Você está na página 1de 112

Menu de Ícones

Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo


aplicado ao longo do livro, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para
chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada uma com uma função
específica, mostradas a seguir:

2
Sumário
UNIDADE A TEORIA GERAL DO PROCESSO
1.1 Do DireitoProcessual 07

01
1.1.1 Das Funções do Direito 08
1.1.2 Lide 09
1.1.3 Processo 10
1.1.4 Procedimento 10
1.1.5 Pretensão 11
1.2 A Lei Processual no Espaç o e no Tempo 11
1.3 Princípios, Funções e Garantias Constitucionais do Processo 13
1.3.1 Das Funções dos Princípios 13
1.3.2 Garantias Constitucionais do Processo Civil 14
1.3.2.1 Princípio do Devido Processo Legal 14
1.3.2.2 Princípio da Imparcialidade 15
1.3.2.3 Princípio do Contraditório 16
1.3.2.4 Princípio da Ampla Defesa 17
1.3.2.5 Princípio da Fundamentação 17
1.3.2.6 Princípio da Publicidade 18
1.3.2.7 Princípio da Celeridade Processual 18
1.3.2.8 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição 19
1.3.3 Princípio do Processo Civil 19
1.3.3.1 Da Ação e da Disponibilidade 19
1.3.3.2 Da Verdade Formal 20
1.3.3.3 Da Lealdade Processual 20
1.3.3.4 Da Economia Processual 21
- Fixando o Conteúdo 22

UNIDADE A HISTÓRIA DO DIREITO PROCESSUAL


2.1 História do Direito Processual 26

02
2.1.1 O Processo na Idade Antiga e Média 27
2.1.2 Surgimento do Estado Moderno e Autonomia do Direito Processual 28
2.2 A Evolução do Direito Processual Brasileiro 29
2.2.1 Legislação Processual da República 30
- Fixando o Conteúdo 35

A ESTRUTURAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO E


UNIDADE MAGISTRATURA

03
3.1 A Estrutura do Poder Judiciário 39
3.1.1 Dos Princípios Gerais da Organização do Poder Judiciário 42
3.1.2 Das Justiças 42
3.3 Juiz/Magistrado: Deveres e Imparcialidade 46
- Fixando o Coneúdo 50

DEMAIS FUNÇÕES ESSENCIAIS DO DIREITO PROCESSUAL


UNIDADE 4.1 Ministério Público e sua Atuação no Processo Civil 54
4.2 Procurador/Advogado 55

04
4.3 Da Advocacia e Defensoria Públicas 57
4.4 Auxiliares da Justiça 58
- Fixando o Conteúdo 61

3
UNIDADE FONTES, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO
PROCESSUAL

05
5.1 Fontes do Direito Processual 65
5.2 Interpretação e Aplicação do Direito Processual 66
5.2.1 Elementos da Interpretação Jurídica 68
5.3 Integração do Direito Processual 69
5.3.1 As Fontes de Preenchimento de Lacunas 70
5.3.2 Os Métodos de Integração do Direito 72
5.3.3 Justiça e Equidade 73
5.4 Antinomias no Direito Processual 73
5.4.1 Critéios de Resolução das Antinomias Jurídicas 74
- Fixando o Conteúdo 75

UNIDADE INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL


6.1 Jurisdição 79

06
6.1.1 Da Composição de Litígios 79
6.1.2 Autotutela 79
6.1.3 Autocomposição 80
6.1.4 Tutela Jurisdicional 81
6.1.5 Finalidades e Características 81
6.1.6 Prescrição e Decadência 82
6.2 Princípios da Jurisdição 82
6.2.1 Princípio da Inevitabilidade 82
6.2.2 Princípio da Indeclinabilidade 82
6.2.3 Princípio da Investidura 83
6.2.4 Princípio da Indelegabilidade 83
6.2.5 Princípio da Inércia 83
6.2.6 Princípio da Aderência 84
6.2.7 Princípio da Unicidade 84
6.2.8 Jurisdição Contenciosa e Voluntária 84
6.3 Ação e Defesa 85
6.3.1 Condições da Ação 87
6.3.2 Legitimidade 88
6.3.3 Interesse de Agir 88
6.3.4 Questão de Mérito: Possibilidade Jurídica do Pedido 89
6.3.5 Da Classificação das Tutelas 90
6.3.6 Processo de Conhecimento 90
6.3.6.1 Processo de Execução 92
6.3.6.2 Processo Cautelar 94
6.3.7 Dos Elementos da Ação 95
6.3.8 Das Partes da Ação 95
6.3.9 Da Causa de Pedir 96
6.3.10 Do Pedido 97
6.4 As Partes e Seus Deveres e Ônus Processuais 97
6.4.1 Relação Jurídica Processual 99
6.4.2 Substituição Processual X Substituição de Parte 100
6.4.3 Capacidade Processual X Capacidade de Estar em Juízo 101
- Fixando o Conteúdo 104

GLOSSÁRIO 107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111

4
CONFIRA NA APOSTILA

Nesta unidade, o leitor encontrará aspectos introdutórios do direito


processual, sua função, conceitos fundamentais para seu
entendimento, a eficácia da lei processual no tempo e no espaço e
os princípios do direito processual..

Nesta unidade, o leitor encontrará elementos históricos do direito


processual, a fim de perceber sua evolução no tempo e estabelecer
parâmetros de comparação das diretrizes do direito processual
atual e de épocas distintas.

Nesta unidade o leitor encontrará a explicação de como se


estrutura o poder judiciário brasileiro, com suas justiças federal e
estadual, comuns e especializadas, bem como suas divisões
hierárquicas, em justiças de primeira instância, tribunais regionais
e estaduais e tribunais superiores.

Nessa unidade, o leitor conhecerá outras funções necessárias à


administração da Justiça. Entre elas, a do Ministério Público,
composto por procuradores de justiça e promotores de justiça,
responsável pela fiscalização do cumprimento da lei, interposição
de algumas ações de interesse público e acusação no processo
penal. Estudará também a figura do advogado, destacado na
Constituição como parte indispensável à administração da justiça,
profissional que atua representando o cidadão no processo, entre
outras funções. Por fim, conhecerá a função do serventuário, que
é o servidor público responsável por executar funções
administrativas dentro dos fóruns, para possibilitar o andamento
dos processos.

Nesta unidade, o leitor encontrará ensinamentos sobre as fontes do


direito processual, ou seja, de onde o aplicador do direito retirará os
preceitos que devem ser utilizados na operação do direito
processual. Além disso, falar-se-á sobre a interpretação e a
aplicação do direito processual.

Nesta unidade, o leitor encontrará institutos fundamentais do direito


processual, como a Jurisdição e seus princípios, a ação e a defesa
e, por fim, ensinamentos sobre as partes e seus deveres e ônus
processuais.
5
UNIDADE
A TEORIA GERAL DO PROCESSO

6
1.1. DO DIREITO PROCESSUAL

Na antiguidade, os conflitos de interesses que ocorriam entre as pessoas, eram


resolvidos pela “Lei do mais forte”, onde o mais forte fazia prevalecer a sua vontade
perante a submissão do mais fraco, conhecida como autotutela, onde o Estado não era
constituído como é hoje.
Atualmente, a nossa legislação, em regra, não admite essa forma de resolver
os conflitos, com exceção apenas para os casos de legítima defesa, onde é necessário
repelir a agressão injusta, iminente e atual.
Após o nascimento do Estado organizado, esse assumiu o dever e o poder de
julgar e decidir os conflitos de interesses que violem o direito de alguém. O que é
chamado de função estatal jurisdicional ou jurisdição.
Para eficácia e exercício desse meio de pacificação, foi exigido que a jurisdição
utilizasse regras predefinidas em Lei que regulasse todos os aspectos da relação
jurídica entre o Estado-Juiz e as partes (pessoas que sofrem os conflitos e buscam o
seu direito).
Diante disso, é importante destacar o seguinte conceito de Barroso:

É o direito processual, portanto, o conjunto de normas e princípios que estuda


essa atividade substitutiva do Estado (jurisdição) e a relação jurídica que irá
desenvolver-se entre as partes litigantes e o agente político (juiz).1

O objeto da disciplina Teoria Geral do Processo é o estudo de conceitos


fundamentais e gerais do Direito Processual e a sua função é preparar para o estudo
dos diversos ramos do direito processual.
É importante esclarecer que a Teoria Geral do Processo trata de todos os
elementos comuns aos ramos de direito processual. Entretanto, o Processo Civil é
específico, pois trata dos elementos processuais apenas na esfera civil.

1BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz Mattos. Coleção Sinopses Jurídicas 11 - Processo civil: teoria geral
do processo e processo de conhecimento. Fls. 15 [Minha Biblioteca].

7
O Direito Processual tem quatro institutos fundamentais que são: a jurisdição, ação,
exceção ou defesa e o processo.
Jurisdição é o poder de julgar do Estado, é o poder concedido aos Magistrados para
aplicar o direito para dirimir os litígios e conflitos.
O instituto da jurisdição trata da competência e dos poderes concedidos ao Juiz no
processo, trata, ainda da exigência de fundamentação nas decisões e do duplo grau
de jurisdição.
Ação é o direito de pleitear, pedir, exigir em juízo o que lhe é devido ou violado. É o
direito de postular do Estado-Juiz uma decisão de mérito, onde são observadas as
condições da ação e fenômenos como conexão, prevenção, litispendência,
litisconsórcio, coisa julgada e meios de extinção processual.
Em relação à exceção ou defesa, trata-se de direito de o Réu responder à ação, de
prazos e a importância de estabelecê-los e cumpri-los, da ocorrência de revelia e
julgamento antecipado da lide.
O processo é o instituto que traz todas as regras e procedimentos, e tem funções
específicas de direcionar as condutas, tratar conflitos, integração social e
legitimação do poder.

1.1.1. Das Funções do Direito


É função do processo direcionar as condutas, que é a capacidade do direito em
fazer a sociedade aceitar os modelos de conduta e normas pré-estabelecidas, a fim de
evitar as sanções legais. Daí surge a expressão “ordenamento jurídico” que designa a
função mais primária que é a ordem.
Todos os indivíduos têm a necessidade de viver em sociedade, convivendo e
praticando atividades de maneira que se cumpra uma função social.
Porém, os conflitos são inevitáveis na vida social, o que torna essencial a função
de tratamento de conflitos do Estado, ou seja, o direito não apenas dirige as condutas,
como edita regras para o tratamento e administração dos conflitos sociais, mas não
somente as regras que servem como critério para o tratamento de conflitos mas também
as regras processuais.
Muitos juristas e doutrinadores costumam se referir a essa função como
“pacificação social do direito”, já que tem é um instrumento para promover a paz social
ou, pelo menos, tentar promovê-la, já que nem sempre é possível.

8
A maior diferença entre essas funções é que o tratamento de conflitos ocorrem
após o acontecimento do conflito e a função de direcionar as condutas tende a evitar
tais conflitos, é anterior, é preventivo.
Portanto, pode-se dizer que o conflito surge da ineficácia das normas de direção
das condutas.
Em relação à função de integração social atua para que o direito seja um fator
de aderência às normas, ou seja, que a pluralidade de indivíduos adote o mesmo
sistema de normas, transformando esse conjunto em um todo, que se transforme em
uma sociedade.
Para tanto, é necessário que as normas sejam legítimas e reconhecidas por
todos.
Por último, tem-se a função de legitimação do poder, que se dá sob duas
condições: que o direito exigido seja legítimo e previsto em Lei ou em Constituição; e
que as partes tenham acesso a esse direito conforme os ditames das normas de direito
e o exerçam de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo direito.

1.1.2. Lide

O conceito de lide é o conflito de interesses das partes, qualificado por uma


pretensão resistida, ou seja, se alguém tem seu direito violado ou encontra
resistência de outrem para atingir o seu direito, a princípio, é o Poder Judiciário que
irá resolver o conflito através de processo judicial.

É importante esclarecer que a lide também pode ter uma solução amigável, sem
a intervenção do Poder Judiciário. Na realidade, é possível se deparar com lides a todo
tempo no convívio social. Porém, deve-se solucionar esses conflitos por consenso entre
as partes.
Somente quando é impossível resolver tais lides de maneira amigável ou
quando há riscos de danos para uma ou ambas as partes, é que se deve acionar o
Poder Judiciário. É justo afirmar que seria impossível para o Judiciário resolver todas
as lides que existem em uma sociedade. Por isso, é que o Estado tem estimulado a
sociedade a buscar formas alternativas para solucionar os conflitos, tais como a
conciliação, mediação e arbitragem.

9
1.1.3. Processo

Pode-se conceituar processo como uma relação jurídica vinculada entre as partes
e o Estado Juiz, amparada por uma decisão.

É um instrumento dispensado a todos para solucionar os seus conflitos e que


esteja sob a jurisdição do Estado, observando-se as regras e normas legais, com o
objetivo de pacificação social e concretização da justiça, com a aplicação do direito
material no caso concreto.
Para que se tenha o processo, há dois elementos: o procedimento, que é o
processo físico, a materialização do instrumento; e a relação jurídica processual
contraditória que ocorre entre o Juiz e as partes.
Juridicamente, o Processo tem o sentido amplo e sentido estrito.
No sentido amplo, pode-se dizer que o processo é o conjunto de regras e
princípios, instituídos para que administre a justiça.
E em sentido estrito, é uma junção de atos que devem ser executados para
solucionar e investigar a pretensão submetida ao Poder Judiciário, até a sua resolução
(decisão).

1.1.4. Procedimento

Procedimento é como o processo se materializa, é o meio e o caminho que deve


ser percorrido desde o início do processo, quando a parte procura a assistência do
Poder Judiciário até o final do Processo que se dá pela decisão final.

Pode-se dizer que é a sequência de atos praticados, observando-se a lei, no


decorrer do processo até que o Estado-Juiz decida de quem é o direito na lide que lhe
foi submetida.
Para evitar nulidade, o processo deve seguir as normas processuais
obrigatoriamente, respeitando-se o direito de ambas as partes em manifestar no
processo e seus prazos, além de facultar a esses a utilização ou não de todos os
recursos e respostas que seja de seu interesse.

10
Em regra geral, o ordenamento jurídico brasileiro prevê o procedimento comum,
que é adotado quando o direito material em litígio não demandar regras específicas.
Porém, há algumas relações jurídicas que são mais específicas e diferenciadas
e para melhor efetividade do processo, deve-se adotar os procedimentos especiais.
As diretrizes desses procedimentos serão exploradas nos próximos capítulos.

1.1.5. Pretensão

A pretensão é o pedido propriamente dito, é postulação que a parte faz perante a


Justiça, perante o Juiz. É a exigência ou postulação imposta pela parte autora do
direito perante o Juiz.

Quando não se resolve um conflito amigavelmente é dever/direito do titular do


direito provocar o Poder Judiciário, através da propositura do processo para que seu
direito seja reconhecido e analisado, buscando-se uma decisão, sujeitando-se ao Réu,
o seu cumprimento.
O Autor do direito pode direcionar a sua pretensão de duas formas.
Primeiramente, o Autor poderá dirigir o seu pedido contra o Réu (parte adversa),
exigindo-se a entrega do bem, do direito que se alega violado.
A pretensão também poderá ser dirigida contra o Estado-Juiz, quando for
necessário obter uma tutela jurídica para afastar a violação do direito suportada pelo
Autor, ou seja, a pretensão deverá ser formulada contra o agente que detém e exerce
a jurisdição, para que, quando for concedida a tutela jurídica, possa exigir que o Réu
entregue o seu direito material violado.

1.2. A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO E TEMPO

A Constituição Federal Brasileira concede competência privativa à União para


legislar sobre Direito Processual, conforme rege o seu artigo 22, inciso I:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

11
Porém, a CF também prevê aos Estados e o Distrito Federal a competência
concorrente para legislar sobre o procedimento.
Considerando-se que a maior fonte do Direito Processual é a Lei, nosso
ordenamento criou o Código de Processo Civil para concentrar a maior parte das
normas legais. Entretanto, foi necessários a criação de outras Leis para tratar as normas
específicas, como por exemplo: o Código de Defesa do Consumidor, a Lei do
Inquilinato, entre outras.
No espaço, a Lei processual é regida pelo Princípio da Territorialidade, que está
previsto no Código de Processo Civil:

Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras,
ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou
acordos internacionais de que o Brasil seja parte.

Para esclarecer melhor esse princípio, é necessário afirmar que o Direito


Processual é parte do Direito Público, pois regula as relações dos indivíduos com o
Estado-Juiz, ou seja, uma parte da relação jurídica processual é a soberania nacional.
Por essa razão, o Estado Brasileiro não autoriza a aplicação de normas
processuais estrangeiras dentro do território nacional, ressalvando-se as Convenções
e os Tratados Internacionais que o Brasil faça parte.

Já no tempo, a Lei Processual tem a sua aplicação imediatamente, inclusive nos


processos que estão em curso, observando-se a vacatio legis, que é o período
compreendido entre a data da publicação da lei e o dia em que entra em vigor. É
importante destacar que há várias leis que entram em vigência na data de sua
publicação, dispensando-se a vacatio legis.

É imperativo que se diga que a Lei Processual não retroage, não anula ou
modifica os atos já praticados e findos, conforme previsão legal:

Art. 14 do CPC. A norma processual não retroagirá e será aplicável


imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais
praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.

A Lei Processual Civil, na ausência de norma específica, tem aplicação

12
subsidiária em relação a outras áreas do direito, como nos processos eleitorais, por
exemplo, de acordo com os termos do CPC, artigo 15.

1.3. PRINCÍPIOS, FUNÇÕES E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO

1.3.1. Das Funções dos Princípios


Os doutrinadores afirmam que os princípios têm três funções no direito em geral
e no direito processual, que são: função fundamentadora, orientadora da interpretação
e fonte subsidiária.
Tem-se a função fundamentadora, pois os princípios constituem a fonte das
normas jurídicas. São ideias básicas que agem como fundamento ao direito positivo.
A expressão “direito positivo” pode se referir ao direito normativo, escrito e
objetivo. Escrita é a norma que utiliza a forma escrita para se consubstanciar. Objetiva
é a norma efetivamente inserida no ordenamento, de forma abstrata e aplicável a todos
os cidadãos. Normativo se diz, por que o direito positivo se manifesta em normas
jurídicas, exigíveis dos jurisdicionados.
Considerando-se que as leis são fundamentadas em princípios, devem ser
interpretadas de acordo com os mesmos, daí a função orientadora da interpretação.
Pode-se afirmar que os princípios servem como um guia para se orientar e se
chegar às normas.
É fato que há lacunas na lei, por isso, os princípios atuam como fontes
integradoras do direito, e servem para guiar o Juiz a suprir as lacunas da lei no caso
concreto, essa é a função subsidiária dos princípios.
É importante, ainda, destacar que há estudiosos que consideram que, além das
funções acima destacadas, os princípios ainda têm a função de qualificar, de maneira
jurídica, indicando aos agentes, qual a postura que devem adotar perante a Lei,
justamente para não contrariar os valores defendidos pelos princípios.
Por fim, é necessário se faz destacar que os princípios constitucionais têm a
função de revogar normas jurídicas anteriores e anular as normas posteriores se
consideradas incompatíveis.

13
1.3.2. Garantias Constitucionais do Processo Civil
Os princípios são os pilares fundamentais da Constituição e de todas as demais
Leis. Pela Constituição Federal do Brasil, os princípios são garantias individuais do
indivíduo perante o Poder Jurisdicional do Estado.
O Código de Processo Civil impõe a aplicação e interpretação dos princípios,
observando-se os valores e normas fundamentais instituídos na CF:

Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os


valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República
Federativa do Brasil , observando-se as disposições deste Código.

É imperativo destacar que não são todos os princípios de processo que são
garantias constitucionais. A maioria das garantias constitucionais estão elencadas
no art. 5º da CF, que são consideradas cláusulas pétreas. As “cláusulas pétreas”
são dispositivos constitucionais que não podem sofrer alteração, sequer por
Proposta de Emenda à Constituição ou PEC. Essas cláusulas foram constituídas na
CF de 1988, conforme prevê seu artigo 60, § 4º.

Porém, os demais princípios considerados internos do Processo Civil, podem


ser regulados por leis específicas. Convém destacar que a maioria dos princípios vêm
estampados na legislação, embora isso não seja necessário, por serem eles, conforma
já explicado, normas transcendentes e muitas vezes anteriores ao próprio direito.

1.3.2.1. Princípio do Devido Processo Legal


Esse princípio tem previsão no art. 5º, LIV, CF: “ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
A toda lide, a Lei apresentará uma solução adequada, uma resolução de
conflitos ou uma prestação jurisdicional, visto que nenhuma ameaça ou lesão ao direito
deixará de ser objeto de apreciação pelo Poder Judiciário, nos termos do artigo 3º do
Código de Processo Civil. O princípio do devido processo legal determina que tal
solução para a lide deverá seguir um processo estabelecido em lei, sob pena de não
ser válida e legítima. A predefinição legal das normas que o processo deve seguir
diminui a chance de ocorrerem injustiças ao longo do mesmo, pois as regras não serão
alteradas no decorrer de um processo, para prejudicar ou beneficiar alguém.

14
No Direito Processual Civil, esse princípio incorpora todos os demais princípios
e, atuando com o contraditório, com a ampla defesa e a imparcialidade, formam um
conjunto de garantias processuais básicas para uma sociedade democrática e justa.

1.3.2.2. Princípio da Imparcialidade


Esse princípio veio para garantir a todos um julgamento justo e imparcial,
proferido por um julgador isento, a fim de evitar favorecimento de alguma das partes,
ou o prejuízo injusto.
A imparcialidade é amparada por outros princípios e garantias, já que é uma
das maiores questões preocupantes tanto da sociedade como do Direito Processual.
Primordialmente, há um conjunto de garantias constitucionais dos magistrados,
tais como: irredutibilidade de subsídios, inamovibilidade e vitaliciedade conforme prevê
a CF
:
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial
transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93,
VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39,
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

Nesse mesmo sentido, tem-se, ainda, a garantia do Juiz Natural e a vedação


expressa aos Tribunais de Exceção, nos termos do artigo 5º, XXXVII, da CF, quando
estatui que “não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
Conceitua-se Juiz Natural aquele que é investido de jurisdição e tem
competência constitucional para julgar e decidir o conflito submetido a ele.
Para garantir que não haja violação à vedação do Tribunal de exceção, é
necessário que o órgão jurisdicional tenha se originado anteriormente aos fatos que
criaram o litígio submetido ao Juiz, e tenha competência prevista n CF.

Para ilustrar um modelo de Tribunal de Exceção, pode-se citar os Julgamentos de


Nuremberg, em tribunal que foi criado após o final da 2ª Guerra Mundial, para o
julgamento dos crimes de genocídio que ocorrem antes da criação da instituição.

15
Para saber mais sobre o exemplo acima citado:

Os Julgamentos de Nuremberg ou de Nuremberga (oficialmente Tribunal Militar


Internacional vs. Hermann Göring et al.) foram numa série de tribunais militares,
organizados pelos Aliados, depois da Segunda Guerra Mundial, e referentes
aos processos contra 24 proeminentes membros da liderança política, militar e
econômica da Alemanha Nazista. Os julgamentos, a cargo de um Tribunal
Militar Internacional (em inglês, International Military Tribunal, IMT), ocorreram
na cidade de Nuremberg, Alemanha, entre 20 de novembro de 1945 e 1º de
outubro de 1946. Esse tribunal serviu como base para a criação do Tribunal
Penal Internacional, com sede na cidade de Haia, nos Países Baixos.
Posteriormente, entre 1946 e 1949, foram julgados os Processos de Guerra de
Nuremberg, em 12 outros tribunais militares. Esses processos referiam-se a
117 acusações por crimes de guerra contra outros membros da liderança
nazista. 2

Há normas no CPC, em seu artigo 144, que preveem o impedimento para


atuação do Juiz, nas hipóteses de situações de parcialidade do magistrado.
Existe a exceção, ainda, nos casos de deslocamento do julgamento de casos
de competência do Tribunal do Júri para outra Comarca, em razão de suspeita de
parcialidade dos jurados. Exemplo disso é quando há grande repercussão e influência
social ou política em uma cidade pequena e interiorana, onde juízes, promotores e
jurados conhecem réus e vítimas, e há suspeita de parcialidade.

