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RESUMOS DE DIREITO

PROCESSUAL CIVIL I

I. ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS 3
1. NOÇÕES PRELIMINARES 3
1.1 PROCESSOS JURISDICIONAIS 3
1.2 PROCESSO CIVIL 3
2. SUJEITOS DO PROCESSO CIVIL 4
2.1 TRIBUNAL 4
2.2 PARTES 5
3. ESTRUTURA DO PROCESSO CIVIL 6
3.1 MEIOS EXISTENTES 6
3.2 ATOS PROCESSUAIS 9
3.3 FALTA E VÍCIOS DA VONTADE 11
3.4 INVALIDADES PROCESSUAIS 12
4. OBJETO DO PROCESSO CIVIL 15
4.1 PRETENSÃO PROCESSUAL 15
4.2 VALOR DA CAUSA 15
5. CLASSIFICAÇÕES DO PROCESOS CIVIL 16
5.1 CLASSIFICAÇÕES PELO FIM 16
A. AÇÕES DECLARATIVAS DE SIMPLES APRECIAÇÃO - Art. 10/3, al. a) 16
B. AÇÕES DECLARATIVAS DE CONDENAÇÃO - Art. 10/3 al. b) 17
C. AÇÕES DECLARATIVAS CONSTITUTIVAS - Art. 10/3, al. c) 18
D. AÇÕES EXECUTIVAS - Art. 10/4 18
5.2 CLASSIFICAÇÕES PELA FORMA 19
6. TRAMITAÇÃO DO PROCESSO (DECLARATIVO) 19

II. PRINCÍPIOS 21
1. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE 21
2. PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO 22
3. PRINCÍPIO DA GESTÃO PROCESSUAL 26
4. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO 28
5. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES 29
6. PRINCÍPIO DA BOA FÉ 31
6.1 MÁ FÉ UNILATERAL 31
7. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL 33

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Luísa Braz Teixeira

8. PRINCÍPIO DA AUTO-SUFICIÊNCIA 34

III. COMPETÊNCIA 35
1. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL- REGULAMENTO 1215/2012 35
1. ÂMBITO DE APLICAÇÃO 35
2. CRITÉRIO GERAL 37
3. CRITÉRIOS ESPECIAIS 38
3.1 NORMAS AVULSAS SOBRE COMPETÊNCIAS ESPECIAIS (art. 7 a 9 do reg.) 38
3.2 COMPETÊNCIA PARA O PROFERIMENTO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS E
CAUTELARES (art. 35 do reg) 40
3.3 NORMAS QUE VISAM PROTEGER A PARTE MAIS FRACA - matéria de seguros (art.
10 a 16), contratos de consumo (art. 17 a 19) e contratos de trabalho (art. 20 a 23) 41

IV. PRESSUPOSTOS RELATIVOS ÀS PARTES 43

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I. ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS
1. NOÇÕES PRELIMINARES
1.1 PROCESSOS JURISDICIONAIS
Processo - Definição: Sequência de atos destinados à apreciação de uma pretensão
formulada por uma parte contra uma outra parte, mediante a intervenção de um tribunal.

★ Sujeitos: Tribunal e as partes

★ Objeto: Pretensão processual

★ Estrutura: Sequência de atos


Elementos da
★ Meio: Justiça pública Definição

★ Fim: Tutela de uma situação subjetiva

Processo Civil: Tem como referência situações subjetivas civis ou comerciais.

★ Necessidade do Processo Civil: Pode resultar de duas situações diferentes, dando


origem a um tipo específico de processo civil:

○ Dúvida sobre a titularidade de um direito ou interesse → Gera


um processo declarativo → Visa esclarecer a dúvida (art. 10/1 e 3
do CPC)

○ Violação de um direito ou interesse por titulares passivos ou


não titulares → Gera um processo executivo → Visa reparar a
violação (art. 10/1 e 4 do CPC)

★ Tribunais Competentes: O processo civil compartilha com o processo penal e de


trabalho a competência dos tribunais judiciais (art. 211/1 da CRP)

1.2 PROCESSO CIVIL


Tutela Individual: Tutela de situações subjetivas privadas.

★ Modos de Tutela Individual (art. 2/2 do CPC)

○ Processo Declarativo: Destina-se a obter a apreciação, reparação da violação


ou o exercício de situações subjetivas (art. 10/2 e 3 do CPC)

○ Processo Executivo: Satisfação coativa dos direitos subjetivos violados (art.


10/1 e 4 do CPC)

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○ Procedimentos Cautelares: Visam acautelar o efeito útil da decisão que


venha a ser proferida na ação principal (art. 2/2 in fine)

2.SUJEITOS DO PROCESSO CIVIL


Os sujeitos do processo civil são o tribunal e as partes.

2.1 TRIBUNAL
Característivas do Tribunal: Órgãos de soberania com competência para administrar a
justiça em nome do povo (art. 202/1 da CRP)

Função Jurisdicional: Função do EstadO, correlativa ao poder jurisdicoinal, desempenhada


pelos tribunais e que tem por finalidade dirimir os litígios.

★ Reserva de Jurisdição: Em princípio, só os tribunais estaduais podem exercer a


jurisdição (art. 111/2 e 202/1 da CRP). No entanto, a função jurisdicional também
pode ser exercida por tribunais arbitrais (art. 209/2 da CRP)

★ Hierarquia dos Tribunais: Efeito fundamental desta hierarquia é a possibilidade de


recorrerpara um tribunal mais alto na escala das decisões de um tribunal menos
situado na escala
+
1. Supremo Tribunal de Justiça (art. 210/1 da CRP)

2. Tribunal da Relação (art. 210/4 da CRP)

3. Tribunal da Comarca (art. 210/3 da CRP)


-

Poderes do Tribunal:

★ Deveres Funcionais / Poderes-Deveres: Poderes que devem ser exercediso de


molde a assegurar a melhor administração da justiça - ex: dever de gerir o processo
(art. 6/1 do CPC), de cooperar com as partes (art. 7/1 do CPC) e de proferir a decisão
(art. 152/1 do CPC)

★ Poderes Discricionários: Surgem quando o critério de decisão é o prudente arbítrio


e pressupõem a existência de uma previsão aberta que precisa de ser concretizada
(art. 152/4 do CPC)

○ Critérios: A lei pode fixar os critérios do exercício do “prudente arbítrio”,


nesses casos, o poder não deica de ser discricionário, passando apenas a ser
um poder discricionário vinculado a critérios de exercício definidos na lei.

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Atividade do Tribunal:

★ Decisões de Mérito:

○ Condenação do Réu: Acolhimento do pedido do autor em em processo


declarativo

○ Absolvição do Réu: A sentença pode analisar o fundo do mérito da causa e


rejeitar o pedido do autor.

★ Decisões de Forma: O tribunal não se pronuncia sobre o mérito da causa, mas sim
sobre o preenchimento dos pressupostos proscessuais.

○ Despacho Saneador: Despacho em que o juiz se pronuncia sobre o


preenchimentos dos pressupostos processuais

■ Despacho pré-saneador: Despacho em que o juiz convida as partes a


corrgir coisas, de modo a poder reconhecer o mérito da causa.

★ Medidas Executivas: Em processo executivo, há 3 atos fundamentais


(↓), sendo que, por vezes, basta o primeiro e terceiro destes atos

○ Penhora: Apreensão judicial de bens.

○ Venda Executiva

○ Pagamento

2.2 PARTES
Noção: Entidades que pedem ou contra as quais é pedida em juízo a tutela de uma situação
jurídica.

★ Designação das partes:

○ No processo delcarativo: Autor e réu

○ No processo executivo: Exequente e executado

Situações Subjetivas:

★ Ónus: Situações subjetivas cujo exercício determina a aquisição de uma posição


favorável para a parte e cujo não exercício implica uma posição desvantajosa para
essa mesma parte. A parte onerada pode comportar-se como enteder, mas não

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observar um comportamento que a lei considera necessário para a produção de um


efeito, sobre uma desvantagem - ex: ónus de impuslo (art. 6/1 do CPC)

○ Poderes / Faculdades: Em regra, são consumidos pelos reseptivos ónus1.

★ Deveres: Situações subjetivas passivas que impõem uma determinada conduta da


parte. A parte sobre a qual recai o dever não tem qualquer opção de
comportamento e sofre uma sanção se violar o dever. São raros - ex: dever de
litigância de boa fé e cooperação (art. 8º do CPC)

3.ESTRUTURA DO PROCESSO CIVIL


3.1 MEIOS EXISTENTES
Essencialmente, exsitem dois meios de tutela de situações subjetivas: jusitça privada e
justiça pública.

Justiça Privada: Uiliza a força do titular do interesse ou as forças que este possa chamar
em seu auxílio. É o sistema historicamente mais antigo.

★ Desvantagens: Quebra a paz social e deixa o direito à mercê da força

★ Proibição da Autotutela: A ninguém é lícito o recurso à força com o fim de realizar


ou assegurar o próprio direito (art. 1º do CPC), exceto nos casos de ação direta (art.
336 do CC) e nos casos especiais de legítima defesa (art. 337 e 338 do CC) e estado
de necessidade (art. 339 do CC).

○ Direito à Ação: O art. 2/2 do CPC estabelece que a todo o direito, excepto
quando a lei determine o contrário, corresponde uma ação destinada a
reconhecê-lo em juízo ou a realizá-lo coercivamente, bem como os
procedimentos necessários para acautelar o efeito útil da ação -
contrapartida da proibição da autotutela e o correlativo monopólio do Estado
na administração da Justiça

Justiça Pública: Confia o vencimento da resistência do infrator a uma força ou autoridade


estranha à das partes em conflito e superior à de ambas, portanto imparcial e capaz de
impor a aceitação da hierarquização dos interesses quando esta não seja voluntariamente
assumida pelos interessados. É fundamentalmente justiça estadual (art. 202/1 da CRP),
embora também possa ser administrada pelos tribunais arbitrais.

★ Direito à Ação: Não é incompatível com a obrigação do pagamento pelas partes de


custas processuais, desde que as mesmas não sejam desproporcionadas em relação
à utilidade económica da ação e não se traduzam num obstáculo ao acesso à justiça.

1 ex: a parte tem o poder de apresentar a sua defesa, no entanto, se não contestar entra em revelia e pode vir a
obter uma decisão desfavoráel, pelo que a faculdade de contestar é consumda pelo ónus da contestação

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○ ≠ de Direito de Ação: O direito de ação é um dirieto do titular da


situação subjetiva contra o Estado, é diferente do direito de ação que é um
direito desse titular contra um titular passivo ou um não titular de um direito.

