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APOSTILA

Direito Administrativo | 8ª ed.

SUMÁRIO

1. DIREITO ADMINISTRATIVO 5

2. LEGISLAÇÃO BÁSICA 6

3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 7

4. FUNÇÕES/ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 8

5. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 9

OUTROS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 11

PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS 11

6. ATOS ADMINISTRATIVOS 13

ELEMENTOS 13

Vícios 16

EXTINÇÃO 18

FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO 18

DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO 20

ATO ADMINISTRATIVO VINCULADO 20

ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO 20

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 21

SUJEITOS DO ATO DE IMPROBIDADE 22

TIPIFICAÇÃO DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 24

7. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 32

ÓRGÃOS PÚBLICOS 38

TERCEIRO SETOR 38

8. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 39

9. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 43

MEIOS DE INTERVENÇÃO 44

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DESAPROPRIAÇÃO 46

10. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL DO ESTADO 48

11. LICITAÇÃO 50

DEVER DE LICITAR 51

PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO 51

PRINCÍPIOS CORRELATOS 53

TIPOS DE LICITAÇÃO 54

FASES DA LICITAÇÃO 54

FASE INTERNA 55

FASE EXTERNA 55

DESEMPATE NAS LICITAÇÕES 56

MODALIDADES DE LICITAÇÃO 57

PREGÃO 59

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO 60

ASPECTOS GERAIS 61

PRINCÍPIOS NA NOVA LEI DE LICITAÇÕES 61

TIPOS DE LICITAÇÃO 63

MODALIDADES DE LICITAÇÃO 64

FASES DA LICITAÇÃO 65

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO 68

12.1 Contratos conforme lei nº 8.666/93 69

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL 70

ESPÉCIES 70

FORMALIDADE 70

CLÁUSULAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 71

CONTRATOS DE TERCEIRIZAÇÃO 73

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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE 73

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS X CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO 76

13. BENS PÚBLICOS 83

14. AGENTES PÚBLICOS 84

15. PROCESSO ADMINISTRATIVO NA ÁREA FEDERAL 91

16. CONCURSO PÚBLICO 96

17. ESTATUTO DA CIDADE 98

18. LEI ANTICORRUPÇÃO (Lei nº 12.846/13) 98

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1. DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceitos iniciais

Direito Administrativo: ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
jurídicas administrativistas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não
contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza
pública.

Estado: pessoa jurídica de direito público interno, com capacidade de adquirir direitos e
obrigações.

Estado de Direito: o Estado cria leis e, ao mesmo tempo, submete-se a elas.

Elementos do Estado: Povo, Território e Governo Soberano. São indissociáveis e indispensáveis


para o Estado independente.

Poderes do Estado: estão previstos no art. 2º da CF/88, quais sejam, Executivo, Legislativo e
Judiciário.

Formas de Estado: estado unitário (ex.: Uruguai) ou federado (ex.: Brasil).

Governo: é o conjunto de Poderes e órgãos responsáveis pela função política do Estado, de


comando, direção e fixação de diretrizes e planos para a atuação estatal.

Formas de Governo: República (eletividade, temporariedade e dever de prestar contas) ou


Monarquia (hereditariedade, vitaliciedade e ausência do dever de prestar contas).

Sistema de Governo: Presidencialismo (ex.: Brasil) ou Parlamentarismo (ex.: Inglaterra).

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Administração Pública

2. LEGISLAÇÃO BÁSICA
● Constituição Federal – Arts. 37 a 41;
● Código Civil - Arts. 43, 949-952 (Responsabilidade Civil do Estado) e arts. 98-103 (Bens Públicos);
● Lei 4.132/62 - Dispõe acerca da desapropriação por interesse social (vide principalmente arts. 1º ao
5º);
● Decreto-Lei 3365/41 - Dispõe acerca da desapropriação por utilidade pública (vide principalmente
arts. 3º-7º, 10º, 11, 15-15B, 20 e 35);
● Lei 9.784/99 – Lei que rege o Processo Administrativo Federal (vide especialmente os arts. 13 e 53 a
55);
● Lei 8.666/93 – Lei de Licitações e Contratos (vide especialmente os arts. 3, 17, 24, 25 e 58);
● Lei 14.133/2021 - Nova Lei de Licitações e Contratos (vide especialmente os arts. 5º, 11, 17, 28, 72 a
76 e 104);
● Lei 8.112/90 – Estatuto dos Servidores Civis da União (vide especialmente os arts. 8 e ss);
● Lei 8.987/95 – Concessões e Permissões de Serviços Públicos (vide especialmente os arts. 6, 35 e ss);
● Lei 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa, com alterações da Lei 14.230/21;
● Lei 12.232/10 – Licitação para contratação de Agências de Propaganda/Publicidade (vide
especialmente o art. 2º).
● Lei nº 11.079 - Trata acerca das PPPs - Parcerias Público-Privadas (vide especialmente os arts. 2º, 4º,
6º,8º, 9º e 13).

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3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


O regime a que se submete a Administração Pública é o de observar as normas de caráter
público, cuja finalidade única dos atos praticados pelo Administrador Público deve atender
precipuamente ao interesse da coletividade.

As normas de natureza pública tanto podem conferir prerrogativas quanto sujeições à


Administração Pública.

Prerrogativas: concede ao Agente Público o Poder de Polícia, isso é, o poder que o Administrador
Público possui de coagir os administrados a aceitarem a imposição da vontade do Estado através
de uma limitação ao direito subjetivo do particular.

Sujeições: a emissão dos atos administrativos devem se vincular à finalidade pública, sob pena
de serem declarados nulos de pleno direito, em virtude de uma ilegalidade que causa um vício
insanável na formulação do ato, de modo a comprometer toda a sua estrutura.

Portanto, o regime jurídico administrativo está fundamentado sob os princípios da:

● Supremacia do interesse público sobre o privado;


● Indisponibilidade do interesse público.

Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Particular constitui o requisito basilar da


Administração Pública, e significa que o interesse da coletividade se sobrepõe ao interesse do
particular. Exemplos disso são as desapropriações, quando o interesse público prevalece ao
interesse de propriedade assegurado ao particular, ressalvando-se o direito à indenização
prevista em lei. É conhecido também como princípio da finalidade pública.

Indisponibilidade do interesse público quer dizer que o interesse público é indisponível e


irrenunciável. Assim, os bens, direitos, interesses e serviços públicos não se acham à livre
disposição  dos órgãos públicos, ou  do agente público, mero gestor da coisa pública, a quem
apenas cabe curá-los e aprimorá-los para a finalidade pública a que estão vinculados. O detentor
desta disponibilidade é o Estado. Por essa razão, há necessidade de lei para alienar bens e
outorgar a concessão de serviços públicos. "Serão observados critérios de atendimento a fins de

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interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial  de poderes ou competências, salvo


autorização em lei" (Lei 9.784/99, parágrafo único, II). 

O que seria interesse público? Ele é um conceito jurídico indeterminado. Todavia, a


doutrina traz importante distinção entre interesse público primário e secundário.
Vejamos:

a) Interesse público primário: são os interesses diretos do povo, os interesses gerais


imediatos;
b) Interesses públicos secundários: (i) interesses próprios do Estado, na qualidade de pessoa
jurídica, de caráter meramente patrimonial (aumentar receitas ou diminuir gastos); e (ii) os
atos internos de gestão administrativa.

DICA: o interesse público secundário só será legítimo quando não contrariar o


interesse público primário.

4. FUNÇÕES/ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS
Os três poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário), executam as funções:

● Função administrativa;
● Função legislativa;
● Função jurisdicional.

Essas funções são típicas e atípicas:

A função típica/principal/própria do poder legislativo é a de legislar. Porém, às vezes, o poder


legislativo é atípico/secundário/impróprio, como, por exemplo, quando do julgamento feito pelo
poder legislativo no caso de impeachment.

A função típica do judiciário é a jurisdicional. Porém, também pode exercer função atípica, como,
por exemplo, a administrativa, como quando ocorre no caso de servidor requerendo férias.

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O executivo pode exercer função atípica do legislativo, como, por exemplo, ocorre em medida
provisória.

O direito administrativo rege toda e qualquer atividade de administração, seja ela do Executivo, do
Legislativo ou do Judiciário, já que os dois últimos poderes também exercem atipicamente
atividades administrativas. Exemplos: legislativo contratando servidores, judiciário licitando para
celebração de contratos.

Assim, a função administrativa tem por objetivo realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado, que são aqueles expressos em lei, ou seja, frutos da atividade legislativa.

5. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Os princípios da Administração Pública estão prevista no artigo 37 da Constituição Federal:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998).

DICA: lembre-se do mnemônico LIMPE - Legalidade, Impessoalmente, Moralidade,


Publicidade e Eficiência.

Legalidade: administração pode fazer apenas o que a lei permite ou determina. O silêncio da lei
ou a ausência da lei para a Administração significa uma proibição. É o princípio basilar para
concretização do Estado de Direito.

¹Legalidade (agir conforme a lei) X Legitimidade (observar também os demais


princípios).

²Restrições à legalidade: estado de defesa, estado de sítio e medidas provisórias.

Impessoalidade: proibição de discriminação ou privilégio. Objetividade na defesa do interesse


público. Igualdade de tratamento aos administradores e neutralidade do agente. Instrumentos
previstos na CF: licitação e concurso público.

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Moralidade: o princípio da moralidade deve ser entendido como a obrigação que o administrador
público tem de pautar sua conduta em estreita observância da lei e das regras constantes em
regulamentos e códigos de ética da própria Administração Pública.

A improbidade é chamada de imoralidade administrativa qualificada pelo enriquecimento ilícito,


prejuízo ao erário ou ofensa aos princípios da administração pública.

Ex.: a Súmula Vinculante nº 13 do STF traz a vedação ao nepotismo.

Publicidade: trata-se de uma exigência constitucional que tem como principal objetivo tornar
transparentes os atos do administrador público para a sociedade. Aos atos da administração
pública deve ser dada ampla divulgação, de forma que o administrado possa cumprir a
determinação ou impugná-la. A Administração Pública deve dar ampla divulgação de seus atos,
programas, contratos, obras etc. Publicidade é diferente de publicação. Publicar é uma das
formas de se dar a publicidade.

A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito constitucional de acesso às informações


públicas.

Eficiência: inserido pela Emenda Constitucional 19/98 como princípio expresso da melhor atuação
possível diante dos recursos disponíveis. Exigência de rendimento funcional. O princípio da
eficiência está ligado ao resultado.

ATENÇÃO: Nenhum princípio é absoluto! A FGV já cobrou uma questão tentando


induzir o candidato a erro ao afirmar que, em nome da eficiência, um servidor público
poderia ignorar o disposto na lei (princípio da legalidade). Ele não pode! O princípio da
eficiência tem como limite o princípio da legalidade.

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OUTROS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Celeridade processual: duração razoável dos processos judicial e administrativo (CF/88, art.5º,
inc. LXXVIII).

Participação: a lei deve garantir participação do usuário na administração.

Contraditório: a Constituição previu este princípio para que as duas partes, num litígio, tenham
ciência do que está sendo tratado em juízo. É aplicado a todos os processos administrativos,
punitivos ou não punitivos (CF/88, art. 5º, LV).

Ampla defesa: é o direito de se defender do que tomou ciência, utilizando-se de todos os meios
lícitos.

Devido processo legal: é aplicável aos seus dois aspectos – formal (necessidade do cumprimento
de um rito para tomada de uma decisão) e legal material (obriga a administração a adotar uma
decisão adequada).

PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS

Embora não estejam previstos na Constituição, são reconhecidos e aplicáveis à Administração


Pública. São eles:

Princípio da autotutela1: trata-se de um controle interno. É a administração pública controlando os


seus próprios atos, sem necessidade de ordem judicial, com a finalidade de poder corrigir atos
eivados de vício de ilegalidade (anulação), ou ainda, por conveniência e oportunidade
(revogação). Tal atuação pode ocorrer mediante provocação ou ofício e não afasta eventual
controle judicial (o que só ocorre mediante provocação e se restringe a analisar a legalidade dos
atos vinculados ou discricionários).

Vide Súmulas 3462 e 4733 do STF.

1
Lei n. 9.784/99. “Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vícios de legalidade e
pode revogá-los por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.
2
STF. Súmula 346. A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
3
STF. Súmula 473. A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

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Princípio da obrigatória motivação: dever de explicação escrita dos pressupostos de fato e de


direito. Facilita o controle da legalidade e da moralidade. Tanto as decisões discricionárias quanto
as vinculadas devem ser motivadas.

A exoneração de ocupante de cargo de comissão ou função de confiança dispensa


motivação, por expressa disposição constitucional (art. 37, inc II da CF/88).

Princípio da razoabilidade e proporcionalidade: de acordo com o princípio da razoabilidade, a


administração deve agir com moderação e bom senso.

Quanto ao princípio da proporcionalidade, este significa o dever de adequação entre meios e fins
no que diz respeito à aplicação de punições.

Com a finalidade de punir alguém, a administração não pode usar um meio


inadequado. Uma sanção muito grave é um meio inadequado para punir uma conduta
leve.

Princípio da Segurança Jurídica: possui o aspecto objetivo de buscar a estabilidade das relações,
respeitando as situações consolidadas no tempo e amparadas pela boa-fé do cidadão, vedando
decisões surpresas que venham a prejudicar o administrado. Atua como limitador da autotutela e
do princípio da legalidade.

Ex.: prescrição, decadência, proteção do ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada.

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6. ATOS ADMINISTRATIVOS

“É toda manifestação unilateral da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por
fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria” (Hely Lopes Meirelles).

ELEMENTOS

Os elementos essenciais à formação do ato administrativo são:

● Competência;
● Finalidade;
● Forma;
● Motivo;
● Objeto.

DICA: lembre-se do mnemônico ComFiForMOb - Competência, Finalidade, Forma,


Motivo, Objeto.

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Competência: é o poder atribuído ao agente4 para o desempenho específico de suas funções.


Quando este atua, mas é incompetente para fazê-lo, ocorre outra modalidade de Abuso de Poder,
chamada de Excesso de Poder, violando o elemento do ato, a competência.

Exemplo: agente da Polícia Militar que atua fora da sua circunscrição viola competência no que
diz respeito ao requisito territorialidade.

Pode ser delegada e avocada, desde que não exista impedimento legal.

A delegação consiste na transferência de funções de um agente a outro,


normalmente de plano hierárquico inferior. Já a avocação é o ato pelo qual a
autoridade hierarquicamente superior chama para si o exercício de funções que a norma
originariamente atribui a um subordinado.

Finalidade: é o objetivo de interesse público a ser atingido. Decorre do princípio da


impessoalidade e é um elemento vinculado. A finalidade do ato é aquela que a lei indica explícita
ou implicitamente. Os atos serão nulos quando satisfizerem pretensões que não coincidem com o
interesse público. A alteração da finalidade caracteriza desvio de poder, conhecido por desvio de
finalidade.

Tredestinação é a alteração da finalidade, podendo esta ser lícita ou ilícita.

Exemplo: caso de desapropriação de um terreno para construir uma escola, mas, por causa de
uma enxurrada, constrói-se um hospital em seu lugar. Nesse caso, ocorreu o que a doutrina
denomina de Tredestinação Lícita. Embora o objeto do ato tenha sido alterado, o ato continuou a
atender ao interesse público.

No entanto, sempre que a finalidade mediata (genérica) for violada, ou seja, o interesse público
não for atendido, surgirá um Abuso de Poder na modalidade Desvio de Poder, também chamado
de Desvio de Finalidade, exsurgindo a figura da Tredestinação Ilícita, ocasião em que o objeto foi
alterado e o interesse público violado.

Exemplo: desapropria-se um terreno para construir uma escola, no entanto, em vez disso,
vende-se o terreno para um particular. Nesse caso, o objeto do ato foi alterado no sentido de
violar o interesse público.

4
Agente é aquele que pratica o ato.

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Forma: é  o revestimento exteriorizador do ato. Enquanto a vontade dos particulares pode


manifestar-se livremente, a da Administração exige forma legal, isso é, forma escrita.

Excepcionalmente existem:

● Atos Administrativos Visuais - (Sinal de Tráfego – Placas de Trânsito – Faixas de Pedestre,


entre outros);
● Atos Administrativos Sonoros (Apito do Agente de Trânsito – Sirenes de Ambulâncias e
Polícia).

Motivo: é  a situação de fato ou de direito que determina ou autoriza a realização do ato


administrativo. Pode vir expresso em lei (vinculado), como pode ser deixado ao critério do
administrador (discricionário).

Teoria dos Motivos Determinantes: quando a Administração motiva o ato, sendo ou não
obrigatória a motivação, ele só será válido se esses motivos forem verdadeiros. Sendo assim,
caso seja comprovada a não ocorrência da situação declarada (pressuposto de fato), ou a
inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei (pressuposto de direito), o ato
será nulo.

Exemplo: dispensa de um servidor ocupante de cargo em comissão. A CF/88 diz  que o cargo em
comissão é aquele declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Portanto, não há
necessidade de motivação5 do ato exoneratório, mas, se forem externados os motivos, o ato só
será válido se os motivos forem verdadeiros.

Objeto: é o conteúdo do Ato. Todo ato administrativo produz um efeito jurídico.

Exemplo: no ato de demissão de servidor, o objeto é a quebra da relação funcional do servidor


com a Administração Pública.

