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VIVIAN CESPEDES - 164.948.

607-37

DIREITO ADMINISTRATIVO
STF até Info 1041 e STJ até Info 721

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 1
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 1

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 2
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA 2
AUTOTUTELA 3

PODERES ADMINISTRATIVOS 3
PODER REGULAMENTAR 3

SERVIÇOS PÚBLICOS 3

LICITAÇÕES E CONTRATOS 4

SERVIDORES PÚBLICOS 4
TETO REMUNERATÓRIO 7
ASCENSÃO E TRANSPOSIÇÃO 8
APOSENTADORIA 8
EXERCÍCIO DA ADVOCACIA E CARGOS PÚBLICOS 8
REMUNERAÇÃO 8
REMOÇÃO 9
SERVIDORES TEMPORÁRIOS 9
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR 9

CONCURSO PÚBLICO 10

PROCESSO ADMINISTRATIVO 11

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 11


PESSOA JURÍDICA E DANO MORAL 12

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 12


DESAPROPRIAÇÃO 12
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA 14

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 14

TEMAS DIVERSOS 16
CÓDIGO DE TRÂNSITO 16
DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR 16
ANISTIA POLÍTICA 16
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS 17
CÓDIGO DE TRÂNSITO 17
FGTS 17

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PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Está em desconformidade com a Constituição Federal a previsão contida na Lei Orgânica do Distrito Federal que
autoriza que cada Poder defina, por norma interna, as hipóteses pelas quais a divulgação de ato, programa, obra
ou serviço públicos não constituirá promoção pessoal. Essa delegação conferida viola o § 1º do art. 37 da CF/88,
que não admite flexibilização por norma infraconstitucional ou regulamentar. É de se conferir interpretação
conforme à Constituição ao § 6º do art. 22 da Lei Orgânica do Distrito Federal para que a divulgação de atos e
iniciativas de parlamentares seja tida como legítima apenas quando efetuada nos ambientes de
divulgação do mandatário ou do partido político, não se havendo de confundi-la com a publicidade do
órgão público ou entidade.
STF. Plenário. ADI 6522/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/5/2021 (Info 1017).

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

É desnecessária a autorização legislativa expressa para a criação de subsidiárias quando houver


autorização legislativa da criação de empresa pública ou sociedade de economia mista e nesta constar
permissão genérica da possibilidade de criação de subsidiárias.
Assim, não se exige lei específica para autorizar a criação de subsidiária. Com base no paralelismo das formas,
como não é exigida lei específica para criar a subsidiária, também não é necessária lei específica para alienar o
seu controle acionário. Em palavras mais simples: como não se exige lei específica para criar, também não se
exige lei específica para “vender”.
STF. Plenário. ADPF 794/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021 (Info 1018)

São constitucionais os incisos III e VII do art. 8º-A, da Lei 9.986/2000.


A Lei nº 9.986/2000 dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras.
Os art. 8º-A prevê algumas pessoas que são proibidas de integrar o Conselho Diretor ou a Diretoria Colegiada
das agências reguladoras. Veja as hipóteses dos incisos III e VII:
Art. 8º-A. É vedada a indicação para o Conselho Diretor ou a Diretoria Colegiada:
III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical;
VII - de membro de conselho ou de diretoria de associação, regional ou nacional, representativa de interesses
patronais ou trabalhistas ligados às atividades reguladas pela respectiva agência.
O STF declarou que esses incisos são constitucionais.
É constitucional dispositivo legal que veda a indicação de pessoa que exerça cargo em organização sindical ou
que seja membro de conselho ou diretoria de associação patronal ou trabalhista para a alta direção das agências
reguladoras.
STF. Plenário. ADI 6276/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).

É constitucional a LC 179/2021, que conferiu autonomia ao Banco Central do Brasil. É constitucional a Lei
Complementar nº 179/2021, que definiu os objetivos e conferiu autonomia ao Banco Central do Brasil, além de
ter tratado sobre a nomeação e a exoneração de seu presidente e de seus diretores. Não ficou caracterizada
qualquer violação ao devido processo legislativo na tramitação do projeto que deu origem a essa lei, não tendo
havido afronta à iniciativa reservada do Presidente da República. A competência para legislar é, por excelência,
do Poder Legislativo. A reserva de iniciativa legislativa para o chefe do Poder Executivo constitui-se em previsão
excepcional e que, por isso, deve ser interpretada restritivamente. Os autores da ADI alegaram que a matéria

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veiculada na LC 179/2021 seria enquadrada no art. 61, § 1º, II, “c” e “e”, da CF/88. Se fosse acolhida essa
afirmação, estaria sendo conferida uma interpretação extensiva da previsão constitucional. Isso porque a LC
179/2021 não dispôs sobre o regime jurídico dos servidores públicos do Banco Central, que continua a ser
disciplinado pela Lei nº 8.112/90 e pela Lei nº 9.650/98. Não houve qualquer alteração normativa nessas leis. A
LC 179/2021 tampouco criou ou extinguiu ministérios ou órgãos da Administração Pública. O Banco Central
continua a existir, com natureza jurídica de autarquia especial federal. Na realidade, a LC nº 179/2021
transcende o propósito de dispor sobre servidores públicos ou criar órgão público. Ela dá configuração a uma
instituição de Estado – não de governo –, que tem relevante papel como árbitro neutro, cuja atuação não deve
estar sujeita a controle político unipessoal. STF. Plenário. ADI 6696/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator
do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 26/8/2021 (Info 1027).