1.3.2.3. Princípio do Contraditório


Esse princípio é fundamentado no art. 5º, LV, CF:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em


geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes;

O princípio do contraditório é um dos mais importantes no nosso ordenamento


atual, pois é a garantia de participação efetiva das partes na formação do
convencimento e na comprovação de fatos para o Juiz que irá decidir a lide.
A efetividade desse princípio está na equiparação de tratamento das partes,
referente ao exercício de deveres e direitos no processo, em destaque para os meios
de defesa, aos ônus e à aplicação de sanções processuais, conforme descrito no CPC,
em seu artigo 7º.

2
https://pt.wikipedia.org/wiki/Julgamentos_de_Nuremberg – acesso em 10 de março de 2020.

16
É uma garantia de legitimação do processo, já que garante às partes, que
poderão manifestar e participar efetivamente do processo o que traz maior justiça nas
decisões.

1.3.2.4. Princípio da Ampla Defesa


O art. 5º, LV, CF, transcrito no item acima, também estabelece esse princípio.
É a garantia que as partes possuem de utilizar todos os meios e recursos legais, a fim
de assegurar a defesa de seus interesses e direitos submetidos à Justiça.
Por essa razão, é imperativo que se obedeça a sequência dos atos processuais,
para que se conceda o acesso das partes no momento certo para que pratiquem o ato
cabível, utilizando-se de todos os meios legais, que também é uma forma de legitimação
do processo.
A negação ou violação desse princípio é considerado um cerceamento de
defesa, que pode ocasionar uma decisão prematura e inconsistente posto que não tinha
todos os fatos e provas, de ambas as partes, para a formação de seu convencimento.

Conceitua-se cerceamento de defesa como um obstáculo que o Juiz opõe em


desfavor da parte, impedindo que este pratique atos para defesa do seu direito,
esse fato poderá anular o processo.

1.3.2.5. Princípio da Fundamentação


A nossa Constituição traz a exigência para que todos os órgãos da jurisdição
apresentem motivação (fundamentação) explícita em suas decisões, conforme dita o
art. 93, IX, da Carta Magna. O Código de Processo Civil também ampara esse princípio
em seu artigo 11.
O princípio da fundamentação assegura que todas as partes tenham o
conhecimento das razões e motivações do Juiz para que chegasse àquela decisão,
garantindo-se a pacificação social e permitindo-se às partes, a interposição de recursos
pela parte vencida, caso queira. É também conhecido como princípio do dispositivo.
Por outro lado, é vedado ao Magistrado utilizar fundamentação que não foi
apresentada anteriormente às partes e que não tenha concedido oportunidade para que
as mesmas pudessem se manifestar, conforme CPC, artigo 10.

17
A única exceção a esse princípio, ocorre nos julgamentos do Tribunal do Júri
Popular, órgão que possui jurisdição e soberania de seus veredictos, onde o Réu é
julgado por seus semelhantes, mediante respostas simples, positivas ou negativas,
aos quesitos formulados pelo Juiz, sem qualquer fundamentação.

1.3.2.6. Princípio da Publicidade


O princípio da publicidade garante que todos os atos praticados em juízo sejam
públicos, garantindo a transparência e a validade da atividade jurisdicional, conforme
anuncia o art. 5º, LX, da CF: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
O CPC também assegura esse princípio em seu artigo 11, já destacado no item
acima.
Porém, esse princípio também não é absoluto, pois possui exceções quando se
trata de interesse público ou social, referente ao direito de família ou de interesse de
menor, oportunidade em que todos os atos e os dados sejam protegidos pelo direito
constitucional à intimidade, devendo o processo correr sobre segredo de justiça, nos
moldes do CPC, artigo 189.
Nesses casos, o conhecimento dos atos será limitado às partes e seus
procuradores ou defensores públicos se atuarem no referido processo e ao Ministério
Público, conforme dita o art. 11, parágrafo único, do CPC.

1.3.2.7. Princípio da Celeridade Processual


A previsão legal desse princípio está ditada no art. 5º, LXXVIII, da CF:

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a


razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.

Dois aspectos caracterizam o princípio da celeridade processual, a


razoabilidade na duração do processo e a celeridade em sua tramitação.
Tal princípio garante à parte o direito de ter uma sentença de mérito em um
prazo razoável, como também garante a tutela satisfatória. Todavia, é dever de todos
os participantes do processo, trabalharem para que se tenha uma decisão de mérito

18
justa e dentro do prazo razoável, de acordo com o CPC, artigos 4º e 6º. Já o art. 12 do
CPC elenca a extensão e a eficácia dessa garantia.
Portanto, as normas legais, com a intenção de manter uma igualdade para
todos, tendem a respeitar uma ordem cronológica para decidir os processos,
ressalvando-se as exceções acima elencadas.
Esse princípio é corroborado no atual CPC pelo princípio da duração razoável
do processo, que não é senão um corolário do princípio da celeridade processual.

1.3.2.8. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição


O nosso ordenamento prevê que toda decisão ou sentença judicial poderá ser
submetida ao duplo grau de jurisdição, ou seja, reexame por uma instância superior,
caso seja provocado por um recurso de uma ou ambas as partes que estejam
inconformadas ou prejudicadas pela referida decisão ou sentença.
Essa previsão tem a finalidade de prevenir ou coibir decisões injustas já que
podem ser reanalisadas por juízes ou magistrados com maior experiência, geralmente
por uma Turma Colegiada, o que irá reduzir possíveis erros e injustiças.
É uma garantia constitucional, integrante do devido processo legal, porém, pode
ter limitações por legislação infraconstitucional, como, por exemplo, pelo Código de
Processo Civil.

1.3.3. Princípios do Processo Civil


Esses são princípios internos do Processo Civil, que possuem especificidades
e diferenças em relação aos demais ramos do Direito Processual.

1.3.3.1. Da Ação e da Disponibilidade


Em regra, o processo se inicia por provocação da parte interessada, com
exceções legais, onde a jurisdição pode agir de ofício, conforme dita o CPC: “Art. 2º O
processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as
exceções previstas em lei”.
No Direito Processual Civil, geralmente os processos tratam de interesses
disponíveis e bens privados, sendo que tanto o ajuizamento e o prosseguimento da
ação sempre serão submetidos à vontade do Autor da Ação.

19
Essa disponibilidade possibilita a autocomposição das partes, renúncia,
transação, aplicação dos efeitos da revelia, entre outros.
Porém, esse princípio da disponibilidade não se aplica às Ações Civis Públicas,
vez que são de natureza indisponível, por tratar de ações propostas para defender os
interesses difusos ou coletivos.

1.3.3.2. Da Verdade Formal


É obrigação das partes comprovarem os fatos, por elas, alegados no Processo
Civil, já que trata de interesse privado.
Ao propor a ação, é dever do Autor trazer aos autos as provas dos fatos que
constituem o seu direito ou comprovem a violação dele. Em contrapartida, ao Réu da
ação, no papel de defender, compete apresentar provas de fatos extintivos, impeditivos
ou modificativos do direito pleiteado pelo Autor da ação.
Na outra vértice, está o Juiz que em busca da pacificação social e resolução de
conflitos, buscar proferir uma decisão justa fundamentada, não apenas nas alegações
prestadas, ou seja, apenas com base na verdade formal, como também nas provas. O
juiz deve decidir, portanto, com base nas provas dos autos, de onde nasceu o brocardo:
“o que não está nos autos não está no mundo”. É também conhecido como princípio da
adstrição ou congruência.

Diferentemente do processo civil, no processo penal vigora o princípio da verdade


real, uma vez que o estado busca analisar não somente as provas produzidas nos
autos, mas sim tudo o que aconteceu na verdade dos fatos.

1.3.3.3. Da Lealdade Processual


Visando a boa-fé, esse princípio dita que todo integrante do processo deve agir
e atuar desse modo, observando-se o CPC: “Art. 5º Aquele que de qualquer forma
participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.”
É vedada a utilização de palavras e expressões ofensivas ou depreciativas,
podendo acarretar penalidades a quem descumprir, nos moldes do CPC, artigo 78.
Essas penalidades só tratam do procedimento civil, não entrando na seara
penal, que pode traz penas ainda mais severas para esse tipo de conduta.

20
À parte que violar a boa-fé processual, será aplicada a penalidade por litigância
de má-fé, que já apresenta complicações maiores e mais penosas para aquele que
sofrer suas implicações, conforme previsão no CPC, artigos 79 a 81.
Conforme traz o CPC, a má-fé se manifesta de diversas formas, como, por
exemplo: alterar a verdade dos fatos, opuser resistência injustificada ao processo, entre
outros.As penalidades são o pagamento de multa, cujo valor será arbitrado pelo Juiz,
podendo ser de 1% até 10% do valor da causa; indenização para a parte contrária que
sofreu a má-fé, por eventuais danos e prejuízos e a condenação ao pagamento de
custas processuais e honorários advocatícios, este também a ser arbitrado pelo
magistrado.
Em regra, os Juízes impõem essas sanções às partes como reza o art. 79
(acima transcrito), porém há diversas decisões que atingem os advogados,
condenando-os, solidariamente com seu representado, pela mesma causa.
Obviamente, isso ocorrerá se o referido advogado também tenha agido com má-fé.

1.3.3.4. Da Economia Processual


A finalidade desse princípio é que o processo, os atos processuais, sejam feitos
de forma menos onerosa possível para as partes e para o Estado, observando-se a Lei.
Dessa forma, é esse princípio que traz a regra do aproveitamento dos atos
processuais válidos e já realizados, onde todo procedimento deve chegar à
decisão/sentença com o mínimo de atividade processual, apenas o necessário,
consequentemente, com o menor custo processual.
Nessa mesma linha, decorre desse princípio a possibilidade de indeferimento
da petição inicial; o julgamento antecipado da lide, se houver essa possibilidade; e os
institutos de conexão ou cumulação de pedidos e ações, entre outros.
Contudo, deve-se observar que esse princípio não pode dispensar normas
processuais e procedimentais expressas em lei, sob pena de violar o princípio do
Devido Processo Legal.

Para saber mais, assista ao vídeo:


https://www.youtube.com/watch?v=Uv3I62bqFU8
acessado em 10 de março de 2019.

21
1-Analise as assertivas a seguir:
I- A cooperação entre as partes não é necessária para assegurar uma razoável duração
do processo, uma vez que cada uma delas tem seus próprios interesses na demanda.
II- O princípio do juiz natural, ao impedir que alguém seja processado ou sentenciado
por outra que não a autoridade competente, visa coibir a criação de tribunais de
exceção.
III- Os princípios gerais do direito são enunciados gerais e universais que orientam a
compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estando estas
positivadas ou não.
Estão corretas:
a) I e II
b) I e III
c) II e III.
d) I, II e III.
e) I, apenas.

2- Analise as assertivas a seguir:


I- A violação do princípio da lealdade processual sujeita o advogado infrator a sanções
processuais.
II- Se todos os pleitos puderem seguir o mesmo procedimento, a determinação judicial
de emenda à inicial para que o autor fracione o pedido em demandas distintas violará
o princípio da economia processual.
III- Não viola o princípio do devido processo legal o juiz que, ao prolatar sentença em
ação de alimentos, deixa de atender pedido de produção de provas e depoimento
pessoal das partes.
Estão corretas:
a) I e II
b) I e III
c) II e III.
d) I, II e III.
e) I, apenas.

3- Garantia de participação efetiva das partes na formação do convencimento e na


comprovação de fatos para o Juiz que irá decidir a lide, cuja efetividade está na
equiparação de tratamento das partes. O trecho acima se refere ao princípio:
a) da ampla defesa.
b) do contraditório.
c) da fundamentação.
d) da imparcialidade.
e) da publicidade.

22
4- Garantia que assegura que todas as partes tenham o conhecimento das razões e
motivações do Juiz para chegar à decisão, garantindo-se a pacificação social e
permitindo a interposição de recursos pela parte vencida, caso queira.
O trecho acima se refere ao princípio:
a) da ampla defesa.
b) do contraditório.
c) da fundamentação.
d) da imparcialidade.
e) da publicidade.

5- Possui exceções quando se trata de interesse público ou social, referente ao direito


de família ou de interesse de menor, oportunidade em que todos os atos e os dados
sejam protegidos pelo direito constitucional à intimidade, devendo o processo correr
sobre segredo de justiça.
O trecho acima se refere ao princípio:
a) da ampla defesa.
b) do contraditório.
c) da fundamentação.
d) da imparcialidade.
e) da publicidade.

6- Garante aos litigantes o direito de ter uma sentença de mérito em um prazo razoável,
como também garante a tutela satisfatória.
O trecho acima se refere ao princípio:
a) da celeridade.
b) da boa-fé processual.
c) do devido processo legal.
d) da verdade formal.
e) da fundamentação.

7-(DPE/RJ-2019-Defensor Público Estadual-FGV) Segundo vigente Código de


Processo Civil, o juiz proferirá sentença no prazo de 30 (trinta) dias, bem como poderá,
nas causas que dispensem a fase instrutória, e independentemente de citação do réu,
julgar liminarmente improcedente o pedido, se verificar, desde logo, a ocorrência de
prescrição ou decadência. Trata-se de regras processuais que encerram a aplicação do
princípio constitucional do(a):
a) livre acesso à justiça;
b) juiz natural;
c) isonomia;
d) ampla defesa;
e) duração razoável do processo.

23
8-(TCM/BA-2018-Auditor Estadual de Controle Externo-CESPE/CEBRASPE) De
acordo com norma presente no art. 286, inciso II do Código de Processo Civil (CPC),
que trata da prevenção do juízo, devem ser distribuídas por dependência as causas de
qualquer natureza quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for
reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam
parcialmente alterados os réus da demanda. Essa regra objetiva dar efetividade ao
princípio
a) do contraditório.
b) da inércia.
c) da unidade.
d) do juiz natural.
e) da investidura.

24
UNIDADE
A HISTÓRIA DO DIREITO PROCESSUAL

25
2.1. HISTÓRIA DO DIREITO PROCESSUAL

O Direito Processual percorreu um longo caminho até hoje, tendo passado por
diversas fases que devem ser historicamente destacadas e compreendidas, tanto no
Brasil como no mundo.
Inicialmente, destaca-se o Direito Romano Germânico, que surgiu na Europa, e
é nesse sistema que se encontram as raízes do nosso Direito Processual, passando,
ainda, pela Idade Média e Moderna.
É importante destacar:

Pode-se afirmar que a história do Direito Processual inclui três fases


metodológicas fundamentais: sincretista, autonomista e instrumentalista. Para
Niceto Alcalá-Zamora y Castilo, no entanto, a evolução da teoria processual
possui cinco etapas: período primitivo, escola judicialista, praxismo,
procedimentalismo e processualismo científico.3

As duas análises da evolução são complementares, não contraditórias. Mas


devem ser estabelecidas com o objetivo didático, entretanto é impossível demarcar os
períodos históricos com exatidão, por isso, sempre se encontram divergências entre as
obras, autores e países diferentes.
Contudo, é interessante o posicionamento categórico de Carreira Alvim sobre o
declínio do processo romano:

O processo já era praticado em Roma, segundo ritos que satisfaziam


plenamente aos ideais de justiça da época, quando ocorreu a queda do Império
Romano do Ocidente, invadido pelos bárbaros, possuidores de uma cultura
ainda primitiva, o que provocou um verdadeiro choque entre duas culturas e
dois métodos completamente diferentes de se fazer justiça: de um lado, o
processo romano, altamente aprimorado, e, de outro, o processo germânico,
ainda rudimentar e de fundo místico-religioso.4

Contudo, nesse capítulo será estudada a evolução histórico-política do Estado,


destacando-se a evolução desde o Mundo Antigo ao Estado Moderno e,
posteriormente, o Estado Contemporâneo.

3 RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg. 25
4 ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 23

26
2.1.1. O Processo na Idade Antiga e Média
É importante mencionar que em Roma, durante a República, os juízes eram
chamados de Jurisconsultos, porém eles apenas decidiam o que era certo ou errado,
somente julgavam. Entretanto, o Senado nomeava os pretores que eram responsáveis
pela execução das decisões.
Contudo, quando se transformou em Império, houve uma concentração de
poder em Roma. Com a morte de Júlio Cesar, o Imperador Otávio Augusto, mais
autoritário que seu antecessor, transformou os pretores em juízes poderosos, que
podiam proferir sentenças e executá-las.
Antes do império de Otávio Augusto, os jurisconsultos decidiam ações de
natureza declaratória, constitutiva e condenatória e os pretores atuavam sobre as ações
mandamentais e as executivas lato sensu.
Mais tarde, durante o seu governo, Otávio Augusto, os pretores, que haviam se
tornado poderosos juízes, passaram a proferir todas as espécies de decisão, assim
como prevê a atual classificação quinaria das ações ou de eficácias das sentenças:
declaratórias, constitutivas, condenatórias, mandamentais e executivas lato sensu.
Atualmente, o Juiz no Brasil decide as ações da mesma forma e eficácia que
os pretores da época do Imperador Otávio Augusto.
Já na Idade Média, parte dessa evolução processual de Roma se perdeu em
razão da influência da figura paterna e declaratória da divindade e por obra dos
glosadores (estudiosos) que não interpretavam o conteúdo o texto que reproduziam.

Nessa fase, estão três da cinco etapas da evolução da Teoria Processual: o período
primitivo, a escola judicialista e o praxismo.

Em relação ao Período Primitivo, seu início se confunde com a história da


humanidade e chega até o Século XI. Em resumo, não havia o Direito processual
propriamente dito, eram apenas conceitos de Justiça e como funcionar.
No que tange a Escola Judicialista, esta nasceu no ano de 1088, com a criação
da Universidade de Bolonha. Recebeu esse nome por ser considerado o Juízo (judicio,
iudicium em latim), principal termo utilizado processualmente naquela época e
significava: sentença ou julgamento; e processo.
27
Nessa época, aconteceu o fenômeno histórico chamado recepção, que pode
ser reconhecido pela acolhida que teve o direito comum em diversas nações da Europa,
entre os séculos XIII e XV.
Esse fenômeno ocorreu pelos fatores científico, religioso e político. Foi como a
ressurreição do Direito Romano, onde o direito nacional era substituído pelo direito
comum.
A Escola Judicialista possui períodos diferenciados: a) dos glosadores: que
eram apegados ao texto romano e a interpretação literal da Lei e possuíam o mérito de
iniciar os estudos sobre o Direito Processual; b) dos pós-glosadores: que eram práticos
do direito, da administração e da política, tinham o objetivo de adaptar o Direito Romano
à condições da época para solucionar os casos concretos, e eles também estudavam
os processos civis e penais em conjunto; c) humanista ou da culta jurisprudência: que
tinha o objetivo de buscar o ressurgimento do estudo dos clássicos e o culto pelos
originais, descartando-se as novas obras e interpretações do Direito Romano.
O Praxismo também era conhecido como a Tendência dos Práticos, surgiu na
Espanha no século XVI e depois se espalhou pela Europa. Foi um forte período que
perdurou até o início do século XIX.
O nome praxismo vem de “praxe” (rotina), sendo que o Direito Processual era
denominado, pelos Juristas, um conjunto de regras práticas sobre a forma de atuar em
Juízo, com o foco na forma de realizar o processo. Nesse período, surgiram muitas
obras sobre prática processual e aos textos legais foram esquecidos.

2.1.2. Surgimento do Estado Moderno e Autonomia do Direito Processual


De acordo com a doutrina:

A conquista da autonomia teórica do Direito Processual decorreu da afirmação


histórica de ideais, classes e instituições. O surgimento do Estado Moderno: o
aparecimento e o fortalecimento da burguesia; a difusão dos valores da
Revolução Francesa – mormente da ideologia liberal – assim como o
desenvolvimento da cultura procedimentalista, lançaram as bases para a
criação desse novo ramo da Teoria do Direito.5

5
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg. 32

28
O Procedimentalismo foi uma transição do período de sincretismo metodológico
para a fase autonomista, que se caracteriza pelos estudos descritivos de institutos
processuais particulares, surgindo em meados do século XVII.
Nessa fase, houve uma reforma para harmonizar a legislação criminal com os
princípios de justiça e humanismo, versando sobre a aplicação da legalidade e da
separação dos poderes ao Direito Processual, devendo o processo obedecer aos
procedimentos, ritos, formas e prazos conforme estabelece a Lei. Nesse caso, o Juiz
deixa de interpretar a Lei e apenas aplica.
Contudo, foi carente o embasamento teórico, sendo que a Teoria do Direito
Processual não atingiu o mesmo nível alcançado pela teoria dos outros ramos do
Direito. A fase do Processualismo Científico, que surgiu no século XIX, foi o nascimento
da fase autonomista. A atenção é voltada para a autonomia da ação e dos demais
institutos processuais, surgindo grandes construções processuais do direito.
Nessa fase, buscou-se o estudo do processo e demais institutos básicos do
Direito Processual, ou seja, buscaram a construção da Teoria do Direito Processual,
deixando em segundo plano as práticas forenses e sua regulamentação procedimental.

Em 1868, aconteceu o grande marco histórico do processualismo científico com o


lançamento da obra “Teoria das Exceções Processuais e dos Pressupostos
Processuais”, escrita por Oskar Von Büllow, na Alemanha. No livro, o Jurista
demonstrou que o processo é uma relação jurídica entre as partes e o juiz e separa
o conceito de processo e procedimento.

2.2. A EVOLUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL BRASILEIRO

Apesar de proclamada a Independência do Brasil em 1822, nosso país não


rompeu os laços culturais e com o Direito Português, tendo adotado a legislação de
Portugal (Ordenações Filipinas6) em praticamente tudo, exceto no que feria a soberania
brasileira.

6
As Ordenações Filipinas, ou Código Filipino, é uma compilação jurídica que resultou da reforma do código
manuelino, por Filipe II de Espanha (Felipe I de Portugal), durante o domínio castelhano. Ao fim da União Ibérica
(1580-1640), o Código Filipino foi confirmado para continuar vigendo em Portugal por D. João IV. (Disponível em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordena%C3%A7%C3%B5es_Filipinas – acesso em 15 de março de 2020)
29
Durante o Império, a legislação penal era extremamente desumana. Por isso,
as primeiras mudanças foram feitas justamente no Direito Penal e Processual Penal.
A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824 e já trouxe novos
preceitos e princípios que garantiam um processo criminal menos cruel.
Em 1830, houve a edição do Código Criminal do Império e, apenas dois anos
depois, no ano de 1832, foi promulgado o Código de Processo Criminal do Império, que
se fundamentou na legislação inglesa (modelo acusatório e na legislação francesa
(modelo inquisitório), transformando em um sistema misto.
Houve uma alteração em 1841, que aumentou o Poder de Polícia, considerado
um retrocesso nos avanços na matéria processual pena. Isso ocorreu com o intuito de
restaurar a ordem e criar meios e instrumentos para que o governo pudesse impor sua
autoridade, já que nesse período ocorreram muitas movimentações políticas e
revoluções em todo país.
Contudo em 1871, a orientação liberal se restabeleceu com a separação da
Justiça e da Polícia, oportunidade em que se criou o inquérito policial.
Também foi editado o Código Comercial, através da edição do Regulamento nº
737, em 1850, determinando a ordem do Juízo nos processos comerciais.
É importante destacar que a mesma legislação que reestabeleceu a orientação
liberal processual penal, também determinou a Consolidação das Leis de Processo
Civil, em 1876, a partir do texto do Conselheiro Antônio Joaquim Ribas.

