista ou
3. nos crimes permanentes, do dia em que cessou a aplicada isoladamente, o prazo será de dois anos. Porém, se a
permanência; multa for aplicada ou prevista cumulativamente com a pena de
4. nos crimes de bigamia e nos de falsificação ou prisão (privativa de liberdade), o prazo de prescrição será o mesmo
alteração de assentamento do registro civil, da data em que estabelecido para a pena privativa de liberdade.
o fato se tornou conhecido;
• Prescrição da pretensão punitiva superveniente recebimento da denúncia ou queixa. Atualmente essa hipótese
(intercorrente) – Verifica-se DEPOIS da sentença penal NÃO EXISTE MAIS.
condenatória, com base na pena efetivamente aplicada, quando Interrupção da prescrição – Uma vez interrompido o prazo,
ocorre entre o trânsito em julgado da sentença condenatória para volta a correr do zero. Interrompem a prescrição:
a acusação e o trânsito em julgado da sentença condenatória em • Recebimento da denúncia ou queixa
definitivo (tanto para a acusação quanto para defesa). • Pronúncia
• Prescrição da pretensão punitiva retroativa – Quando, uma • Decisão confirmatória da pronúncia
vez tendo havido o trânsito em julgado para a acusação, se chega • Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis
à conclusão de que houve a prescrição da pretensão punitiva em • Início ou continuação do cumprimento da pena – não se
algum momento entre a data da denúncia (ou queixa) e a sentença estende aos demais autores do delito. Só se aplica à prescrição da
condenatória. OBS.: Antes da Lei 12.234/10 havia possibilidade de pretensão executória.
ocorrência da prescrição retroativa (com base na pena aplicada) • Reincidência - não se estende aos demais autores do delito.
entre a data do fato criminoso (ou outro marco inicial) e o Só se aplica à prescrição da pretensão executória.
• Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que fazer cumprir a decisão. Características:
dependa do reconhecimento da existência do crime • Tem como base a pena aplicada.
• Enquanto o agente cumpre pena no exterior • Afeta o efeito primário da condenação (pena), mas os demais
• Na pendência de embargos de declaração ou de recursos efeitos da condenação permanecem (secundários, sejam eles
aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis (introduzida pelo penais ou extrapenais).
PACOTE ANTICRIME – Lei 13.964/19) • Início – (1) do dia em que transita em julgado a sentença
• Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão
persecução penal (introduzida pelo PACOTE ANTICRIME – Lei condicional da pena ou o livramento condicional; (2) do dia em que
13.964/19) se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção
Prescrição da pretensão executória – Ocorre quando o Estado deva computar-se na pena.
condena o indivíduo, de maneira irrecorrível, mas não consegue
25 .1 CALÚNIA
25 . 2 DIFAMAÇÃO
Conceito - Imputação a alguma pessoa de fato ofensivo a sua contra os mortos. Consumação - O crime consuma-se quando um
reputação (ainda que a imputação seja verdadeira). terceiro toma conhecimento da difamação.
Execução - Pode ser realizada mediante gestos, insinuações. Exceção da verdade – Só é admitida se a vítima é funcionário
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum). público e a difamação refere-se ao exercício das funções.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa. Não se pune a difamação
25 . 3 INJÚRIA
Conceito – Ofensa dirigida a alguma pessoa (violação à honra • O ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
subjetiva). Aqui, não se trata de um FATO, mas da emissão de um injúria;
conceito depreciativo sobre o ofendido (ex.: chamar de piranha, • Há retorsão imediata, que consista em outra injúria.
fedorento, safado etc.), de maneira a fazer com que a vítima se sinta Injúria real – Há contato físico (ex.: tapa no rosto, de forma
Execução - Pode ser realizada mediante gestos, insinuações, Injúria qualificada - Utilização de elementos referentes à
palavras diretamente ofensivas, escritos etc. religião, à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (art.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa. OBS.: A injúria racial (com elementos de raça, cor, etnia ou
Consumação - O crime consuma-se quando a VÍTIMA toma procedência nacional) passou a estar tipificada na Lei Antirracismo
conhecimento da injúria. (art. 2º-A da Lei 7.716/89), com pena mais severa (reclusão de
Exceção da verdade – Nunca é admitida. 02 a 05 anos e multa), sendo, atualmente, crime inafiançável e
• Se o crime for cometido contra o Presidente da República direito), se decorre de mera crítica literária, artística ou científica
ou Chefe de Governo Estrangeiro, contra funcionário público (no (salvo se inequívoca intenção de injuriar) ou se realizada pelo
exercício da função), na presença de várias pessoas ou por meio funcionário público na avaliação e emissão de conceito acerca de
que facilite a divulgação ou, ainda, contra criança, adolescente, informação que preste no exercício da função. Entretanto, quem
pessoa maior de 60 anos ou pessoa com deficiência (exceto na dá publicidade à primeira e terceira hipótese, responde pelo crime.
hipótese de injúria racial), a pena do agente é aumentada em 1/3. • Retratação – Cabível na calúnia e na difamação (não na
• Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de injúria!). Deve ser realizada até a sentença.
recompensa, a pena é aplicada em DOBRO. • ATENÇÃO! Em relação à retratação, a Lei 13.188/15 incluiu o
• Se o crime é cometido ou divulgado em qualquer modalidade parágrafo único no art. 143 do CP, estabelecendo que, nos casos
das redes sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em em que tenha sido praticada a calúnia ou a difamação pelos meios
triplo a pena (vigência a partir de 30.05.2021). de comunicação, a retratação deverá se dar, se assim desejar o
• A injúria ou difamação não é punível se realizada em juízo, ofendido, pelos mesmos meios em que foi praticada a ofensa.
pela parte ou seu procurador (com a finalidade de defender seu
25 .5 AÇÃO PENAL
REGRA Privada
INJÚRIA REAL com violência real Pública (condicionada ou incondicionada, a depender das lesões)
26.0 FURTO
Bem jurídico – Tutela-se não só a propriedade, mas qualquer Furto privilegiado – O juiz pode substituir a pena de reclusão
forma de dominação sobre a coisa (propriedade, posse e detenção pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3 ou aplicar somente a pena
legítimas). de multa, desde que:
Coisa alheia móvel - O conceito de “móvel”, aqui, é “tudo • O réu seja primário
aquilo que pode ser movido de um lugar para outro sem perda de • Seja de pequeno valor a coisa furtada
suas características ou funcionalidades”. OBS.: Cadáver pode ser → É possível a aplicação do privilégio ao furto qualificado?
objeto de furto, desde que pertença a alguém. OBS.2: Equipara-se Sim, desde que (súmula 511 do STJ):
• Estejam presentes os requisitos que autorizam o
a coisa móvel à ENERGIA ELÉTRICA ou qualquer outra energia que
reconhecimento do privilégio
possua valor econômico.
