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E LEGISLAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
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SUMÁRIO
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO e
LEGISLAÇÃO
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 06
1.1 Teoria do Escalonamento Jurídico 06
1.2 Conceito de Direito Administrativo 08
1.3 Advocacia-Geral da União -AGU 08
1.4 Princípios da Administração Pública 14
1.4.1. Princípios expressos 17
1.4.1.1 Legalidade 19
1.4.1.2 Impessoalidade, finalidade ou isonomia 21
1.4.1.3. Moralidade 25
1.4.1.4. Publicidade 27
1.4.1.5. Eficiência 30
1.4.2 Princípios implícitos 33
1.4.2.1 Supremacia do interesse público sobre o interesse
privado 33
1.4.2.2 Indisponibilidade do interesse público 34
1.4.2.3 Controle judicial dos atos administrativos 34
1.4.2.4 Princípio da Autotutela 37
1.4.2.5 Princípio da Motivação 37
1.4.2.6 Princípio da Proporcionalidade 38
1.4.2.7 Razoabilidade 39
1.4.2.8 Princípio do Contraditório e da Ampla defesa 40
1.4.3 Princípios da Lei nº 8.666/93_Introdução 41
1.4.3.1 Princípio da Vantajosidade 41
1.4.3.2 Princípio da Igualdade ou Isonomia 42
1.4.3.3 Princípio da Probidade administrativa 42
1.4.3.4 Princípio da Vinculação ao instrumento convocatório 44
1.4.3.5 Princípio do Julgamento objetivo 47
1.4.4 Princípios Implícitos da Licitação 48
1.4.4.1 Princípio da adjudicação compulsória 49
1.4.4.2 Princípio da competitividade 50
1.4.5 Princípios da Lei nº 9.784/99_Introdução 51
1.4.5.1 Princípio da finalidade 52
1.4.5.2 Princípio da segurança jurídica 52
2. RESPONSABILIDADE FISCAL 54
2.1 Conceito de Gestão Pública 56
2.2 Conceito de Gestor Público 58
2.2.1 Legislação 59
2.2.2 Atribuições 59
2.3 Fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal 61
2.4 Responsabilização 62
2.4.1 Responsabilidade Administrativa 63
2.4.2 Responsabilidade Civil 64
2.4.3 Responsabilidade Penal 65
2.4.4 Improbidade Administrativa 65
2.4.5 Vedações Previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal 66
2.4.5.1 Controle de despesa total com pessoal 66
2.4.5.2 Recondução da dívida consolidada 67
2.4.5.3 Operações de crédito por antecipação de receita 67
orçamentária
2.4.5.4 Efeitos do orçamento em relação a direitos de 68
terceiros
3. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA_LEI 8.429/92 69
4.RESPONSABILIDADE DOS AGENTES DA PÚBLICOS 80
4.1 Agentes Públicos 80
4.1.1 Agentes Políticos 82
4.1.2 Servidores Públicos em sentido amplo (ou Agentes 83
Administrativos)
4.1.2.1 Servidores Estatutários 83
4.1.2.2 Empregado Público (Celetista) 84
4.1.2.3 Servidores Temporários 84
4.1.2.4 Particulares que atuam em colaboração com o Poder 84
Público
4.1.2.5 Particulares por delegação 85
4.1.2.6 Particulares que atuam por convocação, nomeação ou 85
designação
4.1.2.7 Agentes necessários ou gestores de negócios públicos 85
4.1.2.8 Agentes credenciados 86
4.1.2.9 Militares 87
4.2 Responsabilidades dos agentes 87
4.2.1 Responsabilidade Administrativa, Civil e Penal 88
4.2.1.1 Responsabilidade Administrativa 89
4.2.1.1.1 Sindicância do Processo Administrativo 91
4.2.1.1.2 Do julgamento 92
4.2.1.2 Responsabilidade Penal 93
4.2.1.3 Responsabilidade Civil 95
5. CONTROLE ADMINISTRATIVO 97
5.1 Conceito 98
5.2 Finalidade 98
5.3 Abrangência 98
5.4 Controle Interno 100
5.5 Controle Externo 101
4
5.6 Controle Administrativo 103
5.7 Controle Legislativo 104
5.8 Controle Judiciário 104
6. REFERÊNCIAS 106
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO INTERNACIONAL
1. FONTES 108
2. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 135
3. ATOS INTERNACIONAIS 137
4. SOLUÇÕES DE CONFLITO 139
5
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
1
Trecho adaptado tirado do trabalho: OLIVEIRA, José Péricles de. Hierarquia das normas no direito do
trabalho. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 39, mar 2007. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3775>. Acesso em out 2018.
7
1.2 CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
2
http://www.agu.gov.br/estrutura
9
Assessoria Jurídica junto à Secretaria Especial de
Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
Consultoria Jurídica Adjunta junto ao Comando da
Aeronáutica
Consultoria Jurídica Adjunta junto ao Comando da
Marinha
Consultoria Jurídica Adjunta junto ao Comando do
Exército
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovação e Comunicação
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Cultura
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Educação
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Integração
Nacional
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Justiça e
Segurança Pública
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Saúde
Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Transparência e
Controladoria-Geral da União
Consultoria Jurídica junto ao Ministério das Cidades
Consultoria Jurídica junto ao Ministério das Relações
Exteriores
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Consultoria Jurídica junto ao Ministério de Direitos
Humanos
Consultoria Jurídica junto ao Ministério de Minas e Energia
Consultoria Jurídica junto ao Ministério do
Desenvolvimento Social
Consultoria Jurídica junto ao Ministério do Esporte
Consultoria Jurídica junto ao Ministério do Meio Ambiente
Consultoria Jurídica junto ao Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão
Consultoria Jurídica junto ao Ministério do Trabalho
Consultoria Jurídica junto ao Ministério do Turismo
Consultoria Jurídica junto ao Ministério dos Transportes,
Portos e Aviação Civil
11
Procuradoria Federal Especializada junto ao Conselho
Administrativo de Defesa Econômica
Procuradoria Federal Especializada junto ao Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes
Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade em
Brasília/DF
Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto
Nacional de Tecnologia da Informação
Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto
Nacional do Seguro Social
Procuradoria Federal junto à Agência Espacial Brasileira
Procuradoria Federal junto à Agência Nacional de Águas
Procuradoria Federal junto à Agência Nacional de Aviação
Civil
Procuradoria Federal junto à Agência Nacional de Energia
Elétrica
Procuradoria Federal junto à Agência Nacional de
Transporte Aquaviários
Procuradoria Federal junto à Agência Nacional de
Transportes Terrestres
Procuradoria Federal junto à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária
12
Procuradoria Federal junto à Embratur - Instituto
Brasileiro de Turismo
Procuradoria Federal junto à Fundação Alexandre
Gusmão
Procuradoria Federal junto à Fundação Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Procuradoria Federal junto à Fundação Cultural Palmares
Procuradoria Federal junto à Fundação Escola Nacional de
Administração Pública
Procuradoria Federal junto à Fundação Universidade de
Brasília
Procuradoria Federal junto à Superintendência de
Desenvolvimento do Centro-Oeste
Procuradoria Federal junto à Superintendência Nacional de
Previdência Complementar
Procuradoria Federal junto ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Procuradoria Federal junto ao Departamento Nacional de
Produção Mineral
Procuradoria Federal junto ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação
Procuradoria Federal junto ao Instituto Brasileiro de
Museus
Procuradoria Federal junto ao Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada
Procuradoria Federal junto ao Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
13
Procuradoria Federal junto ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília
Procuradoria Federal junto ao Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
14
Otimizadora: consiste em orientar a interpretação dos
preceitos e dos atos concretos que formam a ordem jurídica, conferindo-lhes a
mais ampla, profunda e completa aplicação possível a seu conteúdo de valor;
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O quadro, a seguir, sintetiza as formas de resolução de conflitos
das leis e dos princípios. Perceba que são critérios distintos.
CONFLITO
Lei Princípio
Hierarquia Princípio da
predominância dos
Cronológico
valores.
Especialidade
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outro, não há impedimento para que o TCU e o MP adotem medidas de ofício (por
iniciativa sua) para averiguação de fatos informados mediante documentos apócrifos.
A Administração Pública não pode se furtar de atender o interesse público. Assim,
imagine-se que os fatos comunicados ao Estado sejam extremamente graves e que
possuam claros indícios de serem verdadeiros. Seria razoável o Estado
simplesmente não apurar por conta da sobredita vedação ao
anonimato? Óbvio que não! Deveria apurar, mas não em um processo autuado
como denúncia, mas noutro, como, por exemplo, numa representação da Unidade
Técnica.
Dessa forma, a denúncia não seria conhecida, mas a situação seria apurada, se
fundamentada estivesse.
Legalidade;
Impessoalidade;
Moralidade;
Publicidade; e
Eficiência.
Tais princípios valem para todos os Poderes, de todos os entes
integrantes da Federação Brasileira (União; Estados; Distrito Federal, e
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Municípios) e respectivas Administrações Direta e Indireta. Façamos a leitura
do teor do referido dispositivo constitucional:
1.4.1.1 Legalidade
Sabe-se que, no âmbito das relações privadas, vige a ideia de que tudo que não está
proibido em lei está permitido. Nas relações públicas, contudo, o princípio da legalidade
envolve a ideia de que a Administração Pública só pode atuar quando autorizada ou
permitida pela lei. A norma deve autorizar o agir e o não agir dos sujeitos da
Administração Pública, pois ele é integralmente subserviente à lei. (Dirley Cunha)
Sabemos que os princípios da Administração possibilitam a
responsabilização dos agentes estatais, bem como visam garantir a honestidade
do emprego do dinheiro público.
18
Para finalizar, a partir dos Princípios da Legalidade e da
Supremacia do Interesse Público sobre o Particular se constroem os demais,
enfim, tais princípios precedem os demais.
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norma), verificar-se-á discricionariedade. Por exemplo: o Pregão pode ser
presencial ou eletrônico. Apesar de o presencial, na esfera federal, ser
obrigatório, o eletrônico permanece preferencial (leia-se: há certa
discricionariedade).
Mas vejam: mesmo que conte com certa liberdade
(discricionariedade), a Administração só faz o que lei estabelece. Por isso, pode-
se afirmar que o Princípio da Legalidade “precede” todos os demais, isto é, vem
na frente, para efeitos interpretativos. Obviamente, essa “precedência” não tem
sentido hierárquico. Não é que o princípio da legalidade seja mais importante
que os demais, mas sim que todos estes outros princípios devem ser
interpretados à luz das leis.
O Princípio da Legalidade não é restrito à Administração, enfim,
também vale para o particular, mas com outro enfoque (legalidade
constitucional): se uma norma não proibir, o particular, dispondo de forma livre
de sua vontade, pode agir da maneira que melhor entender. Pode-se,
previamente, concluir que a Administração Pública só pode agir da maneira que
a lei determinar ou autorizar, enquanto o particular age do modo que julgue
mais conveniente, desde que a lei (não apenas a Constituição) não o proíba.
Isso significa que o agente público, responsável por tornar
concreta a missão da Administração Pública, não pode fazer tudo o que não
seja proibido em lei, e sim só o que a norma autoriza ou determina. Para o
particular, o princípio da legalidade terá caráter mais restritivo que impositivo:
não sendo proibido em norma, é possível ao particular fazer. Parafraseando o
autor Hely Lopes, o princípio da legalidade para o administrador significa “deve
fazer assim”, enquanto para os particulares, “pode fazer assim”.
20
obedecer aos princípios da moralidade e do interesse público. Dessa forma, a palavra
legitimidade apresenta um conceito mais abrangente do que o conceito de legalidade, pois
legalidade seria obedecer à lei e a legitimidade obedecer à lei e aos demais princípios
administrativos.
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“prestígio” social por estes desfrutado, mas sim suas condições objetivas em
face das normas que cuidam da situação, tendo em conta o interesse público,
que deve prevalecer.
Para esses doutrinadores, a atuação impessoal determina uma
atuação finalística da Administração, ou seja, voltada ao melhor atendimento
dos interesses públicos. Desse modo, o princípio da impessoalidade é sinônimo
de finalidade pública. Sobre o tema, vejamos Ementa do Recurso
Extraordinário (RE) 191.668, apreciado pelo STF:
EMENTA: Publicidade de atos governamentais. Princípio da impessoalidade. Art.
37, parágrafo 1º, da Constituição Federal. 1. O caput e o parágrafo 1º do artigo 37
da Constituição Federal impedem que haja qualquer tipo de identificação entre a
publicidade e os titulares dos cargos alcançando os partidos políticos a que pertençam.
O rigor do dispositivo constitucional que assegura o princípio da
impessoalidade vincula a publicidade ao caráter educativo,
informativo ou de orientação social é incompatível com a menção
de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que
caracterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. A
possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com o partido político a que
pertença o titular do cargo público mancha o princípio da impessoalidade e desnatura o
caráter educativo, informativo ou de orientação que constam do comando posto pelo
constituinte dos oitenta. 2. Recurso extraordinário desprovido.
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Vê-se que a pessoa jurídica à qual é vinculado o agente responde
pelo dano causado por este, nitidamente devido à impessoalidade da atuação
funcional. Portanto, o agente tem sua atuação imputada ao órgão/entidade a
que se vincula (teoria do órgão ou da imputação volitiva).
Uma terceira face da impessoalidade pode ser encontrada no art.
37, inc. II, por exemplo. Ao se exigir concurso público para o acesso aos cargos
públicos, o legislador prezou pelo mérito, sem criar discriminações benéficas
ou detrimentosas, em observância ao princípio da isonomia ou igualdade.
Obviamente, não significa dizer que as leis não possam criar critérios para a
seleção dos candidatos.
Sobre o tema, o STF, no RE 148.095, reconheceu que, em se
tratando de concurso público para agente de polícia, mostra-se razoável a
exigência, por lei, de que o candidato tenha altura mínima de 1,60m. A exigência
de altura, por sua vez, não é razoável para o cargo de escrivão de polícia, dado
as atribuições do cargo, para as quais o fato altura é irrelevante (STF - AI
518863).
CONCURSO PÚBLICO - AGENTE DE POLÍCIA - ALTURA
MÍNIMA - VIABILIDADE. Em se tratando de concurso público para agente de
polícia, mostra-se razoável a exigência de que o candidato tenha altura mínima de
1,60m. Previsto o requisito não só na lei de regência, como também no edital de concurso,
não concorre a primeira condição do mandado de segurança, que é a existência de direito
líquido e certo. (RE 148.095, STF) e,
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Distrito Federal. Altura mínima exigida. - Necessidade de previsão legal para definição
dos requisitos para ingresso no serviço público. Constituição Federal, arts. 5º, caput, e
37, I e II. Ofensa reflexa. Agravo a que se nega provimento.” 4. Ante o exposto, com
base no § 1º do artigo 21 do RISTF, nego seguimento ao agravo. Publique-
se. Brasília, 28 de setembro de 2004. Ministro Eros Grau Relator (AI 518.863,
STF)
Assim, a atividade administrativa deve se dar segundo critérios de
bom andamento do serviço público, afastando-se favoritismo ou mesmo
desfavoritismos. Sobre o tema, o STF, na ADI 1072/RJ, declarou a
inconstitucionalidade de lei estadual que dispensava os candidatos integrantes
do Quadro Permanente da Polícia Civil da prova de capacitação física e de
investigação social.
EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. PRINCÍPIO DA
ISONOMIA. PROVAS DE CAPACITAÇÃO FÍSICA E
INVESTIGAÇÃO SOCIAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO PARÁGRAFO 6° DO ART. 10
DA LEI N° 699, DE 14.12.1983, ACRESCENTADO PELA LEI N°
1.629, DE 23.03.1990, AMBAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
COM ESTE TEOR: “§ 6º - Os candidatos integrantes do Quadro
Permanente da Polícia Civil do Estado ficam dispensados da prova de
capacitação física e de investigação social a que se referem o inciso, I, “in
fine”, deste artigo, e o § 2°, “in fine”, do artigo 11”. 1. Não há razão para
se tratar desigualmente os candidatos ao concurso público,
dispensando-se, da prova de capacitação física e de investigação social, os
que já integram o Quadro Permanente da Polícia Civil do Estado, pois a
discriminação implica ofensa ao princípio da isonomia. 2. Ação Direta de
Inconstitucionalidade julgada procedente pelo Plenário do S.T.F. (ADI
1072-RJ)
Lúcia Figueiredo explica que a impessoalidade pode levar à
igualdade, mas com ela não se confunde. É possível haver tratamento igual a
determinado grupo (que estaria satisfazendo o princípio da igualdade), porém,
se ditado por conveniências pessoais do grupo e/ou do administrador, estará
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infringindo a impessoalidade. É verdade que estão próximos os princípios, mas
certamente não se confundem.
1.4.1.3. Moralidade
A ilegalidade mais grave é a que se oculta sob a aparência de legitimidade. A violação
maliciosa encobre os abusos de direito com a capa de virtual pureza (por Caio Tácito).
O princípio da moralidade passou a ser explícito, em termos
constitucionais, a partir de 1988.
Na doutrina francesa, Maurice Hauriou, depois de diferenciar a
moral comum da moral jurídica, define a moralidade jurídica como o conjunto de
regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração.
Portanto, a conduta da Administração deve ser mais exigente do
que simples cumprimento da frieza das leis. Deve-se divisar o justo do injusto,
o lícito do ilícito, o honorável do desonorável, o conveniente do inconveniente.
A moralidade passa a ser pressuposto de validade dos atos do Estado, sendo
que em toda a atuação estatal deverão estar presentes princípios da lealdade, da
boa-fé, da fidelidade funcional, dentre outros, atinentes à moralidade.
Lealdade, boa-fé, honestidade são preceitos éticos desejados pela
sociedade que nos remunera direta ou indiretamente. Por isso, o princípio da
moralidade pode ser considerado a um só tempo dever do administrador e
direito público subjetivo.
A probidade é um aspecto da moralidade. De acordo com o
Dicionário Aurélio (eletrônico), probidade diz respeito à integridade de caráter,
honradez, ou seja, conceito estreitamente correlacionado com o de moralidade
administrativa.
É de interesse a distinção entre a legalidade e moralidade,
enquanto princípios, os quais, por razões óbvias, não podem ser entendidos
como sinônimos perfeitos.
Pelo princípio da legalidade, a Administração Pública só pode
atuar de acordo com o que a lei estabelece ou autoriza. Já a moralidade é um
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dos conceitos que conta com um dos maiores graus de abstração no mundo
jurídico: o que seria a “moral”?
Ainda que o conceito seja passível de inúmeras interpretações, é
claro que sua definição perpassa por uma noção muito subjetiva, influenciada,
ainda, pelo momento histórico vivido. Exemplo disso é o nepotismo, tratado
mais à frente.
Há dez, vinte anos, seria impensável alguma autoridade judicial
dizer que a prática do nepotismo não se alinhava ao princípio da moralidade.
Hoje, felizmente, nosso direito evoluiu, e a nomeação de parentes para cargos
de chefia passou a ser refutada pela sociedade, bem como por tribunais judiciais.
O princípio da moralidade tem profunda relação com o “padrão
de comportamento” desejável dos agentes públicos, estreitando-se com o que
poderia nominar, sinteticamente, por ética.
Por fim, ressalto que legal e moral são qualificativos próximos,
mas não idênticos. Ambos têm origem em um mesmo conceito: a conduta, mas
possuem círculos de abrangência diferenciados.
Ainda sobre o tema, vejamos jurisprudência do STJ, que demarca,
com clareza, a autonomia do princípio da moralidade em face do princípio da
legalidade:
A constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, com os mesmos sócios e
com o mesmo endereço, em substituição a outra declarada inidônea para licitar com a
Administração Pública Estadual, com o objetivo de burlar a aplicação da sanção
administrativa, constitui abuso de forma e fraude à Lei de Licitações, Lei n.º
8.666/93, de modo a possibilitar a aplicação da teoria da desconsideração da
personalidade jurídica para estenderem-se os efeitos da sanção administrativa à nova
sociedade constituída.
