Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
• Referências a temas
• Lei nº14.133/21 (Lei de
cobrados em provas anteriores
Licitações)
SUMÁRIO
1. CONCEITO
2. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
2.1. LEGALIDADE
2.2. IMPESSOALIDADE
2.3. MORALIDADE
2.4. PUBLICIDADE
2.5. EFICIÊNCIA
2.6. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBICO SOBRE O PRIVADO
2.7. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
2.8. SEGURANÇA DAS RELAÇÕES JURÍDICAS
2.9. RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE
3. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
3.1. DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
3.2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
3.2.1 AUTARQUIAS
3.2.2 AGÊNCIAS REGULADORAS
3.2.3 AGÊNCIAS EXECUTIVAS
3.2.4 FUNDAÇÕES PÚBLICAS
3.2.5 EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
3.2.6 CONSÓRCIO PÚBLICO
3.3. TERCEIRO SETOR
3.3.1 ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
3.3.2 OSCIPS
3.4. SISTEMA “S”
5. ATOS ADMINISTRATIVOS
5.1. PRESSUPOSTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
5.2. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
5.3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
5.3.1 ATOS DISCRICIONÁRIOS E VINCULADOS
2
Alteração Legislativa Atenção Exemplo
5.3.2 ATOS GERAIS E INDIVIDUAIS
5.3.3 ATOS INTERNOS E EXTERNOS
5.3.4 ATOS SIMPLES, COMPOSTOS E COMPLEXOS
5.3.5 ATO DE IMPÉRIO, DE GESTÃO E DE EXPEDIENTE
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
6. LICITAÇÃO
6.1. DISPOSIÇÕES GERAIS
6.2. VIGÊNCIA
6.3. PRINCÍPIOS
6.4. AGENTES DE LICITAÇÃO
6.5. MODALIDADES DE LICITAÇÃO
6.6. PROCEDIMENTO COMUM (FASES DE LICITAÇÃO)
6.7. PROCEDIMENTOS AUXILIARES
6.8. CRITÉRIOS DE JULGAMENTO
6.9. CONTRATAÇÃO DIRETA
6.10. FORMALIDADES DA CONTRATAÇÃO DIRETA
7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
7.1. DISPOSIÇÕES GERAIS
7.2. FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
7.3. DURAÇÃO DOS CONTRATOS
7.4. ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
7.5. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
7.5.1 RESCISÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
7.5.2 ANULAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
7.5.3 CONCLUSÃO DO OBJETO
7.5.4 TÉRMINO DO PRAZO
7.6. SANÇÕES
7.7. DIFERENÇA ENTRE CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
7.8. EXTINÇÃO E INTERVENÇÃO NO CONTRATO DE CONCESSÃO
3
7.9. PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA
8. BENS PÚBICOS
9. SERVIÇOS PÚBLICOS
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
4
1
1. CONCEITO
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O Direito, para fins didáticos, é dividido normalmente em dois grandes ramos: direito público
e direito privado.
No direito privado vigora o princípio da autonomia da vontade, segundo o qual as partes podem
atuar livremente, desde que a conduta adotada não seja proibida pelo direito.
No direito público, por outro lado, vigora o dever de atendimento ao interesse público, de modo
que a conduta adotada deve ser previamente autorizada pela lei.
Assim, o direito administrativo pode ser conceituado, com base na doutrina de Hely Lopes
Meireles1, como o ramo do direito público formado por um conjunto harmônico de regras e
princípios que rege os órgãos, agentes públicos e a atividade administrativa em qualquer esfera
do poder, realizando de forma direta (independentemente de provocação, ao contrário da função
jurisdicional, que depende desta), concreta (possui destinatário determinado e efeitos concretos,
ao contrário da função legislativa, que é abstrata) e imediata (se preocupa com a atividade jurídica
do Estado, e não social), os fins desejados pelo Estado.
1
MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, 24ª edição atualizada por Eurico de Andrade
Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho, SP: Malheiros, 1999, Pp. 34-35.
5
2
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte.
2.1. LEGALIDADE
O princípio da legalidade possui seu principal fundamento no art. 5º, II, da CF/88:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Enquanto ao particular permite-se fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração Pública
só é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza.
O art. 5º, XXXV, da CF/88, ao prever que a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário
lesão ou ameaça a direito, acaba por garantir a observância do princípio da legalidade, porque
se a Administração atuar contra a lei, o interessado pode se socorrer do judiciário, inclusive por
meio das ações específicas contra ilegalidades administrativas, como habeas corpus, habeas data,
mandado de segurança, ação popular, e até mesmo o mandado de injunção.
2.2. IMPESSOALIDADE
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
2.3. MORALIDADE
2.4. PUBLICIDADE
O Poder Público tem a obrigação de manter a transparência em relação a todos os seus atos e
7
a todas as informações armazenadas no seu banco de dados, conforme art. 5º, XXXIII, da CF:
Art. 5º da CF/88
(...)
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;
Como regra geral, os atos administrativos, para produzirem efeitos, devem ser levados ao
conhecimento do público, salvo nos casos de sigilo, quando imprescindível para a segurança da
sociedade e do Estado.
É por meio do dever de publicidade que é possível controlar a legalidade dos atos administrativos.
Na hipótese de a Administração Pública não publicar as informações solicitadas, o remédio
constitucional depende da natureza da informação negada. Se for de caráter personalíssimo
(informações a respeito da própria pessoa nos bancos de dados da Administração), o remédio
adequado é o habeas data (art. 5º, LXXII, da CF/88). Por outro lado, caso não seja de caráter
personalíssimo, deve-se utilizar o mandado de segurança, já que se trata de direito líquido e certo
não amparado por habeas data (art. 5º, LXIX, da CF/88).
Por fim, é importante consignar que a propaganda de governo, apesar de ser pública, dela não
poderá constar nomes, símbolos ou imagens dos programas de governo.
2.5. EFICIÊNCIA
O princípio da eficiência foi acrescentado ao art. 37 da CF/88 pela Emenda Constitucional n. 19/98.
A eficiência deve ser buscada tanto na estruturação dos órgãos púbicos, quanto de seus agentes
públicos, de modo que sejam obtidos os melhores resultados, com otimização de recursos e de
mão de obra.
Um dos exemplos de aplicação do princípio da eficiência é o disposto no art. 39, §7º, da CF/88,
que estabelece que a União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo, para a
formação e aperfeiçoamento dos serviços públicos, constituindo-se a participação nos cursos, um
dos requisitos para promoção na carreira.
Indisponível significa aquilo que não pode ser objeto de transação nem renúncia.
O conceito de interesse público é dividido em dois aspectos distintos:
9
2.9. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE
São princípios que estão implícitos na Constituição, mas expressos na norma infraconstitucional:
Lei n. 9.784/99
Além disso, é importante registrar que o Poder Judiciário pode controlar a legalidade de
qualquer ato administrativo (vinculado ou discricionário). Desse modo, se o ato não for razoável ou
proporcional, será passível de análise pelo Poder Judiciário em controle de legalidade, visto que
são princípios explícitos na lei (art. 2º da Lei n. 9.784/99). Por outro lado, o Poder Judiciário não
pode rever o mérito do ato administrativo.
10
3
3. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O Estado pode desempenhar a função administrativa diretamente pelos seus entes políticos
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal), hipótese que se caracteriza a administração
direta ou centralizada, ou por meio de pessoas alheias aos entes, caso em que há a denominada
administração pública indireta.
No exercício da função administrativa, é possível ainda a ocorrência dos fenômenos da
desconcentração e da descentralização.
• Por contrato, aos particulares, por permissão ou concessão de serviço público (Ex.:
telefonia e transporte coletivo);
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
OUTORGA DELEGAÇÃO
INSTRUMENTO Sempre por meio de lei Por meio de lei, contrato ou ato
unilateral
ESPÉCIES -
Legal, Concessão, permissão e
Autorização
3.2.1. AUTARQUIAS
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
• Natureza dos bens: os bens das autarquias são públicos sendo, portanto, inalienáveis,
impenhoráveis, imprescritíveis e não podem ser objeto de oneração. Seus débitos são
quitados pelo sistema de precatórios (art. 100, da CF/88);
A inalienabilidade dos bens públicos é relativa ou condicionada, eis que preenchidos certos
requisitos (desafetação, autorização legislativa, avaliação prévia e licitação na forma de
concorrência), poderão ser alienados.
Com relação aos Conselhos de Classe, deve-se registrar que a Lei n. 9.649/98 lhes atribui
personalidade jurídica de direito privado. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento
da ADI n. 1717, considerou inconstitucional a natureza jurídica atribuída e fixou aos conselhos
13
de classe a natureza de autarquia, já que exercem poder de polícia. Como decorrência lógica,
os Conselhos são obrigados a realizar concurso público, a anuidade recebida tem natureza
tributária e estão sujeitos ao controle pelos Tribunais de Conta. Entretanto, o STF, em decisão com
repercussão geral, firmou tese no sentido de que os conselhos de classe não se submetem ao
regime de precatório (RE 938837).
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
A OAB foi criada como autarquia especial, porém, em função de sua essencialidade constitucional,
foi declarada pelo STF não mais como autarquia especial, mas sim como “ente estatal sui
generis”, não equiparado a qualquer outro órgão ou pessoa jurídica estatal. Com isso, a OAB
foi autorizada a não mais licitar nem concursar seus agentes. Contudo, para a jurisprudência
amplamente dominante, como a OAB deixou de ser autarquia, perdeu os privilégios da Fazenda
Pública em Juízo.
São autarquias de regime especial criadas a partir da quebra dos monopólios estatais possuindo
como principais objetivos fiscalizar e regular as atividades estatais privatizadas.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Se a fundação for constituída por iniciativa de particulares por meio bens privados, será uma
fundação privada, regulada pelo código civil e desvinculada da Administração Pública, devendo ser
externamente fiscalizada pelo Ministério Público.
Por outro lado, tratando-se de fundação constituída por patrimônio do Estado, a fundação será
pública, integrando a Administração Indireta.
Quando criada por lei específica, a fundação pública é de direito público, sendo, então,
integralmente equiparada a uma autarquia comum (também integrando a Fazenda Pública e
gozando das mesmas prerrogativas e vantagens públicas das autarquias). São chamadas de
“fundações autárquicas” ou “autarquias fundacionais”, sendo desnecessário o registro de seus
15
atos constitutivos, já que são criadas por lei TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.
Por outro lado, quando criada por autorização legal, a fundação pública pode adotar regime
privado, mas deve ser levada a registro. Nesse caso, é chamada de fundação governamental e
segue um regime híbrido, semelhante àquele aplicado às empresas públicas e sociedades de
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
economia mista.
FUNDAÇÕES
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
FUNDAÇÕES PRIVADAS
DE REGIME PÚBLICO
DE REGIME PRIVADO
Art. 173 da CF/88 - . Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta
de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
16
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados,
à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
• São constituídas por contrato ou estatuto social e sua existência inicia-se a partir do
registro de seus documentos sociais na Junta ou cartório civil TEMA COBRADO
NO VII EXAME DA OAB/FGV.
• Não estão sujeitas à recuperação judicial nem à falência, por expressa previsão do
artigo 2º da Lei n. 11.101/05;
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que os empregados públicos não fazem
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
jus à estabilidade do art. 41 da CF/88 (salvo os contratados antes da EC 19/98), mas a sua
dispensa deve ser obrigatoriamente motivada.
Nos termos do art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 13.303/2016, “desde que a maioria do capital
votante permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município,
será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas de
direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios” TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.
Se o Estado explorar diretamente atividade econômica por meio de empresa estatal, estará
sujeita ao mesmo regramento jurídico das demais empresas privadas (encargos tributários,
18
previdenciários, trabalhistas, etc), sob pena de concorrência desleal.
No entanto, se a empresa estatal desempenhar serviços públicos (metrô, correio, etc.), terá
maior influência do regime jurídico púbico, justificando-se o tratamento diferenciado em relação
às demais empresas privadas.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
EXPLORADORAS PRESTADORAS DE
DE ATIVIDADE SERVIÇO PÚBLICO
ECONÔMICA
Com a EC 19/98, alterou-se a redação do art. 241 da Constituição Federal, que passou a
dispor que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços,
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos”.
A Lei n. 11.107/2005, por sua vez, estabelece que o consórcio público poderá assumir a forma
de associação pública ou de pessoa jurídica de direito privado TEMA COBRADO NOS EXAMES
VI E XIII DA OAB/FGV.
19
CONSÓRCIO COMO PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO: aplica-se ao consórcio público
de direito privado o direito comum, como o regime celetista, mas também se exige respeito às
normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos,
prestação de contas e admissão de pessoal.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante destacar que a Lei nº 13.822/2019 alterou a redação do §2º do art. 6º da Lei nº
11.107/2005, dispondo que o pessoal contratado pelos consórcios públicos de direito público
(associações púbilcas) também deve ser regido pela CLT.
A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados
em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados (art. 1º, §2º, da Lei 11.107/2005).
O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição
de protocolo de intenções TEMA COBRADO NOS EXAMES IV E XIX DA OAB/FGV.
O terceiro setor é composto por entidades privadas da sociedade civil, que prestam atividade
de interesse público, sem fins lucrativos, e não estão incluídas na Administração Pública.
Em que pese a qualificação da entidade privada como organização social seja ato discricionário
do Poder Público, ele deverá ser fundamentado.
Lei n. 9.637/98
Art. 1. O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas
de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à
pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.
20
O contrato de gestão permite que a Organização Social tenha gestão do orçamento, dos agentes
públicos e dos bens públicos (móveis e imóveis) necessários ao cumprimento das atividades
estabelecidas no contrato de gestão, mas ficará sujeita ao controle do Tribunal de Contas.
Lei n° 9.790/99.
§ 1° Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de
direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros,
diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos
ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na
consecução do respectivo objeto social.
De acordo com o art. 1º, caput, ora transcrito, podem ser qualificadas como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos
pela citada lei.
O §2º, do mesmo artigo, por sua vez, é expresso no sentido de que a outorga da qualificação é ato
vinculado ao cumprimento dos requisitos legais TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.
A entidade qualificada como OSCIP poderá firmar termo de parceria com o Poder Público,
passando a atuar em áreas típicas de interesse social, como assistência, cultura e proteção ao
meio ambiente, recebendo, para tanto, incentivos da Administração Pública.