○ Vertente Externa do Direito à Ação:

■ Direito de Acesso aos Tribunais ou Direito à Jurisdição: Expressão de


um direito à ação, isto é, de um direito a requerer a intervenção dos
tribunais para a resolução de um litígio (art. 20/1 da CRP, 10 da
DUDH e 26/1 da LOSJ

○ Vertente Interna do Direito à Ação:

■ Direito a uma tutela jurisdcional equitativa: Concretizado,


designadamente, num procedimento com garantias fundamentais das
partes, e eficaz, traduzido, nomeadamente, no direito à obtenção de
uma decisão em prazo razoável (art. 20/4 da CRP)

■ Direito a uma tutela jurisdicional efetiva: Concretizado,


nomeadamente, no direito a executar as decisões dos tribunais (art.
2/1, in fine) e a obter as providências necessárias para acautelar o
efeito útil da ação (art. 2/2 in fine)

★ Processo Equitativo (art. 20/4 da CRP): O processo jurisdicional deve permitir


alcançar a “justa composição do lítigio” (art. 6/1, 7/1, 37/2, 411 e 418/1 do CPC). O
processo equitativo é uma contrapartida necessária do direito de acesso à justiça,
pois que nada serve ao particular aceder à justiça se a sua posição em juízo não se
encontrar igualmente protegida.

○ Características:
■ Indepdenência e Imparcialidade: O tribunal só pode estar vinculado à
lei (art 203 da CRP) e não pode beneficiar nem prejudicar nenhuma
das partes

■ Observância do Princípio do Juiz Natural: Proibição de desaforamento


da causa pendente do tribunal legalmente competente para qualquer
outro tribunal (art. 39 da LOSJ)

■ Possibilidade de participação e iguladade de ambas as partes (art. 4


do CPC): Ambas as partes devem poder usar os mesmos meios,
levantar as mesmas questões e invocar os mesmos argumentos.
Umas das consequências desta igualdade é o princípio do
contraditório (art. 3/1 e 2 da CRP) e a consequente proibição da
indefesa.

■ Deveres de verdade e completude entre as partes (art. 542/1 e 2b)

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■ Confiança das partes nos atos do tribunal:


● O juiz não deve comportar-se de forma contraditória durante o
processo e as partes não podem ser prejudicadas por erros ou
omissões do tribunal, devendo poder confiar nas mesmas.
● As partes podem confiar que atuam corretamente se atuarem
de acordo com uma aparência que não têm motivos para
duvidar que corresponde à realidade.

■ Obtenção de uma decisão num prazo razoável: Este prazo só pode


ser determinado em face das circunstâncias de cada caso (ex:
complexidade do caso, diligência do juiz,...), sendo que a violação
deste dever é suscetível de jusitificar recurso ao TEDH (art. 6/1 da
CEDH) e de fazer incorrer o Estado em responsabilidade civil (art. 12
do RRCE)

■ Fundamentação, Previsibilidade e não Arbitrariedade da Decisão (art.


205/1 da CRP, 24/1 do LOSJ e 3/3/2ªp do CPC)

○ (Possíveis) Consequências da Violação do Processo Equitativo:

■ Nulidade Processual: Se for omitido um ato devido ou praticado um


ato não permitido (art. 195/1 do CPC)

■ Nulidade da Sentença: Se, por exemplo, esta não for devidamente


motivada (art. 615/1b do CPC) ou o juiz tiver sido corrompido (art.
696/a do CPC)

■ Recurso para o TC: Se alguma norma ordinária for interpretada contra


a garantia constitucional do processo equitativo
■ Recurso para o TEDH: Com fundamento na violação do art. 6/1 da
CEDH

★ Proporcionalidade do Meio: Os meios processuais definidos na lei obedecem a um


princípio de proporcionalidade - quando o objeto é mais complexo, a tramitação
também é mais complexa. Está subjacente, aqui, o poder de gestão formal e de
adequação formal do juiz (art. 6/1 e 547 do CPC)

★ Interpretação Sistemática: As fontes do processo civil devem ser interpretadas em


conformidade com a CRP e com os valores constitucionais próprios desse processo.

Proteção Judiciária: O acesso à justiça não deve ser impedido por causa da insuficiência de
meios económicos (art. 20/1 da CRP), pelo que aqueles que se encontram em siutação de
insuficiência económica têm direito a protação jurídica (art. 7/1 e 2 da LADT), considerando-

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se como tais o que, atendendo ao seu rendimento, património e à despesa permanente do


seu agregado familiar, não tenham condições para suportar os custos (art. 8/1 do LADT)

★ Modalidades:

○ Consulta Jurídica: Esclarecimento técnico sobre direito aplicável a questões


ou casos concretos nos quais avultem interesses pessoais legítimos ou
direitos próprios lesados ou ameaçados de lesão (art. 14/1 da LADT)

○ Apoio Judiciário: Destina-se a ssegurar a defesa em juízo dos interesses de


quem padeça de insuficiência económica e compreende, fundamentalmente,
a dispensa dos encargos com o processo e o pagamento do patrono ou de
um defesor oficioso (art. 16/1 da LADT)

3.2 ATOS PROCESSUAIS


Ato Processual: Ato do tribunal ou das partes cujo efeito se traduz na constituição de uma
situação processual, ou seja, é todo o ato que determina o início, influencia o decurso ou
implica a extinção do processo. São atos processuais os que produzem efeitos em processo

★ Corolários:

○ Continuam a ser processuais os atos duplos (processuais e substantivos)


○ Continuam a ser processuais os atos que também produzam efeitos
substantivos
○ Podem ser processuais atos praticados antes da pendência de qualquer ação
ou fora de uma ação pendente (ex: concessão de mandato judicial)

Modalidades dos Atos:

★ Quanto à Origem:

○ Atos do Tribunal: Atos realizados pelo tribunal, sendo alguns praticados


pela secretaria (art. 157 a 162 do CPC) e outros praticados pelo juiz (art. 150
a 156 do CPC)

■ Atos Rogatórios: Solicitação da prática de atos processuais a outros


tribunais ou autoridades (art. 172/1 do CPC)
● Carta Precatória - A solicitação é feita a uma autoridade
portuguesa
● Carta Rogatótia . A solicitação é feita a uma autoridade
estrangeira

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■ Mandado: Ato pelo qual o tribunal solicita a execução a um ato pelo


qual o tribunal ordena a execução a uma entidade que lhe esteja
funcionalmente subordinada (art. 172/2 do CPC)

■ Citação: (art. 219/1 do CPC)


● Ato que dá conhecimento ao reu de que contra ele foi
proposta uma ação, chamando-o a processo para se defender
● Ato que chama, pela primeira vez, um interessado alguém
interessado à causa

■ Notificação: Modo de chamar alguém a juízo quando não deva ser


utilizada a citação (art. 219/2 do CPC)

■ Decisões: Atos pelos quais o tribunal aprecia uma casusa ou um


incidente, ou outro aspeto com eles relacionado (art. 152/1 do CPC)

Sentenças - Decisões finais (152/2)


Despachos - Decisões interlocutórias
De fundo - Pronunciam-se sobre o mérito
De forma - Pronunciam-se sobre questões processuais
○ Atos das Partes: Atos praticados pelas partes (art. 144 a 149).

Unilaterais (ex: apresentação de articulados)


Ato Conjunto - Resultado de um ato unilateral de cada uma das partes que, uma vez
comunicado ao tribunal por cada uma delas, produz um efeito equivalente ao de um
negócio jurídico (ex: as partes acordam a alteração da causa de pedir, art. 264 do CPC)

Bilaterais - São contratos processuais, (ex: pacto de competência)

Atos Stricto Sensu - Produzem os seus efeitos processuais ex lege, dado que as partes não
podem determinar ou seus efeitos

Atos Negociais - Produzem os seus efeitos processuais ex voluntate, isto é, atendendo à


vontade das partes
Unilaterais - Praticados por apenas uma das partes (ex: confissão, art. 283/1 do CPC)
Bilaterais - Praticados por ambas as partes (ex: pacto de competência, art. 95 do CPC)
Constitutivos - Produzem diretamente efeitos num processo pendente, sem imporem a
nenhuma parte a obrigação de praticar ou omitir algum ato (ex: compromisso arbitral, art.
280/1 e 2 do CPC)
Vinculativos - Impõem o dever de praticar ou de omitir um ato em processo (ex: promessa
de desistência do pedido, art. 283/1 do CPC)

Atos Postulativos: Destinam-se a produzir efeitos no processo através de uma decisão do


tribunal
Atos Postulativos Stricto Sensu, como a petição inicial
Requerimentos probatórios

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■ Interpretação: Devem ser interepretados utilizando os critérios


definidos no art. 236 do CC (ex vi art. 295) e considerando a
respetiva fundamentação, contudo, em caso de dúvida, o juiz tem o
dever de convidar a parte a fornecer esclarecimentos (art. 7/2)

○ Atos praticados por outros: Os atos processuais ambém podem ser


praticados por outros órgãos (como o agente de execução) ou por meros
participantes no processo (como testemunhas e peritos)

Sequência Processual: Formalismo que regula a atividade do juiz e das partes.

★ Modo de Definição da Sequência: A sequência pode ser determinada na lei ou ser


deixada ao prudente critério do juiz que, em cada situação concreta, determina o que
lhe parecer mais adequado à administração da justiça.

○ Em Portugal: O processo civil português contém uma tramitação definida na


lei, mas o juiz, como corolário do dever de gestão processual (art. 6/1 do
CPC), tem a faculdade de adequar essa tramitação quando a mesma não se
adaptar a à complexidade da causa (art. 547 do CPC).

★ Princípio da Preclusão: Cada ato processual tem o seu momento próprio para ser
praticado dentro da respetiva sequência processual, se o ato não for praticado nesse
momento, não pode vir a ser praticado posteriormente, pelo que a sua realização
fica precludida.

3.3 FALTA E VÍCIOS DA VONTADE


As disposições do código civil não são aplicáveis (art. 240 a 257 e 290 do CC)

Hípoteses de Relevância:

★ Atos das Partes: Nos atos das partes, verifica-se a relevância da falta e dos vícios
de vontade nos negócios processuais, suscetíveis de ser declarados nulos ou
anulados (art. 291/1 do CPC)
○ Simulação: Neste caso, a falta de vontade, além de fundamentar o recurso
de revisão pelo terceiro prejudicado (art. 696g do CPC), permite que o
tribunal, visando obstar aos fins prossegiudos pelas partes, ponha termo ao
processo (art. 612 do CPC)

★ Atos do Tribunal: O lapso manifesto, decorrente de um erro do tribunal, pode ser


corrigido por despacho, a requerimento das partes, ou por iniciativa do juiz (art.
614/1 do CPC). O lapso manifesto quanto a matéria de direito ou de facto também
justifica o requerimento de reforma da sentença, se esta não admitir recurso
ordinário (art. 616/2)

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3.4 INVALIDADES PROCESSUAIS


Determinação das Invalidades: A invalidação de um certo ato implica a invalidação dos
atos posteriores da sequência que o tinham como pressuposto (art. 195/2 do CPC), embora
tal invalidação, em regra, só opere se o vício do ato puder afetar a decisão que o tribunal
tem de proferir ou o ato que esse órgão tem de praticar (art. 195/1 in fine do CPC).

★ Anulabilidades: Apesar de a lei as qualificar como nulidades, estas estão próximas


das situações de anulabilidade, uma vez que só podem ser invocadas pelo
interessado na observância da formalidade, na repetição ou eliminação do ato,
dentro do prazo fixado no art. 199/1 do CPC.