2.2.1. Legislação Processual da República


Aconteceram várias alterações na matéria processual após a Proclamação da
República em 1889. Sendo a primeira em 1890, quando se estendeu a aplicação do
Regulamento nº 737/1850 às causas cíveis, bem como, nesse mesmo ano, foi criada e
organizada a Justiça Federal.
Em 1891, promulgou-se a primeira Constituição Republicana, que se atentou
ao Poder Judiciário e sua estrutura, adotando o controle jurisdicional da
constitucionalidade das leis. Também, adicionou o Habeas Corpus às garantias
constitucionais.
Em 1898, criou-se a principal legislação federal daquela época, tratando-se de
direito processual, a Consolidação das Leis referentes à Justiça Federal.

30
O marco das grandes reformas no Direito Processual Brasileiro veio com a
Revolução de 1930. Com a CF de 1934, a União voltou a ter a competência para legislar
em matéria processual, excluindo dessa função os Estados-membros. Porém, manteve-
se a dualidade de justiças ordinárias e a competência dos Estados-Membros para
legislar apenas sobre as suas divisões e organizações judiciárias.
No ano de 1936, criou-se a primeira Lei processual federal (nº 319), que
regulamento os recursos das decisões finais proferidas pelas Cortes de Apelação e de
suas câmaras.
No direito processual penal, nasce o Decreto-lei nº 167 em 1938, que institui o
Júri.
Com o surgimento do Estado Novo, extinguiu a dualidade de justiças ordinárias,
ou seja, extinguiu-se a Justiça Federal. A CF/1937 foi centralizadora e não trouxe outras
mudanças que merecessem destaque. Porém, nesse período criaram-se os Códigos
Nacionais de Direito Processual Civil (1939) e Penal (1941). Com isso, o Brasil se liberta
quase totalmente do sistema processual herdado de Portugal.
Sobre esse período também é importante destacar:

Lembrança negra desse período, em matéria processual, ficou por conta da


legislação especial para a repressão dos crimes políticos, editada em 1937 e
1938, que criou e organizou o Tribunal de Segurança e um processo inquisitivo
e sem garantias. Segundo Frederico Marques, “esse processo era o que havia
de mais iníquo e inquisitorial, policialesco e reacionário, em matéria de
procedimento penal”.7

Em seguida, a CF de 1946 manteve o unitarismo legislativo no direito


processual e o Habeas Corpus, e, também, adotou os princípios da acusatoriedade,
contraditório, devido processo legal e Juiz natural e, ainda, trouxe novamente a
soberania do Júri.

7
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição. [Minha
Biblioteca]. Fls. 47. Em referência a MARQUES. Op. cit., p. 125.
31
O Regime Militar de 1964 provocou várias alterações na legislação processual,
principalmente com a decorrência dos Atos Institucionais, os chamados AI’s. O AI-
1 suspendeu a garantia de vitaliciedade do juiz, durante seis meses, ferindo a
garantia do acusado ao seu direito de ser julgado por tribunal independente.
Em seguida o AI-2 determinou que permanecesse a suspensão da garantia de
vitaliciedade do juiz por período indeterminado, bem como alterou a estrutura do
Poder Judiciário e restabeleceu a Justiça Federal de 1ª Instância como órgão
especial da Justiça Comum.
Em 1967 outorgou-se nova Constituição e em 1969, a Emenda Constitucional nº 1,
que não alteraram as garantias processuais instituídas na CF/1946. Contudo, a AI-
5 manteve a suspensão das garantias do Poder Judiciário, liberou o confisco de
bens e restringiu o Habeas Corpus.

Entretanto, com o passar dos anos, CPC sofreu várias modificações através de
outras leis. Tais como: a Lei nº 11.690/2008 (provas); Lei nº 11689/2008 (Tribunal do
Júri); Lei nº 11.719/2008 (Suspensão do Processo entre outros); Lei nº 12.403/2011
(prisões processuais e as medidas cautelares penais); entre outras leis.
Já o CPC de 1973, que foi dividido em cinco livros (processo de conhecimento,
de execução, cautelar, dos procedimentos especiais e das disposições finais e
transitórias) dita que há três modelos de processo jurisdicional: de conhecimento, de
execução e cautelar.

A Constituição Federal de 1988 foi democraticamente promulgada após o fim da


ditadura militar. Ela restabeleceu garantias processuais importantes suprimidas
durante o regime, como o mandado de segurança e o habeas corpus,
respectivamente contra atos de autoridades públicas contra direito líquido e certo e
contra a liberdade de locomoção dos cidadãos.
A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, introduziu novos princípios e garantias
processuais constitucionais e modificou sensivelmente o direito processual
brasileiro, introduzindo modificações principiológicas importantes, que inclusive
serviram de esteio para a aprovação de um novo código processual mais moderno,
em 2015.

32
O Código de Processo Civil de 2015 foi aprovado numa tentativa de modernizar
o processo judicial no país. Novos conceitos como unificação do processo de
conhecimento e de execução em um único procedimento, simplificação dos atos
judiciais e processo judicial eletrônico tornaram-se novidades no mundo jurídico desde
então.
O CPC, Lei nº 13.105/2015, também já sofreu alteração pela Lei nº 13.256/2016
- que tratou do sistema recursal.
No que se refere à legislação extravagante, diversas leis se destacaram para a
evolução da lei processual no Brasil. Pode-se citar:
 Lei nº 7.210/1984, chamada de Lei de Execuções Penais;
 Lei nº 9.099/1995, Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais;
 Lei nº 8.069/1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente;
 Lei nº 8.078/1990, o Código de Defesa do Consumidor;
 Lei nº 10.259/2001, a Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais Federais;
 Lei 11.340/2006, a Lei Maria da Penha;
 Lei nº 11,343/2006, a Lei de Drogas;
 Lei nº 12.403/2011, que altera o CPP em referência à prisão processual; entre
muitas outras.
Ainda nessa linha, há leis que foram criadas para regular as atividades
essenciais à Justiça que também tratam de Direito Processual, tais como: a Lei
Orgânica do Ministério Público Nacional (Lei nº 8.625/1993); o Estatuto da Advocacia e
da OAB (Lei nº 8.906/1994); entre outras.
Indiscutivelmente, a CF de 1988 foi a Constituição que melhor priorizou a
matéria processual. Sendo assim, é importante destacar que ela pode ser dividida em
três níveis: 1) a tutela constitucional das garantias das partes e os princípios
fundamentais do Direito Processual; 2) o Poder Judiciário e as funções essenciais à
Justiça; e 3) a jurisdição constitucional.
Na legislação brasileira contemporânea, a preocupação é transformar o direito
processual em um instrumento eficaz para o acesso à Justiça. Para tanto, esse
movimento por acesso à justiça traz três segmentos:
O primeiro é o aperfeiçoamento da assistência judiciária para aqueles que não
tem condições financeiras para arcar com as despesas processuais, que teve
regulamentação atualizada pelo novo CPC de 2015, bem como, com a criação dos
33
Juizados Especiais, também chamado de Pequenas Causas, e a Defensoria Pública.
Em segundo, o aperfeiçoamento da tutela dos direitos transindividuais, ou seja,
coletivos e difusos, principalmente em relação do Direito do Consumidor e ao Direito
Ambiental, que se ampara na Lei nº 7.347/1985 (Ação Civil Pública); o Estatuto da
Criança e do Adolescente; o Código de Defesa do Consumidor; e outras diversas leis.
Em terceiro, a simplificação e racionalização dos procedimentos em juízo, que
é bem defendida por legislações que tratam dos Juizados Especiais, Defensoria
Pública, Lei de Arbitragem, entre outras.
Nesse contexto, é interessante destacar esse texto:

O direito processual ainda hoje convive com o direito material, porque o


processo tem natureza instrumental, objetivando a atuação da vontade da lei
em relação a uma pretensão, tutelando, por tabela, os direitos subjetivos.
Antes das grandes conquistas da ciência processual, o direito processual civil
era tido como um mero compartimento do direito privado, sendo o processo e
a dinâmica processual disciplinados por princípios do direito civil.8

Por fim, apenas para melhor ilustrar o percurso do Direito Processual no Brasil,
segue o gráfico:
Tabela 1

Fonte: acervo pessoal do autor.

Para aprender mais, assista ao vídeo


https://youtu.be/0dJmO23jyy4
Acessado em 15 de março de 2019.

8
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 32

34
1- Com base na teoria da evolução processual, julgue os itens a seguir:
I- Pode-se afirmar que, de acordo com a doutrina, a evolução do Direito Processual
inclui três fases metodológicas fundamentais: sincretista, autonomista e
instrumentalista; e a evolução da teoria processual possui cinco etapas, sendo elas
período primitivo, escola judicialista, praxismo, procedimentalismo e processualismo
científico.
Com base nesse trecho, julgue os itens a seguir:
II- O período da evolução da teoria processual denominado praxismo foi marcado por
exacerbado apoio dos processualistas nas normas legais escritas, não se tolerando o
costume como fonte de direito processual para os juristas da época.
III- Processualismo científico foi o nome dado à fase da evolução do direito processual
em que se buscou o estudo do processo e demais institutos básicos do mesmo, ou seja,
buscaram a construção da Teoria do Direito Processual, deixando em segundo plano
as práticas forenses e sua regulamentação procedimental.
Estão corretos:
a) I e II.
b) II e III.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) I, apenas.

2- Considerando a história do direito processual brasileiro, julgue os itens a seguir:


I- A Constituição Federal de 1988 restabeleceu garantias processuais importantes
suprimidas durante o regime militar, como o mandado de segurança e o habeas corpus,
respectivamente contra atos de autoridades públicas contra direito líquido e certo e
contra a liberdade de locomoção dos cidadãos.
II- O código de processo civil de 1973 foi revogado pela Constituição de 1988, por ter
sido elaborado durante o regime militar e abolido diversos institutos processuais
importantes.
III- O código de processo civil de 2015 foi aprovado numa tentativa de simplificar e
modernizar o processo civil brasileiro.
Estão corretos:
a) I, apenas.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
e) I, II e III.

35
3- Restabeleceu garantias processuais importantes suprimidas durante o regime
anterior, como o mandado de segurança e o habeas corpus, respectivamente contra
atos de autoridades públicas contra direito líquido e certo e contra a liberdade de
locomoção dos cidadãos.
O trecho acima se refere a que norma?
a) CPC de 1939.
b) CPC de 1973.
c) CPC de 2015.
d) Constituição de 1967.
e) Constituição de 1988.

4- Com a proclamação da independência, surge o Brasil império. Qual a primeira


legislação que regeu a ex-colônia portuguesa nos primeiros anos de liberdade?
a) Constituição de 1891.
b) Constituição de 1824.
c) Constituição de 1934.
d) Ordenações Filipinas.
e) Ordenações Manuelinas.

5- Teve como períodos componentes, em sua época, o dos glosadores, que eram
apegados ao texto romano e a interpretação literal da Lei; o dos pós-glosadores, que
eram práticos do direito, da administração e da política, tinham o objetivo de adaptar o
Direito Romano à condições da época para solucionar os casos concretos; e o
humanista ou da culta jurisprudência, que tinha o objetivo de buscar o ressurgimento
do estudo dos clássicos originais, descartando-se as novas obras e interpretações do
Direito Romano. A fase da evolução da teoria processual descrita no trecho acima ficou
conhecida como:
a) período primitivo
b) escola judicialista
c) praxismo
d) procedimentalismo
e) processualismo científico

36
6- O Ato Institucional nº 5, conhecido usualmente como AI-5, foi um decreto emitido
pela Ditadura Militar durante o governo de Artur da Costa e Silva no dia 13 de dezembro
de 1968. O AI-5 é entendido como o marco que inaugurou o período mais sombrio da
ditadura e que concluiu uma transição que instaurou de fato um período ditatorial no
Brasil. (Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-ai-5.htm).
Entre os destaques em matéria processual contidos no AI-5 estão:
a) supressão do Habeas Corpus e instituição da pena de morte.
b) liberação do confisco, supressão do Habeas Corpus e instituição da censura prévia.
c) suspensão das garantias do acesso à justiça e do devido processo legal.
d) manutenção da suspensão das garantias do Poder Judiciário, liberação do confisco
de bens e restrição ao Habeas Corpus.
e) instituição da prisão política e por atos contra a soberania nacional, restrição do
Habeas Corpus e censura à imprensa.

7- Transição do período de sincretismo metodológico para a fase autonomista, que se


caracteriza pelos estudos descritivos de institutos processuais particulares. O
enunciado se refere a qual período da evolução da teoria processual?
a) período primitivo
b) escola judicialista
c) praxismo
d) procedimentalismo
e) processualismo científico

8- O Regime Militar de 1964 provocou várias alterações na legislação processual,


principalmente com a decorrência dos Atos Institucionais, os chamados AI’s. O AI-1
suspendeu a garantia de vitaliciedade do juiz, durante seis meses, ferindo a garantia do
acusado ao seu direito de ser julgado por tribunal independente. As determinações
sobre direito processual ferem quais princípios atuais do direito processual?
a) Imparcialidade, vedação de tribunais de exceção e juiz natural.
b) Igualdade processual, vedação de tribunais de exceção e devido processo legal.
c) Acesso à justiça, juiz natural e igualdade.
d) Imparcialidade, acesso à justiça e devido processo legal.
e) Juiz natural, imparcialidade e verdade formal.

37
UNIDADE
A ESTRUTURAÇÃO DO PODER
JUDICIÁRIO E MAGISTRATURA

38
3.1. A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO

Inicialmente, é necessário destacar a importância do Poder Judiciário, através


da citação de Carreira Alvim:

Dentre os poderes do Estado, destaca-se, pela sua importância, de preservar


a ordem jurídica e a paz social, o Poder Judiciário, a que corresponde a função
jurisdicional, através da qual se obtém a composição da lide, mediante a
aplicação da lei. No exercício dessa função, o Poder Judiciário se manifesta
através de órgãos integrados por pessoas físicas, chamados órgãos
jurisdicionais, judiciais ou judicantes.9

A CF/88 trata da organização dos poderes estatais, exclusivamente traz um


capítulo parar tratar do Poder Judiciário (Cap. III do Título IV, artigos 92 a 100). O Poder
Judiciário é uma organização criada para viabilizar, de maneira eficaz, a jurisdição, e é
composto por Juízos e Tribunais a fim de exercer essa função estatal.
É importante destacar, ainda, segundo o entendimento de Rodrigues e Lamy:

A estrutura do Poder Judiciário é formada por juízos e tribunais. Juízos são


órgãos que exercem o primeiro grau de jurisdição, das justiças da União e dos
Estados-Membros e são monocráticos (singulares). Exceções são o Tribunal
do Júri e as Juntas Eleitorais, órgãos coletivos de primeiro grau.
O termo juízos de direito, em sentido estrito, corresponde aos juízos
monocráticos de primeiro grau e diferencia-se dos juízos, em sentido amplo,
expressão cujo significado engloba os órgãos judiciários individuais e coletivos,
do primeiro e do segundo graus de jurisdição.10

Os tribunais são órgãos coletivos, porém, também há situações em que são


proferidas decisões monocráticas (art. 932, incs. III, IV e V, do CPC). São órgãos de
segundo grau de jurisdição, mas também podem julgar ações de competência
originária.

A independência política do Poder Judiciário está na garantia de que os demais poderes


(Executivo e Legislativo) não podem intervir em suas atividades. Tendo, ainda, garantias
para efetivar seu autogoverno, conforme prevê a CF/88, em seu artigo 96 e incisos. Entre
elas, a competência privativa concedida aos tribunais para elegerem seus órgãos diretivos,
bem como para elaborarem seus Regimentos Internos; para organizar suas secretarias e
serviços auxiliares; propor a criação de novas varas judiciárias, entre outros.

9
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição.. [Minha Biblioteca]. Pg. 49
10RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg. 259
39
É dada competência privativa ao STF – Superior Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores e aos Tribunais de Justiça para apresentarem proposta de alteração no
número de membros dos tribunais inferiores ou do próprio tribunal nas Justiças
Estaduais, para o Legislativo e, ainda, criação ou extinção de cargos, fixação de
vencimentos, e outros.
Para que essas garantias sejam cumpridas, a CF/88 determinou que:

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e


financeira.
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites
estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes
orçamentárias.

Com base nesse preceito constitucional, é justo afirmar que a organização dos
poderes do Estado Brasileiro pressupõe que o Poder Judiciário tem a tarefa de
examinar a legalidade dos atos praticados pelos demais poderes.
Nesse sentido, Horácio Rodrigues afirma:

Além de julgar as lides individuais e as lides coletivas, compete ao Poder


Judiciário tanto o controle da constitucionalidade das leis quanto o controle da
constitucionalidade e da legalidade lato sensu, dos atos administrativos.11

O termo estrutura refere-se, na realidade, à organização do Poder Judiciário. É


necessário analisar quatro níveis para melhor compreender essa estrutura:
 Princípios gerais orientadores;
 organização federativa vinda da forma de Estado aplicada pela CF;
 organização horizontal que vem da divisão do Poder Judiciário em justiças,
em níveis diversos, da União e dos Estados-Membros, que possibilita a
distribuição de competência em razão da matéria, da qualidade dos titulares
dos interesses em conflito e do valor; e
 organização vertical que trata da divisão hierárquica do Poder Judiciário,
gerando a distribuição funcional de competência.
Para que se possa compreender melhor a estrutura do Poder Judiciário,
necessário se faz trazer alguns conceitos:

11RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg 260

40
Inicialmente, considera-se Justiça, o conjunto dos órgãos de 1º e 2º graus que,
de acordo com a CF/88, formam uma divisão do Poder Judiciário. As justiças
especializadas são: a Justiça Eleitoral; a Justiça do Trabalho; a Justiça Militar; e as
Justiças Comuns (Justiças Estaduais e Justiça Federal).
Denomina-se região, todo espaço geográfico que divide o território nacional,
destinados à implantação dos órgãos de 1º e 2º graus das Justiças da União, ou seja,
os Tribunais Regionais. Entretanto, as regiões possuem dimensões diferentes entre as
justiças e não pode ser confundida com as fronteiras territoriais dos estados federados,
ou com as regiões geográficas brasileiras (sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste).
A Seção Judiciária é uma cota de uma justiça que atua em um espaço territorial
determinado, em uma região específica.
Já a Comarca é cada unidade em que se divide o território de cada Estado-
Membro com a finalidade de administrar a Justiça, é a designação da circunscrição
territorial; ou, ainda, o limite espacial para o exercício da jurisdição, restringindo a
atuação do magistrado. Porém, na Justiça Federal é chamada de subseção.
Considera-se distrito, a divisão interna das comarcas em que um
Juiz/Magistrado deve exercer a sua jurisdição, promovendo a descentralização da
administração da Justiça, através da criação de Fóruns ou Varas Distritais.
O foro é formado por cada seção judiciária, comarca e distrito, onde o Juiz ou
Tribunal exercerá sua atividade jurisdicional, também pode ser empregado no sentido
de juízo, como, por exemplo, o foro privilegiado. Contudo, é diferente de fórum que é o
prédio físico que abriga as dependências dos órgãos judiciários.
Respeitando-se o critério de divisão de competência em razão da matéria,
criou-se a vara que é cada uma das unidades jurisdicionais de uma comarca (Justiça
Estadual), ou de uma seção judiciária (Justiça Federal).
Com o objetivo de dividir o trabalho e organizar os tribunais, criaram-se as
câmaras ou turmas, que são unidades geralmente formadas por três magistrados e
especializadas em razão da matéria, conforme a organização judiciária de cada Estado.
Ressalva-se que o Tribunal de Justiça também pode ser dividido em câmaras reunidas
e conjuntas, além do Tribunal Pleno.
Entrância se refere à classificação hierárquica das comarcas, de função
administrativa com o objetivo de estabelecer as promoções dos magistrados e do

41
Ministério Público. Pode-se dizer que são etapas, degraus das carreiras, atingidos por
promoções gradativas, observando-se a antiguidade ou merecimento.
Por fim, a instância determina o grau jurisdicional em que o processo está
tramitando o pode vir a tramitar, dependendo de cada situação, por exemplo, primeira
e segunda instâncias.

3.1.1. Dos Princípios Gerais da Organização do Poder Judiciário


Carreira Alvim assevera que:

A organização judiciária compreende toda a matéria concernente à constituição


da magistratura, composição e atribuições dos juízos e tribunais, garantias de
independência e subsistência dos juízes, bem como as condições de
investidura, acesso e subsistência dos órgãos auxiliares e distribuição de suas
atribuições.12

Contudo, há dois princípios gerais constitucionais que norteiam a organização


do Poder Judiciário. O primeiro princípio é o duplo grau de jurisdição, já estudado no
Capítulo III (item 3.3). Para tanto, a CF/88 lista, em seu artigo 92, as justiças existentes
no Brasil, que são órgãos de primeiro e segundo graus.
O segundo princípio é o da desconcentração, que divide as atividades entre
diversos órgãos do Poder Judiciário ou de uma justiça. Esse princípio possui dois
critérios: a territorialidade, devendo a distribuição dos órgãos ser em todo território
nacional e, em relação aos Estados-Membros, que seja no respectivo território; e a
adequação (ou critério da especialização), que dita que a desconcentração deve
observar o critério da pessoa, o critério da matéria, do valor da causa, ou outro critério
determinado em lei.

3.1.2. Das Justiças


No Brasil, o Poder Judiciário é dividido em Justiças da União e Justiça dos
Estados-Membros. Essa divisão é necessária para organização e manutenção dos
órgãos judiciários.
As Justiças da União comportam a Justiça Comum Federal, com previsão nos
artigos 106 a 110 da CF/88; e as Justiças do Trabalho, arts. 111 a 116 da CF; Eleitoral,
arts. 118 a 121 da CF; e Militar, também previstas na CF, artigos 122 a 124.