Destaca-se ainda que se a organização adquirir bem imóvel com recursos provenientes da
celebração do termo de parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade, ou seja, não
poderá ser vendido (art.15 Lei n° 9.790/99). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as
sociedades comerciais, os sindicados, instituições religiosas e demais entidades previstas no art. 2
Lei n° 9.790/99, conforme abaixo transcrito TEMA COBRADO NOS EXAMES XIV E XXXV DA OAB/
FGV:
I - as sociedades comerciais;
21
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão
público ou por fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
É importante destacar que a Lei n. 13.019/14 incluiu no caput do art. 1° da Lei n° 9.790/99
a exigência à pessoa jurídica de direito privado de que, para qualificar-se como OSCIP, deve ser
constituída e estar em funcionamento regular há pelo menos 3 anos.
Além disso, as OSCIP’s serão fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União sobre a correta
utilização dos recursos públicos recebidos (art. 71, VI, da CF/88). TEMA COBRADO NO XIV
EXAME DA OAB/FGV.
Entende-se por Sistema “S” (serviços sociais autônomos) o conjunto que abrange diversas
instituições de interesse de categorias profissionais, como SESC (comerciários), SESI (industriários),
SEST (transporte), SENAI (aprendizagem industrial) e SENAC (aprendizagem do comércio), mas
não integram a administração direta nem a indireta.
O sistema é financiado por meio das contribuições de interesse das categorias profissionais ou
econômicas (art. 149, III, da CF/88), que são repassadas a essas entidades para desempenharem
as atribuições previstas em lei.
Os serviços sociais autônomos são criados mediante lei, não integram a Administração Pública,
mas são mantidos por dotações orçamentárias e por recursos contribuições sociais de natureza
tributária, motivo pelo qual se submetem ao controle Tribunal de Contas da União TEMA
COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.
As entidades do Sistema “S”, portanto, recebem dinheiro público, devendo realizar procedimento
licitatório. Entretanto, para o TCU, as entidades poderão licitar por meio de modalidades próprias
por elas criadas.
22
4
Os poderes da Administração Pública são instrumentos que lhe são conferidos para
desempenhar as suas funções de acordo com o interesse público
O poder vinculado é aquele em que o administrador não possui liberdade de atuação, devendo
atuar com base em uma única conduta prevista em lei, como no caso da concessão da aposentadoria
para o servidor que atingir 75 anos de idade.
Para a OAB/FGV, o fato da lei se encontrar insatisfatória ou ultrapassada não permite o uso do
poder discricionário. TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
Trata-se de poder conferido aos chefes do Poder Executivo para a edição de decretos ou
regulamentos a fim de complementar ou detalhar a lei, garantindo a sua fiel execução.
A prerrogativa inerente ao poder regulamentar é apenas para complementar a lei e não para
alterá-la, sob pena de invasão da competência legislativa.
23
O poder regulamentar é indelegável, já o poder de editar decretos autônomos é delegável
pelo Presidente da República aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou
ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações,
conforme parágrafo único do art. 84 da CF/88.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Além do controle pelo Poder Judiciário no que tange à sua legalidade e à sua legitimidade,
o Decreto submete-se, também, ao controle pelo Poder Legislativo, conforme art. 49, inciso
V, da CF/88, que dispõe ser da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da
delegação legislativa TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV.
Diz respeito à faculdade que possui o poder público de punir as infrações funcionais cometidas
pelos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina da Administração por meio de processo
administrativo disciplinar (PAD).
A apuração e a sanção da conduta são atos vinculados, sob pena de crime de condescendência
criminosa previsto no art. 320, do CP. Por outro lado, a escolha da sanção a ser imposta é ato
discricionário, mas depende de processo administrativo onde deverá ser assegurada a ampla
defesa e o contraditório, conforme art. 5º, LV, da CF/88.
Além disso, admite-se a revisão judicial da sanção aplicada quando não concorrerem os
requisitos de validade do ato administrativo.
Se o servidor for demitido pela Administração Pública e o Poder Judiciário invalidar a demissão
em razão da inexistência do ilícito ou da autoria, o servidor terá direito à reintegração.
Em caso de absolvição por negativa do fato ou absolvição por negativa de autoria, a decisão
emitida pelo Judiciário vincula a Administração (art. 126 da Lei 8.112/90). TEMA COBRADO NO
XXXIII EXAME DA OAB/FGV
Entretanto, se o servidor for absolvido por falta de provas, sem análise do mérito, a Administração
Pública não ficará obrigada a reintegrar o servidor.
É com fundamento no poder hierárquico que a Administração Pública realiza a sua organização
24
estrutural, escalonando seus órgãos e repartindo suas funções, definindo, na forma da lei, os
limites de competência de cada um.
Surgem, durante esse processo, algumas prerrogativas, tais como, delegar e avocar atribuições, dar
ordens, fiscalizar e rever atividades de órgãos inferiores. TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O poder de polícia não atinge a pessoa do particular, mas seus direitos, bens e interesses.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato
Complementar nº 31, de 28.12.1966)
O exercício do poder de polícia é realizado por meio de atos normativos e punitivos, permitindo-
se ainda a cobrança de taxa quando houver uma contraprestação estatal, conforme art. 145, II, da
CF/88: TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
seja, não pode ser negada quando o requerente satisfaça os requisitos legais para
sua obtenção) ou de autorização (discricionário e precário, isto é, pode ser negada
ainda que o requerente preencha as exigências administrativas, como no caso de
autorização para uso especial do bem público) através de alvará.
A atuação da polícia administrativa pode ser questionada tanto por recursos administrativos, quanto
perante o Judiciário, notadamente nas hipóteses de desvio de finalidade, abuso ou excesso de poder.
26
proporcionalidade, independentemente da concordância do cidadão.
do poder conduz à invalidade do ato que poderá ser reconhecida pela própria Administração
ou pelo Judiciário.
É importante destacar, ainda, que polícia administrativa não se confunde com polícia judiciaria.
A primeira está espalhada pela Administração Pública e incide sobre bens, direitos e atividades,
enquanto que a segunda é própria de corporações específicas e incide sobre pessoas para apuração
de infrações penais.
Incide sobre bens, direitos e atividades de forma restritiva Incide sobre pessoas
Exercício pelos órgãos e agentes da administração pública Exercício privativo de certo órgão
(Secretaria de Segurança)
Registra-se, ainda, que a execução de eventual crédito em razão de lavratura de auto de infração
deve ser ajuizada no prazo prescricional de 5 (cinco) anos, conforme expressamente previsto no
art. 1º-A da Lei nº 9.873/1999.
art. 1º-A da Lei nº 9.873/99 - Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o
término regular do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução
da administração pública federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por
infração à legislação em vigor. TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
27
5
5. ATOS ADMINISTRATIVOS
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
COMPETÊNCIA
Para a realização do ato administrativo, exige-se que o sujeito seja agente público e competente.
A competência é um conjunto de atribuições de determinado cargo público previstas em lei, de modo
que será sempre um elemento vinculado do ato administrativo. A competência não é faculdade
do administrador, e sim obrigação, tendo como principais características: exercício obrigatório;
imodificável; não admite transação; imprescritível (não perde por não usar) e improrrogável
(diferente da competência territorial jurisdicional, a competência administrativa não é prorrogável).
A competência ainda é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
De acordo com o art. 12 da Lei n. 9.784/99, um órgão administrativo e seu titular poderão, se
não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares,
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão
de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Além disso, será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O vício mais comum que atinge o elemento competência é o excesso de poder (umas das
formas de abuso de poder), onde o agente é incompetente para a prática de determinado ato, mas
mesmo assim o pratica.
FORMA
Entende-se por forma em sentido amplo todo o caminho a ser seguido pelo ato administrativo,
ou seja, as formalidades adotadas para a prática do ato. Já a forma específica se refere às espécies
de ato administrativo (ex: portaria, regulamento, decreto, etc.).
MOTIVO
O motivo representa as razões de fato e de direito que levam à prática do ato (ex.: a infração é
motivo para punir um servidor; a poluição é motivo para interdição da fábrica poluente, etc). Pode
ser um elemento vinculado ou discricionário, conforme dispuser a lei.
Entretanto, motivo não se confunde com motivação, já que esta respresenta a exteriorização
dos motivos que justificaram a prática de determinado ato.
Sendo assim, é possível afirmar que todo o ato administrativo tem motivo, mas nem todo o ato
tem motivação, como no caso da exoneração de ocupante de cargo em comissão, que não precisa
ser motivado (demissão ad nutum).
29
OBJETO
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
É o resultado prático do ato administrativo, o ato considerado em si mesmo, o seu efeito jurídico
imediato. Pode ser um elemento vinculado ou discricionário.
O objeto deve ser lícito (previsto ou autorizado pela lei), possível e determinado.
FINALIDADE
A finalidade genérica de todo ato é o interesse público, enquanto que a finalidade específica é
determinada pela lei.
A Finalidade será sempre um elemento vinculado, pois todo o ato administrativo tem uma
finalidade prevista em lei. Se o administrador público buscar finalidade diversa daquela prevista
em lei, praticará desvio de finalidade. Neste caso, o desvio de poder/finalidade, enquanto espécie de
abuso de poder, vicia o ato administrativo (ex. remoção com a finalidade de punir servidor público).
30
• Tipicidade: é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras
definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.
Ato vinculado: no ato vinculado, preenchidos os requisitos legais, o administrador não tem
liberdade, não faz juízo de valor, não faz análise de conveniência ou oportunidade, pois a lei
previamente determina o único comportamento possível a ser obrigatoriamente adotado pelo
administrador (exemplo: licença para dirigir e concessão de aposentadoria).
Ato discricionário: o administrador tem liberdade, faz juízo de valor, análise de conveniência/
oportunidade, nos limites da lei. Permite-se o ato discricionário quando a lei explicitamente confere
tal faculdade (exemplo: A Lei n. 8.112/90 estabelece que a demissão “será aplicada” nos casos de
“conduta escandalosa” na repartição, podendo o administrador decidir, discricionariamente, se a
conduta do servidor é ou não escandalosa).
Assim, pode-se afirmar que os atos discricionários podem sofrer controle judicial em relação a
seus elementos vinculados, a saber: competência, forma e finalidade. TEMA COBRADO NO XVII
EXAME DA OAB/FGV.
Atos gerais: caracterizam-se por não possuir destinatários determinados. São genéricos e
abstratos, mas subordinados à lei. Os atos gerais prevalecem sobre os individuais, podendo ser
revogados a qualquer tempo, respeitando-se o direito adquirido.
Não podem ser objeto de impugnação mediante recursos administrativos ou ações judiciais.
Entretanto, quando o ato produz efeitos concretos para determinado administrado, passa a ser
possível a impugnação direta de seus efeitos na esfera administrativa e judicial. Podem também
ser objeto de ADIN (exemplos: decretos regulamentares, instruções normativas, atos declaratórios
normativos, algumas resoluções editadas por agências reguladoras).
31
Atos Internos: produzem efeitos apenas no âmbito da administração pública, atingindo
diretamente seus órgãos e agentes. Como regra geral, não geram direitos adquiridos e podem ser
revogados a qualquer tempo. (ex: remoção de um servidor, ordens de serviço).
administrados em geral, criando direitos e obrigações gerais ou individuais. Para serem eficazes,
dependem de publicação em meio oficial.
Ato simples: é o que decorre de uma manifestação única de vontade do órgão, podendo ser
unipessoal (atos simples singular) ou colegiada (atos simples colegiado). Para o ato simples, portanto,
não interessa o número de pessoas, mas sim a expressão de vontade, que deve ser unitária.
Ato composto: é aquele que resulta da manifestação de um só órgão, mas a sua edição ou
a produção de seus efeitos depende de um outro ato que o aprove, que tem função meramente
instrumental (exemplo: nomeação do PGR). Assim, enquanto que no ato complexo temos um único
ato, integrado por manifestações homogêneas de vontades de órgãos diversos, no ato composto
existem dois atos, um principal e outro acessório ou instrumental.
Atos de Império (ou atos de autoridade): são aqueles em que a administração impõe unilateral
e coercitivamente aos administrados obrigações ou restrições, independentemente de sua
anuência, como a desapropriação de um bem privado e a imposição de multas administrativas.
Fundamentam-se no princípio da supremacia do interesse público e sua prática configura
manifestação do denominado “poder extroverso” ou “poder de império”.
Atos de Gestão: são realizados para gestão dos bens e serviços da Administração sob o regime
jurídico-administrativo, devendo-se observar, portanto, o princípio da indisponibilidade do interesse
público (Exemplos: alienação ou aquisição de bens pela administração, aluguel e autorização ou
permissão de uso de bem público).
Atos de expediente: não possuem conteúdo decisórios e são atos internos, relacionados à
rotina e andamento dos serviços executados por seus órgãos. (Exemplos: encaminhamento de
documentos; formalização e movimentação de processos).
Ato válido: é aquele que está em conformidade com o ordenamento jurídico porque observou
integralmente as exigências legais.
Ato nulo: é aquele que possui vício insanável, ou seja, não é passível de convalidação. Como
32
todo ato administrativo goza de presunção de legitimidade, os efeitos da anulação, que são “ex tunc”,
aplicam-se às partes diretamente envolvidas, mas deve-se preservar os efeitos já produzidos em
relação a terceiros de boa-fé. A título de exemplo, se determinada certidão for emitida por servidor
público que posteriormente teve seu vínculo declarado nulo com a administração por fraude no
concurso público, ela continuará a produzir efeitos em relação aos terceiros de boa-fé.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Ato inexistente: é aquele que possui aparência de um ato administrativo, mas, em verdade, se
origina de alguém que não é um agente público, como o usurpador de função.
Não produz nenhum efeito, inclusive perante terceiros de boa-fé, mas o Estado pode ser
compelido a indenizar o particular, se gerar danos, pois a Administração Pública deixou de cumprir
seu dever de vigilância (culpa in vigilando) quando possibilitou a situação irregular.
Diferentemente do ato nulo que, quando favorável aos destinatários, deve ser anulado em
cinco anos (Lei 9.784/99, art. 54), constatada, a qualquer tempo, a prática de um ato inexistente,
será declarada a sua inexistência e serão desconstituídos os efeitos produzidos por este ato.
Ato anulável: é o que possui defeito sanável, desde que não seja lesivo ao interesse público
nem cause prejuízos a terceiros. São exemplos de ato anulável o vício de competência, salvo o de
competência exclusiva, e o vício de forma, desde que não se trate de forma prescrita em lei como
condição de validade do ato.