Delimitação das Invalidades:

★ Nulidades Processuais: A nulidade processual decorre da prática ou da omissão de


um ato processual (ex: falta de citação), sendo desvalores em função da sequência
processual, ou seja, são desvios em relação ao modelo legal da tramitação
processual

○ Nulidades Processuais Nominadas (ou Principais) - art. 188 e 194:

■ Falta da Citação do Reu - art. 187 a 190: Verifica-se quando o ato


tenha sido omitido, quando tenha havido erro de identidade do
citado, quando se tenha empregado indevidamente a citação edital,
quando se mostre que foi efetuada depois do falecimento ou da
extinção do citando e se se demonstrar que o destinatário da citação
pessoal não chegou a ter conhecimento do ato, por facto que não lhe
seja imputável (art. 188/1 CPC)

■ Falta de Vista o Exame do MP - art. 194: Devendo o MP intervir como


parete acessória no processo (art. 5/4 do EMP), não lhe é facultada a
vista ou o exame do processo (art. 194/1 do CPC)

○ Nulidades Processuais Inominadas (ou Secundárias) - art. 195: A prática ou a


omissão indevida de um ato produzem nulidade quando a lei o declare ou
quando a irregularidade cometida possa influir no exame ou na decisão da
causa, como nas hipóteses seguintes:

■ Prática de um ato que a lei não admite, ex: O réu apresenta um


articulado já fora de prazo

■ Omissão de um ato que a lei prescreve, ex: o mandatário judicial do


representante não notifica o mandatário judicial da contraparte (art.
221/1)

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★ Nulidade dos Atos Processuais: A nulidade do ato processual decorre da


invalidade quanto à forma, à falta de pressupostos ou ao conteúdo do ato (ex:
nulidade da sentença). São desvalores em função do próprio ato, ou seja, são
desvios em relação à fattiespecie legal do ato processual. O que vale para a
nulidade dos atos constitutivos vale, mutatis mutandis, para a inadmissibilidade dos
atos postulativos.

○ Nulidades Processuais Nominadas (ou Principais) - art. 186 a 194 do CPC:


Os art. 187 a 194 apresentam os seguintes casos de nulidades de atos
processuais

■ Ineptidão da Petção Inicial (art. 186 do CPC): Verifica-se quando o


objeto do processonão esteja devidamente enunciado ou delimitado
(art. 186/2 CPC)

■ Nulidade da Citação (art. 191 do CPC): Ocorre quando não tenham


sido observadas as formalidades presritas na lei para a citação (art.
191/1 CPC)

■ Erro na Forma de Processo (art. 193 do CPC): verifica-se quando a


parte tenha utilizado uma forma de processo diferente daquela que
resulta da lei

○ Nulidades Processuais Inominadas (ou Secundárias) - art. 195 do CPC: A


omissão de uma formalidade que a lei impõe constitui causa de nulidade do
ato processual - ex: a omissão do juramento da parte ou da testeunha (art.
459/1 e 2 e 513/1 CPC)

Regime das Invalidades:

★ Conhecimento:

○ Regra Geral:

■ Invalidades Processuais Nominadas: Conhecimento oficioso (art.


196/1ªp do CPC)

■ Invalidades Processuais Inominadas: Só podem ser invocadas pelos


interessados (art. 197/2 do CPC) na observância da formalidade ou
na repetição ou eliminação do ato (art. 196/2ªp, 198 e 199 do CPC)

○ Exceções:

■ Conhecimento oficioso de atos fora de prazo: Apesar de ser uma


nulidade inominada, essa realização contende com a extinção do

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direito a praticar o ato que decorre do decurso de um prazo


peremptório (art. 139/3 do CPC)

■ Conhecimento oficioso de (alguns) atos postulativos: É de


conhecimento oficioso a falta de articulação quando esta seja
obrigatória (art. 147/2 do CPC) e a deficiência ou falta de conclusões
nas alegações do recorrente (art. 637/2, 639/1 e 3 e 641/2b)

★ Invocação: Qualquer das partes que nisso tenha interesse pode invocar a nulidade
processual decorrente da prática de um ato proibido ou da omissão de um devido

○ Nulidade cometida por uma parte ou pelo tribunal que praticou um ato
proibido ou omitiu um ato devido: A parte interessada na eliminação do ato
ou na observância da conduta tem legitimidade para arguir a nulidade (art.
197/1 do CPC)

○ Nulidade determinada por decisão do tribunal que dispensou a prática de um


ato obrigatório ou impôs a prática de um ato proibido: A decisão é contra
legem e pode ser impugnada nos termos gerais. Importa referir
que, se a decisão recair sobre uma invalidade inominada (art.
195/1 do CPC), a mesma só é recorrível se a alegada
invalidade contender com os princípios da igualdade e do
contraditório (↓), com a aquisição processual de factos ou
com a admissibilidade de meios probatórios (art. 630/2 do
CPC)

○ Tribunal profere uma decisão depois da omissão de um ato obrigatório: A


decisão é nula por excesso de pronúncia (art. 615/1d do CPC), dado que
conhece matéria de que, nas circunstâncias em que o faz, não podia conhecer

★ Efeitos:

○ Invalidade Processual: Relevam se afetarem a finalidade na sequência


processual (art. 186/1, 187 e 195/2 e 3 do CPC)

Das invalidade que a lei impõe: A lei impõe normalmente a nulidade, mas
também pode impor a inexistência (“tem se por não escrito”)

Das invalidades em que a lei nada diz: Se o vício puder influir no exame ou na
decisão da causa, este releva como causa de invalidade (art. 195/1 in fine do
CPC), se não tal não ocorrer, é uma irregularidade irrelevante.
Renovação: Possível mediante o preenchimento de dois requisitos:

★ 1) Estar a decorrer o prazo: Enquanto estiver a decorrer o prazo para a prática do


ato, a sanação da invalidade processual é sempre possível.

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Luísa Braz Teixeira

★ 2) A nulidade aproveitar quem não tenha responsabilidade na invalidade: A


renovação do ato é sempre possível se aproveitar a quem não tenha
responsabilidade na invalidade processual (art. 202/2ªp do CPC) - ex: a parte
solicita a prova pericial, sem que, contudo, indique as questões de facto que
pretende ver esclarecidas (art. 475/1), a parte não pode sanar o vício, mas a parte
contrária, se estiver interessada, pode proceder a essa sanação.

4.OBJETO DO PROCESSO CIVIL


O objeto é relevante para a delimitação do âmbito do conhecimento do juiz (art. 609/1 do
CPC), para determinar o valor da causa (art. 296/1 do CPC),...

4.1 PRETENSÃO PROCESSUAL


Caracterísiticas da Pretensão:

★ Concretização da Pretensão: A necessidade de concretizar a pretensão processual


decorre da circunstância de o demandante ter o ónus de indicar a tutela que
pretende para a situação que alega, nomeadamente uma pretensão material ou um
direito potestativo - ónus de formular um pedido (art. 186/2a) e b) do CPC)

★ Fundamentação da Pretensão: A lei exige que o autor indique o facto jurídico de


que decorre a pretensão processual que deduz em juízo (art. 581/4 do CPC) - causa
de pedir ou causa petendi (art. 186/2 e 552/1d do CPC), ou seja, a via de
investigação através da qual (e só dessa) o tribunal irá apreciar a procedência do
pedido. Se a causa parecer fundada, o tribunal acolhe o pedido, se não, rejeita-o,
podendo o autor, mais tarde, repetir o pedido.
4.2 VALOR DA CAUSA
Toda a causa deve ter um valor certo, expresso em moeda legal, o qual representa a
utilidade económica imediata do pedido (art. 296/1 do CPC). Todo o processo tem um valor
determinado, quer naturalmente, quando os interesses são avaliáveis (regras dos art. 297 a
310 do CPC).

Critérios Atributivos: Os critérios mais importantes são os seguintes (↓):

★ Objeto da Ação: Se a ação tiver por objeto uma quantia certa de dinheiro, o valor da
causa corresponde a esse montante (art. 297/1/1ªp do CPC)

★ Fim da Ação: Se a ação tiver por fim fazer valer o direito de propriede, o valor desta
determina o valor da causa (art. 302/1 do CPC)

★ Alçada da Relação: Se a ação versar sobre o estado das pessoas, ou


sobre interesses imateriais, o valor da causa é o equivalente
à alçada da Relação e mais €0,01 (art. 303/1 do CPC).

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Luísa Braz Teixeira

★ Estipulação das Partes: Se a ação tiver por objeto a apreciação da existência,


validade, cumprimento, modificação ou resolução de um ato jurídico, o valor da
causa é aferido pelo valor do ato determinado pelo preço ou estipulado pelas partes
(art 301/1 do CPC).

★ Renda: Nas ações de despejo, o valor da causa é o da renda de dois anos e meio
acrescido das rendas em dívida e da indemnizção requerida (art. 298/1 do CPC)

Sanção Compulsória: Se, em conjunto com o pedido de condenação na prestação de um


facto infungível for pedida a condenção do demandado no pagamento de uma sanção
pecuniária compulsória (art. 829-A/1 do CC), este pedido é irrelevante para a fixação do
valor da cusa.

5.CLASSIFICAÇÕES DO PROCESOS CIVIL


5.1 CLASSIFICAÇÕES PELO FIM
Ações (art. 10 do CPC):

★ Declarativas

○ Ações de Simples Apreciação

○ Ações de Condenação

○ Ações Constitutivas

★ Executivas

A. AÇÕES DECLARATIVAS DE SIMPLES APRECIAÇÃO - Art.


10/3, al. a)
Noção: Têm por fim obter unicamente a declaração de existência ou inexistência de um
direito face a um facto

Objeto: Só são sucestíveis de declaração em juízo factos com relevância jurídica, ou seja,
factos dos quais possa resultar um efeito jurídico

Modalidades:

★ Ações de Simples Apreciação Positivas: Tem por fim obter a declaração da


existência de um direito ou de um facto

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★ Ações de Simples Apreciação Negativas: Tem por fim obter a declaração da


inexistência de um direito ou de um facto

○ Poder ser vista na doutrina como:

■ Ação Normal - Prof. MTS: Ação normal com um pedido determinado


e uma causa de pedir determinada, do facto ou direito negado pelo
autor (art. 186/2a e 581/4 do CPC), que o autor deve alegar e provar

■ Ação Peculiar - Prof. AdC (Anselmo de Castro): O autor pode se


limitar a negar certa relação, não invocando nenhum fundamento,
antes empurrando para o reu o ónus de precisar e de provar o que
impugna nessa negação e o respectivo fundamento
● Argumentação - art. 343/1 do CPC - Nas acções de simples
apreciação ou declaração negativa, compete ao réu a prova
dos factos constitutivos do direito que se arroga
- Prof. MTS - Considera que esta conceção está
ultrapassada, ação de provocação consittui um
antecedente, mas não corresponde à atual fisionomia
da ação de apreciação engativa

★ Apreciação Incidental: Qualquer das partes pode requerer que uma questão ou um
incidente que tenha sido suscitado numa ação pendente seja decidido com força de
caso julgado material, desde que o tribunal da ação tenha competência internaciona,
material e hierárquica para essa apreciação (art. 91/2 do CPC)

B. AÇÕES DECLARATIVAS DE CONDENAÇÃO - Art. 10/3 al.


b)
Noção: Têm por fim exigir a prestação de uma coisa ou um facto, pressupondo ou prevendo
a violação de um direito. O autor faz valer uma pretensão material, correspondendo a ações
de cumprimento (art. 817 do CC).