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

O art. 37, XIX, da CF/88 afirma que é necessária a edição de uma lei específica para se autorizar a instituição de
uma sociedade de economia mista ou uma empresa pública.
Para que ocorra a desestatização da empresa estatal também necessária lei específica ou basta uma autorização
genérica prevista em lei que veicule programa de desestatização? A Lei nº 9.491/97 tratou sobre o Programa
Nacional de Desestatização e autorizou a desestatização de empresas estatais. Essa lei genérica é suficiente?
Em regra, sim.
É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de empresa
pública em programa de desestatização. Não se aplica o princípio do paralelismo das formas.
Exceção: em alguns casos a lei que autorizou a criação da empresa estatal afirmou expressamente que
seria necessária lei específica para sua extinção ou privatização. Nesses casos, obviamente, não é suficiente
uma lei genérica (não basta a Lei nº 9.491/97), sendo necessária lei específica.
STF. Plenário. ADI 6241/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/2/2021 (Info 1004)

AUTOTUTELA

É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo decadencial de 10 anos para anulação de atos
administrativos reputados inválidos pela Administração Pública estadual.
STF. Plenário. ADI 6019/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
12/4/2021 (Info 1012).

PODERES ADMINISTRATIVOS

PODER REGULAMENTAR

A Lei não pode estipular um prazo para que o chefe do Poder Executivo faça a sua regulamentação.
Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de legislação estadual que estabelece prazo para o
chefe do Poder Executivo apresentar a regulamentação de disposições legais. Exemplo: Art. 9º O Chefe do Poder
Executivo regulamentará a matéria no âmbito da Administração Pública Estadual no prazo de 90 dias. Essa
previsão é inconstitucional. STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2021 (Info 1037).

SERVIÇOS PÚBLICOS

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O art. 18, I, II e III da Lei 9.472/97 é compatível com os arts. 21, XI, e 48, XII, da CF/88
A competência atribuída ao chefe do Poder Executivo para expedir decreto em ordem a instituir ou eliminar a
prestação do serviço em regime público, em concomitância ou não com a prestação no regime privado, aprovar
o plano geral de outorgas do serviço em regime público e o plano de metas de universalização do serviço
prestado em regime público está em perfeita consonância com o poder regulamentar previsto no art. 84, IV,
parte final, e VI, da Constituição Federal.

Interpretação conforme dada ao art. 19, IV e X


A competência da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) para expedir normas subordina-se aos
preceitos legais e regulamentares que regem a outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações
no regime público e no regime privado. O art. 19, IV e X, da Lei 9.472/97, desse modo, é constitucional.

Impossibilidade de a ANATEL realizar busca e apreensão (o inciso XV do art. 19 é inconstitucional)


A busca e posterior apreensão efetuada sem ordem judicial, com base apenas no poder de polícia de que é
investida a ANATEL, mostra-se inconstitucional diante da violação ao disposto no princípio da inviolabilidade de
domicílio, à luz do art. 5º, XI, da Constituição Federal. Logo, o art. 19, XV, da Lei nº 9.472/97 é inconstitucional.

Interpretação conforme do art. 22, II


A competência atribuída ao Conselho Diretor da ANATEL para editar normas próprias de licitação e contratação
(art. 22, II, da Lei nº 9.472/97) deve observar o arcabouço normativo atinente às licitações e aos contratos, em
respeito ao princípio da legalidade.

É inconstitucional a expressão “serão disciplinados pela Agência” contida no art. 55 da Lei


Diante da especificidade dos serviços de telecomunicações, é válida a criação de novas modalidades licitatórias
por lei de mesma hierarquia da Lei Geral de Licitações (Lei 8.666/93). Portanto, sua disciplina deve ser feita por
meio de lei, e não de atos infralegais, em obediência aos artigos 21, XI, e 22, XXVII, do texto constitucional.

Interpretação conforme do art. 59


A contratação, a que se refere o art. 59 da Lei nº 9.472/97, de técnicos ou empresas especializadas, inclusive
consultores independentes e auditores externos, para executar atividades de competência da ANATEL, deve
observar o regular procedimento licitatório previsto pelas leis de regência.

Constitucionalidade dos arts. 65, III, §§ 1º e 2º, 66 e 69 da Lei


A possibilidade de concomitância de regimes público e privado de prestação do serviço, assim como a definição
das modalidades do serviço são questões estritamente técnicas, da alçada da agência, a quem cabe o
estabelecimento das bases normativas de cada matéria relacionada à execução, à definição e ao
estabelecimento das regras peculiares a cada serviço.