• A qualificadora seja de ordem objetiva
Elemento subjetivo – Dolo com a intenção de se apoderar
Furto qualificado – Existem várias hipóteses que qualificam o
da coisa (animus rem sibi habendi). Não se pune na forma culposa.
furto. São elas:
OBS.: Furto de uso não é crime (subtrair só para usar a coisa já com
• Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa
a intenção de devolver). – Aquela conduta do agente que destrói ou rompe um obstáculo
Consumação – Teoria da amotio: furto consuma-se quando o colocado de forma a impedir o furto. Se a violência for exercida
agente tem a posse sobre a coisa, ainda que por um breve espaço contra o próprio bem furtado, não há a qualificadora.
de tempo e ainda que não tenha a “posse mansa e pacífica” sobre • Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza – No abuso
a coisa (Súmula 582 do STJ, prevista para o roubo, mas aplicável ao de confiança, o agente aproveita-se da confiança nele depositada,
de forma que o proprietário não exerce vigilância sobre o bem, por
furto).
confiar no infrator. Na fraude, o infrator emprega algum artifício
OBS.: A existência de sistema de vigilância ou monitoramento
para enganar o agente e furtá-lo. Na escalada, o agente realiza
eletrônico caracteriza crime impossível? Não. O STF e o STJ
um esforço fora do comum para superar uma barreira física (ex.:
possuem entendimento pacífico no sentido de que, nesse caso, há saltar um muro ALTO). A superação da barreira pode se dar de
possibilidade de consumação do furto, logo não há que se falar em qualquer forma, não apenas pelo alto (ex.: escavação de um túnel
crime impossível. O STJ, inclusive, editou o enunciado de súmula nº subterrâneo), desde que não ocorra a destruição da barreira (nesse
567 nesse sentido. caso, teríamos a qualificadora do rompimento de obstáculo). Na
Repouso noturno – Se o crime for praticado durante o repouso destreza, o agente vale-se de alguma habilidade peculiar (ex.:
batedor de carteira, que furta com extrema destreza, sem ser
noturno, a pena é aumentada em 1/3. Disposições importantes sobre
percebido). Se a vítima perceber a ação, o agente responde por
o repouso noturno:
tentativa de furto simples, não por tentativa de furto qualificado,
• Compreende o período em que a população se recolhe para
pois o agente não agiu com destreza alguma.
descansar, devendo o julgador atentar- se às características do caso
• Chave falsa – O conceito de “chave falsa” abrange: a) a cópia
concreto.
da chave verdadeira, mas obtida sem autorização do dono; b) uma
• Aplica-se ainda que se trate de casa desabitada ou
chave diversa da verdadeira, mas alterada com a finalidade de
estabelecimento comercial.
abrir a fechadura; c) qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura
• São irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não,
sem provocar sua destruição (pode ser um grampo de cabelo, por
dormindo no momento do crime, ou o local de sua ocorrência,
exemplo).
em estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada
• Concurso de pessoas – Nessa hipótese, o crime será
ou em veículos, bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à
qualificado se praticado por duas ou mais pessoas em concurso de
noite e em situação de repouso.
agentes. Em caso de associação criminosa, todos respondem pelo
• Não se aplica ao furto qualificado (posição atual do STJ, Tema
furto qualificado pelo concurso de pessoas + associação criminosa
1087 dos recursos repetitivos, mas há divergência no STF).
• “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de achada, prevista no art. 169, § único, do CP; b) furto de coisas
agentes, a majorante do roubo” (Súmula 442 do STJ). abandonadas e que nunca tiveram dono (res derelicta e res nullius,
• Furto de folha de cheque em branco – Há divergência respectivamente) – incabível, pois o agente, ao se apossar da coisa,
doutrinária e jurisprudencial a respeito. Entretanto, prevalece, no torna-se seu dono, já que a coisa não pertence a ninguém.
STJ, o entendimento de que a mera subtração da folha de cheque • Subtração de sinal de TV a cabo – Posição hoje pacificada,
em branco não caracteriza furto, por possuir valor insignificante. tanto no STF quanto no STJ, no sentido de que não configura crime
• Furto de coisas perdidas, abandonadas e que nunca tiveram de furto, pois o sinal de TV por assinatura não pode ser equiparado
dono – a) furto de coisas perdidas (res desperdicta) – incabível, à energia, já que isso configuraria analogia desfavorável ao réu.
pois o agente, nesse caso, pratica o crime de apropriação de coisa
27.0 ROUBO
Roubo próprio – O agente pratica a violência, grave ameaça ou lesões corporais que causar, se for o caso).
violência imprópria PARA subtrair a coisa. Consumação - Quando o agente passa a ter o poder sobre a
Roubo impróprio – O agente pratica a violência ou grave coisa (ainda que por um breve espaço de tempo e ainda que não
ameaça LOGO DEPOIS de subtrair a coisa, como forma de assegurar seja posse mansa e pacífica – teoria da amotio), após ter praticado
a detenção da coisa ou a impunidade do crime. violência ou grave ameaça. OBS.: No roubo impróprio, o crime
Roubo com violência imprópria – O agente, sem violência ou consuma-se quando o agente, após subtrair a coisa, emprega a
grave ameaça, reduz a vítima à condição de impossibilidade de defesa violência ou grave ameaça. OBS.: A inexistência de valores em poder
(ex.: coloca uma droga em sua bebida). Trata-se de modalidade de da vítima não configura crime impossível (mera impropriedade
roubo próprio (praticado com violência imprópria). RELATIVA do objeto).
→ Roubo de uso é crime? Controvertido, mas prevalece que o Tentativa – Cabível em todas as formas (Doutrina minoritária,
agente responde pelo roubo. Doutrina minoritária sustenta que ele contudo, sustenta que não cabe no roubo impróprio).
responde apenas por constrangimento ilegal (mais a pena relativa às Majorantes do §2º do art. 157 do CP – A pena do crime de
roubo será aumentada de um terço até a metade em determinadas transportado para outro Estado ou para o exterior.
situações: • Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
• Se há o concurso de duas ou mais pessoas liberdade.
OBS.: Se houver associação criminosa – Todos respondem por • No caso de a subtração ser de substâncias explosivas ou
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
roubo majorado e por associação criminosa.
fabricação, montagem ou emprego.
• Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
• Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de
agente conhece tal circunstância.
arma branca (incluída pelo PACOTE ANTICRIME – Lei 13.964/19).
• Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
Majorantes do §2º-A do art. 157 do CP (incluído pela Lei 13.654/18) – Aumento de pena de 2/3:
Majorante do §2º-B do art. 157 do CP (INCLUÍDO PELO PACOTE ANTICRIME – Lei 13.964/19) – pena aplicada em DOBRO:
RESUMIDAMENTE:
• Emprego de arma branca – Majora de 1/3 à metade (somente para quem praticou depois da vigência da Lei 13.964/19);
• Emprego de arma de fogo de uso permitido – Majora em 2/3 (para quem praticou depois da Lei 13.654/18) ou majora em 1/3
à metade (para quem praticou antes da Lei 13.654/18);
• Emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido – Pena em DOBRO (para quem praticou depois da vigência da Lei
13.964/19); majora em 2/3 (para quem praticou depois da Lei 13.654/18 e antes da Lei 13.964/19); Majora em 1/3 à metade
(para quem praticou antes da Lei 13.654/18).