12
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 58
42
Em relação à Justiça dos Estados-Membros, trata-se da Justiça Comum
Estadual, porém, também podem constituir Justiças Militares Estaduais, com juízes de
1º graus e tribunais, conforme previsão constitucional dos artigos 125 e 126.
A criação dessas justiças é necessária para a distribuição de competências,
não havendo hierarquia entre elas, apenas competência para julgamento de matérias
diversas. Não pode uma justiça avocar para si o que é de competência da outra.
Para compreender melhor a Estrutura vertical do Poder Judiciário, é importante
diferenciar os órgãos de 1º e 2º graus e os órgãos de cúpula.
Em relação aos denominados órgãos de cúpula, incialmente deve-se citar o
STF – Supremo Tribunal Federal, que é competente para julgar os processos originais
e recursais oriundos de todas as justiças comuns e especiais, quando se tratar de
ofensa à Constituição Federal e ações com repercussão geral política, jurídica,
econômica e social da matéria em discussão, conforme determina o art. 102 da CF.
O STJ – Superior Tribunal de Justiça é um órgão de cúpula, porém, trata-se de
uma corte infraconstitucional com competência originária e compete, ainda, a
uniformização da jurisprudência nas ações e recursos referentes às leis federais
aplicadas pelas Justiças Comuns Estaduais e Federais, conforme determina o art. 105
da CF.
Também há os órgãos de cúpula específicos que fazem parte das Justiças
especializadas, tais como: STM – Superior Tribunal Militar, o TSE – Tribunal Superior
Eleitoral e TST – Tribunal Superior do Trabalho, nas ações de competência originária e
recursais.
Contudo, o órgão mais importante elegido pela CF/88 é o STF que, com o
advento da Constituição, passou a ser uma corte constitucional, não julgando questões
de matéria infraconstitucional. Nesse sentido: “Art. 102. Caput. Compete ao Supremo
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição.”
Os órgãos de 1º e 2º graus são diferentes entre as justiças, dependo das
especialidades.
Na Justiça do Trabalho, o 1º grau de jurisdição é formado pelos Juízes do
Trabalho e o 2º grau é formado pelos Tribunais Regionais do Trabalho e pelo TST –
Tribunal Superior do Trabalho, com sede em Brasília.
Já na Justiça Eleitoral, o 1º grau de jurisdição é exercido pelas Juntas Eleitorais
e Juízes Eleitorais. E o 2º grau é formado por Tribunais Regionais Eleitorais, sendo um

43
em cada estado e no Distrito Federal, bem como, pelo TSE – Tribunal Superior Eleitoral,
também com sede em Brasília. É necessária determinação constitucional, em lei
complementar para se fazer a distribuição da competência entre os órgãos dessa
justiça.
Na Justiça Militar, o 1º grau é formado por Juízes (Auditores) e Tribunais
Militares (Conselhos de Justiça) instituídos por lei (CF, art. 122 a 124). O 2º grau é
exercido pelo STM – Superior Tribunal Militar.
O 1º grau de jurisdição na Justiça Federal é exercido por Juízes Federais e
cada Estado-Membro e o DF formam uma Seção Judiciária, com sede na respectiva
capital e varas localizadas conforme estabelece a lei. O 2º grau é exercido pelos
Tribunais Regionais. A Justiça Federal também conta com os Juizados Especiais
Federais, que possuem órgãos competentes para julgar seus recursos e de
uniformização da jurisprudência.
Na Justiça Comum Estadual, o 1º grau de jurisdição é exercido por Juízes
Substitutos e de Direito e pelo Tribunal do Júri, nos casos de crimes dolosos contra a
vida. No 2º grau é exercido pelos Tribunais de Justiças dos respectivos estados. Assim
como a Justiça Federal, a Justiça Estadual também conta com os Juizados Especiais e
as Turmas Recursais que foram criadas para julgar os recursos do juizado.
É importante, ainda, mencionar que em relação à Justiça Militar Estadual,
quando existir, já que sua criação é autorizada em estados cujo o efetivo da Polícia
Militar é superior a 20.000 (vinte mil) integrantes, o 1º grau de jurisdição será exercido
por Juízes de Direito e Conselhos de Justiça e o 2º grau, pelo Tribunal de Justiça do
estado respectivo ou pelo Tribunal de Justiça Militar.
Em relação ao Juizados Especiais, a CF/88 dita:

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis
de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante os procedimentos oral e sumaríssimo , permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes
de primeiro grau;

Para tanto, foi criada a Lei nº 9.099/95 para tratar do Juizados Especiais
Estaduais, sendo complementada pela Lei nº 10.259/2001, que trouxe regulamentação
para os Juizados Especiais Federais, e ambas foram alteradas pela Lei nº 11.313/2006.

44
Em seguida, promulgou-se a Lei nº 12.153/2009, para tratar da criação dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública, no âmbito da União e dos Estados-Membros.
Os Juizados Especiais Estaduais atuam em causas de pequena complexidade
de valor não superior a 40 (quarenta) salários mínimos conforme prevê a Lei nº
9.099/95. Já os Juizados Especiais Federais, conforme a Lei nº 10.259/2001, tem
competência de julgar as causas até 60 (sessenta) salários mínimos.
Sobre os Juízes de Paz, a CF/88 traz que:

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


(...)
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto,
universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma
da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação
apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias,
sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.

É importante destacar que a Justiça de Paz não possui caráter jurisdicional.


Nesse sentido:

Com a legitimidade popular oriunda da eletividade de seus membros, a justiça


de paz seria um importante canal para a prevenção e resolução de pequenos
conflitos, reduzindo a sobrecarga do Poder Judiciário com questões que
possam ser resolvidas extrajudicialmente, por meio de instrumentos eficazes
de conciliação.13

Sobre os Conselhos de Justiça, trazidos pela Emenda Constitucional nº


45/2004, foi uma importante contribuição, sendo o principal entre esses órgãos, o
Conselho Nacional de Justiça – CNJ, incluído no rol do Poder Judiciário, conforme
norma do art. 92, inciso I-A, da CF.
A competência do CNJ é regulada pelo artigo 103-B da CF e sua composição
é de quinze conselheiros aprovados pelo Senado e nomeados pelo Presidente da
República.
Também foi criado o Conselho da Justiça Federal que atuará em conjunto com
o STJ, nos termos do art. 105, parágrafo único, inciso II da CF. e o Conselho Superior
da Justiça do Trabalho, que atuará com o TST (art.111-A, § 2º, inc. II da CF).

13
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg. 277
45
3.2. JUIZ/MAGISTRADO: DEVERES E IMPARCIALIDADE

São vários os deveres do Juiz no Processo Civil, que estão elencados no artigo
139 do CPC.
Inicialmente, o Juiz tem o dever de “assegurar às partes igualdade de
tratamento” (inciso I). Tal preceito é um requisito fundamental da legitimação da
atividade judicial. Porém, devemos considerar o conceito de isonomia que ultrapassa a
igualdade formal, já que se deve dispensar o tratamento diferenciado a quem não está
em situação de igualdade. Nesse sentido, o Juiz pode conceder prazos especiais para
determinadas partes do processo ou pode conceder justiça gratuita a quem não tem
capacidade financeira de arcar com as custas de um processo, entre outros.
No inciso II, está determinado que o juiz deve “velar pela duração razoável do
processo”. Apesar de ser iniciado pela Parte Autora, é dever do Juiz conduzir o processo
até o fim, pelo impulso oficial, de forma célere e mais econômica possível.
Em seguida, o inciso III estatui que o juiz deve “prevenir ou reprimir qualquer
ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias”. O
Juiz deve zelar pela dignidade da justiça, inibindo qualquer ato que atente contra a
Justiça ou que seja protelatório.
Nos incisos abaixo em destaque, com a finalidade de assegurar a idoneidade
da instrução processual, garantindo que sejam prestadas as necessárias informações
à justiça, a Lei dita que:

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-


rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial,
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
(...)
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para
inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de
confesso;

Nesses casos, o Juiz é investido de poderes coercitivos e de polícia que


asseguram o cumprimento da Lei e a aplicação de justiça no caso concreto.
No quinto inciso: “promover, a qualquer tempo, a autocomposição,
preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais”, o Juiz tem o
dever de promover a conciliação entre as partes, deve incentivar a solução amigável
dos conflitos.

46
Em seguida, a Lei determina que o juiz tem o poder de:

VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de


prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior
efetividade à tutela do direito;
(...)
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser
determinada antes de encerrado o prazo regular.

Nesse inciso, o Juiz é autorizado a dilatar os prazos e/ou alterar a ordem de


produção de provas, sempre que necessário, adequando-os às necessidades
apresentadas no processo, para melhor eficácia da tutela jurisdicional. Obviamente, não
é possível dilatar um prazo que já se encerrou, e essa é a regra do parágrafo único
acima transcrito.
O artigo também traz o inciso VII: “exercer o poder de polícia, requisitando,
quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais”.
Isso garante a segurança do Magistrado, dos servidores e até das partes.

Não raro acontecer de o ambiente forense, o estado de ansiedade gerado pelo


processo e até a animosidade, algumas vezes, infelizmente encorajada pelos
advogados, render episódios de enfrentamento, chegando às vias de fato, o que faz
essa prerrogativa do juiz absolutamente necessária.

O Juiz pode, ainda, “determinar o suprimento de pressupostos processuais e o


saneamento de outros vícios processuais” (inciso IX). Nos casos em que houve algum
vício processual, o Juiz deverá sanar e, se necessário, intimar alguma das partes para
fazê-lo.
Por fim, o Juiz deve zelar, ainda, para que ações individuais repetitivas sejam,
se possível, resolvidas por ações coletivas, devendo oficiar aos legitimados para que
proponham a referida ação, conforme o inciso:

X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o


Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros
legitimados a que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 ,
e o art. 82 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 , para, se for o caso,
promover a propositura da ação coletiva respectiva.

47
Em cumprimento ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, o Juiz não
poderá declinar da jurisdição sob a presunção de lacuna ou obscuridade da Lei,
somente deverá aplicar a equidade quando a Lei permitir, conforme prevê o artigo 140
do CPC.
A Lei também determina que o Juiz decidirá o mérito da lide, respeitando os
limites propostos pelas partes, bem como, dever coibir que as partes utilizem o processo
para obter resultado ilegal (arts. 141 e 142 do CPC).
É importante destacar que o Juiz também responderá civilmente se agir com
dolo ou fraude, ou ainda, recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que
deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte, nos termos do artigo 143 do CPC.

Em relação à imparcialidade, é garantido aos Juízes: vitaliciedade, inamovibilidade


e irredutibilidade de vencimentos.
A jurisdição funda-se na imparcialidade do Juiz investido no cargo, para tanto, a
Constituição Federal traz garantias com o intuito de que o Magistrado atue com
isenção e desempenhe as suas funções.
A vitaliciedade é uma garantia constitucional que prevê a proibição da perda do
cargo de Magistrado, exceto se houver sentença judicial.
A inamovibilidade é uma garantia que veda a remoção do cargo de Juiz, contra a
vontade dele, salvo se for por motivo que atenda o interesse público, como punição
aplicada em processo administrativo.
A CF também garante a irredutibilidade de subsídios, com as ressalvas previstas no
artigo 95.

Nesse contexto, Alvim dita sobre a verdadeira garantia política do juiz:

Na verdade, a garantia política dos juízes resulta de uma garantia implícita na


Constituição, para assegurar a sua liberdade de julgar, não podendo ser
responsabilizado (civil ou criminalmente) por erros nas decisões e sentenças
que profere, exceto se proceder com dolo ou culpa grave. Para Rosenberg a
“garantia política” consiste na eliminação da responsabilidade do juiz, em face
das partes, pela sentença que profere, exceto na hipótese de conduta punível.14

Em contrapartida, a Lei prevê proibições objetivas e subjetivas à atuação como


Magistrado, denominadas hipóteses de impedimento e suspeição.

14
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 68

48
As proibições objetivas são chamadas de impedimentos e estão elencadas nos
artigos 144 e 147 do CPC. Hipóteses que vedam expressamente a atuação do Juiz
impedido, ou seja, não haverá juízo íntimo ou discricionário, o que poderá provocar
nulidade absoluta insanável e, ainda, poderá ser rescindida a sentença através de Ação
Rescisória, conforme art. 966, II, CPC.
Há, ainda, as proibições subjetivas denominadas de suspeição, que necessitam
de comprovação nos autos e que geram nulidade relativa e não ameaça a coisa julgada
se não for alegada pelas partes no momento oportuno. Essas situações estão
conectadas ao Juízo íntimo e discricionário do julgador.
Haverá suspeição do Juiz nas hipóteses do artigo 145 do CPC.
As hipóteses de impedimento e suspeição também atingem os membros do
Ministério Público, aos Auxiliares da Justiça e demais sujeitos imparciais do processo.

Para saber mais, assista ao vídeo


https://www.youtube.com/watch?v=rP8xbg1436E
acessado em 15 de março de 2020.

49
1- Julgue as afirmativas a seguir:
I- De acordo com o código de processo civil, os atos do juiz consistem em sentenças,
decisões interlocutórias e atos ordinatórios.
II- Os tribunais são órgãos coletivos, porém, também há situações em que são
proferidas decisões monocráticas (art. 932, incs. III, IV e V, do CPC). São órgãos de
segundo grau de jurisdição, mas também podem julgar ações de competência
originária.
III- O STF (Supremo Tribunal Federal) é competente para julgar os processos originais
e recursais oriundos de todas as justiças comuns e especiais, quando se tratar de
ofensa à Constituição Federal e ações com repercussão geral política, jurídica,
econômica e social da matéria em discussão, conforme determina o art. 102 da CF.
Estão corretos:
a) I, apenas.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
e) I, II e III.

2-(TRT/15-2018-Oficial de Justiça Avaliador-FCC) Em relação ao juiz,


a) responderá por perdas e danos, civil e diretamente, quando, no exercício de suas
funções, proceder com dolo, fraude ou culpa.
b) poderá dilatar os prazos processuais, mas não alterar a ordem de produção dos
meios de prova, que é peremptória e, se desobedecida, acarretará a nulidade do ato.
c) poderá, como regra, julgar por equidade e considerando os usos e costumes e
princípios gerais do direito.
d) deverá decidir o mérito da lide nos limites propostos pela parte, em princípio,
podendo, porém, conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige
iniciativa da parte.
e) cabe determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas
ações que tenham por objeto prestação pecuniária.

3-(TJMG-2017-Oficial de Apoio Judicial-CONSULPLAN) Quanto aos pronunciamentos


do juiz, julgue os itens a seguir:
I.Consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
II.São despachos os pronunciamentos do juiz praticados exclusivamente a
requerimento da parte.
III.Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.
IV.Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão assinados pelos
juízes.
Estão corretos:
50
a) I e IV
b) I, III e IV
c) II e III
d) II, III e IV
e) I e II

4-(TJSP-2015-Escrevente Técnico Judiciário-VUNESP) Quanto aos atos do juiz,


assinale a alternativa correta.
a) Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do feito, põe fim ao processo,
resolvendo todas as questões que deram causa à propositura da ação.
b) São atos meramente ordinatórios, forma pela qual o juiz resolve questão incidente,
quando praticados em decorrência de juntada de documento essencial para o deslinde
da causa.
c) Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem
de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando
necessários.
d) Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais, desde
que julguem o mérito da demanda e reformem a sentença.
e) Decisão interlocutória compreende todos os demais atos do juiz praticados no
processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece
outra forma.

5-(PGE/TO-2018-Procurador do Estado-FCC) Em relação aos poderes, deveres e à


responsabilidade do juiz, é correto afirmar:
a) Quando houver lacuna ou obscuridade no ordenamento jurídico, caberá ao juiz
remeter as partes ao juízo arbitral, de ofício ou a requerimento da parte.
b) Não é possível ao juiz diminuir ou dilatar os prazos processuais, que são
peremptórios.
c) Cabe ao juiz determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive
nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária.
d) O julgamento por equidade, no atual ordenamento processual civil, tornou-se regra
geral, em busca da melhor realização da justiça.
e) Mesmo quando a lei exigir iniciativa das partes, deverá o juiz conhecer de quaisquer
questões, ainda que não suscitadas por elas, em razão do princípio publicístico do
processo.

6-(CRF/PE-2018-Advogado) Compete ao juiz, de acordo com o novo código de


processo civil:
I.Determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-
las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso.
II.Exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da
segurança interna dos fóruns e tribunais.

51
III.Decidir sempre com equidade.
IV.Determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações
que tenham por objeto prestação pecuniária.
a) I e IV
b) I, II e IV
c) II e III
d) II, III e IV
e) I e III

7- Tício é advogado de Caio, e, após expirar um prazo processual, sem que


conseguisse cumprir o despacho do juiz, solicitou ao magistrado a dilação deste prazo,
sob o fundamento do dispositivo legal contido no CPC, “Art. 139. O juiz dirigirá o
processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: VI - dilatar os prazos
processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito”. O juiz
deverá:
a) Dilatar o prazo conforme requerido, a teor do dispositivo citado.
b) Dilatar o prazo apenas se for não preclusivo ou dilatório, não sendo relevante já haver
expirado.
c) Dilatar o prazo se o requerimento houver sido feito antes da extinção do processo.
d) Não dilatar o prazo, pois pelo princípio da imparcialidade, conceder prazo a uma das
partes apenas fere a igualdade que o juiz deve dispensar a ambas.
e) Não dilatar o prazo, porque o pedido de dilação de prazo se deu após expirar o prazo
concedido pelo juiz, a teor do parágrafo único do dispositivo legal citado.

8- São garantias dos juízes para assegurar a imparcialidade dos mesmos nos
processos:
a) vitaliciedade, aposentadoria compulsória e inamovibilidade
b) vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos
c) aposentadoria integral, irredutibilidade de vencimentos e abono
d) aposentadoria integral, vitaliciedade e inamovibilidade
e) inamovibilidade, vitaliciedade e aposentadoria integral

52
UNIDADE
DEMAIS FUNÇÕES ESSENCIAIS DO
DIREITO PROCESSUAL

53
4.1. MINISTÉRIO PÚBLICO E SUA ATUAÇÃO NO PROCESSO CIVIL

Sobre o Ministério Público, deve-se destacar:

O Ministério Público se considera uma instituição independente dos demais


Poderes do Estado, um verdadeiro “quarto poder”, mas, na verdade, ele se
integra na estrutura do Poder Executivo (ADI 132-9/RO).15

A Constituição Federal prevê as funções institucionais do Ministério Público,


elencadas no artigo 129 que, na esfera civil, deve defender os interesses públicos,
sociais, difusos e coletivos.
Além das funções constitucionais, há outras hipóteses de atuação do MP
expressas em leis especiais, como a Lei nª 7.347, de 24/07/1985 – a Lei da Ação Civil
Pública; o Código de Defesa do Consumidor, a Lei nº 12.016, 07/08/2009 - Lei do
Mandado de Segurança, entre outras.
O CPC reforça as funções do MP nos artigos 176 e 177.
Nesse sentido, o Ministério Público atuará como fiscal da ordem jurídica e vai
intervir nas ações de interesse público e social, interesse de incapaz, entre outras como
previsto no CPC, art. 178.
É o próprio Ministério Público que tem o poder de decidir se cabe a sua
intervenção no processo, e havendo recusa desse, o Juízo poderá, por analogia,
remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça para decisão (art. 28 do CPP).
Observando-se a função especial do Ministério Público, há vantagens
processuais que proporcionam uma defesa melhor dos interesses públicos, com base
no artigo 180 do CPC: O MP gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos,
que terá início a partir de sua intimação pessoal; entre outros.

A ausência de manifestação do MP nos processos em que sua intervenção é


obrigatória, irá gerar nulidade absoluta da ação, podendo ser objeto de Ação
Rescisória (art. 967, III, a do CPC).

15
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 71
54
4.2. PROCURADOR/ADVOGADO

É importante o seguinte conceito:

O advogado é o técnico em Direito que representa a parte em suas postulações


no processo e no exercício das suas faculdades processuais. É sua
exclusividade a capacidade postulatória, sendo absolutamente nulo o processo
no qual a parte se faça representar por quem não detém habilitação legal para
o exercício da advocacia.16

É garantido à parte ser representada por um advogado devidamente habilitado,


conforme os termos do CPC, artigo 103.
Analisando-se a Lei, a regra geral é que as partes postulem ação sempre
representados por seu advogado habilitado para o ato. Entretanto, há exceções. A
primeira ocorre quando a parte advoga em causa própria, para isso, deve ser um
advogado devidamente inscrito na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), conforme
previsão do parágrafo único do artigo acima em destaque e do artigo 106, do mesmo
diploma legal.
A segunda exceção acontece na postulação de ações de competência do
Juizado Especial Cível, oportunidade em que é facultada à parte atuar, sem a
representação de um advogado constituído, em causas cujo valor não ultrapasse vinte
salários mínimos vigentes, também com previsão legal na Lei nº 9.099/95 (Lei dos
Juizados Especiais), no artigo 9º, caput:

Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão


pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a
assistência é obrigatória.

Quando se diz que o advogado deve ser constituído pela parte para propor a
ação e atuar no processo, refere-se a um mandato judicial, ou seja, para que a
representação do advogada seja válida, é necessário uma procuração outorgada pela
pessoa a quem se irá representar, por instrumento particular, ou caso seja analfabeta
ou incapaz, necessariamente por instrumento público.

16
BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz Mattos. Coleção sinopses jurídicas; v. 11 - Processo civil : teoria
geral do processo e processo de conhecimento.. [Minha Biblioteca]. Pag. 73.
55
Para atuar em processos judiciais, o CPC (art. 105) prevê que basta uma
procuração geral com a referência à cláusula ad judicia para que o advogado represente
seu cliente em Juízo.
Entretanto, existem atos personalíssimos a serem executados no curso do
processo, tais como: receber citação; dar quitação, receber dinheiro, entre outros, que
dependem de poderes específicos para que o advogado possa executá-los sem a
presença da parte. Dessa forma, a Lei exige disposição expressa na procuração.
A Lei também estipula que o mandato ou procuração deve conter todos os
dados do profissional, como número da inscrição na OAB, endereço, telefone etc. Tudo
isso para que o advogado seja intimado e tome conhecimento de todos os atos que
ocorram no processo em que foi habilitado.
A procuração concedida no início do processo terá validade para todas as fases
processuais, não sendo necessário renovar o mandato em cada nova fase, porém, se
necessário entrar com uma nova ação, a parte deverá outorgar nova procuração para
o seu advogado.
Nosso ordenamento também prevê casos em que a procuração é
temporariamente dispensada, como nas medidas de urgência, inclusive se houver
possibilidade de preclusão de prazo, decadência ou prescrição. Nesses casos, o ato
poderá ser praticado sem o mandato, com a obrigação de apresentar o documento, no
prazo máximo de quinze dias para validar o ato praticado, sob pena de ineficácia do ato
e, subsequente, responsabilização do advogado, conforme CPC, artigo 104. A
procuração poderá ser assinada digitalmente.
Já o artigo 107 do CPC traz os direitos dos advogados, que serão abaixo
designados.
A todo advogado que estiver no exercício da defesa de seu outorgante, é dado
o direito de examinar os autos, em cartório, mesmo sem procuração, exceto aqueles
que tramitarem em segredo de justiça; requerer vista nos autos; retirar os autos pelo
prazo legal, para manifestar, entre outros.
A parte poderá revogar o mandato concedido a seu advogado a qualquer
tempo, devendo constituir novo procurador no prazo legal. Caso o autor não constitua
outro representante, poderá o Juiz decretar a extinção do processo, por outro lado, se
for o Réu não nomear outro procurador, o processo seguirá à sua revelia.

56
O advogado também pode renunciar ao mandato que lhe foi outorgado, porém,
deve cientificar o seu outorgante e juntar aos autos, prova de que o fez para validar a
sua renúncia, conforme art. 112 do CPC.
Após a juntada do comprovante de ciência de seu cliente sobre a sua renúncia,
o advogado terá que atuar nos dez dias subsequentes se necessário, prazo que a parte
constituirá novo procurador, para que a ela não sofra nenhum prejuízo, salvo se a
referida parte tenha outros procuradores já constituídos no processo.

4.3. DA ADVOCACIA E DEFENSORIA PÚBLICAS

Inicialmente, é necessária uma explanação sobre a Advocacia Pública, na


importante lição de Carreira Alvim:

O advogado foi considerado, pela Constituição de 1988, como “indispensável à


administração da justiça, sendo inviolável, por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei” (CF, art. 133), no que é desmentida
pela legislação infraconstitucional, porque nem sempre a justiça se faz por
intermédio de advogado. No Brasil, não apenas na Justiça do Trabalho, como
também nos Juizados Especiais, tanto estaduais quanto federais, a própria
parte pode postular a defesa do seu direito, prescindindo da representação por
advogado; embora os juízes nem sempre se sintam seguros sem a sua
presença, temendo que, tendo que suprir as deficiências da parte, tenham
comprometida a sua imparcialidade.17
A Defensoria Pública ganhou também status constitucional, como “instituição
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica
e defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV”
(CF, art. 134).18

O Código de Processo Civil lista as atribuições e incumbências da Advocacia


Pública, em seus artigos 182 a 184, que preveem que à Advocacia Pública, caberá a
defesa e promoção os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos,
das pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta.
A Advocacia Pública também gozará de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais e o membro da Advocacia Pública será civil e
regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas
funções.

17
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 77
18
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 78
57
Já a Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os
graus, de forma integral e gratuita, nos termos do artigo 185 a 187 do CPC.
Assim como a Advocacia Pública, a Defensoria Pública também goza de prazo
em dobro sendo o contagem do prazo após a intimação pessoal do representante, que
deverá ser feita por carga do processo, remessa ou meio eletrônico, exceto se a lei
estabelecer prazo próprio para o ato, bem como, a Defensoria também responderá
civilmente e regressivamente quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas
funções.