Inconstitucionalidade das expressões “simplificado” e “nos termos por ela regulados” previstas no art. 119 da Lei
nº 9.472/97
A ANATEL não pode disciplinar procedimento licitatório simplificado por meio de norma de hierarquia inferior à
Lei Geral de Licitações, sob pena de ofensa ao princípio da reserva legal. Por isso, são inconstitucionais as
expressões “simplificado” e “nos termos por ela regulados” do art. 119, da Lei nº 9.472/97. STF. Plenário. ADI
1668/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/2/2021 (Info 1007).

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O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) destinado à ampliação e ao fortalecimento da interação entre o


Estado e a iniciativa privada (MP 727/2016, convertida na Lei nº 13.334/2016) não afronta os princípios da
Administração Pública e da proteção do meio ambiente e dos índios (art. 23, VI, art. 37, caput e art. 231, § 2º, da
CF/88).
STF. Plenário. ADI 5551/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/3/2021 (Info 1009)

LICITAÇÕES E CONTRATOS

O regime de licitação e contratação previsto na Lei nº 8.666/93 é inaplicável às sociedades de economia mista
que explorem atividade econômica própria das empresas privadas, concorrendo, portanto, no mercado.
Não é possível conciliar o regime previsto na Lei nº 8.666/93 com a agilidade própria desse tipo de mercado que
é movido por intensa concorrência entre as empresas que nele atuam.
STF. Plenário. RE 441280/RS, Rel. Min. Dias Tofolli, julgado em 6/3/2021 (Info 1008).

É constitucional o art. 2º da Lei nº 5.615/70, com redação dada pela Lei nº 12.249/2010, que dispensa a licitação a
fim de permitir a contratação direta do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), pela União, para
prestação de serviços de tecnologia da informação considerados estratégicos, assim especificados em atos de
ministro de Estado, no âmbito do respectivo ministério.
Há evidente interesse público a justificar que serviços de tecnologia da informação a órgãos como a Secretaria
do Tesouro Nacional e a Secretaria da Receita Federal, integrantes da estrutura do Ministério da Economia,
sejam prestados com exclusividade por empresa pública federal criada para esse fim, como é o caso do Serpro.
STF. Plenário. ADI 4829/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 20/3/2021 (Info 1010)

SERVIDORES PÚBLICOS

É inconstitucional o aproveitamento de servidor, aprovado em concurso público a exigir formação de nível


médio, em cargo que pressuponha escolaridade superior.
STF. Plenário. RE 740008/RR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 697)
(Info 1003).

Os servidores públicos federais, quando desempenhavam funções gratificadas tinham direito de incorporar, em
sua remuneração, a vantagem decorrente do cargo em comissão ou da função de direção, chefia e
assessoramento. Isso estava previsto na redação original do art. 62 da Lei nº 8.112/90. Isso ficou conhecido
como incorporação de quintos em razão do exercício de funções gratificadas.
Houve uma discussão se os servidores públicos federais tiveram direito à incorporação dos quintos no período
que vai de 08/04/1998 a 04/09/2001. Após várias decisões favoráveis aos servidores, o STF decidiu em sentido
contrário.
Em 2015, o STF decidiu que não era permitida a incorporação dos quintos nesse período e que essa
possibilidade acabou com a edição da MP 1.595-14 (convertida na Lei nº 9.527/97). Ocorre que muitos servidores
estavam recebendo os quintos referentes ao período de 08/04/1998 a 04/09/2001 por força de decisões judiciais
ou administrativas. Como ficou a situação dessas pessoas? O STF, em embargos de declaração, decidiu modular
os efeitos da decisão e afirmou o seguinte:

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• é indevida a cessação imediata do pagamento dos quintos quando houve uma decisão judicial
transitada em julgado em favor do servidor. Neste caso, o servidor já incorporou definitivamente os quintos
ao seu patrimônio jurídico;
• se o servidor estava recebendo os quintos em razão de decisão administrativa ou de decisão judicial não
definitiva, o pagamento dos quintos é indevido. No entanto, os efeitos da decisão foram modulados, de
modo que aqueles que recebem a parcela até a data de hoje terão o pagamento mantido até a sua absorção
integral por quaisquer reajustes futuros concedidos aos servidores. Em outras palavras, a remuneração ou os
proventos não diminuirão de valor imediatamente. No entanto, quando houver um aumento, esse valor dos
quintos sumirá, sendo absorvido pelo aumento. STF. Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/12/2019 (Info 964).
O STJ acompanhou o STF e fixou as seguintes teses:
a) Servidores públicos federais civis não possuem direito às incorporações de quintos/décimos pelo
exercício de funções e cargos comissionados entre a edição da Lei nº 9.624/98 e a MP nº 2.225-48/2001;
b) Porém, os servidores públicos que recebem quintos/décimos pelo exercício de funções e cargos
comissionados entre a edição da Lei nº 9.624/98 e a MP nº 2.225-48/2001, seja por decisão administrativa ou
decisão judicial não transitada em julgado, possuem direito subjetivo de continuar recebendo os
quintos/décimos até o momento de sua absorção integral por quaisquer reajustes futuros concedidos aos
servidores;
c) Nas hipóteses em que a incorporação aos quintos/décimos estiver substanciada em coisa julgada material,
não é possível a descontinuidade dos pagamentos de imediato.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.261.020-CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/02/2021 (Recurso Repetitivo
– Tema 503) (Info 685).