• Caracterização - Ocorrerá sempre que o agente, VISANDO A SUBTRAÇÃO DA COISA, praticar a conduta (empregando violência) e
ocorrer (dolosa ou culposamente) a morte de alguém. Caso o agente deseje a morte da pessoa e, somente após realizar a conduta homicida,
resolva furtar seus bens, estaremos diante de um HOMICÍDIO em concurso com FURTO.
OBS.: E se o agente mata o próprio comparsa (para ficar consumação do latrocínio é o seguinte:
com todo o dinheiro, por exemplo)? Nesse caso, houve roubo em • SUBTRAÇÃO CONSUMADA + MORTE CONSUMADA
concurso material com homicídio, não latrocínio. = latrocínio consumado
• SUBTRAÇÃO TENTADA + MORTE TENTADA =
OBS.: E se o agente atira para acertar a vítima, mas acaba
latrocínio tentado
atingindo o comparsa? Temos erro na execução (aberratio ictus) e
• SUBTRAÇÃO TENTADA + MORTE CONSUMADA =
o agente responde como se tivesse atingido a vítima. Logo, temos
latrocínio consumado (súmula 610 do STF)
latrocínio. • SUBTRAÇÃO CONSUMADA + MORTE TENTADA = latrocínio
• Consumação - Em resumo, o entendimento acerca da tentado (STJ)
2 8 .0 EXTORSÃO
Aplicam-se as mesmas regras previstas para o roubo qualificado pelo resultado (morte ou lesão corporal grave).
A pena é mais elevada (seis a doze anos). O crime também será considerado qualificado (com penas mais severas) no caso de ocorrência
de lesões graves ou morte.
Caracterização - Segundo esse dispositivo, é necessário:
• Que o crime seja cometido mediante a restrição da liberdade da vítima;
• Que essa circunstância seja necessária para a obtenção da • Abuso de situação de necessidade (fragilidade) da vítima
vantagem econômica – Se for desnecessária, o agente responde • Intenção de garantir, futuramente, o pagamento da dívida
por extorsão simples em concurso material com sequestro ou (por meio da ameaça)
cárcere privado. Consumação e tentativa na extorsão indireta - O crime
Extorsão indireta - ocorre quando um credor EXIGE ou RECEBE consuma-se com a mera realização da exigência (nesse caso, crime
do devedor documento que possa dar causa à instauração de formal) ou com o efetivo recebimento (nesse caso, material) do
procedimento criminal contra a vítima (devedor) ou contra terceiro. documento. A tentativa é possível.
Deve haver, ainda:
Caracterização - O verbo é sequestrar, ou seja, impedir, por qualquer meio, que a pessoa exerça seu direito de ir e vir. O CRIME OCORRERÁ
AINDA QUE A VÍTIMA NÃO SEJA TRANSFERIDA PARA OUTRO LOCAL.
Aqui, a privação da liberdade se dá como meio para se obter um RESGATE, que é um pagamento pela liberdade de alguém (ou seja, o dolo
específico consistente na intenção de obter a vantagem).
Qualquer vantagem pode ser exigida? A Doutrina entende que a vantagem deve ser PATRIMONIAL e INDEVIDA, pois, se for DEVIDA,
teremos o crime de exercício arbitrário das próprias razões.
Quem é o sujeito passivo do delito? Quem é sequestrado ou a pessoa a quem se exige o resgate? Ambos.
OBS.: Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo, na qualidade de vítima da lesão patrimonial (ex.: sequestra- se o sócio para exigir da PJ o
pagamento do resgate).
Delação premiada - Abatimento na pena (causa especial de redução de pena) daquele que delata os demais cúmplices (redução de 1/3 a
2/3). É indispensável que, dessa delação, decorra uma facilitação na libertação do sequestrado.
29.0 DANO
Caracterização - O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a destruição (danificação total), a inutilização (danificação, ainda que parcial, mas
que torna o bem inútil) ou deterioração (danificação parcial do bem) da coisa.
O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, tendo como sujeito passivo o proprietário ou possuidor do bem danificado.
O condômino pode ser sujeito ativo, mas se a coisa é fungível (substituível, como o dinheiro, por exemplo) e o agente deteriora apenas a sua
cota-parte, não há crime, por analogia ao furto de coisa comum (posição do STF).
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune na forma culposa.
OBS.: O crime de “pichação” é definido como CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE (ambiente urbano), nos termos do art. 65 da Lei
9.605/98.
Conduta – O agente tem a posse sobre o bem, mas RECUSA- Elemento subjetivo - O elemento exigido é o dolo, não se
SE A DEVOLVÊ-LO ou REPASSÁ-LO a quem de direito. Ou seja, aqui, punindo a forma culposa.
o crime dá-se pela INVERSÃO DO ANIMUS DO AGENTE, QUE ANTES Consumação - O crime consuma-se com a inversão da intenção
ESTAVA DE BOA-FÉ e passa a estar de má-fé. do agente. Crime unissubsistente, sendo inviável a tentativa (embora
O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer A Doutrina minoritária entenda o contrário).
pessoa. Causas de aumento de pena – Aumento de 1/3 se o agente
OBS.: A posse que o infrator tem sobre a coisa deve ser tiver recebido a coisa:
“DESVIGIADA”, ou seja, sem vigilância, decorrendo de confiança • em depósito necessário;
entre o dono da coisa e o infrator. Caso haja mero contato físico • na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
com a coisa, mas sem relação de confiança entre dono e infrator,
• em razão de ofício, emprego ou profissão.
estaremos diante do crime de furto.
Caracterização - A conduta é apenas uma: “deixar de Consumação e tentativa - A Doutrina majoritária sustenta que
repassar”, ou seja, reter, mas não repassar ao órgão responsável, o crime é formal e se consuma no momento em que se exaure o prazo
os valores referentes às contribuições previdenciárias. Trata-se de para o repasse dos valores. STF e STJ - Trata-se de crime material,
norma penal em branco, pois deve haver a complementação com as sendo necessária a constituição definitiva do tributo (contribuição
normas previdenciárias, que estabelecem o prazo para repasse das previdenciária) para que possa ser considerado “consumado” o crime
contribuições retidas pelo responsável tributário. (aplicação da súmula vinculante nº 24). Não se admite tentativa
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune na forma culposa. (crime omissivo puro).
Não se exige o dolo específico (STF e STJ).
3 0. 2 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
O STF e o STJ entendem que o pagamento, a qualquer tempo (antes do trânsito em julgado) extingue a punibilidade.
E se o réu aderir ao parcelamento do débito? Nesse caso, fica SUSPENSA a punibilidade (e também o curso do prazo prescricional). Uma
vez quitado o parcelamento, extingue-se a punibilidade.
Princípio da insignificância – Prevalece o entendimento de que o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes cometidos contra a
Previdência Social.