★ Ação de Cumprimento: Pede-se a declaração do direito a uma prestação e que, em


consonância com a exigência do cumprimento da obrigação o tribunal faça seguir
essa declaração de uma ordem para o reu cumpra, ou seja, uma condenação

Modalidades:

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Ex Praeterito: Pressupõem a violação de um direito e visam obter a


condenação no cumprimento de uma prestação já vencida

In Futurum: Prevêem a violação de um direito e procuram obter a


condenação do réu no cumprimento de uma prestação ainda não
vencida São admissíveis nas condições previstas no art. 557/1 do CC
(prestações periódicas
★ Ações Inibitórias: e através
Ações futuras)das quais se exige a alguém a omissão da violação
de um dirieto

○ ≠ Ações in Futurum: As ações de condenação in futurum impõem, no


momento em que a obrigação se tornar exegível, o seu cumprimento, as
ações de condenação in futurum prosseguem, como qualquer ação de
condenatória, uma finalidade repressiva, dado que se destinam a impor o
cumprimento de um dever.

○ Pretensão Subjacente: Pretensão à omissão

C. AÇÕES DECLARATIVAS CONSTITUTIVAS - Art. 10/3, al.


c)
Noção: Têm por fim autorizar uma mudança na ordem jurídica exisitente

Âmbito:

★ Relação Material - Relação Potestativa: O autor exerce um direito potestativo,


estando os efeitos de tal exercício sujeitos a uma sentença favorável que reconheça
e declare o direito e que, implicitamente, autorize ou desencadeie aqueles efeitos.
São ações constitutivas todas aquelas em que sejam exercidos direitos potestativos.

★ Ações que visam modificar ou impedir a produção de certos efeitos jurídicos:


Também são ações constitutivas

Efeitos: Podem ser (↓)

★ Ex Tunc: Produz efeitos retroativamente - ex: ação de anulação

★ Ex Nunc: Não produz efeitos retroativamente - ex: ação de divórcio

D. AÇÕES EXECUTIVAS - Art. 10/4


Noção: O autor requer as providências adequadas à realização coativa de um dever de
prestação

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Título Executivo: Toda a execução tem por base um título, pelo qual se determinam o seu
fim e os seus limtes (art. 10/5 do CPC), não podendo o tribunal tomar providências
executivas sem primeiro se assegurar de que o direito assim satisfeito existe realmente.

★ Formas de Apresentação do Título: A lei fixa taxativamente por que meios pode
ser realizada a demonstraçaõ de existência do direito no art. 703/1 do CPC

Modalidades de Execução (art. 10/6 do CPC):

★ Execução para pagamento de quantia certa (art. 724 a 858 do CPC)

★ Execução para entrega de coisa certa (art. 859 a 867 do CPC)

★ Execução para prestação de facto (art. 868 a 877 do CPC)

5.2 CLASSIFICAÇÕES PELA FORMA


Processo (art. 546/1 CPC):

★ Comum: Aplicável a todos os casos em que nãos e aplica o processo especial

○ Regimes Especiais:

■ Ações de valor não superior a metade da alçada da relação:


● A tramitação posterior à fase dos articulados é distinta (art.
597)
● A perícia é realizada por um único perito (art. 468/5)

■ Ações de valor não superior à alçada do tribunal de 1ª instância:


● O limite do número de testemunhas é reduzido para metade
do que é admissível das causas de valor superior a essa
alçada (art. 511/1, 2ª parte)
● O tempo previsto para as alegações orais dos advogados e
respetivas réplicas é reduzido apra metade daquele que vale
para as demais ações (art. 604/5/2ªp)

★ Especial: Aplica-se aos casos expressamente designados na lei (no livro V do CPC
e no DL 269/98)

○ Regime Legal: Aplica-se as disposições do regime especial e,


subsidiariamente, pelas disposições comuns (art. 549/1 do CPC)

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6.TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
(DECLARATIVO)
1. Fase dos Articulados - Peças processuais escritas feitas pelas partes. As peças
processuais são escritas por artigo - cada artigo deve correponder a uma oração de
uma frase (ou seja, a um facto)

1.1. Petição Inicial - Primeiro momento, o processo inicia-se quando a petição é


entregue na seretária. É obrigatorio por lei que vá por via eletrônica quando
são advogados que a fazem, se forem as partes pode ser por correio

➔ Conteúdo: Pedido que o autor formula

➔ Estrutura:
1. Dirige-se ao juiz
2. O autor identifica as partes,
3. Apresentação dos fundamentos (dos factos e do direito)
4. Formulação de todos os pedidos

1.2. Depois de recebida a petição inicial, a secretaria:

1.2.1. Verifica a morada do reu, ou encontra-lo no caso de nao ser


mencionado, para conseguir citar o reu

1.2.2. Cita o Reu, ou seja, diz-lhe que foi posta uma ação contra ele2

1.3. Distrbuição - Um servidor eletrínico atribiu, aleatoriamente, um juiz ao caso


(ocorre duas vezes por dia)

1.4. Reu - O reu pode responder (contestar) ou pode optar por revelia

➔ Contestação - O reu vai defender-se, pode faze-lo de duas formas:


(geralmente usa todas as formas, a unica coisa que se exige que a
defesa seja separada, ou seja, de um lado a impugnação, de outro as
exceções, tipo em capitulos)

◆ Modos de Defesa:
● Impugnação de facto - Diz que o que ocorreu não é
verdade - o facto de ser em articualdos facilita a
impugnação.
● O reu defende-se por exceção - O reu traz uma coisa
nova para o processo. Há 2 tipos de exceção:

2 Até 1995 era o juiz que citava o reu isso só ocorre no caso do art. 226 por motivos de economia processual

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○ Exceções Peremptórias - Alguma coisa que o


reu diz para convencer o juiz que o autor não
tem razão no que está a pedir
○ Exceções Dilatórias - O reu diz que o juiz não
pode reconhecer o mérito da causa (a lisita, não
taxativa, está no art. 577).
- Também podem ser de conheciamento
oficioso

◆ Reconvenção: “Vingança” do reu em que ele faz um pedido ao


autor

➔ Revelia: O reu não faz nada e “confessa” o crime.

1.5. Réplica do Autor (está em reconfiguração): O autor só pode responder as


exceções, não às impugnações3.

2. O Processo é Concluso: Terminada a fase de articualdos, o processo é concluso ao


juiz, ou seja, é mandado ao juiz para ele ler tudo

2.1. Despacho Pré-Saneador (art. 590/2a do CPC) - O juiz convida as partes a


corrigir coisas, pode pedir docuemntos, pedir que expliquem coisas,... Não
tem de eixistir - se não exisitir nada para sanar (momento eventual do
processo)

3. Audiência Prévia - O juiz recebe a petição e a replica, le tudo, informa as partes de


uma audiência e discute com elas (art. 591) - Não é obrigaoria, podendo ser
dispensada. É aqui que se profere o despacho saneador.

3.1. Despacho Saneador - Lista que o juiz faz dos pressupostos processuais em
que se verifica se os mesmos estão verificados. Em regra é proferido
oralmente na audiência, mas se nao houver audiência vai por escrito. Podem
acontecer três coisas com este despacho:

➔ Absolvição da Instância - Faltam os pressupostos

➔ Decidir que o processo avança

➔ Despacho Saneador-Sentença: O juiz diz que está totalemente em


condições de decidir (art. 595/1b)

3 A resposta às exceçõea agora ocorre na primeira audiência (art. 584 CPC) - está na AR uma proposta para
voltar a como antes era em que a resposta às exceções era incluída na réplica

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4. Despacho do 596 (Despacho de Identificação do objeto do litígio e enunciação dos


temas da prova): O juiz diz neste despacho aquilo que ainda falta provar de forma a
que as partes nao queiram provar tudo.

5. Audiência

II. PRINCÍPIOS
1.PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE
(ou Princípio da Submissão aos Limites Substantivos)

Noção: Se a vontade das partes não pode conseguir certo efeito jurídico fora do processo,
não deve ser possível à pura vontade das partes conseguir tal efeito através de atuações
processuais

★ Exemplo: Proposta uma ação de investigação da paternidade, poderia o reu


confessar, não o pedido em si, mas os factos em que tal pedido se funda, se tal
confissão fizesse prova de tais factos (art. 385/1 do CCiv), dar-se-ia, embora
indiretamente, o estabeleciemnto voluntário da paternidade, daí que, em obediência
ao princípio da instrumentalidade, a lei recuse a esta confissão o valor probatório
pleno (art. 354/b do CC)

Indisponibilidade Relativa: Em regra, a vontade das partes é determinante na constiuição e


na extinção de relações jurídicas. Há, porém, relações jurídicas cuja constituição ou extinção
está subtraída à vontade das partes: estas são as relações jurídicas indisponíveis - ex: o
direito a alimentos não pode ser renunciado, o direito ao divórcio é inegociável,...

★ Efeitos da Indisponibilidade: Alguns preceitos legais aplicam-se a qualquer caso de


indisponbildiade do direito, mesmo que seja relativa - ex: art. 4/b do CCiv, relativo à
escolha da equidade como critério de decisão

2.PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO
Noção: O princípio do dispositivo determina que a vontade relevante e decisiva no processo
é a das partes, cabendo a estas o dominium litis e não incumbindo ao tribunal qulquer
iniciaitiva própria (non procedat iudex ex officio). No direito material termos a autonomia
privada, no direito substancial temos este princípio.

★ Sentido Operativo: O processo está na disponibilidade das partes, apenas na


medida em que o interesse público não seja afetado pela disponibilidade dos
titulares sobre o “se”, o “quando” e o “como” da tutela das suas situações subejtivas,
ou seja, este princípio comporta algumas restrições.

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Disponilidade do Processo:

★ Disposição Inicial - Princípio da Disposição sobre o Início do Processo: É sempre a


parte que tem de decidir iniciar o processo (art. 3/1 do CPC) - nemo iudez sine
actore, ne iudez procedat ex officio, ubi non est actio, ibi non est iurisdictio . O
tribunal superior também não se ocupa da causa sem a parte legitimada interpor o
recurso (art. 637/1 do CPC).

★ Disposição Posterior: Às partes também incumbe o impulso subsequente do


processo. A falta deste impulso pode conduzir, entre outras consequências (art.
281/2, 648/1 e 763/1 do CPC), à deserção da instância. Em regra, as partes também
podem por termo ao processo (nomeadamente através de um negócio processual -
art- 277/b e d, 280 e 291 do CPC).

Delimitação do Objeto: A delimitação do objeto do processo pelas partes é consequência


da autonomia das partes no âmbito do dirieto privado (art. 405 do CC) e, em especial da
liberadade de disposição e de exercício dos dirietos pelos seus titulares.