5
Motivação se trata da exigência de explicitação, ou seja, de enunciação dos motivos. Todas as decisões tomadas
pela Administração devem (poder/dever) ser fundamentadas de maneira clara a entender quais as razões
que levaram à expedição daquele determinado ato.
Exceções ao Princípio da Motivação: A Exoneração ad nutum, que se refere àquela aplicável aos
ocupantes de cargo em comissão, prescinde de motivação. Entretanto, se a Administração motivar ato que
poderia não ser motivado, estará vinculada aos motivos que explicitou. Os motivos vinculam todo o ato e, se
não forem respeitados, o ato poderá ser apreciado pelo Judiciário (Teoria dos Motivos Determinantes). Ex.:
agente destituído por improbidade (esta deverá ser provada).

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Vícios

ATRIBUTOS

Em regra, todo Ato Administrativo tem os seguintes requisitos:

● Presunção de Legalidade;
● Presunção de Legitimidade;
● Presunção de Veracidade;
● Autoexecutoriedade;
● Imperatividade/Coercibilidade;
● Tipicidade.

DICA: utilize o mnemônico 3PATI.

Presunção de Legalidade: o ato está de acordo com a lei, presunção relativa iuris tantum.

Presunção de Legitimidade: todo ato está de acordo com o interesse público.

Presunção de Veracidade: o ato está embasado na verdade. É por isso que o agente público não
reconhece firma: ele possui Fé Pública.

Em decorrência desse princípio, há presunção relativa de veracidade dos atos


administrativos e consequente inversão do ônus da prova.

Ex.: multa de trânsito. Aqui, cabe ao administrado provar que não cometeu determinada infração.

Autoexecutoriedade: o ato administrativo pode ser praticado e produz seus efeitos regulares sem
autorização do Judiciário, desde que haja previsão legal e/ou comprovada urgência .

Ex.: carro rebocado por estacionar em local proibido (coerção direta) e multa (coerção indireta).

Exceção: multa resistida. Nesse caso, não pode ser cobrada pela Administração. É necessário
que o Judiciário seja provocado, perdendo, assim, sua autoexecutoriedade.

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Ex.: a multa por estacionar em local proibido é apenas exigível, já o ato de rebocar o veículo que
está obstruindo a rua é executório.

Imperatividade/Coercibilidade: o Ato Administrativo não se configura como um pedido, mas como


ordem, e deve ser cumprido independentemente da vontade do particular. Ex: Agente Sanitário.

Exceções: Atos de Gestão – Atos Declaratórios e Atos Negociais.

Tipicidade: o administrador só poderá agir em consonância com o previamente estabelecido em


lei.

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EXTINÇÃO

A extinção do ato administrativo se dá por:

● Anulação;
● Revogação;

A anulação ou invalidação de atos ilegais produz efeitos ex tunc. O agente, identificando erro ou
irregularidade, deve fazer algo (princípio da supremacia do interesse público e indisponibilidade
do interesse público).

De acordo com o art. 54 da Lei 9.784/99, decai em 5 anos (cinco) o direito da administração para
anular atos, salvo em casos de má-fé.

A revogação de atos inconvenientes ou inoportunos produz efeitos ex nunc, isso é, tem efeitos
desde o ato revogatório em diante. A revogação pressupõe um fato novo e precisa ser motivada.

ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
Fundamento Ilegalidade Conveniência e
Oportunidade
Titularidade ▪ Administração por Só a Administração Pública
iniciativa própria ou
provocada por
terceiros
▪ Judiciário
Efeitos da decisão Ex tunc – seus efeitos Ex nunc – a decisão não
retroagem até o momento em retroage, não interfere no
que o ato foi editado passado
Prazo 05 (cinco) anos Não há prazo para
revogação

FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

Cinco são as forma de extinção de um ato administrativo:

● Pelo cumprimento de seus efeitos ou advento do termo (forma natural);


● Pela perda do sujeito (sujeito da relação jurídica constituída pelo ato);
● Pela perda do objeto (objeto da relação jurídica constituída pelo ato - extinção objetiva);
● Renúncia (beneficiário do ato renuncia ao direito constituído pelo ato);

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● Retirada (administração pratica outro ato que retira o primeiro).


A retirada é uma forma de extinção de um ato administrativo ocasionada pela prática de outro ato
administrativo que retira do mundo jurídico o primeiro. A retirada apresenta cinco fundamentos
distintos:

Caducidade: a caducidade é a retirada do ato administrativo em virtude de norma superveniente.


Trata-se da hipótese da edição de norma jurídica que torne inadmissível a situação antes
permitida pela norma anterior. Dessa forma, o ato administrativo editado com base na norma
anterior deve ser retirado do mundo jurídico.

Cassação: a cassação é a retirada do ato administrativo em virtude do descumprimento, por parte


do beneficiário do ato, de algum de seus requisitos previamente estabelecidos por lei. O
beneficiário do ato, ao descumprir algum dos requisitos determinados pela lei, tornou impossível a
continuidade da situação jurídica permitida pelo ato.

Contraposição: também conhecida pela denominação "derrubada", a contraposição é a retirada


do ato administrativo em virtude da edição de outro ato com efeitos contrapostos.

Trata-se de dois atos administrativos diferentes, que geralmente se fundam em competências


diversas e têm efeitos contrapostos.

Exemplo: nomeação e exoneração de um servidor público - o efeito posterior derruba o efeito do


ato anterior.

Anulação ou Invalidação: a anulação, também conhecida por invalidação, é a retirada do ato


administrativo com base em critérios de legalidade.

Trata-se da retirada do ato administrativo tendo em vista o reconhecimento de sua ilegalidade.

Revogação: a revogação é a retirada do ato administrativo com base em critérios de oportunidade


e conveniência, ou seja, trata-se da retirada do ato administrativo tendo em vista o
reconhecimento de sua inoportunidade e inconveniência.

Diferentemente da anulação, trata-se de um ato legal, mas que, por motivos de conveniência e
oportunidade, a administração deseja a retirada do ato administrativo.

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DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

Para tornar possível o desempenho da função administrativa, a administração pública é dotada de


certos poderes que lhe conferem uma posição de supremacia sobre os administrados.

ATO ADMINISTRATIVO VINCULADO

Todos os elementos são vinculados.

Visando a coibir eventuais abusos ou arbitrariedades, estes "poderes especiais" encontram-se


estritamente vinculados à lei (princípio da legalidade) que ora os restringem, ora os ampliam.

A conduta do administrador público, na maioria dos casos, não é livre, mas sim regrada por
normas específicas que lhe determinam quando, como e de que forma de agir.

Quando a conduta do administrador encontra-se totalmente regulada pela lei, dizemos que o
poder da administração é vinculado.

O ato administrativo vinculado ocorre na hipótese em que o ordenamento jurídico estabelece


todas as condições para a prática do ato administrativo, não havendo liberdade de escolha.

ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO

Existem casos em que a lei não estabelece todas as condições para a prática do ato
administrativo, assegurando ao administrador certa margem de escolha para a prática do ato.

Nesses casos, em que a conduta do administrador não se encontra totalmente regulada pela lei,
havendo a possibilidade de que, diante do caso concreto, o administrador decida pela opção mais
viável, dizemos que o poder da administração é discricionário.

Isso não quer dizer, entretanto, que a escolha do administrador será totalmente livre. Eis que
também, nesse caso, o critério a ser utilizado encontra-se regulado na lei. Ou seja, a escolha do
ato administrativo irá obedecer a critérios de oportunidade, conveniência e justiça os quais, em
seu conjunto, deverão atender ao interesse público.

A discricionariedade deve observar os limites e condições estabelecidas pela lei e existe nas
seguintes hipóteses:

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a) quando a lei expressamente diz, ou seja, quando a lei confere ao administrador a


possibilidade de escolha;
b) quando a lei é omissa, ou seja, quando a lei não é capaz de prever todas as situações
concretas a serem enfrentadas pela administração;
c) quando a lei atribui uma competência, mas não diz como exercê-la.

Toda autorização é ato administrativo discricionário.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A improbidade administrativa abrange atos de grave desonestidade e ineficiência funcional.

Conceito:

São considerados atos de improbidade administrativa os atos administrativos, as condutas


dolosas, sejam elas omissivas ou comissivas, que importem em enriquecimento ilícito, que gerem
prejuízo ao erário público, que concedam, apliquem ou mantenham benefício financeiro ou
tributário contrário ao que dispõem o caput e o §1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de
31 de julho de 2003, ou que atentem contra os princípios da Administração Pública.

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#SELIGA: Após a Lei nº 14.230/21, condutas culposas não podem mais ser consideradas atos de
improbidade administrativa.

#NOVIDADE: Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência


interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo que não venha
a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder
Judiciário.

#IMPORTANTE: A Lei de Improbidade administrativa aplica-se apenas a pessoas físicas.

A Constituição da República de 1988 trata da improbidade administrativa no art. 37, §4º -


elencando as sanções impostas à prática de ato de improbidade administrativa.

Contudo, é a lei nº 8.429/92 que trata diretamente da improbidade administrativa, definindo seus
sujeitos, o ato de improbidade, as penalidades cabíveis e a ação judicial aplicada à prática do ato
de improbidade, de forma esclarecedora e bem definida.

Regime Jurídico:

A improbidade administrativa tem um regime jurídico próprio, submetendo-se ao direito


administrativo sancionador, que a tutela, definindo os ilícitos e cominando as sanções por meio da
lei nº 8.429/92. Importante destacar que as sanções constantes nessa lei são de natureza civil.

SUJEITOS DO ATO DE IMPROBIDADE

Antes de adentrar nesse tema, faça a leitura do art. 1º da Lei 8.429/92.

Sujeitos Passivos:

a) a administração direta, indireta ou fundacional (ou seja, Autarquias, Fundações Públicas e


Privadas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e do Território;

b) a empresa incorporada ao patrimônio público ou entidade para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual;

c) o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de


órgão público e entidades para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual.

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Sujeitos Ativos:
✓ os agentes públicos, servidores ou terceiros.

Agentes públicos são considerados todos aqueles que, definitiva ou transitoriamente, com ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação, ou seja, qualquer forma de
investidura ou vínculo, exercem alguma função pública (mandato, cargo, emprego) em nome dos
sujeitos passivos do ato de improbidade.

Terceiros são aqueles que induzam ou concorram para a prática do ato ou dele se beneficiem sob
qualquer forma direta ou indireta.

Os terceiros (particulares) só responderão por improbidade administrativa


conjuntamente com o agente público, ou seja, particulares não ocupam o pólo ativo
sozinhos.6

Em junho de 2019, o STJ editou a seguinte súmula:

Súmula 634
Assunto: prescrição igual para particulares e agentes públicos com previsão na lei de improbidade
administrativa.

Ao particular, aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na lei de impropriedade


administrativa para os agentes públicos.

6
REsp L Nº 1.405.748-RJ

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TIPIFICAÇÃO DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A Lei 8.429/92 dividiu, então, em quatro os tipos de atos de improbidade administrativa,


enumerando-os por meio dos artigos 9º, 10 e 11 da lei nº 8.429/92:

● Atos de Improbidade Administrativa que Importem Enriquecimento Ilícito (ver art. 9º);
● Atos de Improbidade Administrativa que Causem Prejuízo ao Erário (art. 10);
● Atos de Improbidade Administrativa que concedam ou apliquem indevidamente benefícios
tributários e financeiros;
● Atos de Improbidade Administrativa que Atentem Contra os Princípios da Administração Pública
(art. 11).

Sanções aplicáveis à prática de atos de improbidade administrativa:

#SELIGA: Com o novo texto da lei de improbidade administrativa (Lei nº 14.203/21)


consideram-se ímprobas apenas aquelas condutas listadas no texto da própria lei. Anteriormente,
considerava-se esta lista apenas exemplificativa.

As sanções contempladas no art. 12 da lei nº 8.429/92 atingem os direitos fundamentais dos


acusados da prática do ato ímprobo, tais como: a perda da função pública e a suspensão dos
direitos políticos.

Atos de Improbidade Administrativa que Importem Enriquecimento Ilícito:

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Sanções:
● Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
● Ressarcimento integral do dano, quando houver;
● Perda da função pública;
● Suspensão dos direitos políticos por até 14 anos;
● Pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano;
● Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de quatorze anos.

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Atos de Improbidade Administrativa que Causem Prejuízo ao Erário:

Sanções:
● Ressarcimento integral do dano;
● Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer essa
circunstância;
● Perda da função pública;
● Suspensão dos direitos políticos por até 12 anos;
● Pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano;
● Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de até 12 anos.

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Atos de Improbidade Administrativa que concedam, apliquem ou mantenham benefício


tributário ou financeiro contrariando o disposto no que dispõe acerca do ISS (LC 116/03):

Sanções:
● Perda da função pública;
● Suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos;
● Multa civil de até 3x o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

Atos de Improbidade Administrativa que Atentem Contra os Princípios da Administração


Pública:

Sanções:
● Ressarcimento integral do dano, se houver;
● Perda da função pública;
● Pagamento de multa civil de até vinte a quatro vezes o valor da remuneração percebida
pelo agente;
● Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de quatro anos.

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#NOVIDADE: Há determinação de que os atos de improbidade administrativa, que lesem os


princípios da administração pública, somente serão passíveis de sanção em caso de lesividade
relevante.

#SELIGA:

¹O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

²Indisponibilidade de bens

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Procedimento Administrativo:

A representação pode ser feita por qualquer pessoa, que será escrita ou reduzida a termo e
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a
indicação das provas de que tenha conhecimento para que seja instaurada investigação
destinada a apurar a prática de ato de improbidade.

O não cumprimento dessas formalidades leva à rejeição pela autoridade administrativa, em


despacho fundamentado. Contudo, essa rejeição não impede a representação ao Ministério
Público. Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração
dos fatos, para uma posterior ação judicial em caso de fundamentação da representação.

#SELIGA: O prazo para que o inquérito ocorra também é de um ano, tendo a possibilidade de
prorrogação apenas uma única vez.

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Ação judicial pela prática de ato de improbidade administrativa:

A ação judicial aplicada à prática do ato de improbidade tem natureza de Ação Civil Pública.

Transcorre pelo rito ordinário e deve ser proposta pelo Ministério Público. Compete ao juízo de
primeiro grau, da Justiça Estadual ou Federal.

#NOVIDADE: Após a Lei nº 14.230/21 apenas o Ministério Público possui legitimidade para
ingressar com ação judicial de Improbidade Administrativa.

Deve sempre ser proposta no juízo de primeiro grau.

Prescrição

A ação movida para que as sanções sejam devidamente aplicadas têm o prazo único de oito anos
para prescrever, sendo estes contados a partir do momento em que o fato ocorreu. Se for um
caso de infração permanente, a contagem acontece a partir do dia em que a permanência cessar.

#SELIGA: Na lei de improbidade administrativa anterior o prazo determinado era de cinco anos,
após a finalização do mandato do agente público acusado.

O STJ entende que, em se tratando de pessoa ocupante de cargo político, tendo essa
se reelegido, o prazo só começará após o fim do último mandato.7

Situação Prazo prescricional aplicável

Exercente de: 8 anos do fim do exercício


● mandato;
● cargo em comissão;
● função de confiança.

Ocupante de: Prazo previsto em lei específica


● cargo efetivo;
● emprego público.

Particular Mesmos prazos aplicáveis ao


agente público

Ato praticado contra entidade privada que: 8 anos após a apresentação das

7
Resp. 1.647.209 - MT

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● receba benefício do poder público; contas


● poder público participe com menos de 50% dos
recursos do patrimônio ou da receita anual

Novidade! A lei nº 13.964/2019, conhecida como pacote anticrime, alterou o art. 17 da Lei de
Improbidade, passando a permitir a celebração de acordo de não persecução cível, o que até
então era vedado.

Antes Depois da Lei 13.964/2019

Art. 17, § 1º: É vedada a transação, acordo ou Art. 17, § 1º: As ações de que trata
conciliação nas ações de que trata o caput. este artigo admitem a celebração de
acordo de não persecução cível,
nos termos desta Lei.

Além disso, a lei 8.429 prevê em seu §10-A do art. 17 que, havendo a possibilidade de solução
consensual mediante acordo, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para que
o infrator se defenda, por meio da "contestação", por prazo não superior a 90 dias.

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7. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


O Estado utiliza-se de algumas formas para exercer a função administrativa:

a) desconcentração: atividade distribuída dentro da própria Pessoa Jurídica, criando órgãos.


Há exercício do controle hierárquico.

Ex.: a União distribui competências entre seus Ministérios.

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b) descentralização: as competências administrativas são exercidas por pessoas jurídicas


autônomas, criadas pelo Estado para tal finalidade. Só há exercício do controle finalístico.
Exemplos: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista.

Ex.: a União, por lei, cria uma Universidade Federal (Autarquia ou Fundação Pública).

A descentralização pode ocorrer por:

Por serviços, funcional, técnica ou por outorga: o Poder Público transfere a titularidade e a
execução do serviço. A outorga só pode ser feita por meio de lei e para as Pessoas Jurídicas de
Direito Público da Administração Indireta ou para os consórcios públicos. Nesses casos, o
controle exercido é apenas finalístico, não existindo subordinação, nem prazo determinado.