A Administração Pública pode, em observância ao princípio da moralidade
administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos
tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica de sociedade constituída com abuso
de forma e fraude à lei, desde que facultado ao administrado o contraditório e a ampla
defesa em processo administrativo regular.
26
Ainda que se trate de conceitos concêntricos (ou secantes) (origem
em idêntico conceito: a conduta), moralidade e legalidade distinguem-se:
cumprir aparentemente a lei não implica necessariamente a observância da
moral.
Por exemplo: nos termos da Lei 8.666, de 1993, o chefe da divisão
de Licitações não pode participar da licitação, mas, a rigor, não há impedimento
de o filho participar da licitação, certo?
Acontece que o filho tem 16 anos, porém, na condição de
empresário, pode ser emancipado. Abre a empresa e, por coincidência do
destino, vence a licitação no órgão em que o pai é chefe do setor de licitações.
Durante um trabalho de fiscalização pela Controladoria-Geral da
União ou pelo TCU detecta-se o fato acima. Então, há ilegalidade? Claro que
não! Há imoralidade? Difícil, não é verdade.
Acontece que todas as notas fiscais de serviços da empresa foram
emitidas, durante 6 anos, exclusivamente para o referido órgão. E agora?
Induvidosamente houve imoralidade.
1.4.1.4. Publicidade
Ultimamente, tem-se desenvolvido a ação administrativa denominada “chamada
pública”, por meio da qual a Administração pública edital com o objetivo de divulgar
a adoção de certas providências específicas e convocar interessados para participar da
iniciativa, indicando, quando for o caso, os critérios objetivos necessários à seleção.
(Carvalho Filho)
27
exigência, por exemplo, do devido processo legal (art. 5º, inciso LV, da
Constituição Federal), afinal os princípios da ampla defesa e do contraditório
só podem ser efetivados se existente a publicidade.
A publicidade, apesar de não ser elemento de formação dos atos,
constitui-se requisito de sua moralidade e eficácia entendida esta última como
aptidão do ato para produção dos seus efeitos. Sobre o tema, façamos a leitura
do §1º do art. 61 da Lei 8.666, de 1993:
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus
aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua
eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte
ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que
seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.
Além da transparência, para Diógenes Gasparini os seguintes
objetivos podem ser cumpridos por meio da publicidade:
Permitir o controle dos atos da Administração Pública,
dando, inclusive, oportunidade ao controle social, assim entendido aquele
realizado pela própria coletividade. Este fim possui estreita correlação com a
transparência e com o princípio democrático: compreendendo-se democracia
como governo do povo, é preciso que o povo saiba o que é feito com os
recursos entregues à Administração Pública, por meio dos tributos que paga.
Desencadear o decurso dos prazos de interposição de
recursos, que são contados a partir do momento em que o ato se torna público.
Lembramos que se o ato alcança estranhos aos quadros da Administração
deverá, salvo exceções, ser publicado;
Marcar o início dos prazos de decadência e prescrição
administrativas.
Carvalho Filho registra que o princípio da publicidade deve ser
harmonizado, no entanto, com os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade. Sobre o tema, o STF declarou inconstitucional dispositivo de lei
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que previa a obrigatoriedade de publicação dos custos dos atos do Executivo
efetuados em jornais ou veículos similares (ADI 2472).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PRINCÍPIOS - EXTENSÃO. Surgindo,
no ato normativo abstrato, a óptica, assentada em princípio básico da Administração
Pública, de observância apenas em relação ao Executivo, tem-se a lei como a conflitar
com a razoabilidade. (ADI 2472, STF)
29
Na falta de disposição legal específica, a regra é que atos externos
ou internos (com efeitos externos), por alcançarem particulares estranhos ao serviço
público, devam ser divulgados por meio de publicação em órgão oficial (diários
oficiais).
Atos interna corporis dos órgãos/entidades administrativos também
necessitam ser divulgados, mas não demandam publicação em diários oficiais.
Por isso, muitos órgãos acabam criando boletins internos, cuja função principal
é exatamente dar publicidade aos atos internos da instituição.
1.4.1.5. Eficiência
O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais
importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a
execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional (por
Fernanda Marinela).
Também chamado de princípio da qualidade dos serviços
públicos, inserido no texto da CF/1988 por meio da Emenda Constitucional
19/1998, a denominada emenda da “Reforma Administrativa”, assunto
importante não só para a nossa matéria, o Direito Administrativo, mas,
sobretudo, para a matéria de Administração Pública.
O princípio da eficiência pode ser analisado em confronto com o
art. 70 da Constituição Federal, no qual está disciplinado o controle da
Administração Pública Federal, realizado pelo Congresso Nacional, com o
auxílio do TCU (art. 70 da CF/1988).
No âmbito da Corte de Contas Federal, é firme o entendimento
de que o controle da Administração Pública deve considerar não só aspectos
restritos de legalidade. De outra forma, devem ser levados em consideração
aspectos relacionados à otimização do gasto público, ou seja, a eficiência na
utilização de tais valores.
É o que se conclui a partir do citado art. 70 da CF/1988, ao
estabelecer o controle da Administração também quanto à legitimidade e
30
economicidade, enfim, se houve eficiência ou não no dispêndio dos recursos
públicos.
Em outra ótica, o dever de eficiência corresponde ao “dever de boa
administração”, já consagrado entre nós desde a Reforma Administrativa Federal
em 1967 (Decreto-lei nº 200). Essa “antiga” norma submete toda atividade do
Executivo Federal ao controle de resultado (art. 13 e inc. V do art. 25), fortalece
o sistema de mérito (art. 25, VII), sujeita a Administração indireta à supervisão
ministerial quanto à eficiência administrativa (art. 26, III) e recomenda a
demissão ou dispensa do servidor comprovadamente ineficiente ou desidioso
(art. 100).
O princípio ou dever de eficiência impõe-se a toda Administração
Pública (art. 37, caput, da CF/1988). Parte da doutrina entende que, caso atue
eficientemente, o agente público exercerá suas atribuições com perfeição,
rendimento funcional, rapidez, em síntese, deve ser eficiente.
Sobre o tema, vejamos, abaixo, manifestação do STJ (Recurso
Especial 1.044.158):
ADMINISTRATIVO. APOSENTADORIA. ATRASO NA
CONCESSÃO. INDENIZAÇÃO.PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.
ART. 49 DA LEI Nº 9.784/99. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL
NÃO DEMONSTRADA. SÚMULA 13/STJ.
1. Ao processo administrativo devem ser aplicados os princípios constitucionais
insculpidos no artigo 37 da Carta Magna.
2. É dever da Administração Pública pautar seus atos dentro dos princípios
constitucionais, notadamente pelo princípio da eficiência, que se concretiza também pelo
cumprimento dos prazos legalmente determinados.
3. Não demonstrados óbices que justifiquem a demora na concessão da aposentadoria
requerida pela servidora, restam malferidos os princípios constitucionais elencados no
artigo 37 da Carta Magna.
4. Legítimo o pagamento de indenização, em razão da injustificada
demora na concessão da aposentadoria.
5. No caso, como a lei fixa prazo para a Administração Pública examinar o
requerimento de aposentadoria, o descumprimento desse prazo impõe ao administrador
competente o dever de justificar o retardamento, o que gera uma inversão do ônus
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probatório a favor do administrado. Assim, cabe ao Estado-Administração justificar o
retardo na concessão do benefício. Se não o faz, há presunção de culpa, que justifica a
indenização proporcional ao prejuízo experimentado pelo administrado.
6. "A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial".
7. Recurso especial conhecido em parte e provido.
Sobre o tema, o Tribunal de Contas da União, no Acórdão 277,
de 2003, considerou legal a realização de licitação na modalidade Pregão para
aquisição de veículos, dando como parte do pagamento bens inservíveis da
Administração. Perceba que, nesse caso, a Administração agiu com eficiência,
evitando-se a realização de duplo procedimento de licitação (pregão para a
aquisição de novos veículos, e leilão para a alienação dos antigos).
Alguns ainda entendem a eficiência como o mais “moderno”
princípio de Administração Pública, que já não se contenta em dar
cumprimento estrito à norma, mas exige de si resultados positivos para os
serviços que presta, atendendo de forma satisfatória os cidadãos destinatários
das ações públicas, que deixam de ser vistos como meros contribuintes e
passam a ser reconhecidos como clientes.
Essa noção de “cidadão-cliente” é um dos principais valores da
Nova Administração Pública (ou Administração Gerencial), e pode ser
entendida como um movimento teórico que preceitua a mudança de orientação
nos valores centrais da Administração Pública: do formalismo impessoal da
Administração Burocrática para a eficiência da Administração Gerencial.
A Administração Pública Gerencial, o interesse público relaciona-
se com o interesse da coletividade, os interesses públicos primários, portanto.
É nesse sentido que o cidadão passa a ser visto como cliente, contribuindo com
os impostos que são de sua incumbência, mas cobrando resultados por parte da
Administração. No entanto, o princípio da eficiência não pode (deve) deixar em
segundo plano o princípio da legalidade, os princípios, como vimos, devem
conciliar-se.
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Nem todos os princípios aplicáveis à Administração Pública
acham-se explícitos no texto constitucional. Ainda que assim não chamados
expressamente pela CF, de 1988, há princípios que podem ser desta extraídos.
São exemplos: o princípio da motivação; princípio da razoabilidade; princípio
da proporcionalidade, o princípio da autotutela; princípio da supremacia do
interesse público a seguir listados.
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omissão. Assim, a autoridade não pode renunciar ao exercício das competências
que lhe são outorgadas por lei; não pode deixar de punir quando constate a
prática de ilícito administrativo; não pode deixar de exercer o poder de polícia
para coibir o exercício dos direitos individuais em conflito com o bem-estar
coletivo; não pode deixar de exercer os poderes decorrentes da hierarquia; não
pode fazer liberalidade com o dinheiro público. Cada vez que ela se omite no
exercício de seus poderes, é o interesse público que está sendo prejudicado.
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fundamento nas normas jurídicas em vigor (decretos, regulamentos, leis,
instruções normativas etc.). No contraste de tais diplomas normativos com o
exercício funcional do servidor é que o Poder Judiciário poderá desfazer os atos
eivados de ilegalidade. Assim, se a Administração pratica ato desviado de sua
finalidade ampla, isto é, o cumprimento dos interesses públicos, há legitimidade
para que o órgão judicial possa exercer o controle sob tal ato. O que venha a
ser o mérito administrativo? Deve ter sido esta a pergunta feita por alguns.
Explica-se:
Diferentemente da legalidade, o mérito administrativo
corresponde à liberdade (com limites) de a autoridade administrativa escolher
determinado comportamento e praticar o ato administrativo correspondente,
referindo-se ao juízo de valor sobre a conveniência e a oportunidade da prática
do ato administrativo, dentro dos limites admissíveis estabelecidos na ordem
jurídica.
Em decorrência do mérito administrativo, a Administração pode
decidir ou atuar valorando internamente as consequências ou vantagens do ato,
traduzindo-se, pois, na valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato,
feitas pela Administração incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir
sobre a conveniência oportunidade e justiça do ato a realizar. Em síntese, o
mérito administrativo poderia ser definido com uma espécie de liberdade
administrativa, a qual, contudo, não é ilimitada.
Como exemplo, tomemos a licença-capacitação, prevista no art.
87 da Lei Federal 8.112, de 1990:
Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse da
Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva
remuneração, por até três meses, para participar de curso de capacitação profissional.
Percebe-se que cabe à Administração Pública deferir ou negar o
pedido da licença-capacitação, conforme tenha interesse ou não, no curso
pretendido pelo servidor público. Fica a pergunta, então: quando a atuação é
discricionária, e, por consequência quando há mérito no ato administrativo?
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Basicamente, pode-se apontar que há discricionariedade em três
casos (por Maria Sylvia Di Pietro):
I) a própria lei concede a possibilidade à Administração de agir de forma
discricionária, como no caso de remoção de ofício do servidor, para atender necessidade de
serviço;
II) a lei é omissa, visto que não há viabilidade de se prever por meio de normas
de cunho geral e abstrato todas as hipóteses que surgirão para a decisão administrativa. Assim
cabe à Administração decidir, em razão do “vazio da norma”, sempre tendo em conta o
interesse público que deve ser atingido; e
III) a lei prevê certa competência, mas não a conduta a ser adotada, diante de
determinada situação. É o caso, por exemplo, do poder de polícia, para cujo exercício é
impossível traçar todas as condutas cabíveis diante de lesão ou ameaça de lesão à vida, à
segurança pública etc.
Nesse contexto, é clássica a afirmativa que não cabe ao Judiciário
rever os critérios adotados pelo administrador, a não ser que sob a rotulação de
mérito administrativo encontre-se inserida qualquer ilegalidade resultante de
abuso ou desvio de poder. De fato, não fosse assim, seria melhor o Juiz
substituir o administrador, assumindo o papel deste. Todavia, a doutrina mais
moderna tem apontado que é cada vez menor a discricionariedade da
Administração, em razão da ampliação dos fundamentos que permitem o
controle judicial dos atos administrativos.
Por oportuno, cabe registrar que o Judiciário, para que se
pronuncie sobre a legalidade dos atos de modo geral precisa ser ‘provocado’,
isto é, demandado, não sendo comum o Juiz ou o Tribunal se pronunciarem de
ofício sobre a legalidade dos atos administrativos.
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A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.
Enfim, a Administração tem a prerrogativa de policiar seus
próprios atos, retirando os atos inconvenientes por revogação, e os ilegais por
anulação.
O art. 54 da Lei Federal 9.784/1999 (Lei do Processo
Administrativo Federal) estabelece um limite temporal para a correção, ao
dispor que o direito de a Administração anular atos administrativos que tenham
produzido efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos a partir
da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
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comissão é desnecessária a motivação do ato. Todavia, claro que haverá um
motivo para tal exoneração (v.g. um pedido formulado pelo próprio servidor),
o qual, por permissão da lei, não precisa ser exposto. Logo, todo ato tem
motivo, mas nem todo ato precisa ser motivado.
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processos judiciais e administrativos. No entanto, referido princípio encontra
previsão expressa na Lei de Processo Administrativo Federal (Lei 9.784/99, art.
2º), na qual o princípio pode ser traduzido como a vedação de obrigações,
restrições e sanções superiores àquelas estritamente necessárias.
Nesse contexto, o princípio da razoabilidade destaca-se como
importante instrumento de controle da atividade legislativa, bem como na
aplicação no exercício da discricionariedade administrativa, servindo como
garantia da legitimidade da ação administrativa, evitando-se a prática de atos
arbitrários e com desvio de finalidade.
Trata-se do princípio da proibição de excessos. Ele representa um
limite para a discricionariedade do administrador, exigindo uma relação de
pertinência entre oportunidade e conveniência, de um lado, e finalidade legal do
outro.
As decisões que violarem a razoabilidade não serão
inconvenientes, e sim, ilegais e ilegítimas, porque ofenderão a finalidade da lei,
por ofenderem princípio constitucional implícito, admitindo correção, inclusive
pelo Poder Judiciário, que estará realizando tão somente controle de legalidade
(legalidade em sentido amplo). Esta análise será pautada na verificação da
compatibilidade com o sistema de valores da Constituição e do ordenamento
jurídico.3
A razoabilidade tem vocação autônoma, sendo embasado pelos
princípios da legalidade e da finalidade.
Nesse contexto, interessante observar que o princípio da
razoabilidade constituirá um dos principais fundamentos para controle dos atos
administrativos. Sobretudo em atos discricionários, o controle da razoabilidade
administrativa é fundamental, eis que em tais atos a Administração conta com
certo grau de liberdade, o qual, contudo, não pode ultrapassar os limites do
“razoável”.
3
Marinela, Fernanda. Curso de Dir. Administrativo, 6ª ed. Ed. Impetus, 2012, pág 54/55.
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Mas então, quais seriam esses limites? Só o caso específico permite
concluir. É fato inequívoco que a conduta desarrazoada é ilegítima, uma vez
que arbitrária, excedendo os contornos dados pela Lei.
4
Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva, 2016.
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vantajosa para a administração e a promoção de
desenvolvimento nacional sustentável, e será processada e
julgada em estreita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
da publicidade, da probidade administrativa da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que
sejam correlatos.
41
Este princípio veda o estabelecimento de condições que
impliquem preferência em favor de determinados licitantes em detrimento dos
demais.
42
ao Princípio da Legalidade. Ainda mais, sendo aquele de conteúdo mais
abrangente que este.
Exemplo de conduta moral nas licitações é o disposto no art. 9º
da Lei nº 8.666/93, que proíbe a participação direta ou indiretamente na
licitação ou na execução de obras/serviços e no fornecimento de bens o autor
do projeto básico ou do projeto executivo, pessoa física ou jurídica, bem como,
proíbe a participação de servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante
que seja responsável pela licitação.
Como dito anteriormente, o Princípio da Probidade, não deve
sofrer restrição em confronto com o Princípio da Legalidade. Isso significa
dizer que, qualquer situação que não se encontre proibida por lei, mas que
importe em violação do dever de probidade imposto ao servidor público deve
ser rechaçada por ser incompatível com o ordenamento jurídico.
O Supremo Tribunal Federal por meio da ação penal 409, traz
algumas considerações acerca do princípio da probidade administrativa, in verbis:
“A probidade administrativa é o mais importante conteúdo do Princípio da
Moralidade Pública, donde o modo particularmente severo como a Constituição
reage à violação dela. É certo que esse regulamento constitucional não tenha
forças de transformar em ilícitos penais, práticas que eventualmente ofendam o
cumprimento de deveres, simplesmente administrativo. Daí porque a influência
da norma penal referida pelo Ministério Público está a depender da presença de
um claro elemento subjetivo: a vontade livre e consciente de lesar o interesse
público. Pois bem, assim que se garante distinção, a meu sentir necessária, entre
atos próprios do cotidiano político administrativo (controlados, portanto,
administrativa e judicialmente nas instâncias competentes) e atos que revelam o
cometimento de ilícitos penais. E de outra forma não pode ser, sob pena de se
transferir para a esfera penal a resolução de questões que envolvam a ineficiência,
a incompetência gerencial e a responsabilidade política-administrativa. Questões
que se resolvem no âmbito das ações de improbidade administrativa.
44
Instrumento Convocatório, pelo contrário, deve o
administrador usar do seu poder discricionário nunca
arbitrário e sua capacidade de interpretação para buscar
melhores soluções para dificuldades concretas.
Podemos inferir que, o Princípio da Vinculação ao Instrumento
Convocatório não significa dizer adotar exigências desnecessárias a impedir o
andamento normal da licitação. Nesse mesmo sentido, temos decisão do STJ,
ao prolatar que “A Administração que julga como vencedora licitante que apresenta
proposta com requisitos superiores ao mínimo exigido no edital, não estaria a Administração
incorrendo em violação ao Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório; desde que,
o gênero do bem licitado permaneça inalterado e seja atendido o requisito do menor preço.”
(RO nº 15.817/2005/RS, 2ª Turma, Rel. João Otávio de Noronha).
Mister recordar que o Princípio da Vinculação ao Instrumento
Convocatório não obriga tão somente a Administração mas também ao
particular participante ou não do processo licitatório.
Art. 41, §1º da lei nº 8.666/93 diz que: qualquer cidadão é parte
legitima para impugnar edital de licitação por irregularidade na
aplicação desta lei, devendo protocolar o pedido até cinco dias úteis
antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação,
devendo a administração julgar e responder a impugnação em três
dia uteis.
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Em outras palavras, quem participa da licitação não pode esperar
pelo momento mais oportuno, como sua inabilitação ou desclassificação para
impugnar o edital. O que se pretende evitar é que o licitante, usando de sua
inabilitação ou desclassificação utilize a impugnação ao edital como forma de
prejudicar ou postergar o processo licitatório.
Sendo assim, o licitante, dispõe de dois dias úteis antes da
abertura da proposta, para impugnar o edital. Ultrapassado esse período ele
não terá mais direito de impugnar o edital, com fundamento em falhas e
irregularidade que viciariam o edital.
O Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório também
não deve ser entendido como se o edital ou convite fossem imutáveis, ou seja,
não podendo de forma nenhuma sofrer qualquer tipo de alteração. Não, isso
não ocorre, pelo contrário, havendo real e efetiva necessidade de ser feita
alguma modificação no edital, esta deve ser procedida pela administração
pública.
A Lei nº 8.666/93, no art. 21, §4º, diz que: qualquer modificação no
edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original. Abrindo-se o prazo
inicialmente estabelecido, exceto quando inquestionavelmente a alteração não afetar a
formulação das propostas. Assim, o edital ou convite quando necessário podem
sofrer alteração, sendo exigido pela lei nova divulgação do edital ou convite
caso haja alguma modificação na formulação das propostas.
Em síntese, o Princípio da Vinculação ao Instrumento
Convocatório, não significa dizer que a administração deve adotar formalismos
em excesso, como também, não denota que o edital ou convite não poderá
sofrer algumas alterações, indo além, vincula tanto a administração como os
administrados.
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O Princípio do Julgamento objetivo estabelece que critérios
objetivos devem nortear a atuação da Administração Pública, extraindo do
administrador toda subjetividade possível. O art. 44 da lei 8.666/93 prevê que
“No julgamento das propostas, a comissão levará em consideração os critérios objetivos
definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios
estabelecidos por esta lei.” (grifos nossos)
Portanto, pelo Princípio do Julgamento Objetivo previsto na Lei
nº 8.666/93, o julgamento das propostas nas licitações deve adotar critérios
objetivo previamente definidos no edital ou convite. Assim, não sendo possível,
a comissão de licitação definir novos critérios conforme o andamento do
certame.
O art. 3º, §2º da Lei nº 8.666/93, apresenta alguns critérios de
desempate, por ocasião do julgamento das propostas, vejamos:
Em igualdade de condições como critério de desempate será assegurada
preferência sucessivamente aos bens e serviços:
I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010);
II - produzidos no país;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e
no desenvolvimento de tecnologia no país. (Incluído pela Lei nº 11.196,
de 2005);
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento
de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para
reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de
acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015)
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Isto mesmo! A Administração Pública não está obrigada a firmar contrato com
o vencedor da licitação.
A Administração está obrigada a, havendo a necessidade de
contratação, firmar contrato com o vencedor da licitação preterindo os demais.
O licitante vencedor não tem direito subjetivo a contratação, mas sim,
expectativa de direito. O licitante vencedor não pode exigir da Administração
Pública que, após homologação da licitação, seja celebrado contrato com a
Administração Pública.
No Acórdão nº 868 de 2006, da Segunda Câmara do Tribunal de
Contas da União (TCU), órgão colegiado, afirma que: “O fato de o objeto de um
dado certame ter sido adjudicado a uma empresa não implica em direito subjetivo
da mesma em obter a contratação. O direito do adjudicatário é o de ser convocado
em primeiro lugar, caso a Administração decida celebrá-lo.”
Conforme vastamente pacificado pela jurisprudência e pela
doutrina, reforçamos que, AO FINAL DA LICITAÇÃO, NÃO HÁ
OBRIGATORIEDADE PARA A ADMINISTRAÇÃO NA CELEBRAÇÃO
DE CONTRATO COM O LICITANTE VENCEDOR.
No entanto, ao ser convocado o licitante vencedor deverá este
comparecer no prazo e condições estabelecidas no edital, sob pena de ser
chamado o remanescente. Essa é a previsão do art. 64, §2º da Lei nº 8.666/93,
ao afirmar que:
“quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou
retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos,
convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-
lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro
classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com
o ato convocatório, ou revogar a licitação independentemente da cominação
prevista no art. 81 desta Lei. Assim, a Lei nº 8.666/93, estabelece
apenas a ordem de prioridade que tem a administração obrigação de
verificar ao celebrar o contrato em determinado certame.”
49
a administração não queira mais celebrar o contrato não terá o licitante vencedor, direito
subjetivo a contratação.”
Reforcemos a ideia. O momento da Adjudicação nas licitações
dará tão somente expectativa de direito ao licitante vencedor, não
obrigando a administração a celebração do contrato.
50
Administração alegue irregularidade no fornecimento do instrumento de
internet.
Acredita-se, ainda conforme o entendimento do TCU que, seria
mais razoável buscar uma solução para a questão no fornecimento da internet
do que gerar uma despesa adicional completamente dispensável ao certame para
o licitante.
51
vigora o juízo administrativo que é pautado pela justiça distributiva, que nada
mais é a realização do interesse público.
Portanto, o Princípio da finalidade exige que o processo
administrativo seja conduzido da melhor maneira a fim de se alcançar a
finalidade prevista em lei, justificando o ato emitido.
Em uma visão mais vanguarda, tal princípio determina que no
processo sejam apresentados os critérios e os elementos que fundamentarão a
decisão final, tudo com vista a concretizar o interesse público.
52
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, decai em cinco anos
contados da data que foram praticados, salvo comprovada má-fé.”
Os atos emanados pelo Estado que confere algum direito ao
administrado não estão submetidos à revogação por parte da Administração a
qualquer momento, por sua conveniência e oportunidade. A Lei nº 9.784/99
prevê um prazo de cinco anos para que a Administração promova a revogação
de atos que decorram direitos, sob pena de não serem mais questionáveis por
prazo indeterminado.
Assim fica limitado o poder de autotutela administrativa do
Estado e, em consequência, não mais poderá a administração abolir os efeitos
favoráveis que o ato produziu para o seu destinatário.
José Carvalho Filho em reflexão ao Princípio da segurança jurídica
e ao Princípio da confiança afirma que: “Em nosso entender, porém não se pode levá-
lo ao extremo para o fim de salvaguardar meras expectativas fáticas ou jurídicas, como já
ocorrem em outros sistemas, semelhante direção ele diria o próprio desenvolvimento do Estado
e de seus projetos em prol da coletividade, o que esse pretende é que o cidadão não seja
surpreendido ou agravado pela mudança inesperada de comportamento da Administração sem
o mínimo respeito as situações formadas e consolidadas no passado, ainda que não se tenha
convertido em direito adquirido.”
O que se pode notar é que para José Carvalho Filho, a aplicação
do Princípio da segurança jurídica e da confiança precisa ser bem pensado, a
fim de não presenciarmos uma limitação ao Poder do Estado que cause
prejuízo, inclusive, a toda coletividade.
Neste momento, podemos invocar o Princípio do Interesse
Público para afirmar que não podemos prejudicar uma coletividade em prol de
uma minoria, de uma minoria não com direitos concretos, mas apenas com
expectativa do direto.
Por isso mister o administrador ao interpretar o Princípio da
segurança e da confiança ter essa sensibilidade de reconhecer se estamos diante
53
de diretos ou de expectativa de direito para que possa a administração adotar as
medidas necessárias à proteção do direito adquirido, à proteção das situações já
consolidadas.
2.RESPONSABILIDADE FISCAL
54
A sustentabilidade da LRF reside no planejamento governamental,
responsabilização, transparência e controle. O planejamento governamental
ganha importância porque este tem como instrumentos o Plano Plurianual de
Investimentos (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei
Orçamentária Anual (LOA), e o orçamento também ganha importância. A LRF
disciplina o relacionamento entre os entes federativos e entre os poderes e a
participação popular é consagrada.
A LRF impõe normas sobre: planejamentos orçamentários,
financeiros e econômicos; dívida e endividamento; despesas com pessoal;
estimativas do impacto das despesas no orçamento e no financeiro; receitas para
as despesas obrigatórias continuadas; transparência; controle social; e
fiscalização.
A nova ideia trazida nesta Lei com relação às outras leis do setor
público, foi a de responsabilizar a área de gestão financeira dos órgãos e poderes
públicos, a partir de um acompanhamento sistemático de desempenho da
Administração Pública. A referida Lei busca o compromisso do gestor público
com uma política fiscal responsável. A atribuição de responsabilidades ao gestor
foi consolidada a partir da publicação da Lei 10.028, de 19 de outubro de 2000.
Os objetivos desta Lei são os seguintes:
Enfatizar o planejamento nas ações governamentais;
Dotar a Administração Pública de instrumentos legais para
o atingimento do equilíbrio das contas públicas mediante cumprimento de
metas fiscais, bem como as medidas de correção de eventuais desvios;
Estabelecer o controle social, mediante a utilização de
mecanismos de transparência das contas públicas.
Estão sujeitos à Lei de Responsabilidade Fiscal os Poderes
Executivo, Legislativo, Judiciário e os Tribunais de Contas, bem como o
Ministério Público e os demais órgãos da administração direta, fundos,
55
autarquias, fundações e empresas estatais subordinadas. Tais órgãos podem
aprovar as contas ou não.
5SANTOS, Clezio Saldanha dos. Introdução à Gestão Pública. São Paulo: Saraiva, 2006.
6 SILVA, Cleber Demetrio Oliveira da. 01/2007. Gestão Pública. Disponível em:
<http://www.rzoconsultoria.com.br/noticias>. Acesso em: 14 jan. 2016.
56
Estado na realização do bem comum estabelecido politicamente e dentro das
normas administrativas.
Infelizmente, a grande maioria dos agentes políticos desconhece
totalmente esta importante ferramenta que está à sua disposição, resultando em
gastos públicos inadequados ou equivocados, ineficiências na prestação de
serviços públicos e, sobretudo, no prejuízo financeiro e moral da sociedade.
Portanto, o gestor público não precisa temer a gestão pública, por receio de
perda de poder político, mas ao contrário, deve conhecê-la e utilizá-la como forma inteligente
de aumento de seu prestígio político porque somente através dela será possível dirigir política e
administrativamente uma pessoa ou organização estatal com objetividade, racionalidade e
eficiência7.
A gestão pública, portanto, considerando o princípio econômico
da escassez, em que as demandas sociais são ilimitadas e os recursos financeiros
para satisfazê-las são escassos, deve priorizar a administração adequada, eficaz
e eficiente de tudo aquilo que for gerado no seio social, sempre tendo em vista
o interesse do coletivo.
Somados ao conceito de gestão pública, é relevante entender o que
vem a ser o moderno dentro dessa análise, portanto, usam-se as concepções de
alguns autores como Bueno e Oliveira8, que conceituam ser a modernização da
administração carregada de objetivos a serem cumpridos, como: combater o
patrimonialismo e o clientelismo vigentes durante tantos anos; melhorar a
qualidade da sua prestação de serviços à sociedade; aprimorar o controle social;
fazer mais ao menor custo possível, aumentando substancialmente a sua
eficiência, pois não há recursos infinitos disponíveis para o alcance de todas as
demandas sociais, conforme conceituam.
A nova Gestão Pública, portanto, renova e inova o funcionamento
da Administração, incorporando técnicas do setor privado, adaptadas às suas
57
características próprias, assim como desenvolve novas iniciativas para o logro
da eficiência econômica e a eficácia social, subjaz nela a filosofia de que a
administração pública oferece oportunidades singulares, para melhorar as
condições econômicas e sociais dos povos.
Essa nova gestão se baseia na informação, cuja essência assume o
caráter do conteúdo da ação de ter que ser transmitida, depois de analisada e
armazenada, bem como ser liberada, para que possa servir para as futuras
tomadas de decisões, para novo controle e para a subsequente avaliação.
Atenção: resume-se que a gestão pública moderna tem como
fundamento um conteúdo ético, moral e legal por parte daqueles que
dela participam, tendo como objetivo a crença no resultado positivo da
política pública a ser implementada e na credibilidade na administração
pública exercida pelos mesmos.
58
relacionados no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, tais como legalidade,
moralidade, impessoalidade, economicidade e eficiência.
2.2.1. LEGISLAÇÃO
2.2.2. ATRIBUIÇÕES
59
Prestar contas, anualmente, de sua gestão, por intermédio
de um processo de tomada de contas a ser julgado pelo Tribunal de Contas e
por outros meios definidos em regulamento próprio do ente público;
Autorizar a realização da despesa pública, a qual, quando se
tratar da Administração Pública Direta e suas Autarquias e Fundações, estará
condicionada, além de à devida autorização do gestor, ao prévio empenho, em
que é reservada dotação consignada em lei orçamentária para o pagamento de
obrigação decorrente de lei, contrato ou ajuste firmado pelo ente público;
Ordenar o pagamento da despesa pública, o que, no caso
da Administração Pública Direta, suas Autarquias e Fundações, deverá ser
precedido do devido gravame de empenho, bem como da liquidação da
despesa, que consiste na verificação do efetivo direito do credor, tendo como
base os documentos comprobatórios do respectivo crédito;
Exercer, na condição de administrador, o acompanhamento
e o controle, em termos físicos e financeiros, da execução do orçamento e dos
programas de trabalho do ente público, verificando, diretamente ou por suas
chefias de confiança, a legalidade dos atos de gestão praticados e o
cumprimento das metas e regras estabelecidas;
Responsabilizar-se por uma gestão fiscal que assegure o
equilíbrio das contas do ente público, prevenindo riscos ou evitando desvios
que resultem em déficit de natureza orçamentária, financeira ou de resultado;
Zelar pela salvaguarda e proteção dos bens, direitos e
valores de propriedade do ente público;
Autorizar a celebração de contratos, convênios e ajustes
congêneres, atendendo aos interesses e às finalidades do ente público, bem
como homologar processos licitatórios realizados e prestações de contas de
convênios;
Determinar, quando da ocorrência de danos ao erário ou da
prática de infração funcional, a instauração, conforme o caso, de sindicância,
60
inquérito, processo administrativo disciplinar (PAD) ou tomada de contas
especial (TCE), devendo esta ser encaminhada ao Tribunal de Contas;
Promover a administração de pessoal, autorizando, se
previsto em norma legal ou regulamento, a contratação, nomeação, designação,
demissão ou exoneração de servidores, bem como atestando a efetividade dos
servidores, responsabilizando-se pela aplicação de penalidades previstas em
norma, em razão da prática de infrações funcionais.
9 SILVA, Lino Martins da. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo. 5ª.ed. São Paulo, 2002.
61
atenção redobrada na elaboração e nos prazos de divulgação das novas
formas de prestação de contas”.
2.4. RESPONSABILIZAÇÃO
62
2.4.1. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
63
penalidade correspondente a uma multa e/ou à devolução do valor equivalente
ao prejuízo sofrido pelo ente público.
64
dos Crimes Contra a Administração Pública e, particularmente, no capítulo Dos
Crimes Contra as Finanças Públicas. Existem, no entanto, leis especiais que
também criminalizam certas condutas relacionadas à gestão pública, como, por
exemplo, a Lei de Licitações (Lei Federal nº 8.666/93) e a Lei Federal nº
1.079/50 (Lei dos Crimes de Responsabilidade).
65
O legislador preocupou-se com esse período e editou normas que
constam na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000).
A LRF, ao tratar das normas que vigorarão no encerramento de
exercício financeiro, deixou expressamente vedada ocorrências relacionadas ao
controle de despesa total com pessoal, recondução da dívida consolidada, operações de crédito
por antecipação de receita orçamentária e efeitos do orçamento em relação a direitos de terceiros.
66
I – estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa,
inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do
principal atualizado da dívida mobiliária;
II – obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao
limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na
forma do art. 9º.
§ 2º Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto
perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de receber
transferências voluntárias da União ou do Estado.
§ 3º As restrições do § 1º aplicam-se imediatamente se o montante da
dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do
mandato do Chefe do Poder Executivo”.
67
Portanto, de forma direta, as vedações da LRF, na forma do
artigob 42, são as abaixo listadas, de 1º de maio a 31 de dezembro:
Contrair obrigação de despesa, nos últimos 8 meses, que
não possa ser cumprida (paga) integralmente dentro do mandato;
Parcelas a serem pagas no exercício seguinte devem ter
correspondente disponibilidade de caixa (dinheiro);
Exigência do dinheiro em caixa para pagamento das
obrigações contraídas no último ano do mandato;
Não basta a mera “indicação orçamentária” prevista no art.
14, da Lei 8.666/93;
Disponibilidade de caixa é o montante que remanesce
disponível após a execução contábil dos encargos e despesas compromissados
a pagar, até o final do exercício;
Obras novas que ultrapassem o exercício: na Licitação;
Obras novas que terminam no exercício: na Contratação;
Fornecimento de Bens: na aquisição dos Bens, desde que
tenha dinheiro em caixa para sua quitação;
Fornecimento de Serviços: na Contratação, desde que
dinheiro em caixa para quitação do serviço prestado até dezembro;
Obras previstas no orçamento: na Contratação, havendo
dinheiro em caixa;
Obras Licitadas: Contratação somente se tiver dinheiro para
quitação do executado até o mês de dezembro;
Serviços continuados, essenciais ou que já vinham sendo
prestados: Podem ser licitados e contratados;
Obras Novas: vedação integral. Somente podem ser
licitadas e contratadas com dinheiro em caixa e nos termos do art.45;
68
É obrigatório o pagamento do executado até o mês de
dezembro ou deve-se deixar dinheiro em caixa;
É nulo o ato que resulte em aumento de despesa com
pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao final do mandato;
A partir de 1° de julho não pode ser concedido aumento
salarial, readequação de carreiras, concessão de vantagens, gratificações ou
encargos especiais aos funcionários;
Provimento de cargos somente como exceção.
A Lei de Responsabilidade Fiscal é clara ao vedar que nos últimos
08 (oito) meses do mandato do gestor, e não apenas do Chefe do Poder
Executivo, seja contraída despesa que não possa ser integralmente cumprida ou
quitada até o término do respectivo mandato; ou ainda, que seja assumido
compromisso de pagar parcelas no exercício seguinte sem que possa deixar
recursos suficientes em caixa para pagar as parcelas antes ajustadas. Tal
intelecção do dispositivo alcança até mesmo despesa continuada prevista na
LDO e na Lei Orçamentária, salvo em casos de calamidade pública ou despesa
extraordinária.
“Mau, perverso, corrupto, devasso, falso, enganador. É atributo da qualidade de todo homem
ou de toda pessoa que procede atentando contra os princípios ou as regras da lei, da moral e dos
bons costumes, com propósito maldosos ou desonestos. O ímprobo é privado de idoneidade e de
boa forma.”
69
Portanto, a conduta ilícita do agente público para tipificar ato de
improbidade administrativa deve ter esse traço comum característico de todas
as modalidades de improbidade administrativa: desonestidade, má-fé, falta de
probidade no trato da coisa pública.
70
suma, pela falta de probidade do agente público no desempenho de função
pública.
71
de entidade 'para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou
da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito
sobre a contribuição dos cofres públicos”.
72
O ato de improbidade pode corresponder a um ato
administrativo, a uma omissão ou a uma conduta, e é praticado no exercício de
uma função pública (em sentido amplo). Segundo a maioria da doutrina, mesmo
quando praticado por terceiro, que não se enquadre no conceito de agente
público, deve haver reflexo sobre uma função pública exercida, eis que de outra
forma, qualquer dano praticado contra Poder Público (ex: choque entre
veículos, envolvendo carro oficial) daria ensejo às excepcionais sanções
estabelecidas pela LIA.
73
administrativa. Este dispositivo também indica um elenco exemplificativo de atos
de improbidade.
74
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao
Erário
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas
no art. 1º desta lei, e notadamente:
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas
no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;
75
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda
que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação
de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas
na lei;
Seção II-A
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) (Produção de
efeito)Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de
Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou
Tributário
76
que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de
julho de 2003.
Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os
Princípios da Administração Pública
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e
que deva permanecer em segredo;
77
c) Suspensão dos direitos políticos;
d) Perda da função pública.
78
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco
anos;
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta
a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.”
“Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público
ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
79
de Improbidade aos agentes políticos. Tratar-se-ía de um sistema especial de
responsabilização do agente político.
“Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
10 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo, ed.8ª, São Paulo: Saraiva, 2003. p. 129.