Relevância do Pedido:

★ Pedido da Parte: São as partes (em especial o autor e réu reconvinte) que delimitam
e fixam livremente o pedido (art. 552/1e e 724/1f do CPC) - é por isso que a
sentença não pode condenar em quantidade superior ou em objeto diverso ao
pedido pela parte (art. 609/1 do CPC), sob pena de ser uma decisão nula.

○ Absolvição do Reu: A admissbilidade da absolvição decorre da


improcedência do pedido do autor, pelo que pode ocorrer mesmo que o
demandado não tenha formulado nenhum pedido.

○ Montante: Por vezes, as partes formulam pedidos emque


quantificam o montante que pretendem conseguir em “pelo
menos €…”, nesses casos, o montante indicado determina o
limite da condenação - exceto se se concluir que esse
ontante é apenas uma parcela de um mais elevado e ainda
não liquidável no momento de formulação do pedido.

★ Permissão do minus: A vinculação do tribunal ao pedido da parte não impede que o


tribunal profira uma decisão que atribua menos do que a parte pediu, salvo nos
raros casos em que, da interpretação do pedido da parte, se mostrar que essa só
está interessada no “tudo ou nada”.

○ Minus Quantitativo: É sempre possível relativamente a pedidos quantiativos


como montantes pecuniários.

○ Minus Qualitativo: Em regra só é admissível em três casos:

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■ 1) se for consequência de um pedido da contraparte;

■ 2) se houver base legal;

■ 3) quando o autor tenha formulado um pedido de condenação (art.


10/3b do CPC) e o tribunal, embora não possa condenar o réu na
realização da prestação, possa reconhecer o direito alegado pelo
autor (art. 10/3a do CPC).

★ Permissão de aliud: A regra da vinculação do tribunal ao pedido da parte comporta


poucas exceções, como as seguintes:

○ 1) mesmo que o autor tenha formulado um pedido líquido, o tribunal pode


condenar num montante ilíquido (art. 609/2 do CPC)

○ 2) o tribunal não está adstrito à providência requerida no procedimento


cautelar, podendo decretar uma providênia nominada ou inominada,
diferente daquela que foi solicitada pelo requerente (art. 376/3 do CPC).

Relevância dos Factos: O tribunal deve conhecer de todos os factos alegados pelas partes
no momento processual adequado, sejam eles factos principais ou factos complementares.

★ Factos Principais e Complementares:

○ Factos Principais: Factos que constituem causa de pedir ou factos que


fundamentam a exceção. São, em regra, as partes que livremente suscitam
as questões e os factos em que o juiz se baseia para a sua sentença, daí a
necessidade de invocação pelo autor de uma causa de pedir e dos factos em
que baseia a situação subjetiva que alega.

■ Princípio da Disponibilidade (art. 5/1 do CPC): Estes factos só podem


ser considerados pelo tribunal se forem alegados pelas partes

○ Factos Complementares: Factos que completam ou concretizam os factos


principais, independentemente de serem favoráveis ou desfavoráveis à parte
que os alegou em juízo (art. 5/2b do CPC).

■ Não alegação dos factos complementares na petição inicial ou


contestação: Não tem qualquer efeito preclsuivo e justifica que o juiz
deva convidar a parte a aperfeiçoar o seu articulado (art. 590/2b e 4).
Mesmo que esse convite não seja realizado, o tribunal pode
considerar os factos complementares que resultem da instrução da
causa, desde que as partes tenham tido a possibilidade de se
pronunciarem sobre eles.

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★ Subprincípios:

○ Princípio da Aquisição Processual: Factos alegados por qualquer das partes


são sempre factos adquiridos para o processo, não importando se são
favoráveis ou desfavoráveis à parte que os invoca em juízo

○ Princípio da Exaustividade do Conhecimento do Tribunal: O juiz deve


resolver todas as questões que as partes tenham submetido à sua
apreciação, exceptuadas aquelas cuja decisão esteja prejudicada pela
solução dada a outras.

○ Princípio da Limitação do Conhecimento do Tribunal: O tribunal apenas se


pode ocupar das questões suscitadas pelas partes (e pelas questões que
forem de conhecimento oficioso - estão previstas na lei)

★ Ónus das Partes:

○ Ónus de Alegação:

■ Subjetivo: Compete ao autor invocar os factos que integram a causa


de pedir (art. 5/1 e 552/1d do CPC) e cabe ao réu alegar os factos em
que se baseiam as exceções, dilatórias ou peremptórias (art. 5/2 e
571/1 e 2/2ªp do CPC).

■ Objetivo: Faz recair sobre a parte que não alegou os factos que lhe
são favoráveis os riscos inerentes a essa omissão.

○ Ónus de Impugnação:

■ Subjetivo: Cabe ao réu impugnar os factos articulados pelo autor na


petição inicial (art. 571/1 e 2/1ªp do CPC)

■ Objetivo: Implica que se consideram admitidos por acordo os factos


que forem alegados por uma das partes e não forem impugandos
pela contraparte (art. 574/2 do CPC)

★ Cooperação do Tribunal: O tribunal deve convidar qualuqer das partes a suprir as


insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto (art.
590/2b e 4 do CPC) - manifestaçaõ do dever de cooperação do tribunal com as
partes (art. 7/1 do CPC).

★ Inquisitoriedade do Tribunal: Tem expressão no âmbito da matéria de facto e


permite que o tribunal considere factos não alegados pelas partes, sendo raro no
processo civil processos seresm submetidos à inquisitoriedade do tribunal existem
alguns casos - ex: casos de jurisdição voluntária (art. 986/2 do CPC)

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Conhecimento Oficioso: O corolário do conhecimento oficioso sobre a matéria de direito é a


indisponibildiade das partes.

★ Matéria de Direito: O tribunal conhece oficiosamente do direito aplicável - iura


novit curia; da mihi facta, dabo tibi ius (art. 5/3 do CPC).

○ 3 Corolários:

■ De carácter negativo:
● O tribunal não pode ser vinculado pelas partes (nem mesmo
por acordo destas) quanto ao direito aplicável na decisão da
causa. Daí que o tribunal possa corrigir uma deficiente
qualificação jurídica fornecida pelas partes
● As partes não podem afastar a aplicação pelo tribunal das
regras de carácter imperativo, apesar de poderem dispor das
regras de carácter supletivo - ex: o tribunal não pode julgar o
incumprimento de um contrato cuja forma legal não foi
respeitada

■ De carácter positivo: O tribunal deve analisar os factos alegados


pelas partes segundo todas as possíveis qualificações legais. Este
dever é, em regra, irrelevante quando a ação proceder, pois, para o
autor é indiferente o fundamento dessa procedência, mas é sempre
relevante quando a ação for julgada improcedente, porque, nesse
caso, há que esgotar todas as possibilidades de prodedência da ação.

★ Factos Acessórios:

○ Factos Complementares: Estes factos podem ser considerados se forem


algados pelas partes ou se, tendo surgido na instrução da causa, as partes
tiverem tido a possibildade de se pronunciarem sobre eles (art. 5/2b do CPC)

○ Factos Instrumentais (ou Probatórios): Factos que indiciam, através de


presunções legais ou judiciais (art. 349-351 do CC) os factos principais ou
complementares, podendo ser considerados oficiosamente no caso de
resultarem da instrulão da causa (art. 5/2a do CPC)

★ Factos Normativos: Factos que, sendo referidos, são indispensáveis para a


aplicação de uma regra jurídica

3. PRINCÍPIO DA GESTÃO PROCESSUAL


Dever de Gestão Processual (art. 6/1 do CPC): Sem prejuízo do ónus de impulso que recai
sobre as partes, o juiz tem o dever de dirigir ativamente o processo e de providenciar pelo

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seu andamento célere, promovendo oficiosamente as diligências necessárias ao normal


prosseguimento da ação, recusando o que for impertinente ou meramente dilatório e
adotando, depois, mecanismos de simplifcação e agilização processual que garantam a
justa composição do litígio em prazo razoável4.

★ Aspecto Substancial - Dever de Condução do Processo: Para o cumprimento deste


dever, jusitificado pela necessidade de o juiz providenciar pelo andamento célere do
processo, o juiz deve:

○ Promover as diligências necessárias ao normal prosseguimento da ação e


recusar o que for impertinente ou meramente dilatório

○ Providenciar oficiosamente pelo suprimento da falta de pressupostos


processuais sanaveis, determinando:

■ A realização dos atos necessários à regularização da instância

■ Ou, quando a sanação dependa de ato que deva ser praticado pelas
partes, convidando-as a praticá-lo (art. 6/2 do CPC)

★ Aspecto Instrumental - Adequação Formal: O dever de condução do processo que


recai sobre o juiz serve-se, como instrumento, do poder de simplificar e agilizar o
processo, isto é, do poder de modificar a tramitiação processual ou os atos
processuais - o juiz deve adotar uma tramitação processual adequada às
especificidades da causa e adaptar o conteúdo e a forma dos atos processuais ao
fim que visavam atingir, asseegurando um processo equitativo (art. 547 do CPC)

○ Nulidades Processuais: Ocorre uma nulidade processual (inominada) quando


for praticado um ato que a lei não admite ou quando for omitido um ato que
a lei prescreve (art. 195/1 do CPC). Verificando-se a adequação formal da
tramitação legal, o parâmetro passa a ser o procedimento definido em
função dessa adequação.

■ Audição das Partes: A adequação das partes requer a prévia audição


das partes, sob pena de nulidade

○ Limites Legais:

■ Plano Externo: A simplificação e a agilização processual deve


assegurar um processo equitativo (art. 547 do CPC) ou seja,
permitindo que as partes aleguem as suas razões de facto e de direito
que realizam prova dos factos controvertidos, e que o tribunal se
pronuncie tanto sobre a matéria de facto como sobre a de direito.

4 Gestão Privada: As partes não têm, em regra, nenhum poder de disposição sobre o procedimento, pelo que
não são válidos os contratos realizados pelas partes neste âmbito - existem algumas exceções legalmente
previstas como o acordo sobre a prorrogação do prazo (art. 141/2 do CPC)

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Luísa Braz Teixeira

■ Plano Interno: A tramitação definida pelo juiz deve respeitar os


princípios da iguladade das aprtes e do contraditório e não contender
com a aquisição processual de factos nem com a admissibilidade de
meios probatórios (art. 630/2 do CPC)

4.PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
Noção: As partes e o tribunal devem colaborar entre si na resolução do conflito de
interesses subjacente à ação (art. 7/1 do CPC). Cria um dever de cooperação

Posição das Partes: O dever de cooperação assenta, quanto às partes, num dever de
atuação orientado pela eficência e proporcionaliade.