Por colaboração ou delegação: transfere-se somente a execução do serviço e o Poder Público


mantém a titularidade. Também, nesse caso, não há controle hierárquico. Pode ser feita a
qualquer um e possui prazo certo. A Delegação pode ser feita:

a) Por lei (legal): quando for para Pessoas Jurídicas de Direito Privado da Administração
Indireta (empresas públicas, sociedade de economia mista); ou
b) Por contrato (contratual): quando a delegação for para particulares (concessionárias,
permissionárias, organizações sociais e todos que prestem atividade administrativa).

Como a titularidade permanece com o Poder Público, ele pode alterar unilateralmente
as condições de sua execução, aplicar sanções ou retomar a execução do serviço
antes do prazo estabelecido.

ATENÇÃO: não há exercício do poder hierárquico em nenhuma forma de descentralização.

A administração pública compreende a:

● Administração Pública Direta;


● Administração Pública Indireta.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA: são os entes políticos, ou seja, aqueles que têm
competência para legislar: União, Distrito Federal, Estados e Municípios.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA: são pessoas jurídicas que integram a administração


indireta nas quatro esferas de governo (federal, estadual, municipal e distrital). Todas elas se
submetem aos princípios da administração pública. São elas:

Entidade Aquisição de Personalidade Jurídica Natureza Jurídica

Autarquias Vigência da lei criadora Direito Público

Fundações Públicas Vigência da lei criadora Direito Público

Fundações Públicas Registro do ato constitutivo* Direito Privado

Emp. Públicas e Sociedades Registro do ato constitutivo* Direito Privado


de Economia Mista
*A lei apenas autoriza a sua criação.

Autarquia (Decreto-Lei 200/67, art. 5, I) - Pessoa jurídica de direito público.

● São criadas por lei específica (art. 37, XIX, CF);


● São criadas para desenvolver atividade típica da administração;
● Os bens das autarquias são bens públicos – imprescritíveis, impenhoráveis e inalienáveis;
● A responsabilidade civil das autarquias, em regra, é objetiva;
● Tem prerrogativas processuais – prazo em dobro para contestar e recorrer.
● Seus créditos são objetos de execução fiscal;
● Paga seus débitos por meio de precatórios (regime de fazenda pública);
● Tem imunidade tributária recíproca;
● Deve fazer licitação para contratar terceiros;
● Prescrição quinquenal das dívidas e direitos em favor de terceiros;
● Não sujeição à falência;
● Exemplos: INSS, IBAMA, INCRA.

Os Conselhos Profissionais, com exceção da OAB, são considerados autarquias e


podem cobrar anuidade através da dívida ativa. Todavia, seus débitos não são pagos
via precatório.

Fundação pública

A conceituação de fundação pública mais encontrada é a disposta no art. 5º, IV do Decreto-Lei nº


200/67, com redação dada pela Lei nº 7.596/87, nos seguintes termos:

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“Fundação pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa,
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por
recursos da União e de outras fontes".

As fundações públicas devem se destinar às atividades de assistência social, assistência médica


e hospitalar, educação e ensino, pesquisa e atividades culturais, sendo todas de relevo coletivo, o
que justifica a vinculação de bens e recursos públicos para sua realização.

● São autorizadas por lei específica;


● Criada para desenvolver atividades sociais;
● Têm prerrogativas processuais;
● Tem imunidade tributária recíproca;
● Devem fazer licitação para contratar terceiros.

Empresas Estatais

As empresas públicas e as sociedades de economia mista são EMPRESAS ESTATAIS, isso é,


sociedades empresariais de que o Estado tem controle acionário e que compõem a Administração
Indireta.

Empresa pública8: Pessoa Jurídica de Direito Privado, constituída por capital exclusivamente
público. Aliás, sua denominação decorre justamente da origem de seu capital, isso é, público.
Poderá ser constituída em qualquer uma das modalidades empresariais. Podem prestar serviço
público, mas também podem explorar atividade econômica.

Sociedade de Economia Mista9: Criada pelo Estado e dotada de personalidade jurídica de direito
privado, a sociedade de Economia Mista presta seus serviços no campo da atividade econômica
privada, sob a forma de uma sociedade anônima, no qual o sócio majoritário será a União Federal

8
Decreto Lei 200/67. “Art. 5º [...]. II - Empresa pública: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o
governo seja levado a exercer por força de contingência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas
admitidas em direito."
9
Decreto Lei 200/67. “Art. 5º.[...]. III - Sociedade de Economia Mista: a entidade dotada de personalidade jurídica de
direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertencem, em sua maioria, à União ou a entidade da Administração Indireta”.

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ou algum outro ente da Administração Pública, observados os termos e limites fixados pela
legislação e pela Constituição Federal. Somente poderá ser constituída na forma de S/A.

Características comuns entre Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista:

● Criação e extinção autorizadas por lei;


● Personalidade jurídica de direito privado;
● Sujeição ao controle Estatal;
● Destinadas à prestação de serviços públicos ou ao desempenho de atividades de natureza
econômica.

Principais diferenças entre Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista:

Empresa Pública Sociedades de Economia


Mista

CAPITAL 100% público Maioria público (pode ter


capital privado)

FORMA Qualquer forma societária Sociedade Anônima (apenas)

COMPETÊNCIA (Foro Justiça Federal Justiça Estadual


Processual) Ex.: Caixa econômica Ex. Banco do Brasil e
Petrobrás

¹O STF decidiu que os Correios (ECT), por exercer serviço público indelegável,
possui regime de Fazenda Pública.
² O regime jurídico a que se submetem as empresas estatais é híbrido e estará
vinculado a sua finalidade. Se prestarem serviços, terão as garantias inerentes à
Fazenda Pública. Se exercerem atividades econômicas, estarão mais sujeitas às regras de direito
privado.

Agência reguladora

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As agências reguladoras são autarquias especiais, que são criadas para fiscalizar a prestação de
serviços públicos praticados pela iniciativa privada. Além de controlar a qualidade na prestação do
serviço, estabelecem regras para o setor10.

É uma autarquia sob regime especial, assim como o CADE, a CVM e o BACEN.

Pode haver agência reguladora federal, estadual e municipal.

As Agências Reguladoras têm autonomia.

O dirigente tem mandato fixo. Porém, pode perdê-lo por renúncia, processo administrativo ou
decisão judicial transitado em julgado.

Quando o dirigente sai do cargo, cumpre a quarentena, isso é, fica um período de 4 a 12 meses
sem que possa trabalhar no poder público ou nas empresas que ele ajudou a fiscalizar. Durante
esse período, ele recebe remuneração como se estivesse na ativa. Essa restrição foi criada com
o objetivo de evitar a ocorrência da Teoria da Captura11.

Exemplo de Agências Reguladoras: ANATEL, ANP, ANVISA, ANTAC, ANEEL, etc.

Agência executiva

São Autarquias ou Fundações Públicas que precisam se reorganizar e, para isso firmam, um
contrato de gestão em que se comprometem a cumprir um planejamento de reestruturação.

Esse Contrato de Gestão é celebrado entre uma Autarquia ou Fundação Pública e o Poder
Público, concedendo, assim, mais autonomia ou recurso público.

O título “Agência Executiva” só vingará até findar o contrato de gestão. Então, o ente que se
tornou agência executiva tornará a ser autarquia ou fundação pública. Exemplo: INMETRO.

Consórcio público (Lei n. 11.107/05)

Pessoa jurídica formada pelo conjunto de entes da Federação com objetivo de prestar serviços de
interesse comum. Tem natureza jurídica de Autarquia Interfederativa e forma de Associação
Pública (se públicos) ou de Associação Civil sem fins lucrativos se de natureza privada.

É constituído por contrato.

10
Os particulares não se submetem a essas regras, apenas as pessoas jurídicas reguladas.
11
Teoria da Captura: consiste na situação pela qual a agência reguladora passar a servir de instrumento para
viabilizar e legitimar a consecução de interesses privados dos segmentos regulados, ou seja, o dirigente atuaria
favorecendo aqueles que deveria regular.

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Processo de Formação:

Os entes políticos se unem e formalizam o protocolo de intenções, que é encaminhado para o


legislativo de cada ente e ratificado por lei. A partir desse momento, converte-se no contrato de
consórcio público e passa a ter personalidade jurídica própria, integrando a administração
indireta de todos os entes políticos integrantes (se for de direito público).

#SELIGA: para que o município participe de consórcio público de que a União faça parte, é
necessário que o estado que ele integra também participe. Ou seja, é vedado, por exemplo, que o
município de Manaus participe de um consórcio público de que faça parte a União sem que o
estado do Amazonas também participe desse consórcio público.

ÓRGÃOS PÚBLICOS

“Órgãos públicos ou órgãos administrativos são unidades de atuação que englobam um conjunto
de pessoas e meios materiais ordenados para realizar uma atribuição predeterminada”.

Os órgãos não têm personalidade jurídica e, portanto, não podem contrair obrigações nem
exercer direitos em nome próprio. Sendo assim, atuam em nome da pessoa jurídica de que faz
parte.

Resultam da forma desconcentrada de atuar do Estado e estão sujeitos ao controle hierárquico da


pessoa política ao qual estão vinculados.

Ex.: a União exerce controle hierárquico sobre seus Ministérios e os Estados e Municípios sobre
suas Secretarias.

Tanto a Administração direta quanto a Administração Indireta podem ter órgãos


públicos vinculados a elas.

Ex. uma Universidade Pública (autarquia) pode ter um órgão a ela vinculado e sobre
ele exercerá controle hierárquico.

TERCEIRO SETOR

Nome atribuído a entidades da iniciativa privada que exercem atividades não lucrativas e de
interesse social. Na prática, são as ONGs.

O governo federal atribui 2 qualificações diferentes para tais entidades:

a) Organizações sociais → celebram contrato de gestão); e

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b) Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs) → assinam termo de


parceria.

Não se pode confundir o terceiro setor com entidades paraestatais, que são os serviços sociais
ligados ao serviço sindical (exemplo: SESC, SENAI, SESI, SENAC etc.).

8. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO

São as mais importantes competências da administração.

Abuso de poder: é a utilização ilegítima de uma competência. Abuso de poder é um gênero que
comporta duas espécies:

Excesso de poder: a atividade é exercida dentro da competência, mas o agente ultrapassa os


limites legais.

Desvio de poder, desvio de finalidade, tredestinação: o agente usa os poderes do cargo em


benefício próprio. Exemplo: policial removido pelo governador por causa de um romance com a
filha do governador.

Poder normativo: regulamento é o ato que é exercido pela forma de decreto. É uma competência
dada em caráter privativo aos chefes do poder executivo (presidente, governador e prefeito) para
que criem decretos e regulamentos (atos administrativos gerais e abstratos) a fim de dar fiel
execução à lei, ou seja, normas de caráter secundário.

Excepcionalmente e por expressa disposição constitucional (CF/88, art. 84, VI),


compete ao Chefe Executivo editar decretos autônomos (normas primárias) para
extinção de cargos públicos vagos e organização administrativa, desde que não
importe em geração de despesas ou crie ou extinga Órgãos Públicos.

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Poder disciplinar - é a competência para aplicar sanções a servidores públicos que pratiquem
infrações funcionais ou para aplicar sanções àqueles que pactuaram contratos públicos com a
Administração. Nesse caso, decorre do poder hierárquico. O poder disciplinar não é permanente,
ou seja, não é exercido o tempo todo. É um poder de aplicação episódica, só se manifestando
quanto o agente público ou aquele que possui um vínculo especial com o poder público praticam
infrações.

OBSERVAÇÃO: uma conduta irregular do agente público pode ensejar três processos
diferentes e independentes: penal,civil e administrativo. Porém, existe um dois casos
em que a decisão de um processo interfere nos outros dois: absolvição no processo
criminal por negativa de autoria ou ausência de materialidade.

Poder hierárquico - É exercido em caráter permanente pela administração direta e indireta sobre
seus órgãos públicos e pelas chefias sobre agentes públicos.

IMPORTANTE: entidades da administração indireta (autarquias, fundações, sociedades de


economia mista) são vinculadas, mas não subordinadas a ministérios.

Existem dois institutos que decorrem do poder hierárquico:

● Delegação de competência e
● Avocação de competência.

Delegação pode ser feita por agente ou órgão público ao subordinado (delegação vertical) ou a
um não subordinado (delegação horizontal). A delegação é sempre de parte da competência e
pode ser revogada a qualquer tempo (natureza precária, não gera direito adquirido) pela
autoridade delegante.

Em regra, as competências administrativas são delegáveis, com três exceções: competências


exclusivas, decisão de recursos hierárquicos e edição de atos normativos.

ATENÇÃO: com a delegação, praticado o ato por autoridade, no exercício de


competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida
judicial.12

12
Súmula nº 510 do STF.

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Avocação: a autoridade superior pode avocar competências de um subordinado, ou seja, chamar


para si – só existe avocação vertical.

Poder de Polícia: é conceituado pelo art. 78 do CTN.

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

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CICLO DE POLÍCIA

Fases Possibilidade
de Delegação

1- Norma (legislação) de Polícia Indelegável

2- Consentimento de Polícia Delegável

3- Fiscalização de Polícia Delegável

4- Sanção de Polícia Indelegável

O STF13 entende que Conselhos Profissionais exercem Poder de Polícia e são integrantes da
Administração Indireta.

#APROFUNDANDO:

As autarquias e fundações públicas podem exercer poder de polícia, inclusive aplicar sanções
administrativas, desde que amparadas em lei.

O STJ já se posicionou pela possibilidade de delegação apenas da fiscalização e do


consentimento de polícia para empresas públicas e sociedades de economia mista, ou seja,
para entes da administração indireta de direito privado.

A pessoas privadas só pode o Poder Público, mediante licitação e contrato, contratar a


operacionalização de máquinas e equipamentos em atividades de fiscalização. Como exemplo,
temos os radares de trânsito, que podem ser operacionalizados por empresas privadas.

#OABDICA: lembre-se do mnemônico COFISÃO

● COnsentimento de Polícia;
● FIscalização de Polícia;

13
ADI 1717-6/DF

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● SAnção de Polícia.
● Ordem de Polícia(também chamado de Legislação de Polícia)

COFI - DELEGÁVEIS e SAO - INDELEGÁVEIS.

Prescrição das sanções de polícia:

9. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE


Direito de propriedade: direito fundamental protegido pela Constituição – art. 5, caput, e XXII e art.
22. Representa, também, um dever – art. 5, XXIII, CF/88.

Função social

Urbana: atendimento das diretrizes estabelecidas no plano diretor (Art. 182, § 2º, da CF/88) -
diploma legal que estabelece regras para que uma cidade possa crescer de forma ordenada.
Penalidade progressiva em caso de descumprimento do plano diretor (Art. 182, § 4º, da CF/88).

1 - Notificação para que se adeque às regras do plano diretor;

2 - IPTU progressivo;

3 - Desapropriação por descumprimento da função social, pago através de Títulos da Dívida


Pública resgatáveis em até 10 anos.

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Rural: art. 186, da CF/88. Penalidade: Art. 184, CF/88 – desapropriação para reforma agrária,
sendo paga em títulos da dívida agrária (resgatáveis em até 20 anos).

Diferença entre Poder de Polícia e Servidão Administrativa

Poder de Polícia: (conceituado no art. 78, do CTN)14.

● Limita liberdade e propriedade;


● É sempre geral;
● Não indeniza;
● É indelegável a particulares.

Exemplos: fiscalização ambiental e regras sobre o direito de construir.

Servidão Administrativa

● Limita só a propriedade;
● Atinge bem determinado;
● Pode ser indenizável.

Exemplos: placa com nome da rua na fachada do imóvel e servidão para passagem de fios e
cabos pelo imóvel.

MEIOS DE INTERVENÇÃO

Desapropriação: transfere-se a propriedade de forma compulsória e de maneira originária para o


patrimônio público, após o devido processo legal e, via de regra, mediante indenização.

Fato gerador: por razões de utilidade ou interesse público, ou ainda por descumprimento da
função social da propriedade.

● Quando por interesse público: indenização prévia, justa e em dinheiro.

14

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● Quando por descumprimento da função social: indenização em títulos da dívida pública ou


agrária.

Confisco: transfere-se a propriedade de forma compulsória para o patrimônio público. Só pode


incidir se encontrarem em uma propriedade uma plantação ilegal de psicotrópicos ou submetendo
empregados a regime de trabalho análogo ao de escravos. Nesse caso, não há direito a
indenização (art. 243 da CF/88).

Requisição: modalidade de intervenção autoexecutória na qual o Estado se utiliza de bens


móveis, imóveis ou de serviços particulares em caso de iminente perigo público.

O art. 5º, inc. XXV da CF/88 assegura “indenização ulterior, se houver dano”.

Ocupação: modalidade de intervenção por meio da qual o Estado ocupa, em situação de


normalidade, a propriedade privada para prestação de serviços públicos ou execução de obras
públicas.

Exemplo: ocupação para ponto de votação em uma eleição.

Servidão: é o direito real de uso que permite ao Estado o uso da propriedade de terceiros, sem
retirá-la do seu titular. A restrição ao uso é específica, onerosa e, em regra, perpétua. Exemplo:
passagem de rede elétrica por algumas propriedades.

Limitação: restrições quanto ao uso. A restrição é geral (atinge a todos) e gratuita (não dá direito à
indenização). Exemplo: respeito ao zoneamento na construção de um edifício ou de uma casa.