4.4. AUXILIARES DA JUSTIÇA

Sobre esses importantes servidores públicos, responsáveis por funções


imprescindíveis no andamento nos processos, Rodrigues e Lamy dizem o seguinte:

O Poder Judiciário, para funcionar adequadamente, precisa mais do que juízes,


desembargadores e ministros ocupando a função jurisdicional. As funções
essenciais à Justiça – Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia –,
como a própria denominação indica, são essenciais para que o Estado preste
adequadamente a jurisdição, mas também não são suficientes. A máquina
judiciária para funcionar necessita de todo um corpo de servidores,
denominados auxiliares da Justiça.19

Nesse sentido, o CPC traz o rol de auxiliares da Justiça:

Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de
secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor,
o contabilista e o regulador de avarias.

O Escrivão ou Chefe de Secretaria é responsável por gerenciar os atos e ofícios


de justiça.
São várias atribuições de um chefe de secretaria, entre elas: redigir ofícios,
mandados, cartas precatórias e demais atos de ofício; efetivar as ordens judiciais;

19
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg. 321

58
praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios, entre outros. Seus atos estão
elencados nos artigos 152 e 153 do CPC.
O Oficial de Justiça é um auxiliar responsável por praticar atos judiciais externos
e efetivos, ele tem fé pública. Seus atos estão elencados no artigo 154 do CPC, entre
eles: fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências
próprias do seu ofício, etc. O Oficial de Justiça também poderá ser responsável ato nulo
conforme art. 155 do CPC.
O Perito é um auxiliar que tem que ter habilitação legal para assistir o Juiz, no
que se refere a prova que depender de conhecimento e parecer técnico ou científico,
conforme previsto nos artigos 156 a 158 do CPC.
Os peritos devem fazer parte do cadastro mantido pelo Tribunal respectivo, que
será avaliado e formado após consulta pública e/ou por indicação.
A Lei também prevê que caso prestar informações inverídicas responderá pelos
prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo
de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, conforme artigo 158 do CPC.
O Depositário ou Administrador é diretamente responsável pela guarda e
conservação de bens que foram penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados
por decisão judicial. Seus atos estão previstos nos artigos 159 a 161 do CPC.
Tanto o Depositário quanto o Administrados receberão, por seu trabalho,
remuneração a ser fixada pelo juiz, que analisará a situação dos bens, o tempo do
serviço e às dificuldades de executá-lo.
Também podem responder pelos prejuízos causados à parte, porém tem o
direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.
O Intérprete ou tradutor é nomeado para tradução de documento em língua
estrangeira, transcrevendo-as para a língua portuguesa as declarações das partes ou,
ainda, realizar a interpretação simultâneas de depoimentos prestados por pessoas com
deficiência auditiva, através da linguagem de sinais, conforme prevê os artigos 162 a
164 do CPC.
É importante mencionar que não pode ser intérprete ou tradutor quem não tiver
a livre administração de seus bens; for arrolado como testemunha ou atuar como perito
no processo; e estiver inabilitado para o exercício da profissão por sentença penal
condenatória, enquanto durarem seus efeitos.

59
Os Conciliadores e Mediadores Judiciais são aqueles auxiliares que atuam nas
centrais judiciárias ou de conciliação para solução consensual de conflitos, sendo a
composição e organização definidas pelo respectivo tribunal, sempre observando as
normas do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, de acordo com os termos dos artigos
165 a 175 do CPC.
Nesses termos, o conciliador só deve atuar nos casos em que não houver
vínculo anterior entre as partes e poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada
qualquer tipo de constrangimento ou intimidação.
Porém, o mediador que atuar nos casos em que houver vínculo anterior entre
as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em
conflito.
A conciliação e a mediação são realizadas de maneira confidencial, sendo
vedado a todos que os membros da equipe a divulgação de informações.
A Lei também prevê que os conciliadores, mediadores e as câmaras provadas
de conciliação e mediação devem ser inscritos em cadastros nacionais, federais e
estaduais. Tal inscrição deve ser requerida pelo próprio interessado após realizar o
curso credenciado. Esse registro também pode ser precedido por concurso público.
A sua remuneração é fixada pelo tribunal, de acordo com termos estabelecidos
pelo CNJ.
Caso o Conciliador ou Mediador sejam advogados, serão impedidos de exercer
a advocacia nos Juízos em que exerçam a função, bem como, ficam impedidos de
assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes pelo período de um ano
contado da última audiência em que atuaram.
Essa medida tem agilizado muito para as partes e para o Judiciário. E, cada vez
mais, o Estado vem se empenhando em ampliar e melhorar as câmaras de conciliação
e mediação.

Para aprender mais, assista aos vídeos


https://www.youtube.com/watch?v=LdUZvqc4LEo
https://www.youtube.com/watch?v=ymzvDqwijGs
Acessados em 15 de março de 2020.

60
1-(Juiz – TRT2 – 2014) Em relação à Advocacia Geral da União, aponte a alternativa
correta:
a) É a instituição que, diretamente ou não, representa a União, judicial ou
extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos de lei ordinária que dispuser sobre sua
organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico
do Poder Executivo.
b) É a instituição que tem como chefe o Advogado-Geral da União, nomeado pelo
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.
c) A representação da União, na execução da dívida ativa de natureza tributária, cabe
à Defensoria Pública da Fazenda Nacional.
d) Aos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal é assegurada estabilidade após
3 (três) anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os
órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.
e) Ingresso nas classes iniciais das carreiras da Advocacia Pública far-se-á́ mediante
concurso público de provas e títulos, ou por nomeação do Advogado-Geral da União,
dentre os cidadãos maiores de 35 (trinta e cinco) anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada.

2- Julgue os itens a seguir:


I- Compete à advocacia pública proceder à defesa do chefe do Poder Executivo em
ações judiciais nas quais o referido agente público for acusado de desvio de verba
pública quando do exercício do mandato.
II- A intimação dos atos processuais, ainda que se trate de representantes do Ministério
Público, advogados ou procuradores da Fazenda Pública, seja para dar ciência, seja
para convocar as partes ou suas testemunhas, poderá́ ser feita por via postal, por oficial
de justiça, por edital ou por meio eletrônico.
III- Conciliadores e Mediadores Judiciais são aqueles auxiliares que atuam nas centrais
judiciárias ou de conciliação para solução consensual de conflitos.
Estão corretas:
a) I e II.
b) II e III.
c) I e III.
d) Apenas II.
e) Apenas III.

3-(Promotor/MP-SP/2011) A ausência do Ministério Público, por falta de intimação para


acompanhar o feito em que deva intervir,
a) acarreta a nulidade do processo desde o seu início.
b) pode ser suprida pela intervenção da Procuradoria de Justiça, em segundo grau de
jurisdição, quando a falta de manifestação do Promotor de Justiça gerar prejuízo.
61
c) torna nulo o processo a partir do momento em que o órgão devia ter sido intimado.
d) causa nulidade sanável, havendo prejuízo das partes.
e) resulta em nulidade sanável, independentemente de prejuízo dos litigantes.

4-(MPE/RJ-2019-Oficial do Ministério Público-FGV) O juiz e os auxiliares da justiça


estão submetidos às regras de conduta especificadas no CPC/15, podendo ser
responsabilizados ou sancionados na seguinte hipótese:
a) o perito quando, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá
pelos prejuízos que causar à parte;
b) o depositário infiel, quando dilapidar o bem deixado sob sua responsabilidade,
admitindo-se, inclusive, a pena de prisão;
c) o juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos, quando demorar
mais de 10 (dez) dias para apreciar qualquer requerimento urgente;
d) o mediador, quando atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de
impedido ou suspeito, será excluído do cadastro, independentemente de processo
administrativo;
e) o escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil e
regressivamente, quando se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou
por qualquer juiz, ainda que de outro tribunal.

5-(MPE/MT-2019-Promotor de Justiça Substituto-FCC) Relativamente às suas funções


no Processo Civil, é correto afirmar que o Ministério Público
a) atuará na defesa da ordem pública, do regime democrático e dos interesses e
direitos sociais e individuais, disponíveis ou indisponíveis.
b) tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, desde
que haja recurso próprio da parte.
c) tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito da criança ou
adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de
o menor se encontrar nas situações de risco descritas no Estatuto da Criança e do
Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou
eficiência da Defensoria Pública na comarca.
d) tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do trabalho, a não ser que o
segurado esteja assistido por advogado.
e) enquadra seu membro como civil, regressiva ou diretamente responsável quando
agir com culpa, dolo ou fraude no exercício de suas funções.

6-(MPE/PI-2019-Promotor de Justiça Substituto-CESPE/CEBRASPE) No que concerne


às disposições processuais civis que regem a atuação do Ministério Público, o CPC
determina que
a) a intervenção desse órgão é obrigatória nos casos em que a fazenda pública for
parte ou interessada.
b) a curatela especial deve ser exercida, preferencialmente, pela promotoria de justiça.

62
c) a alegação de impedimento ou suspeição de membro do Ministério Público por via
incidental suspende o processo judicial.
d) esse órgão tem legitimidade concorrente para requerer a abertura de inventário e
de partilha, a depender da existência de herdeiro incapaz.
e) o juiz deverá aplicar multa pecuniária aos membros do Ministério Público que
praticarem ato atentatório à dignidade da justiça.

7- Serventuário responsável por praticar atos judiciais externos e efetivos, que tem fé
pública, cujos atos são explificados por fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras,
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício.
O trecho acima se refere a:
a) Escrivão.
b) Escrevente.
c) Leiloeiro.
d) Conciliador.
e) Oficial de Justiça.

8-(UPE/PE-2019-Advogado-UPE) No que diz respeito à Fazenda Pública em juízo,


assinale a alternativa CORRETA.
a) Para a Advocacia Pública, a intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio
eletrônico.
b) As autarquias e fundações de direito público dos respectivos entes federados se
submetem, nas suas manifestações processuais, aos mesmos prazos das partes em
geral.
c) O prazo para apelação no mandado de segurança será de 15(quinze) dias.
d) A prerrogativa do prazo em dobro aplica-se no âmbito do Juizado Especial da
Fazenda Pública.
e) O prazo para recorrer será contado em dobro, e o para contestar, em quádruplo.

63
UNIDADE
FONTES, INTERPRETAÇÃO E
APLICAÇÃO DO DIREITO
PROCESSUAL

64
5.1. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL

Quando se faz referência às fontes do direito processual, trata-se da origem, de


onde vem a norma jurídica. Entretanto, a doutrina não é absoluta em relação à
classificação das fontes do direito processual.
Contudo, Carreira Alvim adota a classificação de Miguel Fenech, abaixo
transcrita:

I - fonte direta: a lei (em sentido amplo);


II – fontes supletivas indiretas: o costume, a jurisprudência e os princípios gerais
de direito; e
III – fontes supletivas secundárias, o direito histórico, o direito estrangeiro e a
doutrina.20

Em relação à fonte direta, a Lei é a principal fonte, em sentido amplo, a


Constituição Federal, as espécies normativas. Assim como os códigos de processo, as
leis federais e nacionais, as leis de organização judiciária, os regimentos internos dos
tribunais, entre outros.
Conduto, a lei é uma norma de conduta que também é elaborada pela União
(esfera federal), pelos Estados (esfera estadual) e pelos Municípios (esfera municipal),
sendo elas: leis ordinárias provenientes do Poder Legislativo ou Decretos
Regulamentares, oriundos do Poder Executivo.
Já no que se refere às fontes supletivas indiretas, tem-se os costumes, que são
regras sociais não escritas, que decorrem dos usos populares e necessários para a
sociedade. Não é legislado, ou seja, não foi produzido por um legislador e sim pelo
povo.
Considera-se Jurisprudência o conjunto de decisões que concordam sobre um
determinado tema e questão jurídica e dela surge uma norma jurídica aplicável às
questões análogas futuras. Apesar das jurisprudências não serem vinculantes, as
Súmulas Vinculantes o são, desde que tenham conteúdo processual, são fontes formais
do direito processual. Tais súmulas são produzidas pelos tribunais superiores.
Os princípios gerais do direito são as normas que estabelecem os fundamentos
do ordenamento jurídico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento
jurídico brasileiro em sua aplicação.

20
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha Biblioteca]. Pg. 275
65
Por fim, tem-se as fontes supletivas secundárias, como o direito histórico, que
vem da história do direito e sua evolução, do seu início, das suas origens até a aplicação
no caso concreto, por um Juiz ou por Tribunal.
Já no que diz respeito ao direito estrangeiro, admite-se apenas as normas
estrangeiras previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais que o Brasil
faça parte, conforme dita o artigo 13 do CPC. Qualquer adoção de outras legislações
estrangeiras poderá ferir a soberania nacional, portanto, não se admite.
A doutrina, ou direito científico, origina-se pelos estudos desenvolvidos por
juristas com o objetivo de explicar e buscar a melhor interpretação do direito, dos
institutos e das normas.

5.2. INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL

É importante destacar o seguinte texto:

A expressão Hermenêutica Jurídica é utilizada na área do Direito para, regra


geral, indicar o estudo das questões vinculadas à interpretação da lei, à
integração do Direito e à resolução de antinomias jurídicas. (...) Já a expressão
hermenêutica, no campo da Filosofia, é empregada, regra geral, como a teoria
da interpretação.21

Juridicamente, a interpretação possui sentido amplo e estrito. Quando se usa a


interpretação em sentido estrito, trata-se do ato de descobrir o sentido da norma. Já,
em sentido amplo, refere-se aos mecanismos de integração do Direito e de resolução
de antinomias jurídicas, com o objetivo de descobrir o direito aplicável a cada hipótese.
Contudo, quando se refere à expressão aplicação, trata-se da atividade prática
incidente da norma ao caso concreto, podendo ser espontânea, quando se cumpre o
direito voluntariamente, ou de forma coercitiva, quando há uma decisão judicial
proferida em um processo, determinando o cumprimento de um direito.

21
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição. [Minha
Biblioteca]. Pg. 371
66
É fato que a Hermenêutica Jurídica não é uma garantia de descoberta da verdade
e não garante a aplicação do direito ao caso concreto, porém, visa o respeito às
normas e os fatos e, por meio de suas técnicas e métodos, é a mais adequada e
justa. Na realidade, a Hermenêutica Jurídica é um instrumento importante para o
debate crítico apreciativo, tanto em uma discussão teórica como no caso concreto.

Também é importante destacar a lição de Rodrigues e Lamy sobre a


Hermenêutica:

Ela oferece conceitos e modelos para serem utilizados pelos diversos atores no
processo de crítica intersubjetiva, possibilitando a refutação de hipóteses e a
construção de acordos que permitem uma aplicação do direito pelos órgãos
competentes, de forma mais uniforme, o que, no campo político, é de suam
importância, considerando a garantia de tratamento isonômico e a atuação do
direito, via processo, como um mecanismo de pacificação social.22

Para melhor interpretação do Direito Processual Brasileiro, adotam-se os


mesmos princípios e métodos utilizados no direito material.
Pode-se classificar a interpretação jurídica em relação às suas fontes ou
sujeitos, como sendo: legislativa, judicial e teórica.
É classificada como legislativa quando a interpretação é realizada pelo
legislador, através de outra norma, a fim de esclarecer o sentido da norma inicial.
Também é conhecida como autêntica.
Por sua vez, a judicial é realizada pelo Poder Judiciário quando está no
exercício de sua função jurisdicional, bem como, a teórica é feita pela Teoria do Direito,
através de estudiosos e suas obras.
A interpretação jurídica também é classificada quanto ao resultado, como
sendo: declarativa, restritiva ou extensiva.
É declarativa quando o seu resultado corresponde literalmente com o texto
legal.
Restritiva quando o seu resultado dá à norma um sentido mais estrito do que
literalmente está no texto, quando a norma diz mais do que queria.

22RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg. 371
67
Por outro lado, a extensiva é quando seu resultado dá à norma um sentido mais
amplo do que literalmente está no texto, ou seja, quando a norma diz menos do que
deveria.
A interpretação restritiva e extensiva são formas corretivas de interpretação.

5.2.1. Elementos da Interpretação Jurídica


Classificam-se os elementos da interpretação jurídica: o gramatical, o lógico, o
histórico (histórico propriamente dito e histórico-evolutivo), o sistemático, o teleológico
(ou finalístico) e o sociológico.
Objetivamente, a classificação da interpretação, considera os meios e
expedientes empregados na interpretação da lei.
A interpretação gramatical ou literal é aquela que considera o próprio significado
das palavras, ou seja, tenta descobrir o sentido lei com base no texto escrito, na letra
da lei.
A interpretação lógica ou teleológica visa a compreensão do espírito da lei e a
intenção do legislador quando a editou, a fim de encontrar a finalidade da lei ou a
vontade nela manifestada, através do simples estudo das normas, através do raciocínio
dedutivo.
A interpretação histórica fundamenta-se na história das leis e dos seus
precedentes, tais como os projetos de lei, as discussões no plenário, entre outros, com
intenção de encontrar a intenção do legislador. E possui duas situações diferenciadas:
a interpretação histórica propriamente dita e a histórico-evolutiva.
Quando se refere à interpretação histórica propriamente dita, refere-se à análise
do direito anterior ao direito vigente e aos seus institutos originais e os antecedentes
imediatos tais como: os anteprojetos, projetos, pareceres, anais dos debates dos temas
no parlamento, entre outros documentos que antecedem o texto final aprovado.
Já a interpretação histórico-evolutiva considera a interpretação progressiva da
lei, no seu processo de objetivação, a partir da sua edição até a sua aplicação.
A interpretação sistemática considera, além do sentido das expressões da lei,
regular o fato ou a relação que será julgada, considerando o sistema como um só, com
um todo. Tem como objetivo garantir que cada parte da lei, cada norma, cada capítulo,
mantenha a harmonia com o todo, ou seja, constitua uma totalidade ordenada.
A interpretação teleológica ou finalística objetiva encontrar o sentido da norma
considerando sua finalidade, ou seja, encontrar os valores a que a lei visa servir.
68
No Direito Processual, a interpretação teleológica é o momento privilegiado
para o entendimento das disposições processuais, considerando-se que por meio dele
se manifesta o poder do Estado, buscando a concretização de seus objetivos, sendo
que toda norma processual deve ser lida, considerando os objetivos da atividade
jurisdicional do Estado, bem como, do próprio sistema jurídico, materializando as
opções sociais, políticas e econômicas; e, ainda, considerando a busca pela garantia
dos valores contidos no direito material.
A interpretação sociológica é um elemento interpretativo e ocorre em dois níveis
diferentes: inicialmente, buscando a compreensão do Direito como fenômeno sócio-
cultural-político-econômico, para compreender suas relações e interações perante o
sistema social em sua complexidade; e, ainda, buscando a adequação da norma geral
ao caso concreto, através de uma interpretação que possa efetivamente ser
denominada sociológica.

5.3. INTEGRAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL

A integração da norma processual é uma atividade utilizada para o


preenchimento das lacunas da lei, através de pesquisa e formulação da regra jurídica
aplicável à situação conflituosa que não é expressamente prevista pelo ordenamento
jurídico.
Há, na Teoria do Direito, uma confusão entre fontes e métodos para o
preenchimento das lacunas e a integração do Direito.
Nesse sentido, nas fontes é onde se busca as normas para preencher uma
determinada lacuna. Existem as fontes consensuais que são aceitas de forma pacífica
e as fontes controvertidas que, na Teoria do Direito, recaem divergências se são ou não
são fontes do Direito.
O método é modo utilizado para preencher as lacunas, geralmente, usando as
normas do próprio ordenamento ou, de maneira excepcional, em outro ordenamento
jurídico.
Esse preenchimento das lacunas na lei processual se dará por analogia,
costumes, princípios gerais do direito e equidade, entre outros.

69
5.3.1. As Fontes de Preenchimento de Lacunas
As fontes consensuais de preenchimento de lacunas do Direito, na teoria
jurídica e na legislação pátria, são: o costume e os princípios gerais de Direito.
Os costumes, como já dito no capítulo 5.1., são regras não escritas, fruto de
ações reiteradas, observadas por todos, impondo-se como meios de resolução dos
conflitos. Esse modo de integração é muito usado nas relações entre os comerciantes
ou empresários.
O costume é considerado a mais antiga fonte do direito. É utilizada de forma
geral e continuada por um determinado grupo social que a considera obrigatória.
De acordo com a doutrina de Rodrigues e Lamy:

Exige-se para caracterizá-lo que seja:


a) geral, ou seja, de aplicação por toda a comunidade na qual existe;
b) público, ou seja, de conhecimento de todo o grupo;
c) de uso contínuo (não esporádico); em outras palavras, deve ser uma regra
obedecida sempre e não apenas eventualmente; e
d) deve haver por parte da comunidade a convicção de sua obrigatoriedade
jurídica.23

Porém, no Direito Processual, os costumes como fonte é usado


excepcionalmente. Por outro lado, no direito material, é vastamente aplicado nas áreas
do Direito internacional e do Direito Comercial.
Os princípios gerais de direito são enunciados gerais e universais, que norteiam
a resolução dos conflitos, quando não seja possível resolvê-los pela analogia ou pelos
costumes. Esses princípios surgem do próprio fundamento da legislação positiva, e
formam pressupostos lógicos das normas legais, apesar de não estarem expressos no
ordenamento jurídico.
Pode-se dizer que os princípios são orientações, é o ponto de partida para
edificação do sistema jurídico, sendo que no Direito Processual brasileiro, a maioria dos
princípios está positivada na Constituição Federal, desse modo, induz que sejam
adotados por serem hierarquicamente superiores e por darem sentido interpretativo às
demais normas. Também há outros princípios gerais não positivados e específicos de
cada área do Direito Processual.

23
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição.. [Minha
Biblioteca]. Pg. 391
70
Em relação às fontes controvertidas para preenchimento de lacunas no direito
processual, há grandes discussões sobre doutrina e jurisprudência como fontes do
Direito.
A doutrina genericamente é conceituada como um conjunto coerente de ideias
fundamentais a serem transmitidas e ensinadas.
A doutrina, também entendida como teoria do direito, trata-se de descrição e
prescrição. Quando a doutrina é descritiva, ela apenas traz um relato da realidade. Por
outro lado, quando se diz prescritiva, atribui-se sentido à realidade, emprestando a um
determinado texto, ato ou fato, uma compreensão interpretativa.
Porém, na prática as teorias jurídicas são eminentemente prescritivas, bem
como, a repetição e a aceitação de algumas dessas interpretações provocam mudanças
no sentido dos institutos e dos textos jurídicos.
Contudo, apesar de haver um debate severo se a doutrina configura-se ou não
como fonte do direito, principalmente pelo fato de não haver qualquer vinculação do
operador do direito à doutrina, esse debate se torna inócuo, uma vez que já se explicitou
que a doutrina não é uma fonte direta, e não se pode negar, também, que a doutrina é
imprescindível para o estudo do direito e não é dispensada por nenhum de seus
operadores.
Por isso, a doutrina é importante na aceitação das normas por parte dos juristas
práticos, sendo, em grande parte, a base de sua formação profissional e,
consequentemente, de sua interpretação do Direito.
A Jurisprudência pode ser definida como o conjunto de decisões sobre uma
mesma questão jurídica, que provoca o surgimento de uma norma geral aplicável aos
novos casos em que essa questão for suscitada, ou seja, pode-se dizer que é um
conjunto de decisões e interpretações das leis realizadas pelos tribunais superiores,
adaptando as normas às situações de fato.
Porém, a jurisprudência é a mais a fonte de direito mais controversa e há, pelo
menos, duas posições contrapostas, conforme asseveram Rodrigues e Lamy:

A primeira nega ser a jurisprudência uma fonte do direito, fundamentada em


especial nos dogmas da separação dos poderes, que atribuiria ao Judiciário
apenas o papel de aplicar a lei, e da supremacia da lei, que definiria como fonte
apenas as normas gerais oriundas do Legislativo. Essa posição de certa forma
reduz o direito à lei. (...)
Em outro sentido é necessário reconhecer que advogados, juízes, promotores
de justiça e demais operadores jurídicos recorrem à jurisprudência para
encontrar respostas para os casos em que atuam. Isso demonstra que, embora
71
ela não seja juridicamente vinculante, é fonte do direito, instância na qual
buscam os usuários do sistema jurídico respostas para os problemas que lhe
são colocados. Em razão disso, mesmo que a jurisprudência não possa ser
considerada rigorosamente como fonte formal do direito, é necessário admitir a
óbvia influência dos precedentes judiciais sobre decisões posteriores.24

Entretanto, não se deve prosseguir nessa discussão, é fato que o ordenamento


jurídico brasileiro se utiliza dos precedentes judiciais como fonte do direito, inclusive
contra a literal disposição de lei, principalmente se verificar que essa e fundamentada
na inconstitucionalidade. Portanto, a jurisprudência, é fonte do direito.
Também é fato a crescente importância e utilização da jurisprudência, movida
pela busca por segurança jurídica para o jurisdicionado, com base nos precedentes
judiciais. E, mais, buscando pela uniformização jurisprudencial para preencher as
lacunas da lei e suprir a incapacidade que os códigos apresentam ao tentar regular toda
a complexidade da sociedade atual.