31.0 ESTELIONATO
Caracterização – O agente obtém vantagem indevida (crime • seja de pequeno valor o prejuízo
material, portanto) para si ou para outrem em prejuízo alheio, Fraude eletrônica - Se a fraude é cometida com a utilização de
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante qualquer meio informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro
fraudulento. Considerado crime de resultado duplo (o agente deve por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
obter a vantagem e a vítima deve sofrer o prejuízo). eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
Vantagem – Deve ser patrimonial (doutrina majoritária). análogo (ex.: o agente se faz passar por um contato da vítima no
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune a forma culposa. celular e envia mensagem pedindo dinheiro e a vítima empresta,
Exige-se, ainda, a finalidade especial de agir, consistente na intenção acreditando ser um amigo, mas trata-se de um estelionatário). Nesse
de obter vantagem indevida em detrimento (prejuízo) de outrem. caso, temos uma qualificadora: pena de reclusão, de 4 (quatro) a 8
Estelionato privilegiado – Aplicam-se as mesmas disposições (oito) anos, e multa.
do furto privilegiado, ou seja, o Juiz pode substituir a pena de reclusão OBS.: Aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se
pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3 ou aplicar somente a pena o crime de fraude eletrônica é praticado mediante a utilização de
de multa, desde que: servidor mantido fora do território nacional.
• o réu seja primário
Conduta – Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras Consumação – Esse delito irá se consumar com a prática de
ou intermediar operações que envolvam ativos virtuais, valores qualquer das condutas (organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras
mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim de obter etc.). A tentativa é possível, em tese, mas de difícil caracterização,
vantagem ilícita em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém pois a prática de qualquer das condutas configura o delito, de
em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. maneira que o crime já estará consumado com o simples ato de, por
Pode ser caracterizado pelas seguintes condutas: exemplo, “ofertar” a carteira de ativos financeiros com o fim de obter
• Organizar; vantagem ilícita em prejuízo alheio, mediante fraude. Esse delito, em
• Gerir; razão da forma como foi redigido, configura um crime formal, pois
• Ofertar; ou
basta a prática da conduta com o fim de obter vantagem indevida em
• Distribuir carteiras; ou
prejuízo alheio, ainda que o agente não consiga alcançar a vantagem
• Intermediar operações que envolvam ativos virtuais, valores
ilícita pretendida.
mobiliários ou quaisquer ativos financeiros.
Elemento subjetivo – Dolo. Todavia, exige-se o dolo específico,
ou seja, o especial fim de agir, consistente na intenção de “obter Sujeito ativo – Trata-se de crime comum, podendo ser
vantagem ilícita, em prejuízo alheio”. praticado por qualquer pessoa.
31 . 2 TÓPICOS IMPORTANTES
E se o agente fraudar um concurso público? A conduta, que antes foi considerada atípica pelo STF, atualmente, encontra-se tipificada no
art. 311-A do CPP (crime de fraude em certames de interesse público), incluído pela Lei 12.550/11.
→ E se o agente praticar o estelionato mediante a utilização adimplir a obrigação contraída. Diferentemente da hipótese em que
de documento falso? O STJ e o STF entendem que se trata de o agente possui fundos, mas, antes da data prevista para o desconto
concurso FORMAL. Contudo, se a potencialidade lesiva do falso se do cheque, precisa retirar o dinheiro por algum motivo e o cheque
exaurir no estelionato, o crime de estelionato absorve o documento “bate sem fundos”. Isso não é crime. A emissão de cheques sem
falso, que foi apenas um meio para sua prática (Súmula 17 do STJ). fundos para pagamento de dívidas de jogo NÃO CONFIGURA CRIME,
→ E se o agente obtém um cheque da vítima? O crime é pois essas dívidas não são passíveis de cobrança judicial nos termos
tentado ou consumado? Enquanto o agente não obtiver o valor do art. 814 do CC.
prescrito no cheque, o crime ainda é tentado, apenas consumando- OBS.: Nesse caso (art. 171, §2º-VI, do CP), se o agente
se quando o agente obtiver o valor constante no cheque (posição repara o dano ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, obsta o
majoritária da Doutrina). prosseguimento da ação penal (súmula 554 do STF).
→ Emissão de cheque sem fundos - Para que se configure → Estelionato contra idoso ou vulnerável – A pena aumenta-
crime, é necessário que o agente tenha, de antemão, a intenção se de 1/3 (um terço) ao dobro se o crime é cometido contra idoso ou
de não pagar, ou seja, o agente sabe que não possui fundos para vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso.
31 . 3 ESTELIONATO “PREVIDENCIÁRIO”
O §3° prevê o chamado estelionato contra entidade de direito penal exige o efetivo recebimento da vantagem indevida), seja pelo
público, que é aquele cometido contra qualquer das instituições próprio ou por outra pessoa.
previstas na norma penal citada. Trata-se de causa de aumento de • AÇÃO PENAL – O crime de estelionato passou a ser, como
pena (aumenta-se de um terço). regra, crime de ação penal pública
• Consumação – Tal delito consuma-se com a obtenção CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO. Todavia, a ação penal
da vantagem indevida. Nos casos de obtenção de benefício pública será incondicionada se a vítima for:
previdenciário mediante fraude, a consumação dependerá do • A Administração Pública (direta ou indireta)
sujeito ativo do delito: • Criança ou adolescente
• Momento consumativo para o próprio beneficiário dos • Pessoa com deficiência mental
valores indevidos – Trata-se de crime permanente, que se “renova” • Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz
a cada saque do benefício indevido. OBS.: No que tange à idade, para a aplicação da majorante
• Momento consumativo para terceira pessoa que participou por se tratar de pessoa idosa, basta que a vítima tenha 60 anos ou
do delito – Ocorre com o recebimento da vantagem indevida pela mais; para se tratar de ação penal pública incondicionada, a vítima
primeira vez (já que o delito de estelionato é material, pois o tipo deve ter mais de 70 anos de idade.
32.0 RECEPTAÇÃO
Conceito - Considerada um crime “parasitário” (ou decorrente), pois depende da existência de um crime
anterior (chamado de “crime pressuposto” ou “crime a quo”).
Condutas - A conduta (tipo objetivo) prevista no caput pode ser dividida em duas partes:
• RECEPTAÇÃO PRÓPRIA (1° parte do caput do artigo) – Aqui, o agente sabe que a coisa é produto de crime e a adquire, recebe,
transporta, conduz ou oculta. Não é necessário ajuste, conluio entre o adquirente (receptador) e o vendedor (aquele que praticou o crime
anterior).
• RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA (2° parte do caput do artigo) – exercício de atividade comercial, sendo, portanto, crime próprio. À
Aqui, o agente não adquire o bem, mas, sabendo que é produto de atividade comercial equipara-se qualquer forma de comércio, ainda
crime, influencia para que outra pessoa que age de boa-fé adquira que irregular ou clandestino (camelôs, por exemplo), nos termos do
o bem.
§2°.
OBS.: Somente a coisa móvel poderá ser objeto material do
Elementos subjetivos na receptação qualificada - O elemento
delito (posição adotada pelo STF).
subjetivo, aqui, é tanto o dolo direto quanto o dolo eventual.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, aliado ao dolo
Receptação culposa - Ocorre quando o agente age com
específico, consistente na intenção de obter vantagem, ainda que
imprudência, adquirindo um bem em circunstâncias anômalas, sem
para terceira pessoa.
atentar para o fato de que é bem provável que seja produto de crime.