A Lei nº 13.116/2015 estabelece normas gerais para implantação e compartilhamento da infraestrutura de


telecomunicações. Esse diploma normativo ficou conhecido como Lei Geral das Antenas.
O art. 12 dessa Lei proíbe que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cobrem contraprestação das
concessionárias pelo direito de passagem em vias públicas, faixas de domínio e outros bens públicos de uso
comum na instalação de infraestrutura e redes de telecomunicações.
O regramento do direito de passagem previsto no art. 12, caput, da Lei Geral das Antenas (Lei nº 13.116/2015) se
insere no âmbito da competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (art. 22, IV, da CF/88) e
sobre normas gerais de licitação e contratação administrativa (art. 22, XXVII, da CF/88).
O art. 12 da Lei Geral das Antenas respeita os princípios constitucionais da eficiência e da moralidade
administrativa.
O ônus real advindo da gratuidade do direito de passagem estabelecido no art. 12 da Lei nº 13.116/2015 é
adequado, necessário e proporcional em sentido estrito, considerando o direito de propriedade restringido. Do
ponto de vista material, não é compatível com a ordem constitucional vigente o entendimento de que o direito
de propriedade — mesmo que titularizado por ente político — revista-se de garantia absoluta. Logo, não se pode
dizer que essa restrição imposta pelo art. 12 tenha violado o direito constitucional de propriedade.
STF. Plenário. ADI 6482/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/2/2021 (Info 1006).

O mecanismo de atualização do piso nacional do magistério da educação básica, previsto no art. 5º, parágrafo
único, da Lei nº 11.738/2008, é compatível com a Constituição Federal:
Art. 5º O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado,
anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009.

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Parágrafo único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual
de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano,
definido nacionalmente, nos termos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007.
STF. Plenário. ADI 4848/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/2/2021 (Info 1007)

Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo (operacional ou de


cálculo), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, ESTÃO
SUJEITOS À DEVOLUÇÃO, ressalvadas as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua
boa-fé objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento
indevido.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.769.306/AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo –
Tema 1009) (Info 688).

A justiça comum é competente para processar e julgar ação em que se discute a reintegração de
empregados públicos dispensados em face da concessão de aposentadoria espontânea. A concessão de
aposentadoria, com utilização do tempo de contribuição, leva ao rompimento do vínculo trabalhista nos termos
do art. 37, § 14, da CF. Entretanto, é possível a manutenção do vínculo trabalhista, com a acumulação dos
proventos com o salário, se a aposentadoria se deu pelo RGPS antes da promulgação da EC 103/2019.
Tese fixada pelo STF: A natureza do ato de demissão de empregado público é
constitucional-administrativa e não trabalhista, o que atrai a competência da Justiça comum para julgar
a questão. A concessão de aposentadoria aos empregados públicos inviabiliza a permanência no emprego, nos
termos do art. 37, § 14, da Constituição Federal, salvo para as aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de
Previdência Social até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19, nos termos do que dispõe
seu art. 6º. STF. Plenário. RE 655283/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
16/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 606) (Info 1022)

É inconstitucional lei estadual que preveja que o Governador e o Vice-Governador do Estado não poderão
receber remuneração inferior ao subsídio percebido pelos Desembargadores e pelos Deputados
Estaduais.
É inconstitucional lei estadual que afirme que os Deputados Estaduais deverão receber 75% do subsídio
dos Deputados Federais. STF. Plenário. ADI 6468/SE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/8/2021 (Info 1024)

Há prescrição de fundo de direito nas ações em que se busca a concessão do benefício de pensão por morte?
Não ocorre a prescrição do fundo de direito no pedido de concessão de pensão por morte, no caso de
inexistir manifestação expressa da Administração negando o direito reclamado, estando prescritas apenas
as prestações vencidas no quinquênio que precedeu à propositura da ação. Situação diversa ocorre quando
houver o indeferimento do pedido administrativo de pensão por morte, pois, em tais situações, o interessado
deve submeter ao Judiciário, no prazo de 5 anos, contados do indeferimento, a pretensão referente ao próprio
direito postulado, sob pena de fulminar o lustro prescricional. STJ. 1ª Seção. EDCL nos EREsp 1.269.726-MG, Rel.
Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 25/08/2021 (Info 706).

Não é possível conceder pensão vitalícia aos dependentes de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador que
morreram no exercício do mandato. A concessão de pensão vitalícia à viúva, à companheira e a dependentes
de prefeito, vice-prefeito e vereador, falecidos no exercício do mandato, não é compatível com a Constituição
Federal. STF. Plenário. ADPF 764/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/8/2021 (Info 1027).

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O professor do ensino básico técnico e tecnológico aposentado antes da Lei 12.772/2012, mas cujo certificado
ou título foi obtido antes da inativação, tem direito ao Reconhecimento de Saberes e Competência (RSC), para
fins de cálculo da Retribuição por Titulação - RT Baixa relevância para concursos. O professor do ensino básico
técnico e tecnológico aposentado anteriormente à vigência da Lei nº 12.772/2012, mas cujo certificado ou título
foi obtido antes da inativação, tem direito ao Reconhecimento de Saberes e Competência (RSC), para fins de
cálculo da Retribuição por Titulação - RT. STJ. 2ª Turma. REsp 1.914.546-PE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
05/10/2021 (Info 713).