11 MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, ed. 21ª, São Paulo: Malheiros, 2008. p. 71.
12 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso De Direito Administrativo Brasileiro, ed. 26, São Paulo: Malheiros, 2008.
p. 243.
80
É necessário destacar que, o cargo ou função pública pertence ao
Estado e não ao agente, desta forma poderá o Estado, ampliar, suprimir ou
alterar os cargos e funções, não gerando direito adquirido ao agente titular, o
mesmo não acontece se o agente desaparecer, o cargo ou função continuará
existindo e disponível a Administração Pública (exemplo o falecimento do
agente)13.
A expressão agentes públicos é utilizada em sentido amplo e
genérico, por tanto funcional, a partir dela podemos identificar suas espécies, e
para entendermos melhor as categorias (ou espécies) de agentes públicos, faça-
se necessário citar Hely Lopes Meirelles, que em sua obra clássica definiu quatro
espécies, os agentes políticos, os agentes administrativos, os agentes honoríficos
e os agentes delegados. Em uma posição mais moderna podemos citar Maria
Sylvia Zanela di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Mello que classificam as
espécies da seguinte forma: os agentes políticos, servidores públicos, e
particulares em colaboração com o poder público14. Deste conceito de agentes
seguiremos com a análise destas categorias.
13 VICENTE PAULO, Marcelo Alexandrino, Direito Administrativo, 17ª. ed., São Paulo: Metodo, 2009. p. 125.
14 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanela. Direito Administrativo Ed. 21, São Paulo: Atlas, 2008. p.352.
15 FILHO, Marçal Justen, Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 571.
16 PAULO, Marcelo Alexandrino Vicente, Direito Administrativo Descomplicado, ed. 17ª, São Paulo: Método, 2009.
p.125.
81
A doutrina diverge na questão de quem pode ser agentes políticos
e assim há duas correntes:
1ª) Nesta primeira corrente podemos citar o professor Celso
Antônio de Mello, o qual entende que agente político é apenas aquele que pode
estabelecer normas diretrizes, normas de condutas de comportamento estatal e
de seus administrados que pode definir metas e padrões administrativos. São
apenas os chefes dos executivos e membros do legislativo (é o detentor de demanda do eletivo),
logo são agentes públicos titulares dos cargos estruturais a organização política do País, sendo
agentes políticos apenas o presidente da república, os governadores, prefeitos e respectivos vices,
os auxiliares imediatos dos chefes do executivo17.
2ª) Já na segunda corrente podemos citar professor Hely Lopes
Meirelles, o qual entende que compreendem os agente político, além dos
agentes que foram citados na primeira posição, também os agentes políticos, os
juízes, promotores, defensores, ministros, e conselheiros dos tribunais de
contas. Estendem para estes agentes porque estão previstos na Constituição Federal de onde
recebem suas atribuições ainda que de forma geral (genérica), também atuam com
independência funcional e possuem regime jurídico próprio.18
A investidura do agente político em regra é obtida através de eleição, mediante
o sufrágio universal na forma da constituição federal, arts. 2º e 14, salvo para ministros e
secretários que são de livre escolha do chefe do executivo e providos em cargos públicos, mediante
nomeação.19
17 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, ed.26, São Paulo: Malheiros, 2001. p.246.
18 MEIRELLES, Hely Lopes, op. Cit. p. 73.
19 Di PIETRO, Maria Sylvia Zanela, op. p.353.
82
públicos nas administrações direta e indireta. São agentes administrativos que exercem
uma atividade pública com vínculo e remuneração paga pelo erário público20. Podem ser
classificados como estatutários, celetistas ou temporários.
83
Quando contratados tão somente para exercer a função pública,
em virtude da necessidade temporária excepcional e de relevante interesse
público. Por tanto exercem uma função pública remunerada temporária, apresentando cunho
de excepcionalidade, o que autoriza o tratamento secundário.23
84
usuários do serviço, nestes casos exercem função pública em nome próprio com a fiscalização
do Poder Público.26
26 Di PIETRO, Maria Sylvia Zanela. Direito Administrativo Ed. 21, São Paulo: Atlas, 2oo8. p.491.
27 Meirelles, Hely Lopes, op. Cit. p.75.
85
administração, aplicando-se para este sujeito a teoria da aparência, a medida for
necessária para a proteção dos seus direitos em razão do ato praticado por este
agente, têm que ser reconhecido os direitos do administrado. Mas pode
acontecer outra situação, o agente não tem investidura na função que ele exerce,
porque ele nem é servidor ou é, mas extrapolar em exercício da sua função agir
fora de sua competência ou nem ter competência nenhuma. Porém em razão da
teoria da aparência, visando à segurança e a boa-fé do administrado, os atos praticados por
agentes putativos serão considerados válidos.28
Agente Necessário é um particular e aparece como tal, não engana,
não é um agente putativo, não se mostra como Agente Público o gestor de
negócios públicos se mostra como uma pessoa estranha à administração, é um
particular que apenas colabora, auxiliando com algum tipo de função a
administração.
4.1.2.9. Militares
86
4.2. RESPONSABILIDADES DOS AGENTES
87
Federal de 1988 prevê a imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao
erário.
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE
CONTAS DA UNIÃO. BOLSISTA DO CNPq. DESCUMPRIMENTO
DA OBRIGAÇÃO DE RETORNAR AO PAÍS APÓS TÉRMINO DA
CONCESSÃO DE BOLSA PARA ESTUDO NO EXTERIOR.
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. INOCORRÊNCIA DE
PRESCRIÇÃO. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA.
I - O beneficiário de bolsa de estudos no exterior patrocinada pelo Poder Público, não
pode alegar desconhecimento de obrigação constante no contrato por ele subscrito e nas
normas do órgão provedor.
II - Precedente: MS 24.519, Rel. Min. Eros Grau.
III - Incidência, na espécie, do disposto no art. 37, § 5º, da Constituição Federal, no
tocante à alegada prescrição.
IV - Segurança denegada.
88
Porém, existem determinadas situações em que uma esfera poderá
interferir de forma direta em outras esferas.
Se o agente for absolvido por negativa de autoria ou inexistência
do fato, tal fato implicará nas responsabilidades administrativa e civil. No
entanto, se a absolvição penal ocorrer por mera insuficiência de prova, tal
sentença não vai interferir em quaisquer das demais esferas, podendo gerar
responsabilidade administrativa e civil.
31Lei 8.112/90 art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
prejuízo ao erário ou a terceiros.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na
falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da
herança recebida.
89
Para ambos os casos (prejuízo ao erário e prejuízo a terceiros)
poderá haver uma solução administrativa ao invés de judicial.
Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará o
servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que poderá ser
advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou destituição de
função comissionada32.
Na lei 8112/90 no artigo 117 apresenta o hall de proibições ao
servidor público e o servidor responde administrativamente pelos ilícitos
administrativos com ação ou omissão que contrarie a Lei.
Como foi dito anteriormente, as penalidades disciplinares estão
elencadas no artigo 127, sendo diferenciadas pela gravidade atribuída a cada ato
levando em consideração as atenuantes e as agravantes além do antecedente
funcional. São elas:
Advertência - como transcreve o artigo 129 da referida
Lei, está será aplicada por escrito, nos casos de violação dos incisos I a VIII e
XIX do artigo 117 e na inobservância de algum dever funcional estipulado na
lei, regulamentação ou norma interna que não seja considerado penalidade mais
grave.
Suspensão - ocorre no caso de reincidência, em faltas já
punidas com advertência, não podendo exceder o prazo de 90 dias. As
penalidades de advertência terão seu registro cancelado após 3 anos e as de
suspensão após 5 anos.
Demissão - será aplicada nos casos elencados no artigo
132 da Lei 8112/90. Será aplicada pelo Presidente da República, pelos
32 Lei 8112/90 art 127 Lei 8112, art. 127 São penalidades disciplinares:
90
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
Procurador Geral da República.
No que tange a cassação da aposentadoria ou a disponibilidade do
inativo que praticou durante sua atividade na administração, seja qualquer falta
elencada no artigo 132 da referida lei, sendo esta falta punível com demissão.
Sendo aplicadas pela mesma ordem hierárquica da demissão.
Destituição do cargo (cargos que se escalonam) ou função em
comissão será aplicada nos casos de infração sujeitas às penalidades de
suspensão e de demissão. Sendo de competência da mesma autoridade que fez
a nomeação.
33 O prazo do procedimento de sindicância é de 30 dias prorrogáveis por autoridade superior por igual período.
34 Lei 8112/90, artigo 149.
35 Lei 8112/90, artigo 151.
91
amplo conhecimento do fato. Após a oitiva das testemunhas proceder-se-á o
interrogatório do acusado.
Sendo tipificada a infração disciplinar serão oferecidos 10 dias para
a defesa36, caso seja considerado revel será nomeado procurador dativo com
cargo equivalente ou superior ou mesmo nível de escolaridade ou superior37.
Depois de apreciada a defesa, a comissão irá elaborar minucioso
relatório que será conclusivo quanto à responsabilidade ou não do servidor. No
caso do servidor ser considerado responsável, o relatório deverá transcrever os
dispositivos normativos que não foram seguidos, as peças principais dos autos,
informando às provas que fizeram com que o comitê tomasse a decisão bem
como as atenuantes e os agravantes. Será então remetido à autoridade que
determinou a instauração para o julgamento do fato ou se a sanção prevista
exceder sua alçada será encaminhado à autoridade competente38.
4.2.1.1.2. Do julgamento
36 O prazo será prorrogáveis pelo dobro se a diligência por ela requerida forem reconhecidas como indispensáveis- artigo
161, parágrafo 3 da lei 8112/90.
Quando a citação for realizada por edital no caso do indiciado encontrar-se em local incerto, será oferecido o prazo de 15
dias para a defesa, sendo contado a partir da última publicação (artigo 163 parágrafo único).
37 Lei 8112/90, artigo 164.
38 Lei 8112/90, artigo 165.
39 Lei 8112/90, artigo 168.
40 Lei 8112/90, artigo 170.
41 Lei 8112/90, artigo 171.
92
Cabe ressaltar, que pode ser solicitada revisão do processo pelo
servidor, a qualquer tempo, pela ocorrência de fatos novos ou circunstâncias
que provem a inocência ou a inadequação da pena42.
93
prolongado, violação de sigilo funcional, violação de sigilo de proposta de
concorrência. Outros estão previstos em leis especiais federais44.
Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma
sanção penal, que poderá ser privado de sua liberdade (reclusão ou detenção),
esta pena poderá ainda ser substituída por uma pena restritiva de direitos
(prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e
limitação de fim de semana) e, ou multa, devendo ser esclarecido que há
diferença entre a multa que é aplicada com a pena privativa de liberdade, deverá
ser paga ao fundo penitenciário, sendo considerada dívida de valor, esta não
sendo paga não será convertida em pena, mas sim será executada pela fazenda
pública, já a prestação pecuniária é uma indenização paga à vítima45.
Di Pietro acrescenta no que tange a responsabilidade penal, que
existem no ato ilícito penal, os mesmos elementos caracterizadores dos demais tipos de atos
ilícitos, contudo há a existência de algumas peculiaridades: Relação de causalidade, ou seja,
nexo causal, o ato ou omissão tem que gerar o dano ou perigo, não havendo a exigência do
dano se concretizar, se o risco do dano acontecer já é o suficiente, como ocorre na tentativa e
em determinados crimes que colocam em risco a incolumidade pública46.
De acordo com a Lei 8.112/90, verificamos a existência do auxílio
reclusão, oferecendo à família do servidor ativo, sendo concedida metade da
44 Como exemplo, pode ser citado a lei de crimes contra a Ordem tributária- Lei 8137/90.
Art. 3º. Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I)
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou
inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de iniciar
seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar
tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de
funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa
94
remuneração quando a pena do servidor não determinar a perda do cargo; dois
terços da remuneração quando afastado por motivo de prisão, preventiva ou
em flagrante, determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar a
prisão. O servidor terá direito a integralização dos proventos em caso de
absolvição47.
95
da CLT, que o desconto só será efetuado com a concordância do empregado
ou em caso de dolo49.
Se o dano for causado a terceiros, o servidor pode ser acionado
diretamente, acionado solidariamente com o Estado ou o Estado ser acionado.
Neste último caso o Estado pode propor uma ação regressiva. Cabe destacar
que para Bandeira, a ação de responsabilidade civil é imprescritível.
Para avaliar se ocorreu ou não o ilícito civil deve verificar a
existência de: Ação ou Omissão antijurídica; culpa ou dolo; nexo causal e
ocorrência de um dano material ou moral.
Há duas hipóteses de dano causado pelo servidor público, a que
gerou dano ao Estado e a de dano contra terceiros.
A responsabilidade do agente pode ser dívida entre
responsabilidade civil subjetiva e responsabilidade civil objetiva. Na primeira só
haverá o dever de indenizar se o agente tiver causado o dano por atuar com
dolo ou culpa. Já o que caracteriza a responsabilidade civil objetiva é a
desnecessidade de verificar a existência de dolo ou culpa do agente de gerar o
dano.
A responsabilidade civil objetiva pode ser compreendida como a
responsabilidade que tem as pessoas jurídicas de direito público, Estado, e às
pessoas jurídicas de direito privado onde se enquadram as prestadoras de
serviços públicos que nesta posição causarem danos a terceiros, de acordo com
art. 37, § 6.º, da Constituição Federal. Nesse tipo de responsabilidade civil, não
há de se questionar se o servidor agiu ou não com dolo ou culpa ao provocar o
dano. Em todo caso o Estado deverá indenizar ao terceiro prejudicado, se este
não foi o causador exclusivo do dano. Em suma, verificamos que a
responsabilidade civil do Estado é objetiva ao passo que a responsabilidade civil
do servidor público é subjetiva.
96
5. CONTROLE ADMINISTRATIVO
O interesse coletivo é a finalidade maior da Administração
Pública, que trabalha para garantir que a sua atuação corresponda ao que espera
o titular do patrimônio público: o povo. Por esse motivo a atuação da
Administração deve ser pautada pela indisponibilidade do interesse público,
pelos princípios da administração pública, pela eficiência, pela legalidade, pela
legitimidade dos atos, entre outros, e são esses aspectos que são observados
pelo controle. Afinal, há de se dar conta ao titular da coisa pública, o povo, para
que esse possa verificar se a coisa pública está sendo administrada da forma
mais eficiente.
Não só o Poder Executivo sofre controle, mas também o Poder
Legislativo e o Poder Judiciário, quando atuam atipicamente, ou seja,
administrando. A existência de mecanismos de controle do Estado, a contenção
deste pelos cidadãos, remonta o Estado de Direito (as leis são elaboradas pelo
Estado, e pelo Estado, observadas). Assim, apesar de os Poderes da República
serem independentes, a atuação entre eles deve ser harmônica, de maneira que
são comuns, nas democracias modernas (como é a brasileira), os sistemas e
modelos efetivos de acompanhamento e fiscalização da atividade administrativa
do Estado são: controle judicial, controle legislativo e controle administrativo,
entre outros.
É oportuno registrar que as atividades da Administração Federal
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: planejamento, coordenação,
descentralização, delegação de competência e controle. Isso mesmo, ao lado de
outros princípios, o legislador fez destaque expresso ao princípio do controle.
Tais princípios encontram-se expressos no Decreto-lei nº 200, de 1967, que
dispõe sobre a organização da Administração Federal, o qual, apesar de adstrito
à União, serve para fixar as diretrizes gerais para os demais entes políticos
(Estados, Distrito Federal e Municípios).
97
5.1. CONCEITO
5.2. FINALIDADE
5.3. ABRANGÊNCIA
98
(...)
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços
notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos
disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre
a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.
99
5.4 CONTROLE INTERNO
100
respectivamente, Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do
Ministério Público.
101
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal,
a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo
de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer
de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados
de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo
Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis.
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa
dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá
a respeito.
102
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.
§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e
anualmente, relatório de suas atividades.
Por oportuno, frisa-se o que foi dito até agora: controle tem
objetivo de corrigir e fiscalizar a atuação da Administração Pública, para garantir
o interesse coletivo. Ele pode ser externo ou interno, tem como objeto a
verificação de legalidade e, com limitações, o mérito.
Já no controle externo de legalidade, caso o ato impugnado
encontre o seu fim, teremos a anulação ou a sustação, conforme o caso, porém
não cabe a revogação. Afinal, apenas a partir do controle interno é que os atos
podem ser revogados.
103
O denominado controle político é aquele que tem por base a
possibilidade de fiscalização e decisão do Poder Legislativo sobre os atos ligados
à função administrativa e de organização do Poder Executivo e Judiciário.
Já o controle financeiro é aquele exercido pelo Poder Legislativo
sobre o Executivo, o Judiciário e sobre sua própria administração no que se
refere à receita, despesa e à gestão de recursos públicos.
105
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
25. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012.
CARVALHO, Mateus. Direito Administrativo. Coleção Exame de Ordem.
2.ed. Recife: CERS, 2012.
CUNHA JUNIOR, Dirley da. Curso de direito administrativo. 8.ed. Salvador:
Jus Podium, 2009.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. Ed. São Paulo:
Atlas, 2012.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado.
MARINELA, Fernanda. Direito administrativo. 4.ed. Niteroi: Impetus, 2007.
MEIRELES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo:
Malheiros, 2003.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 9.ed. são
Paulo: Malheiros, 1993.
SPITZCOVSKY, Celso, BARTINE, Caio. Direito administrativo. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL- STF. Site: www.stj.jus.br. Acessado em
23/03/14.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ. www.stj.jus.br. Acessado em
23/03/2014.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – TCU. www.tcu.gov.br. Acessado
em 23/03/2014.
106
ASSESSORIA JURÍDICA DA SEFA
AJUR
107
“FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL”
Capítulo I
Introdução
Esta breve digressão sobre alguns conceitos de direito internacional bem serve
para ilustrar, seja qual for a tônica metodológica adotada para fixação de conceitos, que uma
“norma internacional” ou um “conjunto de normas internacionais” é a pedra fundamental
do direito internacional. A investigação científica do direito internacional, portanto, deve
partir do estudo analítico de suas fontes4 - formais e materiais - nas quais o direito se explica
50
O autor é advogado, doutor em Direito Internacional pela USP, diretor do Instituto de
Estudos Marítimos e autor do livro “Direito Internacional do Desarmamento: o Estado, a ONU
e a paz” (Editora Lex: São Paulo, 2007).
108
por seus próprios fundamentos, tal como num teorema matemático, na melhor aplicação da
teoria kelseniana da norma fundamental5.
O tratadista francês CHARLES ROSSEAU6 lembra que existe na doutrina de
direito internacional duas diferentes concepções de “fontes”: uma concepção positivista pura,
defendida por ANZILOTTI, na qual a única fonte de direito internacional é o acordo de
vontade das partes, seja de forma expressa ou tácita; e uma concepção objetivista (SCELLE,
BOURQUIN), fundada na distinção entre fontes criadoras do direito (materiais) e as fontes
formais. Para esta corrente, somente as fontes materiais seriam genuínas fontes de direito,
pois as fontes formais (costumes, tratados) não criam o direito, são apenas um processo de
sua verificação. ROSSEAU, partidário de uma corrente de base sociológica para explicar as
fontes de direito, opõe severas críticas a ambas as correntes, sem se afastar de elementos
essencialmente jurídicos que se encontram na base das fontes de direito.
De modo intencional, procurar-se-á tratar cada uma das fontes formais de direito
internacional não somente sob o conceito jurídico que a revela, mas de sorte a demonstrar a
forma pela qual estas mesmas fontes se completam e dão origem ao que os doutrinadores
denominam de “norma” internacional, elemento único do direito internacional.
109
Capítulo II
A partir deste capítulo, à exceção dos tratados que merecerão estudo mais sucinto,
estudaremos cada uma das fontes de direito internacional enumeradas no artigo 38 do ECIJ,
as denominadas “fontes formais de direito internacional”, denominação impingida a um
conjunto de normas que indicam o processo de revelação de outras normas, em
contraposição às fontes materiais, excluídas deste estudo, que se detém sobre a análise das
razões de surgimento da norma, questionamento idêntico ao introdutoriamente enfrentado
quanto aos fundamentos do Direito Internacional e que, portanto, não cabe este estudo
aprofundar8.