Ato perfeito: ato perfeito é aquele que cumpriu todas as etapas de seu processo de produção.
Um ato pode ser perfeito, mas não válido (nulo ou anulável). No entanto, para ser válido, o ato
necessariamente deve ser perfeito.
Ato eficaz: é aquele que já está disponível para produção de todos seus efeitos próprios.
É possível que um ato inválido seja eficaz. Se o ato é perfeito estará apto a produzir efeitos,
independentemente de ser válido ou não, já que os atos administrativos gozam de presunção de
legitimidade e imperatividade.
33
Ato pendente: é um ato perfeito que ainda não está apto a produzir efeitos já que sujeito a
termo ou condição.
Ato consumado ou exaurido: é o que já produziu todos os efeitos que poderia produzir, como
no caso de uma autorização para a realização de uma passeata que já ocorreu.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
ATOS NORMATIVOS: são atos gerais, ou seja, caracterizam-se por não possuir destinatários
determinados. São genéricos e abstratos, mas subordinados à lei.
ATOS NEGOCIAIS: são editados em situações nas quais o ordenamento jurídico exige que
o particular obtenha anuência prévia da administração para realizar determinada atividade de
interesse dele, ou exercer determinado direito. Podem ser vinculados ou discricionários e definitivos
ou precários.
ATOS ENUNCIATIVOS: são atos que contêm juízo de valor ou recomendação de atuação
administrativa, como no caso dos pareceres. Em sentido mais abrangente, são também atos
enunciativos os de conteúdo declaratório (e não meramente opinativo), tais como as certidões e
os atestados.
34
CERTIDÃO ATESTADO PARECER
5.5.1. ANULAÇÃO
A anulação pode ser feita pela administração (autotutela), de ofício ou mediante provocação, ou
pelo Poder Judiciário, mediante provocação.
O art. 54 da Lei 9.784/99 estabelece o prazo de 5 (cinco) anos para a anulação de atos
administrativos.
5.5.2. REVOGAÇÃO
É a extinção do ato administrativo discricionário por uma questão de mérito. Nesse caso, não há
vício de legalidade no ato, mas incompatibilidade com o interesse público. Reexamina-se, portanto,
a conveniência e a oportunidade daquele ato, ou seja, trata-se de uma questão de mérito.
São insuscetíveis de revogação: a) atos consumados, que já exauriram seus efeitos, b) atos
vinculados, porque no ato vinculado não há mérito e c) atos que já geraram direitos adquiridos.
Somente a Administração Pública faz controle de mérito, por meio de seu poder de autotutela.
A revogação não possui eficácia retroativa, produzindo efeitos “ex nunc” TEMA COBRADO NO V
35
EXAME DA OAB/FGV.
Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
5.5.3. CASSAÇÃO
A cassação pode ser vista como uma sanção para aquele particular que deixou de cumprir as
condições exigidas para a manutenção de um determinado ato administrativo.
5.5.4. CADUCIDADE
5.5.5. CONTRAPOSIÇÃO
O ato anterior será extinto em razão da superveniência de ato posterior cujos efeitos são a ele
contrapostos (exemplo: a exoneração extingue a nomeação de servidor público).
36
6
6. LICITAÇÃO
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Entende-se por licitação o procedimento administrativo que possui como objetivo permitir a
melhor contratação possível para a Administração adquirir ou alienar bens, contratar obras e
serviços, assegurando-se ainda que qualquer interessado possa validamente participar da disputa
pelas contratações.
Trata-se de procedimento vinculado à lei, que determinará prazos, fases, etapas e atos de
cumprimento obrigatórios.
A competência para editar normas gerais sobre licitação é privativa da União (art. 22, XXVII,
da CF/88), o que pode ser feito inclusive por lei ordinária.
CF/88
A nova lei de licitações (Lei n. 14.133/21) se aplica à Administração Pública Direta, autárquica
e fundacional (Direito Púbico ou Privado), em relação a todos os entes da Federação, ou seja,
União, Estados, distrito Federal e Municípios.
Destaca-se, ainda, que a lei se aplica também aos Poderes Judiciário e Legislativo, quando
exercerem, de forma atípica, função administrativa, e aos fundos especiais (exemplo: quem
gerencia um fundo municipal da saúde deve licitar para adquirir bens).
Por outro lado, por expressa disposição legal, a Lei n. 14.133/21 não se aplica às empresas
estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista), uma vez que essas entidades são
regidas pela Lei n. 13.303/2016, salvo no que diz respeito às disposições penais, às regras do
procedimento pregão e aos critérios de desempate.
A Lei n. 8.666/93 previa a sua aplicação para as empresas estatais. A nova Lei de Licitações,
por outro lado, exclui expressamente as empresas estatais do seu âmbito de aplicação, salvo
em relação às disposições penais.
37
Além disso, a nova Lei de Licitações é aplicada subsidiariamente nos seguintes casos:
6.2. VIGÊNCIA
É vedada a aplicação combinada da Lei n. 14.133/2021 e da Lei n. 8.666/93, conforme artigo 191
da Lei n. 14.133/2021. Assim, ou o procedimento vai seguir as regras do regime antigo, ou do
regime novo, não podendo haver combinação das regras das duas leis.
Cabe destacar, entretanto, que no que diz respeito aos crimes, a nova lei cria um novo capítulo
no código penal, especificamente para os crimes decorrentes dos procedimentos de licitação,
revogando imediatamente os crimes previstos na Lei n. 8.666/93. Assim, em relação à parte
criminal, a nova lei possui vigência imediata.
6.3. PRINCÍPIOS
6) Publicidade: como regra geral, os atos licitatórios são públicos, salvo nos casos em que se
impõe sigilo para a segurança da sociedade e do Estado. Há também a possibilidade de diferimento da
publicidade, como no caso do sigilo das propostas, que serão divulgadas posteriormente, e também
do sigilo do orçamento, desde que mediante decisão fundamentada da Administração Pública.
7) Celeridade: tem como principal objetivo otimizar o trâmite dos certames licitatórios. A nova
Lei de Licitação, ao estipular, como regra geral, a inversão da fase de julgamento e de habilitação, vai
ao encontro do princípio da celeridade.
8) Transparência: Objetiva não somente a publicidade dos atos da licitação, mas sobretudo
facilitar a compreensão dos atos, o que pode ser feito, por exemplo, por meio de gráficos, tabelas, etc.
39
6.4. AGENTES DE LICITAÇÃO
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante destacar que o art. 8º da Lei n. 14.133/2021 estipula que a licitação será conduzida
pelo agente de contratação, considerado o servidor com maior responsabilidade no procedimento
e encarregado de conduzir a licitação até a fase de homologação. O agente de contratação terá
o dever de tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento
licitatório e executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame até
a homologação.
Contratos de serviço: tem por objeto a atividade prestada à Administração, para atendimento
de suas necessidades ou de seus administrados. O serviço pode ser comum (não são privativos de
determinada categoria profissional), ou técnico profissional;
No caso da modalidade “diálogo competitivo”, a licitação será conduzida por uma comissão
de contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou empregados públicos
pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação de profissionais
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
para assessoramento técnico da comissão, conforme art. 32, § 1º, inciso XI.
Além disso, permite-se que seja designada comissão de contratação para licitação que envolva
bens ou serviços especiais. Nesse caso, a comissão de contratação será formada por, no mínimo,
3 (três) membros, observados os requisitos do art. 7º, e responderão solidariamente por todos os
atos praticados pela comissão, ressalvado o membro que expressar posição individual divergente
fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que houver sido tomada a decisão (art. 8º,
§ 2º).
Modalidade de licitação significa o procedimento, ou seja, o caminho que vai ser utilizado até o
final do procedimento de licitação.
De acordo com o art. 28 da Lei n. 14.133/2021, existem 5 (cinco) modalidades de licitação, a saber:
I - pregão;
II - concorrência;
III - concurso;
IV - leilão;
V - diálogo competitivo.
É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação daquelas referidas
das modalidades acima citadas. Além das 5 (cinco) modalidades de Licitação, a Administração pode
servir-se dos procedimentos auxiliares previstos no art. 78 da Lei n. 14.133/21, que serão analisados
posteriormente.
O critério que define qual modalidade de licitação será adotada é apenas a natureza do objeto.
Desse modo, o critério “valor”, utilizado na Lei n. 8.666/93, não é mais importante para a definição da
modalidade licitatória.
O Pregão, antes previsto apenas na Lei n. 10.520/2002, passa a ser disciplinado pela Lei n.
14.133/2021.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Desse modo, após dois anos de vigência da nova lei de licitação, a Lei n. 10.520/2002 será
revogada.
De acordo com o art. 6º, XLI, da Lei n. 14.133/2021, o pregão é a modalidade de licitação obrigatória
para aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço
ou o de maior desconto.
São considerados serviços comuns “aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado”, conforme
inciso XIII do artigo 6º.
Além disso, o pregão poderá (não é obrigatório) ser utilizado nos serviços comuns de engenharia
(art. 29, parágrafo único, da Lei n. 14.133/2021) .
o pregão não será utilizado para contratações de serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual e de obras e serviços de engenharia, salvo os serviços comuns
de engenharia, segundo o parágrafo único do artigo 29 da Lei n. 14.133/2021..
I – preparatória;
IV – de julgamento;
V – de habilitação;
VI – recursal;
VII – de homologação
É possível a inversão das fases de julgamento e habilitação, desde que mediante ato motivado
com a explicitação dos benefícios dessa inversão..
42
Importante destacar, ainda, que o pregão deve ser realizado preferencialmente por meio
eletrônico, permitindo-se a adoção da forma presencial, desde que com mediante motivação, devendo
a sessão ser registrada em ata e com gravação de áudio e vídeo (art. 17, § 2º).
II- CONCORRÊNCIA
a) menor preço;
c) técnica e preço;
e) maior desconto.”
A concorrência, portanto, pode usar todos os critérios de julgamento, com exceção apenas do
“maior lance”.
Destaca-se que bens e serviços especiais são aqueles que, por sua alta heterogeneidade ou
complexidade, não podem ser descritos de forma objetiva, exigido-se justificativa prévia do contratante.
O procedimento comum, previsto no art. 17 da Lei n. 14.133/21, é composto de sete fases, mas
vamos analisar isso especificamente no item 6.6.
43
III- CONCURSO
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O concurso, de acordo com o artigo 6º, XXXIX, é a “modalidade de licitação para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento será o de melhor técnica ou
conteúdo artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor.”
Trata-se de modalidade em que há maior subjetivismo na escolha, já que não é possível comparar
de forma extremamente objetiva o trabalho técnico, cientifico ou artístico.
Na Lei n. 8.666/93 não havia critério de julgamento para o concurso. A Lei n. 14.133/2021
passou a prever expressamente os critérios de melhor técnica ou conteúdo artístico.
Em relação ao procedimento, o concurso possui rito especial (diferente do rito comum, previsto
no art. 17), sendo que as regras serão definidas no próprio edital.
Importante destacar que é a Administração Pública que define o valor que será pago ao vencedor,
mediante o pagamento de preço ou remuneração. Assim, não interessa as ofertas de preço feito pelos
licitantes.
IV – LEILÃO
De acordo com o 6º, XL, da Lei n. 14.133/2021, a modalidade leilão é utilizada para a “alienação
de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem oferecer o maior
lance”
O leilão pode ser realizado por leiloeiro oficial ou por servidor designado pelo agente público
competente. No caso de optar pelo leiloeiro oficial, a seleção do leiloeiro deve ser feita por meio
de credenciamento ou licitação, sendo que, neste último caso, a licitação deverá ser realizada na
modalidade pregão e com critério de julgamento de maior desconto para as comissões a serem
cobradas, tomando como base os percentuais da lei de regência da profissão (Decreto n. 21.981/1932)
44
O critério de julgamento utilizado é o maior lance e o rito adotado é o especial, composto das
seguintes fases: fase de lances, fase recursal, pagamento pelo vencedor e homologação, conforme
será estipulado em edital.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O leilão não exigirá registro cadastral prévio e não terá fase de habilitação (§ 4º do artigo 31).
V – DIÁLOGO COMPETITIVO
O diálogo competitivo é utilizado, portanto, para aquelas situações em que a Administração Pública
ainda não conhece a solução adequada para determinado caso, de modo que procura desenvolver,
por meio de diálogo, uma solução ainda não disponível no mercado.
EXEMPLO: A Administração Pública, para viabilizar a realização da Copa do Mundo, quer desenvolver
um estádio de futebol com uma cobertura que ainda não existente no mercado. Nesse caso, a
administração pode realizar um diálogo competitivo, para identificar uma possível solução. .
A modalidade diálogo competitivo também poderá ser adotada para as licitações de concessões
de serviços públicos e parcerias público-privadas (artigos 179 e 180 da Lei n. 14.133/2021).
45
Além disso, o seu procedimento é especial, conforme previsto § 1º do art. 32 da Lei n.
14.133/2021:
(...)
VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso em que cada fase
poderá restringir as soluções ou as propostas a serem discutidas;
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos
do processo licitatório os registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase
competitiva com a divulgação de edital contendo a especificação da solução que atenda
às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da
proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos
os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas
propostas, que deverão conter os elementos necessários para a realização do projeto;
46
6.6. PROCEDIMENTO COMUM (FASES DE LICITAÇÃO)
O planejamento é um dos princípios expressos na nova lei de licitação, sendo a fase preparatória
(art. 17, I, da Lei n. 14.133/21) o maior exemplo de sua aplicação.
A fase preparatória (ou interna) representa o início da Licitação, ou seja, a fase em que a
Administração Pública deve planejar a futura licitação e o subsequente contrato, definindo os seus
objetos e todas as suas condições, inclusive com estudo técnico preliminar que caracterize o interesse
público envolvido (art. 8, I, da Lei n. 14.133/21), devendo especificar os critérios e condições no edital
da licitação.
O artigo 20 da Lei n. 14.133/2021 determina que os itens de consumo adquiridos pela Administração
Pública sejam de “qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finalidades às
quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo”.
É importante destacar que o art. 21. da Lei n. 14.133/21 dispõe que a Administração poderá
convocar, com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis, audiência pública, presencial ou a
distância, na forma eletrônica, sobre licitação que pretenda realizar, com disponibilização prévia de
informações pertinentes, inclusive de estudo técnico preliminar e elementos do edital de licitação, e
com possibilidade de manifestação de todos os interessados.