A consumação, na receptação própria, dá-se com a efetiva
32.1 Receptação de animal - O tipo penal (art. 180-A do CP)
inclusão da coisa na esfera de posse do agente (crime material).
traz sete condutas típicas:
Já a receptação imprópria é crime formal, bastando que o infrator • Adquirir
influencie o terceiro a praticar a conduta, pouco importando se este • Receber
vem a praticá-la ou não. • Transportar
OBS.: A receptação será punível ainda que seja desconhecido • Conduzir
ou isento de pena o autor do crime anterior. Entretanto, deve haver • Ocultar
• Ter em depósito
prova da ocorrência do crime anterior, ainda que não se exija a
• Vender
condenação de qualquer pessoa por ele.
Objeto da receptação - semovente domesticável de produção,
Consumação – Nas modalidades de adquirir e receber, o crime
ainda que abatido ou dividido em partes, que se deve saber ser
é instantâneo, consumando-se com a aquisição ou recebimento da
produto de crime.
coisa. Nas modalidades de transportar, conduzir e ocultar, há crime
A prática de mais de uma conduta, no mesmo contexto
permanente, que irá se consumar enquanto o agente permanecer
criminoso, configura crime único (tipo misto alternativo)
transportando, conduzindo ou ocultando a coisa.
Elemento subjetivo – Dolo.
Receptação qualificada - A conduta deve ter sido praticada no
É isento de pena quem comete qualquer dos crimes contra o patrimônio em prejuízo:
• Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal
• De ascendente ou descendente
33 . 2 AÇÃO PENAL
Consumação - No momento em que a moeda é fabricada ou alterada (não precisa chegar a entrar em circulação).
Forma equiparada (mesma pena) – Quem, por conta própria ou alheia:
3 4 .1 TÓPICOS IMPORTANTES
→ Falsificação grosseira - Não há crime de moeda falsa, por não possuir potencialidade lesiva.
→ Forma qualificada prevista no § 3° - Só admite como sujeitos ativos aquelas pessoas ali enumeradas (crime próprio).
→ E se a moeda ainda não foi autorizada a circular? Incorre nas mesmas penas da forma principal do delito.
→ Forma privilegiada - Ocorre quando o agente recebe a moeda falsa de boa-fé (sem saber que era falsa) e a restitui à circulação (já
sabendo que é falsa) – IMPORTANTE!
→ Insignificância – NÃO CABE aplicação do princípio da insignificância.
Conduta – Falsificar, no todo ou em parte, documento público. ou seja, por funcionário público no exercício das funções, com o
Pode ocorrer mediante: cumprimento das formalidades legais) e o conteúdo também
• Fabricação de um documento público falso é público (atos proferidos pelo poder público, como decisões
• Adulteração de um documento público verdadeiro administrativas, sentenças judiciais etc.).
Consumação - No momento em que o agente fabrica o • Documento público em sentido formal apenas – Aqui, a
forma é pública (emanado de órgão público), mas o conteúdo é
documento falso ou altera o documento verdadeiro.
de interesse privado (ex.: escritura pública de compra e venda de
Conceito de documento público – A Doutrina divide em:
um imóvel pertencente a um particular. O conteúdo é de interesse
• Documento público em sentido formal e material
particular, embora emanado de um órgão público).
(substancial) – A forma é pública (emanado de órgão público,
35 . 2 FALSO X ESTELIONATO
Caracterização – A lógica é a mesma da falsificação de documento público, só que com documento particular.
Conceito de documento particular - Considera-se documento particular aquele que não pode ser considerado, sob qualquer aspecto,
como documento público.
Documento particular por equiparação – O CP equiparou a documento particular o cartão de crédito ou débito.
Conduta – Dar o médico, no exercício da sua profissão, OBS.: Isso é chamado pela Doutrina de tipo penal remetido,
atestado falso, atestando falsamente determinada condição de já que se remete a outros tipos penais para compor de forma plena
saúde de alguém. a conduta criminosa.
Crime próprio - Somente o médico poderá praticar o crime Consumação – No momento em que o agente leva o
(enfermeiro, dentista etc., não podem). documento ao conhecimento de terceiros, pois aí se dá a lesão à
Elemento subjetivo – Dolo. OBS.: Se houver finalidade de credibilidade, à fé pública. NÃO SE ADMITE A TENTATIVA!
lucro = há previsão de pena de multa cumulada com a privativa de ATENÇÃO! E se quem usa o documento falso é a própria
liberdade. pessoa que fabricou o documento falso? Nesse caso, temos
Consumação - Consuma-se no momento em que o médico (basicamente) dois entendimentos:
FORNECE o atestado falso. Se elaborar o atestado falso, mas se 1. – O agente responde apenas pelo crime de “uso de
arrepender e não entregar ao destinatário, não há crime. documento falso”, pois a falsificação é um “meio” para a utilização.
2. – O agente responde apenas pela falsificação do documento,
35.2.4 Uso de documento falso
não pelo uso, pois é natural que toda pessoa que falsifica um
Caracterização – Consiste em fazer uso dos documentos
documento pretenda utilizá-lo posteriormente de alguma forma
produzidos nos crimes previstos nos arts. 297 a 302 do CP.
– Prevalece na Doutrina e na Jurisprudência.
Pena – É a mesma prevista para a falsificação do documento.
36 .1 FALSA IDENTIDADE
Caracterização - Atribuir a si ou terceiro falsa identidade, que consiste, basicamente, em se fazer passar por outra pessoa.
OBS.: Se o agente se vale de um documento falso para se fazer passar por outra pessoa, há USO DE DOCUMENTO FALSO.
Elemento subjetivo – Dolo. Exige-se especial finalidade de agir, consistente na intenção de obter alguma vantagem, para si ou para
outrem, ou causar prejuízo a alguém.
→ A prática da conduta (falsa identidade) perante a autoridade policial para se esquivar de eventual cumprimento de prisão (por
mandados anteriores) configuraria exercício legítimo de “autodefesa”? Não, trata-se de conduta típica (falsa identidade) entendimento
sumulado do STJ (súmula 522).
Funcionário público – Quem exerce cargo, emprego ou função Causa de aumento de pena – Aplicada àqueles que ocuparem
pública, ainda que transitoriamente ou sem remuneração. cargos em comissão ou função de direção ou assessoramento
Funcionário público por equiparação - Quem exerce cargo, de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa pública ou fundação instituída pelo poder público (aumento
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a de 1/3).
execução de atividade típica da Administração Pública (ainda que OBS.: Por falha legislativa, em relação à causa de aumento de
transitoriamente ou sem remuneração). pena, não se aplica aos funcionários de autarquias.
37. 2 PECULATO
extinta a punibilidade. Caso o agente repare o dano após o trânsito se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
em julgado, a pena será reduzida pela metade. ISSO NÃO SE APLICA cargo, recebeu por erro de outrem. OBS.: O agente não pode ter
ÀS DEMAIS FORMAS DE PECULATO. criado (dolosamente) a situação de erro (nesse caso, responde por
Peculato mediante erro de outrem – Conduta daquele que estelionato).