★ Deveres: O dever de cooperação assenta, quanto às partes, num dever de:

○ Litigância de boa fé (art. 8 do CPC)

○ Esclareciemento: Dever de fornecer, a convite do juiz, os esclarecimentos


sobre a matéria de facto ou de direito que se afigurem pertinentes (art. 7/2
do CPC). Este dever é uma consequência dos deveres de verdade e
completude que recaem sobre as aprtes na alegação da matéria de facto (art.
542/2b do CPC) e da obrigação de informação que incide sobre quem estea
em condições de prestar as informações necessárias sobre a existência ou o
conteúdo de um direito (art. 573 do CC)

■ Dever Geral de Prestar Colaboração: O art. 417/1 do CPC estabelece,


na sequência do direito do tribunal à coadjuvação de outras entidades
(art. 202/3 da CRP e 23/1 da LOSJ), que todas as pessoas que, sejam
ou não partes na causa, têm o dever de prestar a sua colaboração
para a descoberta da verdade, respondendo ao que lhes for
perguntado, submetendo-se às inspeções necessárias, facultando o
que for requisitado e praticando os atos que forem determinados
- Recusa de Colaboração (art. 417/3 do CPC) - É justificada
quando esta importe a violação da integridade física ou moral
das pessoas, a intromissão na vida privada ou familiar, no
domícilio, na correspondência ou nas telecomunicações ou a
violação do sigilo profissional ou segredo de Estado
- Violação do Dever de Colaboração - Implica, quando seja
grave, a litigância de má fé da parte (art. 8 e 542/2c do CPC)

Posição do Tribunal: O dever de cooperação do tribunal destina-se a incrementar a


eficiência do processo, a assegurar a igualdade de oprtunidades das partes, a promover a
descoberta da verdade e a garantir um processo equitativo, apresentando como limite o

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princípio dispositivo, não competindo ao tribunal levantar questões de direito substantivo


que as partes não tenham suscitado.

★ Deveres do Tribunal:

○ Dever de Prevenção ou Advertência: O tribunal tem o dever de prevenir as


partes sobre a falta de pressupostos processuais sanáveis (art. 6/2 e 590/1)

○ Dever de Esclarecimento: O tribunal tem o dever de se esclarecer junto das


partes quanto às dúvidas que tenha sobre as suas alegações, pedidos ou
posições em juízo (art. 7/2 e 452/1 do CPC)

○ Dever de Auxílio das Partes: O tribunal tem o dever de auxiilar as partes na


remoção das dificuldades ao exercício dos seus direitos ou faculdades ou no
cumprimentos dos seus ónus ou deveres processuais (art. 7/4 do CPC)

○ Dever de Consulta das Partes: O tribunal tem o dever de consultar as partes


sempre que pretenda conhecer (oficiosamente) de matéria de facto ou de
direito sobre a qual elas não se tenham pronunciado (art. 3/3 do CPC). Este
dever deve ser cumprido mesmo quando o tribunal considere que só por
negligência das partes é que pode ter houvido a omissão da alegação do
facto ou a não atribuição de uma qualificação jurídica, de modo a obviar a
“decisões surpresa”, isto é, decisões com fundamentos inesperados.

★ Poderes Discricionários do Tribunal: Os poderes que serek de instrumento para o


exercício do dever de cooperação do tribunal não podem ser poderes discricionários
que o tribunal exerce segundo ou um critério de oportunidade ou conveniência,
tratnado-se antes de poderes funcionais ou poderes-deveres, que o tribunal tem o
dever de exercer para cumprir a sua função assistencial perante as partes.

★ Omissão dos Deveres: Traduz-se numa nulidade processual pois o tribunal deixa
de praticar um ato que não pode omitir (art. 195/1 do CPC) - em concreto, trata-se
uma decisão nula por excesso de pronúncia, dado que conhece de matéria de que,
nas condições emque o faz, não podia conhecer (art. 615/1d, 666/1 e 685 do CPC)

Posição Comum: O princípio de cooperação também se manifesta na posição recíproca de


qualquer dos sujeitos processuais perante todos os demais, através de, por exemplo,
deveres de correção e urbanidade.

5.PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES


Noção: Igualdade de chances e de riscos: ambas as partes devem ter as mesmas chances
de obter uma decisão favorável e sobre ambas deve recair o mesmo risco de o tribunal vir a
proferir uma decisão desfavorável - faceta do processo equitativo (art. 20/4 da CRP) e

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corolário dos princípios da igualdade perante a lei (art. 13/1 da CRP) e da imparcialidade de
apreciar e decidir a causa.

Ónus das Partes: O princípio da iguladade implica que as partes têm de ser tratadas de
forma igual, contudo, essa igualdade formal não obsta a que as partes possam criar,
através do seu comportamento, situações de desigualdade, consequência direta dos ónus
que sobre elas recaem e das consequências do seu não cumprimento - ex: se o reu não
contestar, o autor é dispensado de provar os factos por ele alegados (art. 567/1 do CPC)

Deveres do Tribunal: O art. 4º do CPC impõe que o tribunal assegure, durante o


processo ,igualdade substancial (ou material entre as partes)

★ Igualdade de Tratamento: Dever de tratar de forma igual o que é igual e de forma


diferente o que é diferente.

★ Correção de Desigualdades: É realizada através da função existencial ou auxiliar do


juiz - ex: o art. 590/2b do CPC impõe que o juiz convide as partes a aperfeiçoarem os
seus articulados no caso de algum deles ser deficiente, algo que, se o juiz não fizer,
além de impedir a boa administração da justiça, infringe o princípio da igualdade
substancial.

Princípio do Contraditório: Implica que, sendo formulado um pedido ou oposto um


argumento, deve ser-lhe dada a oprtunidade de se pronunciar sobre o pedido ou
argumento (art. 3/1 do CPC in fine) - este direito de ser ouvido justifica os cuidados que lei
coloca na citação do reu (art. 187-192 e 225-246) e o princípio da audiência contraditória
das provas (art. 415/1 do CPC).

★ Audiência Prévia: A não audiência prévia das partes implica a nulidade da decisão
por excesse de proncúncia (art. 615/1d do CPC)

○ Corolários do direito à audiência prévia:

■ Levantamento de questões pelas partes: Levantada por uma parte


uma questão, o juiz deve ouvir a parte contrária antes de decidir (art.
3/3/1ªp do CPC), sendo exigido que o tribunal cumpra previamente o
dever de informar a parte e que esta tenha tempo suficiente para
poder responder

■ Decisão de questões pelo juiz: O juiz não pode decidir questões de


direito ou de facto, mesmo se forem de conhecimento oficioso, sem
que as partes tenham a possibilidade de se pronunciarem sobre elas
(art. 3/3/2ªp do CPC)

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○ Dever de Consulta: A audiência prévia permite evitar decisões suropesa e


justifica-se noemadamente nas seguintes situações:

■ Quando o tribunal considere relevante matéria de facto ou de direito


que as partes tenham considerado irrelevantes ou que lhes tenha
passado despercebida

■ Quando o tribunal qualifique determinada matéria de facto de


maneira diferente da das partes ou entenda que a questão determina
a aplicação de direito estrangeiro

■ Quando o tribunal conheça oficiosamente matéria de facto, em


relação à qual o tribunal tenha poderes inquisitórios (art. 986/2 do
CPC), não alegada pelas partes.

■ Quando o tribunal tenha dado a entender às partes uma determinada


questão de facto ou de direito era irrelevante, mas, entretanto, tenha
mudado de opinião.

■ Quando o tribunal forneça a um meio de prova um valor distinto


daquele que ambas partes lhe atribuem.

★ Contraditório Diferido: O direito à audiência prévia não é absoluto, podendo, por


vezes, ser diferido, ou seja, ocorrer depois do tribunal proferir a sua decisão, todavia
tal só ocorre nos casos previstos na lei, não pela vontade das partes (art. 3/2 do
CPC). Geralmente ocorrem no âmbito das providências cautelares (art. 2/2 in fine)

★ Princípio do Contraditório em Relação a Terceiros: Ninguém pode ser afetado nos


seus direitos ou interesses por uma decisão proferida num processo em que,
podendo tê-lo sido, não foi demandado.

6.PRINCÍPIO DA BOA FÉ
Noção: As partes devem atuar em juízo de boa fé (art. 8 do CPC)

★ Dever de Atuação de Boa Fé: Limte ao domínio das partes sobre o processo
resultante do princípio dispositivo e implica a proibição da litigância de má fé.

Má Fé Bilateral: Ambas as partes agem de má fé com o intuito de prejudicar terceiros -


simulação processual (art. 612 do CPC)

6.1 MÁ FÉ UNILATERAL
Pressupõe que a parte atua, com dolo ou negligência grave, de forma diferente daquela que
é a devida e a esperada, violado, nomeadamente, os deveres de lealdade e de probidade.

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Atuação de Má Fé:

★ Proibição da Mentira: A parte atua de má fé quando, com dolo ou negligência,


latera a verdade dos factos ou omite factos relevantes para a decisão da casusa
(art. 542/2b do CPC), isto é, viola o dever de verdade e o dever de completude nas
suas afirmações.

○ Dever de Verdade: Implica que a parte não deve alegar factos que sabe que
não são verdadeiros e não deve impugnar factos que sabe que são
verdadeiros, ou seja, existe uma correlativa proibição da mentira consciente.

■ Alegação de factos que parte não pode saber se são verdadeiros: A


afirmação de meras hipóteses ou conjecturas, a descrição de estados
anímicos alheios ou a formulação de uma prognose sobre
acontecimentos futuros não violam o dever de verdade se a parte
fornecer alguns indícios que constituam uma explicação plausível do
que afirma, descreve ou formula

○ Dever de Completude: Impõe que a parte tem o dever de alegar todos os


factos que lhe são relevantes para a apreciação da causa, abrangendo tanto
os factos que lhe são favoráveis, como os que lhe são desfavoráveis. Tem
como limite a faculdade de recusa da colaboração da parte em matéria
probatória - ex: nenhuma parte é obrigada a revelar factos da sua vida
privada ou familiar (art. 417/3b do CPC)

★ Comportamento Contraditório: Atua com má fé a parte que, com dolo ou


negligência grave, deduz pretensão ou oposição cuja falta de fundamento não deve
ignorar (art. 542/2a do CPC). Também se verifica quando parte atua em venire
contra factum proprium e nas situações de supressio.

★ Omissão de Cooperação: Atua com má fé a parte que pratica omissão grave do


dever de cooperação com o tribunal e a contraparte (art. 542/2c e 7 do CPC)

★ Abuso de Faculdades Processuais: O uso manifestamente reprovável do processo


ou dos meios processuais com o fim de conseguir um objetivo ilegal, impedir a
descoberta da verdade, entorpecer a ação da justiça ou protelar, sem fundamento
sério, o trânsito em julgado de uma decisão constitui uma atuação de má fé (art.
542/2d do CPC) - ex: apresentação de um requerminto com o unico objetivo de
obstar ao cumprimento do julgado ou ao trânsito da decisão (art. 618 e 670 do CPC)

○ Autonomia: Pode perguntar-se se o abuso do processo tem autonomia


perante a litigância de má fé, ou seja, se pode ser sancionado
autonomamente da litigância de má fé.

■ Prof. MTS: Ainda que a litigância de má fé pressuponha o dolo ou a


negligência e que o abuso de direito seja aferido objetivamente, o

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Prof. MTS tende para uma resposta negativa à questão pois o abuso
de direito à ação só existe com um uso reprovável de atos
processuais

○ Abuso do Direito à Ação: Não se pode entender que todo o abuso de direito
em processo corresponde a um abuso de direito à ação que deve ser
sancionado com a condenação da parte como litigante de má fé. A ação pode
improceder simplesmente poruqe o o tribunal entende que o que o autor
pede é abusivo, pelo que deve ser condenado nos termos do art. 334 do CC.