.A Lei n. 8.666/93 exigia, obrigatoriamente, audiência pública nas licitações de imenso vulto. A
Lei n. 14.133/21 passou a dispor que a audiência pública será facultativa, em qualquer hipótese.
47
Permite-se, ainda, facultativamente, a divulgação adicional e a manutenção do inteiro teor
do edital e de seus anexos em sítio eletrônico oficial do ente federativo do órgão ou entidade
responsável pela licitação
6.6.4. JULGAMENTO
48
6.6.5. HABILITAÇÃO
De acordo com o art. 62 da Lei n. 14.133/21, a habilitação é a fase da licitação em que se verifica
o conjunto de informações e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capacidade
do licitante de realizar o objeto da licitação, dividindo-se em: I - jurídica; II - técnica; III - fiscal, social
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
e trabalhista; IV - econômico-financeira.
Conforme previsto no § 1º do artigo 165 da Lei n. 14.133/2021, haverá somente uma fase
recursal, seja seguindo a ordem prevista no caput do artigo 17 ou quando houver a inversão de
fases, o que é permitido no § 1º do artigo 17.
O recurso terá o prazo de 3 (três) dias úteis, conforme art. 165 da Lei n. 14.133/21.
6.6.7. HOMOLOGAÇÃO
III. proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que
presente ilegalidade insanável;
Além das modalidades de licitação, a Administração pode servir-se dos procedimentos auxiliares
previstos no art. 78 da Lei n. 14.133/2021, a saber: Credenciamento; Pré-qualificação; Procedimento
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
I - paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa para a Administração a realização
de contratações simultâneas em condições padronizadas (contrata todo mundo);
II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção do contratado está a cargo do
beneficiário direto da prestação;
III - em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante do valor da prestação e das
condições de contratação inviabiliza a seleção de agente por meio de processo de licitação
(exemplo: compra de passagens áreas, em que os preços variam muito).
50
O procedimento de manifestação de interesse ocorre antes da realização de licitação, a qual
não necessariamente será realizada, já que depende de juízo discricionário da Administração
Pública.
Desse modo, apenas se a licitação for realizada é que o particular que teve o seu projeto
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Os licitantes que apresentarem a melhor proposta para cada item firmam uma Ata de Registro
de Preços junto à Administração Pública para o fornecimento sob demanda, conforme valores e
quantidades registrados.
De acordo com o § 3º do art. 82, permite-se o registro de preços com indicação limitada a
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, apenas nas seguintes situações:
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou entidade não tiver registro de
demandas anteriores; II - no caso de alimento perecível; III - no caso em que o serviço estiver
integrado ao fornecimento de bens.
O sistema de registro de preços poderá ser usado para a contratação de bens e serviços,
inclusive de obras e serviços de engenharia, observadas as seguintes condições: I - realização
prévia de ampla pesquisa de mercado; II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em
regulamento; III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; IV - atualização periódica
dos preços registrados; V - definição do período de validade do registro de preços;
51
O art. 81, “caput”, inciso V, dispõe que edital de licitação para registro de preço deve prever
somente dois critérios de julgamento da licitação: o de menor preço ou o de maior desconto sobre
tabela de preços praticada no mercado, que deve ser real e atualizada.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O registro de preço é muito utilizado modalidade pregão, mas, em âmbito federal, o artigo 7º
do Decreto n. 7.892/2013 também admite a sua realização na modalidade concorrência.
Hospital público que precisa comprar medicamentos durante o ano. Nesse caso, como é muito
difícil prever quantos e quais medicamentos serão necessários adquirir, o hospital poderá utilizar
o registro de preços, para adquiri-los conforme a necessidade, evitando-se o armazenamento
desnecessário de todos os remédios e até mesmo evitando-se o risco de descarte de remédios
vencidos.
O art. 84, por sua vez, dispõe que o prazo de vigência da ata de registro de preços será de 1
(um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que comprovado o preço vantajoso.
REGISTRO CADASTRAL – tem como objetivo unificar as informações sobre todos os licitantes,
que serão classificados por categorias, subdivididas em grupos, de acordo com qualificação
técnica e econômico-financeira, sendo fornecido um certificado ao licitante para poder participar
de licitações (inclusive restritas a licitantes cadastrados). Os órgãos e entidades da Administração
Pública deverão utilizar o sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP) para efeito de cadastro unificado de licitantes, na forma disposta
em regulamento (artigo 87).
O sistema de registro cadastral unificado será público e deverá ser amplamente divulgado e
estar permanentemente aberto aos interessados, e será obrigatória a realização de chamamento
público pela internet, no mínimo anualmente, para atualização dos registros existentes e para
ingresso de novos interessados (§ 1º do art. 87 da Lei n.14.133/2021).
52
Na Lei n. 8.666/93 os critérios de julgamento eram chamados de “tipos de licitação”.
julgamento, a saber:
II) MAIOR DESCONTO – também parte da ideia do menor dispêndio para Administração
Pública, que parte de um preço tabelado e verifica quem fornece o maior desconto. O valor é
obtido de forma indireta, ou seja, a partir de um desconto aplicado em uma tabela de referência,
como no caso de compras de medicamentos e passagens aéreas, por exemplo.
As modalidades que admitem esses dois critérios de julgamento (menor preço e maior desconto)
são concorrência e pregão. Na verdade, o pregão admite exclusivamente esses dois critérios.
IV) TÉCNICA OU PREÇO – existe uma ponderação entre o preço e a técnica apresentados.
Deve existir um fator de ponderação, sendo que o fator de ponderação máximo para a técnica é de
até 70%. Apenas na modalidade concorrência.
53
EXEMPLO: proposta de trabalho: 200 milhões e proposta de preço: 40 milhões. A economia para
a Administração será de 160 milhões. É essa diferença que é levada em conta para definir a
empresa que será contratada.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
VI) MAIOR LANCE – a melhor proposta é aquela que ofertar o maior valor, sendo o critério
exclusivo do Leilão.
O artigo 74 da Lei n. 14.133/2021 traz um rol exemplificativo das situações em que pode haver
inexigibilidade de licitação, in verbis:
Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de:
EXEMPLO: Artista consagrado pela opinião pública ou pela crítica especializada. A contratação
deve ocorrer diretamente com o profissional ou com empresário exclusivo. A exclusividade
deve ser permanente e continua no Estado ou País, mas não pode ser para um evento ou local
especifico (só pra uma festa da Cidade, etc).
54
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
Não há competição entre os envolvidos, uma vez que o usuário que escolhe onde vai realizar o
serviço.
Por outro lado, haverá dispensa de licitação quando, apesar de possível a competição, o
procedimento revela-se prejudicial ao interesse público, podendo ser dispensável ou dispensada.
55
LICITAÇÃO DISPENSÁVEL LICITAÇÃO DISPENSADA
a) Dispensa em razão do valor do contrato: São aquelas situações em que, em razão do baixo
custo, não valeria a pena realizar o procedimento licitatório. Os valores de referência são: a) R$
100.000 para obras, serviços de engenharia e serviços de manutenção de veículos automotores
(novidade da nova lei) e b) R$ 50.000 para os demais serviços e compras em geral.
Esses valores serão em dobro, quando se tratar de consórcio público e agencia executiva, ou
seja, os valores de referência, nessas hipóteses, serão de R$ 200 mil reais e R$ 100.000 mil reais.
A aferição dos valores de referência ocorre pelo somatório de contratações, devendo considerar
os seguintes fatores: o exercício financeiro, a unidade gestora e a natureza do objeto. Desse
modo, o órgão X (unidade gestora) pode comprar 50 mil reais em computador (natureza do
objeto) durante o ano de 2021 (exercício financeiro).
Além disso, o procedimento deve ser feito de forma preferencial por meio de cotação eletrônica,
divulgada com pelo menos 3 (três) dias úteis, devendo a compra ser feita por meio de cartão
de pagamento. Isso é realizado como forma de garantir a concorrência entre os interessados.
A lei n. 8.666/93 exigia a demonstração de prejuízo para que fosse dispensável. A nova lei não
exige mais o risco de prejuízo, mas deixa claro que a licitação deserta ou fracassada deve ter
ocorrido há menos de 1 ano.
56
C ) Dispensa de licitação em razão de emergência – De acordo com o art. 75, VIII, ocorre nos
casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou
a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares,
e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo
de1 (um) ano.
Além disso, no caso de dispensa em razão de emergência, a administração pública não poderá
recontratar a mesma empresa em razão de outra emergência, conforme art. 75, VIII, da Lei n.
14.133/21.
Exemplo: Em 2021 a autarquia “X” contrata a empresa “Y” em razão de emergência decorrente
de uma enchente, sem licitação. No ano 2022, se houver uma nova situação de emergência a
justificar a contratação direta, não poderá contratar novamente a empresa “Y”.
D) Dispensa de Licitação de virtude de situações graves - De acordo com o inciso VII do art.
75 da Lei n. 14.133/2021, permite-se a dispensa de licitação nos casos de: a) guerra, b) estado de
defesa, c) estado de sítio, d) intervenção federal, e) grave perturbação da ordem pública.
Existem algumas situações que não caracterizam inexigibilidade nem dispensa de licitação,
mas permitem a contratação direta, a saber: a) remanescente de obra, serviço ou fornecimento
decorrente de rescisão contratual (não se trata propriamente de dispensa de licitação, já que
a administração pode contratar as demais empresas do procedimento licitatório anterior,
observando a ordem de classificação), b) celebração de contrato com as organizações sociais
pelo contrato de gestão, já que não se trata de contrato administrativo, e sim uma parceria. É
muito mais um convênio (contrato de gestão) do que um contrato administrativo, por isso não
há necessidade de licitação.
57
6.10. FORMALIDADES DA CONTRATAÇÃO DIRETA
Suprindo as lacunas da Lei n. 8.666/93, que não previa nenhum procedimento específico para
a contratação direta, a Lei n. 14.133/21 passou a tratar expressamente do tema, em seu artigo
72, in verbis:
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23 desta Lei;
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o atendimento dos
requisitos exigidos;
Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente do contrato
deverá ser divulgado e mantido à disposição do público em sítio eletrônico oficial.
Desse modo, a partir da leitura do art. 72 da Lei n. 14.133/21, podemos verificar a necessidade
de observância dos seguintes requisitos na contratação direta:
Muito importante destacar, ainda, que o art. 73 da Lei n. 14.133/21 dispõe que, na hipótese de
contratação direta indevida ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente
público responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário, sem prejuízo de
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
59
7
7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Os contratos administrativos são contratos utilizados pela Administração para atender direta
ou indiretamente os interesses públicos primários.
Como regra geral, é nulo o contrato verbal feito com a Administração Pública, salvo no caso de
pequenas compras ou o de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles
de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), conforme previsto no § 2º do art. 95 da Lei
n. 14.133/21.
Outra formalidade importante trazida pela nova lei de licitação (art. 94) é a necessidade de
divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) do contrato e de seus aditamentos,
o que deverá ocorrer, como condição de eficácia, nos seguintes prazos, contados da data de sua
assinatura: I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação; e II - 10 (dez) dias úteis, no caso de
contratação direta.
60
No caso de contratação de profissional do setor artístico por inexigibilidade, a Administração
deverá identificar os custos do cachê do artista, dos músicos ou da banda, quando houver, do
transporte, da hospedagem, da infraestrutura, da logística do evento e das demais despesas
específicas.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
De acordo com a Lei n. 8.666/1993, a duração dos contratos administrativos, como regra
geral, estava restrita aos créditos orçamentários.
Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta Lei será a prevista em edital, e
deverão ser observadas, no momento da contratação e a cada exercício financeiro, a
disponibilidade de créditos orçamentários, bem como a previsão no plano plurianual,
quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro.
De acordo com o artigo 105, portanto, verifica-se a necessidade de se observar três requisitos
em relação ao prazo do contrato:
O art. 109 da Lei n. 14.133/21, entretanto, passou a dispor que a Administração poderá
estabelecer a vigência por prazo indeterminado nos contratos em que seja usuária de serviço
público oferecido em regime de monopólio, desde que comprovada, a cada exercício financeiro, a
existência de créditos orçamentários vinculados à contratação.
Como regra geral, o prazo dos contratos administrativos é de 12 meses. A Lei n. 14.133/21,
entretanto, prevê algumas exceções, conforme abaixo sintetizado.
61
PRAZO DE 5 ANOS PRAZO DE 10 ANOS PRAZO DE 15 ANOS
(ART. 108)
c) Contratos de incentivo à
pesquisa científica e tecnológica,
f) aquisição de insumos
estratégicos para a saúde
produzidos por fundação que
tenha por finalidade apoiar a
Administração Pública.
No que diz respeito à alteração dos contratos administrativos, o regime da Lei n. 14.133/21 é
praticamente o mesmo previsto na Lei n. 8.666/93.
A alteração do contrato administrativo, formalizada mediante termo aditivo, pode ocorrer tanto
62
por meio de alteração unilateral levada a efeito pela Administração Pública sem prévia anuência
do contratado, quanto de forma bilateral por acordo entre as partes.
O art. 124, I, da Lei n. 14.133/21, repetindo o teor do art. 65 da Lei n. 8.666/93, prevê dois
tipos de cláusulas que a Administração pode alterar unilateralmente, independentemente da
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O artigo 125 da Lei n. 14.133/2021 (§ 1º do artigo 65 da Lei n.8.666/1993), por sua vez, estabelece
como limite de acréscimos ou supressões decorrentes das alterações unilaterais promovidas pela
Administração o percentual de 25% sobre o valor inicial atualizado do contrato para contratos de
obras, serviços ou compras e de 50% para acréscimo em reforma de edifício ou equipamento.
Conforme previsto expressamente no art. 126 da Lei 14.133/21, as alterações unilaterais não
poderão transfigurar o objeto da contratação.
Importante destacar que o artigo 130 da Lei n. 14.133/2021 deixa claro que a alteração unilateral
dos encargos do particular enseja o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato mediante a
formalização de termo aditivo.
O inciso II do art. 124 da Lei n .14.133/21, por sua vez, prevê as hipóteses em que se permite a
alteração bilateral do contratado administrativo, a saber:
Ocorrendo, portanto, um dos pressupostos necessários para revisão contratual, deve ser
garantida a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato administrativo.