Diferença fundamental – Embora os tipos penais possuam a OBS.: No crime de corrupção passiva, na modalidade de
redação um pouco diferente, a diferença FUNDAMENTAL reside no “receber vantagem indevida”, exige-se o efetivo recebimento da
fato de que: vantagem, pois, nesse caso, o recebimento não é o resultado que
• Na concussão – O agente EXIGE a vantagem indevida. o agente busca com sua conduta, mas a própria conduta criminosa.
• Na corrupção passiva – O agente SOLICITA (ou recebe ou OBS.: Em todas as modalidades de corrupção passiva não
aceita a promessa de vantagem) a vantagem indevida.
se exige que o funcionário público efetivamente pratique ou deixe
OBS.: Na concussão, se o agente exige a vantagem sob a
de praticar o ato (com infração de dever funcional) em razão da
ameaça de praticar um mal grave à vítima, não relacionado às
vantagem ou promessa de vantagem recebida. Caso isso ocorra, a
atribuições do cargo, teremos EXTORSÃO, não concussão (ex.: um
pena será aumentada em 1/3.
policial que exige dinheiro do motorista para não aplicar multa =
Corrupção passiva privilegiada – Modalidade menos grave
concussão, no entanto, um policial que exige dinheiro da vítima sob
de corrupção passiva. Hipótese do “favor”, aquela conduta do
a ameaça de matar o filho da vítima = extorsão).
funcionário que cede a pedidos de amigos, conhecidos ou mesmo de
CONSUMAÇÃO – Ambos os delitos consumam-se com a mera
estranhos, ou cede à influência de alguém, para que faça ou deixe de
prática da conduta (exigir, solicitar, aceitar promessa de vantagem,
fazer algo ao qual estava obrigado em razão da função, com infração
etc.), sendo DISPENSÁVEL o efetivo recebimento da vantagem
de dever funcional.
indevida para que haja a consumação do delito.
A diferença básica entre ambas reside no fato de que: quem defenda que o colega, sem hierarquia, também pode, mas é
• Na corrupção passiva privilegiada – O agente cede a PEDIDO minoritário)
ou INFLUÊNCIA de alguém. • Por indulgência (sentimento de pena, misericórdia,
• Na prevaricação – O agente infringe o dever funcional clemência)
(praticando ou deixando de praticar ato) para satisfazer
SENTIMENTO OU INTERESSE PESSOAL. OBS.: Cuidado!!! Se o agente deixa de responsabilizar o
E a condescendência criminosa? Semelhante à prevaricação, subordinado:
mas HÁ DIFERENÇAS. Na condescendência criminosa, o agente (por
• Cedendo a pedido ou influência de alguém – Pratica
indulgência) deixa de responsabilizar um SUBORDINADO que praticou corrupção passiva privilegiada
infração no exercício do cargo ou, caso não tenha competência, deixa • Para satisfazer sentimento ou interesse pessoal (amizade,
de levar o fato ao conhecimento da autoridade que o tenha. É um etc.) – Pratica prevaricação.
crime parecido com a prevaricação, mas tem o diferencial: • Por ter recebido dinheiro em troca – Pratica corrupção
• Só quem pode praticar o delito é o superior hierárquico (há passiva.
Conduta - Facilitar a prática de qualquer dos dois crimes (contrabando ou descaminho), não pelo crime do art. 318 do CP.
(contrabando ou descaminho), seja por ação ou omissão. Só pode Consumação – Consuma-se com o ato de facilitar a prática
ser praticado pelo funcionário que POSSUI A FUNÇÃO DE EVITAR O do contrabando ou descaminho, ainda que estes não venham a
CONTRABANDO E O DESCAMINHO. se consumar (ex.: funcionário da alfândega facilita o ingresso de
Mas e se o funcionário não tiver essa obrigação específica? mercadorias proibidas por um viajante, mas outro servidor impede
Responderá como partícipe do crime praticado pelo particular a efetiva importação dos produtos).
Conduta - Patrocinar interesse privado perante a administração • Praticar a conduta em prol de um terceiro (majoritário)
pública. O agente: OBS.: O crime consuma-se ainda que o interesse patrocinado
• Deve se valer das facilidades que a sua condição de funcionário seja legítimo. Caso seja um interesse ilegítimo, teremos a forma
público lhe proporciona qualificada (pena mais grave).
• Todos os crimes são próprios – Devem ser praticados por culposa para o peculato (peculato culposo, art. 312, §2º, do CP).
quem ostente a condição de funcionário público. Em alguns • Ação penal – Para todos, pública incondicionada.
casos, deve ser uma condição ainda mais específica (ex.: superior • Particular como sujeito do delito – É possível, em todos eles,
hierárquico no crime de condescendência criminosa). desde que se trate de concurso de pessoas e que o particular saiba
• Todos os crimes são dolosos – Só há previsão de forma que seu comparsa é funcionário público.
38.0.1 RESISTÊNCIA
Conduta – Opor-se à execução de ato LEGAL de funcionário público (violência contra coisa não caracteriza o delito), mediante violência ou
ameaça contra o próprio servidor ou contra quem o esteja auxiliando. à execução do ato legal, sem violência ou ameaça (ex.: deitar-se no
Caso praticado mediante violência, aplica-se também a pena relativa chão para atrapalhar a passagem, recusar-se a abrir a porta etc.) não
à violência (ex.: o agente agride funcionário público com socos, para configura crime de resistência, podendo configurar, a depender das
evitar uma ação de fiscalização, causando lesão corporal grave no circunstâncias, crime de desobediência.
servidor. Deverá o infrator responder por resistência + lesão corporal → E se o particular resistir à prisão em flagrante executada
grave). por um particular (atitude permitida pelo art. 301 do CPP)? Nesse
Qualificadora – Se o ato, em razão da resistência, não se caso, não pratica o crime em questão, pois o particular não é
realiza, teremos a figura qualificada do delito. considerado funcionário público, não podendo ser realizada analogia
Oposição meramente passiva – A oposição meramente passiva in malam partem.
38.0.2 DESOBEDIÊNCIA
Conduta - O agente deixa de fazer algo que lhe fora determinado → A tentativa só será admitida nas hipóteses de desobediência
ou faz algo cuja abstenção lhe fora imposta mediante ordem legal de mediante atitude comissiva (ação).
funcionário público competente.
O não atendimento à ordem de parada dada por agentes públicos no trânsito (ex.: em uma “blitz”) configura o crime de desobediência?
Depende:
1ª Situação – Não atendimento à ordem de parada dada pela autoridade de trânsito ou por seus agentes (ou mesmo por policiais ou outros
agentes públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito) – Nesse caso NÃO há crime de desobediência, pois há punição
administrativa especificamente prevista no art. 195 do CTB.
2ª Situação - Não atendimento à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos em contexto de policiamento ostensivo, para a
prevenção e repressão de crimes – Há crime de desobediência (art. 330 do CP).
Princípio da especialidade - Diversas Leis Especiais preveem a conduta (ex.: descumprimento de medida protetiva de urgência
tipos penais que criminalizam condutas específicas de desobediência. fixada no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher
Nesses casos, aplica-se a legislação especial, aplicando-se esse não configura crime de desobediência, e sim um crime específico,
artigo do CP apenas quando não houver lei específica tipificando previsto no art. 24-A da Lei 11.340/06).