Se o indivíduo, apesar de ser titular de serventia não estatizada, receber remuneração dos cofres públicos,
ele estará sujeito à aposentadoria compulsória.
O STF, ao julgar o RE 647827/PR (Tema 571) fixou a seguinte tese: Não se aplica a aposentadoria compulsória
prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam
ocupantes de cargo público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres públicos. No caso
concreto, o STJ reconheceu que o impetrante estava sujeito à aposentadoria compulsória porque ele se
enquadrava na parte final da tese acima exposta. Apesar de o indivíduo ser titular de serventia não
estatizada, ele receia remuneração dos cofres públicos. Desse modo, estava sujeito à aposentadoria
compulsória aos 75 anos. STJ. 2ª Turma. RMS 57.258-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/11/2021
(Info 718)

É inconstitucional a vedação ao exercício provisório, de que trata o § 2º do art. 84 da Lei 8.112/90, nas unidades
administrativas do Ministério das Relações Exteriores (MRE) no exterior.
O § 2º do art. 84 da Lei nº 8.112/90 afirma que, se o servidor público federal for transferido para local diverso de
onde ele morava, o seu cônjuge/companheiro – que também for servidor público – ficará de licença de seu órgão
de origem e poderá exercer provisoriamente atividade compatível com seu cargo em órgão ou entidade da
Administração Federal no local para onde se mudou. Trata-se do chamado exercício provisório. O art. 69 da Lei
nº 11.440/2006 proibiu, nas unidades administrativas do Ministério das Relações Exteriores no exterior, o
exercício provisório. Assim, o servidor público cônjuge de diplomata, oficial ou assistente de chancelaria não
poderia ter direito à licença remunerada do § 2º do art. 84 da Lei nº 8.112/90. O STF decidiu que essa vedação do
art. 69 da Lei nº 11.440/2006 é inconstitucional porque: • confere tratamento anti-isonômico injustificável; • viola
a especial proteção constitucional da família; • a possibilidade de exercício provisório também gera benefícios
para a Administração Pública. STF. Plenário. ADI 5355/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10 e 11/11/2021 (Info
1038).

TETO REMUNERATÓRIO

O teto constitucional remuneratório não incide sobre os salários pagos por empresas públicas e
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que não recebam recursos da Fazenda Pública.
Veja o que diz o § 9º do art. 37 da CF/88: “O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades
de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.”
STF. Plenário. ADI 6584/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021 (Info 1018)

É incompatível com a CF/88 a emenda à Constituição estadual que institui, como limite remuneratório único dos
servidores públicos estaduais, o valor do subsídio dos ministros do STF
A EC nº 47/2005 facultou aos Estados-membros e ao Distrito Federal, mediante Emenda à Constituição estadual
ou à Lei Orgânica distrital (conforme o caso), fixar o teto remuneratório dos servidores públicos estaduais ou
distritais, adotando, como limite único, o valor do subsídio mensal dos Desembargadores dos respectivos

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Tribunais de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do STF. Viola o art. 37, § 12, da
Constituição Federal a norma estadual que, embora veiculada por meio de Emenda à Constituição, elege
como parâmetro remuneratório máximo dos servidores públicos estaduais o valor integral do subsídio
dos Ministros do STF.
STF. Plenário. ADI 6746/RO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 28/5/2021 (Info 1019).

O teto aplicável aos servidores municipais é, em regra, o subsídio do prefeito, não podendo se aplicar o
modelo facultativo do § 12 do art. 37 da CF aos servidores municipais. No que tange ao teto remuneratório,
os Estados-membros e o Distrito Federal possuem duas opções:
a) escolher estipular um teto por Poder (chamado de modelo geral):
a.1) Executivo: subsídio do Governador.
a.2) Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais.
a.3) Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF.
b) escolher estipular um subteto único para todos os Poderes.
Este subteto único corresponderia ao subsídio dos Desembargadores do TJ, para todo e qualquer servidor
de qualquer poder, ficando de fora desse subteto apenas o subsídio dos Deputados. Essa segunda opção é
chamada de modelo facultativo e está prevista no § 12 do art. 37 da CF/88, inserido pela EC 47/2005. Para
adotar o modelo facultativo, os Estados ou DF precisam de uma emenda à Constituição estadual ou à Lei
orgânica distrital. Vale ressaltar, contudo, que esse modelo facultativo do § 12 do art. 37 da CF/88 não pode
ser aplicado para os servidores municipais. O teto remuneratório aplicável aos servidores municipais,
excetuados os vereadores*, é o subsídio do prefeito municipal. Assim, é inconstitucional dispositivo de
Constituição Estadual que fixe o subsídio dos membros do TJ local como teto remuneratório aplicável aos
servidores municipais. STF. Plenário. ADI 6811/PE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/8/2021 (Info
1026).
* Apesar de o julgado ter ressalvado apenas a situação dos vereadores, podemos apontar uma segunda
exceção: os procuradores municipais. Segundo decidiu o STF em outra oportunidade: A expressão
"Procuradores", contida na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição da República, compreende os
procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, estando, portanto,
submetidos ao teto de 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do subsídio mensal, em
espécie, dos ministros do STF. Assim, o teto remuneratório de Procuradores Municipais é o subsídio de
Desembargador de TJ. STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/2/2019 (Info 932).