5.3.2. Os Métodos de Integração do Direito


A expressão métodos de integração do Direito se referir aos instrumentos
técnicos utilizados para o preenchimento de lacunas, porém não sevem ser
configurados como fontes do direito, já que não são o direito a ser aplicado, mas apenas
os meios pelos quais se chega a esse direito.
Os dois métodos de integração do direito são: a analogia e o direito comparado.
A analogia tem o objetivo de resolver o conflito que não está previsto na lei,
utilizando-se a regra jurídica referente a um caso semelhante, podendo ser aplicada no
âmbito civil, penal e trabalhista, ressalvando-se que se utilizada no âmbito penal, não
pode ser aplicada para prejudicar o réu.
A analogia é um método de integração fundado na semelhança e tem origem
na lógica. Utiliza-se a analogia quando dois objetos possuem elementos comuns ou
semelhantes, ou seja, no direito, a utilização da analogia pressupõe a existência de
duas situações jurídicas semelhantes, sendo uma delas prevista no ordenamento
jurídico e a outra não, nesse caso, aplica-se a ela, por semelhança, a mesma solução
aplicada à situação expressamente prevista.
O direito comparado é o estudo comparativo de dois ou mais sistemas jurídicos
distintos. Nesse sentido, como método de preenchimento de lacunas:

24
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição. [Minha
Biblioteca]. Pg. 394
72
O direito comparado aproxima-se da analogia, substituindo-se a norma
nacional prevista para o caso semelhante pela norma de direito alienígena
existente para aquela situação, quando esse direito estrangeiro guarda
semelhança de modelo e finalidade com o direito nacional.25

Em resumo, o direito comparado é um estudo comparativo entre direitos ou um


método de interpretação comparada. O direito comparado atua simultaneamente em
uma disciplina jurídica que estuda as semelhanças e diferenças entre os direitos de
diferentes jurisdições, e um método de trabalho ou pesquisa capaz de comparar esses
elementos do direito de diferentes jurisdições, com finalidades variadas.
O uso do direito comparado é muito importante atualidade, já que promove a
internacionalização e a globalização.

5.3.3. Justiça e Equidade


É justo dizer que a equidade, também compreendida como a justiça do caso
concreto, é um instrumento efetivo que, além de preencher lacunas, é uma técnica
essencial de interpretação do próprio ordenamento jurídico, ou seja, é uma forma de
interpretação das normas em um caso que, mesmo se não houver uma lacuna, exige
uma interpretação mais justa para o referido caso concreto.
É importante mencionar que existem situações em que a própria lei
expressamente permite a utilização da equidade, podendo o magistrado, em casos
específicos, utilizar a equidade sem precisar se ater às demais fontes do direito e aos
métodos de preenchimento de lacunas.

5.4. ANTINOMIAS NO DIREITO PROCESSUAL

Não deveria haver antinomias no ordenamento jurídico, posto que como um


sistema, não poderia comportar contradições internas. Por essa razão, existem
princípios gerais que, quando aplicados, revelam os conflitos, demonstrando que são
apenas aparentes na maioria dos casos.

25
RODRIGUES, Horácio Wanderlei, LAMY, Eduardo Avelar. Teoria Geral do Processo, 6ª edição. [Minha
Biblioteca]. Pg. 397
73
Entretanto, há, houve, e sempre haverá tais situações em ordenamentos
jurídicos, e a forma de resolvê-las é que mostra a eficácia do ordenamento em relação
à sua existência.
Para que a antinomia aconteça, são necessárias duas condições: incialmente,
as duas normas incompatíveis devem fazer parte do mesmo ordenamento; e a duas
normas devem ter o mesmo âmbito de validade.

5.4.1. Critérios de Resolução das Antinomias Jurídicas


Há três critérios fundamentais usados como instrumentos para a resolução das
antinomias de normas, que são: o critério hierárquico; o critério da especialidade; e o
critério cronológico.
O critério hierárquico dita que, quando há conflito entre duas normas
incompatíveis, prevalecerá a hierarquicamente superior. Trata-se de um princípio
fundamental que prevê que uma norma hierarquicamente inferior não pode revogar a
norma hierarquicamente superior.
No ordenamento brasileiro essa é uma regra fundamental, já que a CF
determina que haja quóruns diferenciados no âmbito legislativo, para que sejam
aprovadas emendas constitucionais, leis complementares e ordinárias, e decretos
legislativos. No Executivo, há competências hierarquicamente distintas para tratar da
edição de decretos, resoluções e portarias. No mesmo sentido, no Judiciário também
possui essa hierarquia para a edição de resoluções e portarias. Com base nesse
critério, quando existirem duas normas em conflito, hierarquicamente diferenciadas, a
de hierarquia superior deve prevalecer à de hierarquia inferior.
Já o critério da especialidade, estabelece que, no conflito entre duas normas,
sendo uma geral e a outra especial, deve ser aplicada a especial, uma vez que a lei
especial prevalece a uma lei geral.
No critério cronológico, quando entre duas normas em conflito prevalece a mais
nova. A base desse critério é o princípio de que a vontade posterior revoga a anterior,
ou seja, a mais nova deve preferir à mais antiga.

Para aprender mais, assista ao vídeo:


https://www.youtube.com/watch?v=xvIawXSM3NU Acessados em 15 de março de 2020.

74
1-(TJMG-2017-Titular de Serviços de Notas e de Registros-CONSULPLAN-Adaptada)
Com relação às fontes do direito processual civil brasileiro, avalie as seguintes
proposições:
I. O processo civil será interpretado conforme os valores e normas fundamentais
estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil.
II. Os tratados internacionais em que o Brasil seja parte não são fontes para aplicação
do direito processual civil.
III. A lei, os costumes, a doutrina e a jurisprudência são consideradas fontes do direito
processual civil.
IV. A doutrina e a jurisprudência são importantes fontes do direito processual civil, seja
para a elaboração das normas jurídicas, seja para a solução do litígio que se apresenta
ao Poder Judiciário.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I, III e IV.
b) II, III e IV.
c) I, II e III.
d) I e II.
e) III e IV.

2- Analise as afirmativas:
I- Em casos de lacunas no ordenamento jurídico, o aplicador do direito poderá se valer,
entre outros recursos e técnicas, dos princípios gerais do direito.
PORQUE
Os princípios gerais do direito estabelecem os fundamentos do ordenamento jurídico,
condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico brasileiro em sua
aplicação, podendo atuar como meio de integração da norma e resolução de
antinomias.
Responda a alternativa correta:
a) Ambas as afirmativas estão corretas, mas a segunda não é uma justificativa da
primeira.
b) Ambas as afirmativas estão corretas, e a segunda é uma justificativa da primeira.
c) Ambas as afirmativas estão erradas.
d) A primeira afirmativa está correta e a segunda está errada.
e) A primeira afirmativa está errada e a segunda está correta.

75
3- Também compreendida como a justiça do caso concreto, é um instrumento efetivo
que, além de preencher lacunas, é uma técnica essencial de interpretação do próprio
ordenamento jurídico, de interpretação das normas em um caso que, mesmo se não
houver uma lacuna, exige uma interpretação mais justa para o referido caso.
O trecho acima se refere:
a) À analogia.
b) À equidade.
c) À jurisprudência.
d) À lei.
e) À hermenêutica.

4- Tem como objetivo resolver o conflito que não está previsto na lei, utilizando regra
jurídica referente a um caso semelhante, podendo ser aplicada no âmbito civil, penal e
trabalhista, ressalvando-se que se utilizada no âmbito penal, não pode ser aplicada para
prejudicar o réu.
O trecho acima se refere:
a) À analogia.
b) À equidade.
c) À jurisprudência.
d) À lei.
e) À hermenêutica.

5- Conjunto de decisões sobre uma mesma questão jurídica, que provoca o surgimento
de uma norma geral aplicável aos novos casos em que essa questão for suscitada, ou
seja, pode-se dizer que é um conjunto de decisões e interpretações das leis realizadas
pelos tribunais superiores, adaptando as normas às situações de fato.
O trecho acima se refere:
a) À analogia.
b) À equidade.
c) À jurisprudência.
d) À lei.
e) À hermenêutica.

6- Visa a compreensão do espírito da lei e a intenção do legislador quando a editou, a


fim de encontrar a finalidade da lei ou a vontade nela manifestada, através do simples
estudo das normas, através do raciocínio dedutivo.
O trecho acima se refere:
a) À interpretação gramatical ou literal
b) À interpretação lógica ou teleológica
c) À interpretação histórica
d) À interpretação sistemática
e) À interpretação sociológica

76
7- Tem como objetivo garantir que cada parte da lei, cada norma, cada capítulo,
mantenha a harmonia com o todo, ou seja, constitua uma totalidade ordenada.
O trecho acima se refere:
a) À interpretação gramatical ou literal
b) À interpretação lógica ou teleológica
c) À interpretação histórica
d) À interpretação sistemática
e) À interpretação sociológica

8- Considera o próprio significado das palavras, ou seja, tenta descobrir o sentido lei
com base no texto escrito, na letra da lei.
O trecho acima se refere:
a) À interpretação gramatical ou literal
b) À interpretação lógica ou teleológica
c) À interpretação histórica
d) À interpretação sistemática
e) À interpretação sociológica

77
UNIDADE
INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO
DIREITO PROCESSUAL

78
6.1. JURISDIÇÃO

Sobre jurisdição, é interessante dizer que essa palavra vem do latim, ius que
significa direito e dicere que significa dizer, daí a “dicção do direito”, representando a
função jurisdicional que emana do Estado.
Conceitualmente:

A jurisdição é uma função do Estado, pela qual este atua o direito objetivo na
composição dos conflitos de interesses, com o fim de resguardar a paz social
e o império do direito. No exercício desta função, o juiz não atua
espontaneamente, devendo, para tanto, ser provocado (Ne procedat iudex ex
officio) por quem tenha interesse em lide.
Não é pacífico, na doutrina, sobre ser a jurisdição um poder, um dever, ou as
duas coisas ao mesmo tempo.26

Apenas para facilitar o entendimento, é justo esclarecer que o termo em latim


ne procedat iudex ex officio, significa o juiz não procede de ofício.

6.1.1. Da Composição de Litígios


Atualmente, o montante de ações na justiça para a solução de conflitos é muito
alto. Porém, há outras formas para solucionar tais conflitos, que dependem diretamente
do consenso das partes.
Nosso ordenamento conta com as seguintes formas de composição de litígios:
autotutela, autocomposição e a tutela jurisdicional.

6.1.2. Autotutela
Em resumo, esse tipo de composição considera-se a solução do conflito pela
“lei do mais forte”. É uma forma de submissão forçada da parte mais fraca, observando-
se a previsão legal.

Apesar de ser uma forma muito primária para solucionar conflitos, o nosso
ordenamento atual prevê mecanismos para que a parte que detém o direito, possa
agir imediatamente para impedir a agressão provocada, mediante a urgência da
situação. Obviamente, tais situações são excepcionais e são permitidas apenas
quando a lei expressamente prevê essa possibilidade.

26
ALVIM, J. Carreira. Teoria Geral do Processo, 22ª edição.. [Minha Biblioteca].82
79
Esses procedimentos admitem que o Juiz conceda uma tutela de urgência para
afastar a violação do direito, para que após resguardado o direito em risco, o
procedimento siga o curso processual adequado.
Como exemplos, há o desforço imediato nas ações possessórias e de penhor
legal previstos no Código Civil (arts. 1210 e 1467 a 1471).
Cessada a violência imediata, o ofendido deve acionar o Poder Judiciário para
a solução do litígio, sob pena de cometer crime de exercício arbitrário das próprias
razões, conforme previsão do Código Penal, em seu artigo 345.

6.1.3. Autocomposição
Ocorre por acordo de vontades das partes, não existindo submissão forçada,
sendo essa a maior diferença entre a autotutela e a autocomposição.
O Código de Processo Civil prevê três hipóteses: renúncia, reconhecimento
jurídico do pedido e transação:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


(...)
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

O reconhecimento jurídico do pedido ocorre pela entrega voluntária do bem pelo


Réu ao Autor. Sem qualquer imposição, o Réu se submete à pretensão material do
Autor, encerrando-se o conflito.
A transação ocorre quando ambas as partes cedem, em parte, ao que pleiteiam
na ação, ou seja, o Autor renuncia parte de seus pedidos e o Réu concorda parcialmente
com a procedência do pedido do Autor, que não foi anteriormente renunciada,
alcançando, as partes, um consenso.
A renúncia ocorre por ato unilateral do Autor do direito, que desiste de sua
pretensão, de forma definitiva e voluntária, encerrando-se o litígio.
Por fim, é importante esclarecer que nessas três hipóteses o Juiz irá extinguir o
processo com resolução de mérito.

80
6.1.4. Tutela Jurisdicional
Com previsão legal no art. 487, I e II do CPC:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou
prescrição;

Com a organização do Estado, este adquiriu o poder de decidir e sujeitar todos


os indivíduos ao cumprimento dessas decisões, originando-se a tutela jurisdicional.

Conceitualmente, tutela jurisdicional é a composição que acontece pela


intervenção do Judiciário, que substitui a vontade dos litigantes, e provoca uma
sentença de mérito que aplica o direito material previsto em lei no caso concreto,
observando-se os casos de decadência ou prescrição.

A Tutela Jurisdicional é o poder que o Estado tem de instituir o direito no caso


concreto e, dessa forma, submeter as partes à sua decisão/sentença.
É importante esclarecer que a Tutela Jurisdicional Estatal ocorre quando o
Estado assume a responsabilidade de solucionar as lides, essa função é o poder
estatal.
É o dever constitucional que prevê que toda lesão ao direito será apreciada pelo
Poder Judiciário.Por fim, esta é a atividade desenvolvida por Juízes de Direito, investidos pelo Estado
no poder de julgar.
Contudo, a jurisdição é o poder-dever do Estado de promover a aplicação do
Direito no caso concreto que lhe foi submetido pelas partes, através da atividade
exercida pelos Juízes.

6.1.5. Finalidades e Características


As finalidades ou objetivos dessa atividade do Estado são: a composição de
litígios, através da aplicação do direito no caso jurídico; a pacificação social; e a
realização da justiça.
A doutrina considera que a jurisdição tem as seguintes características: a
aplicação do direito material, quando provocada pelo cidadão que não conseguiu

81
resolver seus conflitos de forma amigável; e a substitutividade que consiste na atuação
do Juiz, obrigatoriamente, substituindo a vontade das partes, decidindo-se a lide
conforme o seu convencimento.

6.1.6. Prescrição e Decadência


A decadência, popularmente chamada de caducidade, ocorre pela perda ou
extinção de um direito material que se dá pelo decurso do tempo, pelo fato de não
exercer o seu direito durante o prazo estipulado em lei.
Trata-se de interesse público. É quando um indivíduo tem um direito e deve
formalizá-lo na justiça no prazo determinado.
Com a decadência, o direito deixa de existir.
Já a prescrição é a perda de pretensão de reparação de um direito violado, ou
seja, é a perda do poder de exigir seu direito a um terceiro por meio de processo judicial,
caso o direito não tenha sido usado em determinado período. Porém, o direito material
ainda existe, só não pode mais ser pleiteado por meio judicial. A prescrição pode ser
alegada por qualquer das partes, a qualquer tempo. Há hipótese de interrupção da
prescrição conforme prevê o Código Civil.

6.2. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO

São princípios da Jurisdição:

6.2.1. Princípio da Inevitabilidade


Ocorre quando a jurisdição tem que ser acolhida pelas partes, por ser uma
forma de exercício do Poder Estatal, sob pena de cumprimento coercitivo (obrigação)
da decisão.

6.2.2. Princípio da Indeclinabilidade


É uma garantia constitucional que nenhuma lesão ao direito ficará sem
apreciação do Poder Judiciário.
Considerando-se que o Estado exige da sociedade que, obrigatoriamente,
respeite a jurisdição, o próprio Estado tem o dever de solucionar os conflitos a ele
submetido.

82
6.2.3. Princípio da Investidura
Ocorre pelo ingresso de agentes políticos que, investidos do Poder Estatal,
podem aplicar o direito ao caso concreto, ou seja, que podem exercer a jurisdição
conforme prevê o Código de Processo Civil: “Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos
juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste
Código”.
A investidura se dá de duas formas: primeiramente, por meio de aprovação em
concurso público de provas e títulos, onde se exige do candidato que seja Bacharel em
Direito, com três anos de atividade jurídica, no mínimo; ou por nomeação direta feita
através de ato do Chefe do Poder Executivo, onde é observado o notório conhecimento
jurídico, a experiência e conduta ilibada, como ocorre nos casos de ingresso na
magistratura pelo quinto constitucional ou, ainda, pela nomeação de Ministros dos
Tribunais Superiores.

6.2.4. Princípio da Indelegabilidade


Esse princípio resguarda que o agente investido exercerá a jurisdição
exclusivamente, sem se sujeitar à delegação.

6.2.5. Princípio da Inércia


A jurisdição depende de provocação da parte, observando-se o princípio da
ação, a jurisdição não pode ser exercida de ofício pelo Juiz investido, essa é a regra
geral.
Contudo, há exceções previstas em Lei, como, por exemplo, a arrecadação de
bens de herança jacente e do ausente. Conforme consta no CPC:

Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja
comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos
respectivos bens.
(...)
Art. 744. Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz mandará
arrecadar os bens do ausente e nomear-lhes-á curador na forma estabelecida
na Seção VI, observando-se o disposto em lei.

Após a proposta a ação pelas partes, o processo prosseguirá até o fim por
“impulso oficial”, ou seja, o Juiz presidirá o processo até a decisão, conforme
determinado no CPC: “Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve

83
por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.”
Ocorre que nos processos que discutam direitos disponíveis, o Juiz proferirá
sentença, extinguindo o processo sem julgamento de mérito, nos termos do CPC:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


(...)
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

Por outro lado, se o processo tratar de matérias de interesse público, ainda que
o autor desista ou abandone a causa, o Juiz deverá prosseguir, até a sentença de
mérito.

6.2.6. Princípio da Aderência


Esse princípio assegura que que o exercício da jurisdição será vinculado a uma
delimitação territorial prévia.

6.2.7. Princípio da Unicidade


Esse princípio garante que o poder-dever é uni e indivisível.
Apesar de haver jurisdição civil e penal, Justiça Estadual e Federal, essas
divisões são apenas repartições administrativas entre os diversos órgãos, é importante
para a funcionalidade da Justiça, não descaracterizando a natureza una da jurisdição.

6.2.8. Jurisdição Contenciosa e Voluntária


O Poder Judiciário exerce funções além daquelas inerentes, ora exercendo
funções legislativas, como, por exemplo, criando os Regimentos Internos dos Tribunais
ou redigindo provimentos; ou praticando atos administrativos.
Em relação à jurisdição contenciosa, é a atividade do Poder Judiciária, onde o
Estado-Juiz atua na solução dos conflitos, substituindo-se as partes, para proferir
sentença de mérito, ao final do processo, aplicando-se o direito ao caso concreto.
Por outro lado, a jurisdição voluntária trata-se de uma administração pública
para os interesses privados. A jurisdição voluntária ocorre em diversos negócios
jurídicos dependem de participação de alguma autoridade pública, como requisito
formal para a sua validade, como, por exemplo, em um casamento, que deve ser
realizado por um Oficial do Cartório de Registro Civil.

84
Por isso, não há partes litigantes na jurisdição voluntária, apenas interessados
no efeito daquele negócio jurídico formal, que também não haverá sentença de mérito,
apenas sentença homologatória do acordo de vontades, porém, o procedimento
observará todos os requisitos e formas legais.
A lei determina, ainda, que em algumas hipóteses específicas, como requisito
formal, o Juiz de Direito que atuará, não admitindo-se a participação de uma Autoridade
Administrativa Civil, para a validade do negócio jurídico, como, por exemplo, nos
pedidos de emancipação, entre outras hipóteses previstas no CPC, artigo 725.
Dessa forma, é justo afirmar que na jurisdição voluntária, o Juiz tem uma
atribuição administrativa ditada por Lei, que pode ser alterada por Lei
Infraconstitucional, sem ferir os princípios constitucionais da exclusividade dos órgãos
da jurisdição.
Para melhor ilustrar, é o que ocorre no divórcio consensual, que não haja
interesse de menor, que pode ser proposto no Poder Judiciário ou perante o Tabelionato
de Notas, onde ambos os documentos, seja a homologação do acordo judicial ou a
escritura pública, produzirão o mesmo efeito.
Das decisões homologatórias, caberá apenas Ação Declaratória de Nulidade
ou Ação Anulatória, que o interessado poderá postular para alegar a ausência de algum
requisito de validade ou algum vício de consentimento ou de vontade.
É importante destacar que um procedimento de jurisdição voluntária que é
consensual poder se transformar em litigioso no momento que um dos interessados
apresentar descontentamento ou resistência com o acordo.
No mesmo sentido, pode ocorrer nos procedimentos de jurisdição contenciosa,
que pode tornar-se voluntária e consensual, se for verificada que a lide em questão
pode ser solucionada pela autocomposição.

6.3. AÇÃO E DEFESA

Conceitualmente, ação é um direito ao exercício de pleitear do Estado a solução


dos conflitos e à conquista da tutela jurisdicional.
De acordo com a doutrina, ação é:

85
Abreviadamente, e de modo geral, podemos dizer que a ação é o poder de
pedir ao Estado a realização do direito, quando este não é realizado
espontaneamente pelo sujeito passivo.
A ação é, portanto, o meio de realização prática do direito, através da função
jurisdicional do Estado. Tem assim uma importância fundamental para o direito,
pois um direito desprovido de ação não tem possibilidade de realização
jurisdicional, ficando na dependência da boa vontade do sujeito passivo. 27

Em resumo, ação é direito exercido contra o Estado-Juiz com a finalidade de


obter a prestação da tutela jurisdicional, ou seja, ação é o direito de obter uma sentença
de mérito nos processos de conhecimento, como Ação de Cobrança; ou uma decisão
coercitiva do direito objetivo nos processos de execução; ou, ainda, a concessão de
uma medida cautelar de eficácia do processo principal, obtida no processo cautelar.
O cidadão exerce o direito de ação sempre que pleitea no Poder Judiciário que
o Juiz solucione seus conflitos, exigindo uma sentença de mérito, que condene ao Réu
a cumprir a referida decisão.
Todo processo judicial tem dupla relação: de direito processual e de direito
material. Sendo que a relação de direito processual se refere às partes e ao Estado-
Juiz, que formam uma relação jurídica processual. Já o direito material é representado
pelo bem da vida em questão, ao direito violado, à lide e às partes em conflito,
formando-se uma relação jurídica material.
Para que ação seja reconhecida deve preencher certos requisitos legais,
chamados de condições da ação.
Proposta a ação, primeiramente, o Juiz analisa a pretensão processual do
autor, verificando-se se este tem direito a uma sentença de mérito, conforme as normas
legais. Em segundo, o Juiz irá analisar a pretensão material do autor, ou seja, verifica-
se se a pretensão deve ser direcionada ao réu para que será sujeito a entrega do bem
da vida conforme requerido no processo.
Essa análise é a diferença entre a carência da ação e a improcedência do
processo.
Na carência da ação, o Juiz indefere o pedido inicial do autor, encerrando-se o
processo sem analisar o mérito da pretensão jurídica de direito material.
Já na improcedência da ação, admite o pedido inicial do autor e o processo
segue até a sentença de mérito, porém, o Juiz conclui que o autor não tem direito àquela
pretensão.