38.0.3 DESACATO
Conduta – Ocorre quando um particular desacata (falta de exigindo-se que o funcionário público esteja presente no momento do
respeito, humilhação, com gestos ou palavras, vias de fato etc.) desacato, é inviável a tentativa, por se tratar de crime unissubsistente
funcionário público no exercício da função ou em razão dela. Exige- (praticado mediante um único ato). Outra parcela entende cabível a
se que o ato seja praticado na presença do funcionário público. tentativa, embora de difícil caracterização.
ATENÇÃO!! Não se exige que o funcionário esteja na repartição → E se o ofendido já não é mais funcionário público
ou no horário de trabalho, mas sim que o desacato ocorra em razão (demitido, exonerado etc.)? Nesse caso, o crime não se caracteriza,
da função exercida pelo servidor. ainda que praticado em razão da função anteriormente exercida pelo
→ Tentativa - Há divergências. Parte entende incabível pois, funcionário.
OBS.: O STJ já firmou entendimento no sentido de que a criminalização do desacato NÃO AFRONTA a liberdade de expressão e
pensamento, não violando o Pacto de San José da Costa Rica. Ou seja, é LÍCITA a criminalização do desacato no Brasil.
Conduta – Conduta daquele que pretende obter vantagem em aquele que paga por ela são considerados
face de um particular, sob o argumento de que poderá influenciar na corruptores ativos (art. 333 do CP).
prática de determinado ato por um servidor público. É uma espécie Consumação - Quando o agente solicita, cobra ou exige a
de “estelionato”, pois o agente promete usar uma influência que não vantagem do terceiro. Assim, a obtenção da vantagem é mero
possui. exaurimento, sendo dispensável para a consumação do crime. Na
E o particular que “contrata os serviços”? A Doutrina entende modalidade de “obter vantagem indevida”, a obtenção da vantagem
que não é sujeito ativo, mas sujeito passivo do delito (vítima), pois, é necessária.
embora sua conduta seja imoral, não é penalmente relevante, tendo Causa de aumento de pena – Quando o agente alega ou
sido ele também lesado pela conduta do agente que o enganou insinua que parte da vantagem se destina ao funcionário público.
(considerado corruptor putativo). Aumento de pena de metade.
OBS.: Se a influência do agente for REAL, tanto ele quanto
Conduta - Este crime pode ser cometido de duas formas indevida e o particular fornecê-la (pagar uma quantia, por exemplo),
diferentes (é, portanto, crime de ação múltipla): o particular NÃO cometeu o crime de corrupção ativa, eis que o
oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário tipo somente prevê os verbos de OFERECER e PROMETER vantagem
público. indevida, que pressupõem que o particular tome a iniciativa de
Elemento subjetivo – DOLO. Exige-se, ainda, a finalidade buscar corromper o servidor.
especial de agir consistente no objetivo de fazer com que, mediante Causa de aumento de pena - Se, em razão da vantagem
a vantagem oferecida ou prometida, o funcionário público venha a oferecida ou prometida, o funcionário público agir de uma maneira
praticar, omitir ou retardar ato de ofício. que não deveria, infringindo seu dever funcional, a pena é aumentada
ATENÇÃO! Se o funcionário público solicitar a vantagem de um terço.
38.0.6 CONTRABANDO
Tópicos importantes
→ Com a Lei 13.008/14 a pena do delito de contrabando dependa de registro, análise ou autorização de órgão público
foi AUMENTADA para 02 a 05 anos de reclusão. Essa alteração na competente - Ex.: importação de determinados produtos
quantidade da pena produz consequências negativas para o réu alimentícios sem autorização da Vigilância Sanitária (alguns queijos,
por exemplo, que muita gente traz da Holanda).
(portanto sabemos que NÃO IRÁ RETROAGIR):
• Reinsere no território nacional mercadoria brasileira
• Não cabe mais suspensão condicional do processo (a pena
destinada à exportação – Essa figura tem por finalidade punir
mínima ultrapassa um ano)
aqueles que trazem de volta ao país determinados produtos que
• Passa a admitir prisão preventiva (antes só cabia em hipóteses
são aqui fabricados e depois exportados e não podem ser aqui
excepcionais)
comercializados, especialmente por questões tributárias.
• O prazo prescricional passa de 08 para 12 anos (art. 109, III
• Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
do CP)
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
→ Causa de aumento de pena - A pena é aplicada em dobro
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei
se o crime é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
brasileira.
→ Figuras equiparadas – Quem: • Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
• Pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando. exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida
• Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que pela lei brasileira.
38.0.7 DESCAMINHO
Conduta – Ocorre quando o agente ilude, no todo ou em parte, Extinção da punibilidade pelo pagamento? Prevalece o
o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, saída ou entendimento de que, sendo o descaminho um crime formal, o
consumo da mercadoria. Trata-se de uma burla ao sistema tributário. pagamento dos tributos devidos não gera extinção da punibilidade
Consumação - Com a liberação na alfândega, sem o pagamento (STJ, AgRg no REsp n. 1.810.491/SP, relator Ministro Nefi Cordeiro,
dos impostos devidos. Trata-se de crime FORMAL. Sexta Turma, julgado em 27/10/2020, REPDJe de 12/11/2020, DJe de
Insignificância – CABÍVEL! STF e STJ possuem entendimento 03/11/2020.)
no sentido de que o patamar para consideração da insignificância é → Causa de aumento de pena - A pena é aplicada em dobro
de R$ 20.000,00. se o crime é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
Consumação - Crime é material, ou seja, é necessária a efetiva ocorrência da obtenção da vantagem relativa à redução ou supressão da
contribuição social devida.
Extinção da punibilidade
Duas hipóteses:
• Sem o pagamento - Se antes do início da ação do fisco o agente se retrata e presta as informações corretas.
• Com pagamento integral do tributo (inclusive acessórios) - O pagamento poderá ocorrer mesmo depois de iniciada a ação do fisco,
mas antes do recebimento da denúncia. OBS.: O STF entende que o pagamento integral do débito, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO
(mesmo após o julgamento), extingue a punibilidade, com base no art. 69 da Lei 11.941/09.
São três os requisitos para o perdão judicial ou aplicação apenas da pena de multa:
• Ter o agente bons antecedentes
• Ser primário
• O valor das contribuições não ser superior ao valor estabelecido pela Previdência Social como o mínimo ao ajuizamento de execuções
fiscais
Caracterização – Quando alguém dá causa à instauração etc.). Caso contrário, teremos crime tentado.
de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, Elemento subjetivo – Dolo. Não há forma culposa.
de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de Causa de aumento de pena – A pena é aumentada de 1/6 se o
inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra agente se vale de anonimato ou nome falso.
alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato de → Se o agente dá causa à instauração de um desses
improbidade de que o sabe inocente. procedimentos contra alguém, mas imputando contravenção penal
Consumação - Crime material. É necessário que o a essa pessoa inocente, ele responde pelo crime? Sim, mas a pena é
procedimento seja instaurado (IP, processo judicial, inquérito civil, diminuída pela metade.