ASCENSÃO E TRANSPOSIÇÃO

É inconstitucional a interpretação de disposições legais que viabilizem a promoção a cargo de nível superior
a servidores que ingressaram por concurso público para cargo de nível médio.
STF. Plenário. ADI 6355/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/5/2021 (Info 1019).

APOSENTADORIA

Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão
sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF. Plenário. RE
636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).

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Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte
de Contas.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.506.932/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 02/03/2021 (Info 687)

EXERCÍCIO DA ADVOCACIA E CARGOS PÚBLICOS

O exercício da advocacia, mesmo em causa própria, é incompatível com as atividades desempenhadas por
servidor ocupante de cargo público de agente de trânsito, nos termos do art. 28, V, da Lei nº 8.906/94
(Estatuto da OAB).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.815.461/AL, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 10/02/2021 (Recurso Repetitivo –
Tema 1028) (Info 685).

REMUNERAÇÃO

Policiais Federais fazem jus a pagamento de diárias apenas no caso de deslocamentos que ultrapassem a
circunscrição oficial da sua unidade de lotação, a título de indenização por despesas extraordinárias. O
Departamento de Polícia Federal editou ato normativo afirmando que os policiais federais só teriam direito ao
pagamento de “diária” se o deslocamento fosse para fora da circunscrição oficial de sua unidade de lotação. O
Sindicato ajuizou ação questionando a legalidade desse ato normativo sob o argumento de que essa limitação
(só pagar se a viagem for para fora da circunscrição do policial) violaria o art. 58 da Lei nº 8.112/90: “O servidor
que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com
pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.” O STJ não concordou com a
tese afirmando que quase todas as atividades dos membros da Polícia Federal envolvem a possibilidade de eles
terem que se deslocar para além do espaço físico em que está localizada a sede de cada Departamento de
Polícia. Logo, a situação dos Policiais Federais não se enquadraria no caput do art. 58, mas sim na hipótese
excepcional do § 2º do mesmo artigo: “Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência
permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias”. STJ. 1ª Turma. REsp 1.542.852-PE, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 28/09/2021 (Info 711).

A EC 41/2003 alterou o inciso XI do art. 37 e permitiu que os Estados, DF e Municípios instituíssem


subtetos diferentes da União; essa previsão não viola o princípio da isonomia.
A CF/88 prevê, em seu art. 37, XI, o chamado “teto remuneratório”, ou seja, o valor máximo que os agentes
públicos podem receber no país. A EC nº 41/2003 alterou a redação desse inciso XI e permitiu que os Estados, DF
e Municípios instituíssem subtetos estaduais e municipais, diferentes do teto da União. A instituição de subtetos
remuneratórios com previsão de limites distintos para as entidades políticas, bem como para os Poderes, no
âmbito dos Estados e do Distrito Federal não ofende o princípio da isonomia. A isonomia, em seu sentido
material, significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. A autorização para a instituição de
tetos diferenciados para União, Estados, Distrito Federal e Municípios tem por objetivo permitir que os
entes federativos limitem a remuneração do serviço público com base em suas respectivas realidades
financeiras. Existem singularidades materiais e funcionais nos diversos estratos do poder público, de modo que
é legítima a instituição de tetos de remuneração particularizados a cada situação peculiar. Essa permissão, na
verdade, prestigia a autonomia dos entes federados e a separação de poderes na medida em que poderão
solucionar – conforme a peculiaridade de cada um – os limites máximos de remuneração do seu pessoal. STF.
Plenário. ADI 3855/DF eADI 3872/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 26/11/2021 (Info 1039).

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É inconstitucional a vinculação de reajuste de vencimentos de servidores públicos estaduais ou


municipais a índices federais de correção monetária.
Caso concreto: a Lei estadual nº 8.278/2004, do Mato Grosso, previu que um dos requisitos para que haja a
revisão anual dos servidores públicos estaduais é a constatação de que houve perdas salariais resultantes de
desvalorização do poder aquisitivo da moeda, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),
índice de inflação calculado pelo IBGE (fundação federal). Para o STF, essa previsão é inconstitucional por violar a
autonomia dos entes federados e o art. 37, XIII, da CF/88. Esse tema está pacificado pelo STF na SV 42: É
inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices
federais de correção monetária. STF. Plenário. ADI 5584/MT, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
3/12/2021 (Info 1040).