110
Embora inexista hierarquia, uma ordem taxativa de aplicação de uma fonte sobre
outra, deve-se considerar uma e outra fonte de maior relevância que as demais para a solução
de litígios, vértice máximo da declaração normativa de um direito: um documento escrito
firmado entre as partes tem um grande valor para a interpretação da relação jurídica
estabelecida entre elas. Esta prática escrita para fixação de direitos e obrigações, que ao longo
dos anos ganhou espaço sobre o direito consuetudinário, teve seu reconhecimento no artigo
7º da Convenção XII de Haia de 1907, na qual se declarou os tratados como fonte mais
importante de direito internacional, seguida do costume, tal como se expressa fora das
convenções (fontes principais) e, finalmente, a fonte subsidiária, à qual o juiz ou o árbitro
poderá recorrer na ausência de disposições convencionais ou consuetudinárias: princípios
gerais de direito.
Estabelecidas estas notas gerais sobre o art. 38 do ECIJ, passemos adiante com
o estudo pormenorizado de cada uma das fontes de direito internacional16 ali elencadas, ao
lado das quais incluímos os atos unilaterais dos sujeitos de direito internacional (Estados e
Organizações Internacionais intergovernamentais)17, que reconhecidamente têm respondido
pela criação de regras de direito internacional, consagradas por costumes e princípios gerais
de direito.
Capítulo III
Os tratados internacionais18
Os tratados, convenções, são as mais numerosas e importantes fontes de direito
internacional, elencados, juntamente com os costumes, como uma de suas principais fontes.
De acordo com LACHS19, entre 1500 a.C até 1860 haviam sido concluídos cerca de 8.000
tratados de paz, enquanto somente entre 1947 e 1984 foram celebrados entre 30.000 e 40.000
tratados20. Estas estatísticas nos levam a estimar que até a presente data este número possa
ter chegado a 60.000 tratados, pois após a II Grande Guerra Mundial praticamente toda a
produção de regras de direito internacional tem se dado através de tratados (i.e., tratados de
paz, de cooperação econômica, de proteção ao meio ambiente, instrumentos constitutivos
de organizações internacionais). A importância dada aos tratados está na maior certeza do
direito oferecida pela forma escrita (o que implica em conflitos não quanto à existência do
direito, mas em relação à sua interpretação e aplicação) e na forma pela qual entram em vigor,
a qual permite que regras novas sejam rapidamente introduzidas21.
111
1. Natureza dos tratados.
São fontes de direito internacional somente aqueles tratados que, de forma
autônoma, estabelecem uma regra de direito internacional. Portanto, excluem-se entre as
fontes de direito aos tratados (ou as regras neles contidas) que visem ao reconhecimento
escrito de um costume ou de um princípio geral de direito.
2. Tipos de tratados.
A doutrina internacional estabelece classificações entre os diversos tipos de
tratados, que podem ser úteis em reduzido número de situações e inúteis em sua maioria.
112
aplicável é aquela que distingue entre os tratados gerais (necessariamente multilaterais) e os
tratados restritos (que podem ser multilaterais ou bilaterais).
Aqueles que vêm no princípio da pacta sunt servanda um regra de direito natural
entendem que o caráter obrigatório de um tratado está encerrado em seu próprio conteúdo.
Sendo uma regra elementar a de se cumprir o que se estabelece em contrato, esta regra
assume um caráter de regra universal de moralidade. Como regras morais não são regras
jurídicas, os jusnaturalistas emprestam ao princípio uma interpretação jurídica do dever de
cumprir obrigações.
113
Capítulo IV
O costume Internacional
114
reconhecido como um costume jurídico em razão de sua obrigatoriedade, elemento que o
distingue, como dissemos, da cortesia (comitas gentium).
115
2. Obrigatoriedade dos costumes: condições de existência. Elemento material. Elemento
psicológico.
O costume se estabelece pela união de certos elementos: um elemento que
certifica sua existência, sua prática geral e sua uniformidade através do tempo; e outro
elemento que atribui ao costume seu caráter eminentemente obrigatório entre os sujeitos do
mesmo direito: a opinio iuris, ou a consciência de sua obrigatoriedade. Os primeiros elementos
reúnem-se sob a denominação geral de elementos materiais; o segundo é considerado o elemento
psicológico do costume.
116
legislação interna supranacional, para se atingir a finalidade da referida organização, não se
configurando propriamente como um costume internacional.
117
tempo” para a consolidação de uma prática é expressão clássica de épocas em que os
relacionamentos entre os Estados (até mesmo quando ainda não se falava de Estados) não
se davam de forma tão intensa e interdependente. Na Idade Contemporânea (período
histórico compreendido entre a tomada de Constantinopla -1453 - e a Revolução Francesa -
1789), poucos Estados se lançavam à navegação, cumprindo aos primeiros Estados
marítimos a extensão das primeiras regras costumeiras para navegação dos oceanos, que se
baseavam nas seculares regras de navegação dos mares semi-fechados e fechados que serviam
à Europa e África Setentrional. Veja-se que se falava em regras “seculares” que foram
ganhando amplitude, tornando-se gerais e usuais no mesmo ritmo em que outros Estados se
lançavam à navegação. Alguns costumes, por exemplo, fundados numa consciência universal
de “bem comum”, surgiram com a navegação: é o caso do repúdio à pirataria. Os costumes
tornaram-se mais intensamente reconhecidos à medida que se estreitavam e multiplicavam
os interesses comuns dos Estados em processos lentos e gradativos.
CapítuloV
119
os princípios gerais de direito foram classificadas como “fontes subsidiárias” de direito
internacional, ao lado das fontes principais - convenções e costumes.
120
do enriquecimento sem causa51, do dever de justa indenização na desapropriação. Uma vez
previstos na alínea “c”do art. 38 do ECIJ, os princípios gerais de direito obrigam em caráter
geral.
121
Com especial referência ao direito brasileiro53, os princípios gerais de direito são
vistos como a ultima ratio para declaração de um direito que não é previsto no texto da lei,
tampouco resolve-se nos costumes: uma lacuna. Uma ideia incorreta. Segundo a doutrina de
VERDROSS54, os princípios gerais de direito não têm o papel de evitar uma lacuna dos
costumes e tratados, a ideia de aplicação dos princípios gerais de direito para a
impossibilidade de julgar com base em tratados e costumes é insustentável. Isto porque o
artigo 38 do ECIJ não faz referência expressa a um non liquet, portanto, admite-se a apreciação
de questão não fundada em tratado ou costume, ainda que os princípios gerais de direito não
sejam considerados fontes principais, mas subsidiárias. Tratados e costumes não esgotam o
direito internacional, mas se complementam nos princípios gerais de direto, exercendo,
também, função supletiva para interpretar princípios jurídicos internacionais duvidosos.
Capítulo VI
Capítulo VII
A equidade
CapítuloVIII
123
internacional por costume e princípios gerais de direito. Fala-se em sujeitos de direito
internacional, não simplesmente em Estados, tradicionais sujeitos de direito internacional, já
que a moderna doutrina vem admitindo que atos de organizações internacionais
intergovernamentais também sejam fontes de direito internacional.
1. Protesto.
O protesto é o ato pelo qual um Estado dá a entender que não considera
determinada situação como em conformidade ao Direito. Para VERDROSS é uma
declaração que nega a legitimidade de uma determinada situação.
2. Notificação.
A Notificação é uma comunicação de um sujeito de direito internacional faz a
outro sobre determinado fato ou ato que tomou, do qual decorrem determinadas
consequências jurídicas (“notificação de ocupação, de estado de guerra”). Por ser preceptiva
(obrigatória) ou livre (facultativa).
124
3. Reconhecimento.
Através do reconhecimento se admite como legítimo um determinado estado de
coisas ou determinada pretensão. É o inverso do protesto. O Estado que o faz não pode
negar a legitimidade do que reconhece.
4. Renúncia.
A renúncia é declaração através da qual se abandona uma pretensão. É ato
jurídico unilateral, irrevogável e extintivo do direito do sujeito de direito internacional. A
renúncia somente será fonte de direito internacional quando sua validade não dependa da
vontade de outro Estado, o que exclui renúncias convencionais, resultantes de tratados. Por
esta razão, não se inclui entre as formas de renúncia a denúncia, exatamente por lhe faltar a
característica da autonomia.
5. Promessa.
A promessa é uma declaração dirigida a um ou mais sujeitos de direito
internacional de obrigar-se a um determinado comportamento. VERDROSS adverte que as
promessas devem se distinguir das simples comunicações, assinalando que também são
promessas (obrigação jurídica internacional) os tratados com carga a somente uma das partes,
como as declarações (assurance) tomadas pela Sociedade das Nações, Albânia, Finlândia,
Estônia, Letônia, Lituânia e Iraque sobre proteção de minorias.
125
7. Organizações Internacionais.
Alfred VERDROSS, num célebre curso na Academia da Haia em 1929 62, dizia
que os atos unilaterais das organizações internacionais compunham o que denominou de
“Direito das Organizações Internacionais”.
8. Direito Comunitário.
Os fenômenos de integração econômica e política devem ser vistos com
cuidados sob a ótica jurídica, especialmente do direito internacional. Nem tudo o que
contempla o direito comunitário é “jurídico” ou “internacional”. A concepção de “direito
internacional”, em razão de seu fundamento universal, não comporta a limitação ou a
especialização, por exemplo, de princípios de direito próprios de um determinado grupo de
Estados.
Estes atos são considerados, com muita propriedade, como atos de “legislação
internacional”, não são, pois, considerados fontes de direito internacional, haja vista o
Estado, agindo através de uma organização internacional, não concorrer de forma autônoma
para a criação do direito internacional.
126
Bibliografia.
1. Obras básicas:
ANZILLOTTI, “Corso de Diritto Internacionale”, 4ª ed., reimpressão, Pádua, 1964.
BERNHARDT, Rudolf, “Customary Internationl Law”, in “Encyclopedia of Public International
Law”, Amsterdã, Nova York e Tóquio, 1981-1990.
BRIGGS, Herbert W., “The Law of Nations, Cases, Documents and Notes”, Nova York, 1944.
CAPPELLETTI, Mauro, Juízes Legisladores?, Porto Alegre, 1993. CARREAU, Dominique,
“Droit International”, 2ª ed., Paris, 1988.
LACHS, “Le développement et les founctions des traités multilateraux”, in “Recueil de Cours”,
Academia de Direito Internacional da Haia, 1957, II, p. 233.
RANGEL, Vicente Marotta, “Direito e Relações Internacionais”, 5ªed., São Paulo, 1997.
127
VELASCO, Manuel Diez de, “Instituciones de Derecho Internacional Publico”, Madrid, 1985-
1990.
VERDROSS, Alfred, “Derecho Intenacional Publico”, Biblioteca Jurídica Aguillar, 5ª ed., 1967.
VIRALLY, M., “Réflexions sur le “jus cogens”, in “Annuaire Français du Droit International”
1966.
VON LIZST, Franz, “Das Völkerrecht”, Berlim, 1925.
2. Outras obras:
“International Legal Materials”, coletânea de documentos da American Journal of
International Law (AJIL): Sentença DUPUY, caso Texaco/Calasiatic v. Líbia: ILM, 1978, p.
1/37.
“Revue Critique du Droit International Privé”, 1982: Convenção do Banco Mundial sobre
Resolução das Diferenças Relativas a Investimentos entre Estados e Nacionais de outros
Estados: caso Agip v. Congo.
______________________
1
Sobre o conceito de direito internacional e suas origens ver: FAUCHILLE, Paul, “Traité
de Droit
International Public”, 8ª ed., Paris, 1922, t. I, 1ª parte, p. 4 e segs; VON LIZST,Franz, “Das
Völkerrecht”, Berlim, 1925; ANZILLOTTI, “Corso de Diritto Internacionale”, 4ª ed., reimpressão,
Pádua, 1964; ROSSEAU, Charles, “Droit International Public”, t. I, Paris, 1970;
SCHWARZENBERGER, Georg, “A Manual of International Law”, 5ª ed., Londres, 1967;
CUNHA, J. M. Silva, “Direito Internacional Público”, t. I, 4ª ed., Lisboa, 1987, e t. II, 3ª ed.,
1991; OPPENHEIM, L. “Tratado de Derecho Internacional Publico”, 8ª ed., Bosch, Barcelona,
1961; DE QUADROS, Fausto
& PEREIRA, André Gonçalves, “Manual de Direito Internacional Público”, 3ª ed., Almedina,
Coimbra,
1995; VERDROSS, Alfred, “Derecho Intenacional Publico”, Biblioteca Jurídica Aguillar, 5ª ed.,
1967; SORENSEN, “Les Sources du Droit International”, Copenhagen, 1946; VELASCO,
Manuel Diez de, “Instituciones de Derecho Internacional Publico”, Madrid, 1985-1990.
2
Dois exemplos concretos deste reconhecimento é a Convenção sobre Genocídio de 1948
e a própria Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1945.
3
Esta é a posição, por exemplo, de CHARLESROSSEAU et al e de
SCHWARZENBERGER et al, que asevera: “International law is the body of legal rules which
apply between sovereign States and such other entities as have been granted international personality.”
4
L. OPPENHEIM (op. cit, p. 24 e segs.) alerta sobre a distinção entre fonte e causa do
direito. Para o ilustre tratadista, das fontes surgem os direitos, independentemente das
causas que os forjaram. Usando a figura de uma nascente d’água, adverte OPPENHEIM
que as fontes correspondem ao seu nascedouro, à água que brota da terra; as explicações
das causas da nascente ou do curso d’água, portanto, não se confundem com suas fontes
(v. nota 6 infra).
128
5
As ciências matemáticas fundam-se em verdades absolutas - os chamados teoremas -
regras científicas fundamentais que encerram, no seio da própria Matemática, toda sua
fundamentação.Um bom exercício para se confrontar um teorema matemático com a
teoria da norma fundamental, defendida por Hans KELSEN e Norberto BOBBIO, pode
ser extraído da seguinte observação: tomemos o teorema que enuncia que as retas paralelas
encontram-se num ponto no infinito. Para a matemática este enunciado, que está na base
da ciência, basta para fundamentar tudo que sobre ela foi erigido, posto que não se buscam
além do teorema, horizontalmente fundado em outros teoremas, verdades que fogem à
ciência matemática. Na mesma perspectiva do teorema matemático, a norma fundamental
nada mais é que aquele ponto infinitamente distante para o qual convergem todas as
normas, um ponto cujo fundamento (se não horizontal) não encontra explicação no
Direito.
6
Op. cit., p. 27/28.
7
Assim como SORENSEN et al, não consideramos a doutrina, a jurisprudência nem a
equidade como fontes de direito internacional, sequer como fontes subsidiárias. Nossas
observações sobre o tema serão lançadas, oportunamente, nos Capítulos VIII e IX adiante.
8
ROSSEAU, op. cit., p. 27/28.
9
FALK, Richard Anderson, "International jurisdiction: horizontal and vertical conceptions of legal
order", in Temple Law Quaterly, 1959, vol. 32, p. 295. O Professor Falk apresenta em seu
artigo um debate sobre o conceito horizontal e vertical da ordem legal internacional. No
entender de Falk, a ordem internacional é essencialmente horizontal, de coordenação entre
Estados, diferentemente da ordem interna, onde prevalece a hierarquia entre instituições,
com o poder verticalizado e centralizado na figura do Estado.
10
O questionamento sobre a existência de um Direito Internacional Constitucional, portanto
sobre um hierarquia entre os ordenamentos constitucionais estatais e o direito
internacional, é marcante nos internacionalistas europeus. Ora, se o Direito Internacional
é composto por regras que obrigam a todos os Estados, não pode ceder às Constituições,
e mais, se o Direito Internacional é cogente - ius cogens - se é imperativo para o Estado, não
pode ceder às Constituições (teoria monista com prevalência do direito internacional).
Sobre as teses acerca da existência do Direito Internacional Cosntitucional (ius cogens)
ver: CARREAU, Dominique, “Droit International”, 2ª ed., Paris, 1988; FROWEIN, “Jus
Cogens”, in “Encyclopedia”; VIRALLY, “Réflexions sur le “jus cogens”, in “Annuaire
Français du Droit International,” 1966, p. 5; RODAS, João Grandino, Revista da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, 1974, p. 125; QUADROS &
PEREIRA, op. cit, p. 277.
11
Embora o artigo 13 da Carta da ONU preveja que : “1. A Assembléia Geral promoverá estudos
e recomendações destinados a : a) Promover a cooperação internacional no terreno político e incentivar o
desenvolvimento progressivo do Direito Internacional e sua codificação; (...)”, que seria um primeiro
passo para a universalização do direito internacional (RANGEL, Vicente Marotta, “Direito
e Relações Internacionais”, 5ªed., São Paulo, 1997, p. 36 e 37).
12
A redação que emprestamos ao artigo 38 foi aquela dada pelo Prof. Marotta
RANGEL (op. cit., p. 79). Vale anotar, também, que a Corte Internacional de Justiça é
resultado da incorporação, em 26 de junho de 1945, da Corte Permanente de Justiça
Internacional, criada em 16 de dezembro de 1920, à Carta das Nações Unidas. O resultado
desta incorporação, por assim dizer, foi a copilação do Estatuto da CPJI para a CIJ,
mantendo-se grande maioria de suas disposições.
13
Cf. VERDROSS, op. cit., p. 89 e ss.
14
Esta não é a posição de OPPENHEIM (op. cit., p. 33, nota 28) que cita como referência
direta à jurisprudência como fonte de direito internacional o artigo 1º do Código Suíço, no
129
qual se dispõe que o juiz, na ausência de disposição legal aplicável, se pronuncie com base
no direito consuetudinário ou segundo as regras que ditaria se fosse o legislador. O mesmo
pode ser dito em relação à opinião de Lord RADCLIFF, CAPELLETTI e
FRANCESCHINI, mencionadas no Capítulo VI dstre estudo.
15
As justificativas desta posição doutrinária serão descortinadas mais adiante nos capítulos
específicos: Capítulo VI - Jurisprudência e doutrina; CapítuloVII - Equidade.
16
Sobre a teoria das fontes de Direito Internacional em geral v.também : SORENSEN op.
cit., p 149, com extensa referência bibliográfica); OPPENHEIN, op., cit., p. 24 e segs.;
VERDROSS, p. 89 e ss.
17
A CIJ tem encontrado normas de direito internacional surgidas através de processos de
criação dificilmente reconduzíveis a qualquer uma das alíneas do art. 38, normas derivadas
da ação unilateral dos sujeitos de direito internacional, abrangendo atos jurídicos unilaterais
dos estados e das organizações internacionais.
18
Há tratados que regulam o Direito dos Tratados: Convenção de Havana sobre Tratados
de 1929, a
Convenção de Viena sobre a Sucessão de Estados em matéria de tratados (23.08.78) e a
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados entre estados e Organizações Internacionais
ou entre Organizações Internacionais (20.03.86), ambos ainda não em vigor, por isso
considerados pela doutrina como costume internacional.
19
Le développement et les founctions des traités multilateraux”, in “Recueil de Cours”,
Academia de Direito Internacional da Haia, 1957, II, p. 233.
20
Cf. QUADROS & PEREIRA, op. cit., p. 169.
21
Cf. SORENSEN, op. cit., p. 155.
22
Sobre estes tratados escreveu VERDROSS/SIMMA, P. WEIL, D. BERLIN, J. STOLL,
VAN HECKE, J.F. LAFIVE, DAVID IJALAYE e NGUYEN QUOC, in QUADROS &
PEREIRA, op. cit., p.
181, nota 2.
23
Op. cit., p. 157. 24 Op. cit., p. 182.
25
SORENSEN, “Les Principies du Droit International Public”, 101 Hr, 5, 1960.