Consequências Legais: O ato praticado pela parte contra os ditamente da boa fé não
produz efeitos nenguns em juízo.

★ Regime Comum:

○ Autor demanda sem razão, mas de boa fé e sem culpa: Essa parte vai decair
na ação e, normalmente, pagar as custas (art. 527/1 e 2 do CPC), não
havendo lugar a indemnização, pois o autor não agiu ilictamente

○ Autor demanda sem razão, de boa fé e com culpa - ação leviana: Geralmente
o autor não investigou suficientemente a situação jurídica, pelo que essa
parte vai perder a ação e, normalmente, pagar as custas (art. 527/1 e 2 do
CPC), mas não deverá nenhuma indemniação, pois a lei só sanciona a a
atuação com dolo ou negligência grave (art. 542/2/2ªp do CPC).

○ Autor demanda e de má fé e sem culpa - ação temerária (ou seja, dolo ou


negligênica grave): Essa parte vai decair na ação e, normalmente, pagar as
custas (art. 527/1 e 2 do CPC) e está sujeita a multa e indemnização como
litigante de má fé (art. 542/1 do CPC).

★ Regime Especial: Ao contrário do que sucede no regime geral, que exige uma
atuação dolosa ou gravemente negligente da parte, os regimes epeciais previstos
(nos art. 374/1, 727/4, 858 e 866 do CPC) operam com a mera negligência, o que
aumenta as hipóteses de responsabilização da parte.

○ Taxa Sancionatória Excecional: A parte deve ser condenada ao pagamento


desta taxa se atuar com falta de negligência ou prudência a propor a ação,
deduzir oposição, formular requerimento, interpor recurso, apresentar
reclamação ou levantar incidente manifestamente improcedente (art. 531 do
CPC). Contudo, a condenação ao pagamento deste valor preclude a
condenação a outras multas (art. 27/5 do RCP)

7. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL


Pode ser visto num plano institucional e individual.

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Plano Institucional: O processo não deve implicar custos desnecessários e não


proporcionais à prossecução da sua finalidade

★ Concretização: O princípio da autonomia processual orienta-se por um critérios de


eficiência e pelo difícil equilíbrio entre a garantia do direito à ação e a resposta
fornecida pelo ordenamento processual. A este princípio liga-se a necessidade de
desonerar os tribunais de processos desnecessários e o imperativo andamento
célere dos processos pendentes.

○ Institutos processuais decorrentes deste princípio: Exceções de


litispendência e de caso julgado (art. 580/1 e 581/1 do CPC), suspensão da
instância por prejudicialidade (art. 269/1d e 272 do CPC),...

Plano Individual: Plano de cada ato processual.

★ Proibição de Prática de Atos Inúteis: Este princípio obsta a que se pratiquem atos
tanto objetivamente como subejtivamente inúteis ou superfluos num processo
pendente.

○ Atos Objetivamente Inúteis: Não respeitam à matéria discutida no processo

○ Atos Subjetivamente Inúteis: Nada acrescentam ao que já está adquirido em


processo

■ Concretização: A economia processual fundamenta a irrelvência


virtual de um ato na circunstância do juiz já ter adquirido a
convinccção sobre a questão em causa, podendo dispensar um ato
processual a ela respeitante, sem que tenha de se preocupar com a
potencial utilidade desse ato.

8. PRINCÍPIO DA AUTO-SUFICIÊNCIA
Noção: Em processo, a aparência vale como realidade para o efeito de determinar se o é ou
não e esta determinação é realizada no próprio processo.

Concretização: A mera invocação de um direito permite à parte instaurar uma casusa, sem
que seja efetivamente seu titular: o processo vai averiguar esse facto. O mesmo se passa no
plano dos pressupostos proceussuais em que a sua apreciação é realizada na ação em que
eles condicionam o mérito - a parte ilegítima é legítima para sustentar a sua legitimiadade
assim como o tribunal incompetente é competente para decidir a sua competência.

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III. COMPETÊNCIA
1.COMPETÊNCIA INTERNACIONAL-
REGULAMENTO 1215/2012
1. ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Âmbito Material:

★ Delimitação Positiva: O regulamento é aplicável em matéria civil e comercial,


independentemente do tribunal competente na ordem interna (art. 1/1/1ªp do Reg.).

○ Situações de concurso de pretensões: Pode acontecer que apenas uma das


pretensões caia no âmbito de aplicação do regulamento: o regulamento não
deixa de ser aplicável à pretensão abrangida pelo seu âmbito, mas cabe ao
direito interno do Estado verificar se o tribunal também é competente para
as demais pretensões concorrentes.

★ Delimitação Negativa: O regulamento não abrange:

○ A responsabilidade do Estado por atos ou omissões no exercício da sua


autoridade (art. 1/1/2ªp do Reg.)
○ Matérias fiscais, aduaneiras, e administrativas (art. 1/1/2ªp do Reg.)
○ O estado e a capacidade das pessoas singulares, os regimes de bens do
casamento e as relações que produzam efeitos comparáveis ao do
casamento (art. 1/2a do Reg.)
○ As falências, as concordatas e os processos análogos (art. 1/2b do Reg.)
○ A segurança social (art. 1/2c do Reg.)
○ Arbitragem (art. 1/2d do Reg.)
○ As obrigações de alimentos decorrentes de uma relação familiar, parentesco,
casamento, afinidade ou óbito (art. 1/2e e f do Reg.)
○ Testamentos e sucessões (art. 1/2f do Reg.)

Âmbito Espacial:

★ Competência Internacional: As regras sobre a determinação da competênica só são


aplicáveis, em princípio, quando o demandado tiver o seu domícilio ou sede num
território de um Estado-membro (art. 6/1 do Reg.), devendo prevalecer sobre as
regras nacionais de competência.

○ Determinação do Domicílio:

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■ Pessoas Singulares: O juiz da casa aplica a sua lei interna para


determinar se uma parte tem domicílio no seu próprio Estado (art.
62/1 do reg.) e aplica a lei interna de um outro Estado para
determinar se a parte tem domícilio nesse Estado (art. 62/2 do reg.)

■ Pessoas Colectivas e Sociedades Comerciais: Têm domícilio no lugar


em que tiverem a sua sede social, administração central ou
estabelecimento principal (art. 63/1 do reg.)

○ Domícilio Desconhecido: O regulamento é aplicável quando for intentada


uma ação contra um nacional de um outro EM, cujo domicílio é desconhecido,
ainda que o órgão jurisdicional ao qual o processo foi submetido disponha de
indícios de prova que lhe permitam concluir que o referido demandado está
efetivamente domiciliado fora do EM

■ Situações em que se exige domicílio num EM: Casos referidos no art.


7º e o 8º do regulamento.

★ Reconhecimento e Exeucção: O regualmento é aplicável ao reconhecimento e


execução de quaisquer decisões proferidas num dos Estados Membros (art. 2a do
reg.), mesmo que tenham sido proferidas por tribunais cuja competência não foi
aferida por aquele instrumento europeu.

Âmbito Temporal: A generalidade das disposições do regulamento só são aplicáveis a


partir de 10/01/2015 (art. 66/1 e 81 do reg.)

★ Reconhecimento e Execução: O regulamento anterior (reg. 44/2002) continua a


aplicar-se às decisões proferidas em ações judiciais intentadas, aos instrumentos
autênticos formalmente redigidos ou registads e às transações judiciais aporvadas
ou celebradas antes de 10/01/2015 (art. 66/2 do reg. 1215/2012)

Competência Territorial: Alguns preceitos do regulamentos aferem simultaneamente o


tribunal internacional e territorialmente competente, contudo, a generalidade limita-se a
atribuir competência internacional aos tribunais de um EM,

★ Determinação do Tribunal Territorialmente Competente:

○ 1) Verificação se o tribunal português é competente: Procura-se nos art. 70 a


82 do CPC e no art. 14 do CPT se, em função do objeto da causa, é possível
atribuír competência a um tribunal português.

○ 2) Se o tribunal português não for competente: Se nenhum dos preceitos


anteriores resultar na atribuição de competência territorial a um tribunal

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RESUMOS DPC I - REGÊNCIA PROFESSORA PAULA COSTA E SILVA / JOÃO MARQUES MARTINS - TB - 2022/20223
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português, há que determinar o tribunal competente de acordo com os


critérios estabelecidos no art. 80/3 do CPC.

Âmbito Derrogatório: O regulamento substitui várias convenções celebradas entre os


Estados Membros (art. 69 do reg.), excepto no que se refere a matérias que não são
abrangidas pelo regulamento (art. 70/1 do reg.)

★ Regime Especial: O regulamento não prejudica as convenções em que os Estados


Membros são partes e que, em matérias especiais, regulem a competência judiciária,
o reconhecimento ou a execução das decisões (art. 71/1 e 72 do reg.)

○ Jurisprudência do TJ: Definiu que as regras constantes de convenções


internacionais só são aplicáveis se oferecerem um elevado nível de certeza
jurídica, facilitem a boa administração da justiça, permitam reduzir o risco de
processos concorrentes e assegurem, em condições tão favoráveis como nos
regulamentos europeus, a livre circulação das decisões em matéria civil e
comercial, e a confiança recícproca na administração da justiça na UE.

2. CRITÉRIO GERAL
Domícilio Intraeuropeu:

★ Aplicação do Regime:

○ Tribunal do Domícilio: O reu domiciliado num Estado Membro deve ser


demandado, independentemente da sua nacionalidade, nos tribunais do
Estado do seu domícilio (art. 4/1 do reg.)

○ Outro Tribunal: As pessoas domiciliadas no território de um Estado Membro


podem ser demandadas perante os tribunais de um outro EM se tal resultar
de uma competência especial ou de um pacto de jurisidição (art. 5/1 do reg.),
não podendo, nesses casos, ser aplicadas outras regras (art. 5/2 do reg.)

★ Forum non conveniens: Não é admitido que um tribunal se possa considerar


incompetente por entender que um outro tribunal se encontra mais bem colocado
para resolver o litígio, contudo, o tribunal do EM pode suspender a instância se
considerar que tal é necessário para a correta admnistração da justiça (art 33/1b e
34/1c do reg.)

Domícilio Extraeuropeu: Contra um demandado com domícilio num Estado terceiro podem
ser invocadas quaisquer regras de competência vigentes na ordem interna do Estado do
foro, mesmo que elas sejam consideradas exorbitantes e não possam ser invocadas contra
demandados com domicílio num EMS (art. 6/2 do reg.)

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★ Competência: É regulada pela lei interna do Estado do foro, sem prejuízo das
situações em que não se exige que o requerido tenha domícilio num EM (art. 6/1
reg)

○ Situações em que não se exige domicílio: Situações de competência em


matéria de contratos de consumo (art. 18/1 do reg.) e individuais de trabalho
(art. 21/2 do reg.) e competência convencional (art. 25 do reg.)