63
Assim, a manutenção do equilíbrio financeiro do contrato, ao mesmo tempo que garante a
impossibilidade de alteração unilateral das cláusulas econômico-financeiras por parte da
Administração, impõe, com base na Teoria da Imprevisão, que se baseia na cláusula rebus sic
stantibus, aplicada diante de fatos supervenientes, imprevistos e imprevisíveis que provoquem o
desequilíbrio contratual (fato do príncipe, fato da administração, interferências imprevistas, caso
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Interessante notar que a alínea “d” do inciso II do art. 124 da Lei n. 14.133/21 passou a exigir a
observância da repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.
Trata-se da denominada “matriz de risco” que, apesar de não ser prevista na Lei n. 8.666/93, já
possuía previsão na Lei n. 13.303/2016, e agora passou a integrar o Capítulo III da Lei n. 14.133/21,
possuindo definição expressa em seu art. 6º, XXVII, in verbis:
(...)
b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações do objeto com relação às quais
haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, em
termos de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto ou no projeto básico;
c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das frações do objeto com relação
às quais não haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou
tecnológicas, devendo haver obrigação de aderência entre a execução e a solução predefinida no
anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as características do regime de execução no caso
de obras e serviços de engenharia;
A matriz de risco poderá ser prevista no próprio edital (art. 22) e definirá o equilíbrio econômico-
financeiro inicial do contrato em relação a eventos supervenientes, devendo ser observada na
solução de eventuais pleitos das partes (§ 4º do artigo 103 da Lei n. 14.133/21).
O contrato administrativo poderá ser extinto por ato unilateral da Administração Pública, por
acordo entre as partes ou, ainda, por decisão do Poder Judiciário ou de Tribunal Arbitral, em
64
havendo convenção de arbitragem.
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser formalmente motivada
nos autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, as seguintes situações:
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da empresa que restrinja sua
capacidade de concluir o contrato;
VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade máxima do órgão ou da entidade
contratante;
IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista em lei, bem como em
outras normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou
para aprendiz.
I - supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras que acarrete modificação
do valor inicial do contrato além do limite permitido no art. 125 desta Lei;
II - suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da Administração, por prazo superior
a 3 (três) meses;
III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis, independentemente do pagamento
obrigatório de indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e
mobilizações e outras previstas;
IV - atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou
de parcelas de pagamentos devidos pela Administração por despesas de obras, serviços ou
fornecimentos;
65
V - não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de área, local ou objeto, para
execução de obra, serviço ou fornecimento, e de fontes de materiais naturais especificadas no
projeto, inclusive devido a atraso ou descumprimento das obrigações atribuídas pelo contrato à
Administração relacionadas a desapropriação, a desocupação de áreas públicas ou a licenciamento
ambiental.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º As hipóteses de extinção a que se referem os incisos II, III e IV do § 2º deste artigo observarão
as seguintes disposições:
I - não serão admitidas em caso de calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna
ou de guerra, bem como quando decorrerem de ato ou fato que o contratado tenha praticado, do
qual tenha participado ou para o qual tenha contribuído;
§ 4º Os emitentes das garantias previstas no art. 96 desta Lei deverão ser notificados pelo
contratante quanto ao início de processo administrativo para apuração de descumprimento de
cláusulas contratuais.:
Percebam que o art. 137 da Lei n. 14.133/21 utilizou a expressão “extinção do contrato”, o que
pode ser considerado uma imprecisão técnica, uma vez que as hipóteses representam, na verdade,
situações de rescisão do contrato administrativo.
Além disso, a rescisão determinada por ato unilateral da Administração poderá acarretar as
consequências previstas no art. 139 da Lei n. 14.133/21:
Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral da Administração poderá acarretar, sem
prejuízo das sanções previstas nesta Lei, as seguintes consequências:
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio
da Administração;
66
c) pagamento das multas devidas à Administração Pública;
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração Pública e das multas aplicadas.
§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II do caput deste artigo ficará a critério da
Administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.
§ 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o ato deverá ser precedido de autorização
expressa do ministro de Estado, do secretário estadual ou do secretário municipal competente,
conforme o caso.
Sendo o contrato administrativo nulo, seu reconhecimento não exonera a Administração do dever
de indenizar o contratado pelo que efetivamente executou e por outros prejuízos regularmente
comprovados, desde que a nulidade não lhe seja imputável (art. 149 da Lei n. 14.133/21).
7.6. SANÇÕES
De acordo com o art. 156 da Lei n. 14.133/21, se o licitante ou contratado praticar as condutas
previstas no art. 155 da Lei n. 14.133/21, poderá ser sancionado com:
I - advertência;
II - multa;
Em relação à aplicação da sanção de multa, ela será calculada na forma do edital ou do contrato,
não podendo ser inferior a 0,5% nem superior a 30% do valor do contrato, sendo aplicada ao
responsável por qualquer das infrações administrativas. No caso de multa, será facultada a
defesa do interessado no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data de sua intimação.
II - dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração, ao
funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
VI - não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação, quando
convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
Importante destacar, também, que a aplicação das sanções previstas nos incisos III (impedimento
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 163. É admitida a reabilitação do licitante ou contratado perante a própria autoridade que
aplicou a penalidade, exigidos, cumulativamente:
II - pagamento da multa;
III - transcurso do prazo mínimo de 1 (um) ano da aplicação da penalidade, no caso de impedimento
de licitar e contratar, ou de 3 (três) anos da aplicação da penalidade, no caso de declaração de
inidoneidade;
V - análise jurídica prévia, com posicionamento conclusivo quanto ao cumprimento dos requisitos
definidos neste artigo.
Parágrafo único. A sanção pelas infrações previstas nos incisos VIII e XII do caput do art. 155
desta Lei exigirá, como condição de reabilitação do licitante ou contratado, a implantação ou
aperfeiçoamento de programa de integridade pelo responsável.
CONCESSÃO PERMISSÃO
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Exige concorrência ou, no caso da Lei n. 14.133/21, Pode ser qualquer modalidade de licitação
permite-se também o diálogo competitivo.
Ato precário
Não tem caráter precário
Destaca-se, ainda, que a Lei n. 8.987/95 diferencia concessão de serviço público de concessão de
serviço público precedida da execução de obra pública TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
(...)
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua
conta e risco e por prazo determinado;
III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção,
total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer
obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da
obra por prazo determinado;
De acordo com o art. 16, da Lei 8.987/95, a outorga de concessão ou permissão não terá
caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica justificada.
TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
sendo devida indenização posterior pelo investimento realizado e não amortizado pela tarifa
cobrada. Hipóteses de caducidade: I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade
do serviço TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV; II - a concessionária descumprir
cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão; III - a
concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes
de caso fortuito ou força maior; IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou
operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido TEMA COBRADO NO II
EXAME DA OAB/FGV; V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos
devidos prazos; VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de
regularizar a prestação do serviço; e VII - a concessionária for condenada em sentença transitada
em julgado por sonegação de tributos, inclusive contribuições sociais (art. 38 da Lei n. 8.987/95)
72
8
8. BENS PÚBLICOS
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
De acordo com o art. 98 do CC, são considerados bens públicos aqueles pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público).
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.
Vale ressaltar que ainda há discussão sobre a natureza dos bens de empresas públicas e
sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos, mas a OAB já se posicionou no
sentido de que esses bens teriam natureza privada TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/
FGV. Com relação às exploradoras de atividade econômica, não há divergência, os bens serão
considerados privados TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.
8.1. CLASSIFICAÇÃO
Bens Federais: são os bens pertencentes à União, como por exemplo aqueles elencados no art.
20 da CF/88.
Bens Estaduais: são os bens pertencentes aos Estados, como por exemplo aqueles citados no
art. 26 da CF/88.
Bens Distritais: são os bens que pertencem ao Distrito Federal, o que abrange os bens dos Estados
e dos Munícipios.
Os Munícipios não participam da partilha constitucional, pois não temos na Constituição Federal
um artigo elencando os bens dos Munícipios.
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
73
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Bens de uso comum: também chamados de bens de domínio público, são aqueles que estão à
disposição da coletividade e se destinam a utilização geral e indiscriminada da população, como
por exemplo as praças públicas, ruas e rios. Este uso pode ser gratuito ou oneroso, conforme
previsto no art. 103 do CC.
Bens de uso especial: também chamados de bens do patrimônio administrativo, são aqueles
que apresentam uma destinação específica, ou seja, são utilizados para a execução ou prestação dos
serviços públicos, como por exemplo aeroportos, portos, rodovias, bibliotecas, escolas, repartições
públicas, fóruns, quartéis, etc. Os bens de uso especial também são gratuitos ou onerosos.
Bens dominicais: são aqueles que não estão ligados a nenhuma finalidade pública, ou seja,
são aqueles que, por exclusão, não são de uso comum nem de uso especial, como por exemplo os
prédios públicos desativados, terrenos baldios, terras devolutas, móveis inservíveis, etc. Os bens
dominicais podem ser alienados, já que não são afetados.
Como os bens públicos integram o patrimônio da Administração, evidentemente que suas regras
diferem daquelas relativas aos bens particulares. Vejamos as principais características dos bens públicos.
INALIENABILIDADE: como regra geral, os bens públicos não podem ser alienados, salvo os
bens dominicais e os demais bens públicos desafetados. Além disso, para que ocorra a alienação,
devem ser observadas as seguintes exigências: TEMA COBRADO NO XXXII EXAME FGV.
74
Afetação é dar finalidade pública a um bem público, tornando-o inalienável. Já a desafetação é
a retirada da finalidade pública de um bem, o que permite sua alienação. Deve-se destacar que,
para a prova da OAB, a FGV entende possível a desafetação em razão de fato administrativo.
A título de exemplo, no XVI Exame da OAB/FGV entendeu-se que, em razão de um incêndio
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
ocorrido em uma biblioteca, esta perdeu sua finalidade, deixando de ser bem de uso especial
para ser dominical, por meio da desafetação tácita, permitindo-se assim a sua alienação.
Como não é pacífico na doutrina e na jurisprudência a possibilidade de desafetação tácita no
ordenamento jurídico brasileiro, esta questão foi bastante criticada.
IMPENHORABILIDADE: os bens públicos não podem ser penhorados, ou seja, não podem ser
oferecidos como garantia para o cumprimento de obrigações contraídas pelo Poder Público junto a
terceiros. A impenhorabilidade decorre da necessidade de se garantir a continuidade dos serviços
públicos, bem como de se respeitar o regime de precatórios que, para serem liquidados, devem seguir
rigorosamente a ordem cronológica de sua apresentação, em homenagem ao princípio da impessoalidade.
Nenhum bem público pode ser adquirido por usucapião TEMA COBRADO NOS EXAMES
XXIV E XXXIII DA OAB/FGV.
IMPOSSIBILIDADE DE ONERAÇÃO: os bens públicos não podem ser objeto de direito real de
garantia, ou seja, não podem ser objeto de penhor, hipoteca e anticrese.
Os principais instrumentos de uso, que viabilizam a transferência do uso de bens públicos para
os particulares são:
9. SERVIÇOS PÚBLICOS
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
De acordo com Hely Lopes Meirelles, serviço público “é todo aquele prestado pela administração
ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais
ou secundárias da coletividade, ou simples conveniências do estado”2.
Elemento subjetivo: identifica-se com o titular do serviço público, que é o Estado (prestado pela
administração ou por seus delegados).
Elemento formal: diz respeito ao regime jurídico aplicável ao serviço público, que é o regime
jurídico de direito público (sob normas e controles estatais)
Elemento material: corresponde à atividade oferecida que seja definida em lei e atenda ao
interesse público.
Princípio da igualdade dos usuários: a igualdade significa tratar os iguais de maneira igual e os
desiguais de maneira desigual. Além disso, impõe vedação a tratamentos discriminatórios injustificados.
Princípio da continuidade do serviço público: significa que o serviço público deve ser prestado
sem interrupção ou suspensão indevidas. Em razão disso é que os bens vinculados à prestação
de serviços públicos, mesmo que pertencentes a particulares, como no caso dos ônibus das
concessionárias de transporte coletivo, não podem sofrer penhora nem alienação judicial. Também
em razão desse princípio é que nos contratos administrativos celebrados com os particulares a
regra é de que o contratado não pode invocar a exceção de contrato não cumprido, além do que
extinta a concessão de serviço público, haverá o retorno ao poder concedente dos bens reversíveis
TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.
Princípio da mutabilidade do regime jurídico: também pode ser encontrado com o nome de
Princípio da eficiência e ainda Princípio da flexibilidade dos meios aos fins. O interesse público é
modificável no tempo e no espaço, de forma que, para acompanhar essa modificação, admite-se
a alteração na prestação do serviço público. Assim, nos contratos administrativos, possibilita-se
a alteração e a rescisão unilateral do contrato pela administração para ajustamento ao interesse
público modificado.
Os serviços sociais são os que atendem aos direitos sociais do homem, admitindo-se a atuação
pública e privada, como no caso dos serviços de saúde, educação, meio ambiente, previdência,
assistência, etc.
Por outorga (serviço outorgado): a administração pública cria, mediante lei específica que
determine ou autorize a criação, pessoa jurídica para prestar o serviço. As pessoas surgidas
podem ser autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo poder público, empresas públicas e
sociedades de economia mista. Essas entidades pertencem à administração pública indireta.
Por delegação (serviço delegado): a descentralização do serviço pode ser feita à pessoa que já
exista, basicamente pelos contratos de concessão e permissão de serviços públicos, como ocorre,
por exemplo, no transporte coletivo urbano.
78
10
Agentes públicos são todos aqueles encarregados de exercerem alguma função estatal,
definitiva ou transitoriamente. A expressão, portanto, designa o gênero, do qual são espécies os
servidores públicos (estatutários), empregados públicos (celetistas), particulares em colaboração
com o Estado e os agentes políticos.
Servidores públicos: são os servidores que ingressam, em regra, através de concurso para
titularizar um cargo público em caráter permanente (ou efetivo), submetendo-se a um regime
profissional estatutário;
Empregados públicos: são os servidores que ingressam através de concurso para titularizar
um emprego público em caráter permanente (ou efetivo), submetendo-se a um regime profissional
celetista, mas com influência do regime administrativo, a exemplo da necessidade de concurso, do
teto de remuneração.
O Supremo Tribunal Federal fixou as seguintes teses, com repercussão geral, no que se refere
ao direito de greve dos servidores públicos:
Contratados em caráter temporário: são os servidores contratados sem concurso, por prazo
determinado, para titularizar uma função pública nas hipóteses previstas no art. 37, IX, da Constituição.