Tombamento: é a intervenção estatal restritiva que tem por objetivo proteger o patrimônio cultural
brasileiro. Há restrição ao uso de bens móveis ou imóveis, públicos ou privados, para preservação
de determinadas características, podendo ser instituído por qualquer dos entes políticos. Sua
instituição pode ocorrer por meio administrativo, legislativo (edição de uma lei) ou ação civil
pública.

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DESAPROPRIAÇÃO

O Direito brasileiro reconhece o direito à propriedade privada do cidadão, todavia, condiciona este
reconhecimento ao atendimento da "função social da propriedade"15.

Uma das formas em que o Poder Público intervém na Propriedade Privada é por meio da
desapropriação.

A desapropriação deve ser entendida como o meio utilizado pela Administração Pública para
transferir, de forma compulsória, bem móvel ou imóvel, declarado de interesse público, mediante
justa e prévia indenização em dinheiro.

Bens que não podem ser desapropriados:

a) Quanto à limitação ao poder expropriatório do Estado, deve-se ter em mente que este
encontra limitação nos direitos personalíssimos.

Dessa forma, não podem ser desapropriados o direito à vida, o direito ao alimento, o direito ao
corpo, o direito à liberdade intelectual, o direito à liberdade de invenção, o direito à liberdade civil,
o direito à honra, o direito à imagem, entre outros.

b) Também o dinheiro, ou seja, a moeda corrente do país, não pode ser expropriada, todavia,
as moedas raras ou a moeda estrangeira são passíveis de desapropriação.

c) Em se tratando das terras para reforma agrária, não podem ser desapropriadas as terras
produtivas, nem as terras pequenas ou médias, se o proprietário não possuir outra.

d) Em se tratando de bens públicos, também há restrição ao poder expropriatório.

Os Estados, por exemplo, não podem expropriar bens da União e nem de outros Estados.

Nesse caso, a regra é a seguinte: "entidades de grau inferior não podem expropriar bens de
entidades de grau superior".

ATENÇÃO: as questões costumam fazer pegadinhas quanto a esse ponto. No que


pertine à desapropriação, o Estado não pode desapropriar bens da União e os
municípios não podem desapropriar bens do estados e dos municípios. Todavia, tal

15
O interesse da coletividade se sobrepõe ao do cidadão comum e justifica a atuação do Estado quando este decide
intervir na propriedade particular.

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regra não se aplica ao tombamento. Sendo assim, um município pode tombar um bem da União
ou de um estado.

e) Em relação às autarquias, a limitação ao poder expropriatório reside na hierarquia da


autarquia. Ou seja, bens de uma Autarquia Federal não podem ser expropriados de uma
Autarquia Estadual, por exemplo.

Esta regra, todavia, não se aplica às empresas públicas ou às sociedades de economia mista,
uma vez que somente se exige a autorização da pessoa política de maior grau para que a pessoa
política de grau inferior possa expropriar quotas, ações ou direitos representativos do capital
social da dita entidade.

Destinação dos Bens:

Os bens expropriados destinam-se às entidades públicas que promoveram a desapropriação


destes ou aos particulares em colaboração com o poder público, mediante concessão ou
permissão.

Atualmente, os tribunais têm permitido que esses bens sejam destinados a entidades particulares,
desde que filantrópicas ou sem fins lucrativos.

Tredestinação lícita – (desapropriação) é um fenômeno de quando um bem privado é


desapropriado para determinada finalidade pública, mas acaba sendo utilizado para finalidade
diversa, também pública.

Exemplo: uma casa é desapropriada para virar creche, mas vira um asilo.

Agentes da Desapropriação:

Os agentes da desapropriação podem ser divididos em dois grandes grupos:

a) Agentes ativos – são aqueles que detêm a competência para executar a desapropriação;

b) Agentes passivos – são aqueles que sofrem a desapropriação.

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10. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL DO ESTADO


A responsabilidade civil do Estado corresponde à obrigação atribuída ao Poder Público de reparar
danos causados por seus agentes públicos ou prestadores de serviços públicos a terceiros, no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las.

Disposição Legal:

Constituição da República, Art. 37, § 6º:

"As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo e culpa."

● A responsabilidade do Estado incide sobre as pessoas jurídicas de direito público e de


direito privado prestadoras de serviços públicos se seus agentes causarem dano atuando
na qualidade de servidor ou a pretexto desta;
● As pessoas jurídicas de direito público que podem ser responsabilizadas são a União,
Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações;
● As pessoas jurídicas de direito privado que podem ser responsabilizadas são as
prestadoras de serviços públicos, como, por exemplo, concessionárias e permissionárias
que recebem delegação do Estado para prestarem serviços públicos;
● O art. 37, §6º, dispõe sobre a responsabilidade do Estado por danos causados por seus
agentes nessa qualidade. Portanto, toda pessoa que recebe a incumbência de agir em
nome do Estado é considerada seu agente;
● A CF/88 não vinculou expressamente a responsabilidade do Estado à demonstração de
culpa ou dolo, ou seja, via de regra, a sua responsabilidade é objetiva, bastando que reste
comprovado o fato administrativo, o dano e o nexo de causalidade;
● Cabe ação de regresso do Estado contra o agente causador do dano se provar ter este
agido com dolo ou culpa;
● Adota-se a responsabilidade objetiva baseada no risco administrativo16;

16
Em termos de responsabilidade civil, notadamente sobre a responsabilidade civil do estado, o que prevalece
atualmente no direito brasileiro é a responsabilidade objetiva fundada no risco da atividade administrativa e na
solidariedade social. O fim da administração pública é o interesse público. Por isso, pratica atos que beneficiam
toda a coletividade. Se a atividade estatal que beneficia toda a coletividade causa danos a um dos administrados,
essa coletividade se junta repartindo os prejuízos e repara o dano. É o risco pela atividade administrativa.

Entretanto, deve-se observar que a teoria do risco administrativo admite causas excludentes de responsabilidade
do Estado, quais sejam: a culpa exclusiva da vítima, caso fortuito e força maior, bem como a culpa
concorrente.

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● Excepcionalmente, como nos casos de acidentes radioativos e queda de aeronaves,


aplica-se a Teoria do Risco Integral, na qual não se admite causas excludentes do nexo de
causalidade.

Código Civil, Art. 43:

"As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado o direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo."

Requisitos para Responsabilidade Civil do Estado:

A vítima, para ser indenizada, deve provar que o dano é originado de atuação estatal.

É necessária a comprovação dos seguintes requisitos:

Ato lesivo - a vítima/administrado deve comprovar que o ato foi praticado por um agente público
na qualidade de servidor, o qual ocasionou o dano. Além disso, o agente público deve ter
praticado o ato no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las.

Dano - a vítima/administrado deve comprovar que sofreu lesão a um direito subjetivo.

Nexo de causalidade - o dano deve ser consequência da atuação do Estado.

Como a teoria do risco administrativo admite a existência de excludentes e atenuantes vinculadas


à ideia de causalidade, para que o Estado não seja obrigado a indenizar o particular, deve provar
que a casuística não decorreu de fato exclusivo da vítima, fato de terceiro ou caso fortuito e força
maior.

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Ação de Regresso:

É cabível ação de regresso do Estado contra o agente causador do dano se provar ter este agido
com dolo ou culpa. Verifica-se, então, que se o agente não participa ou pratica o ato lesivo com
culpa ou dolo, não pode ser réu em ação de regresso.

Na hipótese de o Estado não conseguir identificar o agente público causador do dano, não poderá
ingressar com ação de regresso.

Aplica-se à ação de regresso a Teoria da Dupla Garantia17.

Alguns exemplos de Responsabilidade Civil do Estado:

● Morte de preso no interior de presídio18;


● Omissão de manutenção de estrada;
● Acidente aéreo (concessionária);
● Erro médico em hospital público;
● Atropelamento causado por motorista a serviço do município.

O STF definiu, recentemente, em sede de Repercussão Geral, que o Estado


responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no
exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso
contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
administrativa.19

11. LICITAÇÃO

11.1. LICITAÇÃO NA LEI Nº 8.666/93

Licitação é um procedimento administrativo utilizado pelo Poder Público com o objetivo de


selecionar a melhor proposta para a celebração de contratos com a Administração Pública.

17
Essa teoria tem por objetivo proteger tanto o particular quanto o agente público, na medida em que a
responsabilidade do Estado é objetiva e a do agente público subjetiva. Sendo assim, é mais vantajoso ao particular
ingressar em face do Estado (responsabilidade objetiva), sem que nele intervenha o agente público (responsabilidade
subjetiva), cabendo ao Estado comprovar dolo e/ou culpa do particular em posterior ação regressiva da qual não
participará a vítima.
18
Esse foi o tema da peça processual da segunda fase em Administrativo no XXVIII exame.
19
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 .

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A Licitação tem por finalidade:

a) Selecionar a proposta mais vantajosa, que não necessariamente é a de menor ou melhor


preço;
b) Respeitar o princípio da isonomia: permitir ampla concorrência entre todos os habilitados.

Legislação:

Lei 8.666/93 – Lei de Licitações;

Lei 14.133/21 - Nova Lei de Licitações;

Lei 10.520/02 – Lei do Pregão;

Lei 12.232/10 – Lei da Publicidade;

Lei 13.303/16 - Lei das Estatais.

DEVER DE LICITAR

a) Órgãos públicos da administração direta: ministérios, secretarias, poder legislativo, poder


judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas;
b) Entidades da administração pública indireta;
c) Concessionários na escolha de subconcessionários;
d) Organizações sociais e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público)
quando forem aplicar recursos repassados diretamente pela União;
e) Serviços sociais pertencentes ao Sistema S. Exemplos: SESI, SEBRAE, SENAI, SESC.

PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

Para que o procedimento licitatório ocorra sem nenhum vício, devem ser observados os princípios
estatuídos no art. 3º da lei 8.666/93:

Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a


seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento

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nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios


básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.

Também dispõe o art. 37, XXI da Constituição de 1988:

Art. 37. [...]

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações


serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Princípio da Legalidade: a licitação constitui um procedimento inteiramente vinculado à lei. Todas


as fases do procedimento licitatório estão rigorosamente disciplinadas na lei 8.666/93.

Assim, por exemplo, se o edital não estiver em conformidade com a lei, qualquer cidadão pode
impugná-lo; é o que preceitua o art. 41, §1º da lei 8.666/93.

Princípio da Impessoalidade: as decisões da Administração Pública devem pautar-se por critérios


objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele
oferecidas, salvo as expressamente previstas em lei ou no instrumento convocatório.

Esse princípio está intimamente ligado ao princípio da igualdade, já que todos os interessados
devem ter tratamento igualitário na licitação, sem que haja qualquer favoritismo ou perseguição.

Princípio da moralidade: trata-se de um princípio subjetivo. Deve, necessariamente, haver


honestidade e ética no modo de proceder do agente público. Seus atos devem ser lícitos, morais,
conforme os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de
equidade e, principalmente, em observância aos princípios administrativos em geral.
Por exemplo, o agente público que fraudar, mediante ajuste, o caráter competitivo da licitação,
para obter para si uma vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação está indo
contra o que prevê o princípio da moralidade.

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Princípio da igualdade: esse princípio, já disposto pela CR/88, está intimamente ligado ao
princípio da moralidade. A igualdade a que se refere a lei de licitações e contratos administrativos
corresponde em dar a todos os interessados a oportunidade de participar do certame. Não se
pode fazer exigências a uns e a outros não.

A lei veda a imposição de requisitos que restringem a competição (art. 3º da lei 8.666/93).

Princípio da Publicidade: todo procedimento deve ser divulgado para conhecimento de todos os
interessados, bem como devem ser levados ao conhecimento dos interessados todos os atos da
Administração praticados nas várias fases do procedimento.

Esse princípio assegura a todos os interessados a possibilidade de fiscalizar a legalidade dos


atos e seu controle, sejam internos ou externos.

Princípio da probidade administrativa: esse princípio está previsto na CR/88 e se liga ao da


moralidade pública. Para muitos, os dois se confundem.

Princípio da vinculação ao instrumento convocatório: o instrumento convocatório é a lei interna


das licitações, pois, além de exteriorizar o ato convocatório, vincula todos os envolvidos a este.
Nele, constam todas as normas e critérios aplicáveis à licitação, os critérios de aceitabilidade e
julgamento das propostas, bem como as formas de execução do futuro contrato.

Princípio do julgamento objetivo: o julgamento das propostas deve ser feito de acordo com os
tipos de licitação e os critérios objetivos fixados previamente no edital (art. 45 da lei 8.666/93).

PRINCÍPIOS CORRELATOS

Surgiram, além dos princípios enumerados pelo art. 3º, outros correlatos a eles e que são
essenciais à licitação.

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Princípio da indisponibilidade do interesse público: esse é um princípio gerado pela própria


licitação, pois a licitação é uma forma de restrição à liberdade administrativa na escolha do
contratante (ou seja, é escolhida a proposta que melhor atenda ao interesse público).

Princípio da adjudicação compulsória: depois de concluído o procedimento licitatório, o Poder


Público não pode atribuir o objeto da licitação a outro que não seja o vencedor20.

Princípio da competitividade: esse princípio decorre do princípio da isonomia e equivale a dar a


todos os interessados, indistintamente, a oportunidade de participar do certame.

Princípio da isonomia: "A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional


da isonomia (...)." (Art. 3º, caput da lei 8.666/93).

Princípio da padronização das compras: "As compras, sempre que possível, deverão:(...) atender
ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especificações técnicas e de
desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e
garantia oferecidas" (Art. 15, I da lei 8.666/93).

Princípio do julgamento objetivo: a licitação deve ser decidida segundo os critérios do edital e não
por preferências pessoais da administração.

TIPOS DE LICITAÇÃO

a) Menor preço;
b) Melhor técnica;
c) Melhor técnica e preço;
d) Maior lance ou oferta – critério do leilão;
e) Menor lance – critério do pregão;
f) Contratação direta: dispensa e inexigibilidade.

FASES DA LICITAÇÃO

A licitação é dividida em 02 (duas) fases: a) fase interna, que acontece antes da publicação do
edital, e b) a fase externa, que acontece após a publicação do edital.

Fase interna: compõe-se por procedimentos formais, tais como elaboração do edital, definição do
tipo e modalidade de licitação.

20
"A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou se não o firmar no
prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo" [Hely Lopes Meirelles].

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Fase externa: inicia com a divulgação ao público da licitação, sucedida pelas subfases:
habilitação/ apresentação de propostas e documentos, classificação e julgamento, homologação e
adjudicação.

FASE INTERNA

Edital21: é o ato pelo qual a Administração Pública faz uma oferta de contrato a todos os
interessados que atendam às exigências nele estabelecidas. É o instrumento convocatório.

ATENÇÃO: nessa etapa, vale ressaltar a recente alteração promovida pela lei nº
13.500/17, que incluiu o §5º do Art. 40 da lei 8.666/93, o qual dispõe que a
Administração Pública poderá, nos editais de licitação para contratação de serviços,
exigir da contratada que um percentual mínimo de sua mão de obra seja oriundo ou
EGRESSO DO SISTEMA PRISIONAL, com a finalidade de ressocialização do reeducando, na
forma estabelecida em regulamento.

Convite: também é um instrumento convocatório, contudo, destina-se a exteriorizar o desejo da


Administração Pública em contratar por meio da modalidade convite.

Assim, o instrumento convocatório equivale à lei interna das licitações. Constam nele todas as
normas aplicáveis à condução do procedimento licitatório. Basicamente:

a) É ato administrativo;
b) Visa a chamar os potenciais interessados em determinada contratação;
c) Identifica o objeto a ser licitado, o procedimento adotado, as condições da realização da
licitação e a participação dos licitantes;
d) Traz os critérios de aceitabilidade e julgamento das propostas;
e) Traz as formas de execução do futuro contrato;
f) É a forma de exteriorizar o ato convocatório;
g) Tem como formas o edital ou o convite.

FASE EXTERNA

Nessa fase, os interessados em contratar com o poder público passam a fazer parte do
procedimento. Constituem, basicamente, subfases da fase externa da licitação:

21
Lei 8.666/93. "Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha
estritamente vinculada."

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Publicação do instrumento convocatório - É o meio de divulgação da existência da licitação.

Habilitação - Ocorre a averiguação da habilitação jurídica, qualificação técnica e financeira,


regularidade fiscal e trabalhista dos participantes da licitação.

Classificação/Julgamento - Antes do julgamento propriamente dito, é feita uma análise das


propostas apresentadas pelos licitantes habilitados, para a verificação de viabilidade e/ou
execução da contratação, assim como a conformidade da proposta com o instrumento
convocatório.

O julgamento baseia-se em critérios objetivos e públicos constantes no ato convocatório.

Homologação - É o ato de controle da autoridade hierarquicamente superior à Comissão de


Licitação que analisa todo o procedimento, inclusive em sua fase interna, a fim de verificar se ele
se encontra em conformidade com as exigências legais.

Nessa subfase, pode ocorrer a aprovação do procedimento (homologação) ou a reprovação do


procedimento (revogação ou anulação).

Adjudicação - Ato final do procedimento administrativo de licitação. Constitui o ato declaratório,


pelo qual a mesma autoridade pública competente para homologar atribui de maneira formal ao
vencedor do certame o objeto da licitação.

Por meio da adjudicação, a Administração convoca o vencedor a assinar o contrato


administrativo. É ato vinculado, visto que a Administração fica impedida de contratar com terceiro
que não seja o vencedor do certame.

DESEMPATE NAS LICITAÇÕES

Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência,


sucessivamente, aos bens e serviços:

a) produzidos no País;

b) produzidos ou prestados por empresas brasileiras;

b.1 - produzidos no País;

b.2 - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no


desenvolvimento de tecnologia no País.

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c) produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de


tecnologia no País;

d) - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos


prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que
atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação;

e) sorteio.

MODALIDADES DE LICITAÇÃO

Concorrência: destinada a adquirir objetos de grande valor – contratos de grande vulto.

Regra geral: obras e serviços de engenharia superiores a R$ 3.300.000,00 e aquisição de bens


superiores a R$ 1.430.000,00.

A concorrência será sempre obrigatória, independentemente de valor, nos seguintes casos:

● Venda de bens públicos imóveis22;


● Licitação internacional;
● Concessão de serviço público;
● Concessão de direito real de uso;
● Contratos de empreitada integral.

22
Salvo nos casos de bens que ingressaram no
patrimônio público por dação em pagamento ou por
decisão judicial.

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Tomada de preços: destinada a adquirir objetos/serviços de valor intermediário. Os licitantes são


previamente cadastrados.
Regra geral: obras e serviços até R$ 3.300.000,00 ou bens até R$ 1.400.000,00.

Convite: destinado a adquirir objetos de pequeno valor entre interessados escolhidos e


convidados em um número mínimo de três – há a emissão de carta-convite. O cadastro não é
exigência do convite – pode ser cadastrado ou não.
Regra geral: obras e serviços até R$ 330.000,00 ou bens até R$ 176.000,00.

Concurso: serve para a escolha de trabalho técnico, artístico ou científico. O pagamento pode se
dar por prêmio ou remuneração e será formada uma comissão especial com pessoas idôneas e
com conhecimento na área do concurso.

Leilão: serve para a venda de bens móveis inservíveis ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados pela administração. O responsável será o leiloeiro e a proposta escolhida será a de
maior lance, observado o valor mínimo.

Pregão: a única que não está disposta na lei 10.520/02 – serve para aquisição de bens e serviços
comuns. Há a inversão das fases, ou seja, abrem-se primeiro as propostas e depois a
documentação. O julgamento é sempre pelo menor preço.

ATENÇÃO: essa modalidade não pode ser utilizada para contratação de obras.

Consulta pública: é específica para as agências reguladoras em que as propostas são julgadas
por um júri.

Dispensa de Licitação:

● Compras ou Serviços – até R$ 8.000,00;


● Obras e Serviços de Engenharia – até R$ 15.000,00.

VALORES CORRESPONDENTES PARA CADA MODALIDADE

ATUALIZAÇÃO TRAZIDA PELO DECRETO 9.412/2018 23

Modalidade Obras e Serviços de Compras e serviços que não


Engenharia sejam de engenharia

Convite até R$ 330 mil até R$ 176 mil

23
Os valores limites para a realização de tomada de preço foram cobrados na prova objetiva de direito administrativo
no XXVIII exame.

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Tomada de Preços até R$ 3 milhões e 300 mil até 1 milhão e 430 mil

Concorrência acima de R$ 3 milhões e 300 acima de 1 milhão e 430 mil


mil

DICA: basta que o candidato multiplique os valores antigos por 2,2.

PREGÃO

Legislação: lei 10.520/02

Modalidade de uso facultativo, alternativa às outras modalidades, usada para a contratação de


bens e serviços comuns, independentemente de preços.

Adota-se para todas as esferas federativas.

O pregão tem um procedimento que garante maior economia e eficiência porque tem uma
inversão das fases naturais da licitação.

Fases naturais da licitação

● Instrumento convocatório;
● Habilitação – análise de documentos – aquele que não preencher os requisitos é
desabilitado;
● Classificação – julgamento das propostas;
● Homologação – aprovar os procedimentos;
● Adjudicação – atribuição jurídica do objeto ao vencedor.

Fases do Pregão:

● Instrumento convocatório;
● Classificação – julgamento das propostas;
● Habilitação – análise de documentos – os licitantes devem comprovar que preenchem os
requisitos jurídicos, técnicos, econômico-financeiros e regularidade fiscal e trabalhista;
● Homologação – aprovação dos procedimentos;

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● Adjudicação – atribuição jurídica do objeto ao vencedor.

Na licitação de modalidade Pregão, os interessados comparecem a uma sessão pública e são


abertas as propostas verificando-se qual é a mais baixa.

Vai para a fase seguinte o autor da menor proposta junto aos autores de propostas até 10%
acima da mais baixa.

Na etapa final, esses licitantes podem oferecer lances verbais sucessivamente mais
baixos.

Ganha o pregão aquele que oferece a menor proposta.

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

Casos excepcionais de contratação permitem que ocorra a contratação direta de um fornecedor


sem licitação. São nos casos de Dispensa ou Inexigibilidade de Licitação.

Inexigibilidade (Art. 25 da lei 8.666/93): contempla hipóteses em que a licitação é inviável


jurídica ou faticamente. O rol é exemplificativo. Competição inviável, ou seja, administração
contrata direto, pois não há competição.

Se não há como licitar, não há competição. As hipóteses de inexigibilidade estão no art. 25 da Lei
de Licitações. Trata-se de um rol exemplificativo: contratação de produtos com fornecedor ou
revendedor exclusivo, contratação de artistas consagrados pela crítica, serviços técnicos
profissionais especializados (art. 13 da Lei de Licitações), natureza singular e serviço prestado
por um profissional de notória especialização.

Na inexigibilidade de licitação, a decisão pela contratação é vinculada porque a administração não


tem escolha.

Dispensa (Art. 24 da lei 8.666/93): contempla hipóteses em que a licitação é viável, porém a lei
permite ao administrador não licitar. O rol é taxativo. É possível licitar, existe competição, mas a
lei dispensou, pois o valor é baixo, é situação de emergência, etc.

Na dispensa de licitação, a decisão pela contratação é discricionária porque a administração tem


liberdade de escolha.

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Recentemente, houve a inclusão do inciso XXV, ao mencionado art. 24 da lei 8.666/93,


estabelecendo que, para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de
estabelecimentos penais, desde que configurada situação de grave e iminente risco à segurança
pública, também pode haver dispensa de licitação.

Segundo entendimento do STF, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT),


empresa pública federal, pode ser contratada sem licitação, com fundamento no art.
24, VIII, da lei nº 8.666/93, para a prestação de serviços de logística.24

ASPECTOS GERAIS

Licitação Inexigível – Artigo 25 da lei 8.666/93 – Não há competição;

Licitação Dispensada – Artigo 17, I e II da lei 8.666/93 – Há possibilidade de competição, mas a


lei ordena não fazer. Ato Vinculado;

Licitação Dispensável – Artigo 24 da lei 8.666/93 - Há possibilidade de competição, mas a lei


concede a discricionariedade de fazer ou não, ficando a decisão a cargo do administrador.

Licitação Fracassada – Aparecem licitantes, mas todos são inabilitados ou desclassificados.


Quando isso ocorre, a Administração pode abrir prazo para que os licitantes regularizem suas
situações.

Licitação Deserta – Não aparecem licitantes interessados. Toda licitação deserta pode se tornar
dispensável (Artigo 24, V, da lei 8.666/93).

ATENÇÃO: a FGV costuma trocar esses conceitos para confundir os candidatos. Fique atento!

11.2 LICITAÇÃO NA LEI 14.133/21


PRINCÍPIOS NA NOVA LEI DE LICITAÇÕES

É sabido que o procedimento de licitação deve respeitar os princípios constitucionais aplicáveis à


Administração, expressos no art. 37, caput, e demais dispositivos da Constituição Federal, bem
como, os implícitos no ordenamento jurídico.

Com efeito, além de citados princípios que norteiam a licitação, existem, ainda, princípios
específicos aplicáveis ao procedimento licitatório, e apregoados no art. 5º da nova lei de
licitações. Vejamos os abaixo em destaque.

24
STF. 2ª Turma. MS 34939/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/3/2019.

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Vinculação ao Edital - O edital é considerado a “lei” interna da licitação, devendo estabelecer e


definir todos os critérios imprescindíveis ao certame, notadamente, qual critério será utilizado para
seleção da proposta vencedora, vinculando a Administração Pública e os licitantes à sua
observância.

Julgamento Objetivo - Os critérios de julgamento do certame licitatório, devem ser objetivamente


definidos no ato convocatório, sendo vedado ao administrador se valer de critérios não previstos
no edital, quando da definição do licitante vencedor.

Sigilo das Propostas - Até a data marcada para abertura dos envelopes, as propostas
apresentadas pelos licitantes ficam sob sigilo, devendo ser revelada apenas em sessão pública,
em conjunto, por todos os concorrentes. Frisa-se que, a violação ao sigilo da proposta antes do
prazo previamente determinado em edital, representa improbidade administrativa e crime definido
na própria lei de licitações (art. 178 da Lei 14.133/21 que acrescentou, dentre outros, o art. 337-J
ao Código Penal).

ATENÇÃO! O sigilo das propostas não se contrapõe ao princípio da publicidade, que deve ser
observado na realização de licitações públicas.

Competitividade - A licitação se presta à escolha da proposta mais vantajosa, que ocorre por
meio de um procedimento onde todos poderão participar, em igualdade de condições, devendo a
proposta escolhida estar em consonância com os interesses da coletividade.

Economicidade: É dever do agente público gerenciar os recursos públicos de forma que


produzam os melhores resultados econômicos possíveis à Administração, quantitativa e
qualitativamente, onerando o mínimo possível o ente público, tendo vendo que a atividade
administrativa gera custos e os recursos para tal são escassos.

Isonomia: Em seu aspecto material, significa dizer tratar igualmente os iguais, e desigualmente,
os desiguais,na medida de suas desigualdades. Assim sendo, tal princípio objetiva igualar
juridicamente, aqueles que são desiguais faticamente, formando o que se convencionou chamar
de isonomia material.

Um exemplo de conformação a este princípio é o tratamento diferenciado concedido às


microempresas e empresas de pequeno porte pela Lei Complementar 123/06.

Segregação de Funções: O procedimento licitatório compreende uma série de etapas as quais


devem ser desempenhadas por agentes públicos distintos. Tal princípio se presta a evitar a
ocorrência de equívocos, fraudes e uso irregular de recursos públicos.

Segurança Jurídica: As mudanças supervenientes realizadas em normas jurídicas, não devem


retroagir para atingir situações pretéritas, pois, se assim o fosse, o sistema de regras instituído
pelo poder público, tornaria-se instável, causando insegurança social.

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TIPOS DE LICITAÇÃO

Inicialmente, importante destacar que os “Tipos” de Licitação, não se confundem com as


“Modalidades” de licitação, uma vez que esta diz respeito à estrutura procedimental da licitação,
enquanto os Tipos, se relacionam ao critério de julgamento da licitação.

Desta feita, quatro critérios podem ser estabelecidos no edital para escolha do vencedor do
certame e estão estabelecidos nos artigos 33 e seguintes da lei nº 14.133/21, vejamos:

Menor Preço - Vence a licitação o proponente que apresentar a proposta de preço mais baixo
entre os competidores.

ATENÇÃO! A Administração utiliza este tipo quando o produto pretendido não tem nenhuma
característica especial, ou, quando existem características especiais, porém, estas são definidas
como requisitos mínimos para contratação.

Maior desconto (NOVIDADE DA 14.133/21!) - Na realidade, o critério do “maior desconto” já era


previsto na Lei do Pregão, tendo a nova lei de licitações, trazido de forma expressa tal critério de
julgamento. Nesses casos, o julgamento considerará o menor dispêndio para Administração e
terá como referência, o preço global fixado no edital de licitação.

Ressalte-se que, posteriormente à celebração do contrato, se for necessário a realização de


termos aditivos, o contratado é obrigado a conceder o desconto, também nesta ocasião.

Melhor técnica ou conteúdo artístico - Diz respeito à licitação que utiliza como critério de
escolha a qualidade do produto a ser adquirido, ou do serviço a ser prestado, considerando,
exclusivamente, propostas TÉCNICAS, ou ARTÍSTICAS apresentadas pelos licitantes.

ATENÇÃO! O art. 35, Parágrafo Único da lei 14.133/21, apregoa que este tipo poderá ser utilizado
para contratação de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística.

Técnica e Preço - Nas licitações deste tipo, será feita uma análise de preço, bem como,
qualidade do bem ou serviço a ser prestado pelo vencedor. A escolha deste será cabível quando
a variação de qualidade da prestação refletir no atendimento às necessidades da Administração.

Maior Lance - A licitação deste tipo, é utilizada para alienação de bens e direitos pela
Administração Pública, sendo apropriada para o leilão, que é modalidade licitatória, que leva em
consideração para escolha do vencedor, o critério maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação realizada pelo ente público.

Maior retorno econômico (NOVIDADE DA 14.133/21!) - Este critério poderá ser utilizado
apenas nos chamados Contratos de Eficiência, ou seja, contratos de prestação de serviços que
visam à redução das despesas correntes. Será considerada a maior economia para a

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Administração e a remuneração deverá ser fixada em percentual que incidirá, proporcionalmente


à economia verdadeiramente obtida na execução do contrato.

MODALIDADES DE LICITAÇÃO

A nova lei de licitações prevê 5 (cinco) modalidades licitatórias e extingue as modalidades


“Tomada de Preços” e “Convite” além de criar uma nova modalidade, qual seja, o “diálogo
competitivo”.

Ademais, o valor da contratação, não é mais o responsável por definir a modalidade licitatória
adequada, mas sim, a complexidade do objeto e o critério de julgamento.

Vejamos cada uma delas:

Concorrência - Modalidade licitatória destinada à contratação de bens e serviços especiais e de


obras e serviços comuns e especiais de engenharia, sendo considerada modalidade genérica em
que podem participar quaisquer interessados.

Modalidade ampla que abarca quase todos os tipos de licitação para critério de escolha do
vencedor, à exceção do tipo “maior lance”.

Concurso - Modalidade que demonstra o interesse do ente estatal em selecionar trabalhos


técnicos, científicos ou artísticos com determinadas características personalíssimas para
incentivar o desenvolvimento cultural. O art. 30 da lei 14.133/21 traz a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores.

Leilão - Modalidade destinada à alienação de bens móveis ou imóveis inservíveis ou legalmente


apreendidos, pelo poder público àquele que oferecer o maior lance, seja ele igual ou superior ao
valor da avaliação.

Ressalte-se que o leilão é realizado pelo leiloeiro, que pode ser o leiloeiro oficial ou um servidor
designado pela Administração, para cumprir a função de leiloeiro. Não caia na pegadinha de
prova que pode induzi-lo a pensar que a Administração não pode designar um servidor para
assumir tal função!

O leilão será sempre do tipo MAIOR LANCE.

Pregão - Modalidade licitatória utilizada para aquisição de bens e serviços comuns, ou seja,
aqueles que podem ser designados no edital, de modo que, os padrões mínimos de qualidade,
devem estar previamente estipulados no edital. Nesta modalidade, a licitação será sempre do tipo
“menor preço” ou “maior lance”.

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ATENÇÃO! No pregão, não há designação de comissão licitante, sendo o pregoeiro o


responsável pela realização do pregão, podendo tal função ser assumida apenas por servidor
efetivo.

Diálogo Competitivo - Modalidade criada com a edição da lei 14.133/21. Utilizada para contratar
obras, serviços e compras onde a Administração realiza diálogos com licitantes previamente
selecionados por meio de critérios objetivos, com a finalidade de desenvolver uma ou mais
alternativas, suficientes ao atendimento de suas necessidades, devendo os licitantes apresentar
proposta final após a finalização do diálogo.

Nesses casos, o ente público reconhece a importância e imprescindibilidade de se contratar um


objeto em específico, mas dada a complexidade de tal objeto, não tem o conhecimento
necessário sobre a melhor forma de realizar esta contratação, precisando do auxílio de
particulares. Desta feita, esta modalidade permite a implementação de um diálogo entre o ente
estatal e seus fornecedores, para que juntos, encontrem a melhor solução para atender os
anseios da Administração. Isso acontece, porque por vezes, os produtos ou serviços disponíveis
no mercado, não atendem à necessidade da Administração e precisam ser adaptados caso a
caso.

FASES DA LICITAÇÃO

Procedimento Comum (CONCORRÊNCIA e PREGÃO)

O art. 29 da Lei 14.133/21 ensina que “a concorrência e o pregão seguem o rito procedimental
comum a que se refere o art. 17 desta Lei (...)”

Por sua vez, citado artigo 17 assim apregoa que o processo de licitação observará as seguintes
fases, em sequência:

I - Preparatória;

II - de divulgação do edital de licitação;

III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;

IV - de julgamento;

V - de habilitação;

VI - recursal;

VII - de homologação.

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O Procedimento Comum é o mais extenso, e compreendê-lo é fundamental para compreender os


demais.

Fase Preparatória

A nova lei de licitações aduz que o início da licitação ocorre por meio do ato que instaura o
procedimento administrativo, dando início à chamada fase preparatória da licitação, estando o
procedimento formalmente iniciado, inclusive com a atribuição de um número à este.

Neste momento, a Administração Pública está, internamente, se organizando para licitar, com a
realização de atos preparatórios que justifiquem a realização do procedimento, obedecendo
requisitos legalmente estabelecidos.

Primeiramente formula-se a exposição de motivos da contratação, justificando sua


necessidade. Deve ser apresentado, ainda, a definição do objeto para o atendimento da
necessidade, bem como, a definição das condições de execução e pagamento.

Fase Externa

A fase externa tem início com a demonstração, aos interessados, de como se dará a participação
na disputa, por meio da publicação do edital.

Não é muito relembrar que o art. 17 da lei 14.133/21 dispõe que o processo de licitação observerá
as seguintes fases, em sequência:

I - Preparatória; II - de divulgação do edital; III - de apresentação de propostas e lances, quando


for o caso; IV - de julgamento; V - de habilitação; VI - recursal; VII - de homologação.

Percebam que o procedimento licitatório geral se desenvolve com a fase externa tendo início com
a divulgação do edital.

Posteriormente, haverá a abertura dos envelopes contendo as propostas, com respectiva seleção
da proposta vencedora. Apenas após julgamento das propostas, o ente público procederá à
habilitação do licitante vencedor.

MAS ATENÇÃO! Mediante devida justificativa da Administração, e desde que previsto no edital,
as fases podem ser invertidas, quando então serão habilitados os licitantes e, somente depois,
proceder-se-á à classificação das propostas.

Ainda, as licitações serão realizadas, preferencialmente sob a forma eletrônica, admitida a


utilização da forma presencial, desde que devidamente motivada, devendo a sessão pública ser

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registrada em ata e gravadas. Em caso de licitação por meio eletrônico, o ente público pode exigir
que os atos dos licitantes também sejam praticados neste formato.

REGRAS DE DESEMPATE NA NOVA LEI DE LICITAÇÕES

A lei nº 14.133/21, trouxe novidades no que se refere ao desempate nas licitações, dispostas no
art. 60.

A lei estabelece critérios sucessivos de desempate (e não alternativos), nas situações em que os
critérios de escolha previamente estabelecidos no edital, não são suficientes para selecionar uma
única proposta vencedora.

Assim, a Administração deve analisar os critérios de desempate, na ordem em que foram


estipulados na lei, não podendo escolher qual pretende utilizar primeiro.

São eles:

1 - Disputa Final, com apresentação de novas propostas pelos licitantes empatados após a
classificação;

2 - Avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, verificando o atendimento e


cumprimento a cláusulas e necessidades da contratante, em contratações anteriores;

3 - Desenvolvimento de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho;

4 - Desenvolvimento de programa de integridade, conforme orientações do órgão de controle.

Na eventualidade de nenhum destes critérios desempatar a licitação, a lei determina que o


desempate se dará por meio de critérios de preferência, a saber:

1 - Empresas estabelecidas no território do órgão ou entidade da Administração Pública estadual


licitante ou no Estado em que se localiza o órgão ou entidade da Administração Pública municipal
licitante;

2 - Empresas brasileiras;

3 - Empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no país;

4 - Empresas que comprovem a prática de mitigação, por intermédio do uso de tecnologia que
reduza a emissão de gases poluentes, nos moldes da lei nº 12.187/09.

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DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

A inexigibilidade de licitação, ocorre sempre que for impossível a competição, situação na qual,
a licitação será inexigível.

Importante frisar que as hipóteses de inexigibilidade de licitação são exemplificativas e não


taxativas, ou seja, a licitação será inexigível quando for inviável a competição entre os
interessados, ainda que a situação não esteja expressamente fixada na lei.

Já a dispensa de licitação, há plena possibilidade de competição no certame licitatório, no


entanto, a lei dispõe que é desnecessária a realização do certame. Neste caso o rol é taxativo,
permitindo-se a dispensa, apenas se a situação se amoldar a uma das situações expressas na lei.

Para melhor explicação do tema, vejamos como foi tratado na Nova lei de licitações:

INEXIGIBILIDADE (Art. 74) DISPENSA (Art. 75)

- Sempre que a competição for - A competição é totalmente


impossível, a licitação será possível, mas a LEI dispensa a
inexigível; licitação. Importante detalhar que
- As hipóteses de somente a lei pode trazer as
inexigibilidade de licitação hipóteses de dispensa, sendo
trazidas na lei são meramente proibida a definição de novas
exemplificativas; hipóteses por meio de atos
- A doutrina majoritária, ao administrativos específicos ou
apontar os pressupostos da decretos.
licitação, ensina que a - Na dispensa de licitação, a
ausência de qualquer um situação deve se amoldar em uma
deles, torna o procedimento das hipóteses estabelecidas na lei ,
licitatório inexigível, senão tendo em vista que o rol é
vejamos: taxativo/exaustivo.
a) Pressuposto lógico:
Pluralidade de bens e
de fornecedores do
bem ou do serviço.
b) Pressuposto jurídico:
A licitação se presta a
garantir o interesse
público. Se a licitação

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for de encontro ao
interesse público, não
será exigível licitar.
c) Pressuposto fático:
Nas situações em que
necessário realizar
uma contratação
específico, a exemplo
de um ente público que
precisa contratar o
melhor advogado
especialista em
finanças públicas do
país para fazer sua
defesa em uma ação
judicial que envolve
milhões de reais.

ATENÇÃO: É vedada a
inexigibilidade de licitação para
serviços de divulgação e de
publicidade.

12. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

12.1 Contratos conforme lei nº 8.666/93

Após identificar a proposta mais vantajosa, a Administração celebra um contrato com o particular.
Esse contrato é chamado de contrato administrativo.

Conceito:

“Contrato administrativo é uma espécie do gênero contrato. Constitui um acordo de vontade


celebrado entre a Administração Pública e o particular, sujeito a um regime jurídico peculiar
chamado de regime jurídico administrativo, com natureza de direito público (aplicando

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subsidiariamente princípios do direito privado), através do qual a Administração recebe uma série
de prerrogativas e sujeições”.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Os contratos administrativos são tratados pelo artigo 37, XXI, da CF/88; lei 8.666/93 a partir do
artigo 54, com alterações pelas leis 8.883/94, 9.032/95 e 9.648/98.

ESPÉCIES

Os contratos administrativos dividem-se em:

a) Contratos privados da Administração Pública;


b) Contratos tipicamente administrativos.

Contratos privados da Administração Pública - nem todos os contratos da Administração são


regidos pelo regime jurídico administrativo. Existem alguns regidos pelo regime privado, tais como
contratos de seguro, de financiamento, de locação, em que a Administração é locatária, contratos
em que a Administração é usuária de serviço público, além dos contratos cujos conteúdos são
predominantemente de direito privado. Nestes, há igualdade entre as partes contratantes, ou seja,
existe igualdade no contrato entre Poder Público e particular.

Contratos tipicamente administrativos - são contratos regidos pelo direito público. Como entre
a Administração Pública e o particular existe uma considerável superioridade, a Administração
usa dessa prerrogativa para elaborar, modificar e executar contratos com cláusulas exorbitantes
(que só existem nos contratos administrativos).

FORMALIDADE

Todo contrato é formal, ou seja, o contrato é sempre celebrado na forma escrita visando à
segurança dos contratantes. Ao contrário do Direito Civil, a lei 8.666/93 impede o contrato verbal,
determinando que contratos dessa forma são nulos e de nenhum efeito.

Exceção: poderá ser verbal quando a lei autorizar. (Art. 60, lei 8.666/93 - Contratos Verbais):

● Contratos com valor até R$8.800 reais, desde que sejam de pronta entrega e de pronto pagamento.

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CLÁUSULAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Cláusulas Necessárias:

a) Garantia (art. 55 e 56 da lei 8.666/93);


b) Duração do Contrato Administrativo (art. 57 da lei 8.666/93): a duração máxima será
compatível com a duração do crédito orçamentário: 12 meses (lei orçamentária anual).

Exceções (prazo maior do que 12 meses):

● Quando o objeto do contrato estiver previsto no Plano Plurianual (PPP, art. 166, CF):
● Prestação Contínua: se, em razão do prazo, o preço for melhor, nos casos de prestação
contínua, o prazo máximo do contrato será de 60 meses. Segundo o artigo 57 da lei
8.666/93, é permitida uma única prorrogação por mais 60 meses;
● Aluguel de equipamentos e programas de informática: prazo máximo de 48 meses;
● Contratos de Concessão ou Permissão de Serviço Público: podem ter prazos
diferenciados, de acordo com a lei que cuidar do serviço delegado. A lei que cuida do
serviço dará o prazo máximo do contrato de concessão ou permissão.

Cláusulas Exorbitantes (Art. 58):

As cláusulas exorbitantes fazem parte apenas dos contratos tipicamente administrativos. São
cláusulas incomuns ou consideradas ilícitas se pactuadas no direito privado por se submeterem
ao regime jurídico administrativo. Dessa forma, são prerrogativas concedidas ao Poder Público
para contratar.

As cláusulas exorbitantes mais importantes estão no art. 58 da Lei de Licitações.

a) Fiscalizar.
b) Alterar unilateralmente (arts. 58 e 65) - refere-se à alteração de cláusulas regulamentares
ou serviços. Não é possível alterar unilateralmente a equação econômico-financeira do
contrato;
c) Rescindir unilateralmente (arts. 58, 78 e 79) - ocorre por motivos de interesse público ou
por inadimplência do contratado;
d) Aplicar sanções;
e) Ocupar bens.

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Cláusula de Exceção de Contrato não cumprido (exceptio non adimplenti)

Nos contratos administativos, não se aplica a cláusula da exceção do contrato não cumprido ou
exceptio non adimpleti contractus nos contratos administrativos, que se refere à possibilidade de o
devedor escusar-se da prestação da obrigação contratual, por não ter o outro contratante
cumprido a sua parte.

Após 90 dias sem pagamento, pode-se suspender o serviço. Há quem diga que é aplicada de
forma mitigada.

Manutenção do equilíbrio financeiro-econômico em matéria de contratos administrativos.


Exemplo: a administração paga R$ 1.000,00 e o fornecedor fornece 100 cadernos. A
administração diz que não quer mais 100 cadernos, mas que quer 110. O fornecedor diz que vai
cobrar mais caro, pois há necessidade da manutenção do equilíbrio financeiro-econômico.

Teoria da imprevisão: são situações imprevisíveis que causam desequilíbrio contratual. O


particular pede revisão contratual. Não pode ser o equilíbrio violado. São situações imprevisíveis
que causam problemas, desequilíbrio, então, por isso, pede-se a revisão contratual:

Fato do príncipe: medidas de ordem geral não relacionadas ao contrato, mas que nele repercutem
e provocam desequilíbrio econômico-financeiro. Fato geral não dirigido ao contrato, mas que afeta
a execução contratual. Exemplo: fui contratado pela administração para construir hospital,
devendo usar um cimento importado. Quando fizemos o contrato, o saco custava US$10 ou
R$10. Agora, para comprar um saco, gastaria R$100. Houve desvalorização da moeda, afetando
o contrato, causando desequilíbrio;

Fato da administração: medidas provocadas pela própria administração contratante e que


desequilibram o contrato. Ação ou omissão dirigida ao contrato. Exemplo: Administração me
contratou para construir hospital. As obras começam dia 14 de junho. Nesse dia, vejo que a
administração não desapropriou o terreno. Há omissão dirigida ao contrato. Outro exemplo é a
falta de licença ambiental da área em que seria construído o hospital;

Interferências ou sujeições imprevistas: descoberta de um óbice natural que atrapalha a execução


do contrato. Exemplo: um hospital está sendo construído e descobre-se um lençol freático ou
petróleo que atrapalha a execução do contrato.

Caso fortuito e força maior.

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Revisão e reajuste. Reajuste significa mera atualização monetária do contrato em decorrência


dos efeitos da inflação. Revisão consiste em reequilibrar economicamente o contrato em razão
das áleas. É previsão legal.

CONTRATOS DE TERCEIRIZAÇÃO

Não serão objeto de execução indireta na Administração Pública federal direta, indireta,
autárquica e fundacional os seguintes serviços:⠀

a) que envolvem tomada de decisão ou posicionamento nas áreas de planejamento,


coordenação, supervisão e controle;

b) considerados estratégicos pelo órgão (proteção de controle de processos e de conhecimentos


e tecnologias);

c) relacionados a poder de polícia, de regulação, de outorga de serviços públicos e aplicação de


sanções;

d) inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade (a


não ser que haja disposição legal em contrário ou se tratar de cargo em extinção).

IMPORTANTE: perceba que não será possível a contratação de serviços para o


desempenho de funções atribuídas por lei às diversas carreiras federais.

Fica proibida a terceirização de cargos de chefia, que envolvam conhecimento


estratégico ou atividades que envolvam fiscalização ou regulação, como auditoria
fiscal ou do trabalho, ou na área de segurança pública.

Já para as Empresas públicas e Sociedades de economia mista controladas pela União restou
proibida a contratação de serviços que demandem a utilização de profissionais com atribuições
inerentes às dos cargos integrantes de seus Planos de Cargos e Salários, com algumas exceções
previstas no art. 4º do decreto 9.507/2018.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

I - Permissões e concessões

O fundamento das permissões e concessões de serviço público encontra guarida no art. 175 da
CF/88. Trata-se de Instrumento através do qual o poder público transfere a execução de serviços
ou obras públicas para particulares. A titularidade de um serviço ou uma obra pública pertence à

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administração e é intransferível. Quando a administração for transferir o serviço ou obra pública


para o particular, deverá abrir licitação para escolher a pessoa que reúna as melhores condições
para executar.

Mesmo que o dano tenha ocorrido pela falha de fiscalização do poder público, o art. 25 da lei diz
que sua responsabilidade não será afastada. Responderá de forma objetiva – independe da
comprovação de culpa e dolo, apenas nexo causal. A prestação de serviços públicos representa
uma relação de consumo.

Extinção (art. 35 e ss. lei 8.987)

Termo: a concessão termina por força do prazo inicialmente previsto.

Cumprimento do objeto.

Anulação: em caso de vício de ilegalidade, o da licitação induz o do contrato. Caso o particular


não tenha culpa, deve ser indenizado.

Encampação: fim antes do prazo por razões de interesse público – feita unilateralmente pelo
poder público.

Caducidade: fim antes do prazo por descumprimento de obrigações pelo concessionário – feita
unilateralmente pelo poder público.

Rescisão: fim antes do prazo por descumprimento de obrigações pelo poder público – pelo poder
concedente (não paga ou paga com atraso) – quem promove é o particular, via poder judiciário,
somente.

ATENÇÃO: a FGV já tentou confundir o candidato trocando os conceitos de


encampação e caducidade.

II - Concessão de serviço público – Lei 8.987/95

É o contrato pelo qual o Estado (poder concedente) transfere a prestação de um serviço público a
uma pessoa jurídica por prazo determinado, mediante licitação na modalidade concorrência e
remuneração (tarifa) paga pelo usuário. Exemplos: telefonia fixa, rádios e TVs, rodovias, portos e
transporte aéreo de passageiros.

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As concessionárias respondem sempre pela teoria objetiva perante usuários e terceiros.

As concessões regidas pela lei 8.987/95 (disciplina concessões e permissões e estabelece


normas gerais sobre concessões e permissões de serviços públicos) são denominadas
concessão comum.

A concessão comum tem por objeto a execução de serviços ou obras públicas, e apresenta como
principal fonte de execução a cobrança de tarifa dos usuários.

III - Concessão de serviço precedida de obra

É adotada quando o Estado não tem dinheiro para fazer uma obra. O particular constrói a obra e
depois cobra pela sua utilização.

IV - Parceria Público-Privada

A Parceria Público-Privada é regida pela lei 11.079/2004.

Tem natureza jurídica de concessão e foi criada para novas possibilidades da execução de
serviços, principalmente execução de obras públicas para particulares.

A Parceria Público-Privada incide sobre as esferas federal, estadual, municipal e distrital.

Art. 22, XXVII, CF/88. A competência da União para legislar sobre contratos é só para edição de
normas gerais. Isso significa que cada Estado ou Municípios poderão editar uma legislação a
esse respeito.

● Lei 8.666/93: lei geral sobre contratos editado pela União;


● Lei 8.987/95: lei sobre concessões;
● Lei 11.079/94: lei que fixa normas gerais sobre Parceria Público-Privada.

ATENÇÃO: é vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:

a) cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);

b) cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos e superior a 35


(trinta e cinco) anos; ou

c) tenha como objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e a instalação de


equipamentos ou a execução de obra pública.

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Tipo de concessão com distribuição objetiva dos riscos entre o particular (parceiro
privado) e o Estado (parceiro público):

Deve haver o compartilhamento de riscos e dos ganhos resultantes da redução dos riscos.
Ademais, deve ser criada uma sociedade de propósito específico para que esta fique responsável
por gerir o contrato da PPP.

Concessão Patrocinada: objeto é a construção de obras públicas ou serviços. Contrato no qual a


remuneração do parceiro privado será realizada por meio da cobrança de tarifas dos usuários do
serviço público, complementada por uma contraprestação da Administração Pública. Exemplo:
construção e operação de uma rodovia.

Concessão Administrativa: só incide sobre serviços. Contrato em que a Administração Pública é


usuária direta ou indireta do serviço público, e, portanto, a remuneração do parceiro privado se dá
somente por meio de contraprestação paga por ela – não haverá cobrança de tarifa pelos
usuários. Trata-se de um simples contrato de prestação de serviços em que, à medida que os
serviços são prestados, recebe-se por isso. Exemplo: construção e manutenção de uma unidade
prisional.

V - Consórcio Público

São contratos multilaterais de cooperação mútua entre entidades federativas. Para


administrar o consórcio, será criada uma nova pessoa jurídica, que poderá ser de direito público
ou de direito privado.

Se for de direito público, recebe o nome de associação pública. A associação integra a


administração indireta de todas as entidades consorciadas. O projeto de lei dos consórcios previa
responsabilidade solidária entre o consórcio e as entidades consorciadas. Com o veto
presidencial desse dispositivo, a responsabilidade passou a ser subsidiária.

12.2 Contratos conforme lei nº 14.133/2021


CONTRATOS ADMINISTRATIVOS X CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Importante esclarecer, primeiramente, que Contratos Administrativos não se confundem com


Contratos da Administração. Explica-se.

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Contrato da Administração é gênero, que tem como espécie, o contrato administrativo. Assim
sendo, os contratos da Administração (em sentido amplo) engloba tanto os contratos
administrativos, como também, os contratos de direito privado celebrados pelo poder público.

DAS PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO (CLÁUSULAS EXORBITANTES)

Já é sabido que os contratos administrativos expressam a manifestação de vontade entre duas ou


mais pessoas, com o objetivo de se celebrar determinado negócio jurídico, atuando o poder
público com PRERROGATIVAS, decorrentes da Supremacia do Interesse Público sobre o
Privado. Ressalte-se que este contrato é regido pelas normas de direito público, sendo inerentes
a ele, todas as prerrogativas e limitações do Estado.

Citadas PRERROGATIVAS ensejam o que se denomina "CLÁUSULAS EXORBITANTES”,


previstas no art. 104 da lei 14.133/21, e presentes, de forma implícita, em todos os contratos
administrativos.25

ATENÇÃO! A Nova Lei de Licitações e Contratos aboliu a expressão “Cláusulas Exorbitantes”,


denominando-as de “Prerrogativas da Administração”.

Vejamos o art. 104 da lei 14.133/21:

Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, as
prerrogativas de:

I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos
do contratado;

II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;

III - fiscalizar sua execução;

IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;

V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato nas
hipóteses de:

a) risco à prestação de serviços essenciais;

b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do
contrato.

● Exceção: Em relação ao Inciso I, quando se tratarem de cláusulas econômico-financeiras e


monetárias dos contratos, estas não poderão ser alteradas sem prévia concordância do

25
As cláusulas exorbitantes, excepcionalmente, se aplicam aos contratos privados celebrados pelo poder público,
necessitando, para tanto, estarem expressamente definidas no instrumento do acordo.

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contratado e deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual (art. 104,
§1º e 2º da lei 14.133/21)

Considerações importantes sobre as prerrogativas da Administração (Cláusulas


Exorbitantes)

a) Alteração Unilateral do Contrato: Quando houver projetos ou especificações para melhor


adequação técnica aos seus objetivos, a Administração poderá alterar unilateralmente o
contrato, sendo vedada a alteração do OBJETO de contrato, pois constituiria fraude à
licitação.

No que se refere à alteração atinente ao VALOR da contratação, o particular deve aceitar


as modificações feitas unilateralmente pela Administração, no limite de 25% (vinte e cinco
por cento) do valor original do contrato, para acréscimos ou supressões.

ATENÇÃO: A regra estipula o percentual de até 25% para acréscimos e supressões. No entanto,
se o contrato for celebrado para REFORMA DE EQUIPAMENTO, ou de EDIFÍCIOS, este limite
pode chegar a 50% (cinquenta por cento) do valor original do Contrato PARA ACRÉSCIMOS. As
supressões contratuais continuam a ter que respeitar o limite de 25%.

b) Rescisão Unilateral do Contrato: O poder público tem a prerrogativa de por fim ao contrato
independentemente do consentimento do particular e de qualquer decisão judicial. (Art. 137
e seguintes da lei 14.133/21).

Pode se dar por razões de interesse público, devidamente justificado ou por inadimplemento do
particular.

→ Nos contratos de Concessão de Serviços Públicos (Regulamentados pela lei 8987/95): Nos
contratos de concessão de serviço público, a rescisão por inadimplemento do Contratado é
chamada de CADUCIDADE, enquanto que por motivo de interesse público, chama-se
ENCAMPAÇÃO.

→ Caso a Administração Pública determine a suspensão da execução do contrato por prazo


superior a 3 (três) meses (na lei 8.666/93 esse prazo era de 120 dias), ou, se ocorreram suspensões
repetidamente, que totalizem 90 (noventa) dias úteis (na lei 8.666/93 não havia essa previsão), ou
ainda, em casos de atraso superior a 2 (dois) meses (na lei 8.666/93 esse prazo era de 90 dias)
contados da emissão da Nota Fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos devidos
pela Administração, o particular pode SUSPENDER A EXECUÇÃO DO CONTRATO (Exceção do

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Contrato Não Cumprido - “Exceptio non adimplenti contractus”), nos moldes do art. 137, §3º, II,
da lei 14.133/21.

RESTA CLARO que o particular NÃO pode determinar a rescisão unilateral, mas poderá
suspender a execução do contrato por meio da Exceção do Contrato Não Cumprido.

c) Fiscalização da execução do Contrato: Deve ser designado pela Administração um ou mais


agentes públicos, que ficarão responsáveis pela fiscalização na execução contratual,
exigindo o cumpirmento por parte do contratado e aplicando penalidades (art. 177 da lei
14.133/21)
d) Ocupação temporária de bens: Quando se tratar de serviços essenciais, a Administração
poderá ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços atrelados ao
objeto de contrato, na hipótese de rescisão do contrato, ou ainda, de necessidade de se
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais cometidas pelo contratado.

CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Quando se fala em características dos Contratos Administrativos, inicialmente é preciso destacar


que a busca pelo interesse público, é característica incessante dos contratos administrativos,
estando presente em todo ajuste firmado pela Administração.

Além desta, mais características se fazem presentes, conforme verifica-se a seguir:

- Comutativo: Os contratos administrativos são comutativos, porque geram direitos e


deveres previamente entabulados para ambas as partes.

ATENÇÃO! Em contratos públicos não podem existir obrigações indefinidas para nenhuma das
partes, devendo todas as obrigações estarem claramente estipuladas no acordo.

- Consensual: Não é necessário que haja a efetiva transferência do bem para ele se tornar
perfeito. Importante ressaltar que quando se fala em Direito Administrativo, o consenso do
particular opera-se quando da abertura dos envelopes de documentação. Já o consenso
da Administração depende da formalização do Contrato.
- De adesão: As cláusulas do contrato administrativo são colocadas impositivamente pelo
ente público, não cabendo ao particular discuti-las, mas tão somente, aceitar aderir ou não.
- Oneroso: Em regra, é inadmissível a celebração de contratos gratuitos com o poder
público.
- Sinalagmático: As obrigações das partes são recíprocas, o que quer dizer que a execução
da atividade por uma das partes, enseja o adimplemento contratual pela outra.
- Personalíssimo: O contrato administrativo tem natureza “intuito personae” e a
possibilidade de subcontratação do objeto do contrato fica limitada às hipóteses de lei.

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ATENÇÃO! O art. 122 da Nova lei de licitações e contratos estabelece que para que seja possível
a subcontratação, deve haver previsão em edital ou no contrato e concordância da Administração,
sob pena de rescisão do contrato.

- Formal: Os contratos administrativos tem tem forma definida em lei, indispensável à sua
regularidade.

ATENÇÃO! O art. 92 da Lei nº 14.133/2021 traz todas as cláusulas necessárias à validade do


Contrato Administrativo e uma vez ausentes, o contrato conterá vício de forma, sendo as
seguintes:

● o objeto e seus elementos característicos;


● a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver autorizado a
contratação direta e à respectiva proposta;
● a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos omissos;
● o regime de execução ou a forma de fornecimento;
● o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do reajustamento de preços
e os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
pagamento;
● os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e o prazo para liquidação e para pagamento;
● os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega, observação e recebimento definitivo,
quando for o caso;
● o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria
econômica;
● a matriz de risco, quando for o caso;
● o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;
● o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
● as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas, inclusive as que forem
oferecidas pelo contratado no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
● o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas
técnicas aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o caso;
● os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas e suas bases
de cálculo;
● as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
● a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na licitação, ou para a
qualificação, na contratação direta;
● a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras
normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social e para aprendiz;
● o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos em regulamento;
● os casos de extinção.

FORMALIDADE NA LEI 14.133/21

O art. 37, XXI da Constituição da República exige a ocorrência de regular procedimento licitatório
nas contratações envolvendo a Administração, atingindo também os contratos celebrados pela
Administração, regidos pelo Direito Privado.

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Regra geral, o contrato deve ser ESCRITO, sendo o termo de contrato ou instrumento de contrato
o meio para sua formalização, nos moldes do art. 92, da lei 14.133/21, o qual estabelece suas
cláusulas obrigatórias.

ATENÇÃO! A lei dispensa o instrumento de contrato, quando houver dispensa de licitação em


razão do valor, situação na qual o contrato poderá ser substituído por carta-contrato, nota de
empenho da despesa, autorização de compra ou ordem de serviço. Assim, o instrumento de
contrato não será necessário para obras e serviços de engenharia no valor de até R$100.00,00
(cem mil reais) e para aquisição de bens e outros serviços no valor de até R$50.000,00
(cinquenta mil reais).

● A legislação dita como REGRA não é vedada a realização de contrato verbal celebrado
pela Administração, apregoando ser nulo e de nenhum efeito qualquer contrato verbal
entabulado. No entanto, há exceções, quais sejam:

→ Para compras e serviços que não ultrapassem R$10.000,00 (dez mil reais) e desde que
se trate de pronta entrega e pronto pagamento. 26 (Art. 95, §2º da lei nº 14.133/2021)

→ Ainda que haja ausência de previsão legal expressa, a doutrina admite a celebração de
contratos verbais, para posterior formalização por escrito, em casos EMERGENCIAIS,
situação na qual a formalização poderá ser realizada, posteriormente à existência do
contrato e início da prestação do serviço pelo contratado.

NOVIDADE QUANTO À GARANTIA DOS CONTRATOS NA NOVA LEI DE LICITAÇÕES

O art. 96 da lei 14.133/2021, ensina que a garantia dos contratos é cláusula NECESSÁRIA,
podendo ser prestada em dinheiro, títulos da dívida pública, fiança bancária ou seguro garantia, a
critério do contratado.

Atenção para a pegadinha! A prova pode conter questão afirmando que a forma de prestação
da garantia será definida pela Administração. Mas lembre-se que o Contratado é quem
estabelece a forma de prestação da garantia, devendo escolher dentre aquelas permitidas em lei.

● Limite Máximo de prestação da garantia: 5% (cinco por cento) do valor do contrato, sendo
que, em observância a este limite, o poder público deve, discricionariamente, dispor acerca
do valor a ser cobrado em cada contratação específica.
● Limite máximo de prestação da garantia em casos que envolvam alta complexidade técnica
ou riscos financeiros consideráveis: 10% (dez por cento) do valor inicial do contrato,
definido por meio de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, sempre
mantida a regra de que o poder público é quem define o valor da caução.

26
Pronta entrega e pronto pagamento significa dizer que o contrato não gera nenhuma espécie de obrigação futura.

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Cláusula de Retomada (Novidade importante da lei 14.133/21!)

Quando a contratação pública envolver obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a
prestação da garantia na modalidade seguro-garantia do tipo “perfomance-bond”, com cláusula de
retomada. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que neste contrato em específico, a seguradora
se torna responsável pelo cumprimento do contrato, na forma como foi concebido. Essa empresa
seguradora, escolhida pela contratada para prestação da garantia, é que será responsável por
fiscalizar a execução do contrato ficando responsável por ele, independentemente da fiscalização
pelo poder público, como forma de evitar o descumprimento do contrato.

Neste caso, operar-se-á a seguinte situação em caso de inadimplemento contratual:

→ A seguradora poderá executar e concluir o objeto do contrato, ficando isenta da obrigação de


pagar a importância segurada indicada na apólice, ficando quite com suas obrigações;

→ A segura pode se eximir de executar e concluir o objeto do contrato, situação na qual pagará a
integralidade da importância segurada indicada na apólice.

PORTAL NACIONAL DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (PNCP)

A lei determina a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), que nada é do
que o sítio eletrônico oficial destinado à divulgação dos atos exigidos pela lei de licitações, de
forma centralizada e obrigatória, e à realização facultativa das contratações pelos órgãos e
entidades dos poderes executivo, legislativo e judiciário de todos os entes federativos.

O desenvolvimento da versão inicial do PNCP foi lançada dia 09 de Agosto de 2021 e é


responsável por dar publicidade aos procedimentos licitatórios e ainda, pode realizar os contratos
firmados pelos entes públicos.

DISPOSIÇÕES PENAIS DA LEI 14.133/2021

A contar do art. 178 da nova lei de licitações e contratos, regem-se as tratativas acerca dos
crimes passíveis de serem cometidos na execução dos procedimentos licitatórios e contratos
administrativos.

Isso se deu por meio de inserções no Código Penal, no capítulo concernente aos Crimes contra a
Administração Pública.

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Desta feita, o Capítulo II-B do Código Penal, passou a vigorar com a inserção dos artigos 337-E a
337-P.

13. BENS PÚBLICOS

Conceito:

São aqueles que pertencem à pessoa jurídica de direito público ou aqueles que estão destinados
à prestação de serviço público.

Espécies: (art. 99, CC)

Bens de uso comum do povo: ruas, praças e mares. Fazem parte do chamado patrimônio público
indisponível.

Bens de uso especial: são aqueles com destinação específica: prédios de repartição,
cemitérios públicos e mercados municipais. Fazem parte do chamado patrimônio público
indisponível.

ATENÇÃO: as terras indígenas são consideradas bens de uso especial.

Bens dominicais: são aqueles sem finalidade pública. São desafetados.

Exemplo: terras devolutas e viaturas inutilizadas da polícia. Fazem parte do chamado patrimônio
público disponível. Segundo o art. 99, I, CC, os bens dominicais são aqueles que pertencem ao
patrimônio das pessoas de direito público como objeto de direito real ou pessoal.

Afetação x Desafetação

Afetação: é dar destinação pública a um bem que até então não tinha.

Desafetação: é a retirada fática ou jurídica da destinação pública que anteriormente tinha um


determinado bem público. É um dos requisitos para alienação de bens públicos.

Regime jurídico:

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É caracterizado pela:

Imprescritibilidade absoluta (não pode ser objeto de ação de usucapião, mas pode usucapir).

Súmula 619 do STJ - A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza
precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.

Impenhorabilidade absoluta – As dívidas públicas devem ser pagas mediante precatório, sendo
vedada a penhora de seus bens (vide art. 100, CF/88, sobre precatórios).

Inalienabilidade relativa ou alienação condicionada – tem como requisitos a desafetação,


justificativa/motivação, avaliação prévia e licitação. Nos casos de bens imóveis, deve ainda
receber prévia autorização legislativa (art. 17 da lei 8.666/93 e arts. 100 e 101 do CC/02).

14. AGENTES PÚBLICOS

Espécies:

Políticos: eleições, mandatos fixos, parcela da soberania.

Temporário: para situações de excepcional interesse público. Situação de calamidade pública e


recenseadores do IBGE. Não há concurso, mas o pessoal é selecionado por meio de processo
seletivo simplificado. Nos casos de calamidade pública, o processo seletivo simplificado é
dispensado.

Comissionados (cargos de confiança): são os ocupantes de cargos em comissão. Ingressam sem


concurso, por meio de nomeação. Exoneráveis ad nutum (sem motivo).

Particulares em colaboração: exercem funções públicas (às vezes, sem remuneração e em


caráter temporário), mas não pertencem aos quadros permanentes da administração. Exemplos:
requisitados de serviço (mesários e conscritos) e titulares de cartórios, notários, tabeliães e
registradores (eles estão sujeitos a concurso público mas não têm cargo público, têm múnus
público, função pública, mas não se sujeitam à aposentadoria compulsória, ou seja, aos 70 anos).

Empregados públicos: atuam em pessoa jurídica de direito privado. Ingressam por concurso, têm
relação contratual com o Estado, regida pela CLT. São empregos públicos. Têm período de
experiência de 90 dias.

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Servidores públicos estatutários: pessoa jurídica de direito público. Ingressam por concurso
público e têm cargos públicos. Com a posse, vem o estágio probatório de 3 (três) anos.

Características:

Ser aprovado em concurso não gera direito à posse. O direito à posse surgirá nos seguintes
casos:

a) se o edital indica número de vagas – não é posse imediata, é no prazo de validade do


concurso;
b) se houver preterição de ordem, ou seja, chamar uma pessoa quebrando a ordem de
classificação;
c) se o candidato for chamado para a apresentação de documentação.

OBSERVAÇÃO: o cargo pode ser perdido por redução de gastos.

Ingresso:

Art. 37, I, CF – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

Será mediante aprovação em concurso público, caso seja nomeado e tome posse.

O aprovado em concurso dentro do número de vagas previsto no edital tem direito subjetivo à
nomeação, dentro do prazo de validade do concurso. Art. 37, III, CF: o prazo de validade do
concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.

Exceções:

Cargos em comissão e funções de confiança: excepcionam a regra geral. Não é necessário


concurso, visto que é de livre nomeação (art. 37, II, CF).