REMOÇÃO

Se o servidor se remover por interesse da Administração Pública, o seu cônjuge terá direito à remoção
para o mesmo lugar, ainda que eles não morassem no mesmo Município antes. Havendo remoção de um
dos companheiros por interesse da Administração Pública, o(a) outro(a) possui direito líquido e certo de obter a
remoção independentemente de vaga no local de destino e mesmo que trabalhem em locais distintos à época
da remoção de ofício. Caso hipotético: Regina e João são servidores públicos do Estado de Mato Grosso e vivem
em união estável. Contudo, ambos moram em cidades distintas daquele Estado. Regina, policial civil, trabalha e
mora na cidade “A”. João, policial militar, trabalha e mora na cidade “B”. João foi removido, por interesse da
Administração Pública, para a cidade “C”. Logo em seguida, Regina terá direito de se remover para o Município
“C”, nova lotação de seu companheiro. STJ. 2ª Turma. RMS 66.823-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 05/10/2021 (Info 712).

SERVIDORES TEMPORÁRIOS

A norma de edital que impede a participação de candidato em processo seletivo simplificado em razão de
anterior rescisão de contrato por conveniência administrativa fere o princípio da razoabilidade.
Caso concreto: em 2012, após processo seletivo, João foi contratado como servidor temporário (art. 37, IX, da
CF/88) para prestar serviços como inspetor penitenciário. Em 2014, foi exonerado por “conveniência
administrativa”, não tendo recebido, contudo, qualquer punição durante o tempo em que exerceu suas funções.
Em 2019, o Estado instaurou processo seletivo simplificado para novamente contratar servidores temporários
para exercerem as funções de inspetor penitenciário. João se inscreveu e foi aprovado. A despeito disso, não
pode ser contratado por conta da vedação constante no item 11.8 do edital, que dizia o seguinte: “11.8. O
candidato que houver sido contratado ou nomeado anteriormente pela SEJUS e que tiver sido exonerado, ou
tiver tido o contrato rescindido por conveniência administrativa e/ou ato motivado pela Corregedoria e/ou por
determinação judicial, será automaticamente eliminado do processo seletivo.” Impedir que o candidato
participe do processo seletivo simplificado porque, há alguns anos, seu contrato foi rescindido por
conveniência administrativa, equivale a impedir, hoje, a sua participação na seleção por mera
conveniência administrativa, o que viola o princípio da isonomia e da impessoalidade. STJ. 2ª Turma. RMS
67.040-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 23/11/2021 (Info 719)

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

É necessária condenação anterior na ficha funcional do servidor ou, no mínimo, anotação de fato que o
desabone, para que seus antecedentes sejam valorados como negativos na dosimetria da sanção

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disciplinar.
Caso concreto: na decisão do processo administrativo instaurado contra o servidor, a administração pública
aplicou contra ele a pena de suspensão pelo prazo máximo (90 dias) sob o argumento de que os seus
“antecedentes funcionais” deveriam ser qualificados como negativos já que se trata de “servidor veterano, com
larga experiência” e, portanto, deveria ter conduzido com mais zelo e cuidado a tarefa que estava sob sua
responsabilidade. Invocou o art. 128 da Lei nº 8.112/90: “Na aplicação das penalidades serão considerados (...) a
os antecedentes funcionais.” Ocorre que isso não pode ser considerado como “antecedentes funcionais”
negativos. A Administração só poderia considerar como desfavorável o fato de o servidor ter sido tão
imprudente, mesmo tendo larga experiência, se a legislação autorizasse o exame da culpabilidade do agente, tal
como o art. 59 do CO permite. No entanto, a Lei nº 8.112/90 só admite considerar, na “dosimetria” da sanção
disciplinar, os antecedentes funcionais, que ostentam concepção técnica própria. Nesse passo, para que os
antecedentes funcionais do servidor fossem considerados negativos, deveria constar na ficha funcional do
impetrante alguma condenação anterior, ou, no mínimo, alguma anotação de fato que desabonasse seu
histórico funcional, o que não era o caso. STJ. 1ª Seção. MS 22.606-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
10/11/2021 (Info 718).

A administração pública, quando se vê diante de situações em que a conduta do investigado se amolda às


hipóteses de demissão e de cassação de aposentadoria de servidor, não dispõe de discricionariedade para
aplicar pena menos gravosa (Súmula 650-STJ)
Súmula 650-STJ: A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para aplicar ao servidor pena
diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 132 da Lei nº 8.112/90. STJ. 1ª Seção.
Aprovada em 22/09/2021.

Não há óbice para que a autoridade administrativa apure a falta disciplinar do servidor público
independentemente da apuração do fato no bojo da ação por improbidade administrativa (Súmula
651-STJ)
Súmula 651-STJ: Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor público a pena de demissão em razão
da prática de improbidade administrativa, independentemente de prévia condenação, por autoridade judicial, à
perda da função pública. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 21/10/2021.