São servidores contratados em situações anormais, imprevisíveis, em que o Poder Público, diante da
urgência, não tem como realizar concurso público (ex.: contratação de médicos por Município atingido
por forte epidemia).
79
Com o advento da Lei n. 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos da União) a expressão
funcionário público deixou de ser utilizada. Dessa forma, alguns doutrinadores utilizam a
expressão servidor público ora em sentido amplo, como sinônimo de agentes públicos, ora em
sentido estrito, para se referir aos servidores estatutários.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Os particulares em colaboração com o Estado são agentes públicos que não integram a
estrutura da Administração, mas colaboram com ela, como por exemplo os jurados do Tribunal do
Júri, os mesários em eleição e os notários e registradores.
Conforme art. 236 da CF/88, os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter
privado, por delegação do Poder Público TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.
Os agentes políticos, por sua vez, são agentes públicos cujo regime jurídico é extraído da própria
Constituição Federal, como membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, e os que titularizam
mandato, sem qualquer vínculo profissional com o Estado, podendo ser eleitos (presidente, governadores,
prefeitos, parlamentares em geral) ou nomeados (ministros de Estado e secretários de Estado).
No Brasil vigora o princípio da acessibilidade ampla, de modo que os tanto brasileiros como
estrangeiros poderão exercer cargos públicos.
São hipóteses de exceção à regra geral de aprovação em concurso público as abaixo relacionadas:
a) Mandato eletivo;
b) Cargo em comissão - tem como base a confiança, e é utilizado para direção, chefia e
assessoramento, podendo ser exercidos por qualquer pessoa, resguardando-se um mínimo
àqueles que já possuem cargo efetivo a fim de se garantir a continuidade do serviço;
80
c) Contrato temporário (art. 37, IX, da CF/88) – para os casos de excepcional interesse público
(processo seletivo simplificado), conforme as hipóteses previstas na Lei n. 8.745/93. TEMA
COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
e) Agente de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, conforme art. 198 da CF/88
.
Cargo em comissão é diferente de função de confiança. A função de confiança é exclusivamente
preenchida por ocupante de cargo efetivo. Já o cargo em comissão é preenchido por alguém
que já trabalha na Administração Pública ou não, pois é um cargo de livre nomeação e se refere
a inúmeras atribuições para um único cargo Tanto a função de confiança quanto o cargo em
comissão servem apenas para funções de direção, chefia e assessoramento. Desse modo, uma
lei não pode criar um cargo em comissão de motorista ou de digitador, pois estes cargos não
são de direção, nem de chefia, nem de assessoramento.
SÚMULA N° 266 DO STJ: “O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve
ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.”
A validade do concurso público será de até 02 anos, admitindo-se uma única prorrogação, por
igual período, sendo que até 20% das vagas oferecidas em um concurso deverão ser reservadas
para as pessoas com deficiência. A jurisprudência entende ser possível a revogação da prorrogação,
desde que o prazo desta ainda não tenha começado a correr.
É importante destacar que, se o candidato for aprovado dentro do número de vagas previsto
no edital, ele terá direito subjetivo à nomeação. TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV.
81
Por outro lado, se o candidato for aprovado além do número de vagas previsto no edital, não
terá direito subjetivo à nomeação, mas apenas expectativa de direito, cabendo à Administração
Pública realizar juízo de conveniência ou oportunidade acerca da nomeação. O candidato, no
entanto, não poderá ser preterido por ninguém durante o prazo de validade do concurso, devendo
a Administração respeitar, obrigatoriamente, a ordem de classificação do concurso.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O STF entende que é possível a alteração de edital de concurso público, desde que
esse não esteja concluído e homologado, quando houver necessidade de adaptação do
certame a nova legislação aplicável ao caso. TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA
OAB/FGV.
Destaca-se, por fim, que é vedado reenquadramento de servidor público em cargo para o qual
não prestou concurso público, conforme 37, II, da CF/88, e Súmula Vinculante nº 43.
Estágio probatório é o período em que se apura se o servidor possui aptidão e capacidade para
o desempenho de sua atividade.
O art. 20 da Lei n. 8.112/90 dispõe que “ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo
de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses,
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
observados os seguinte fatores: I - assiduidade; II - disciplina; III - capacidade de iniciativa; IV –
produtividade e V- responsabilidade.
A Súmula 21 do STF, por sua vez, dispõe que, durante o estágio probatório, o servidor não
poderá ser demitido ou exonerado sem a abertura de processo administrativo, em que se assegure
o contraditório e ampla defesa TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.
Súmula Nº 21 do STF: Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem
demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.
Se essa súmula tem incidência no estágio probatório, com mais razão incidirá também quando
servidor for efetivo no cargo, conforme inclusive previsto no art. 5º, LV, da CF/88.
10.4. ESTABILIDADE
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
b) Nomeação para cargo público: de acordo com a literalidade da Constituição Federal, apenas
os titulares de “cargo público” teriam direito à estabilidade. Entretanto, firmou-se entendimento
de que servidores celetistas da administração direta também possuem direito à estabilidade,
conforme Súmula n. 390 do TST:
c) Estágio probatório de 3 anos: apesar de a Lei n. 8.112/90 dispor que o prazo do estágio
probatório é de 24 meses, a EC n. 19/1998 alterou o art. 41 da CF/88, elevando para três anos o
prazo para a aquisição da estabilidade no serviço público. Em razão dessa alteração, entende-se
atualmente que o prazo para a aquisição da estabilidade é de 3 anos.
83
De acordo com § 1º do art. 41 da CF/88, a perda da estabilidade ocorrerá em razão de TEMA
COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
Além das hipóteses ora citadas, é possível excepcionalmente a perda da estabilidade para a
racionalização da máquina administrativa, nas hipóteses de corte de despesa com pessoal,
previstas no artigo 169 da CF/88.
Destaca-se, ainda, que a estabilidade não se confunde com vitaliciedade, a qual é concedida
a membros do Ministério Público e do Poder Judiciário após cumprido o estágio probatório de
2 anos, significando a garantia de permanência no cargo, salvo no caso de perda em razão de
sentença judicial transitada em julgado. TEMA COBRADO NO XXXIV EXAME DA OAB/FGV.
VITALICIEDADE ESTABILIDADE
Alcançada após dois anos de estágio probatório Atingida após três anos de efetivo exercício
Perda do cargo apenas por sentença judicial com Poderá perder o cargo por sentença judicial,
trânsito em julgado processo administrativo, Procedimento de
avaliação periódica de desempenho e corte de
despesas.
A Constituição Federal veda, como regra geral, a cumulação de cargos e empregos públicos
dentro da Administração, conforme art. 37, XVI e XVII:
Art. 37
(...)
Os Juízes e membros do Ministério Público poderão exercer uma função de magistério, nos
termos do art. 95, parágrafo único, I, e 128, § 5º, da CF/88.
Veda-se a cumulação de cargo público com mandato eletivo, exceto para vereadores, se houver
compatibilidade de horários, conforme art. 38, III, da CF.
10.6. REMUNERAÇÃO
Súmula Vinculante 16: Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição,
referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
Já em relação ao teto remuneratório, é importante lembrar o disposto no art. 37, XI, da CF/88: “A
remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
85
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos TEMA COBRADO
NO XX EXAME DA OAB/FGV.
EXECUTIVO: subsídio do
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Governador
TETO: MINISTROS DO STF
ESTADOS/DF
Destaca-se, ainda, que, de acordo com o art. 37, XV, da CF/88, o subsídio e os vencimentos dos
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV do
art. 37 e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
10.7.1. INVESTIDURA
I - a nacionalidade brasileira;
A aprovação em concurso público, portanto, não é requisito básico pra a investidura em cargo
público, já que, para cargo em comissão, não se exige a aprovação em concurso.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Segundo o STF, é constitucional estabelecer limites de idade para investidura em cargo público,
desde que compatíveis com o cargo. Admite-se uma interpretação analógica em relação ao sexo,
altura, e outras aptidões específicas.
A simples nomeação, portanto, não garante a qualidade de servidor público. Somente será
servidor público após a assinatura do termo de posse.
Readaptação: mudança de cargo público para uma outra carreira, em virtude de uma limitação
física ou mental, cabendo destacar que o readaptado não poderá sofrer qualquer perda na sua
remuneração (garantia da equivalência de vencimentos). Se no cargo de readaptação não houver
vaga, admitir-se-á que a pessoa trabalhe como excedente (não será colocada em disponibilidade).
Reintegração (art. 28): retorno ao cargo público do servidor estável que foi injustamente
demitido, em razão de decisão judicial ou administrativa. O servidor retorna exatamente ao cargo
ocupado, independentemente das mudanças que possam ter havido (atribuições, nomes, etc.). Terá
ainda direito a todas as vantagens do período de afastamento TEMA COBRADO NO VI EXAME
DA OAB/FGV.
87
Recondução (art. 29): apenas pode ser reconduzido o servidor estável. Ocorre em duas
situações: a) retorno ao cargo que o servidor estável ocupava, em virtude de inabilitação em outro
estágio probatório e b) retorno ao cargo anteriormente ocupado em virtude de reintegração do
anterior ocupante. Nesse caso, invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será
ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem (sem
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
• Exoneração: não tem caráter punitivo e pode ocorrer quando o servidor toma posse
e não entra em exercício; quando não preenche os requisitos do estágio probatório e
a pedido do servidor.
• Promoção;
• Ascensão e Transferência;
• Readaptação;
• Aposentadoria;
• Posse em outro cargo inacumulável: não se trata de exoneração. Ocorre por causa
da vedação à acumulação de cargos/empregos públicos remunerados de qualquer
esfera, da administração direita ou indireta, salvo em relação às exceções previstas
no próprio texto constitucional.
• Falecimento.
• Suspensão;
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
• Demissão;
Advertência: será aplicada por escrito, nos casos de inobservância de dever funcional previsto
em lei (art. 116)3 regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais
grave, bem como nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX:
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau civil;
3
Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser
leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens
superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral,
prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões
requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições
para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao
conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento
de outra autoridade competente para apuração; VII - zelar pela economia do material e a conservação do
patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a
moralidade administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII -
representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata
o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual
é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.
89
Suspensão: a suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com
advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade
de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos
da penalidade uma vez cumprida a determinação. Quando houver conveniência para o serviço, a
penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento)
por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Demissão: trata-se da pena mais grave aplicada ao servidor efetivo, representando a sua
expulsão dos quadros da administração pública. Ocorrerá nos seguintes casos:
II - abandono de cargo;
IV - improbidade administrativa;
XI - corrupção;
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117: IX - valer-se do cargo para lograr
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública, X - participar
de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada,
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; XI - atuar,
como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge
ou companheiro; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer
90
espécie, em razão de suas atribuições; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de
estado estrangeiro; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; XV - proceder de
forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou
atividades particulares TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
O parágrafo único do art. 137, por sua vez, previa que era vedado o retorno ao serviço público
federal do servidor que fosse demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art.
132, incisos I (crime contra a administração pública), IV (improbidade administrativa), VIII (aplicação
irregular de dinheiros públicos), X (lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional)
e XI (corrupção). Esse dispositivo, entretanto, foi considerado inconstitucional pelo STF (ADIN
2975), uma vez que não é possível a aplicação de pena de caráter perpétuo.
Não há previsão legal de remoção como forme de punição. Logo, qualquer ato nesse sentido
estará viciado por desvio de finalidade TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/
FGV.
10.7.5. PRESCRIÇÃO
As irregularidades cometidas por servidores poderão ser apuradas por meio de sindicância,
para os casos de advertência ou suspensão até 30 dias, ou de processo administrativo disciplinar
(PAD), para demissão, cassação de aposentadoria, suspensão superior a 30 dias, destituição do
cargo em comissão ou função comissionada.
Processo administrativo disciplinar: pode existir sindicância sem PAD, PAD sem sindicância ou
PAD depois de sindicância. O PAD serve para aplicar penas graves (suspensão por mais de 30 dias,
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão).
Suspensão por mais de 30 dias, demissão, cassação Advertência ou suspensão até 30 dias
de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
cargo em comissão
Súmula 592 do STJ: “O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar
só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa”.
Súmula 611 do STJ: “Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou
sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em
denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração”. TEMA
COBRADO NO XXXV EXAME DA OAB/FGV.
92
Instrução: provas (documental, testemunhal, depoimentos dos acusados, perícia, etc.).
Encerrada a fase de instrução, os membros da comissão analisarão se houve a tipificação da
infração. Se ficar decidido que sim, o acusado passará a ser chamado de indiciado e será citado
para apresentação de defesa. Se a comissão decidir que não ficou tipificada a infração, pode propor
o arquivamento do processo.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Defesa: como regra geral, o prazo para apresentar defesa é de 10 dias. Se houver mais de um
acusado, o prazo será de 20 dias. Se o acusado estiver em local incerto e não sabido, procede-se
à citação por edital, com prazo de 15 dias. Se o acusado for revel (não apresentar defesa no prazo
estabelecido), a administração nomeia um defensor dativo, ex officio.
Julgamento: feito pela autoridade competente (não pelos membros da comissão processante),
que tem o prazo impróprio de 20 dias para decidir. Embora o artigo 168 diga que o julgamento
acatará o relatório conclusivo, a autoridade não está vinculada ao relatório (“... salvo quando
contrário a prova dos autos”). A autoridade pode concordar que houve infração, mas não com a
pena sugerida (que pode ser, inclusive, mais grave).
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão
e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo
Poder, órgão, ou entidade;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos
ou regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
• PROCEDIMENTO SUMÁRIO:
A Lei n. 9527/97 estabeleceu o rito sumário, com duração de 30 dias, prorrogáveis por mais 15,
para os casos de acumulação ilícita, abandono de cargo e inassiduidade habitual. O procedimento
sumário é composto das seguintes fases: instauração, instrução (indiciação, defesa e relatório) e
julgamento (art. 133 c/c art. 140 da Lei n. 8.112/90). TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA
OAB/FGV.
objetivo (falta por mais de 30 dias) como também o subjetivo (o animus abandonandi).
3) Inassiduidade habitual: falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias,
interpoladamente, durante o período de doze meses. O período de 12 meses não
precisa coincidir com o ano civil. Observam-se as mesmas disposições dos itens
anteriores: comissão formada por 2 servidores estáveis, 5 dias para a defesa, relatório
conclusivo. Não se exige que a ausência seja intencional.
• PEDIDO DE REVISÃO
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de
ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a
inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para
a revisão, que requer elementos novos, ainda não apreciados no processo originário.
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de
provas e inquirição das testemunhas que arrolar.
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos.
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as normas e
procedimentos próprios da comissão do processo disciplinar.
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
94
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento
do processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada,
restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
É possível o pedido de revisão do PAD quando se aduzirem fatos novos (simples alegação de
injustiça não é suficiente para fundamentar o pedido de revisão) ou circunstâncias suscetíveis de
justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. Nesse ponto, é importante
frisar que não se admitirá a “reformatio in pejus”, ao contrário do que ocorre com os recursos
administrativos, eis que o parágrafo único do art. 182 expressamente veda a possibilidade de
agravamento da pena.
Além disso, na revisão, ao contrário do que ocorre durante o PAD, o ônus da prova caberá
ao requerente. A revisão poderá ser feita a qualquer tempo, de ofício ou a pedido, dependendo
sempre de provocação. Julgada procedente, serão declaradas sem efeito todas as penalidades
anteriormente aplicadas e restabelecidos todos os direitos do servidor, salvo quanto à destituição
de cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
O servidor público pode responder administrativa, civil e penalmente pela infração cometida.
A regra é a independência das responsabilidades nas esferas citadas. Entretanto, como exceção,
haverá a isenção da responsabilidade administrativa quando houver absolvição criminal por
inexistência do fato ou não autoria TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV. São casos
em que a esfera penal vinculará à administrativa. Portanto, se a absolvição for por insuficiência de
provas, não há vinculação na esfera administrativa (regra: independência das esferas) TEMA
COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
95
11
Constituição Federal
Durante muitos anos houve discussões sobre a natureza jurídica da improbidade administrativa,
mas o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que se tratava de ilícito civil (ADI 2791
e 2860), posicionamento este amplamente adotado pela doutrina e jurisprudência.
Ocorre, entretanto, que a Lei n. 14.230/21 alterou a Lei n. 8.429/92, passando a dispor
expressamente (art. 17-D) que a ação de improbidade administrativa não possui natureza civil, e
sim natureza repressiva, de caráter sancionatório.
Com as alterações promovidas na Lei n. 8.429/92 pela Lei n. 14.230/21, passou-se a dispor (§
4º do art. 21) que a absolvição criminal sobre os mesmos fatos (independentemente da natureza
da decisão), confirmada por decisão colegiada, impede a tramitação da ação de improbidade
administrativa.
Desse modo, o princípio da independência das instânciais, antes excepcionado apenas nas
hipóteses de absolvição penal por inexistência do fato ou de autoria, passou a ser praticamente
desconsiderado, já que, com a nova lei, qualquer absolvição na esfera penal passou a impedir a
tramitação da ação de improbidade, mesmo no caso, por exemplo, de absolvição por ausência de
prova.
96
SUJEITO PASSIVO: o sujeito passivo do ato de improbidade é a vítima do ato, aquele que
sofreu o ilícito, podendo ser a Administração Pública direta, indireta ou fundacional no âmbito da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, bem como entidade privada que receba
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos ou governamentais,
ou ainda entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
no seu patrimônio ou receita atual, limitado, neste último caso, o ressarcimento de prejuízos à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos (art. 1º da Lei n. 8.429/92)
SUJEITO ATIVO: é aquele que pratica o ato de improbidade, podendo ser qualquer “agente
público”, ou seja, todos aqueles que exercem cargo, emprego, função ou mandato nas pessoas
mencionadas no artigo 1° da Lei n. 8.429/92. Além disso, conforme art. 3° da Lei nº 8.429/1992,
as disposições da lei de improbidade são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público (terceiro), induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta TEMA COBRADO
NOS EXAMES XX E XXVIII DA OAB/FGV.
Não existe foro privilegiado por prerrogativa de função em ações de improbidade administrativa,
de modo que é competente para o julgamento de eventual ação civil pública o juízo de 1º grau.
MODALIDADES:
São atos dolosos que geram enriquecimento sem causa ao agente público, ou seja, criam
vantagem patrimonial indevida.
Vejamos as hipóteses trazidas pelo artigo 9º da Lei n. 8.429/92 (atualizado com a Lei n.
14.230/21), cujo rol é apenas exemplificativo.
97
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou
omissão decorrente das atribuições do agente público;
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
III- Perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou
locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;
O inciso VII foi alterado pela Lei n. 14.230/21, para deixar claro que o agente poderá
demonstrar que a sua evolução patrimonial, apesar de proporcional, decorreu de condutas
lícitas (como por exemplo, recebimento de herança, sucesso de investimento, etc).
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
98
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
SANÇÕES (Lei n 14.230/21): perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o poder
público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 14 (catorze) anos; . TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.
A Lei n. 14.230/21 alterou o “caput” do art. 10 da Lei n. 8.429/92, deixando claro que
apenas os atos dolosos configuram improbidade administrativa (não há mais nenhum tipo
de improbidade de forma culposa). Além disso, passou a dispor que o prejuízo deve ser
efetivamente comprovado, ou seja, não é possível a caracterização do ato de improbidade por
prejuízo presumido.
São hipóteses em que há lesão aos cofres públicos, podendo ocorrer, conforme visto acima,
apenas na forma dolosa (antes podia ser por ato doloso ou culposo).
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie TEMA COBRADO
NO XXIX EXAME DA OAB/FGV.
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares
aplicáveis à espécie;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior
ao de mercado;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos
ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular
de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela
administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
à espécie;
100
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX - agir para a configuração de ilícito (não se permite responsabilidade por ato culposo)
na celebração, na fiscalização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas
sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
irregular.
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o
caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
O inciso XXII foi acrescentado pela Lei n. 14.230/21 e representa o mesmo ilícito que era
previsto no art. 10-A da Lei n. 8.429/92, mas que foi revogado. Trata-se do ato de reduzir
o valor da alíquota do ISS, de forma direta ou indreta, abaixo do limite de 2%, estimulando
guerra fiscal entre os Municípios.
SANÇÕES (Lei n 14.230/21): perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até
12 (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano e proibição de contratar
com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo não superior a 12 (doze) anos
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de
imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas (redação
alterada pela Lei n. 14.230/2021) (...)”.:
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada
ou colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado;; TEMA COBRADO
NO XXXIII EXAME DA OAB/FGV.
101
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade
para a segurança da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei;
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
O ato previsto no inciso V do art. 11 não se confunde com o ato do inciso VIII do art. 10 da Lei
n. 8.429/92, porque neste último caso exige-se perda patrimonial efetiva.
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das
condições para isso, com vistas a ocultar irregularidades;(Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021)
O § 3º do art. 11 da Lei n. 8.429/92, por sua vez, passou a prever que o enquadramento de
conduta funcional na categoria de que trata o artigo 11 pressupõe a demonstração objetiva da
prática de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das normas constitucionais,
102
legais ou infralegais violadas.
Por fim, o § 5º passou a consignar que não se configurará improbidade a mera nomeação ou
indicação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de
dolo com finalidade ilícita por parte do agente.
ALTERAÇÃO LEGISLATIVA: A Lei nº 13.425/2017 passou a prever, em seu art. 2º, que:
O art. 13 da nº 13.425/2017, por sua vez, dispõe que incorre em improbidade administrativa, nos
termos do art. 11 da Lei no 8.429/1992, o prefeito municipal que deixar de tomar as providências
necessárias para garantir a observância do disposto no caput e nos §§ 1º e 2º do art. 2º, acima
transcritos, no prazo máximo de dois anos, contado da data de entrada em vigor da referida lei,
ou seja, até 31/03/2019.
SANÇÕES (Lei n 14.230/21): pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o
valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou
de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4
(quatro) anos;
103
No caso do art. 11 da Lei n. 8.429/21, portanto, não há mais a pena de perda de função pública
e suspensão dos direitos políticos e o ressarcimento integral do dano, mesmo se houver.
SANÇÕES:
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
ENRIQUECIMENTO PRINCÍPIOS DA
LESÃO AO ERÁRIO
ILÍCITO ADMINISTRAÇÃO
(ART. 10)
(ART. 9) (ART. 11)
SUSPENSÃO DOS
Até 14 anos Até 12 anos NÃO
DIREITOS POLÍTICOS
PROIBIÇÃO DE
CONTRATAR COM O Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
PODER PÚBLICO
Equivalente ao
Equivalente ao
valor do dano Até 24x a remuneração
acréscimo patrimonial
MULTA
(pode ser aplicada (pode ser aplicada (pode ser aplicada em dobro)
em dobro) em dobro)
Importante destacar que o § 1º do art. 12 da Lei n. 8.429/92, acrescido pela Lei n. 14.230/21,
passou a dispor que a sanção de perda da função pública atinge apenas o vínculo de mesma
qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com o poder público na época
do cometimento da infração, podendo o magistrado, na hipótese de ato de improbidade de
enriquecimento ilícito, e em caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas as
circunstâncias do caso e a gravidade da infração.
104
O ministro Alexandre de Moraes concedeu medida liminar para suspender a eficácia do § 1º do
art. 12 da Lei n. 8.429/92 que prevê que a perda da função pública atinge apenas o
vínculo de mesma qualidade e natureza do agente com o poder público no momento
da prática do ato. No entendimento do relator, a defesa da probidade administrativa
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Desse modo, como regra geral, se, por exemplo, determinada pessoa é condenada pela prática
de um ato de improbidade administrativa praticado quando ocupava o mandato de prefeito, mas,
quando da condenação por improbidade transitada em julgado, já exercia outro cargo público, o
sujeito não poderá perder o cargo atual, salvo no caso ato de improbidade de enriquecimento
ilícito e se o juiz assim determinar, consideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da
infração.
Além disso, o § 2º da Lei n. 8.429/92, também acrescido pela Lei n. 14.230/21, passou a dispor
que a pena de multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do réu, o valor calculado originalmente é ineficaz para reprovação e prevenção
do ato de improbidade
Outro ponto importante trazido pela Lei n. 14.230/21 é o previsto no novo § 10 do art. 12 da
Lei n. 8.429/92, que dispõe que, para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos
direitos políticos, computar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada
e o trânsito em julgado da sentença condenatória.
1) O art. 16 da Lei n. 8.429/92 passou a dispor que na ação por improbidade administrativa
poderá ser formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indisponibilidade de
bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial
105
resultante de enriquecimento ilícito, que apenas será deferido mediante a demonstração no caso
concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, desde que o juiz
se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com fundamento
nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
2) De acordo com o § 10. do art. 16 da Lei n. 8.429/21, a indisponibilidade recairá sobre bens
que assegurem exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem incidir sobre os
valores a serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial
decorrente de atividade lícita.
Antes da Lei n. 14.230/21, permitia-se que a indisponibilidade recaísse sobre bens para garantir
o valor que poderia ser aplicado a título de multa, o que ficou expressamente vedado pela
redação do novo § 10. do art. 16
3) Não há mais a etapa de notificação previa do réu na ação de improbidade, devendo o réu
ser citado diretamente para contestar a ação em 30 dias (§ 7º do art. 17).
5) Houve a regulamentação do acordo de não persecução cível, nos termos do art. 17-B da
Lei n. 8.429/92, que é celebrado entre o Ministério Público e o Réu, no curso da investigação
de apuração do ilícito, durante a ação de improbidade ou no momento da execução da sentença
condenatória, desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: I - o integral
ressarcimento do dano e II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida,
ainda que oriunda de agentes privados.
A celebração do acordo ade não persecução civil depende, cumulativamente: I - da oitiva do ente
federativo lesado, em momento anterior ou posterior à propositura da ação; II - de aprovação,
no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério Público competente para apreciar
as promoções de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da ação; III - de
homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois do ajuizamento
da ação de improbidade administrativa.
6) Como regra geral, a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória. No entanto, a autoridade judicial
competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, do
emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instrução
processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos. A Lei n. 14.230/21 acrescentou o §
2º ao art. 20 da Lei n.8.429/92, para deixar claro que esse afastamento será de até 90 (noventa)
dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, mediante decisão motivada.
• PRAZO PRESCRICIONAL
Art. 23 -. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito)
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
A Lei n. 14.230/21 incluiu, ainda, o § 4º ao art. 23 da Lei n. 8.429/92, passando a dispor que o
prazo prescricional será interrompido nas seguintes hipóteses: I - pelo ajuizamento da ação de
improbidade administrativa; II - pela publicação da sentença condenatória; III - pela publicação de
decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença
condenatória ou que reforma sentença de improcedência; IV - pela publicação de decisão ou
acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma
acórdão de improcedência; V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acórdão de improcedência.
107
12
12.1. DESAPROPRIAÇÃO
Por outro lado, a desapropriação sancionatória ocorre nos casos em que a propriedade é
desapropriada por não respeitar a sua função social, podendo ocorrer no meio urbano (art. 182, §
4º, III, da CF/88) ou rural (art. 184 da CF/88).
108
Importante registrar, ainda, que a desapropriação pode recair sobre bens públicos, mas
somente a União pode desapropriar bens dos Estados e dos Municípios, e os Estados somente
podem desapropriar bens dos Municípios.
Dec.-Lei n. 3.365/41
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Os Estados não podem desapropriar bens da União, nem os Municípios podem desapropriar
bens dos Estados ou da União. Os bens dos Territórios poderão ser desapropriados apenas
pela União TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.
Ressalta-se que a desapropriação pode ser feita também por iniciativa do Poder Legislativo,
mediante a previsão em lei da área que será desapropriada, cabendo, nesse caso, ao Executivo
praticar os atos necessários à sua efetivação (art. 8º Decreto-Lei n. 3.365/41). TEMA COBRADO
NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.
FASES DA DESAPROPRIAÇÃO:
Fase declaratória: deve haver a declaração do bem como sendo objeto de desapropriação, por
meio de declaração de utilidade pública, feita por decreto do Presidente da República, Governador,
Interventor ou Prefeito (não pode, portanto, a declaração de utilidade pública ser feita diretamente
pelas autarquias ou empresas estatais TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV ) e produz
os seguintes efeitos: 1) permissão às autoridades competentes no sentido de penetrar no prédio
objeto da declaração, sendo possível o recurso à força policial no caso de resistência (art. 7º, do
Decreto Lei nº 3.365/41); 2) início da contagem do prazo para a caducidade do ato (art. 10º, do
Decreto-Lei nº 3.365/41); 3) indicação do estado em que se encontra o bem objeto da declaração
para efeito de fixar a futura indenização”4 TEMA COBRADO NOS EXAMES IX E XXIX DA OAB/
FGV.