26
HOLLOWAY, K., “Modern Trends in Treaty Law”, Oxford, 1967., p. 7.
27
Op. cit., p 185.
28
Sobre acordos em forma simplificada ver: HORVATH, G., “The Validity of Executive
Agreements”, in “Österreichische Zeitschrift für öffentliches Reucht und Völkerrecht”
1979, p. 105. Ver também nota 30 infra.
29
Artigo 5º da Convenção de Havana sobre Tratados, assinada em Havana, Cuba, em
20.02.29 e ratificada pelo Brasil em 30.07.29 (promulgada em 12.12.29), determina: “Os
tratados não são obrigatórios senão depois de ratificados pelos Estados contratantes, ainda que esta cláusula
não conste nos plenos poderes dos negociadores, nem figure no próprio tratado” (in RANGEL, Vicente
Marotta, op. cit., p. 291).
30
Cf. SORENSEN, op. cit., p. 159.
31
No caso Estados Unidos v. Nicarágua, julgado pela CIJ em 27.06.86, após o exame de
tratados e costumes, a Corte decidiu pela aplicação de normas consuetudinárias acolhidas
na carta da ONU. 32 Fixa-se asim as características do costume que, segundo ROSSEAU,
são as seguintes: prática comum (repetição uniforme de atos da vida internacional); prática
obrigatória (é direito); prática evolutiva (a velocidade das mudanças sociais não são
acompanhadas pela alteração dos costumes).
33
BERNHARDT, Customary International Law, Encyclopedia. p. 61 e segs.
34
ROSSEAU, op. cit., p. 95/96.
130
35
The Scotia, Suprema Corte dos Estados Unidos, 1871, in “The Law of Nations, Cases,
Documents and Notes”, edited by Herbert W. BRIGGS, NY, 1944, p. 26. O caso tratou da
colisão entre o navio americano Berkshire e o navio inglês Scotia, provocado por erros de
sinalização do Berkshire, decorrente da não observação de regras costumeiras de navegação
(“regulations for preventing collisions at sea”) aceitas por numerosos Estados marítimos
como regras de uso do mar, abrangidas por uma regra consuetudinária maior: the law of the
sea. A aplicação do direito interno dos Estados envolvidos foi afastada, visto que a colisão
ocorrera em alto mar. A justificar a aplicação da law of the sea (law of nations), em certa altura
diz-se: “The question until remais, what was the law of the place where the collision occured, and at the
time when it occured. Conceding that it was not the law of the United States, nor that of Great Britain,
nor the current obligations of the two governments, but that it was the law of the sea, was it the ancient
maritime law, that which exist before the commercial nations of the world adopted the regulations of 1893
and 1864, or the law changed after those regulations were adopted? That law is universal obligation, and
no statute of of one or two nations can create obligations to the world. Like all the law of nations, it rests
upon the commom consent of civilized communities.”
36
The Parquet Habana. The Lola, Suprema cote dos Estados Unidos, 1900, BRIGGS, op.,
cit., p. 31. No final do século XIX os Estados Unidos estavam em guerra com a Espanha.
Os navios pesqueiros Parquet Habana e Lola, de bandeira espanhola, exerciam atividades
pesqueiras regulares nas costas de Cuba. Desconhecendo a guerra entre Estados Unidos e
Espanha, os navios foram capturados sem resistência ou armas a bordo. Em 27 de abril de
1898 o comandante intentou uma ação para reaver sua carga confiscada como prêmio de
guerra, bem como suas perdas e ressarcimento por danos. No julgamento na Suprema
Corte, reviu-se a opinião de doutrinadores franceses, argentinos, ingleses, alemães, suícos,
austríacos portugueses e italianos e se concluiu: “The review of the precedents and authorities on
the subject appears to us abundantly to demonstrate that at present day, by the general consent of civilized
nations of the world, and independently of any express treaty or other public act, it is an established rule of
international law, founded on considerations of humanity to a poor and industrious order of men, and of
the mutual convenience of belligerent States, that coast fishing vessels, with their implements and supplies,
cargoes and crews, unarmed, and honestly pursuing their peaceful calling of catching and bringing in fresh
fish, are exempt from capture as prize of war...”. A captura dos navios foi decalrada ilegal e
injustificada, revertendo-se a sentença de primeiro grau (Southern District of Florida). Os
votos divergentes (FULER, HARLAN e MCKENNA) entendiam que a prática de
exceptuar navios pesqueiros inimigos de captura não se tratava de um direito internacional
costumeiro, mas uma regra de cortesia que não havia sido autorizada pelo Presidente.
37
Ponto em que esta corrente, no nosso entender, tangencia a tese daqueles que defendem a
natureza cogente (ius cogens) do direito internacional.
38
QUADROS & PEREIRA (op., cit., p. 160) não deixam claro se comungam do pensamento
de BERNHARDT (op. cit., p. 61 e segs.), que expressamente defende esta posição sobre
empresas multinacionais.
39
QUADROS & PEREIRA, idem.
40
Sobre acordos entre Estados e pessoas privadas estrangeiras: sentença Dupuy (caso
Texaco/Calasiatic v. Líbia; ILM, 1978, p. 1/37; Resolução 1803, da Assembléia Geral da
ONU, de 14 de dezembro de 1962; Convenção do Banco Mundial sobre Resolução das
Diferenças Relativas a Investimentos entre Estados e Nacionais de outros Estados (caso
Agip v. Congo, “Revue Critique du Droit International Privé”, 1982, p. 92 e segs.);
CARREAU, op. cit., p. 163 e segs.
41
Haya de La Torre Case, CIJ, 1951, L. C. GREEN, “International Law through Cases”, 3ª ed.,
Londres, 1970. Em 03.10.48 uma rebelião militar sem sucesso teve lugar no Peru,
provocando o julgamento de seus líderes por crime de rebelião militar. Haya de La Torre,
131
peruano e um dos líderes da rebelião, teve sua prisão decretada pelo Governo do Peru, fato
que o levou a pedir asilo na embaixada colombiana em Lima. O embaixador colombiano
informou ao governo peruano que havia concedido asilo diplomático a De La Torre em
conformidade com o artigo 2º, § 2º da Convenção de Havana sobre Asilo de 1928,
requerendo um salvo conduto para que De La Torre deixasse o Peru, pois de acordo com
o enquadramento legal dado pela Convenção, o asilado deveria ser considerado refugiado
político.
42
Dos termos finais da decisão proferida pla Corte extrai-se a seguinte passagem: “The Court
cannot therefore find that the Colombian Government has proved the existence of such custom. But even if
it could be supposed that such a custom existed between certain Latin-American States only, it could not
be invoked against Peru which, far from having by itts attitude adhered to it, has, on the contrary, repudiated
it by refraining from ratifying the Montevideo Convention of 1933 and 1939, which were the first to include
a rule concerninig the qualification of the offence in matters of diplomatic asylum.” (L. C. GREEN, op.
cit, p. 400).
43
Corfu Channel Case, CIJ, 1949 (L. C. GREEN, op. cit, p. 254). Em 15.05.46 navios militares
britânicos foram alvejados pela artilharia albanesa enquanto passavam pelo canal de Corfu,
em águas territoriais albanesas. Em 22 de outubro daquele mesmo ano, dois outros navios
militares britânicos colidiram com minas enquanto navegavam no mesmo canal, sofrendo
severos danos e a morte de alguns de seus tripulantes. Estes fatos provocaram a inciativa
do governo britânico de retirada das minas do canal e das águas albanesas, o que se deu em
12 e 13 de novembro de 1946, sem permissão da Albânia. Surgiu o conflito entre os dois
Estados, restando ao Conselho de Segurança da ONU a orientação para que ambos
sujeitassem o caso à jurisdição da CIJ. A questão principal levada à corte foi a colocação
de minas, que se fez pelos alemães durante a II GGM, e a violação de soberania da Albânia
pela Grã-Bretanha na retirada não autorizada das minas. A Corte decidiu pela
responsabilização da Albânia no ressarcimento dos prejuízos causados às naus britânicas,
com base em direito costumeiro e convencional, bem como declarou a violação de sua
soberania pela Grã-Bretanha.
44
Portugal v. India. (L. C. GREEN, op. cit, p. 21). Desde a fundação de suas colônias na Índia,
Portugal exercia o direito de passagem por território indiano para abastecimento e defesa de
seus territórios - Goa, Daman e Diu. Procurando restringir este direito de passagem,
constituído pela longínqua prática entre os dois Estados, a Índia não mais permitiu que armas
e tropas portuguesas pudessem atingir os territórios de Daman e Diu a partir de Goa. No
julgamento do caso a CIJ pronunciou-se pelo reconhecimento do direito (e poder) da Índia
em regular o direito de passagem concedido a Portugal há séculos, já que desde 1953 os
direito de passagem havia sendo constantemente violado sem protesto por parte de Portugal.
A Corte decidiu: “Historically the case goes back to a period when, and relates to a region in wich, the
relations between neighbouring States were not regulated by precisely formulated rules but were governed largely
by practice. Where therefore the Court finds a practice clearly established between two States which was
accepted by the Parties as governing the relations between them, the Court must attribute decisive effect to that
practice for the purpose of determining their specific rights and obligations. Such a particular practice must
prevail over any general rule.” 45 Op. cit., p. 95.
46
QUADROS & PEREIRA, op. cit., p. 167 e segs: “Em resumo é imprescindível a opinio
iuris para que surja o costume, mas como a averiguação é particularmente difícil, a CIJ tem seguido o critério
de em princípio supor que a prática constante é acompanhada da opinio iuris. Assim, quando se defronta
com um uso geral, constante e uniforme, presume estar perante um costume, a menos que lhe seja demonstrado
que não existe convicção da obrigatoriedade mas que a prática resulta apenas de motivos de conveniência e
oportunidade. Há assim uma espécie de presunção iuris tantum a favor da obrigatoriedade de uma prática
132
geral, constante e uniforme. Notemos que não é uma presunção em sentido técnico, nem tem de ser sempre
seguida, mas é apenas a forma prática pela qual a Corte normalmente se determina.”
47
“Solução e Prevenção de Litígios Internacionais”, publicação do Núcleo de Estudos
de Controvérsias Internacionais - NECIN, Universidade de São Paulo, Faculdade de Direito,
Projeto CAPES; coordenadores: ARAMINTA DE AZEVEDO MERCADANTE e JOSÉ
CARLOS DE MAGALHÃES; artigo de LUIS FERNANDO FRANCESCHINI DA
ROSA, “Jurisprudência e Princípios Gerais de
Direito Internacional”, p. 151.
48
Este posicionamento é mais bem compreendido a partir da ideia que permeia o termo
Law of Nations, representativo de um direito internacional preponderantemente
consuetudinário e principiológico. Na concepção do Law of Nations, costumes e princípios
gerais de direito são institutos universalmente reconhecidos por todas as “nações civilizadas”,
termo contemporaneamente traduzido por “nações soberanas”. Um exemplo desta
universalidade é o repúdio ao tráfico escravo, ao genocídio, o que não nega o caráter
essencialmente cultural e político para determinação dos princípios.
49
Herbert W. BRIGGS, op. cit., p. 48, assinala que os jusnaturalistas vêem no artigo 38
a aceitação da lei natural da filosofia e que a escola monista de VERDROSS reconhece no
mesmo artigo não os princípios da lei natural, mas direitos positivados e aceitos no foro
doméstico dos Estados civilizados, concluindo que o artigo 38 reconhece uma nova forma
de ius gentium composto de regras que são a manifestação de requisitos elementares de justiça.
50
Com fundamento em vários julgados da CPJI, Tribunais Arbitrais e Cortes Supremas
de diversos Estados. V. exemplo do Caso Chorzow (Chorzow Factory case, CPJI, 1928; L.
C. GREEN, op. cit, p. 614): no curso do julgamento, ANZILOTTI asseverou que : “It is a
principle of international law that a reparation of a wrong may consist in a indemnity corresponding to the
damage which the national of injured State have suffered as a result of the act which is contrary to international
law.” 51 Tribunal Administrativo da Sociedade das Nações:Caso Schumann.
52
Declaração do Conselho das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, Estocolmo,
1972; Declaração do Rio na Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992.
53
Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, (Decreto nº 4.657, de 04.09.42), art. 4º:
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá por analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”;
Código de Processo Civil, art. 126, 127 e 335.
54
Op. cit., p. 98.
55
MAURO CAPPELLETTI, Juízes Legisladores?, p. 55.
56
Op. cit., p. 155/156.
57
Op. cit., p. 108 e segs.
58
Instituciones de Derecho Internacional Publico, Madrid, 1985-1990.
59
Foi neste sentido a sentença arbitral de M. Huber, de 04.04.28, no caso Palmas (BRIGGS,
op. cit., p. 173.
60
Caso Inglaterra v. Noruega e caso Lotus, no qual se deu valor de consentimento à falta de
protesto da França diante de preceitos relativos a competência penal da Turquia (BRIGGS,
op. cit., p.287).
61
VERDROSS (op. cit.) apresenta um rol de atos que denomina de atos unilaterais dependentes
- oferecimento e aceitação, a reserva e a submissão à CIJ (jurisdição), dos quais resultam
iguais consequências jurídicas na esfera internacional.
62
In “Recueil de Cours”, vol. 53.
63
Como não são unânimes os entendimentos, pode-se ter, por exemplo, resoluções
obrigatórias e decisões que não o são, tal como ocorreu no Tribunal da Haia, Parecer de
21.06.71, caso Sudoeste Africano (Namíbia), no qual a Corte se pronunciou contra a
133
doutrina dominante e reconheceu o caráter de decisão e uma intenção executória às
resoluções da Assembléia Geral da ONU.
134
Organizações Internacionais
Conceito, lista das principais, resumo, organizações não governamentais, o que são,
objetivos
2-Principais objetivos
- Traçam estratégias para resolução de problemas de urgência como, por exemplo, guerras e
outros conflitos militares.
135
- OMC (Organização Mundial do Comércio)
Fundada em 1994, conta com a participação de 149 países membros. Atua na fiscalização e
regulamentação do comércio mundial, além de gerenciar acordos comerciais.
Fundada em 1960, esta organização internacional é formada por 34 países. Tem como metas
principais o desenvolvimento econômico e a manutenção da estabilidade financeira entre os
países membros.
Fundada em 1948, este organismo faz parte da ONU e tem como objetivo principal a gestão
de políticas públicas voltadas para a saúde em nível mundial.
Organismo especializado da ONU, foi fundada em abril de 1919. Atua, em nível mundial,
em assuntos relacionados ao trabalho e relações trabalhistas.
Criada em 1949, conta com a participação de 28 países membros. Tem como objetivo
principal a manutenção da segurança militar na Europa.
FONTE: http://www.suapesquisa.com/geografia/organizacoes_internacionais.htm
136
O que são atos internacionais
1-O QUE SÃO ATOS INTERNACIONAIS?
Cabe registrar, finalmente, que na prática de muitos Estados vicejou, por várias
razões, o costume de concluir certos tratados sem aprovação legislativa. Eles passaram a ser
conhecidos como acordos em forma simplificada ou acordos do Executivo. As Constituições
brasileiras, inclusive a vigente, desconhecem tal expediente.
137
5. Fecho: especifica o local, a data da celebração do ato, o idioma em que se acha
redigido e o número de exemplares originais. Tratando-se de idiomas menos
usuais, a prática brasileira tem sido a de negociar um terceiro texto, em inglês,
francês ou espanhol, para dirimir futuras dúvidas de interpretação.
3-ATOS MULTILATERAIS
4-ATOS CONSTITUTIVOS
Fonte: http://dai-mre.serpro.gov.br/apresentacao/o-que-sao-atos-internacionais/
138
Soluções de conflitos
I - Controvérsias Internacionais: Soluções Pacíficas e Coercitivas
Abstract: A recently study of Relationship between International Public Low and who is
joined in it, try to show up the Contemporary History, emphasize the period subsequent of
second war. In order to, don’t make the same mistake during the wars, and given a proximity
amid nations, the international community establish a new part of Inter-Governmental with
insight to prevent peace and international security. Has appeared as well, regional
institutions, squeezing and increasing the speed of relations between states. With this bigger
promptness and complexity of contact between the nations it emerges the necessity of if
regulating the controversies that inevitably will come out. It is looked to examine the ways
of solutions of international controversies classified by the doctrine as: diplomatist,
jurisdictional politician and; beyond verifying the sources of resolution of international
controversies. the citizens of the Public International law, the beginning of the sovereignty
of the States, and the coercitive ways of resolution of International Controversies, today
severely fought for the general principles that conduct the Letter of the Society of the
Nations. In many points giving emphasis not only the legal question, but concomitantly, to
humanitarian, historical and economic the situation involved in the divergence in thesis and,
the possible effectiveness, together with the judgment of convenience of this or that way
employed - or trying - to clarify and finally the demand.
Introdução
A temática a respeito da solução dos litígios internacionais tem sido uma das
mais tradicionais do Direito Internacional, desde a emergência de seus estudos sistemáticos,
e aquela que, na atualidade, mais tem sofrido, com alguma intensidade as notáveis inovações
introduzidas pelas mutações das relações internacionais.
140
Apesar de termos a percepção que o Direito Internacional não mais pode ser
confinado, com rigidez, nas denominações clássicas de Direito Internacional Público
(relacionamentos entre Estados, diretamente ou através de organizações
intergovernamentais) ou o Direito Internacional Privado (relacionamento de indivíduos ou
empresas, onde haja a emergência da questão da aplicabilidade de leis internas de Estados
distintos, concomitantemente incidentes num determinado negócio jurídico). Forçosamente,
adota-se uma classificação de litígios em função das partes envolvidas, tendo em vista que,
apesar do fenômeno da globalização das relações internacionais, ainda existem normas que
se encontram reservadas à regulamentação das relações entre Estados, definidas como
normas de Direito Internacional Público Clássico, e que não podem ser aplicadas a uma
pessoa física ou jurídica de direito interno, às quais aquele direito as mantém desprovido de
personalidade.
141
alicerçados nas resoluções do órgão internacional ao qual está sujeita a discrepância. Segundo,
o artigo 39, constante no capítulo VII da Carta das Nações, se o Conselho de Segurança
determinar que há qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão, fará
recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas, a fim de manter ou
restabelecer a paz e a segurança internacionais, buscando evitar, de todos os modos, o
emprego de força militar e os flagelos da guerra.
142
de sua campanha, defendendo os interesses da nação, especificamente, àqueles para os quais
foi eleito. Chegando indiretamente ao objetivo de, por meio do voto, o cidadão bem
informado expor suas expectativas legislativas e executivas, através do representante que
mais lhe aprouver, de modo que consciência social e a liberdade individual figurarem
diretamente na democracia.
“O homem não vive mais isolado, e isso já faz alguns séculos. Entretanto, a
interdependência, principalmente econômica e política intensificou-se a partir da II Guerra
Mundial, com a formação de blocos de influência: de um lado os países liderados pelos
Estados Unidos, e, de outro, aqueles liderados pela União Soviética[2].”
Mesmo hoje, qualquer classificação que não os inclua no rol de sujeitos deste
ramo do direito pecará pela base, pois, basicamente, em torno do Estado e das Organizações
Internacionais giram as diversas concepções sobre Direito Internacional Público. Em
contrapartida, atualmente, parte isolada da doutrina, inclui nesse rol de sujeitos de Direito
Internacional, os homens como seres individuais, titulares de direitos fundamentais inerentes
ao ser humano e de deveres, como o de preservação do meio ambiente; e as grandes empresas
transacionais, pelo seu grande poder de barganha que os empregos gerados e o capital
envolvido representam, não somente nos países como nos mercados internacionais.
143
poderes é feita de maneira distinta, segundo Hildebrando Accioly e Geraldo Eulálio do
Nascimento e Silva:
“Acima dos Estados não há um Órgão supremo a que obedeçam, e, para dirimir
controvérsias entre eles e fazer respeitar os direitos de cada um, não existe uma
organização judiciária, com jurisdição obrigatória[3].”