Contratações temporárias (art. 37, IX, CF):

● a lei27 estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado (lei nº 8.754/93) para
atender à necessidade temporária de excepcional interesse público.

27
Tal matéria encontra-se regulamentada pela lei nº 8.754/93.

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● Os casos excepcionais devem estar previstos em lei, o prazo de contratação deve ser
predeterminado, a necessidade deve ser temporária e o interesse público deve ser
excepcional;

● Pode ser feita sem concurso público, mediante processo seletivo simplificado;

● Os agentes temporários exercem função pública, mas não ocupam cargo nem emprego
público → firmam contrato de direito público com a Administração.

Exemplos: contratação temporária para assistência em caso de calamidade pública ou de


emergências em saúde pública, como na Pandemia de Coronavírus.

Provimento:

Conforme entendimento do STF, a ascensão e a transferência são formas de


provimento inconstitucionais.28

28
SÚMULA VINCULANTE 43 - É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
anteriormente investido.

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DICA: o provimento se dá com a nomeação e a investidura com a posse.

Estágio probatório:

Período de experiência do servidor. Tem duração de 3 anos ou 36 meses.

Aposentadoria compulsória:

Estão sujeitos à aposentadoria compulsória os servidores com proventos proporcionais ao tempo


de contribuição aos 70 anos de idade, ou aos 75 anos (na forma da lei complementar
152/2015) - art. 40, inciso II, da CF/88.

ATENÇÃO: na prática, a aposentadoria compulsória se dá aos 75 anos de idade. No


entanto, o art. 40, inciso II, da CF/88, menciona 70 ou 75 anos de idade. Assim, caso
caia essa letra de lei em sua prova, ela estará correta.

Empregados públicos – ingressam por concurso e têm vinculação trabalhista. São os celetistas.
São encontrados em empresas públicas e sociedades de economia mista.

Agentes putativos - também chamados de gestores de negócios públicos. Assumem


espontaneamente uma tarefa pública. Exemplo: aquele que presta socorro à parturiente.

Particulares em colaboração - também chamados de agentes honoríficos. Exemplos: mesários,


jurados, etc.

Vacância

Pode se dar por: exoneração, demissão, promoção, readaptação, aposentadoria, posse em outro
cargo inacumulável e falecimento.

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Dica! O desligamento com caráter punitivo se dá por demissão e o sem caráter


punitivo se dá por exoneração!

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Remoção x Redistribuição

Acúmulo de Cargos Públicos

Via de regra, nos termos do art; 37, inc. XVI, é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários e nos seguintes casos:

a) a de dois cargos de professor;


b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos privativos de médico;
d) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas.

Atente-se que a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

O STF e o STJ decidiram recentemente que a acumulação de cargos públicos de


profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao
limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal
requisito na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é
a compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela
administração pública.29

#SELIGA: deve haver compatibilidade de horários e o STF (REs 602043 e 612975) decidiu que o
teto remuneratório deve ser analisado individualmente para cada cargo ocupado, não sendo mais
necessário realizar o somatório.

Procedimento Sumário

29
STF. 1ª Turma. RE 1176440/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/4/2019 e STJ. 1ª Seção. REsp
1767955/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/03/2019.

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Processo de apuração de responsabilidade mais simples, previsto no art. 133 da lei 8.112,
aplicável nos casos de:

→ acumulação ilícita;

→ abandono de cargo; ou

→ inassiduidade habitual.

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Sindicância

Pode ser utilizada na apuração de infrações mais leves que possam resultar na imposição de
penas de advertência e suspensão de até 30 dias. Contudo, se concluir-se que a pena deverá ser
mais grave, deverá ser instaurado um processo administrativo disciplinar.

15. PROCESSO ADMINISTRATIVO NA ÁREA FEDERAL


Processo administrativo na área federal - lei 8.9784/99.

ATENÇÃO: em junho de 2019, o STJ editou a seguinte súmula:

Súmula 633
Assunto: prazos para revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública.

A lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos
administrativos no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada de forma
subsidiária aos Estados e municípios se inexistente norma local e específica regulando a matéria.

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Princípios:

Expressos (SERá FÁCIL pro MoMo): segurança jurídica, eficiência, razoabilidade, finalidade,
ampla defesa, contraditório, interesse público, legalidade, proporcionalidade, moralidade,
motivação.

Implícitos (exemplos): oficialidade, formalismo moderado, publicidade, impessoalidade, etc.

SELIGA: utilize o mnemônico : SERá FÁCIL Pro MoMo.

Direitos dos administrados:

● Publicidade;
● Contraditório e Ampla defesa.

ATENÇÃO: a súmula vinculante 05 estatui que não é obrigatória que a defesa do


administrado seja feita por um advogado, ficando a critério da parte a escolha.

Início do processo:

● De ofício pela administração ou a pedido de terceiros;


● Através de portaria designando a comissão.

Instrução:

● Terá direito de produção de provas;


● 10 dias para apresentação de defesa;
● Encerrada essa fase, há o dever de decidir da administração – 30 dias após o término da
instrução.

*Pode haver a emissão de parecer - 15 dias.

DA FORMA, DO LUGAR E DO TEMPO

Da Forma (Art. 22)

Regra: Sem forma determinada

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Tem exceção? Quando a lei expressamente a exigir.

Como devem ser produzidos os atos do processo?


Por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade
responsável (Pár. 1º, art. 22).

● Salvo disposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver
dúvida de autenticidade (Pár. 2º, art. 22);
● A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão
administrativo (Pár. 3º, art. 22);
● O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubricadas (Pár. 4º, art.
22).

Do Lugar (Art. 25)

Regra: Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão.


Tem exceção? Se outro for o local de realização, deverá ser cientificado o interessado.

Do Tempo (Arts. 23 e 24)

Dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo (art. 23)
Tem exceção? Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento
prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.

Prazos dos atos do processo


● 5 (cinco) dias, se inexistente disposição específica, salvo motivo de força maior.
● Pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.

Fase decisória ou de julgamento:

● Autoridade competente;
● Apresentação da decisão e realização dos atos necessários a sua eficácia.

É permitida a motivação aliunde.30

#SELIGA: ¹ pode ser realizada consulta pública.

Recurso:

30
Ocorre quando a autoridade competente, ao decidir, remete sua fundamentação a um parecer. A doutrina e a
jurisprudência admitem tal forma de motivação.

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● Prazo de 10 dias contados da ciência da decisão, perante a própria autoridade que julgou,
tendo esta 05 dias para retratar-se ou encaminhá-la à autoridade superior;
● Só será cabível recurso hierárquico impróprio em caso de expressa previsão normativa;
● Só se houver fato novo suscetível a comprovar a inadequação da sanção poderá ser
proposta revisão (único caso em que é vedada a agravação da penalidade);
● Reformatio in pejus. Regra geral: é possível.

Desistência

● Pode-se desistir total ou parcialmente do processo;


● Se houver vários interessados, a desistência / renúncia só atinge aquele que a formulou;
● Não impede o prosseguimento se o interesse público assim exigir.

Prazos

● Conta da data da publicação;


● Exclui o dia de começo e inclui do vencimento;
● Se vencer em dia não útil ou quando o expediente encerrar mais cedo, prorroga-se para o
dia útil seguinte;
● Regra: são dias corridos e não estão sujeitos a suspensão.

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Resumo

Encerramento da instrução: o interessado tem até 10 dias para manifestar-se, salvo se outro
prazo for legalmente fixado.

Decisão:

● A administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos


administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência (Art.
48)

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● Se um órgão não for competente para decidir, deverá elaborar relatório encaminhado, junto
com o processo, à autoridade competente.

Extinção do processo:

● Órgão competente pode declarar extinto o processo se exaurida sua finalidade ou o objeto
da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. (Art. 52)
● O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do
pedido formulado, ou ainda, renunciar a direitos disponíveis (Art. 51)
○ + de 1 interessado, a desistência ou renúncia, atinge somente quem a tenha
formulado. (Pár. 1º, Art. 51)
○ Se o interesse público exigir, a administração poderá dar continuidade ao processo,
mesmo que o interessado tenha desistido ou renunciado. (Pár. 2º, Art. 51)

16. CONCURSO PÚBLICO

Natureza jurídica: procedimento administrativo externo (envolve particulares) e concorrencial.

Validade do concurso: até 2 anos (decisão discricionária), admitida uma prorrogação por igual
período (decisão vinculada), contado a partir da homologação do concurso.

#PODECAIR

● Pessoas com deficiência têm direito à reserva de 5% a 20% das vagas e, em caso de
fração, o número deve ser elevado para o subsequente;
● Candidato aprovado dentro das vagas tem direito subjetivo à nomeação;
● É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato em concurso público
(súmula 684 do STF);
● Candidato aprovado em 1º lugar tem direito subjetivo à nomeação, ainda que o concurso
tenha sido realizado apenas para cadastro reserva;
● O STF entende que é constitucional a cláusula de barreira constante em edital31;
● O candidato só pode ser desclassificado devido a condenações na esfera penal se já
houver transitado em julgado;
● É constitucional a remarcação de curso de formação para o cargo de agente penitenciário
feminino de candidata que esteja lactante à época de sua realização, independentemente
da previsão expressa em edital do concurso público;

31
Limitar a quantidade de classificados.

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● O STF entende que é constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata


que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa
em edital do concurso público;
● O STF entende que é inconstitucional dispositivo legal que preveja a possibilidade de o
indivíduo aprovado no concurso tomar posse e entrar em exercício, de imediato, na classe
final da carreira.

ATENÇÃO: a súmula 266 do STJ informa que o diploma ou habilitação legal para o
exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso
público32. Essa é a regra geral. Todavia, essa regra não se aplica aos cargos de
Magistratura e Ministério Público, tendo o candidato que comprovar os requisitos no
momento da inscrição definitiva.

Tipos de concursos:

a) de provas e títulos: tem nota da prova e nota de títulos (mestrado e doutorado, por
exemplo) – quando exige uma formação específica. Exemplos: procurador e engenheiro do
município;
b) de provas: quando o cargo não exige formação específica. Exemplos: vigilante, auxiliar de
limpeza.

Funções que exigem aprovação em concurso:

Concurso é necessário somente para provimento de cargos públicos e empregos públicos.

Não precisam fazer concurso:

Contratados Temporários. Exemplo: recenseadores do IBGE. Há processo seletivo simplificado.

Agentes Políticos (chefes do executivo e parlamentares): ingressam por eleição.

Ocupantes de cargos em comissão (comissionados): são os chamados "cargos de confiança".


Somente para funções de chefia, direção e assessoramento.

32
Tal assunto foi cobrado na prova de segunda fase de direito administrativo, no XXVIII Exame da Ordem.

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17. ESTATUTO DA CIDADE

Legislação: lei 10.257/04 (regulamenta os artigos 182 e 183, CF/8833)

O art. 4º da lei traça os instrumentos da política urbana. Dentre eles, destacam-se o IPTU
progressivo, a desapropriação com títulos, o direito de preempção (aquele que confere ao poder
público municipal preferência para aquisição de imóvel objeto de uma alienação onerosa entre
particulares) e a outorga onerosa do direito de construir (solo ocupado).

18. LEI ANTICORRUPÇÃO (Lei nº 12.846/13)


A lei n° 12.846, de 1° de agosto de 2013, batizada popularmente como “Lei Anticorrupção”, dispõe
acerca da responsabilização objetiva de pessoas jurídicas que praticam atos lesivos contra a
administração pública nacional ou estrangeira.

A partir dessa lei, praticado um ato lesivo, a pessoa jurídica sofrerá sanções nos campos civil e
administrativo.

#SELIGA: serão considerados atos lesivos aqueles que atentem contra o patrimônio público
nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil, conforme explicita o art. 5º desta lei.34

33
Vale a pena dar uma lida nesses artigos!
34
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles
praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º , que atentem contra o patrimônio público nacional
ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim
definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele
relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos
nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou
a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento
licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato
administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados
com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos
contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação,
inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.

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Sanções

O candidato deve se atentar ao fato de que há a possibilidade de aplicação de sanções, tanto no


âmbito civil (judicial) quanto no âmbito administrativo.

Com objetivo de melhor fixação das sanções, segue tabela:

Penalidades administrativas Penalidades civis (judicial)


Processo Administrativo previsto nos O processo para aplicação da
arts. 8º ao 15.35 penalidade segue o procedimento da
Lei da Ação Civil Pública (Lei nº
7.347/85).
Penalidades previstas no art. 6º: As penalidades estão previstas no art.
19:
-Multa de 0,1 a 20% sobre o
faturamento bruto do último exercício - Suspensão das atividades;
anterior ao da instauração do
processo administrativo; - Perda de bens, direitos ou valores
que representem vantagem ou
-Publicação extraordinária da proveito direta ou indiretamente
condenação. obtidos da infração, ressalvado o
direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé;

- Interdição das atividades;

- Dissolução compulsória da pessoa


jurídica;

- Proibição de receber incentivos por


prazo de 01 a 05 anos.

Ademais, na aplicação das sanções, devem ser considerados os princípios da razoabilidade e


proporcionalidade, estando disposto no art. 7º da lei nº 12.846/13 o que deve ser observado para
a gradação das penalidades.36

35
Atente-se ao fato de que quem instaura o procedimento é responsável também por seu julgamento.
36
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções: I - a gravidade da infração; II - a vantagem auferida ou pretendida
pelo infrator; III - a consumação ou não da infração; IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; V - o efeito negativo produzido pela infração; VI - a
situação econômica do infrator; VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações; VIII - a existência de mecanismos e
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta
no âmbito da pessoa jurídica; IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade pública lesados.

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O candidato deve se atentar também ao fato de que a aplicação das penalidades previstas nessa
lei em nada afetam e/ou influenciam os processos de responsabilização e aplicação de
penalidades decorrentes de outras leis, tais como a Lei de Improbidade Administrativa, a lei
8.666/93, etc.

Acordo de Leniência – Art. 16

Essa é a parte do assunto que tem a maior probabilidade de ser explorada em prova!

É o acordo, regulamento pelo art. 16 da lei nº 12.846/13, por meio do qual a pessoa jurídica
realiza uma espécie de “Delação Premiada”, ou seja, o responsável pela prática dos atos lesivos
colabora efetivamente com as investigações e com o processo administrativo e, em troca disso,
recebe alguns benefícios.

Tem os seguintes requisitos (cumulativos):

● Deve ser a primeira a se manifestar interessada em celebrá-lo;

● Cessar o envolvimento com o fato;

● Auxiliar na investigação às suas expensas; e

● Admitir sua participação no ilícito e cooperar plena e permanentemente com as


investigações e o processo administrativo.

A colaboração deve resultar na:

● Identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e

● Obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.

Como “recompensa”, a empresa poderá receber os seguintes benefícios:

● Redução da multa administrativa em até ⅔; e

● Não aplicação das penalidades:

🡪 Publicação extraordinária (sanção administrativa) e;

🡪 Proibição de receber incentivos pelo prazo de 01 a 05 anos (sanção judicial).

ATENÇÃO: o acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de


reparar integralmente o dano causado.

#SELIGA: em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica


ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos contados do
conhecimento pela administração pública do referido descumprimento.

Florianópolis/SC 100
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TOP 10 SÚMULAS DO STJ:

Além das súmulas já indicadas no decorrer da apostila, segue lista com aquelas que não podem
deixar de serem lidas antes do Exame de Ordem.

Súmula 633 - STJ. A lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para
revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada de
forma subsidiária aos Estados e municípios se inexistente norma local e específica regulando a
matéria.

Súmula 634 - STJ. Ao particular, aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na lei de
impropriedade administrativa para os agentes públicos.

Súmula 635 - STJ. Os prazos prescricionais previstos no artigo 142 da lei 8.112/90 iniciam-se na
data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo tomar
conhecimento do fato, interrompendo-se com o primeiro ato de instauração válido, sindicância de
caráter punitivo ou processo disciplinar, e volta a fluir por inteiro após decorridos 140 dias desde a
interrupção.

Súmula 615 - STJ. Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros
restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são
tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.

Súmula 611 - STJ. Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou
sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em
denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração.

Súmula 591 - STJ. É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde
que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla
defesa.

Súmula 525 - STJ. A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais.

Súmula 510 - STJ. A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros
não está condicionada ao pagamento de multas e despesas.

Súmula 496 - STJ. Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de


marinha não são oponíveis à União.

Súmula 354 - STJ. A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para
fins de reforma agrária.

Florianópolis/SC 101
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TOP 10 SÚMULAS DO STF:

Além das súmulas já indicadas no decorrer da apostila, segue lista com as que o candidato não
pode deixar de ler antes do Exame de Ordem.

Súmula Vinculante 3. Nos processos perante o Tribunal de Contas da União, asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Súmula Vinculante 13. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral
ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública
direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.

Súmula Vinculante 21. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de


dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Súmula Vinculante 42. É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores


estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária

Súmula Vinculante 44. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato
a cargo público.

Súmula 21 - STF. Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem
inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.
Súmula 36 - STF. Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade.

Súmula 383 - STF. A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos
e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular
do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.

Súmula 473 - STF. A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial. Súmula Vinculante 37. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de
isonomia.

Florianópolis/SC 102
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Direito Administrativo | 8ª ed.

Súmula 683 - STF. O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em
face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.

Florianópolis/SC 103
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