27
Rocha, José de Albuquerque . Teoria Geral do Processo, 10ª edição.. [Minha Biblioteca]. Pag. 57
86
Contudo, quando o Juiz indefere o pedido inicial, promulgando sentença sem
julgamento de mérito, o Autor pode propor novamente a ação, corrigindo-se os vícios
processuais e pagando as despesas e os honorários (se houver condenação) da
primeira ação, conforme dita o CPC:

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que
a parte proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I,
IV, VI e VII do art. 485 , a propositura da nova ação depende da correção do
vício que levou à sentença sem resolução do mérito.

Assim, superada a primeira ação que foi previamente indeferida, a nova ação,
após nova análise, poderá prosseguir até a sentença de mérito.
A carência da ação é considerada uma forma anômala de extinção do processo,
uma vez que não soluciona o conflito e permite a propositura de uma nova ação.
Desse modo, pode-se concluir que a melhor decisão é a sentença de mérito,
que resolve o conflito de interesses, tem a força de pacificação social e natureza
definitiva.

6.3.1. Condições da Ação


Para que o Juiz admita a ação, primeiramente deve-se analisar se que o autor
preenche os requisitos de admissibilidade do mérito, considerados os pressupostos
processuais ou condições da ação.
Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, esse diploma legal
enumerou duas condições da ação (ou pressupostos processuais): a legitimidade das
partes e o interesse de agir, como segue: “Art. 17. Para postular em juízo é necessário
ter interesse e legitimidade”.
A diferença do CPC/2015 e do anterior é que a nova lei separou os elementos
das condições da ação classificando-os como pressupostos processuais, que se
referem ao juízo de admissibilidade da ação, que são: o interesse e a legitimidade; e
como questão de mérito, que é a possibilidade jurídica do pedido (que era uma condição
da ação na legislação anterior).
Com essa separação, o Juiz realizará duas análises, a primeira de
admissibilidade e a segunda de mérito.

87
E como dito anteriormente, se, após a primeira análise, o Juiz verificar, ao
receber o pedido inicial, que estão ausentes o interesse de agir e/ou a legitimidade ad
causam, irá indeferir a ação, conforme previsão do CPC em seus Artigos 330 e 485:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


(...)
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


(...)
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

Em relação ao art. 485 do CPC, ocorrerá na hipótese de a petição inicial ser


admitida, no curso do processo, o Juiz poderá declarar a carência da ação, se verificar
a ausência de um desses pressupostos e será declarada a carência da ação.

6.3.2. Legitimidade
A legitimidade ad causam ou legitimidade das partes refere-se aos titulares dos
conflitos de interesse, assim configura a legitimação ordinária.
Na legitimação ordinária, o autor é o titular do direito violado que pleiteia em
Juízo. Do outro lado, o Réu que resiste a essa pretensão e que, possivelmente, será
submetido à sentença que julgar procedente o pedido inicial (do autor).
Havendo a necessidade de um terceiro postular em juízo sobre direito alheio,
como substituto processual, observando-se os casos expressos na lei, configurará a
legitimação extraordinária. Nesse sentido:

CPC, Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir
como assistente litisconsorcial.

Um exemplo da legitimação extraordinária está no Código de Defesa do


Consumidor, que há a possibilidade de consumidores serem representados por
associações criadas para esse fim, através de ações coletivas.

6.3.3. Interesse de Agir


Em tese, o interesse de agir aplica o binômio necessidade/adequação.
Observando-se a necessidade de que o Judiciário intervenha para solucionar a lide,

88
sob o risco de não ser resolvido o seu conflito de interesses, podendo, ainda, provocar
danos e prejuízos maiores.
Observa-se, ainda, que a formulação do pedido seja adequada para solução
do conflito, ou seja, que seu pedido inicial seja apto a fim de conciliar o litígio e
solucionando o conflito de interesses.
É facultado ao Autor, escolher a modalidade de tutela que melhor encaixe no
seu caso. Conforme dita o CPC:

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:


I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido
a violação do direito.

Ausente o interesse de agir, o Juiz irá indeferir de ofício o pedido inicial. Nos
termos do CPC:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


(...)
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
(..)
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz
conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.

Nesse mesmo artigo, há a previsão do Réu alegar a ausência de algum


pressuposto processual, ocasião em que o Juiz analisará o pedido dele.

6.3.4. Questão de Mérito: Possibilidade Jurídica do Pedido


No Código de Processo Civil de 2015, a possibilidade jurídica do pedido, passou
a ser considerada uma questão de mérito. Nesse sentido, o Art. 487 do CPC:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

Essa mudança ocorreu porque foi verificado que quando a parte apresenta um
pedido com manifesta impossibilidade jurídica, não se pode considerar uma hipótese
de carência da ação, mas uma questão de mérito, que ocasionará a improcedência do
pedido, ou seja, será proferida uma sentença com resolução de mérito, julgando
improcedente o pedido inicial.

89
6.3.5. Da Classificação das Tutelas
O Autor do processo irá promover a ação, pleiteando direito contra o Estado-
Juiz, que será classificado conforme o provimento jurisdicional.

6.3.6. Processo de Conhecimento


O processo de conhecimento tem o objetivo de informar os fatos constitutivos
do direito, conforme as alegações do autor, ao judiciário, a fim de que o Juiz solucione
os conflitos e determine quem tem o direito, quem tem razão sobre aquela lide, sob a
aplicação da norma material ao caso concreto.
A ação de conhecimento pode ser dividida em meramente declaratória,
constitutiva ou desconstitutiva, e condenatória. Essa divisão ocorre de acordo com a
natureza jurídica do pedido e da sentença mérito solicitada.
Em relação a ação de conhecimento meramente declaratória, o pedido do autor
se limita a uma declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica ou da
autenticidade ou falsidade de um documento, como diz o artigo 19 do CPC, acima
destacado.
Nesses casos, a sentença não obrigará ao Réu cumprir qualquer ato posterior
à sentença de mérito. A própria declaração judicial (sentença) já atinge o objetivo do
Autor, ou seja, não é necessário a execução da referida sentença.
Um exemplo é a ação de investigação de paternidade, que ao final, será
proferida a sentença declarando a paternidade do Réu ou a não paternidade, essa é a
finalidade dessa ação. Caso o Réu seja declarado o pai naquele processo, o Autor
deverá requerer a pensão alimentícia em outra ação específica de alimentos.
Esses processos visam o reconhecimento de uma situação com efeitos
jurídicos. E esses efeitos podem retroagir à data do fato que ocasionou o pedido de
declaração de existência ou inexistência que o autor pretende, esse é o efeito ex tunc.
Por outro lado, se a declaração não retroagir e seus efeitos começarem a após
o trânsito em julgado da sentença, esse é o efeito ex nunc.
Importante destacar o seguinte conceito:

Ex tunc e ex nunc são expressões em latim que significam,


respectivamente, “desde o início” e “desde agora”, de acordo com a
tradução literal para o português.

90
Estes termos são bastante comuns no âmbito jurídico, pois classificam o tipo
de efeito que determinada sentença ou lei terá.28

O termo trânsito em julgado é empregado para uma decisão/sentença ou


acórdão judicial da qual não se pode mais interpor recurso, porque já usou todos os
recursos possíveis, ou porque o prazo para recorrer se esgotou ou por acordo
homologado por sentença entre as partes.
Como dito anteriormente, a declaração judicial já atinge o objetivo do Autor,
porém, há uma exceção, a falsidade documental, pois a ação declaratória deverá
sempre estar ligada à outra ação que pleiteie o reconhecimento da existência ou
inexistência de uma relação jurídica, sendo cabível mesmo que o Autor possa formular
pedido condenatório ou constitutivo, nos termos do CPC:

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido
a violação do direito.

Em seguida, na ação de conhecimento constitutiva ou desconstitutiva, o pedido


do autor visa, além da declaração do direito violado, a modificação ou extinção da
relação jurídica material já existente ou a criação de uma nova relação.
A Ação Anulatória de Ato Jurídico ou Ação de Rescisão Contratual são
exemplos dessa modalidade, já que o autor requer que, a situação jurídica já exixtente,
seja alterada, extinta ou que constitua uma nova relação, através de sentença de mérito.
Sendo que seus efeitos serão sempre futuros, ou seja, efeito ex nunc.
Por fim, na ação de conhecimento condenatória, o pedido do autor visa, além
da declaração do direito violado, a condenação do Réu, determinando uma obrigação
de dar, fazer ou não fazer, ou pagar quantia líquida e certa, que são impostas ao Réu
que deverá cumprir a decisão, sob pena de gerar ao Autor, o direito de exigir ao Estado-
Juiz procedimentos legais para obrigar o Réu a cumprir a decisão/sentença.
São exemplos, as Ações de Cobrança, Ação de Nunciação de Obra Nova, Ação
de Herança, entre outras.
As ações condenatórias têm efeito retroativo, ou seja, ex tunc, da data da
constituição da mora do Réu/Devedor.

28
https://www.significados.com.br/ex-tunc-e-ex-nunc/ acessado em 26 de fevereiro de 2020.

91
Para melhor conceituar, constituir em mora:

Consiste na impontualidade no cumprimento de uma obrigação. Pode se dar


tanto por parte do devedor (mora debendi) como por parte do credor
(mora accipiendi ou credendi). 29

Nesse sentido:

CC, Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento
e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer.

A mora pode decorrer do vencimento da obrigação, chamada de mora ex res,


ou quando for necessário ser constituída por notificação, interpelação ou citação válida,
que é a mora ex personae.
É imperativo destacar que, caso o Réu não cumpra voluntariamente a decisão
condenatória, não é necessário propor nova ação de execução, já que o credor pode
ter sua satisfação através de cumprimento da sentença condenatória, que é apenas
mais uma fase do processo.

6.3.6.1. Processo de Execução


Nessa modalidade, o direito do credor é imediatamente satisfeito pela tutela
jurisdicional, considerando-se a aplicação inevitável da jurisdição.
No processo de Execução há atos coativos que visam a satisfação do direito do
credor. Esses atos podem ser sobre o patrimônio ou sobre a pessoa do devedor.
Esse procedimento ocorrerá somente se o credor possuir um título Executivo
Judicial ou Extrajudicial.
Pode-se dizer que título executivo é aquele que a lei concede força executiva,
ou seja, que pode ser cobrado em Processo de Execução, sendo as judiciais: sentenças
condenatórias civis ou penais; e as extrajudiciais: duplicatas, notas promissórias,
contratos de seguro, entre outras. Nesse sentido, o artigo 515 do CPC traz o rol de
títulos executivos judiciais.
Com base nesse artigo, as decisões/sentenças cíveis, seja condenatória ou
homologatória de acordo, ou arbitral; formal de partilha que é expedido após sentença

29
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/889/Mora - acessado em 16 de março de 2020.
92
em Ação de Arrolamento/Inventário; as custas processuais que somam as taxas
judiciárias, os emolumentos e crédito de auxiliar de Justiça, como, por exemplo, as
verbas de Oficial de Justiça ou despesas com correio para cartas de
citação/intimação/notificação, aprovados pelo Juiz; a sentença penal condenatória que
expresse obrigação de fazer ou pagar; todas constituem título executivo judicial, que
podem ser executados através de Processo de Execução.
No mesmo diploma legal acima descrito, também concede força executiva às
sentenças estrangeiras homologadas pelo STJ - Superior Tribunal de Justiça; e às
decisões interlocutórias estrangeiras, depois da concessão do exequatur à carta
rogatória pelo STJ.
Conceitualmente, exequatur é:

De origem latina, a expressão ao pé da letra significa "execute-se", "cumpra-


se".
Bastante presente no Direito Internacional Brasileiro, é um documento
autorizador de um Estado para executar as funções de um cônsul. Assim, o
exequatur simboliza a jurisdição consular, sua sede da repartição e também
atesta a qualidade de cônsul do representante do Estado. É de se lembrar que
nesse caso a competência para a concessão do exequatur é do Superior
Tribunal de Justiça.
Ainda, o exequatur será o documento autorizador para o cumprimento de cartas
rogatórias no Brasil, elaborado Presidente do Superior Tribunal de Justiça, para
que validamente determine diligências ou atos processuais requisitados pelas
autoridades alienígenas para que possam ser executados na jurisdição do juiz
competente. Uma vez concedido o exequatur, a carta rogatória será remetida
ao juiz federal do Estado para ser cumprida e, depois disso, devolvida ao
Superior Tribunal de Justiça para que seja remetida ao país de origem.30

No âmbito do direito internacional, o exequatur é uma autorização concedida


por um Estado (país) a um cônsul de outro Estado (país) para que se admita e possa
exercer as atividades pertinentes às suas funções.
No Brasil, a competência para conceder o exequatur é do Superior Tribunal de
Justiça, com fundamentação jurídica na Constituição Federal:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator
ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;

30
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1051/Exequatur - acessado em 16 de março de 2020.
93
e
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução
de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva
opção, e à naturalização;

Para melhor entendimento, é importante esclarecer que Carta Rogatória é um


instrumento jurídico de cooperação entre dois países, ou seja, é um instrumento jurídico
internacional pelo qual um Estado/País solicita o cumprimento de um ato judicial ao
órgão jurisdicional de outro País, com a finalidade de realização de atos e diligências
processuais no exterior, como, por exemplo, a oitiva de testemunhas.
Ressalvando-se que apenas a Carta Rogatória não tem força executória,
somente após o exequatur poderá ser executada.
Do mesmo modo, o título Executivo Extrajudicial também tem escopo no CPC,
em seu artigo 784, que dita que são títulos executivos extrajudiciais: a letra de câmbio,
a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; a escritura pública; o contrato
garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele
garantido por caução; o contrato de seguro de vida em caso de morte; entre outros.
Desse modo, são títulos Executivos Extrajudiciais aqueles listados no artigo
acima, que não tem origem judicial, como, por exemplo: a nota promissória, a duplicata,
o cheque; contratos particulares, contratos de seguros, entre outros.
Entretanto, o CPC prevê que os títulos executivos judiciais podem ser objeto de
cumprimento de sentença, que é uma fase processual, após a sentença, continuando
no mesmo processo de origem.
Porém, a execução é uma ação autônoma e direta para executar um título
executivo extrajudicial e, ainda, quando o título executivo judicial não se originar em
uma ação cível anterior, como as sentenças penais condenatórias, sentenças
estrangeiras e arbitrais, também será necessário Processo de Execução.

6.3.6.2. Processo Cautelar


O procedimento cautelar tem o objetivo de garantia processual que assegure a
eficácia da tutela, não realizando a composição de litígios, que será realizado em outro
momento.

94
Concedendo-se a tutela cautelar, esta afastará o perigo decorrente da demora
(periculum in mora) de uma decisão/sentença judicial, o que pode provocar um grave
dano, irreparável ao bem tutelado.
A alegação de periculum in mora exige a comprovação de existência ou
possibilidade de um dano ao direito da parte que pleiteia uma tutela cautelar.
A concessão da tutela também protegerá contra o fumus boni iuris ou fumaça
do bom direito, que é um sinal ou indício de que o direito pleiteado de fato existe.
Dessa forma, o fumus boni iuris e o periculum in mora são requisitos
indispensáveis para a proposição de medidas com caráter urgente, sejam medidas
cautelares ou antecipação de tutela.
A configuração do periculum in mora exige a demonstração de existência ou da
possibilidade de ocorrer um dano jurídico ao direito da parte de obter uma tutela
jurisdicional eficaz na ação principal.
A ação cautelar pode ser impetrada independentemente ou em conjunto com a
ação principal/de conhecimento. Porém, se a cautelar for proposta anteriormente, o
Autor do direito terá o prazo de trinta dias para propor a ação principal, conforme prever
os arts. 305 a 310 do CPC.

6.3.7. Dos Elementos da Ação


É importante ressaltar que, uma vez solucionado um conflito de interesses de
forma definitiva através de uma sentença de mérito, não poderá ser novamente objeto
de nova ação.
Observando-se essa hipótese, é que se deve compreender os elementos da
ação, que podem detectar ações idênticas e simultâneas em juízo, chamadas de
litispendência, ou ações já julgadas anteriormente com resolução de mérito, que
produzem a coisa julgada, bem como pode identificar os chamados “fenômenos da
ação” que são a conexão, continência e prevenção (que serão estudados nos próximos
capítulos).

6.3.8. Das Partes da Ação


Partes são aqueles que participam de uma relação jurídica processual litigiosa,
presidida pelo Juiz.

95
Em sentido formal, o Autor é quem requer o seu direito em Juízo e o Réu quem
resiste à pretensão, podendo ter pluralidade de autores ou de réus, litisconsortes ativos
ou passivos.
Em sentido material, as partes são os sujeitos da relação interpessoal que a
sentença irá regular diretamente.
Em regra, as partes em sentido formal serão as mesmas que no sentido
formal, considerando-se que a sentença contemplará o Autor da ação e condenará o
Réu, ou homologará acordo realizado por eles.
Porém, em há casos excepcionais, em que o Autor da ação ou réu, esteja na
defesa de direito alheio, a chamada substituição processual. Nesse caso, a sentença
será proferida para um terceiro, que foi representado por uma parte, ou seja, as partes
no sentido formal (pedido inicial) serão diferentes das partes no sentido material
(sentença).

6.3.9. Da Causa de Pedir


Quando se fala da causa de pedir da ação, trata-se dos fatos e fundamentos
jurídicos da ação, são os motivos que levam o autor a procurar a prestação jurisdicional.
Na petição inicial, o Autor deve descrever os fatos de maneira ordenada,
descrevendo o conflito de interesses e a sua repercussão jurídica, seja na esfera
patrimonial ou pessoal, com isso, trazendo os fundamentos do pedido.
É importante esclarecer que a casa de pedir pode ser remota ou tácita, próxima
ou jurídica:
A causa de pedir remota ou fática consiste na alegação do Autor, de como o
seu direito foi lesionado, chamados de fatos constitutivos do direito do Autor, porém, o
Judiciário só pode atuar diante de fatos concretos. O conflito de interesses também
deve ser concreto, sob pena de carecer a parte de interesse de agir por não há
necessidade de intervenção da jurisdição.
A consequencia jurídica provocada pela lesão ao direito do Autor configuram a
causa de pedir próxima ou jurídica.
É importante esclarecer que essa consequencia jurídica não se confunde com
o fundamento legal.
A doutrina considera “fato jurídico” o conjuto dos fatos constitutivos do direito
pleiteados pelo Autor e as conquências jurídicas dessa violção.

96
6.3.10. Do Pedido
A ingressar no Poder Judiciário, o Autor irá propor uma ação, para isso, deverá
haverá uma petição inicial, que dá início ao processo.
Para tanto, esse pedido inicial trará dois pedidos distintos: o imediato e o
mediato.
O pedido imediato é uma exigência destinada ao Juiz, requerendo a tutela
jurisdicional, através de uma decisão que pode ser uma sentença condenatória,
constitutiva, meramente declaratória, executiva ou uma decisão cautelar para garantir
a eficácia do processo principal.
Já o pedido mediato é dirigido ao Réu para que seja submetido à pretensão do
direito material conforme as alegações do Autor conforme a petição inicial.

6.4. AS PARTES E SEUS DEVERES E ÔNUS PROCESSUAIS

Como dito anteriormente, partes são aquelas que constituem a relação


processual existente com o Estado-Juiz, que atuarão no processo, cumprindo seus
deveres e se sujeitando ao ônus.
As partes recebem várias nomenclaturas, que dependem do tipo de
procedimento adotado (tipo de ação) ou da fase processual em que se encontra a ação,
como exemplo: “Autor e Réu” ou “Requerente e Requerido” que são muito usados,
principalmente nos processos de conhecimento, ou ainda, “Exequente e Executado” ou
“Credor e Devedor”, utilizados nos processos de execução, entre outros.
Para defender os seus interesses e o seu direito, com o intuito de convencer o
Estado-Juiz que irá proferir a decisão, por força da relação jurídica processual, as partes
têm a faculdade de praticar atos para exercer o seu direito de ação e de defesa.
Para que isso ocorra, as partes podem produzir as provas que tiverem ou
acharem necessárias, como provas documentais, provas testemunhais (através de
oitiva de testemunhas), perícias, sempre observando-se as normas legais. Nesse
sentido, as partes também podem recorrer das decisões e podem e devem comparecer
aos atos processuais.
Existem, ainda, deveres que são impostos às partes daquela relação jurídica,
sendo o seu descumprimento sujeito às sanções pecuniárias. Tais sanções legais
podem ser impostas em favor da parte adversária quando houver litigância de má-fé,

97
ou pode favorecer o próprio judiciário se for constatado ato atentatório à dignidade da
Justiça.
De acordo com o CPC, a parte que atuar com má-fé irá responder pelas perdas
e pelos danos causados à parte contrária:

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor,
réu ou interveniente.
e
Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé reverterá em
benefício da parte contrária, e o valor das sanções impostas aos serventuários
pertencerá ao Estado ou à União.

Para haver a condenação por litigância de má-fé, é necessário o dolo, a


intenção dolosa e que a parte conheça a finalidade daquele ato lesivo.
O CPC relaciona o que considera litigância de má-fé:

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão
ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Como se verifica no artigo acima destacada, ambas as partes estão sujeitas a


litigar com má-fé, sendo alterando a verdade dos fatos ou apenas por interpor um
recurso meramente protelatório.
Verificada a má-fé, o Juiz poderá condenar a parte culpada por requerimento
da outra parte que sofreu a lesão ou de ofício (decisão do próprio Juiz), podendo o Juiz
determinar uma multa de 1 a 10% do valor atualizado da causa ou até dez salários-
mínimos, que será convertida em favor da parte contrária, bem como, imposição de
pagamento de custas e despesas processuais e honorários advocatícios.
O CPC também traz a relação de condutas que as partes devem cumprir a fim
de evitar algum Ato Atentatório à Dignidade da Justiça, em seu artigo 77.
Fica claro que é dever de todas as partes da relação jurídica, participarem de
maneira correta e verdadeira, já que pode sofrer severas sanções. Uma vez
comprovada a violação desses deveres, o Juiz poderá aplicar ao responsável multa de

98
até 20% do valor atualizado da causa ou até dez salários-mínimos, bem como, poderá
haver outras sanções criminais, civis e processuais, conforme a lei.
Porém, nesses casos, o valor das multas será revertido em prol do Judiciário
da União ou do Estado, conforme dita o CPC:

Art. 97. A União e os Estados podem criar fundos de modernização do Poder


Judiciário, aos quais serão revertidos os valores das sanções pecuniárias
processuais destinadas à União e aos Estados, e outras verbas previstas em
lei.

Caso o responsável não cumpra a sanção, ou seja, não efetue o pagamento da


multa, é autorizado a inscrição do débito na dívida ativa.
O atentado deve ser resolvido no próprio processo e o Juiz irá determinar que
se a coisa ou o direito seja recomposto ao estado anterior pela parte responsável.
É importante ressaltar que se o responsável pelo Ato Atentatório à Dignidade
da Justiça for um advogado público ou particular, ou um membro da Defensoria Pública
ou do Ministério Público, não será aplicada a multa, sendo necessário que Juiz remeta
ao órgão de classe ou à Corregedoria para que resolva a questão.
Em relação ao ônus processual, apesar de não ser obrigatório, pode trazer
sérios prejuízos à parte que não o fizer e até menos prejudicar a relação jurídica perante
àquele que irá decidir sobre tão situação.
Ônus processuais são atos que devem ser executados pelas partes, como, por
exemplo, a contestação, sendo que a ausência dela acarretará revelia ao Réu e pode
prejudicar a verdade dos fatos, já que restará apenas as alegações do Autor, o que gera
a presunção de veracidade dos fatos do Autor, provocando-se o julgamento antecipado
da lide (do mérito).