Caracterização – Quando alguém provoca a ação da autoridade, comunicando crime ou contravenção que o agente SABE QUE NÃO
OCORREU.
Consumação - Crime material. Consuma-se quando a autoridade, em razão da comunicação falsa (de crime ou contravenção, tanto faz),
pratica algum ato, não sendo necessária a instauração do inquérito.
Elemento subjetivo – Dolo. Exige-se a finalidade especial de uma pessoa um fato que sabe que ela não praticou). No segundo
agir (intenção de ver a autoridade tomar alguma providência). caso, o agente não imputa o fato a alguém, mas comunica falsamente
→ Denunciação caluniosa x Comunicação falsa de crime ou a ocorrência de uma infração penal (crime ou contravenção) que
contravenção – A diferença básica entre ambas reside no fato de sabe que não ocorreu.
que, no primeiro caso, o agente quer prejudicar a vítima (imputa a
Caracterização – Quando alguém imputa a si próprio, perante praticaram um roubo. José, apaixonado por Maria, assume sozinho a
a autoridade, crime que não cometeu (seja porque não ocorreu o prática do delito).
crime, seja porque a pessoa não participou do crime). OBS.: Aqui, o objeto NÃO PODE SER CONTRAVENÇÃO
OBS.: O sujeito ativo, aqui, pode ser qualquer (crime comum). PENAL (Caso o agente impute a si próprio, falsamente, a prática de
Contudo, não pratica o crime quem assume sozinho a prática de contravenção penal, não haverá esse crime)!
um crime do qual participou com outras pessoas (Ex.: José e Maria
Se o motivo for nobre (ex.: evitar a punição de um filho), ainda assim o agente responde pelo crime? Sim!
Consumação - No momento em que A AUTORIDADE TOMA CONHECIMENTO DA AUTOACUSAÇÃO FALSA, pouco importando se toma
qualquer providência.
Caracterização – A conduta é a daquele que, atuando como a participação (ex.: perícia feita por dois peritos que, em conluio,
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo decidem elaborar laudo falso).
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Testemunha sem compromisso de dizer a verdade
→ Faz afirmação falsa; (informante) comete o crime? Prevalece o entendimento de que
→ Nega a verdade; ou sim, mesmo a testemunha não compromissada, se mentir em juízo,
→ Cala a verdade. irá praticar o crime de falso testemunho.
Sujeito ativo - Somente pode ser a testemunha, o perito, o Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune a forma culposa
contador, o tradutor ou o intérprete. Assim, o crime é PRÓPRIO. (ex.: testemunha faz afirmação falsa, mas sem intenção, porque se
OBS.: Trata-se, ainda, de crime de mão própria, ou seja, só confundiu. Nesse caso, não há crime).
pode ser praticado pessoalmente pela própria pessoa que possui a Consumação - No momento em que o agente faz a declaração
qualidade (não pode ser praticado por interposta pessoa). ou perícia falsa, pouco importando se, dessa afirmação falsa,
Cabe concurso de pessoas? Prevalece o seguinte sobrevém algum resultado.
entendimento: Causas de aumento de pena – Aumenta-se a pena, de 1/6 a
→ No crime de falso testemunho, só cabe participação 1/3 se:
(alguém induz, instiga ou auxilia testemunha a não falar a verdade). • Crime cometido mediante suborno.
→ No crime de falsa perícia, cabe tanto a coautoria quanto • Praticado com vistas (dolo específico) a obter prova que
deva produzir efeitos em processo civil em que seja parte a Extinção da punibilidade – Será extinta a punibilidade se
administração direta ou indireta. houver a retratação antes da sentença (sentença recorrível). A
• Praticado com vistas a obter prova que deva produzir efeitos retratação deve ocorrer no próprio processo em que ocorreu o crime
em processo criminal.
de falso testemunho.
Caracterização – É a conduta daquele que faz justiça com as Elemento subjetivo - Dolo, não havendo forma culposa. Se
próprias mãos, com a finalidade de satisfazer pretensão legítima. o agente pratica o ato sem saber que sua pretensão possui algum
Mas e se o agente atua em legítima defesa? Nesse caso, amparo legal, não comete esse crime, podendo cometer, por
estamos diante de uma hipótese de autotutela exemplo, constrangimento ilegal ou cárcere privado (no caso do
(“justiça pelas próprias mãos”) permitida por lei, logo o agente nosso exemplo).
não pratica crime. Consumação – Com a prática dos atos que buscaram fazer
OBS.: É fundamental que a pretensão “legítima” do sujeito justiça com as próprias mãos. Não é que o agente tenha conseguido
ativo, que fundamenta a conduta, seja possível de ser obtida junto efetivamente satisfazê-la por meio da conduta arbitrária. Trata-se,
ao Poder Judiciário, caso contrário, teremos outro crime, não esse. portanto, de crime formal.
Ação penal – Em regra, pública, mas será privada se não houver violência. Assim:
COM VIOLÊNCIA = PÚBLICA
SEM VIOLÊNCIA = PRIVADA
Caracterização – São condutas parecidas, mas que não se • Favorecimento real – Aqui o agente não ajuda ninguém a
confundem: fugir. Aqui o agente ajuda alguém a tornar seguro o proveito do
• Favorecimento pessoal – Quando o agente ajuda (que crime (uma espécie de “ajuda para guardar a coisa”). OBS.: Se o
praticou crime) alguém a “fugir” da ação da autoridade. Se o crime agente que presta o auxílio também participou do crime, não há
(praticado por quem recebem o auxílio) não é punido com reclusão, favorecimento real (responde apenas pelo crime praticado). E se
a pena é mais branda (forma privilegiada). OBS.: Se o agente que o agente adquire o proveito do crime? Neste caso, responde por
presta o auxílio também participou do crime, não há favorecimento receptação.
pessoal (responde apenas pelo crime praticado).
Macete:
Favorecimento PESSOAL = PESSOA
Favorecimento REAL = Res (Do latim = COISA)
Consumação – No favorecimento pessoal, o favorecimento deve ser CONCRETO, ou seja, o auxílio prestado deve ter sido eficaz para a
subtração do infrator às autoridades. No favorecimento real, não se exige que a ajuda seja eficaz. Mesmo se o proveito do crime é encontrado pela
polícia (por exemplo), estará consumado o delito de favorecimento crime acabara de cometer o favorecido, desde que saiba ou possa
real. Trata-se de crime formal. imaginar que ele acaba de cometer um crime.
Elemento subjetivo – DOLO. Não se pune a forma culposa. No → Causa pessoal de isenção de pena (escusa absolutória)
favorecimento real exige-se a finalidade especial de agir (intenção de – Só se aplica ao favorecimento pessoal. Será isento de pena o
tornar seguro o proveito do crime). agente que praticar o favorecimento pessoal sendo ascendente,
→ Não é necessário que o favorecedor saiba exatamente que descendente, irmão ou cônjuge do favorecido.
QUADRO ESQUEMÁTICO
Agente é ascendente,
descendente, irmão ou Isento da Pena
FAVORECIMENTO cônjuge do auxiliado
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo