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Privado na Corrupção
em Moçambique
Ferramentas
Tradução livre
31 de Agosto de 2006
1. Introdução
2. Ferramentas
¾ Ferramenta 1 - Meios Legais de Combate Contra a Corrupção
¾ Ferramenta 2 - Contactos úteis
¾ Ferramenta 3 - Código de Ética para Trabalhadores
¾ Ferramenta 4 - Código de Ética para Fornecedores
¾ Ferramenta 5 - Código de Conduta nos Negócios
¾ Ferramenta 6 - Casos de Estudo para Formação de Discussão
3. Relatório das mesas-redondas
¾ Introdução
¾ Temas-chave
¾ Estudos de Casos
¾ Instrumentos
¾ Próximos passos
¾ Apontamentos detalhados
4. Lei contra corrupção
5. Estratégia nacional contra corrupção
6. Documento original de discussão
¾ Sumário Executivo
¾ Introdução
• Estrutura e objectivo do relatório
• Corrupção em Moçambique
• O projecto
• ACIS
• CIPE
¾ Tipos de Corrupção
• Definições Tradicionais
• Definições Específicas de Moçambique
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¾ A experiência do sector privado
• Experienciais de corrupção
• Impacto da corrupção
• Formas de combate à corrupção
• Casos de estudo
¾ Análise do sector privado & corrupção em Moçambique
• Linhas Gerais da Estratégia Anti-corrupção
• Pesquisa Nacional sobre Governação e Corrupção
• Estudo sobre o Ambiente de Negócios em Moçambique
• Estudo sobre o Ambiente de Investimentos de Inhambane
• Estudo sobre a Corrupção da Ética Moçambique
¾ Convenções Internacionais
• OECD
• Nações Unidas
• União Africana
• Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
• Transparency International
• Sumário
¾ Iniciativas Internacionais
• Iniciativas Apoiadas pela Transparency International
• Auditorias de Transparência
• Auditorias de Corrupção
• Códigos de Princípios Empresariais
• Ilhas de Integridade
• Sumário
¾ Tabelas Comparativas
• Geral
• Especificidades do Sector Privado
¾ Conclusões & Recomendações
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¾ Anexos
• Definição de Corrupção do Banco Mundial
• Guião para as Entrevistas
• Revisão da legislação existente
o Anti-corrupção
• Modelo de factura de IVA legal
O projecto foi levado ao cabo em três fases. A primeira fase incluiu pesquisa e
desenvolvimento de um documento de discussão. A segunda fase foi um debate
extensivo baseado no documento elaborado e nas experiências do sector privado em
todo o país. A terceira fase culminou com a publicação desta kit de ferramentas, que se
destina a ajudar o sector privado na sua luta contra a corrupção.
A luta contra a corrupção é contínua. Para que esta tenha sucesso, há necessidade de
uma discussão e debate contínuos, bem como acção concreta. De modo a continuar a
contribuir para este debate o documento no qual a discussão da ACIS com o sector
privado se baseou, e o sumário das sínteses de discussão estão inclusas como parte desta
kit de ferramentas. A kit de ferramentas também contém a Lei e Estratégia Anti-
corrupção promulgada pelo Governo.
A ACIS toma esta oportunidade para observar que a opinião dada nos documentos de
discussão desenvolvidos como parte do projecto não é necessariamente a da associação
ou seus membros individuais. Este projecto reflecte o desejo do sector privado em
Sofala de provar que é transparente e ávido interlocutor na material. A ACIS crê que
ao exigir que o governo combata a corrupção e ao reivindicar o cumprimento da
estratégia anti-corrupção pelo próprio governo, o sector privado deve provar que está
também preparado para se comprometer àquela luta.
Esperamos que esta caixa de instrumentos seja útil para você. Favor de enviar seus
comentários, quer no formulário de comentários que se encontra no fim deste
documento ou via correio normal, correio electrónico ou fax para o seguinte endereço:
Caixa Postal 07
Beira
Fax/Tel: (258) 23 325997
Mail: acisofala@tdm.co.mz
Toda a correspondência será tratada confidencialmente.
¾ Maputo – 21 325031
¾ Matola – 21 780279
¾ Maputo – 21 322914\21322916\21322918\21322920
¾ Sofala – 23 329770
¾ Zambézia – 212588
¾ Tete – 24123
¾ Niassa – 20330
ENTIDADES PRIVADAS
¾ Ética Moçambique
Maputo, Av. Vlademir Lenine, n.º 2984, CP 559
Tel.: 21 418200 \ 21415061
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e-mail: etica-mocambique@tvcabo.co.mz
Linha Verde da Ética Moçambique – 800 800 900
ASSOCIAÇÕES
Introdução
1. Finalidade
O presente Código tem por finalidade realçar os valores e princípios defendidos pela
empresa, de forma a conquistar a confiança nas relações que esta desenvolve, através
dos seus trabalhadores, zelando por uma imagem e reputação íntegra na sua actuação.
2. Âmbito
3. Princípios Gerais
8. Responsabilidade da Empresa
8.1. A empresa, através dos seus gestores, directores ou quem para tal tiver sido
indicado, é responsável em fiscalizar o cumprimento do presente Código,
devendo igualmente promover um adequado e completo conhecimento do
mesmo por parte de todos os seus trabalhadores.
8.2. A empresa deve comunicar a todas as entidades com as quais mantém relações no
âmbito das suas actividades, a vinculação dos trabalhadores ao presente Código e,
incentivar aquelas a colaborarem denunciando os comportamentos anti-éticos ou
ilegais que detectem, garantindo o máximo de sigilo, quando tal for solicitado
pelo denunciante.
ANEXO
DECLARAÇÃO DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO COM O CÓDIGO DE
ÉTICA DOS TRABALHADORES
Nome: ______________________
Cargo: ______________________
____________________
(assinatura do trabalhador)
_____________________
(data da assinatura)
Introdução
1. Finalidade
O presente Código tem por finalidade realçar os valores e princípios defendidos pela
empresa nas relações que desenvolve com os seus fornecedores, procurando zelar pelo
cumprimento, não apenas do que é legal, mas também do que é eticamente certo ou
correcto.
2. Âmbito
3. Princípios Gerais
5. Interesses Conflituantes
¾ A empresa, através dos seus gestores, directores ou quem para tal tiver sido
indicado, é responsável em fiscalizar o cumprimento do presente Código,
devendo igualmente promover um adequado e completo conhecimento do
mesmo por parte de todos os seus fornecedores.
¾ A empresa deve comunicar aos seus trabalhadores, colaboradores e a todas as
entidades que achar relevantes e com as quais mantém relações no âmbito das suas
actividades, a vinculação dos seus fornecedores ao presente Código e, incentivar
aqueles a colaborarem denunciando os comportamentos anti-éticos ou ilegais que
detectem por parte dos seus fornecedores, garantindo o máximo de sigilo, quando
tal for solicitado pelo denunciante.
ANEXO
____________________________
(assinatura do representante da empresa/sociedade)
____________________________
(data da assinatura)
1. Emprego
2. Responsabilidade
3. A Comunidade
4. O Ambiente
Empresa A
A Empresa A fornece bens localmente manufacturados ao governo, ao sector privado e
a clientes particulares. A empresa possui uma forte política anti-corrupção e não paga
comissões. A política é conhecida e entendida pelos trabalhadores da empresa. A
empresa é regularmente interpelada por oficiais do governo para o pagamento de
comissões. Em alguns casos, a recusa resulta na perda de vendas. No entanto, a empresa
declara que, cada vez mais, a sua reputação como uma empresa que cobra o mesmo
preço para todos e não paga comissões tem resultado na aquisição dos seus produtos
por parte de departamentos do governo.
A Empresa A reclama que outras empresas não são tão escrupulosas no pagamento de
comissões. A empresa descobriu trabalhadores que adquirem em certas lojas como
resultado do recebimento de comissões dessas lojas. A empresa possui agora uma lista
de fornecedores preferidos. O director contactou os directores de cada um dos
fornecedores e anunciou-lhes que se os mesmos pagarem comissões aos trabalhadores
da Empresa A, a mesma nunca mais adquirirá os seus produtos. No entanto,
considerando a natureza especializada de alguns produtos, a Empresa A não tem outra
opção senão comprar daqueles fornecedores. E considerando a falta de variedade de
fornecedores nem sempre tem sido possível impedir que os seus trabalhadores recebam
comissões pela compra daqueles fornecedores.
Empresa B
A Empresa B fornece produtos de elevado valor em pequenas quantidades ao governo,
ao sector privado e a clientes particulares. A empresa é frequentemente interpelada para
o pagamento de comissões por representantes de ambos os sectores público e privado.
Os concorrentes da empresa pagam comissões. De facto, o valor da percentagem de
comissões é abertamente discutido no seio do sector em que a Empresa B opera. A
empresa declara que todas as empresas do sector incluem o valor das comissões no
preço dos produtos. Como padrão, as negociações das vendas incluem a negociação das
percentagens de comissões.
O director da Empresa B sabe que se parar de pagar comissões não ganhará mais
concursos ou assegurará mais vendas. De facto é até capaz de ser vitimizado por se
levantar contra a prática. Mesmo que os seus preços sejam mais baixos, os responsáveis
pelo procurement encontraram uma razão para não adquirir dele para que possam
continuar a receber comissões. Ele continua afirmando que “alguma da culpa é das
empresas que adquirem os nossos produtos, as pessoas que empregam nas suas secções
de procurement são tão mal pagas e fracamente supervisionadas que não é
surpreendente que obtenham comissões. Tenha presente que isto não acontece em
todos os casos. Já tive casos em que gestores ou oficiais seniores também pediram
comissões.”
Empresa C
A Empresa C tem uma série de lojas de venda a retalho e a grosso. A empresa
esforçasse para diferenciar-se dos seus concorrentes não apenas em termos de preço mas
também em termos de transparência. A empresa esforçasse para assegurar o seu
cumprimento com a lei. Isto é geralmente difícil porque deve cumprir com muitos
processos burocráticos. A dificuldade aumenta quando a empresa recebe pedidos
regulares e contínuos para o pagamentos de comissões e pelo não pagamentos de
impostos, especialmente do IVA.
A Empresa C presta muita atenção aos seus concorrentes. Opera num sector muito
competitivo. A empresa declara que através do pagamento de comissões, do não
pagamento de impostos e de outras práticas ilegais as empresas concorrentes estão
gradualmente a afastar a Empresa C do seu mercado. O director afirma que “já nos
retiramos da negociação de alguns produtos. Apenas não é possível competir.”
Enquanto que os concorrentes são capazes de transaccionar bens através da prática
ilegal a Empresa C é auditada pelo Ministério das Finanças pelo menos uma vez por
ano. Enquanto que não é multada porque está conforme a lei, as auditorias duram
alguns dias e causam interrupções nas suas operações. As empresas concorrentes da
Empresa C são também algumas vezes auditadas e são por vezes multadas. No entanto
as multas de acordo com o director são muito inferiores aos lucros ilegalmente obtidos
pelos competidores. É assim benéfico para o concorrente pagar a multa ou pagar um
suborno para evitar a multa. Em qualquer dos casos o custo é inferior aos lucros
obtidos através das operações ilegais. O director afirma que “a subfacturação, o não
pagamento de direitos e a cobrança de IVA que não é posteriormente entregue ao
governo são formas através das quais os nossos concorrentes conseguem vender
produtos mais baratos do que nós conseguimos.”
A Empresa C esforçasse para provar que opera legalmente. Gostaria de ser reconhecida
pelo facto de pagar os seus impostos. A empresa deixaria de pagar comissões se
soubesse que os seus concorrentes fariam o mesmo: “Não há nada mais que eu gostaria
do que competir num campo de acção nivelado,” afirma o director. “Nós oferecemos
produtos genuínos de melhor qualidade, os nossos preços são justos e nós oferecemos
emprego de boa qualidade. Infelizmente não competimos com pessoas que ajam da
mesma forma.” A Empresa C gostaria de explorar formas de se diferencia e de assegurar
que o facto de cumprir com a lei não custe à empresa a sua posição no mercado.
Perguntas de discussão:
¾ O que você pensa deste caso?
¾ Que problemas esta empresa enfrenta?
¾ Estes problemas trazem riscos à empresa? Se for que “sim” quais são os riscos?
¾ Como é a empresa poderia ultrapassar os problemas que enfrenta?
¾ Pode-se antever potenciais problemas na reacção da empresa aos seus
problemas?
¾ O que você faria se você fosse o dono /gerente desta empresa?
¾ Há alguma situação semelhante que você já enfrentou? Se sim como é que você
lidou com ela?
Empresa D
A Empresa D é uma fabricante e distribuidor local. A empresa é afectada por produtos
falsificados e comércio ilegal. Recentemente a empresa teve um caso com um produto
falsificado produzido na China, importado por comerciantes chineses e distribuído por
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distribuidores nigerianos. A Empresa D apresentou o problema ao Ministério da
Industria e Comércio, o ministério responsável pela coordenação dos esforços contra
bens falsificados e ilegais. O ministério levou mais de quatro meses até à confiscação
dos produtos durou.
Empresa E
A empresa é um pequeno empreendimento que se especializa em obras públicos de
pequena escala, tais como construir postos de saúde, salas de aulas, e outras infra-
estruturas, e furar poços nas zonas rurais. O grande cliente potencial da Empresa E é o
governo.
O que ele estava a ser dito explicava muita das coisas que a Empresa E tinha passado e o
director sentia que estava a ser dito a verdade. Portanto, ele fez uma pergunta que tinha
na mente há bastante tempo. “Como é que” questionou, “empresas podem fazer lucros
quando as vezes cobram muito menos que eu e quando eu calculo os meus preços
baseado nos custos dos insumos tais como cimento, tubos, etc. para mim?” O
Consertador explicou que o governo tem um custo padrão por metro quadrado para a
construção de diferentes tipos de edifícios, por quilómetro para estradas e por metro
para poços. No caso de poços o governo também tem uma profundidade padrão que
eles pagam.
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O Consertador continuou dizendo que obras públicas de pequena escala nas zonas
rurais não são sempre inspeccionadas. Se forem então as vezes o inspector pode ser um
dos “contactos” da empresa dentro do departamento do governo que alocou os
concursos. Durante os trabalhos do projecto a empresa terá poupado tempo por usar
menos matéria-prima ou não construir de acordo com as especificicações que foram
dados. Muitas vezes, mesmo que os inspectores não fossem parte do sistema, eles não
possuem a formação ou o equipamento necessário para inspeccionar a construção
efectivamente, explicou o Consertador. No caso de poços, ele prosseguiu, se o governo
especificar uma profundidade padrão de por exemplo 30 metros e a empresa apanhar
água depois de 25 metros, iria na mesma cobrar por ter cavado 30 metros. “É muito
difícil,” ele disse com um sorriso, “verificar a profundidade de um poço estreito!” As
vezes as empresas perderiam dinheiro desta maneira porque teriam que cavar mais do
que 30 metros, mas ele explicou que isso era raro, porque normalmente os preços-
padrão do governo foram estabelecidos no limite acima do que é exigido, dando às
empresas flexibilidade.
Tendo explicado tudo isso ao director, o Consertador depois propôs o seu valor, e
explicou que acima daquele montante deveria haver “ofertas” que o Consertador
deveria dar a certas pessoas para que a Empresa E entre e fique no sistema. “Mas,” disse
“Posso garantir-lhe que você vai ganhar mais trabalhos e que o trabalho que você ganha
vai ser mais lucrativo para você”. O director da Empresa E concordou ir pensar acerca
da proposta.
O director da Empresa E encontra-se agora numa posição difícil. A sua empresa tem
ganho menos e menos concursos públicos. Ele foi mostrado o caminho como deve
operar, e de manter os seus trabalhadores empregados. Embora o Consertador disse-lhe
que era muito justo e democrático em que todos saem a ganhar – ao efectivamente
escolherem os trabalhos que preferem, e os funcionários do estado ao serem pagos
alguns extras pelo trabalho que fazem ao gerir concursos, o director da Empresa E não
se sente confortável em envolver-se com o Consertador, e comprar-se a si mesmo um
sistema que ele sente ser corrupto. Ele sente que enquanto os que estão no sistema
podem sentir-se estar a ganhar o sistema também levaria a que as pessoas nas zonas
rurais recebam construções de má qualidade e o governo a pagar mais por um trabalho
de má qualidade que poderia ser feito melhor e por menos dinheiro.
Perguntas de discussão:
¾ O que você pensa deste caso?
¾ Que problemas esta empresa enfrenta?
¾ Estes problemas trazem riscos à empresa? Se for que “sim” quais são os riscos?
¾ Como é a empresa poderia ultrapassar os problemas que enfrenta?
¾ Pode-se antever potenciais problemas na reacção da empresa aos seus
problemas?
¾ O que você faria se você fosse o dono /gerente desta empresa?
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¾ Há alguma situação semelhante que você já enfrentou? Se sim como é que você
lidou com ela?
Empresa F
A Empresa F é um pequeno empreendimento que fornece equipamento especializado e
serviços ao um número de grandes investidores. Muitos dos investidores que a Empresa
F abastece têm uma isenção de IVA. Isto significa que enquanto a Empresa F paga o
IVA nos artigos que importa para os seus clientes, e nos outros custos que acarreta, ela
não pode cobrar IVA a alguns dos seus principais clientes. Por causa do sistema de
“toma e dá” usado para a cobrança do IVA a Empresa F paga muito mais IVA ao
governo do que recebe dos seus clientes. É portanto devida emolumentos de IVA.
O director da Empresa F afirma que “fomos dados várias razões por não sermos pagos
o dinheiro que o governo nos deve. Eles dizem que assinamos os documentos no lugar
errado, dizem que o dinheiro que investimos na compra de todo o equipamento, e do
nosso stock inicial quando estávamos a começar a empresa não é elegível a
rebatimentos porque não tínhamos vendido nada quando fizemos o pedido original,
eles exigiram-nos a termos uma auditoria oficial para a qual tínhamos que pagar, com
auditores provenientes do Maputo – passamos a auditoria mas mesmo assim não
podemos ter o nosso dinheiro de volta”.
Recentemente a Empresa F pagou para o seu director viajar a Maputo para tentar
encontrar uma solução para esta questão. Estando no Maputo o director foi interpelado
por um oficial no Ministério de Finanças e disse-lhe que a troco de 20% do valor que a
Empresa F tem a receber, os reembolsos podiam ser todos pagos imediatamente, “Você
pode sair daqui com o cheque nas suas mãos” disse o oficial.
Tendo decidido explorar esta questão mais adiante o director perguntou se alguém
tinha virtualmente pago. Algumas empresas indicaram terem pago e disseram terem
recebido seus reembolsos para os quais tinham subornado. Fazendo um rápido cálculo
mental baseada naquilo que as empresas tinham dito que lhes era devido, o director
percebeu que muitas centenas de milhar de dólares tinham sido pagas desta maneira.
Contudo o director sentiu que se ele fizesse o pagamento uma vez, teria que sempre
faze-lo. Várias das empresas na reunião concordaram que nunca iriam pagar um
suborno, mas outras disseram encontrarem-se numa posição financeira em que estava
cada vez mais provável que teriam que pagar.
Perguntas de discussão:
¾ O que você pensa deste caso?
¾ Que problemas esta empresa enfrenta?
¾ Estes problemas trazem riscos à empresa? Se for que “sim” quais são os riscos?
¾ Como é a empresa poderia ultrapassar os problemas que enfrenta?
¾ Pode-se antever potenciais problemas na reacção da empresa aos seus
problemas?
¾ O que você faria se você fosse o dono /gerente desta empresa?
¾ Há alguma situação semelhante que você já enfrentou? Se sim como é que você
lidou com ela?
Empresa G
Quando o director comparou o que a empresa G estava a pagar com os preços que
tinha encontrado nas lojas ele descobriu que a empresa dele esta a pagar entre 5 e 15%
mais pelas suas compras do que o preço médio que ele tinha encontrado durante a sua
visita de compras. Perplexo, o director telefonou a vários colegas que tinham empresas
fornecedoras de bens e perguntou-lhes a razão deste problema. Eles explicaram que
muitos fornecedores pagam comissões aos compradores que trabalham para outras
empresas. Estes compradores recebem uma percentagem do valor da compra
(normalmente entre 2 e 5% embora as vezes até 10% dependendo do artigo em causa).
Esta comissão serve para garantir lealdade por parte dos compradores, embora eles
possam sempre trocar de fornecedores se uma outra pessoa qualquer oferecer melhores
margens de comissões, explicou os fornecedores ao director. Entendendo isto, o
director da Empresa G foi capaz de detectar uma irregularidade até mesmo na mais
pequena compra possível que a empresa fizesse.
A Empresa G foi claramente prejudicada por este sistema já que fez com que a empresa
pagasse mais pelos produtos que comprava. Portanto, o director decidiu começar de
novo a desenvolver suas relações com fornecedores. Ele elaborou uma lista de
fornecedores autorizados e pessoalmente visitou a cada um deles. Ele encontrou-se com
os chefes de cada empresa fornecedora e explicou-lhes que não iria aceitar que eles
pagassem comissões aos seus trabalhadores. Ele pediu para que lhe fornecessem
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regularmente uma lista de preços para que ele pudesse monitorar os preços. Ele
encontrou-se então com os compradores da Empresa G e explicou-lhes o novo sistema.
Explicou que o tinham estado a fazer prejudicou a sua empresa ao aumentar os seus
gastos. Agora a Empresa G tem uma relação melhorada com os seus fornecedores.
Estes fornecedores entendem que se pagarem os compradores da Empresa G, vão
perder o direito de fornecerem a empresa.
Perguntas de discussão:
¾ O que você pensa deste caso?
¾ Que problemas esta empresa enfrenta?
¾ Estes problemas trazem riscos à empresa? Se for que “sim” quais são os riscos?
¾ Como é a empresa poderia ultrapassar os problemas que enfrenta?
¾ Pode-se antever potenciais problemas na reacção da empresa aos seus
problemas?
¾ O que você faria se você fosse o dono /gerente desta empresa?
¾ Há alguma situação semelhante que você já enfrentou? Se sim como é que você
lidou com ela?
Empresa H
O chefe dos recursos humanos pensou que o que tinha descoberto era alguma forma de
esquema de empréstimo de dinheiro por isso decidiu investigar mais um pouco. O que
ele descobriu de facto foi que vários membros do seu departamento cobravam aos
trabalhadores uma percentagem do seu salário de modo a garantirem o seu emprego.
Ele descobriu que os trabalhadores que desejavam entrar como trabalhador da empresa
primeiro faziam contactos com alguém dentro da empresa. Eles depois eram
apresentados a outra pessoa na secção dos recursos humanos e depois negociavam um
“valor de entrada” para que fossem empregados. Depois de serem efectivamente
empregados o trabalhador pagava uma percentagem fixa do seu salário mensal para
manter o emprego que já tinham conseguido.
O chefe dos recursos humanos estava perturbado acerca das consequências de tal
actividade na empresa. Ele sentiu que, for a de tal comportamento ser inapropriado,
também iria significar que a empresa não empregava necessariamente as melhores
pessoas para o trabalho. Ele sentiu também que se as pessoas fora da empresa
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soubessem que aquele procedimento estava sendo usado, iria manchar a reputação da
empresa.
Perguntas de discussão:
¾ O que você pensa deste caso?
¾ Que problemas esta empresa enfrenta?
¾ Estes problemas trazem riscos à empresa? Se for que “sim” quais são os riscos?
¾ Como é a empresa poderia ultrapassar os problemas que enfrenta?
¾ Pode-se antever potenciais problemas na reacção da empresa aos seus
problemas?
¾ O que você faria se você fosse o dono /gerente desta empresa?
¾ Há alguma situação semelhante que você já enfrentou? Se sim como é que você
lidou com ela?
INTRODUÇÃO
A discussão foi elaborada com a finalidade de iniciar um debate e foi publicado para
coincidir com a promulgação da Estratégia de Combate à Corrupção do Governo, para
responder à vontade expressa na estratégia, de que o sector privado será um parceiro
activo na luta contra a corrupção. Cópias do documento de discussão da ACIS foram
largamente distribuídas em Maputo, Sofala e Nampula bem como via correio
electrónico. Exemplares foram também entregues a ministros relevantes e enviados
parceiros internacionais de cooperação representados em Moçambique, para além de
terem sido circuladas dentre o sector privado.
A ACIS toma esta oportunidade para anotar que as opiniões dadas não são
necessariamente as da associação ou seus membros singulares. Este projecto reflecte o
desejo do sector privado em Sofala provar ser um interlocutor transparente e franco
neste assunto. A ACIS fortemente acredita que ao exigir que o governo combata a
corrupção e ajuramentar o governo à sua estratégia, o sector privado deve provar que
está cabalmente preparado para se comprometer à esta luta.
Estes são os conceitos que a ACIS usará para aconselhar futuras acções nos esforços
para apoiar o sector privado no combate a corrupção.
Uma das principais áreas nas quais tanto o sector privado como a sociedade civil
podem combater a corrupção é através da disseminação da informação. A necessidade
de acesso à informação de qualidade foi levantada repetidamente durante o projecto.
Embora venha a levar muito tempo para a estratégia do Governo Anti-corrupção ter
efeito, o sector privado pode começar a agir imediatamente para obter e disseminar
informação. As Associações podem ser usadas como uma conduta para canalizar
informação aos membros, e empresas individuais podem ser usadas para canalizarem
informações aos trabalhadores, como tem sido feito no combate ao HIV/SIDA.
Muitas das questões levantadas pelos participantes podiam ser abordadas através de
fazer cumprir a legislação existente. Isto inclui o cumprimento da legislação anti-
corrupção e da legislação que rege o comportamento dos funcionários do Estado
(incluindo requisitos para declarar bens e conflitos de interesse, etc.). Ficou
particularmente claro que muita gente crê casos de anti-corrupção de alto perfil
trazidos à tona de forma transparente e à vista pública, como permitido pela lei anti-
corrupção, irão contribuir grandemente para a luta contra corrupção em todos
sectores. Enquanto o sector privado em si não pode forçar o cumprimento da lei, pode,
contudo, fazer pressão para quem de direito fazer cumprir a lei e pode activamente
encorajar a comunidade internacional e sociedade civil a juntarem-se a ela nesta pressão.
C) FERRAMENTAS
D) PRÓXIMOS PASSOS
A ACIS deseja levar à cabo as seguintes actividades para continuar com as suas
actividades de combate à corrupção:
¾ Desenvolvimento de ferramentas
¾ Publicação e disseminação da caixa de ferramentas
6. APONTAMENTOS DETALHADOS
Mesas-redondas de Nampula
Outro participante disse que tinha tido problemas de corrupção dentre os seus
trabalhadores. Estes eram exigidos a fazerem a entrega de bens gratuitos à camponeses
mas alguns deles foram apanhados cobrando pagamentos pelos bens ou então
comportando-se de maneira que prejudicava o relacionamento da empresa para com os
camponeses. Os participantes concordaram também que esta era uma situação difícil
que se deve à distância física ente a empresa e seus trabalhadores. Um número de ideias
foram dadas tais como difundir na rádio local para que as pessoas soubessem que os
bens dados pela empresa eram gratuitos. Contudo asseveraram que até chegar o tempo
em que será possível despedir trabalhadores por corrupção, continuará difícil controlá-
la.
Um participante reiterou ter visto cartazes nas Alfândegas que convidam pessoas a
denunciarem corrupção mas disse que os cartazes não explicavam como é que os
denunciantes seriam protegidos se denunciassem alguém e o que aconteceria à pessoa
denunciada.
A burocracia foi vista pelos participantes como a questão-chave que facilita corrupção.
Sentiram que associações têm um maior papel a desempenhar na redução da
burocracia, e na educação de empresas sobre os seus direitos. Os participantes
concordaram que comércio ilegal é a maior ameaça ao negócio e é dependente da
corrupção. Um participante propôs que o encontro adoptasse o slogan: “Burocratismo
– é a SIDA do sector privado”. Ele disse que isto iria demonstrar a morte lenta à que
burocracia e corrupção arrastavam o país.
Os participantes sentiram que a única protecção que lhes está disponível é a lei, e que
eles devem encontrar formas de fazerem advocacia para um cumprimento igual da lei.
Sentiu-se que uma política de tolerância-zero devia ser adoptada para a corrupção e
operação ilegal.
Sentiu-se que o clima de investimento é no geral não saudável em Moçambique e que
investidores são desencorajados pela corrupção que encaram quando começam a
investigar possibilidades de investimentos. Por a corrupção estar a estrangular o
investimento há poucos operadores no Mercado o que permite o comércio ilegal e o
“sistema” de prevalecer, disseram.
Uma ideia que foi levantada foi a campanha de “declarar o que pagar” onde empresas
declaram quanto gastam na responsabilidade social corporativo para que o público
possa ver quanto o sector privado de facto contribui. Sentiu-se que por melhorar-se a
imagem do sector privado como um contribuidor ao crescimento e como um líder
moral muito se podia alcançar em termos de advocacia para um ambiente de negócios
melhorado. Um participante asseverou que desde que grande parte do orçamento é
feita por donativos do que por impostos, a voz do sector privado vai permanecer fraca.
Mesas-redondas da Beira
A discussão seguiu-se depois para o “o sistema” com vários participantes dando casos
explícitos de sistemas de corrupção altamente organizados nos diferentes
departamentos do Estado. Notaram que quando um director é tirado o substituto é
dado uma orientação sobre como o “sistema” no departamento funciona e é dito
quanto é que ele pode esperar fazer deste “sistema”. Sentiu-se que levar à cabo meios de
avaliação e exigir declaração de bens seria uma maneira de gerir o problema.
Os participantes depois disseram não sentir que a situação seja nefasta. Disseram que
pensavam que associações deviam trabalhar em ajuda aos seus membros a tornarem-se e
provarem que tornaram-se transparentes. Disseram que associações poderiam de forma
útil providenciar ambiente para a discussão de questões morais e legais difíceis.
Disseram que todos deviam ser realísticos e que o processo levaria tempo e ser uma
longa série de muitos pequenos passos. Contudo os participantes concordaram que se
cada pessoa fizesse uma coisa cada dia, e se cada pessoa falasse ao alto, mesmo num
ambiente confidencial então as coisas iriam mudar.
A conversa voltou depois para a aplicação dos códigos de conduta do sector privado.
Os participantes discutiram se deviam tomar uma interpretação severa da lei e usarem
mínimo risco do que presunção de inocência seria uma opção. Contudo foi concordado
que no estágio inicial da luta contra a corrupção isto seria contra produtivo. Sentiu-se
que seria melhor ter mais empresas envolvidas em associações onde eles poderiam
abertamente e confidencialmente discutir os seus dilemas morais, do que excluir
empresas por pequenas transgressões e criar desafecto e criar a ideia de que
transparência é somente para a minoria. Foi sugerido que se a política do código tiver
que ser feito, exigira-se deste modo que a empresa prove a sua transparência do que
exigir que a associação prove-o caso contrário seria uma aproximação razoável.
O grupo concordou então que iria assumir a responsabilidade de fazer lembrar pelo
menos uma pessoa cada dia que a corrupção é errada.
A Segunda mesa-redonda havida na Beira começou com uma discussão do que constitui
a corrupção. Depois de uma discussão extensiva dois dos participantes disseram que
não tinham anteriormente visto muitos dos actos descritos pelos seus co-participantes
como corrupção, mas viam-nos como necessidades de modo a conduzir negócio em
Moçambique. Foi unanimemente concordado que a burocracia e bloqueios criados pelo
sector público contribuía significativamente para os pedidos regulares de subornos que
muitos participantes disseram ter constatado.
Vários participantes propuseram que associações deviam ser usadas como um escudo
para protecção de denunciantes onde as empresas pudessem reportar exemplos de
Associação Comercial e Industrial de Sofala 56
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corrupção que eles detectassem confidencialmente à associação e esta levaria então o
assunto avante com a outra empresa.
Empresas no lado da oferta afirmaram que preferiam fornecer empresas com uma
política de compras clara e transparente. Elas sentiram que isto dava-lhes uma
vantagem quando elas mesmas se possem de forma transparente e permitia-lhes lidar
com o comprador duma maneira clara.
A conversa moveu-se depois de volta à ideia de ter um código de prática para membros
da associação. Concordou-se que isto seria materializado por expor-se aqueles que não
agissem em conformidade. Contudo os participantes não foram capazes de resolver a
questão de como uma associação que depende somente das quotas dos membros para os
seus rendimentos seria exigida a expulsar membros por não compactuarem com um
código de conduta. Eles apontaram contudo que algumas associações não dependem das
quotas dos membros, mas sim de donativos, e podia portanto esperar-se que elas
tomem uma dianteira nesta área. Alguns participantes expressaram-se altamente
pessimistas da possibilidade de quem de direito velar pela observância de
comportamento não-corrupto. Eles notaram que assinar um código e viver e trabalhar
em Moçambique seria como estar-se em dois mundos paralelos, o ideal e o actual.
Alguns participantes notaram que estavam sob mais pressão para alcançar alvos e
manter os clientes satisfeitos do que comportar-se de uma maneira não-corrupta.
Sobretudo, sentiu-se que falta de prestação de contas, falta de serviços profissionais (tais
como advogados e contabilistas) e falta de informação contribuía para o problema.
Mesas-redondas de Maputo
A protecção de consumidores foi discutida e ficou concordado que esta é uma área que
deve
ser desenvolvida, junto com regulamentos para bens públicos tais como electricidade,
água e telefones. Os participantes discutiram exemplos de subidas descontroladas de
preços e pobres níveis de serviços nas empresas fornecedoras de bens públicos.
A corrupção foi vista como que estando ligada ao poder. Os participantes discutiram o
papel da polícia e dos tribunais e as atitudes adoptadas por pessoas que estão no poder.
A redução da corrupção é vista por muitos como uma redução de poder. Portanto
questões de bens comuns deviam ser abordadas e as pessoas deviam ser educadas a
entender que as suas acções têm impacto sobre outras acções e que poder não é
sinónimo de corrupção.
Vários participantes disseram que enquanto que o sector privado podia criar condições
internas para reduzir a corrupção, mudança genuína é necessária do sector público. Um
participante notou que espera-se que a reforma do sector público leve pelo menos 10
Associação Comercial e Industrial de Sofala 60
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anos e que o resto da sociedade não iria esperar por tanto tempo assim. O papel do
sector privado foi portanto visto como o de apoiar empresas a desenvolver códigos de
conduta e a desenvolver sistemas internos para combater a corrupção enquanto
fazendo advocacia para a reforma do sector público e providenciar informação à
empresas e seus trabalhadores. Os participantes disseram que o sector privado deve ser
encorajado a exigir informação e advogarem legislação simples, prática, objective e
transparente enquanto desenvolvendo sentinelas.
Vários participantes disseram que era muito bom discutir filosofia mas que a reunião
teve falta de propostas de soluções práticas. Eles propuseram que as soluções deveriam
Associação Comercial e Industrial de Sofala 61
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seguir atrás de acções, dando o exemplo de que a protecção de denunciantes iria seguir-
se se houvesse denunciantes a proteger. Outros participantes discordaram
veementemente com esta posição, afirmando que as pessoas agiriam quando virem
pessoas a serem punidas por corrupção e verem melhorias a tomar lugar. Os
participantes concordaram que as associações devem adoptar melhores práticas e
encorajar membros a fazerem o mesmo. Espera-se que o CTA tome a dianteira e que o
sector privado moveria o tema da anti-corrupção da discussão para acção. Foi proposto
que o sector privado deve financiar campanhas anti-corrupção da sociedade civil. Um
representante providenciou exemplos de pequenas acções levadas à cabo no Hospital
Central de Maputo (colocando horários de trabalho, nomes de pessoas responsáveis
pelos departamentos, preços dos serviços, tempo de espera e como as queixas podiam
ser feitas) que fez uma grande diferença.
Um participante objectou o facto de a ACIS ter tomado a dianteira nesta questão. Ele
sentiu que o projecto nacional do governo contra a corrupção devia ser feito o ponto
de partida para todos e que a CTA seria a rota mais apropriada para o sector privado
usar para advogar pela mudança. Ele disse que era preocupação que uma associação
numa região do país levaria sobre si a responsabilidade de falar e tentar influenciar a
política nacional. Ele acrescentou que o estudo da ACIS não tinha nenhum
fundamento académico e portanto não devia ser matéria de discussão.
Formulários de Comentários
Os participantes foram solicitados a comentar em formulários confidenciais. Os
resultados são sumarizados como se seguem:
CAPÍTULO I
Dos princípios gerais
Artigo 1
(objecto)
A presente Lei por objecto o reforço do quadro legal vigente para o combate aos
crimes de corrupção e participação económica ilícita.
Artigo 2
(Âmbito de aplicação)
1. A presente Lei aplica-se aos agentes dos crimes referidos no artigo 1 que sejam
dirigentes, funcionários ou empregados do Estado ou das autarquias locais, das
empresas públicas, das empresas privadas em que sejam participadas pelo Estado ou das
empresas concessionárias de serviços públicos.
2. Considera-se funcionário ou empregado público, para os efeitos da presente Lei,
todo aquele que exercer ou participar em funções públicas ou a estas equiparadas, e
para as quais foi nomeado ou investido por efeito directo da lei, por eleição ou por
determinação da entidade competente.
3. As disposições desta Lei aplicam-se aos que, mesmo não integrando nenhuma
das categorias referidas no número anterior, induzam ou contribuam para a prática dos
crimes enunciados no artigo 1 ou deles tirem proveito.
Artigo 3
(Princípios gerais)
Artigo 4
(Declaração de bens)
Artigo 5
(Fundamentação dos actos administrativos)
1. Para além dos casos em que a lei especialmente o exija, devem ser
fundamentados os actos administrativos que, total ou parcialmente:
a. neguem, extingam, restrinjam ou, por qualquer modo, afectem direitos ou
imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
b. afectem, de igual modo, e no uso de poderes discricionários, interesses legalmente
protegidos;
Artigo 6
(Cláusula contratual anti-corrupção)
Artigo 7
(Corrupção passiva para actos ilícito)
Artigo 8
Artigo 9
(Corrupção activa)
Artigo 10
(Participação económica em negócio)
CAPITULO II
Artigo 11
(Sanções)
Artigo 13
(Protecção de denunciante)
Artigo 14
(Denúncia de má fé)
Artigo 15
(Suspensão de funcionário)
CAPITULO III
Da organização e competências
Artigo 16
(Prevenção e combate)
Artigo 17
(Competências do Ministério Público)
Artigo 18
(Legalidade dos procedimentos)
Artigo 19
(Gabinete central de combate à corrupção)
Associação Comercial e Industrial de Sofala 72
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1. Dentro da Procuradoria-Geral da República e subordinado ao Procurador-Geral
da República, é criado o Gabinete Central de Combate à Corrupção.
2. O Gabinete Central de Combate à Corrupção tem, de entre outras, as seguintes
competências:
a. Conduzir inquéritos e investigações sobre queixas e denúncias, havendo
indícios de crimes de corrupção;
b. Promover, através das autoridades judiciais, a intimação de pessoas para
apresentar, por escrito, informações sobre os valores que detêm, quer no
país quer no estrangeiro, especificando as datas em que tais valores foram
adquiridos e como foram adquiridos;
c. Promover a instrução preparatória, podendo requisitar documentos,
informações, extractos de contas, registos e outros dados da pessoa
suspeita de haver cometido os crimes previstos na presente Lei;
d. Ordenar a detenção de pessoas indiciadas e, nos termos legais, submetê-
las ao juiz de instrução criminal;
e. Promover a realização de buscas em qualquer lugar para obtenção de
provas incriminatórias;
f. Gozar de livre acesso sem prévio aviso à instituições da Administração
Pública, entidades governamentais, serviços administrativos das
autarquias, para efeitos de investigação.
3. Para tornar célere os procedimentos previstos neste artigo, há um juiz de turno.
4. Para além dos magistrados do Ministério Público, o Gabinete Central de
Combate à Corrupção pode ser integrado por pessoas nomeadas ou contratadas,
por tempo determinado ou para determinados casos, que satisfaçam os
requisitos de integridade, imparcialidade e experiência exigidos.
5. O Procurador-Geral da República pode, havendo necessidade, solicitar a
requisição ou o destacamento de funcionários da Polícia competentes.
6. Sempre que as condições se mostrarem criadas, podem ser criados, gabinetes
provinciais de combate à corrupção, para efeitos da presente Lei.
Artigo 20
(Poderes da autoridade judiciária)
Artigo 21
(Obrigações das auditoras)
Artigo 22
(Dever de sigilo)
Artigo 23
(Regulamentação)
Artigo 25
(Entrada em vigor)
Sumário Executivo
As Linhas Gerais da Estratégia Anti-corrupção são parte integrante da Estratégia
Global
da Reforma do Sector Público com o objectivo de melhorar a prestação de serviços
públicos ao cidadão e desenvolver um ambiente favorável ao crescimento do sector
privado. A Estratégia Global da Reforma do Sector Público resulta do diagnóstico feito
sobre os principais problemas que atribulam o sector público, do qual emergiu a
identificação de actividades estratégicas a serem implementadas nas seguintes
componentes: racionalização das estruturas de prestação de serviços públicos; política
de desenvolvimento de recursos humanos; gestão dos processos de políticas públicas;
gestão financeira; e boa governação e combate à corrupção.
A corrupção, no sector público, pode ser entendida como o uso da função pública para
proveito próprio, ou para o benefício de um grupo com quem um determinado
indivíduo
está associado. É um comportamento que se desvia dos deveres formais de um cargo
público e é prejudicial ao interesse público.
Embora a corrupção varie de país para país e após a análise das preocupações e
problemas que afectam o sector público e a governação em geral foi possível identificar
algumas causas principais. Assim as causas comuns que facilitam a corrupção são o
nepotismo e favoritismo, a fraqueza dos mecanismos de controle e supervisão, a falta
de aplicação das leis e regulamentos, a falta de prestação de contas das instituições, a
fraqueza do cometimento dos gestores da administração pública no combate à
corrupção e a fraqueza da participação da sociedade civil no combate à corrupção.
Os baixos salários auferidos no sector público e a pobreza que afecta a maioria dos
moçambicanos não são a causa directa da proliferação de actos e práticas de
corrupção. Pelo contrário, os promotores dos actos de corrupção são alguns
funcionários públicos conhecedores das normas, leis e informação mas que movidos do
espírito de viver faustosamente usam o seu poder e conhecimentos para extorquir o
cidadão e delapidar os cofres do Estado.
Para que o complexo processo de combate à corrupção seja bem sucedido, deve existir
uma Estratégia que compreendem três momentos interligados e complementares,
nomeadamente: a prevenção, a acção administrativa e a acção judicial. Pressupõe-se
ainda, uma forte liderança política e participação coordenada de todos; ou seja, entre o
Estado, Sociedade Civil e o Sector Privado.
As acções de médio e longo prazos abarcam medidas de impacto mais amplo nos
ramos legal e judicial; de âmbito institucional e administrativo; bem como medidas
voltadas ao sector privado e à sociedade civil que bem implementadas no final
Associação Comercial e Industrial de Sofala 77
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aproximarão a decisão ao beneficiário, subordinarão cada vez mais o poder
discricionário à lei, substituirão o monopólio do poder pessoal pelo institucional e,
assim,
aumentarão o nível e eficácia na prestação de serviços e, consequentemente, a
implantação da transparência e o combate à corrupção como uma acção permanente.
1. Introdução
A corrupção, no sector público, pode ser entendida como o uso da função pública para
proveito próprio, ou para o benefício de um grupo com quem um determinado
indivíduo está associado. É um comportamento que se desvia dos deveres formais de
um cargo público e é prejudicial ao interesse público.
A corrupção compreende actividades ilícitas como o suborno (dinheiro, gratificações,
gorjetas, favores, aliciantes, recompensa, lubrificar a engrenagem); desvio de Fundos
(desvio de recursos, recibos falsos); fraude (burla, vigarice, manipulação ou distorção de
informação, factos ou conhecimentos, contrabando, falsificação da moeda, adjudicação
de contratos a firmas em que funcionários públicos têm interesses); extorsão (extorsão
de recursos por coerção, violência ou ameaça de uso de força, dinheiro de “protecção”
e segurança e; o nepotismo (favoritismo de certos governantes aos seus familiares,
partido de filiação).
A corrupção não se manifesta numa única forma. Ela geralmente manifesta-se em:
§ transacções/actividades ilícitas isoladas feitas por funcionários públicos que
abusam da sua função (por exemplo, exigindo subornos, desviando os fundos
públicos ou dispensando favores) em proveito/benefício próprio;
§ extorsão ou roubo de elevadas somas de recursos públicos por funcionários
seniores do Estado, geralmente membros de e/ou associados com a elite
política ou administrativa e;
§ conluio entre os actores privados e funcionários públicos ou políticos para
proveito mútuo ou privado. Isto quer dizer que o sector privado “capturou” o
poder legislativo, executivo e judicial para os seus próprios interesses.
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A corrupção não é de forma alguma algo de novo, nem se limita a uma determinada
parte do mundo. É uma realidade tanto em países industrializados, como em países em
transição, ou em países em desenvolvimento. Nem sequer a corrupção se restringe
apenas ao sector público.
Ao nível da Liderança
Associação Comercial e Industrial de Sofala 81
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A incapacidade de produzir uma visão, e difundi-la entre os colaboradores, torna o
dirigente ou responsável inapto para estabelecer uma direcção, objectivos e acções
estratégicas, e finalmente revela incapacidade de desenhar um plano estratégico de
médio e longo prazos.
Ao nível da Gestão
A gestão comporta o estabelecimento de planos operativos, a sua execução e controle,
a combinação de recursos quer humanos, quer financeiros. A fraca capacidade de
gestão, remete a organização à implementação de actividades desconexas que não
estão ligadas a um objectivo estratégico da organização. Destaque particular, é a
ausência de uma orientação para resultados claramente definidos, num horizonte de
tempo estabelecido, o que dificulta a prestação de contas. Um gestor que não tenha
capacidade de planificar, desenvolver a sua equipe de trabalho, e de estabelecer as
metas da acção colectiva dos seus colaboradores, torna-se improdutivo, prejudicial à
organização.
Ao nível da Supervisão
A ausência de habilidade de supervisar, acompanhar, elogiar, dar orientação aos
colaboradores, faz com que estes percebam essa falta de interesse por parte do seu
chefe, e assumam a sua postura.
Ambiente de trabalho
Sem liderança, direcção e supervisão adequadas, os funcionários convertidos numa
massa amorfa e desocupada alimentam as horas de trabalho em intrigas, boatos pois
não tem o sentido de missão principal, contribuindo assim para minar a acção do
Associação Comercial e Industrial de Sofala 82
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Estado. Perde-se o respeito pela coisa pública, e perde-se a oportunidade de
desenvolver uma classe de servidores públicos profissionalizados, e perdem-se enfim,
os valores da ética e deontologia. O sector público assim fragilizado contribui para a
perca da autoridade e a capacidade do Estado de se tornar mais activo e decisivo na
dinamização do desenvolvimento social e económico do país.
O fraco desempenho dos serviços públicos é, também, um dos problemas que afectam
as famílias e as empresas. Segundo os funcionários públicos inquiridos na Pesquisa
2004, desagregados em sectores e regiões, uma das principais causas do fraco
desempenho das instituições públicas está na gestão do pessoal, uma vez que esta é
vista como sendo baseada em laços familiares ou de amizade, em grupos de influência
no seio da instituição e em filiação ou pressão política.
4. Causas da Corrupção
Porém, esta pode ser uma argumentação com alguma validade mas não explica o
número significativo de funcionários cumpridores honestos dos seus deveres, com
atitude positiva perante o seu trabalho, conscientes do seu papel na sociedade e que
não utilizam o cargo que ocupam em benefício próprio, mesmo estando enquadrados
nas categorias de baixa remuneração.
6. Objectivo geral
Documento de Discussão
Tradução livre
31 de Outubro de 2005
CONTEUDO
1 Sumário Executivo
2 Introdução
2.1 Estrutura e objectivo do relatório
2.2 Corrupção em Moçambique
2.3 O projecto
2.4 ACIS
2.5 CIPE
3 Tipos de Corrupção
3.1 Definições Tradicionais
3.2 Definições Específicas de Moçambique
4 A experiência do sector privado
4.1 Experiências de corrupção
4.2 Impacto da corrupção
4.3 Formas de combate à corrupção
4.4 Casos de estudo
5 Análise do sector privado & corrupção em Moçambique
5.1 Linhas Gerais da Estratégia Anti-corrupção
5.2 Pesquisa Nacional sobre Governação e Corrupção
5.3 Estudo sobre o Ambiente de Negócios em Moçambique
5.4 Estudo sobre o Ambiente de Investimentos de Inhambane
5.5 Estudo sobre a Corrupção da Ética Moçambique
6 Convenções Internacionais
6.1 OECD
6.2 Nações Unidas
6.3 União Africana
6.4 Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
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6.5 Transparency International
6.6 Sumário
7 Iniciativas Internacionais
7.1 Iniciativas Apoiadas pela Transparency International
7.2 Auditorias de Transparência
7.3 Auditorias de Corrupção
7.4 Códigos de Princípios Empresariais
7.5 Ilhas de Integridade
7.6 Sumário
8 Tabelas Comparativas
8.1 Geral
8.2 Especificidades do Sector Privado
9 Conclusões & Recomendações
10 Anexos
i. Definição de Corrupção do Banco Mundial
ii. Guião para as Entrevistas
iii. Revisão da legislação existente
a) Anti-corrupção
iv. Modelo de factura de IVA legal
Este relatório constitui a primeira fase do projecto e a versão inicial foi elaborada como
um documento de discussão. O mesmo oferece a visão sobre a corrupção realizada a
nível dos negócios em Moçambique, assim como a revisão de um conjunto de estudos
recentes de anti-corrupção e da estrutura legal relevante de áreas chave. O relatório
contém também um sumário de entrevistas a homens de negócios e alguns casos de
estudo. Esperamos que esta parte do relatório se desenvolva ao longo da fase de
discussão pública.
O relatório foi desenhado com o objectivo de iniciar o debate sobre a questão e não
constitui, por isso, o documento final. Esperamos que do debate resulte um relatório
final contendo um conjunto de instrumentos e ideias desenvolvidas a partir da
participação e discussão entre os interessados no assunto.
Com base em estudos e discussões o relatório identifica duas áreas chave de corrupção,
aquela que se realiza entre o sector privado e o governo, denominada “corrupção
pública-privada”, e aquela que ocorre no seio do próprio sector privado, denominada
Associação Comercial e Industrial de Sofala 100
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“corrupção privada–privada”. Também é prevalecente ao longo do relatório a questão
do comércio ilegal. O relatório diferencia cuidadosamente o comércio ilegal do
comércio informal, salientando que o comércio ilegal ocorre em ambos os sectores
formal e informal, e que o comércio informal legal constitui uma parte essencial de
qualquer economia. O comércio ilegal nos sectores formal e informal resulta
principalmente da corrupção pública-privada e é facilitado pelo pagamento de subornos
a agentes fiscais e aduaneiros. A corrupção privada-privada constitui uma prática que
atrai a atenção da vulnerabilidade das empresas para o cometimento de fraudes com
relação a outros assuntos.
O relatório identifica uma série de áreas chave que precisam de ser abordadas para se
poder combater a corrupção. Estas áreas são:
O presente relatório foi preparado como base de discussão e é apresentado de boa fé.
Acreditamos que achará o relatório útil e provocador. Todos os comentários e
sugestões são bem vindos. O relatório será desenvolvido ao longo do processo de
2. INTRODUÇÃO
O presente relatório foi desenhado para servir de base para a discussão sobre a
corrupção e negócios em Moçambique. Constitui também o primeiro passo dado pelo
sector privado visto pelo governo, como um parceiro honesto e forte na sua estratégia
anti-corrupção (veja a secção 5.1 abaixo). O relatório considera a participação e o
envolvimento do sector privado na corrupção e pretende examinar maneiras de
melhorar o ambiente actual de negócios no que esteja relacionado com a corrupção, o
comércio ilegal e a fraude. O relatório faz parte de um projecto maior (veja secção 2.3
abaixo) o qual pretende explorar instrumentos com os quais o sector privado em
Moçambique possa combater a sua própria participação na corrupção.
O relatório foi desenhado para servir como ponto de partida de discussão, e não como
uma declaração definitiva sobre o que deve ser feito. Após a publicação do relatório,
realizar-se-ão uma série de mesas redondas que contribuirão para o desenvolvimento de
instrumentos de uso para o sector privado.
O relatório contém nove secções. A primeira secção conte uma introdução e historial
sobre a situação em Moçambique, apresentando um breve resumo sobre a corrupção e
o seu impacto no sector privado. Define também o conceito de corrupção.
O relatório inclui também anexos que contém uma análise das áreas chave de legislação
e o seu impacto sobre o sector privado, e oferece uma definição compreensiva de
corrupção assim como inclui o texto da estratégia anti-corrupção do governo e um
exemplar da factura legal de IVA.
O Banco Mundial cita Moçambique como um dos países mais corruptos da África
Austral, excedido somente por Angola e Zimbabué.1 A fraqueza do princípio geral de
direito contribui para uma percepção geral de falta de controlo. De acordo com a
hierarquia de governação do Banco Mundial sobre matérias tais como palavra &
responsabilidade e estabilidade política, Moçambique experimentou um declínio
percentual em termos de controlo de corrupção entre os períodos de 1996-2004.
O Estudo da Ética Moçambique 2001 (veja a secção 5.5 abaixo) demonstra que 45% dos
inquiridos naquela altura haviam sido vítimas de corrupção nos seis meses anteriores.
Destes, 31% haviam feito pagamentos não oficiais a funcionários públicos até USD $6
enquanto que 45% fizeram pagamentos entre USD $6 e USD $60, e 22% fizeram
pagamentos entre USD $60 e USD $600 – isto acontece num país com um PIB anual de
USD $300.
A recente pesquisa nacional sobre corrupção e governação (veja a secção 5.2 abaixo)
indica que a situação mudou muito pouco desde 2001. As recentes afirmações públicas
do governo sobre corrupção e publicação de uma estratégia anti-corrupção podem ter
chamado a atenção do público sobre a questão. Questiona-se ainda se há ou não um
entendimento difundido sobre que significa corrupção e sobre o seu impacto no
desenvolvimento do país.
1
Banco Mundial, World Bank Governance Research Indicators 1996-2004, disponível em
www.worldbank.org/wbi/governance (última consulta a 15 de Setembro de 2005).
Associação Comercial e Industrial de Sofala 106
www.acisofala.com
De acordo com o relatório do conceituado jornalista Marcelo Mosse de 2004, "a
transparência, a integridade, a abordagem dos conflitos de interesse etc., são instituições
subdesenvolvidas em Moçambique. O clientelismo, o nepotismo, o favoritismo, e o uso
de influências são instituições fortemente enraizadas. A corrupção tem muito espaço
para desenvolver.”
2.3 O PROJECTO
A ACIS tem lidado com questões sobre corrupção e comércio ilegal em todos os níveis
do governo e do sector privado desde a criação da organização em 2000. Através do seu
contacto com a CIPE, a ACIS tem tido acesso às actividades de outras associações no
âmbito da corrupção noutras partes do mundo. Um relatório recente de uma
organização russa, a Fundação de Informação Cientifica para Democracia (Information
Science for Democracy (INDEM) Foundation)2 inspirou a ACIS no sentido de obter o
apoio dos seus membros e da CIPE de modo a realizar um projecto denominado
“Combate contra a Participação do Sector Privado na Corrupção em Moçambique.” O
2
Fundação INDEM, Business and Corruption: How to Combat Business Participation in Corruption in
Russia, (2004).
Associação Comercial e Industrial de Sofala 107
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projecto é conjuntamente financiado pelos membros da ACIS e pela CIPE. O presente
relatório é parte do projecto. O projecto inclui as seguintes restantes partes:
• Uma série de mesas redondas com base no presente relatório. Estas discussões
unirão partes interessadas do sector privado, do governo e da sociedade civil
com o objectivo de desenvolver soluções práticas para os problemas existentes
de corrupção;
• Entrevistas individuais, e discussões particulares com o sector privado sobre as
respostas reais aos problemas individuais e colectivos;
• Desenvolvimento de um kit de instrumentos e de um conjunto de passos que o
sector privado pode usar no combate contra a corrupção;
• Contribuição para o diálogo nacional sobre a corrupção, particularmente com o
envolvimento do sector privado, e elevação da consciência sobre questões de
corrupção com o governo, com a sociedade civil e com parceiros internacionais
de cooperação.
O projecto corresponde a um ponto de partida para discussão e não uma solução final
para o problema. A ACIS receberá com muito gosto o debate e as contribuições de
quaisquer pessoas ou organizações interessadas no projecto. As contribuições podem
2.4 ACIS
A ACIS representa uma associação que se constituiu sobre uma plataforma ética de
prática de negócios. A associação desenvolveu um código de conduta. Como condição
de admissão de membros, a ACIS requer que os membros sejam cumpridores das suas
obrigações fiscais e sejam regularmente auditados. Os membros da ACIS acreditam que
o cumprimento da lei e do código de conduta é um elemento essencial para o sucesso
dos seus empreendimentos e para o desenvolvimento de Moçambique. A sua
mensagem para a comunidade de negócios é que o sector privado necessita de organizar
a sua “casa” como pré requisito para o diálogo com o governo sobre assuntos
relacionados com corrupção, comércio ilegal, ou sobre qualquer outra política.
Para mais detalhes sobre a associação e sobre as suas iniciativas consulte a página
electrónica www.acisofala.com.
2.5 CIPE
O CIPE – Center for International Private Enterprise é uma filial de carácter não
lucrativo da Câmara do Comércio dos Estados Unidos e um dos quatro institutos
principais da National Endowment for Democracy. O CIPE já apoiou mais de 800
iniciativas locais em 95 países em desenvolvimento, envolvendo o sector provado na
defesa de reformas institucionais e políticas, melhoria de governação, e no
desenvolvimento da compreensão dos sistemas de mercado. A USAID – United States
Agency for International Development também apoia os programas do CIPE. Os
principais temas do trabalho do CIPE incluem:
o Associações de negócios
o Advocacia do sector privado
o Combate contra a corrupção
o Governação societária
o Acesso à informação
3. TIPOS DE CORRUPÇÃO
3
Apoiando os Países no Combate contra a Corrupção – O Papel do Banco Mundial, Redução da Pobreza e
Gestão Económica – Banco Mundial, 1997
4
ibid.
Associação Comercial e Industrial de Sofala 111
www.acisofala.com
compreensiva descrição sobre a corrupção que podemos encontrar. Acreditamos por
isso que seria mais valioso usar algo tão bem considerado no lugar de desenvolver outra
definição. O texto completo da descrição do Banco Mundial é anexado ao presente
relatório, Anexo I. Espera-se que a inclusão deste texto ajude com a padronização do
que se compreende como corrupção. Embora o Banco Mundial coloque o sector
público no centro da sua definição, faz também referência às formas através das quais o
sector privado pode ser envolvido na corrupção.
“Corrupção significa o abuso da função pública para proveito próprio. A função pública é
corrupta quando um funcionário público aceita, solicita ou extorque um suborno. É
também corrupta quando os agentes privados oferecem subornos para passar por cima de
políticas e processos públicos de modo a tirar vantagens e ganhos competitivos. A função
pública pode também ser abusada para benefícios pessoais mesmo quando não esteja em
causa o pagamento de subornos, através do patronato e nepotismo, do roubo de bens
públicos, ou do desvio de fundos públicos”5.
5
ibid.
Associação Comercial e Industrial de Sofala 112
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enriquecimento de gestores. E a forte concentração corporativa sobre a lucratividade pode
não impedir a solicitação de subornos a fornecedores por parte de trabalhadores individuais.
Para além de que, quando a corrupção é sistemática no sector público, as empresas que
trabalham com o governo podem raramente fugir da participação nos subornos.”6
Grande parte dos tipos de corrupção definidos no Anexo I podem ser reconhecidas em
Moçambique, e foram identificados pelos participantes nos estudos mencionados na
Secção 4 abaixo. Conforme observado na Secção 4, há uma necessidade de melhoria do
ambiente de negócios, mas também de melhoria da cultura e ética empresarial. A
análise de formas para alcançar essa melhoria constitui uma das questões centrais do
presente relatório.
O termo mais conhecido é “o cabrito come onde está amarrado”. Este termo expressa a
ideia de que um indivíduo procura ganhos no lugar onde desenvolve a sua actividade
6
Apoiando os Países no Combate contra a Corrupção – O Papel do Banco Mundial, Redução da Pobreza e
Gestão Económica – O Banco Mundial, 1997
7
Disponível em www.frelimo.org.mz/candidato.htlm. Consultado a 10/6/05.
Associação Comercial e Industrial de Sofala 113
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A grande variedade de eufemismos demonstra a prevalência da corrupção na vida
quotidiana. Eis alguns:
Molhar a mão;
Descascar amendoins;
Bater na mesa;
Falar como homem;
Olear / lubrificar a engrenagem;
Pagar o girinho;
Pagar refresco;
Alimentar o cabrito;
Regar o capinzal;
Taxa de facilitação;
Selos adicionais - (o que se refere à necessidade de – a qual deixou de ser exigida por lei –
adquirir selos para colocação em documentos oficiais);
Pagar a taxa de andamento;
Falar alto;
Fazer um “connection”.
Corrupção
De acordo com a definição do Banco Mundial citada na Secção 3.1 acima, corrupção
significa o abuso do poder público. No entanto, o presente relatório compreende que o
sector público não é o único engajado na prática corrupta. Em Moçambique, para além
Comércio Ilegal
O comércio ilegal inclui todas as formas de operações ilegal tais como a ausência de
cobrança do pagamento de IVA, a falta de retenção na fonte do imposto sobre
rendimento de pessoas singulares (IRPS), da retenção da contribuição da segurança
social, do pagamento do imposto sobre rendimento de pessoas colectivas (IRPC), da
taxa liberatória, a venda de produtos falsificados, a importação de bens sem pagamento
dos direitos aduaneiros e impostos e a exportação de bens com subfacturação do seu
valor, entre outras. Mutuamente o comércio legal é um dos principais contribuintes da
corrupção.
Comércio informal
Existe uma falsa noção de que o sector privado formal está contra o mercado informal.
Este não é o caso. Muitos produtos nacionais tais como o açúcar, cerveja, cigarros,
sabonetes e refrigerantes são comercializados através do mercado informal. O mercado
informal constitui parte essencial da vida económica, particularmente fora das zonas
urbanas.
Entretanto, o que o sector formal se opõe contra é o mercado informal ilegal. Este
mercado comercializa produtos ilegalmente importados, contrabandeados ou roubados,
e serve como uma saída lateral (side outlet) para aqueles que operam no sector foral
ilegal. Por exemplo, os vendedores de rua que comercializam produtos eléctricos e
DVDs e CDs piratas são com frequência “empregados” informalmente para andar pelas
ruas com produtos ilegalmente importados por grandes operadores formais e semi-
legais. Este tipo de comércio comum é prejudicial ao sector formal ilegal e aqueles que
desejam operar legitimamente no sector informal.
A presente secção do relatório tem como base discussões informais com um conjunto
de operadores formais e legais de Moçambique. Veja o Anexo II que inclui a estrutura
das questões colocadas nas entrevistas. As entrevistas concentraram-se em:
a) Fraude
Mais uma vez, a corrupção privada-privada foi citada como um problema tanto das
pessoas singulares como das empresas.
d) Sumário
Veja ferramenta 6
Sumário
Os casos de estudo apresentados têm um conjunto de denominadores comuns. O
principal é a dificuldade de ultrapassar problemas de acção colectiva. As empresas
afirmam que apenas pagam comissões porque os seus concorrentes também o fazem, e
que gostariam de parar. Numa certa tipo de indústria este problema de acção colectiva
poderia potencialmente ser ultrapassado através do uso de “ilhas de integridade”
(islands of integraty) (veja Secção 7.5 abaixo).
A discussão sobre o tipo de instrumentos cujo uso pode ser considerado pelas empresas
para sua protecção é incluída na Secção 7.
Muito tem sido dito e escrito sobre a corrupção em Moçambique e sobre o seu impacto
no sector privado. A presente secção do relatório analisa um grupo de documentos
chave e estuda e avalia as suas descobertas e o impacto destas descobertas sobre como o
sector privado pode combater a corrupção.
8
Governo de Moçambique, Linhas Gerais de Estratégia Anti-corrupção 2005 – 2009, (aprovada no dia 6
de Setembro de 2005)
Associação Comercial e Industrial de Sofala 123
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as várias faces da corrupção, que coincidem com a escolhida como base par o presente
relatório.
A estratégia pressupõe que o sector privado exerça uma função no combate contra a
corrupção. Prevê também o desenvolvimento de um plano detalhado de acção para
assegurar o cumprimento da estratégia. A estratégia promete uma mudança profunda, e
define um conjunto de formas através das quais a mudança se realizará. Estas incluem:
Os objectivos, resultados e indicadores da estratégia são extensos e não está ainda claro
como serão alcançados. No entanto, é provável que está secção da estratégia seja
melhor desenvolvida no plano de acção.
Este estudo foi realizado para e em nome do governo e consiste em três estudos
paralelos de agregados familiares, do meio empresarial e de funcionários públicos,
envolvendo 2,447 agregados familiares, 486 empresas e 992 funcionários públicos ao
longo do país.
9
Austral Consultoria e Projectos Lda., Pesquisa Nacional sobre Governação e Corrupção, (2005).
Associação Comercial e Industrial de Sofala 125
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De acordo com os funcionários públicos, o nepotismo e os vínculos empresariais
constituem os factores principais que afectam as tomadas de decisões. Os mesmos
acreditam também que os vínculos empresariais tem mais influência no sul – incluindo
a capital – enquanto que familiares e colegas tem mais influência no centro e no norte.
Estes factores demonstram a existência de uma relação pouco saudável entre os sectores
público e privado particularmente a nível central, como indicado pela prevalência no
sul do país onde a capital se situa. Altos níveis de centralização transformam esta
tendência numa preocupação.
O processo de procurement é uma das áreas de alto risco para a corrupção público-
privada. A demanda e o pagamento de comissões são comuns. (Veja o Anexo II (b)
abaixo para mais detalhes). Apenas 62% dos funcionários públicos entrevistados
indicaram que as decisões sobre o procurement eram regularmente auditadas. Os
funcionários públicos afirmaram abertamente que as regras de procurement são
regularmente desobedecidas. 12% dos entrevistados asseguraram que as regras não
foram cumpridas em mais de 50% dos processos de procurement. Apenas 37% afirmou
nunca ter visto nenhuma irregularidade num processo de procurement.
Relativamente ao sector privado, a pesquisa descobriu que 61% das empresas acreditam
que o governo “raramente” ou “nunca” toma em consideração as suas preocupações.
Esta percepção negativa concorre com a opinião das empresas de que a reforma da
legislação era “imprevisível.” Enquanto que os funcionários públicos acreditam que a
corrupção do sector privado é um assunto preocupante, todos os grupos entrevistados
acreditam que a corrupção no sector público ultrapassa aquela. A pesquisa ilustra ainda
que a corrupção é um assunto que afecta principalmente a relação entre os sectores
público e privado.
90% das famílias entrevistadas afirmaram que não sabem qual o procedimento de
denuncia ou reclamação sobre um acto corrupto. Apenas 14% dos entrevistados acham
que uma reclamação terá resultados. 47% das famílias e 50% das empresas declararam
A pesquisa levanta muitas questões e oferece material para debate e consideração. Áreas
tais como disponibilidade de informação e formas de protecção dos denunciantes são
áreas onde o sector privado e a sociedade civil podem participar de forma activa e
significante.
O estudo declara que “enquanto que a opinião geral afirma que nos últimos cinco anos,
com a excepção de algumas áreas mais problemáticas, verificaram-se melhorias
significantes em termos de expectativas, prevalece uma desilusão geral. É evidente que
Moçambique, em termos do seu ambiente de negócios, está muito longe dos seus
concorrentes internacionais, incluindo os concorrentes mais directos na região.”
As soluções propostas pelo sector privado através do BEA ofereceram propostas para a
discussão da corrupção pública-privada no presente relatório e serão abordadas com
mais profundidade na Secção 9.
11
Inhambane Investment Climate Survey – BTU, GTZ, Março de 2004
Associação Comercial e Industrial de Sofala 130
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O estudo indica que as empresas na provincial de Inhambane gastam uma média de
9.5% das suas receitas brutas em corrupção, com os investidores moçambicanos
gastando mais que as suas contrapartes estrangeiras. A maioria dos subornos pagos
(76.8%) está abaixo de 10,000,000 MT12 sendo por isso considerados ao abrigo da
categoria de corrupção pequena. No entanto, conforme afirmado acima (Secção 2.2), o
PIB anual médio em Moçambique corresponde a USD $300. A corrupção não pode
por isso ser considerada pequena tanto em termos do seu valor relativo ou como em
termos do seu impacto sobre as Pequenas e Médias Empresas (PMEs).
O estudo revela também que a prática do uso de multas gravíssimas para punir os
transgressores, particularmente com relação a evasão fiscal, resulta no aumento da
corrupção, pois fica mais barato pagar um suborno do que uma multa. Este conceito
também foi levantado nas entrevistas realizadas para o presente relatório – veja Secção
4 acima. O estudo conclui que há uma necessidade urgente de acção de ambos os
sectores privado e público, e urge o sector privado a melhorar a sua compreensão da e
cumprimento do quadro legal existente.
Enquanto que o sistema fiscal é complexo e oneroso e as taxas são altas em comparação
ao valor retribuído, a ACIS acredita que o sector privado estaria melhor servido neste
momento pela aplicação consistente e uniforme da legislação fiscal existente. Só através
disto se poderá nivelar o campo de acção e poderá iniciar-se um diálogo honesto sobre
o impacto do sistema fiscal sobre o sector privado.
12
Na altura de preparação do relatório 10 milhões de meticais correspondia a USD 405.
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5.5 ESTUDO SOBRE A CORRUPÇÃO DA ÉTICA MOÇAMBIQUE13
O Estudo sobre a corrupção da Ética foi o primeiro estudo oficial sobre corrupção
realizado em Moçambique. O estudo baseou-se em entrevistas com 1,500 indivíduos
nas províncias de Maputo, Sofala e Nampula.
Uma em 2.2 pessoas foi vítima de corrupção nos seis meses anteriores ao estudo, e os
valores envolvidos encontram-se entre os mais elevados no mundo com relação ao PIB
per capita. Ambas a corrupção grande e a corrupção pequena ficaram registadas, sendo
a corrupção pequena a prevalecente.
13
Ética Moçambique, Estudo Sobre Corrupção em Moçambique (2001).
Associação Comercial e Industrial de Sofala 132
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o Melhor disseminação da lei e promoção do seu conhecimento pelo homem
comum;
o Definição e disseminação do tipo de comportamento próprio dos funcionários
públicos;
o Provisão de informação sobre o recurso e o sistema judicial; e
o Persecução sistemática de casos corruptos e responsabilização.
A proposta do estudo é clara quanto à necessidade de que os esforços para acabar com a
corrupção devem centrar-se no individuo e a força da mudança deve vir da sociedade
civil – incluindo o sector privado. Infelizmente, nestes quatro anos após a publicação
do estudo não se tem verificado progresso nenhum com respeito às soluções propostas
pela Ética. Entretanto, estas propostas informarão as propostas para a discussão de
ambas a corrupção público-privada e privada-privada no presente relatório.
Sumário
Os estudos e as pesquisas dos sectores público e privado e da sociedade civil nos últimos
cinco anos demonstram que a corrupção é um grande problema em Moçambique e tem
um impacto directo na estabilidade nacional e no desenvolvimento económico. Um
conjunto de questões fundamentais deve ser abordado no momento de
desenvolvimento de instrumentos para a solução do problema.
Estas incluem:
o Aplicação de legislação existente;
o Disseminação de informação clara;
o Simplificação dos processos administrativos;
o Profissionalização dos serviços públicos;
o Remoção de oportunidade para a tomada de decisões discricionária;
o Reforma radical do sistema judiciário;
o Provisão de alternativas independentes;
o Fortalecimento de confiança;
A discussão destas questões e da sua integração num programa do sector privado sobre
o combate da sua participação na corrupção será abordada com mais profundidade na
Secção 9 abaixo.
Estas questões devem ser discutidas por todos os envolvidos no combate contra a
corrupção. O governo comprometeu-se a participar no combate através da estratégia
anti-corrupção e a ACIS apresenta este relatório como a sua primeira contribuição para
o debate. Conforme afirmado pela a Directora Executiva da Freedom House, a Sra.
Jennifer Windsor, “Cidadãos bens informados e um sistema judiciário livre de
manipulação executiva são pontos indispensáveis de um comportamento legal.” O
sector privado tem um papel importante a jogar particularmente na disseminação de
informação, no fortalecimento de confiança, na provisão de alternativas independentes,
e na liderança da demonstração de compromisso com a legalidade.
6. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
6.1 OECD
O kit contém uma vasta lista de informação e experiência de apoio a áreas tão diversas
como:
o Estruturação de instituições;
o Declaração de bens;
o Pactos de integridade;
o Fortalecimento da consciência pública; e
o Métodos de aplicação.
Recomendamos a leitura minuciosa deste kit a todos que desejam engajar-se nas
actividades de anti-corrupção.
14
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, The Global Programme Against Corruption – UN Anti-
Corruption Toolkit, (3ª edição, Setembro de 2004).