3. CRITÉRIOS ESPECIAIS
Carácter Concorrente: O reu que seja domiciliado num EM pode ser demandado nos
tribunais de um outro Estado se relevar um dos fatores de conexão dos art. 7 a 26 do
regulamento (art. 5/1 do reg). A competência fixada pelo critério especial concorre a
determinada pelo critério geral do domicílio do reu (art. 4/1 do reg.), de modo a que o autor
possa escolher qualquer dos tribunais (art. 5/1 do reg.)

3.1 NORMAS AVULSAS SOBRE COMPETÊNCIAS ESPECIAIS


(art. 7 a 9 do reg.)
Matéria Contratual (art. 7/1a do reg): É competente o tribunal do lugar onde a obrigação
(voluntária) foi, ou devia, ser cumprida.

★ Âmbito de Aplicação: Ações relativas ao cumprimento do contrato, à sua validade e


eficácia e à modificação e ao termo do contrato.

★ Determinação do lugar de cumprimento da obrigação: No caso de venda de bens


e prestação de serviços, releva o local onde os bens foram/deviam ser entregues ou
os serviços foram/deviam ser prestados (art. 7/1b reg.)

○ Várias prestações realizadas em vários EM: É competente o tribunal do lugar


onde deve ser realizada a prestação principal

○ Plurailidade de lugares de entrega do bem num mesmo EM: É competente o


tribunal em cuja jurisdição territorial se situa o lugar da entrega principal, em
função de critérios económicos. Na falta de fatores de decisão, o autor pode
demandar o reu no tribunal do lugar de entrega da sua escolha

Matéria Extracontratual (art. 7/2 do reg.): O reu pode ser demandado no tribunal onde
ocorreu o facto danoso.

★ Âmbito de Aplicação: A matéria extracontratual consitui um conceito que deve ser


interpretado autonomamente, cabendo nele tudo o que não se inclui no conceito de
matéria contratual do art. 7/1.

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RESUMOS DPC I - REGÊNCIA PROFESSORA PAULA COSTA E SILVA / JOÃO MARQUES MARTINS - TB - 2022/20223
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○ O TJ definiu que, nas situações de concurso de responsabilidade delitual e


contratual, o tribunal competente para apreciar uma delas não é competente
para a outra.

★ Determinação do lugar do facto danoso: Como lugar do dano só é relevante o


lugar em que o demandado tenha, alegadamente, praticado o facto que lhe é
imputado

○ Se o lugar do facto danoso não coincidir com o lugar onde se possa produzir
o dano (ex: cyberbullying), ação também pode ser instuarada no tribunal do
local onde se produzirá o dano

Ação Cível (art. 7/3 do reg.): Para as ações de indemnização ou restituição fundadas numa
infração penal, é competente o tribunal onde foi intentada a ação pública, se a lei desse
Estado permitir conhecer da ação cível

★ Em Portugal: O pedido deve ser deduzido no processo penal respectivo (art. 71 do


CPP), só podendo ser pedido em separado perante os tribunais civis, nos casos
previsitos no art. 72/1 do CPP

Objeto Cultural (art. 7/4 do reg.): A ação destinada à recuperação de um objeto cultural,
fundada no direito de propriedade e intentada pela pessoa que reclama o direito de
recuperar esse objeto, pode ser proposta no tribunal do lugar em que se encontra o objeto
no momento da sua instauração.

Exploração de Sucursal (art. 7/5 do reg.): Nas ações relativas à exploração de uma
sucursal, de uma agência ou de qualquer outro estabelecimento, o tribunal da sua situação
tem competência para conhecer de uma ação proposta contra a casa-mãe com sede num
outro EM.

★ Elemento de Conexão: Os litígios têm de decorrer da exploração da sucursal,


devendo referir-se aos direitos e às obrigações relativas à gestão da sucursal.

Ação relativa a trust (art. 7/6 do reg.): Se a ação disser respeito às relações internas de
um trust constituído e se o trust não respeitar a matérias excluídas do âmbito de aplicação
do regulamento (art. 1/2 do reg.), o fundador, o trustee ou o beneficiário também pode ser
demandado perante os tribunais do EM em cujo território o trust tem o seu domicílio.

Competência por Conexão (art. 8 do reg.): A competência de um tribunal pode ser alargda
através de uma conexão estabelecida em função das partes ou do objeto da causa. Este
regime só é aplicável quanto aos demandados que tenham domicílio num EM (art. 6/1)

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★ Relevância: Este regime não tem relevância quando o demandado tenha domicílio
no EM do tribunal de ação, pois esse tribunal já era competente nos termos gerais
(art. 4/1 do reg)

★ Pluralidade de Demandados: Se a ação for demandada contra vários réus (todos


domiciliados em EMs), todos podem ser demandados no tribunal de domicílio de um
deles, desde que os pedidos estejam ligados entre si.

★ Intervenção de terceiros (art. 8/2 do reg): Qualquer garante ou outro terceiro pode
ser chamado a intervir numa ação pendente, salvo se a escolha do tribunal onde a
ação foi proposta tiver tido o intuito de subtrair o terceiro à jurisdição do tribunal que
seria competente

★ Pedido Reconvencional (art. 8/3 do reg): Tratando-se de um pedido


reconvencional que derive do contrato ou do facto que constitui a causa de pedir da
ação principal, é competente o tribunal no qual esta ação se encontra pendente

○ Âmbito de Aplicação: Esta norma não é aplicável à compensação quando


esta for um mero meio de defesa, nesse caso, a competência do tribunal tem
de ser aferida pelo critério geral do art. 4/1 ou por outros critérios (art. 7 a
26)

3.2 COMPETÊNCIA PARA O PROFERIMENTO DE MEDIDAS


PROVISÓRIAS E CAUTELARES (art. 35 do reg)
Âmbito de Aplicação: As medidas provisórias ou cautelares previstas na lei de um EM
podem ser requeridas nos tribunais deste Estado e de acordo com as suas regras de
competência, mesmo que, por força do regulamento, um tribunal de um outro Estado seja
competente para conhecer da ação principal.

★ “Medidas Provisórias”: Medidas que se revestem de uma natureza antecipatória,


destinando-se a manter uma situação de facto ou de direito a fim de salvaguardar
direitos cujo reconhecimento é pedido ao juiz da questão de fundo.

Condições de Aplicação:

★ 1) As medidas cautelares devem caber no âmbito de aplicação material


determinado pelo art. 1/1 e 2 do reg.

★ 2) O requerido deve ter domicílio num dos EMs - ou então tem de ser uma das
situações do do 6/1 do do reg.

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Opção do Requerente: O art. 35 do regulamento concede ao requerente da providência


cautelar a seguinte opção:

★ a) Requerer a providência cautelar no tribunal competente, segundo os critérios


definidos no regulamento, que vai poder decretar providências cautelares quanto a
bens situados no Estado do foro e em outros EMs (art. 2a/§2/1ªp a contrario)

★ b) Requerer a medida cautelar no tribunal do EM que, apesar de não ser competente


segundo o regulamento, seja internacionalmente competente segundo o seu direito
interno para decretar uma providência cautelar quanto a bens situados no seu
território

3.3 NORMAS QUE VISAM PROTEGER A PARTE MAIS FRACA -


matéria de seguros (art. 10 a 16), contratos de consumo (art. 17
a 19) e contratos de trabalho (art. 20 a 23)
Matéria de Seguros:

★ Âmbito de Aplicação:

○ Espacial: Este regulamento só se aplica se o demandado tiver domicílio num


EM, ou se tiver uma sucursal num EM (art. 10 e 7/5 do reg.)

○ Material: O fundamento da ação tem de ser uma relação de seguro, cujo


objeto respeite o domínio material definido no art. 1/1 e 2 do reg,

★ Local de Demanda:

○ Segurados: Local do seu domicílio (art. 14/1 do reg)

○ Seguradores: Local do seu domicílio, do domicílio do segurado (art. 11/1 do


reg), onde ocorreu o facto danoso Local do seu domicílio (art. 12 do reg).

★ Competência Convenional: Um pacto de jurisdição só é válido se estiver preenchida


uma das seguintes condições:

○ O pacto é posterior ao litígio (art. 15/1 do reg)


○ O pacto alarga os locais de demanda contra as seguradoras (art. 15/2)
○ O pacto é celebrado entre uma seguradora e um segurado com domicílio no
mesmo EM, para dar competência aos tribunais desse Estado,
independentemente do local onde ocorra o facto danoso (art. 15/3 do reg.)
○ O segurado não tem domícilio num EM e não se trata de um seguro
obrigatório ou relativo a imóvel sito num Em (art. 15/4)
○ O pacto diz respeito a matéria do art. 16 (art. 15/5 do reg) - matéria de
atividades marítimas

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Contratos de Consumo:

★ Âmbito de Aplicação:

○ Espacial: Este regulamento só se aplica se o demandado tiver domicílio num


EM, ou se tiver uma sucursal num EM (art. 17/1 e 2 do reg.).

■ Este regime não é aplicável quando o consumidor tem domicílio num


Estado terceiro (art. 6/1 do reg)

○ Material: Ações relativas a contratos de consumos (art. 17/1/1ªp), ou seja,


celebrados por uma pessoa singular para uma finalidade que possa
considerar-se estranha à sua atividade comercial, com outra pessoa que
esteja no quadro da atividade comercial.

■ Este regime não se aplica a ações contenciosas preventivas ou a


contratos de transporte (excepto viagens organizadas - art. 17/3)

★ Local de Demanda:

○ Consumidores: Local do seu domicílio (art. 18/2 do reg)

○ Contraparte do contrato de consumo: Local do seu domicílio ou do domicílio


do consumidor (art. 18/1 do reg), mesmo que seja fora dos EMs

★ Competência Convenional: Um pacto de jurisdição só é válido se estiver preenchida


uma das seguintes condições:

○ O pacto é posterior ao litígio (art. 19/1 do reg)


○ O pacto alarga os locais de demanda contra as contrapartes dos contratos
de consumo (art. 19/2 do reg)
○ O pacto é celebrado entre um consumidor e o seu co-contratante, ambos
com domicílio no mesmo EM, para dar competência aos tribunais desse
Estado, independentemente do local onde ocorra o facto danoso (art. 19/3)

Contratos de Trabalho:

★ Âmbito de Aplicação:

○ Espacial: Este regulamento só se aplica se o demandado tiver domicílio num


EM, ou se tiver uma sucursal num EM (art. 20/1)

○ Material: Ações que têm por fundamento contratos individuais de trabalho,


ou seja, contratos que regulam uma atividade laboral realizada com

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dependência, sujeita a orientação e que tem como contrapartida o


recebimento de uma remeneração.

★ Local de Demanda:

○ Trabalhadores: Local do seu domicílio (art. 22/1 do reg)

○ Entidade Patronal: Local do seu domicílio ou no tribunal do lugar onde ou a


partir do qual o trabalhador efetua habitualmente o seu trabalho ou no
tribunal onde se situa ou situava o estabeleciemnto que contratou o
trabalhador (art. 21/2 do reg.)

★ Competência Convencional: Um pacto de jurisdição só é válido se estiver


preenchida uma das seguintes condições:

○ O pacto é posterior ao litígio (art. 23/1 do reg)


○ O pacto alarga os locais de demanda contra entidades patronais (art. 23/2)

IV. PRESSUPOSTOS RELATIVOS ÀS


PARTES

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