Porém, o dispositivo não especifica quais sejam esses assuntos. Mesmo porque,
diante do caráter dinâmico das relações internacionais, um assunto que, em certo momento,
depende essencialmente da jurisdição de um Estado, no momento seguinte pode interessar
144
à comunidade internacional como um todo, exemplo disso é o que ocorre, atualmente, com
os direitos fundamentais do ser humano e o meio ambiente.
145
Quanto a concepção absolutista da soberania, ensina Husek: “A soberania é o poder
absoluto. Considerada sob esse aspecto, a sociedade internacional estaria fadada a não dar certo, porque cada
Estado apenas consideraria como certas as suas ações[7]”.
Assim, não seria absurdo considerar que um Estado soberano tem soberania
relativa ou independência na vida internacional e é para determinados fins
interdependente[8].”
146
Essa delegação de poderes, contudo, não é absoluta, tendo a comunidade
estabelecido restrições e limitações, reservando para si a autoridade exclusiva de decidir sobre
certas matérias como: a) o impedimento de deliberar sobre qualquer proposta tendente a
abolir a forma federativa do Estado; b) o voto direto, secreto, universal e periódico; c) a
separação dos poderes; d) os direitos e garantias individuais. Somente nova Assembléia
Nacional Constituinte poderia vir a modificar as cláusulas pétreas. Essa limitação de poderes
imposta na Constituição faz salientar seguramente a jurisdição originária de que está investida
a nação, o povo, e o caráter delegado da jurisdição outorgada aos órgãos do governo.
147
de sua antiga soberania, e que provocou a instalação de uma Comissão das Empresas
Transnacionais, pela Assembléia Geral da ONU; um sintoma das tendências que a
comunidade internacional acabou por solidificar e tornar realidade, sendo ampliada após a
queda do muro de Berlim. Essa evolução desaguou no processo de globalização da
economia, com reflexo na organização da jurisdição dos Estados, submetidos a fatores que
não podem, individualmente, controlar mesmo em sua base territorial.
“Artigo 1.3 Os propósitos das nações Unidas são: Conseguir uma cooperação
internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural
ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;”
148
Esse conjunto de fatores serve para demonstrar similitudes e disparidades numa
análise comparativa entre o indivíduo e o Estado, e entre a sociedade interna e a sociedade
internacional. Se, por um lado o indivíduo é sujeito de direitos e deveres, enquanto
encontrado sob a tutela jurisdicional do Estado na sociedade interna, sendo vinculado àquela
jurisdição e devendo conviver, conforme sua vontade, harmonicamente com os outros
cidadãos, adimplindo dessa forma a base de suas obrigações preceituadas na carta magna; de
outro, a nação soberana está inserida em uma comunidade internacional horizontal, onde,
apesar de não existir uma jurisdição obrigatória, em patamares supranacionais com eficácia
obrigatória originária, existe uma força obrigatória baseada em tratados e costumes, oriunda
dos anseios e orientações dessa própria comunidade internacional, que abrange todo o
planeta.
“Artigo 38
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo
o direito;
149
d) sob ressalva do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais
qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das
regras de direito.
Artigo. 59
Essa lista constante no artigo 38 não é rigorosa – não sendo exclusivamente essas
as únicas fontes vigentes de resolução de controvérsias internacionais - apresenta um rol não
exaustivo, mas prioritariamente ordenado, de meios que a Corte utilizará na apuração dos
feitos. Tendo, no sub-ítem “d” alocado a doutrina e a jurisprudência, oriunda das decisões
judiciárias, que segundo Rezek “não são formas de expressão do direito, mas instrumentos úteis ao seu
correto entendimento e aplicação[17]”. E no inciso 2 versado sobre a equidade “um critério a nortear
o julgador ante a insuficiência do direito ou a flagrância de sua imprestabilidade para o justo deslinde do caso
concreto”[18].
O Brasil, assim como outros países, apesar de ter assinado ambas as convenções,
ainda não ratificou nenhuma delas.
150
A crítica a elas surge por não terem abordado assuntos de grande relevância,
como por exemplo, os efeitos da guerra sobre os tratados e a responsabilidade internacional
de Estados e organizações internacionais pelo inadimplemento de suas obrigações
convencionais.
“Artigo 33
1. As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz
e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução
por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial,
recurso a entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à
sua escolha.
151
A evolução mais consistente do Direito Internacional começou, como já
exposto, com o fim das grandes guerras mundiais. A partir de então surge a presença de
novos atores na cena internacional, as organizações internacionais, com seus órgãos
colegiados e unipessoais, e a emergência de novos foros de negociações e de novas regras
para a conduta diplomática dos Estados, trata-se da chamada Diplomacia Multilateral.
Modalidade apresentada de duas maneiras distintas: a) não institucionalizada, na forma de
congressos e conferências internacionais, que eram reuniões solenes e esporádicas, nos
séculos anteriores, e que se tornam corriqueiras – pelas facilidades de comunicações diretas
entre os Estados, e pelas possibilidades de reuniões de delegados dos Estados, em reuniões
mais freqüentes; e b) institucionalizada, com regras muito precisas, tal como se pratica no
seio de organizações intergovernamentais permanentes, ou segundo procedimentos
estabelecidos em tratados e convenções internacionais, que instituem reuniões periódicas,
em algo semelhante àquelas levadas a cabo naquelas organizações.
Para auxiliar a Assembléia Geral na organização de sua reunião anual, ela conta
com sete comissões: política, política especial ( ad hoc), econômica, social, tutelar,
administrativa e financeira e a comissão jurídica. Em contraponto à experiência da grande
maioria dos Parlamentos dos Estados-Membros, não há limite na composição destas
comissões.
152
dos Parlamentos Nacionais, previstas pelo ordenamento jurídico ordinário, movido pelas
normas constitucionais; as regras da diplomacia multilateral de congressos e conferências
seriam assimiláveis àquelas de uma Assembléia Constituinte, que não se subordinam a uma
Constituição vigente e que são elaboradas “ad hoc”.
Nas reuniões não institucionalizadas, muitas dessas questões são resolvidas por
negociações multilaterais centradas no Estado ou grupo de Estados que tiveram a iniciativa
de convocar uma reunião internacional, ou nas primeiras sessões de instalação dos trabalhos.
Com relação à doutrina Rezek e Accioly afirmam tratar-se de uma difícil sintonia.
Nos primórdios do DIP, a opinião de juristas categorizados como Grocius, Bynkershoek,
Gentile e Vattel supriram as lacunas existentes, recorrendo às mais diversas fontes, inclusive
ao direito romano. Porém, o papel da doutrina diminuiu, e hoje se verifica que a sua inclusão
no Estatuto da Corte Internacional de Justiça tem sido contestada, tendo a própria Corte
evitado de mencionar as opiniões dos juristas em seus julgamentos. Leva-se em conta o fato
de pareceres dos Consultores Jurídicos dos Ministérios das Relações Exteriores, embora
subscritos por indivíduos de notório saber jurídico, devem ser analisados com cautela, pois
reiteradamente espelham a opinião do respectivo governo, muitas vezes contrariando os
anseios gerais da comunidade internacional.
153
Já as decisões a que se refere o art. 38 do Estatuto da Corte de Haia são as
componentes da jurisprudência internacional, as quais tem papel importante no auxílio da
consolidação das normas do Direito Internacional Público, exemplos são os pareceres
consultivos e os casos contenciosos da Corte Internacional, expostos no anexo A. Alguns
autores argumentam que as decisões da CIJ devem ser equiparadas às fontes formais, não
mais se justificando a sua equiparação com as dos demais tribunais internacionais ou
nacionais. A questão é controvertida, sendo que a maioria alega, com propriedade, que os
termos do art. 38 não podem suscitar dúvida, ou seja, a jurisprudência constitui meio auxiliar.
Cabe à Corte aplicar a lei e não fazê-la. No anexo A estão expostas algumas decisões
reiteradas da CIJ.
154
exemplificação”[22], a primazia da busca pela paz admite, segundo a própria Carta, às partes
litigantes “qualquer outro meio pacífico à sua escolha[23]”.
Também é visto que não existe uma gradação ou hierarquia a ser seguida, pois
todos os meios são de soluções pacíficas e cabem as partes escolhê-los, segundo os seus
critérios de avaliação e a situação de fato e de direito envolvida, sendo possível, inclusive, a
incidentalidade de meios, a fim de dar brevidade à resolução do conflito.
155
humanidade em vias de conservação do Meio Ambiente, em alguns tratados internacionais
acerca do tema é notado que essa situação tem sido equacionada de forma aceitável, com a
instituição de prazos de resposta a pedidos de negociações, ou ainda, de procedimentos
especiais, no caso de falta de colaboração de um Estado.
“(...) O número de partes num lado ou no outro lado da disputa não tem
qualquer importância; depende da natureza da questão examinada. Se for de interesse mútuo
de vários Estados, quer dentro de um corpo organizado ou não, inexistiria qualquer razão
que justificasse o formalismo e um pedido infundado para entrar em negociações diretas com
o Estado “ex adverso” comum, após terem participado de amplas e abrangentes negociações
coletivas com o mesmo Estado[24].”
156
tradição de excelência dos serviços prestados ao país pelo Ministério das Relações
Exteriores), através do Tratado de Petrópolis, assinado em 1903, o qual comprou a região
dos bolivianos e peruanos pela importância de 2 milhões de libras esterlinas, estabelecendo
as fronteiras do território do Acre e resolvendo em definitivo a questão, conforme as
condições daquele acordo.
Os Bons Ofícios, que não aparecem no rol das soluções de controvérsias entre
Estados, no mencionado art. 33 da Carta da ONU, constituem, no entanto, forma bastante
antiga e há muito reconhecida como tal pelo DIP, inclusive, constantes nos artigos 8 e 9 do
Pacto de Bogotá, de maio de 1948, transcreve-se:
Artigo 10 – Uma vez que se tiver conseguido a aproximação das partes e que
estas tiverem entrado novamente em negociações diretas, dar-se-á por terminada a ação do
Estado ou do cidadão que tenha oferecido seus Bons Ofícios ou aceitado o convite para
interpô-los; no entanto, por acordo das partes, aqueles poderão estar presentes às
negociações.”
157
dos contendores, seu apoio para a solução do litígio é apenas instrumental. Em geral, eles
não costumam ser solicitados ao terceiro pelas partes, ou por uma delas, são em geral
oferecidos por ele, o que nunca se entenderá como intromissão, e podem, tranqüilamente,
ser negados.
Segundo Rezek, o Brasil já prestou bons ofícios[28], assim como também já foi
beneficiado pela prestação de bons ofícios de terceiros, diversas vezes. Em 1864, Brasil e
Grã-Bretanha estavam de relações cortadas, devido o caso Christie, Portugal foi prestador de
bons ofícios, o que fez com que os Estados que estavam se desentendendo, voltassem a ter
relações amistosas.
3.1.3 Mediação
A mediação é um instituto que se aproxima bastante dos bons ofícios já que ela
também importa o envolvimento de terceiro na lide. Este, por sua vez, não possui uma
atuação meramente instrumental aproximando as partes; ele, originalmente, toma
conhecimento da demanda e das razões de cada um dos litigantes, para lhes propor uma
solução, não se restringindo a simplesmente propor uma base de negociações, mas antes a
propor a base de um acordo.
Daí se discorrer que a mediação vai além dos bons ofícios, já que o mediador
participa de maneira regular e ativa nas negociações. Ela tanto pode ser oferecida quanto
solicitada, fato que já supõe algum entendimento entre os Estados-parte numa controvérsia
(pelo menos no aceite da interferência do mediador), necessita algumas formalidades no seu
envolver – embora muito longe das formalidades da conciliação e da arbitragem - e se
completa com um ato informal, de mera indicação de comportamentos desejáveis ( estando
assim, ainda mais longe dos relatórios ao final de uma conciliação ou de uma sentença
arbitral), por vezes formalizado com um acordo entre os Estados-parte e o mediador.
158
Na atualidade, observa-se que além dos Estados e das organizações
internacionais, outros atores internacionais, também têm atuado como mediadores. Essa
afirmação, todavia, é ponderada pela observação de Rezek:
“(...)o mediador, quando não seja nominalmente um sujeito de direito das gentes
(....), será no mínimo um estadista, uma pessoa no exercício de elevada função pública, cuja
individualidade seja indissociável da pessoa jurídica internacional por ele representada (Henry
Kissinger, pelos Estados Unidos, mediando na Palestina, nos anos setenta, o conflito entre
Israel e os Estados Árabes; e ali mesmo, com igual missão em 1948, o conde Bernadotte,
pela ONU)[31].”
Esse instituto do DIP está muito próximo ao procedimento dos bons ofícios,
no que se refere à sua função preventiva de evitar que uma situação conflitiva se degenere,
de encaminhar os litígios para uma solução através de outros meios e, enfim, difere, pela
faculdade dela mesma apresentar uma solução (eventualmente aceitável pelos contendores,
tendo em vista as qualidades personalíssimas do mediador, que já demonstrou ter a confiança
das partes, pelo fato de ter sido indicado, como tal, por consenso de ambas).
159
dezembro de 1921,versando sobre as respectivas possessões ou domínios insulares no
Oceano Pacífico. Porém foi no continente americano, que o sistema de consultas se
desenvolveu e adquiriu caráter preciso de meio de solução de controvérsias, bem como de
meio de cooperação pacifista internacional.
O art. 61: “A reunião de Consultas dos Ministros das Relações deverá ser
convocada a fim de considerar problemas de natureza urgente e de interesse comum para os
Estados americanos, e para servir de órgão de Consulta”.
Artigo 53. “A Organização dos Estados Americanos realiza os seus fins por
intermédio: b) Da Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores”[33];
3.1.5 Inquérito
“(...) são formas típicas do século XX, em particular no interior das organizações
intergovernamentais, em virtude das quais são constituídas pessoas ou comissões, com a
160
finalidade de esclarecer fatos e, eventualmente sugerir condutas e soluções. Implicam o dever
de os Estados suportarem a presença de pessoas ou comissões internacionais em seus
territórios (em particular os deveres de outorgar-lhes privilégios e imunidades, para o bom
cumprimento das respectivas missões), bem como o dever de franquear-lhes os dados sobre
os fatos investigados[35].”
3.1.6 Conciliação
161
sentenças arbitrais ou as sentenças judiciárias internacionais. O ato terminativo da
conciliação se apresenta como um relatório valorativo de fatos, acompanhado de uma
recomendação aos Estados num litígio, com a dupla função de investigação e esclarecimento
dos fatos na controvérsia e de tentativas mais eficazes de aproximar os litigantes, através de
conselhos e exortações, inclusive para que cheguem a soluções mutuamente aceitáveis,
portanto, agregando os valores das comissões de inquérito e de mediação.
Muitos tratados têm copiado tais dispositivos, com variantes quanto à instituição
que deverá ter a guarda da lista de eventuais conciliadores e que deverá atuar na composição
da comissão, no caso de falta de cooperação de uma Parte ou no caso de não indicação do
Presidente da comissão, por parte dos conciliadores já indicados.
162
3.2 Meios Políticos
163
ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação
da paz;
Artigo 2
6. A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações
Unidas ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à
manutenção da paz e da segurança internacionais.
164
Expostos os princípios da Organização, passa-se a analisar os principais órgãos
resolutivos de controvérsias internacionais que utilizam os chamados meios políticos para tal
resolução de demanda.
Para Rezek, “tanto a Assembléia Geral, quanto o Conselho de Segurança das Nações
Unidas podem ser utilizados como instâncias políticas de solução de conflitos internacionais[37]”. Segundo
o autor, dois tópicos singularizam essa via: ela só deve ser tomada em presença de conflitos
de certa gravidade, que constituam alguma ameaça ao clima de paz; e, por outro lado, ser
assumida à revelia de uma das partes, e mesmo de ambas, quando o conflito é trazido por
terceiros à mesa de debate, seja ele um terceiro Estado integrante da CS, ou o Secretário
Geral da ONU.
165
Irlanda do Norte - e os 10 não permanentes, pois de tempos em tempos uma parte dos
membros deste Conselho é renovada, sendo a escolha dos membros rotativos é feita pela
Assembléia Geral
“1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por parte das Nações Unidas, seus
membros conferem ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade da
manutenção da paz e da segurança internacionais e concordam em que, no
cumprimento dos deveres impostos por este responsabilidade, o Conselho de
segurança aja em nome deles.
Para a grande maioria das questões com que a ONU se ocupa, e de acordo com
seus objetivos, a competência é da Assembléia Geral, mas sempre que se tratar de
Manutenção da Paz e Segurança Internacionais há um deslocamento desta competência que
deixa de ser da Assembléia Geral e passa a ser do Conselho de Segurança. Isto pelo fato da
AG reunir-se normalmente apenas uma vez por ano, para tratar de assuntos pendentes do
último ano e traçar diretrizes para o ano seguinte.
166
presente en todo momento en la Sede de las Naciones Unidas. El Consejo se
puede reunir también fuera de la Sede. En 1972, por ejemplo, se reunió en Addis
Abeba (Etiopía) y, al año siguiente, en la ciudad de Panamá[41].”
Supondo uma decisão aprovada por dez membros rotativos mais quatro
membros permanentes, havendo um voto de membro permanente contrário, a decisão não
será aprovada. Isto significa que os votos dos membros permanentes têm que ser unânimes
para aprovação de qualquer decisão do Conselho, explicitando o forte poder de veto dos
permanentes. Porém se os cinco vencedores da guerra desejarem uma decisão, e os dez
rotativos não, ela não será aprovada, pois são necessários oito votos para aprovação. Esta
forma de votar conseguiu reprimir muitos conflitos bélicos internacionais.
“Artigo 40.
Artigo 41.
Artigo 42.
167
compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças
aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.
Artigo 43
2. Tal acordo ou tais acordos determinarão o número e tipo das forças, seu grau
de preparação e sua localização geral, bem como a natureza das facilidades e da
assistência a serem proporcionadas.”
Criada em 1995, pelo acordo de Marrakesh em abril de 1994, como uma agência
especializada da ONU, sendo complementar e por sua abrangência substituindo o General
Agreement on Trade and Tarifs (GATT), a OMC tem sua sede em Genebra e conta,
atualmente, com cento e quarenta e seis membros. É sem dúvida uma instituição inovadora
168
nas Relações Internacionais, pois ela difere dos Comitês das Nações Unidas, difere dos
organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial
(BM), que são coordenados por um grupo de diretores. Além disso, apresenta um sistema de
resolução de controvérsias de grande eficácia e atividade, o OSC (Órgão de Solução de
Controvérsias), ou MSC (Mecanismo de Solução de Controvérsias, também conhecido como
panel). A OMC procura conciliar a busca da justiça com a celeridade. Assim, todo o processo,
incluída uma possível fase de apelação, não deve ultrapassar o período máximo de doze
meses.
169
uma rude batalha na OMC, sob o olhar atento de terceiros interessados, em particular dos
Estados Unidos.Todas as etapas previstas pelo OSC foram cumpridas. A sentença
determinou que o Brasil deveria reformular sua política de incentivos às exportações do
Programa de Financiamento às Exportações (Proex). Já o Canadá foi condenado em razão
da concessão de subsídios ilegais à Bombardier através do programa Technology Partnership
Canadá (TPC).
170
aperfeiçoado OSC e seu Órgão de Apelação, deve aumentar a probabilidade de observância
das normas e tornar os Estados, mesmo os relativamente mais poderosos, mais relutantes no
momento de afrontá-las. De fato, como visto acima, o acúmulo progressivo de decisões
lotadas de autoridade, a consolidação de interpretações e conceitos e o adensamento do
regime normativo daí decorrente reduz a possibilidade de um Estado alegar que determinada
medida na verdade não constitui violação de compromissos assumidos.
Seitenfus, concorda com a eficácia da OSC, reiterando que “A forma mais eficaz
de dirimir um conflito de natureza comercial, entre os Estados participantes da OMC é acionar seu sistema
autônomo de solução de controvérsias[43]”.