A convenção inclui uma lista ampla de infracções tais como suborno (doméstico ou
estrangeiro), desvio de fundos por funcionários públicos, negócios por influência
(trading in influence), enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro (money laundering) e
ocultação de bens. As medidas usadas para lidar com a corrupção são a prevenção,
criminalização, cooperação regional e assistência legal mútua, e recuperação de bens.
O cumprimento será controlado por uma comissão estabelecida pelo Fórum da África
Austral contra a Corrupção (Southern African Forum Against Corruption, ou SAFAC)
o qual foi criado em Junho de 2000.
15
Resolução 33/2004 de 9 de Junho.
Associação Comercial e Industrial de Sofala 140
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6.6 SUMÁRIO
7. INICIATIVAS NTERNACIONAIS
O sector privado enfrenta problemas de corrupção pelo mundo todo, tanto na forma
de corrupção privada-privada como na forma de corrupção público-privada. Em todo o
seu trabalho a ACIS é um defensor forte da não repetição de trabalho que já tenha sido
feito. Ao invés, propomos tomar como lições outras experiências. Claro que, é sempre
necessário adaptar as experiências ao contexto em que operamos. A presente secção do
relatório concentra-se em iniciativas que consideramos interessantes e inovadoras e
aplicáveis ao contexto Moçambicano sem grandes custos.
Informação
No Brasil, a TI utilizou a rádio local como um instrumento poderoso de comunicação
de informação sobre corrupção. A campanha baseou-se em anúncios publicitários
simples e claros, incluindo rimas e peças teatrais memoráveis. Estas formam
disponibilizadas em CDs para as estações de rádio ao longo do País
Formação
Na Eslováquia a TI desenvolveu uma série de instrumentos de formação que criaram a
base para workshops de formação de participantes da sociedade civil e dos meios de
comunicação sobre a corrupção e o seu impacto. As representações criadas como parte
da formação foram depois transformadas em pequenos programas televisivos e peças
teatrais para as escolas. Os resultados das discussões foram depois adaptados para uma
série de palestras universitárias.
Outro instrumento por vezes utilizado por organizações, ou pelos seus clientes ou
patrocinadores é uma auditoria de transparência. As auditorias de transparência
descrevem um conjunto de tipos de auditorias e certificações e podem incluir auditorias
financeiras, de gestão e de sistemas. No caso de empresas, as auditorias de transparência
podem ser instrumentos úteis não apenas para demonstrar publicamente que a empresa
opera de modo transparente mas também como processos de formação para assistir a
empresa no desenvolvimento de apropriados sistemas internos.
Para além das vantagens em termos de vendas, as empresas que foram auditadas e
certificadas declaram que o próprio processo de certificação foi também muito benéfico
para as mesmas. O processo requer que as empresas observem minuciosamente os seus
processos internos e a forma como são geridas. As auditorias oferecem uma
oportunidade para a correcção de erros e a ênfase em auditorias regulares significa que
as empresas estão constantemente a esforçar-se para melhorar os seus produtos e
procedimentos. O processo de auditoria pode e certamente deve conduzir ao
desenvolvimento contínuo da própria empresa.
16
SuatainAbility Compass, disponível em www.sustainability.com (última consulta a 15 de Setembro de
2005).
Associação Comercial e Industrial de Sofala 146
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que na África do Sul o custo de prevenção de fraudes nas empresas é equivalente a 6%
das receitas totais.17
Uma auditoria de corrupção pode envolver uma examinação detalhada de áreas chave
de um sistema empresarial, tais como finanças e procurement – áreas identificadas como
sendo as mais prováveis de estar expostas à fraude, corrupção e ilegalidade. A auditoria
pode envolver o “teste” dos sistemas através de visitas secretas, de ofertas monitorizadas
de subornos a trabalhadores suspeitos de práticas corruptas, ou tentativas de “hacking”
nos sistemas informáticos.
17
Copper Forensic Investigations, disponível em www.forensicinvestigation.co.za (última consulta a 15 de
Setembro de 2005).
Outra forma que as empresas descobriram para o combate contra a corrupção são
através dos códigos de ética dos trabalhadores e a protecção de denunciantes. Como
num contrato entre empresas, os trabalhadores em violação do código de ética o que
constitui parte integrante do contrato de trabalho encontra-se também, na maioria das
jurisdições, em violação do contrato, permitindo a aplicação de processos disciplinares.
Se devidamente estruturados e geridos, os códigos de ética dos trabalhadores podem
criar graus de sanções para o comportamento não ético e podem ser utilizados con
confiança como base para a disciplina laboral.
A conformidade com o código deverá também trazer alguns benefícios para a empresa.
O código deve ser usado como prova de transparência o que ajudará a empresa a
assegurar a sua reputação e posição no mercado ou assegurar novos clientes. Os códigos
são instrumentos úteis quando respeitados.
As ilhas de integridade são uma das várias formas pelas quais grupos de empresas
trabalham juntas para demonstra a sua transparência. Por exemplo, os membros de
uma associação podem assinar e manter um código de princípios comun ou os
participantes em concursos podem assinar pactos de integridade.
7.6 SUMÁRIO
8. TABELAS COMPARATIVAS
18
Enquanto que a simplificação pode requerer reformas legislativas, a consciencialização é um passo
importante para assegurar que as reformas são feitas com base em discussões e são entendidas e
compreendidas.
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Questão fundamental Possível resposta Tipos de Exemplos de tipos de respostas
(Secção 5) (Secção 7) corrupção
Profissionalização dos Informação Público-privada Meios de comunicação, teatro,
serviços públicos19 campanhas nacionais,
observatórios, guiões
informativos
Remoção das oportunidades Informação Público-privada Meios de comunicação, teatro,
para a tomada de decisões Privada-privada campanhas nacionais,
discricionárias20 observatórios, guiões
Monitorização & informativos
educação Folhetos, páginas electrónicas,
guiões de procedimentos
Reforma radical do sistema Alternativas Público-privada Pactos de integridade, guiões
judiciário independentes informativos,
Folhetos, páginas electrónicas,
guiões de procedimentos, maior
uso das formas Alternativas de
Resolução de Disputas
Provisão de alternativas Alternativas Público-privada Pactos de integridade, esquemas
independentes21 independentes Privada-privada de protecção de denunciantes
Maior utilização das formas
Alternativas de Resolução de
Disputas
19
A profissionalização requererá um comprometimento contínuo por parte do governo. No entanto a
advocacia pelo sector privado e sociedade civil pode resultar na realização de reformas conduzidas pela
demanda.
20
Enquanto que a remoção da discricionariedade pode requerer reformas legislativas, a
consciencialização é um passo importante para assegurar que as reformas são feitas com base em
discussões e são entendidas e compreendidas.
21
Parcerias público privadas e privatização de serviços públicos podem representar efectivas alternativas
independentes. O controle independente de processos chave tais como procurement e a aplicação da
legislação anti-corrupção são também essenciais. O sector privado está bem posicionado para criar e
participar em organismos de controlo independente.
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Questão fundamental Possível resposta Tipos de Exemplos de tipos de respostas
(Secção 5) (Secção 7) corrupção
Fortalecimento de Fortalecimento de Público-privada Auditorias e certificação
confiança22 confiança Privada-privada
Um compromisso mostrável Fortalecimento de Público-privada Auditorias e certificação
à legalidade23 confiança Privada-privada
Aplicação da lei e Informação Público-privada Meios de comunicação, teatro,
responsabilização24 Privada-privada campanhas nacionais,
observatórios, guiões
Monitorização & informativos
educação Folhetos, páginas electrónicas,
guiões de procedimentos
Trust building Auditorias e certificação
Protecção e apoio às vitimas Alternativas Público-privada Pactos de integridade, esquemas
independentes Privada-privada de protecção de denunciantes
22
O sector privado deve criar confiança tanto entre os operadores do sector privado como entre o sector
privado e o governo e a sociedade civil.
23
É requerido de todas as partes, com claro comprometimento a partir do topo da hierarquia. O sector
privado está bem posicionado para usar os instrumentos disponíveis para implementar este compromisso
24
A responsabilização aplica-se a todos os envolvidos na corrupção. Requerer a capacidade de executar a
legislação existente de modo a assegurar que aqueles envolvidos são responsabilizados.
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Tipos de Definição do Possível Exemplos
corrupção Banco Mundial resposta
(Secção 4) (Anexo I) (Secção 7)
Comissões Sistemático, Informação Meios de comunicação, teatro,
suborno, roubo, campanhas nacionais, observatórios,
sector privado Formação guiões informativos
& educação Workshops, programas de ética,
Fortalecimento educação
de confiança
Alternativas Folhetos, páginas electrónicas, guiões
independentes de procedimentos
Auditoria e certificação
Pactos de integridade, esquemas de
protecção de denunciantes
Maior utilização de formas alternativas
de resolução de disputas
Subornos para Sistemático, Informação Meios de comunicação, teatro,
evitar multas subornos campanhas nacionais, observatórios,
Monitorização guiões informativos
& educação Folhetos, páginas electrónicas, guiões
Fortalecimento de procedimentos
de confiança Auditoria e certificação
Facilitação de Sistemático, Informação Meios de comunicação, teatro,
pagamentos subornos campanhas nacionais, observatórios,
Monitorização guiões informativos
& educação Folhetos, páginas electrónicas, guiões
de procedimentos
25
Esta questão geralmente não envolve o sector privado
Associação Comercial e Industrial de Sofala 155
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também visto como o motor do crescimento da economia nacional. Claramente, o
sector privado tem uma função importante a exercer no combate contra a corrupção.
Nós identificamos uma série de instrumentos que o sector privado pode utilizar no
combate à corrupção. O projecto do qual este relatório é parte procederá com a análise
destes instrumentos e de outros propostos pelos leitores do relatório. O projecto
avaliará a sua aplicabilidade e viabilidade como instrumentos para o sector privado em
Moçambique. A ACIS encoraja as empresas que desejam experimentar alguns dos
instrumentos discutidos acima a contactar-nos para informação adicional e apoio.
10 ANEXOS
ANEXO I
Definição de Corrupção do Banco Mundial
A função pública pode também ser abusada para benefícios pessoais mesmo quando
não esteja em causa o pagamento de subornos, através do patronato e nepotismo, do
roubo de bens públicos, ou do desvio de fundos públicos.
Prevalece outro tipo de equilíbrio, uma armadilha sistemática que incentiva fortemente
as empresas, indivíduos, e funcionários a conformarem-se com a corrupção e a não
combaterem o sistema. E podem haver graus diferentes de coordenação entre aqueles
que aceitam subornos, variando entre extorsão incontrolada por vários funcionários e
sistemas de colecta e distribuição de subornos muito bem organizados.
6. Em quanto estima que a corrupção lhe custa? E quanto aos custos indirectos tais
como a reputação da sua empresa?
13. Quais os assuntos principais que consideraria caso pensasse em participar? (custos,
benefícios, impacto na sua empresa, necessidade de demonstrar transparência etc.)
14. Quais as questões principais que o impedem de evitar a corrupção no seio da sua
empresa ou entre a sua empresa e terceiros, ou o Estado?
15. O que acha que deveria ser considerado na análise do “combate contra a
participação do sector privado na corrupção em Moçambique”?
ANEXO III
Revisão de legislação existente
No apresente anexo apresentamos uma revisão das áreas chave da legislação relevantes
para o relatório, as quais fundamentam as nossas recomendações. Certos aspectos da
legislação como por exemplo discricionariedade na tomada de decisões, falta de
transparência e aplicação não uniformizada podem permitir a infiltração da corrupção
em qualquer sistema. Estas questões com as quais o sector privado se depara
quotidianamente, mas é importante considerar que a criação de nova legislação nem
sempre é a solução. Moçambique tem um quadro legal vasto. A aplicação uniforme da
legislação existente seria um grande passo na resolução de problemas tais como o
comércio ilegal. Uma das recomendações do presente relatório é a disseminação e
aplicação uniforme da legislação existente.
a) LEGISLAÇÃO ANTI-CORRUPÇÃO
Resumo Básico
A principal legislação anti-corrupção é a Lei n° 6/2004 de 17 Junho (a “Lei 6/2004”), a
qual introduz mecanismos complementares de combate à corrupção, e o Decreto n°
22/2005 de 22 Junho (o “Decreto 22/2005”), o regulamento da Lei 6/2004, somente
publicado este ano.