6.4.1. Relação Jurídica Processual


O objetivo de toda relação jurídica processual é a modificação, a extinção ou a
criação de um efeito jurídico.
Com a propositura da ação é que se origina a relação jurídica processual entre
as partes e o Estado-Juiz.
A complexidade dessa relação jurídica está no fato de que é necessário a
prática sucessiva de vários atos processuais efetuados pelas partes e pelo Juiz, que

99
visam dar seguimento ao processo até que se obtenha a tutela jurisdicional (decisão),
que a finalidade principal dessa relação.
Porém, a tutela jurisdicional é alcançada ainda que as partes não exerçam
todos os atos para movimentar e impulsionar o processo, já que a relação jurídica
processual automaticamente se movimenta pelo Princípio do impulso Oficial, cabendo
ao Juiz conduzir o processo até o fim, com ou sem análise do mérito.
Considera-se direito público essa relação jurídica processual, já que conduz a
relação entre as partes e o Juiz (órgão estatal investido da jurisdição), ou seja, os
sujeitos dessa relação, consequentemente, os sujeitos do processo, são o Juiz e as
partes.

6.4.2. Substituição Processual X Substituição De Parte


Inicialmente, é necessário expor que a legitimação ordinária ocorre quando o
titular da ação é o próprio titular do direito material que foi violado.
Entretanto, há hipóteses em que a Lei admite que um terceiro seja o titular da
ação, ou seja, proponha em juízo um processo para tutelar direito alheio, em nome
próprio. Essa situação configura a legitimação extraordinária.
A legitimação extraordinária é sinônimo de substituição processual, que é
alguém agindo como substituto para defender o direito que pertence a outro.
É imperativo que não se confunda a substituição processual com a substituição
de partes, posto que essa última ocorre quando se altera uma pessoa que já compunha
um dos polos da ação, seja do polo ativo (Autores), seja do polo passivo (Réus), ou
seja, no curso do processo.
O nosso ordenamento jurídico permite a substituição de parte ou partes
originárias nas hipóteses de falecimento, oportunidade em que o Juiz irá determinar a
suspensão do processo, concedendo prazo para que haja a habilitação de sucessores
ou do espólio, exceto quando o direito de ação seja intransmissível, o que acarretará a
extinção do processo.

CPC, Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária


das partes nos casos expressos em lei.

CPC, Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão
pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313,
§§ 1º e 2º .

100
No caso de eventual alienação do bem em litígio, a Lei não prevê a substituição
das partes. Após a citação válida do Réu, qualquer transferência do direito material é
desprezada e o processo seguirá até o fim, mantendo-se as partes originárias, exceto
se houver a concordância de ambas as partes em relação à substituição da parte em
questão, nos termos do CPC:

Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título
particular, não altera a legitimidade das partes.
§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o
alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente
litisconsorcial do alienante ou cedente.
§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias
ao adquirente ou cessionário.

Como dita o artigo acima destacado, caso as partes não concordem com a
substituição da parte que alienou o objeto litigioso, é facultado ao adquirente intervir na
ação como Assistente Litisconsorcial do Alienante, consequentemente se submetendo
aos efeitos da decisão.

6.4.3. Capacidade Processual X Capacidade de Estar em Juízo


O Código de Processo Civil dita que toda e qualquer pessoa que tenha
capacidade civil, ou seja, que tenha capacidade de ser sujeito de direitos e obrigações
na vida civil terá capacidade de estar em Juízo: “Art. 70. Toda pessoa que se encontre
no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.”
Pode-se concluir que a capacidade de estar em Juízo é sinônimo de
personalidade civil.
Contudo, existem certas ficções jurídicas processuais que possuem capacidade
de estar em Juízo sem possuir a personalidade civil, são eles: o nascituro e pessoas
meramente formais, como a massa falida, o espólio e o condomínio que, apesar de
poder atuar como partes processuais em defesa de seus interesses, devem estar
devidamente representadas, seja pela genitora, pelo síndico, ou pelo inventariante.
Bem mais criteriosa, a capacidade processual segue regras do Código Civil.
Considerando-se que a relação jurídica processual é expressada por atos de
manifestação de vontade, a Lei institui certos requisitos para protegem aqueles que não
tenham vontade plena, seja por força da idade, ou por debilidade mental.

101
Para melhor ilustrar essa diferença, quando um menor impúbere necessita de
uma prestação jurisdicional, ele possui capacidade de estar em Juízo, porém, para
exercer os atos processuais, cumprindo seus deveres e se sujeitando-se aos ônus
processuais impostos, ele não tem capacidade processual. Portanto, é requisito que o
menor seja acompanhado por um Representante Legal.
Nesse caso, o Representante Legal assumirá como parte no processo, no lugar
do menor, apenas para atuar no processo para representá-lo e suprir a incapacidade
dele, conforme CPC: “Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais,
por tutor ou por curador, na forma da lei.”
A Lei apresenta outras limitações para a capacidade processual, em razão do
interesse público inerente ao processo, bem como pela importância de honrar o
Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa, nos moldes do CPC:

Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:


I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem
com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa,
enquanto não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos
termos da lei.

Um exemplo justo é do incapaz, que terá um curador nomeado pelo Juiz,


quando não tiver ninguém para representá-lo ou, no caso de haver conflito de interesses
entre o incapaz e os seus representantes legais. O mesmo ocorrerá para os Réus
presos, que não constituírem advogado.
No mesmo sentido, o CPC prevê a exigência da outorga uxória (ou marital),
concedida por um dos cônjuges ao outro, por exemplo, nos casos de direitos reais sobre
bens imóveis, exceto quando os cônjuges adotarem o regime de separação absoluta
de bens, ficando dispensada a outorga.
Não havendo a outorga uxória e a recusa não for justificada, poderá, o
interessado, obter o suprimento judicial. Seguem os artigos:

Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime
de separação absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado
por eles;
102
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de
ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos
praticado.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente
quando for negado por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja
impossível concedê-lo.
Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido
pelo juiz, invalida o processo.

A capacidade processual é um pressuposto do processo e a ausência provoca


nulidade, por ausência de existência e validade da relação jurídica. Dessa forma, não
pode ser confundida com a legitimidade ad causam que é uma condição da ação, já
que a falta de legitimidade provocará a extinção do processo sem resolução do mérito,
por carência da ação.
Por fim, o CPC expõe que:

Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da


representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo
razoável para que seja sanado o vício.
§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância
originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do
polo em que se encontre.
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça,
tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência
couber ao recorrido.

O Juiz, de ofício, poderá reconhecer a irregularidade na representação das


partes, por se tratar de matéria de ordem pública e, nos termos da lei, deverá intimar a
parte para regularizar. Transcorrido o prazo determinado sem que a irregularidade fosse
sanada, o processo será extinto se o vício for da parte autora. Porém, se a irregularidade
persistente for da parte ré, o processo prosseguirá com a aplicação de revelia para o
Réu.

Para aprender mais, assista ao vídeo


https://www.youtube.com/watch?v=mHfdE2_aNLU Acessado em 15 de março de 2019.

103
1- Julgue os itens seguintes:
I- Para propor ação é necessário ter interesse e legitimidade. Para contestar, basta ter
legitimidade.
II- Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo
autor, excepcionado o caso da petição inicial que não estiver acompanhada do
instrumento público que a lei considere indispensável à prova do ato, situação a que, a
despeito da revelia, não se aplica a presunção de veracidade.
III- O curador especial exerce função exclusivamente processual, defendendo em juízo
os interesses do incapaz, do réu preso e do réu citado por hora certa ou por edital.
Mesmo que o réu seja preso durante o tramite do prazo de contestação, caberá́ a
indicação de curador especial para elaborar a sua defesa.
Estão corretos:
a) I, apenas
b) II, apenas
c) III, apenas
d) I e II
e) II e III

2-(Analista Judiciário/TRT5/2013 – FCC) Verificando o juiz que a petição inicial não


preenche os requisitos legais, havendo ainda irregularidade na representação
processual do autor, deverá o julgador
a) extinguir o processo de imediato, sem resolução do mérito, pois não há como sanar
os dois defeitos simultaneamente.
b) determinar em dez dias que o autor complete ou emende a petição inicial e,
suspendendo o processo na mesma decisão, fixar prazo razoável para ser sanada a
irregularidade na representação processual.
c) determinar em cinco dias que o autor emende a petição inicial e, sem suspender o
processo, fixar prazo de quinze dias para sanar a irregularidade na representação
processual.
d) determinar desde logo a citação do réu, a quem caberá́ levantar as irregularidades,
em obediência ao princípio dispositivo ou inercial.
e) conceder quinze dias para que ambas as irregularidades sejam sanadas, sob pena
de extinção do processo, sem resolução do mérito, pelo não atendimento a ambas as
situações.

104
3-(Procurador/MPT/2012) Julgue os itens a seguir: São títulos executivos judiciais, entre
outros, os seguintes:
I.A sentença penal condenatória transitada em julgado.
II.A sentença homologatória de conciliação ou de transação, desde que não contenha
matéria não posta em juízo.
III.A sentença arbitral.
IV.O acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente.
Estão corretos:
a) I, II e IV
b) I, III e IV
c) II e III
d) I, II, III e IV
e) I e III

4-(Promotor/MP-PE/2008-FCC) A respeito da antecipação da tutela pretendida no


pedido inicial, é correto afirmar:
a) Não será́ concedida quando houver perigo de irreversibilidade do provimento
antecipado.
b) Uma vez concedida, só́ poderá́ ser revogada ou modificada em grau de recurso.
c) Se for concedida e não houver recurso do réu, o processo será́ julgado extinto.
d) Não poderá́ ser concedida quando ficar caracterizado o manifesto propósito
protelatório do réu.
e) O juiz, na decisão que a concede, não precisa indicar, de modo claro e preciso, as
razões do seu convencimento.

5-(Juiz/TJ-RJ/2014-VUNESP) Em matéria de defesa, entende-se por princípio da


eventualidade
a) o dever do réu de alegar, na contestação, toda a matéria que lhe aproveita, sob pena
de preclusão.
b) a faculdade do réu de apresentar reconvenção em substituição à contestação.
c) a prerrogativa do réu de não ser compelido a produzir prova contra si.
d) a garantia do exercício do contraditório, caso o autor apresente novos documentos,
na fase de instrução processual.

6-(Analista Judiciário/TRT-16/2014-FCC) A respeito da revelia, considere:


I– Os prazos correrão contra o revel, independentemente de intimação, a partir de cada
ato decisório, ainda que tenha constituído patrono nos autos.
II – Não se reputarão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor se a petição inicial não
estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova
do ato.
III – O juiz poderá́ conhecer diretamente do pedido e proferir sentença, quando ocorrer
a revelia.
Está correto o que se afirma APENAS em:

105
a) II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) I.
e) IIII.

7-(Juiz/TRT-14/2011) Em matéria de execução, aponte a alternativa correta.


a) É título executivo judicial a sentença homologatória de conciliação ou de transação,
desde que não inclua matéria que não foi posta em juízo.
b) É título executivo judicial a sentença estrangeira devidamente homologada pelo
Supremo Tribunal Federal.
c) A denominada “decisão” ou “sentença liminar”, extraída dos processos em que se
permite a antecipação de tutela jurisdicional, dos processos cautelares ou das ações
constitucionais, é título judicial.
d) A execução provisória da sentença é possível, no que couber, por iniciativa do
exequente ou ex officio, ante o princípio da economia e celeridade processual,
observando que não deverão ser ultrapassados os atos de constrição, ocorrendo
eventual alienação de bens, apenas por autorização judicial.
e) Ante os dispositivos legais, que permitem a execução provisória da sentença, do
mesmo modo da execução definitiva, tem-se possível aquela execução nos mesmos
autos em que foi proferida a sentença impugnada, ainda que o recurso seja recebido
no efeito mera- mente devolutivo.

8-(Analista/TRT-6/2012-FCC) A ação rescisória pode ser proposta em


a) cinco anos, contados do arquivamento definitivo dos autos.
b) dois anos, contados do trânsito em julgado da sentença de mérito.
c) dois anos, contados do trânsito em julgado das sentenças terminativas.
d) cinco anos, contados do julgamento do último recurso no processo.
e) dois anos, contados do julgamento do último recurso no processo, caso tenha sido
conhecido.

106
Aderência: substantivo feminino. Ação ou efeito de aderir, de se ligar com firmeza.
União de uma coisa a outra; adesão, assentimento. [...] Ato ou processo de aceitar ou
de adotar uma doutrina, uma religião ou filosofia: aderência ao protestantismo.
Cerceamento: substantivo masculino. Ato ou efeito de cercear, de cortar pela raiz;
cercadura. [Figurado] Imposição de limites, restrições; restrição, limitação: impedir o réu
de usar prova testemunhal qualifica o cerceamento de defesa. [Figurado] Ação de tornar
menor, de diminuir; diminuição.
Cronológica: Cronológica é o feminino de cronológico. Relativo à cronologia, à ciência
que estuda os períodos de tempo e determina a ordem das datas históricas. De acordo
com a ordem normal dos acontecimentos, durante um determinado tempo: análise
cronológica dos dados.
Conexão: substantivo feminino. Ligação de uma coisa com outra; união. Relação de
dependência; em que há lógica, nexo; coerência.
Consolidação: substantivo feminino. Ação de tornar sólido, de fortalecer: consolidação
do processo democrático. Fusão de várias empresas numa só: consolidação das
telecomunicações. [Jurídico] Reunião de leis independentes e afins, dando-lhes uma
consistência sistemática: consolidação das leis trabalhistas.
Contraditório: adjetivo. Que diz uma coisa e a seguir diz o oposto do que havia dito.
Divergente; em que há contradição, falta de coerência. [Jurídico] Replicado; cujas
partes apresentam contradição, ação contrária./ substantivo masculino.
[Jurídico] Relação de igualdade entre as partes, durante a apresentação e refutação
das provas.
Cumulação: substantivo feminino. Ato de cumular; acumulação.
Dispendioso: adjetivo. Que demanda muito dinheiro; que ocasiona muitas despesas;
caro.
Dolo: substantivo masculino. Fraude; modo de agir fraudulento de uma pessoa em
relação a outra. [Jurídico] Ato criminoso da pessoa que age de má-fé, buscando induzir
alguém à prática de uma ação, sendo a pessoa lesada responsável pelos prejuízos
causados por ela. [Jurídico] Violação deliberada da lei, por ação ou omissão, tendo
consciência plena do crime que está cometendo.

107
Doutrina: substantivo feminino. Reunião dos fundamentos e/ou ideias que, por serem
essenciais, devem ser ensinadas. Reunião dos preceitos básicos que compõem um
sistema (religioso, político, social, econômico etc.). (...) [Jurídico] Reunião daquilo
(ideias, opiniões, pensamentos, pontos de vista etc.) que é utilizado como base para
formulação de teorias (exame ou análise) no âmbito jurídico; regra que, resultante de
uma interpretação, é utilizada como padrão no exercício prático de uma lei.
Doutrinador: adjetivo. Que doutrina, que instrui alguém em uma doutrina; pregador./
substantivo masculino. Aquele que doutrina, que promove doutrinação.
Imperativo: adjetivo. Que impõe; que manda com autoridade: tom imperativo. Que se
impõe de forma argumentativa numa discussão: a contundência imperativa de suas
ideias. Que possui características autoritárias: indivíduo autoritário.[Gramática] Modo
imperativo. Modo do verbo que exprime ordem, exortação, pedido.
Inciso: substantivo masculino. [Jurídico] Subdivisão de um dispositivo legal, sob a
forma de parágrafo que é complemento de outro e que vem geralmente marcada por
algarismos romanos ou arábicos.
Infraconstitucional: adjetivo. Que está abaixo da Constituição, do conjunto das leis
mais importantes que regulam a vida de uma nação: norma infraconstitucional.
[Jurídico] Relacionado com as normas, preceitos e regras de teor inferior ou menos
importante em relação às regras estabelecidas pela Constituição Federal.
Insanável: adjetivo. Que não se pode sanar ou curar; sem remédio.
Instância: [Jurídico] Desenvolvimento e/ou prática dos procedimentos necessários
desde o início da causa até sua conclusão. [Jurídico] Local em que uma autoridade
pode exercer seu poder judiciário; jurisdição, foro.
Interposição: substantivo feminino. Ação ou efeito de interpor, de colocar algo entre
duas outras coisas ou pessoas: interposição de ideias. Interpor: (Jurídico) Apresentar
um recurso a: interpôs um habeas corpus.
Inquilinato: substantivo masculino. Estado de quem reside em casa alugada. Leis do
inquilinato, conjunto de leis que regem as relações jurídicas entre inquilinos e senhorios.
Irredutibilidade: substantivo feminino. Característica, estado ou particularidade do que
é irredutível. Que não se pode reduzir: a irredutibilidade do salário mínimo.
Jurisdicionado: substantivo masculino. Indivíduo sobre quem se pratica uma
jurisdição; quem está sob o julgamento de um juiz. Pessoa a quem se impõe jurisdição,
fiscalização do cumprimento de certas leis, visando punir infrações.

108
Jurisdicional: adjetivo. Relativo à jurisdição, ao poder ou à autoridade legal e
responsável pela aplicação das leis ou pela administração da justiça.
[Jurídico] Relacionado com a extensão territorial em que atua um juiz. Expressão:
Tutela Jurisdicional. Função do Estado de impedir, pacificar e solucionar conflitos que
apareçam no seu âmbito de atuação política, buscando aplicar a legislação aos casos
(públicos ou particulares).
Magistrado: substantivo masculino. Juiz; autoridade máxima do Poder judiciário.
Ordenamento: substantivo masculino. Ação ou efeito de ordenar, de colocar em ordem;
ordenação; ordem. [Jurídico] Estruturação hierárquica das regras jurídicas que,
compondo um sistema de normas subordinado à Constituição, disciplinam os
comportamentos dos indivíduos: ordenamento jurídico.
Outorgar: Estar de acordo ou demonstrar concordância em relação a; aprovar. Receber
permissão para: outorgar a licença para o negócio. Revelar publicamente através de
uma escritura: outorgar um imóvel, uma venda, uma negociação. [Jurídico] Interferir
demonstrando interesse: outorgar em uma ação jurídica.
Pleitear: Contestar na justiça: Ficar discutindo; manter em litígio: Argumentar a favor
de algo ou de outrem.
Pluralidade: substantivo feminino. Diversidade; condição do que existe em grande
quantidade; o que está em maior quantidade.
Postulação: substantivo feminino. Ação de postular; papel ou material em que se
postula alguma coisa; solicitação.
Pressuposto: Que se supõe por antecipação ou antecipadamente; presumido.
[Jurídico] Circunstância ou fato classificado como um antecedente fundamental a outro:
pressuposto processual.
Procedimento: substantivo masculino. Método ou processo; maneira através da qual
alguma coisa é feita: procedimento concursal; procedimento eleitoral; procedimento
químico. Comportamento ou conduta; maneira de se comportar. [Jurídico] Os
mecanismos legais que colocam uma causa em juízo. Ação ou efeito de proceder.
Ressalvar: verbo transitivo. Prevenir com ressalva, fazer ressalva Pôr a salvo,
acautelar. Livrar de responsabilidade ou culpa, de perigo ou dano; eximir. Excetuar,
fazer restrição.
Revelia: substantivo feminino. Caráter ou comportamento de revel; contumácia.
[Jurídico] Situação jurídica de quem é citado a comparecer em juízo e não o faz;

109
condição do réu que não comparece ao seu próprio julgamento ou que não apresenta
defesa.
Sanções: substantivo feminino plural. Os recursos punitivos, ou de coação, utilizados
por uma autoridade ou por um órgão de poder. Sanção. A parte da lei que determina as
punições contra os que a desobedecem. A punição referente à desobediência ou à
execução de uma lei.
Subsidiária: vem do verbo subsidiar. O mesmo que: auxiliaria, ajudaria, financiaria. adj.
Que auxilia, ajuda ou socorre; capaz de subsidiar: serviço subsidiário.
Subsídios: substantivo masculino plural. A quantia recebida mensalmente, geralmente,
refere-se ao salário dos parlamentares.
Tratado: substantivo masculino. Acordo formal entre dois ou mais governos
independentes (escrito ou verbal).
Tutela: substantivo feminino. Responsabilidade legal que alguém assume com o intuito
de administrar os bens, representar legalmente, de uma pessoa que não atingiu a
maioridade, que foi interditada ou foi considerada desaparecida. [Por Extensão] Auxílio
ou proteção que se oferece a alguém.
Veredicto: substantivo masculino. [Jurídico] Decisão tomada pelo júri sobre um
processo levado a julgamento: o veredicto do júri culpabilizou o réu. Julgamento
declarado e/ou dito por alguém cuja autoridade lhe permite fazê-lo; sentença. [Por
Extensão] Ponto de vista ou crítica expressa acerca de determinado assunto;
julgamento pronunciado sobre qualquer assunto: o veredicto do editorial.

110
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

GABARITO – FIXANDO O CONTEÚDO


UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 B

UNIDADE 4 UNIDADE 5 UNIDADE 6


QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 B
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

_________. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
acessado em 10 de março de 2020.

_________. BRASIL. Decreto Lei nº 1.937 de 18 de setembro de 1939. Código


de Processo Civil de 1939. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del1608.htm - acessado
em 10 de março de 2020.

_________. BRASIL. Decreto Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941. Código


de Processo Penal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689compilado.htm - acessado em 10 de março de 2020.

_________. BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de


Processo Civil de 1973. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869impressao.htm - acessado em 10 de
março de 2020.

___________. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil.


Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm acessado em
10 de março de 2020.

_________. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de


Processo Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm - acessado em 10 de março de 2020.

___________. Dicio. Dicionário Online de Português. Disponível em


https://www.dicio.com.br/ acessado em 10 de março de 2020.

___________. Direito Net – Dicionário Jurídico. Disponível em


https://www.direitonet.com.br/dicionario - acessado em 16 de março de 2020.

___________. Significados. Disponível em https://www.significados.com.br/


acessado em 26 de fevereiro de 2020.

_________. Wikipedia – Ordenações Filipinas. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordena%C3%A7%C3%B5es_Filipinas - acessado em 15
de março de 2020

_________. Wikipedia – Julgamentos de Nuremberg. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Julgamentos_de_Nuremberg – acessado - em 10 de março
de 2020.

ALVIM, Carreira, J. E. Teoria Geral do Processo, 22ª edição. [Minha


Biblioteca]. Retirado de
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530984625/ - acessado em 17
de março de 2020.

112
BARROSO, Mattos, C.E.F. D. Coleção Sinopses Jurídicas 11 - Processo civil:
teoria geral do processo e processo de co-nhecimento. [Minha Biblioteca]. Retirado de
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553601431/ - acessado em 17
de março de 2020.

Rocha, , J.D.A. Teoria Geral do Processo, 10ª edição. [Minha Biblioteca].


Retirado de https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522490219/ -
acessado em 16 de março de 2020.

RODRIGUES, Wanderlei, H., LAMY, Avelar, E. D. Teoria Geral do Processo,


6ª edição. [Minha Biblioteca]. Retirado de
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597021073/ - acessado em 12
de fevereiro de 2020.

THAMAY, Krüger, R. F. Col. Passe em concursos públicos - direito


processual civil - teoria geral do processo, processos d. [Minha Biblioteca]. Retirado
de https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502618527/ - acessado em
15 de março de 2020.

113

Você também pode gostar