171
Como um dos mais antigos organismos regionais do mundo, a OEA atravessou
um século em busca de soluções para os principais problemas do Continente, mostrando
notável capacidade não só de adaptação à conjuntura histórica mas até mesmo de inovação.
Encontra-se atualmente em processo de revitalização, marcado por novas perspectivas de
atuação, ao lado de novos desafios. A partir da década de 90, a ênfase no fortalecimento da
democracia marcou os trabalhos da Organização, ocorrendo, ao mesmo tempo, uma
atualização de sua agenda política, resultante do novo quadro internacional. Assim, a OEA
passou a atuar mais intensamente em áreas de interesse de seus Estados-membros, tais como
o comércio e integração, controle de entorpecentes, repressão ao terrorismo, corrupção,
lavagem de dinheiro e preservação do meio-ambiente.
172
limitações são evidentes. Tentava-se reunir os países árabes num grande movimento unitário
que, ao longo da história, por suas inúmeras disparidades, demonstrou ser impossível.
Desse modo, a organização com seus vinte e dois países membros não consegue
demonstrar um mínimo de eficácia. São integrantes da Liga dos Estados Árabes (LEA):
Arábia Saudita, Argélia, Barein, Catar, Djibouti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen,
Ilhas Comores, Iraque, Jordânia, Kuweit, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã,
Palestina, Síria, Somália, Sudão e Tunísia.
173
Tanto quanto na ONU, no MERCOSUL existem as Reuniões de Ministros de
áreas específicas, os Subgrupos de Trabalho e os Grupos “ad hoc” de assessoria técnica ao
Grupo Mercado Comum (GMC), e o Comitê de Cooperação Técnica.
Artigo 43.
174
Essa evolução repousa em três fatores, novos, sob o ângulo da efetividade:
Primeiro, a submissão obrigatória dos Estados à arbitragem, no curso do procedimento;
Segundo, pelo fato de que o laudo é obrigatório – introduzido que foi no sistema jurídico de
cada um dos países, juntamente com o Tratado – deve ser cumprido pelas autoridades locais
como se fora lei; Terceiro, porque há normas processuais obrigatórias, assim as partes não
podem mais ver no tribunal arbitral uma sua criatura, pois a submissão preexiste ao litígio.
O comportamento deste é predeterminado pela existência de normas processuais. A
diferença da arbitragem tradicional é sutil, mas cheia de conseqüências.
Há, por isso, mais do que na Corte Arbitral Permanente de Haia Ela não é,
portanto, um tribunal permanente, mas uma reserva de árbitros para os tribunais "ad hoc"
que os Estados- parte viriam a constituir.
175
outros elementos – mas apresenta diferenças substanciais em relação à primeira,
aproximando-se, sem maiores limitações, das últimas.
É sua semelhança com o direito interno que faz com que juristas que não têm
formação especializada em direito internacional sejam levados a imaginar a possibilidade de
sua transplantação para outros sistemas, de caráter nitidamente internacional, sem atentar
para as diferenças de propósito que cercearam a construção de cada um desses modelos, e
que são justamente o que lhes confere validade.
176
- oriunda de tribunais internacionais, a exemplo do tribunal internacional de Haia - como
meios jurisdicionais de solução de controvérsias internacionais, os quais serão brevemente
comentados nos capítulos seguintes desse trabalho.
3.3.1 Arbitragem
177
que as arbitragens não ficassem restritas só a resolver os conflitos entre os Estados, mas
também propiciar a solução de litígios entre os Estados e particulares estrangeiros.
Em 1920 foi instituída pelo Pacto da Liga das Nações, uma Corte Permanente
de Justiça Internacional (CPJI), com sede em Haia e com vocação universal.
Essa Corte foi extinta em 1939 quando da eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Com a instituição da ONU, a Corte foi rebatizada de Corte Internacional de Justiça (CIJ),
com o status de órgão da referida Organização.
178
Outra hipótese é pela submissão por um Estado de uma demanda à jurisdição
da Corte ou pela aceitação expressa ou tácita por outro Estado da jurisdição, no caso de não
haver nenhum título de justificação da jurisdição da CIJ.
Enfim, a jurisdição da CIJ é estabelecida pelo depósito por parte do Estado junto
ao Secretário Geral da ONU de uma declaração na qual conste a aceitação incondicionada
da jurisdição da CIJ, no momento em que subscrever o Estatuto da Corte, ou a qualquer
tempo. É o que se chama de cláusula facultativa de jurisdição obrigatória.
Por tais fatores é que se observa que a jurisdição da Corte não é automática,
ficando a mercê da vontade dos litigantes. Hodiernamente, apenas 52 Estados reconhecem
a jurisdição obrigatória da CIJ, sendo que dos membros permanentes do Conselho de
Segurança, apenas o Reino Unido a reconhece. Sem falar nos casos de retirada da declaração
de aceitação compulsória da jurisdição da CIJ.
“Art. 94
2. Se uma das partes num caso deixar de cumprir as obrigações que lhe
incumbem em virtude de sentença proferida pela Corte, a outra terá direito a
recorrer ao Conselho de Segurança que poderá, se julgar necessário, fazer
recomendações ou decidir sobre medidas a serem tomadas para o cumprimento
da sentença.”
179
Com relação à competência consultiva da CIJ, esta se verifica pela em emissão
de pareceres consultivos por parte da Corte, desde que os pedidos se refiram a qualquer
questão de ordem jurídica, em conformidade com o artigo 96 da Carta de São Francisco, e
que sejam solicitados por Estados-membros da ONU, pelos órgãos das Nações Unidas ou
pelas entidades especializadas devidamente autorizadas pela Assembléia Geral.
4 - Os Meios Coercitivos
4.1. Retorsão
180
Portanto, conforme destaca Accioly, tal instituto: “Inspira-se no princípio da
reciprocidade e no respeito mútuo, que toda nação deve ter para com as demais. Não é ato de injustiça, nem
violação de Direito; mas, também, não pretende ser punição[54]”.
4.2. Represálias
181
Suas modalidades mais utilizadas são: o seqüestro de bens e de valores
pertencentes ao Estado, ou a seus nacionais; a interrupção das relações comerciais; a expulsão
de nacionais do estado que transgrediu as normas internacionais, ou a sua prisão como reféns;
a recusa de executar os tratados vigentes ou sua denúncia, a retirada dos privilégios e favores
concedidos aos cidadãos do estado; a ocupação do território, como medida coercitiva.
4.3. Embargo
Nas duas Grandes Guerras, até mesmo o Brasil utilizou o embargo quando
seqüestrou embarcações, cargas e bens alemães, italianos e japoneses. Contudo, esse meio
coercitivo foi abandonado pela prática internacional e condenado pela doutrina, pois, muitas
vezes, atinge apenas simples particulares sem colaborar para o fim dos conflitos.
182
à paisana, pertencentes à fragata forte, que haviam agredido autoridades brasileiras – que
apenas serviu para prejudicar ainda mais as relações diplomáticas entre os estados em litígio,
acirrando mais o conflito ao invés de solucioná-lo.
4.5. Boicotagem
O boicote pode ser estabelecido por ato oficial ou por particulares. Tal medida
tanto pode ser empregada em tempo de paz como em tempo de guerra, sendo utilizada, no
primeiro caso, como processo coercitivo e, no segundo, como forma de impedir o comércio
neutral com outras potências inimigas.
A maioria dos autores entende que o boicote, sendo obra de particulares não
gera responsabilidade do Estado; a menos que tenha sido forçada pelo governo, nesse caso
é um ato ilegítimo pelo qual o Estado deve responder.
A Carta da ONU, em seu artigo 41, prevê a boicotagem como uma das medidas
a serem tomadas para tornar efetivas as decisões do Conselho de segurança.
“(...) o pedido de retirada de toda missão diplomática do estado violador e a ordem de retorno
dos representantes do Estado acreditados no território do outro país. É o corte das relações
amigáveis, com conseqüências comerciais e políticas (...)[59].”
183
rompidas as relações. Essa ruptura não implica, necessariamente, no rompimento de relações
consulares e econômicas.
Assim, é usado como sinal de protesto contra uma ofensa recebida, ou como
maneira de persuadir o Estado contra o qual se aplica, a adotar procedimento razoável e mais
conforme aos intuitos que se têm em vista.
Conclusão
Nesse novo cenário onde as relações tornam-se muito mais ágeis pela facilidade
de troca de informações, circulação de pessoas e produtos, a possibilidade de incidência de
desacordos sobre certos pontos de fato ou de direito multiplica-se quantitativamente. Assim,
emerge a necessidade de se regular eventuais discrepâncias.
184
Quanto aos meios de resolução das controvérsias internacionais, os organismos
intergovernamentais, por meio de tratados multilaterais e de novos meios, como a diplomacia
multilateral e a diplomacia parlamentar, buscam através de um ideal de cooperação entre as
nações criar meios para que todos os conflitos sejam resolvidos de maneira pacífica. São
mantidos no rol do DIP os eficientes e tradicionais meios de solução pacífica de
controvérsias, como as Negociações Diplomáticas, a mediação, a conciliação e a arbitragem;
acrescentados os meios políticos oriundos dos órgãos regionais, e os meios jurisdicionais, ou
tribunais internacionais.
Sendo que as decisões oriundas dos meios Diplomáticos e Político, assim como
as Jurisdicionais da Arbitragem, cada uma com seu grau de obrigatoriedade diferente,
dependem, em última análise, da boa-fé dos litigantes. E, mesmo a sentença da Corte
Internacional de Justiça pode ter sua executoriedade posta a prova, visto que para que a
jurisdição ocorra o Estado-parte da controvérsia deve aceitá-la formalmente.
Depreende-se que a partir do fim das grandes guerras a mobilidade mundial foi
alterada substancialmente, de modo a interferir nas relações entre pessoas, entre Estados,
entre esses e a comunidade internacional. Reduzindo distâncias, mantendo meios de
relacionamento dos sujeitos de direito internacional, e surgindo, além de outros modos de
relacionamento, outros sujeitos de direito internacional. Desse modo a comunidade
internacional busca adequar-se à nova conjectura mundial, organizar maneiras de resolver
suas controvérsias e buscar a paz e a segurança internacionais, ainda que nesse caminho
estejam privilegiadas algumas nações mais abastadas.
185
FONTE:http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=255
186
II - Solução de conflitos/litígios internacionais
Rosa Gomes Ca
INTRODUÇÃO
Quando falamos em um acordo, vale a pena lembrar que este deve ser justo,
conseqüência de um diálogo honesto. É papel de resolução, garantir que essa comunicação
aconteça de forma livre, franca mais tranqüila, sempre buscando o melhor acordo acerca do
bem almejado pelas partes.
E como o diálogo pode levar a uma solução de seus problemas de modo que
todos podem sair ganhando. Esse processo ajuda na inclusão social de todos no seio
internacional, ao perceberem o papel importante que têm na luta para fazer valer os seus
próprios direitos
187
Nesse caso, é procurada cada vez mais por todo o mundo a contratação de uma
terceira pessoa imparcial especializada e desinteressada do processo em apaziguar os ânimos
e buscar os denominadores comuns entre os objetivos das partes ou Estados conflitantes.
Não-pacíficos, ligado essencialmente ao uso da forca por uma das partes litigantes.
188
este entre outros são legítimos e reconhecidos no âmbito do Direito Internacional perante a
criação da ONU:
“As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e
à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução por
negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial,
recurso à entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à
sua escolha”.
Por sua vez, a resolução de conflitos acontece em etapas mais avançadas da curva
do conflito, quando este ultrapassa o limiar da violência e escala para uma situação de crise,
podendo chegar em última análise ao conflito armado, a guerra.
Neste âmbito, carece em regra de medidas mais urgentes, com maior robustez e
realizadas normalmente sobre a égide da ONU ou de outras Organizações Internacionais,
Regionais ou Sub- regionais credíveis, constituindo uma terceira parte que não só vai mediar
o conflito, como será o interlocutor privilegiado da sociedade internacional para esse conflito,
assumindo por norma a liderança conjugada das dinâmicas pacificadoras na região.
189
aspectos que conduziram ao conflito, promovendo iniciativas construtivas de
reconciliação, no sentido do fortalecimento das Instituições e dos processos das
partes” (2004, p. 8).
Bilaterais
190
Dão-se quando a questão interessa somente dois (2) Estados e incide
diretamente.
Multilaterais
Alguns autores, mormente Luis García Arias (Mello, 1992, p.1072) constata que
as conferencias entre chefias de Estados apresentam uma série de inconvenientes que são
(3):
- Animosidade pessoal;
Durante as negociações podem ser suscitadas novas questões, que não constam
as instruções mencionadas. Conseqüentemente, elas podem ser mais demoradas, pois os
enviados têm que fazer chegar aos seus superiores ás novas questões, de forma a solicitar
instruções suplementares.
Como resultado das negociações pode ocorrer uma desistência - quando uma
das partes renuncia ao direito que pretendia.
191
Ainda, em síntese é válido mencionar que as negociações, sejam elas unilaterais
ou bilaterais, são admitidas em quaisquer fases de outros procedimentos, bem como é
responsável cotidianamente pela solução de vários litígios internacionais.
Consoante WARAT:
192
Favorecer uma atitude de cooperação, inibindo a confrontação freqüentemente
utilizada pelo sistema tradicional;
Facilitar a negociação.
Com essa analise inversa, dá para acreditar que pode restar mais fácil o
entendimento e a observação de que, o mediador deve ser uma pessoa neutra.
Deve conduzir sem decidir e ser neutro em tudo o que seja esperado dele como
intervenção na decisão.
Não se pode dizer que, o mediador deve ter atitude de julgamento ou analisar o
juízo de valor sobre as questões ou pessoas, e sim ter a percepção do valor de uma solução
aceitável para ambas as partes e acreditar na capacidade das pessoas de encontrar solução,
levando em conta sempre a importância da relação.
Sendo assim, o terceiro Estado seria um simples intermediário que não costuma
ser requerido, coloca em presença os Estados litigantes para os levar entrar em negociações,
ao contrário da mediação, embora na prática seja difícil distinguir entre ambos.
Exemplo: Esta técnica de serviço pode ser requerida por um alto funcionário de
organização intergovernamental na qualidade de Secretário Geral da ONU. No âmbito da
Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental- CEDEAO, estes países sub-
regionais africanos possuem o regime de Bons Ofícios como mecanismo para pacificação de
conflitos e de igual modo, no da Organização dos Estados Americanos- OEA.
193
Assevera-se segundo Accioly, “a matéria ou assunto em litígio interessa á vários
Estados, ou quando se tem em vista a solução de um conjunto de questões sobre as quais
existem divergências”.
Como se sabe, ao longo de sua história, o Brasil tanto já se utilizou dos bons
ofícios, como já recolheu a ação amistosa de um terceiro Estado. Exemplo deste último foi
a prestação de Bons Ofícios por parte de Portugal, em 1864, para que Brasil e Grã-Bretanha
reatassem as relações diplomáticas rompidas após o incidente Christie.
2.1.4 A Conciliação
Diante disso, os fatos investigados e opiniões legais emitidas pelas partes e pela
Comissão Conciliatória, não têm quaisquer valores perante Cortes Arbitrais ou Judiciais.
Os conciliadores podem ser nomeados de acordo com a função exercida por ex.
Ministro das Relações Exteriores ou com a sua capacidade pessoal.
194
Ultimamente, a conciliação tem merecida uma atenção particular em algumas
convenções multilaterais mais complexas por resultar tanto de um acordo preestabelecido
ou ad hoc entre as partes envolvidas na disputa, onde se prevê que, na impossibilidade de
chegar-se a uma solução pela via da arbitragem, as partes/Estados se comprometem a iniciar
uma conciliação por influencia refletida da Convenção de Viena Direito dos Tratados de
1969, a Convenção da Biodiversidade e a Convenção sobre Mudança do clima, ambas de
1992 e a Convenção de Montego Bay de 1982 sobre Direito do Mar, a qual contém um
Anexo Único, especialmente voltado á conciliação.
Por outro lado, segundo Rezek, esta via política pode ser adotada á revelia de
um dos pólos litigantes, quando o conflito e levado ás Organizações Internacionais por
apenas um dos lados, todavia, isso não impede que os cheguem a um consenso mediante os
debates (1998, p. 348/349).
195
A Carta da ONU possibilita o acesso dos conflitantes ou mesmo de terceiros á
Assembléia Geral e ao Conselho de Segurança para fim de dirimirem seus conflitos. Nisso,
o artigo 2°, §7° da mesma Carta, carece a ONU em intervir nos assuntos internos.
O relatório é facultativo; e
196
As comissões possuíam cinco (5) membros, pois cada Estado designava dois (2)
sendo teria de ser nacional eleito pelos quatro designados;
Tendo como função específica, investigar os fatos sobre os quais versa o litígio,
mas sem se pronunciarem sobre as responsabilidades, ou seja, o relatório não é obrigatório.
As partes assim, como nos demais modos diplomáticos, não estão obrigadas a
acatar os fatos dispostos no inquérito e sim voluntariamente.
Arbitragem; e
Solução Judiciária.
197
solucionar suas controvérsias, obrigando-se a cumprir a decisão proferida pelo árbitro
neutro.
198
Essa flexibilidade, concretizada pelo fato das partes/Estados poderem escolher
o local onde o Tribunal, funcionará o procedimento a ser seguido e até os próprios árbitros,
conta como um dos aspectos positivos deste meio jurisdicional.
É também conhecida como arbitragem ad hoc, por ser criado um juízo arbitral
para aquele caso.
199
Em razão disso, na maioria dos países onde a arbitragem é aceita e bem vista, o
legislador nacional impõe requisitos e condições a seu processo.
Celso de Albuquerque Mello (1992) foi quem que discorreu sobre três tipos de
arbitragem:
“1- Realizada por chefes de Estado: Hoje em dia, os árbitros são os chefesde Estado,
todos no mesmo patamar baseando no princípio da isonomia , sem que haja uma
hierarquia.
3- Realizada por Tribunal: A maioria dos juízes, não é nacional das partes
contratantes e tem sido considerada a forma mais avançada e é também a mais
utilizada por assegurar maior imparcialidade à decisão”.
200
Difere da solução arbitral, também pelo fato, de seus componentes não serem
escolhidos pelas partes litigantes, e sua grande diferença em relação às outras formas de
soluções de litígios internacionais.
Não seria exagero afirmar que, a conjuntura internacional descrita acima é nada
menos que utópica.
As decisões proferidas por uma Corte Internacional imparcial, vale salientar, são
obrigatórias e executáveis.
201
Para Hee Moon (2001):
CONCLUSÃO
A partir do exposto, observa-se que por controvérsia incessante hoje dia deve-
se entender qualquer oposição de interesses entre as partes envolvidas em qualquer área das
relações internacionais, versando principalmente sobre religião, cultura como ocorre,
sobretudo, no Oriente Médio, política tribal adotada por alguns governantes políticos
africanos internacionais e qualquer que seja a sua natureza, econômica, política etc.
Sob ponto de vista, cumpre dizer que, não há conflitos reais entre os vários
povos na esfera internacional, apenas existem conflitos entre as suas elites por ressentimento,
inveja etc. Sem promoção do desenvolvimento, a paz resume-se apenas à ausência de guerra,
o que não tem qualquer sustentabilidade. Todo o fenômeno político é o resultado de uma
equação composta por um conjunto de fatores, a fragilidade das partes ou Estados face às
lutas de poder entre chefias militares e favoritismos étnicos, provavelmente
instrumentalizados por forças políticas na sombra.
202
esgota o assunto, mas destaca os aspectos mais importantes de tão relevante tema para a
sociedade internacional, a qual progressivamente vai procurando instituir um sistema
eficiente de solução e composição de litígios, com a redução do recurso à força.
E podemos dizer que, para cada conflito haverá mediante uma análise concreta
às suas causas mais diretas e profundas, um conjunto de intervenções e estratégias
multifacetadas, tendentes a prevenir, resolver, gerir ou a transformar o mesmo.
FONTE:http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8806
203