Responsabilidades
A Lei 6/2004 estabelece que em caso de lesão dos interesses privado ou público como
resultado da acção ou omissão de funcionários do Estado, há lugar a indemnização
pelos danos causados.26 No entanto a lei não é clara relativamente à pessoa – o Estado,
o funcionário público ou outra pessoa – que tem a obrigação de indemnizar a vitima, e
como o processo de indemnização deve ser conduzido. A lei também prevê a devolução
a favor do Estado dos bens ou dinheiro ilicitamente adquirido por funcionários
públicos, mas não clarifica como os montantes serão calculados, incluindo a clarificação
se serão devolvidos na sua totalidade para o Orçamento do Estado ou se parte será
26
Lei 6/2004, Artigo 3, número 2.
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atribuída à pessoa que forneceu a informação que resultou na condenação do
funcionário envolvido.27
Os funcionários são responsáveis tanto pelas acções como pelas omissões.28 A inclusão
desta disposição é positiva, pois a omissão deliberada dos funcionários públicos das suas
obrigações – tal como a emissão atempada de uma licença ou a emissão de um recibo –
é uma forma comum para a extorsão de subornos do público.
Declaração de bens
Os funcionários públicos com funções com competências decisórias no Estado, na
administração autárquica e em empresas e instituições públicas, assim como os
representantes do Estado em empresas privadas participadas pelo Estado, têm a
obrigação de apresentar uma declaração dos bens e valores como condição da posse e
exercício das suas funções.29 Esta declaração é depositada no arquivo próprio do
serviço.30 Esta declaração deve ser actualizada anualmente e no momento em que o
servidor deixa o exercício da sua função.31 A declaração deve também ser requisitada a
qualquer momento em procedimentos disciplinares ou criminais.32
27
Ibid., número 3.
28
Ibid.
29
Ibid., Artigo 4, número 1.
30
Ibid.
31
Ibid., número 3.
32
Ibid., número 4.
Associação Comercial e Industrial de Sofala 167
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indicando categorias claramente definidas de bens. Para além de que, diferentemente
dos requisitos da Lei 6/2004, os requisitos de divulgação estabelecidos pela Lei 4/90 e
Lei 7/98 requeriam que os dirigentes superiores do Estado declarassem também uma
descrição do seu passivo em relação ao Estado, a instituições de crédito, e a outras
empresas, no país ou no estrangeiro.33 A Lei 7/98 faz referência a uma formulário
específico, supostamente anexado à própria lei, mas o qual nunca vimos.34 O Decreto
22/2005 apresenta em anexo tal formulário mas o mesmo não é detalhado quanto aos
seus requisitos.35
33
Lei 4/90, Artigo 3, número 1, alínea b), e Lei 7/98, Artigo 3, número 1, alínea b).
34
Lei 7/98, Artigo 3, número 5.
35
Decreto 22/2005, Artigo 2, número 3.
36
Lei 4/90, Artigo 3, número 2 e Lei 7/98, Artigo 3, número 2.
37
Lei 6/2004, Artigo 4, número 2.
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hierárquico do serviço público, o Presidente da Autarquia, Presidente do Conselho de
Administração ou de entidade equiparada das empresas e instituições públicas são
responsáveis pela guarda e sigilo das declarações, e declaração continua a não ser de
conhecimento público.38 Enquanto a declaração não for de acesso ao público será um
instrumento de uso limitado para monitorar a acumulação de riqueza – e a sua
potencial ligação a corrupção – dirigentes superiores do Estado.
38
Decreto 22/2005, Artigo 3.
39
Lei 6/2004, Artigo 4, número 4.
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Finalmente, o requisito contratual de apresentação de declaração de bens pode
também ser útil porque num futuro próximo a aprovação de uma lei de liberdade de
informação pode causar a disponibilidade de acesso da informação pelo público. Se e
quando tal acontecer, será vantajoso ter disponível o registo.
No entanto, a Lei 6/2004 não clarifica qual a garantia do cidadão se a resposta oral
não for reduzida a escrito dentro do prazo estipulado. Talvez a nulidade da decisão, ou
o direito de recursos directo para o tribunal administrativo ao abrigo de um
40
Ibid, Artigo 5.
41
Decreto 30/2001, Artigo 15.
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procedimento simplificado, seria útil. Esta é uma questão técnica que requer um estudo
adicional.
Actos de Corrupção
A Lei 6/2004 distingue entre tipos diferentes de corrupção puníveis por lei tais como
corrupção passiva por acto ilícito, corrupção passiva por acto lícito, corrupção activa e
participação económica em negócios.42 Para cada um destes casos a Lei 6/2004 não
clarifica que actos se qualificam como corrupção passiva ou activa. Quando enumera
algumas circunstâncias que se qualificam como actos corruptos, conforme prevê o
número 3 do Artigo 7, não especifica se a lista é exemplificativa ou exaustiva. O
resultado líquido é a dificuldade de processar alguém pelo cometimento de actos
corruptos. A falta de esclarecimento do que são actos de corrupção também dificulta o
uso da lei por parte do público. Uma lista exemplificativa poderia ajudar os cidadãos
sobre a classificação de actos corruptos e daqueles que podem ser criminalmente
processados. Tal lista poderia ser estabelecida através de um guião às leis anti-corrupção
em Moçambique.
Procedimentos Anti-Corrupção
O Artigo 12 da Lei 6/2004 resume o processo através do qual um cidadão requer a
instauração de um processo de investigação de actos de corrupção.
42
Lei 6/2004, Artigos 7 a 10.
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Similarmente, deve ser clarificado que o queixoso tem direito a uma cópia do
requerimento, de modo a procurar a sua persecução perante outras autoridades. Por
exemplo, se a polícia recusar a instauração do processo, o requerimento, submetido
pelo queixoso, permitirá que o Ministério Público avalie o caso e decida, conforme a
sua opinião, se a investigação está ou não autorizada.
43
DL 35 007, Artigo 2, números 1 e 3.
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capacidade de persecução criminal de instituições como a Inspecção-geral das Finanças,
(“IGF”) ou outras instituições autorizadas pelo DL 35 007, pelo menos em certas
situações.
Relativamente a esta questão notamos que este poder pode ser interpretado, apenas
especulativamente, como sendo aplicável ao Provedor da Justiça, estabelecido pela
Constituição de 2004, pelos Artigos 256 a 261. Esta importante disposição
constitucional tem ainda que ser regulada. Imaginemos o efeito de um Provedor de
Justiça que tem poderes para instaurar uma acção criminal caso o Ministério Público
não tenha agido dentro de determinado prazo. Lembremo-nos que, contrariamente a
outros órgãos do Governo, o Provedor de Justiça não é escolhido pelo Poder
Executivo; o Provedor de Justiça é elegido por maioria de dois terços da Assembleia da
Republica, pelo tempo que a Assembleia determinar. 44
44
Constituição de 2004, Artigo 257.
45
DL 35 007 de 13 de Outubro de 1945, Artigo 4, número 5.
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instrução contraditória, submetendo provas e requerendo a continua persecução pelo
juiz; e apelando uma decisão pelo juiz, mesmo que o Ministério Público não o faça.46
46
Ibid., Artigo 4, número 2, cláusulas 1-3.
47
Lei 6/2004, Artigo 13, número 1.
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que violarem esta disposição serão punidos com pena de prisão até seis meses e um mês
de multa.48
Esta protecção legal constitui uma inovação da lei, no entanto, deveria especificar
também em que instituição o denunciante pode reportar uma reclamação se o mesmo
for perseguido, e que o denunciante tem direito a receber uma indemnização da pessoa
que o perseguir, para além da pena de prisão e multa. Seria também útil a inclusão de
multas aplicáveis às pessoas que intencionalmente revelarem a identidade dos
denunciantes.
Denúncia de má fé
A Lei 6/2004 prevê como crime, punido com pena de prisão até seis meses e multa, a
denúncia de corrupção contra um funcionário público quando o denunciante sabe que
tal indivíduo é inocente.49 Prevê ainda que o denunciante ou queixoso de má fé estão
sujeitos a indemnizar o denunciado por danos materiais e morais.50
Este Artigo é útil na medida em que encoraja o abuso da Lei 6/2004. Esperou-se que o
regulamento exigisse um nível de conhecimento necessário para se considerar um
denunciante de má fé: o denunciante deve saber e afirmar sem dúvida que as pessoas
que denunciou são inocentes. Uma exigência inferior pode intimidar os denunciantes
devido ao risco de responsabilidade. Infelizmente o Decreto 22/2005 é silencioso
quanto a esta questão.
48
Ibid., número 2.
49
Ibid., Artigo 14, número 1.
50
Ibid., número 2.
51
Não limita no entanto a iniciativa de persecução de actos criminosos ao abrigo da Lei 6/2004 do
Ministério Público. A definição desta iniciativa continua ao abrigo do DL 35 007.
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prática ou não de um acto corrupto; realização de vários tipos de investigação com
respeito a actos ou procedimentos administrativos no âmbito da relação entre a
Administração Pública e o sector privado; e proposta de medidas para a diminuição dos
crimes previstos pela Lei 6/2004.52
Este artigo conduz-nos de novo para um tema por nós acima mencionado. É
melhor que os órgãos do Governo compitam nas acções contra a corrupção – tanto na
prevenção como na persecução – do que ter um único órgão com o monopólio legal
sobre a actividade. Isto mostra-se especialmente verdade porque o Procurador-geral
serve a vontade do Presidente da República, e, como veremos de seguida, o director do
GCCC responde ao Procurador-geral. Por outras palavras, o GCCC não está
efectivamente isolado da pressão política do Poder Executivo. Eis então a necessidade
de desenvolvimento de recursos anti-corruptção, incluindo recursos legais, fora do
GCCC mesmo que ao GCCC sejam atribuídos mais recursos para a realização das suas
funções.
52
Lei 6/2004, Artigos 16 e 17.
53
Ibid., Artigo 19.
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ultrapassa a aplicação da lei per se, e engaja a sociedade como um todo para o objectivo
principal. De facto, a criação de uma comissão de interessados seria consistente com as
medidas preventivas que Moçambique se comprometeu a prosseguir contra a
Corrupção ao abrigo dos termos do Protocolo da SADC.54
54
Resolução nº 33/2004 de 9 de Julho, através da qual Moçambique ratificou o Protocolo.
55
Lei 6/2004, Artigo 21.
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pode contratar uma auditoria externa para rever o trabalho do auditor e, caso o auditor
externo descubra indícios de corrupção que não tenham sido mencionados no relatório
escrito e entregue ao GCCC, consequências advirão. Essas consequências podem
incluir a perda do direito de pagamento pelos doadores aos auditores, e instauração da
competente acção conforme o Artigo 21, número 4.
ABC56, Lda.57
Av. Nelson Mandela 172 Nome61___________________________________
Chimoio
Moçambique58 Endereço62__________________________
Tel: (258-51) 22 369
Fax: (258-51) 22 37059 NUIT63:____________________________
NUIT: 700006987160
Data: ______de________de 200___64 FACTURA Nº: 219465
Quant Descrição Preço Unitário Total
10 AAAAA 10.000 100.00066
56
Nome completo da empresa
57
Tipo de sociedade:- Lda, SARL
58
Endereço completo da empresa
59
Não constituindo um requisito legal todos os detalhes da empresa podem ser identificados e.g endereço
electrónico, página electrónica etc.
60
Número Único de Identificação Tributária (NUIT) deve ser identificado
61
Nome complete do cliente
62
Endereço completo do cliente
63
Número Único de Identificação Tributária (NUIT) do cliente
64
Data de emissão da factura
65
Todas as facturas devem ser enumeradas em sequência
66
Quantidade, descrição completa e preço individual liquido anterior ao IVA
67
Apenas incluído se a empresa vender bens ou serviços a empresas isentas de IVA
68
As facturas são geralmente manuscritas. Se forem emitidas electronicamente, este facto deve ser registado na
factura. O sistema usado para processar as facturas deve ser inspeccionado e aprovado pelo Ministério das Finanças.
69
Nome da papelaria, autorizada pelo governo, que imprimiu as facturas (apenas para as facturas manuscritas)
70
Endereço complete da papelaria (ou sede)
71
Número Único de Identificação Tributária (NUIT) da papelaria que imprimiu as facturas
72
Número de autorização do governo da papelaria que imprimiu as facturas
73
Número dos livros de factura imprimidos, o formato e o número de sequência das facturas. Este modelo ilustra 50
livros de facturas, 3 cópias de cada uma das facturas, 50 facturas por livro, facturas de número 2000 a 4500. Este
detalhe nem sempre é requerido Algumas Direcções Provinciais das Finanças requerem enquanto que outras não.
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