4
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 24ª edição. Editora Lumen Juris:
Rio de Janeiro, 2011 109
TREDESTINAÇÃO: ocorre na hipótese de o bem desapropriado ter destinação diversa daquela
inicialmente declarada. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita.
Por outro lado, na tredestinação ilícita, não há preservação do interesse público, como no caso
de um imóvel que desapropriado para a construção de um hospital e posteriormente é utilizado
para um comércio de rua. Nessa hipótese, o expropriado pode pleitear no Poder Judiciário a
nulidade do ato e a retrocessão, que é o retorno do bem, com base no art. 519 do CC. TEMA
COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.
Fase executiva: tem como objeto único fixar o valor que será pago a título de indenização, podendo
ser desenvolvida no âmbito administrativo, quando houver acordo entre as partes, ou judicial, se não
houver acordo.
Não havendo acordo entre as partes, ou sendo frustrada a mediação ou arbitragem, haverá um
processo judicial de desapropriação, cujas as principais características são as seguintes:
Petição Inicial: deve observar os requisitos previstos no CPC, além de constar, obrigatoriamente,
o valor oferecido pela entidade expropriante, cópia do decreto de expropriação e planta do bem
ou sua descrição.
Instrução: juiz designará um perito para fazer a avaliação do bem e as partes podem indicar
assistente técnico. Poderá ser realizada audiência de instrução e julgamento.
pelo expropriante.
Além disso, no caso da imissão provisória, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo
e o valor do bem fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios
de seis por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão
na posse, vedado o cálculo de juros compostos. Esses juros servem justamente para compensar
o fato de o expropriado ter perdido a posse prematuramente no processo (antes da sentença).
TEMA COBRADO NO XXXII EXAME DA OAB/FGV.
MODALIDADES DE DESAPROPRIAÇÃO
Desapropriação por zona: também conhecida como “desapropriação extensiva”, ocorre quando
a desapropriação atinge área maior do que aquela necessária para utilização imediata do bem,
podendo a Administração utilizar a área remanescente para posterior aproveitamento ou para
venda em razão de valorização extraordinária pela realização do serviço, conforme art. 4º, caput, do
Decreto-lei nº 3.365/41, in verbis: “ A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária
ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente,
em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública
deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que
se destinam à revenda” TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
111
12.2. CONFISCO
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo
na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
A servidão administrativa representa um direito real de uso sobre coisa alheia, autorizando o Poder
Público a usar a propriedade de imóvel, com o objetivo de garantir a execução de obras e serviços de
interesse coletivo. Citamos, a título de exemplo, a instalação de redes elétricas e telefônicas, colocação
de placas de identificação da rua e passagem de saneamento básico em propriedade particular.
A servidão poderá decorrer de lei, ato administrativo (acordo entre as partes), ou de decisão
judicial. São exemplos de servidão decorrentes de lei a servidão militar e a servidão terrenos
marginais aos rios.
Na servidão administrativa, a relação de dominação não será de um bem sobre o outro, como
se dá na servidão civil, mas sim de um serviço dominante sobre um bem serviente. Além disso,
as servidões administrativas não se extinguem pela prescrição e podem gravar bens do domínio
público, o que não é possível nas servidões civis.
5º, XXV, da CF/88: no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar
de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
12.7. TOMBAMENTO
O tombamento poderá ser geral (recai sobre uma cidade ou bairro, por exemplo) ou individual
e específico (recaí sobre um único imóvel). São obrigações inerentes ao tombamento: o dever de
conservação (qualquer obra realizada no bem depende de prévia autorização do poder público);
dever de suportar a fiscalização; impossibilidade de exportação do bem tombado (não impede
que o bem saia do país por curto espaço de tempo); não colocação de placas ou cartazes que
prejudiquem sua visibilidade.
A competência legislativa para o tombamento é concorrente, conforme artigo 24, XII da CF/88,
de modo que a União vai definir normas gerais e os demais entes vão definir normas especificas.
A competência material será comum (art. 23, III da CF/88) ou seja, todos os entes não só podem,
como devem realizar o tombamento, tratando-se de um dever com colaboração da sociedade (art.
216, §1º da CF/88) que variará de acordo com o interesse:
É possível que o bem seja tombado pelos três Entes ao mesmo tempo.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis
por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.
Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conhecimento
ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por iniciativa
do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito
para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado
ao lado da transcrição do domínio.
§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo, deverá
o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sobre o
respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial
ou causa mortis.
Art. 14. A. coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem transferência
de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora do país,
da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que se encontrar.
§ 3º A pessoa que tentar a exportação de coisa tombada, além de incidir na multa a que
se referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal
para o crime de contrabando.
Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas
ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de
cinquenta por cento do dano causado.
Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder
às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são
equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.
O CPC de 2015 revogou o art. 22 do Decreto –Lei n. 25/37, que previa o direito de
preferência do Poder Público em caso de alienação de bem tombado, pertencentes a
pessoas naturais ou pessoas jurídicas de direito privado. Esse direito de preferência foi
cobrado no VII Exame da OAB/FGV
115
13
Pode-se definir a intervenção do Estado no domínio econômico como “todo ato ou medida legal
que restringe, condiciona ou suprime a iniciativa privada em dada área econômica, em benefício
do desenvolvimento nacional e da justiça social, assegurados os direitos e garantias individuais5”.
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades
previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei (...).
Já no que tange à repressão ao abuso econômico, o §4º do art. 173 da Constituição Federal
determina que a lei estabelecerá mecanismos para reprimir o abuso do poder econômico que vise
à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
5
GASPARINI, Diógenes Gasparini. Direito Administrativo”, 6ª ed., São Paulo, Saraiva, 2001, p. 614.
116
Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os
atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os
seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
XVI - reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos
custos de produção;
XVII - cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada;
A Lei Delegada nº 4/62, por sua vez, estabelece a competência da União para intervir no
domínio econômico para assegurar a livre distribuição de mercadorias e serviços essenciais
ao consumo e uso do povo a preços compatíveis, o que ocorre por meio de contratação direta
dos produtos necessários, tratando-se de hipótese de dispensa de licitação (art. 75, VIII da Lei
14.133/21).
118
14
“Art. 37, da CF/88. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
O Estado tem obrigação de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes,
atuando em seu nome, ou seja, na qualidade de agentes públicos, causem à esfera juridicamente
tutelada dos particulares. Assim, não poderá o Estado ser responsabilizado senão quando o agente
estatal estiver a exercer seu ofício ou função, ou proceder como se estivesse a exercê-la TEMA
COBRADO NOS EXAMES III E XXXIV DA OAB/FGV.
Responsabilidade subjetiva: passou a ter aplicação no Brasil com o código civil de 1916, que
previa que a responsabilidade do Estado por prejuízos causados aos administrados dependeria da
demonstração da existência de dano, conduta ilícita, nexo causal e culpa ou dolo. Nesse momento,
falava-se em teoria da responsabilidade subjetiva pela culpa do agente, isto é, o administrado deveria
comprovar a culpa do agente causador do dano, que, por sua vez deveria, imprescindivelmente, ser
identificado. Com a evolução das teorias da responsabilidade do Estado chega-se à responsabilidade
pela falta do serviço, que nasceu no direito francês com a denominação de “faute du service”. Essa
teoria também é denominada de culpa anônima da Administração e defende a ideia de que basta a
comprovação de que o serviço haja sido prestado de forma ineficiente, intempestiva ou não tenha
sido prestado, não havendo necessidade de se identificar o agente culpado pelo dano.
Importante destacar que a teoria do risco administrativo alcança tanto as pessoas jurídicas
de direito público, como as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
Por outro lado, a responsabilidade objetiva não alcança as empresas públicas e sociedades de
economia mista exploradoras de atividade econômica.
Além disso, o Estado responde por atos comissivos lícitos ou ilícitos que seu agente tenha
causado a terceiro, mas só responde pelas omissões quando estas forem ilícitas, e desde que
tenha havido o descumprimento pelo agente de seu dever legal de agir (culpa).
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento pela impossibilidade de o particular optar por
acionar o Estado ou o servidor, devendo sempre propor a ação apenas contra o Estado, cabendo a
este propor eventual ação regressiva contra o agente público causador do dano.
(...)
120
A Constituição Federal autoriza, portanto, a ação regressiva do Estado contra o agente
causador do dano, nos casos de dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva do agente) TEMA
COBRADO NO IV, V, VIII E XIX EXAME DA OAB/FGV, ressalvando-se apenas que, para a viabilidade
da ação de regresso, são necessários os seguintes requisitos: comprovação de seu dolo ou culpa;
trânsito em julgado da decisão condenatória; efetivo pagamento da indenização devida ao particular.
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
De acordo com o Decreto n. 20.910/1932, o prazo prescricional das ações contra a Fazenda
Pública federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, é de 5 anos, não se
aplicando, de acordo com a jurisprudência majoritária do STJ, os prazos previstos no código
civil. TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.
121
15
O processo administrativo é uma sucessão de atos que devem ser realizados para fundamentar
e legitimar a resolução de controvérsia no âmbito administrativo.
Em processo administrativo, de forma geral, não se exige defesa técnica. Nesse sentido, a Súmula
Vinculante n. 5 dispõe: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição”.
O prazo no processo administrativo, que é de 5 dias como regra geral, deve ser contado como
no direito processual, excluindo-se o primeiro dia (publicação) e incluindo-se o último. Os atos
devem ser praticados durante o horário de funcionamento do órgão administrativo, podendo-
se estender para além do horário determinado caso a suspensão ofereça risco à segurança do
procedimento (exemplo: rubrica de documentos da licitação).
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, mas quando declarar que fatos e
dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo
processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício,
à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Os interessados serão intimados de prova
ou diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e
local de realização.
O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório
indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão,
objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.
Salienta-se que o não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato
ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
Salvo disposição legal específica, é de 10 (dez) dias o prazo para interposição de recurso
administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida. Quando a lei
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta
dias, mas poderá ser prorrogado por igual prazo desde que devidamente justificado. O recurso
administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal
diversa.
.
Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo. O recurso hierárquico
próprio é aquele cuja autoridade julgadora pertence à mesma estrutura da autoridade que
proferiu a decisão. Por outro lado, se a autoridade julgadora for de outra estrutura, o recurso
será hierárquico impróprio (exemplo: recurso contra decisão de autarquia, enviado a ministro
de Estado).
De acordo com a Súmula 429 do STF, “a existência de recurso administrativo com efeito
suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade”.
124
16
QUANTO À ORIGEM
Controle Interno: é aquele que ocorre dentro de um mesmo Poder, automaticamente ou por
meio de órgãos integrantes de sua própria estrutura. As entidades da Administração Indireta
estão sujeitas a um duplo controle interno: um efetuado por seus órgãos e outro efetuado pela
Administração Pública Direta.
Controle Externo: é aquele exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados
por outro, como no caso do controle realizado pelos Tribunais de Contas.
Controle Subsequente: é o controle realizado após a conclusão do ato. Tem como objetivo
rever os atos já praticados para corrigi-los, desfazê-los ou confirmá-los (exemplos: aprovação,
homologação, anulação, revogação, convalidação).
125
QUANTO À AMPLITUDE
revisão e avocação das atividades administrativas. TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.
Controle Finalístico: exercido pela Administração Direta sobre as pessoas jurídicas integrantes
da Administração Indireta, que apesar de não serem subordinadas, são vinculadas ao Ministério
relacionado às atividades desenvolvidas pela pessoa jurídica (supervisão Ministerial).
Controle Legislativo: realizado pelos órgãos do poder legislativo. Pode ser de duas espécies:
político e financeiro.
CF/88, Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente,
informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
2) CPI: é uma comissão temporária, criada por qualquer das casas (juntas ou
isoladamente). Os poderes da CPI são apenas de investigação (não pune, não anula
atos, etc.), próprios de autoridades judiciais. A CPI elabora um relatório, que poderá
ser encaminhado ao Ministério Público.
Já o controle financeiro é o controle técnico das contas públicas (art. 70 a 75 da CF). Cada Poder
tem o seu sistema de controle interno, que tem o papel de auxiliar o controle externo das contas
públicas. Quem realiza o controle externo das contas públicas da União é o Congresso Nacional ,
com o auxílio do Tribunal de Contas da União (que faz parte do Poder Legislativo). O Tribunal de
Contas “julga” as contas dos administradores públicos, mas não se trata de função judicial. Aliás,
as decisões do Tribunais de Contas podem ser revistas, quanto à legalidade, pelo Poder Judiciário.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas
127
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão,
bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as
melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
O Tribunal de Contas fiscaliza qualquer ente que gerencie verba pública, pessoa física ou
jurídica, que faz parte da administração pública ou não, salvo no caso do Presidente, uma vez que
quem julga suas contas é Congresso Nacional (Tribunal de Contas apenas realiza parecer prévio).
Não se podem criar tribunais de contas municipais, mas os que já existem não serão extintos.
Controle Judiciário: o controle judiciário será exercido sobre os atos administrativos praticados
pelo Poder Executivo, Legislativo e pelo próprio Judiciário, quando este realizar atividades
administrativas. Mediante o exercício do controle judicial, pode-se decretar anulação do ato
administrativo com efeitos ex tunc sempre que constatada ilegalidade ou ilegitimidade. O controle
judicial será realizado através de mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, habeas
128
data, habeas corpus, mandado de injunção, etc.
Súmula 429 do STF: “A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede
o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade”. Referida súmula incide apenas
OAB NA MEDIDA | DIREITO ADMINISTRATIVO
Por fim, é importante destacar que Leinº 13.655/18 acrescentou diversoso dispositivos à LINDB,
tratando do controle administrativo.
Art. 20 . Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base
em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas
da decisão.
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de
modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. TEMA COBRADO
NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o
caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e
equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos
atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais
ou excessivos.”
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a
qual será considerada na decisão.
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas.
130
BIBLIOGRAFIA
• DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016.
• FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 24ª edição.
Editora Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2011.
• GASPARINI, Diógenes Gasparini. Direito Administrativo, 6ª ed., São Paulo, Saraiva, 2001,
• MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
• MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, 24ª edição atualizada por
Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho, SP:
Malheiros, 1999.
• MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 25ª edição. São
Paulo: Malheiros, 2008.
131