CONCURSO PÚBLICO

A contratação temporária de terceiros para o desempenho de funções do cargo de enfermeiro, em decorrência


da pandemia causada pelo vírus Sars-CoV-2, e determinada por decisão judicial, não configura preterição
ilegal e arbitrária nem enseja direito a provimento em cargo público em favor de candidato aprovado em
cadastro de reserva.
STJ. 2ª Turma. RMS 65.757-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 04/05/2021 (Info 695)

Impedir que candidato prossiga no concurso público para ingresso porque foi usuário de drogas há sete
anos acaba por aplicá-lo uma sanção de caráter perpétuo
Impedir que candidato em concurso público que já é integrante dos quadros da Administração prossiga no
certame para ingresso nas fileiras da Política Militar na fase de sindicância de vida pregressa, fundada em relato
do próprio candidato no formulário de ingresso na corporação de que foi usuário de drogas há sete anos, acaba
por aplicá-lo uma sanção de caráter perpétuo, dado o grande lastro temporal entre o fato tido como
desabonador e o momento da investigação social.

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STJ. 2ª Turma. AREsp 1.806.617-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 01/06/2021 (Info 699).

A desistência de candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital do concurso após o
prazo de validade do certame, não faz surgir o direito de nomeação, por ausência de previsão legal.
Os candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital não possuem direito líquido e certo
à nomeação, salvo nas hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração.
É também pacífico o entendimento que a expectativa de direito se transforma em direito subjetivo à nomeação
nas situações em que o candidato, aprovado fora do número de vagas, passe a figurar, devido à desistência de
aprovados classificados em colocação superior, dentro do quantitativo ofertado no edital do concurso.
No entanto, não existe direito líquido e certo à nomeação no caso a desistência do candidato mais bem
classificado – e que deu origem à vaga para o impetrante – ocorreu após o prazo de validade do concurso.
Assim, se a desistência dos candidatos aprovados em melhores posições se deu após o prazo de validade do
certame, isso não garante o direito à nomeação para o candidato que estava aguardando.
STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 63676/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/03/2021.

O candidato que possua qualificação superior àquela exigida para o cargo, no edital, tem direito de a ele
concorrer. O candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital, exige título de
Ensino Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área específica, caso não seja portador
desse título mas detenha diploma de nível superior na mesma área profissional. Caso concreto: candidato foi
aprovado no concurso para o cargo de Técnico de Laboratório –Área Química. O edital exigia, como qualificação
para o exercício do cargo, “ensino médio profissionalizante na área, ou ensino médio completo com curso
técnico na área (Área Química)”. O candidato não possui ensino médio profissionalizante nem curso técnico na
área química. No entanto, ele possui uma qualificação superior e relacionada com a área: ele é formado em
Química (possui bacharelado em Química), além de ter concluído Mestrado em Química. STJ. 1ª Seção. REsp
1.888.049-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1094) (Info 710).

É inconstitucional ato normativo que exclui o direito dos candidatos com deficiência à adaptação
razoável em provas físicas de concursos públicos. A exclusão da previsão de adaptação das provas físicas para
candidatos com deficiência viola o bloco de constitucionalidade composto pela Constituição Federal e pela
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – CDPD (Decreto Legislativo
186/2008), incorporada à ordem jurídica brasileira com o “status” de Emenda Constitucional, na forma do art. 5º,
§ 3º, da CF/88. Duas teses fixadas pelo STF para o tema:
1) É inconstitucional a interpretação que exclui o direito de candidatos com deficiência à adaptação
razoável em provas físicas de concursos públicos.
2) É inconstitucional a submissão genérica de candidatos com e sem deficiência aos mesmos critérios em
provas físicas, sem a demonstração da sua necessidade para o exercício da função pública. STF. Plenário. ADI
6476/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021 (Info 1028).

Pandemia, crise econômica e limite prudencial atingido para despesas com pessoal não são motivos
suficientes para se deixar de nomear o candidato aprovado dentro do número de vagas do concurso
público.
Para a recusa à nomeação de aprovados dentro do número de vagas em concurso público devem ficar
comprovadas as situações excepcionais elencadas pelo Supremo Tribunal Federal no RE 598.099/MS, não sendo
suficiente a alegação de estado das coisas - pandemia, crise econômica, limite prudencial atingido para despesas
com pessoal -, tampouco o alerta da Corte de Contas acerca do chamado limite prudencial. A recusa à
nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas deve ser a última das alternativas,
somente sendo adotada quando realmente já não houver outra saída para a Administração Pública. STJ.

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1ª Turma. RMS 66.316-SP, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em
19/10/2021 (Info 715)

PROCESSO ADMINISTRATIVO

Quando o interessado poderá ser notificado por edital no processo administrativo?


Em processo administrativo, a notificação por edital reserva-se exclusivamente para as hipóteses de:
a) interessado indeterminado;
b) interessado desconhecido; ou
c) interessado com domicílio indefinido.
STJ. 1ª Seção. MS 27.227-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 27/01/2021 (Info 716)

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 10/03/2021, DJe 15/03/2021.

Em regra, o Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a profissional de imprensa ferido,
por policiais, durante cobertura jornalística de manifestação pública.
O Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a profissional de imprensa ferido, por policiais,
durante cobertura jornalística de manifestação pública em que ocorra tumulto ou conflito, desde que o
jornalista não haja descumprido ostensiva e clara advertência quanto ao acesso a áreas definidas como de grave
risco à sua integridade física, caso em que poderá ser aplicada a excludente da responsabilidade por culpa
exclusiva da vítima.
Tese fixada pelo STF: “É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da imprensa
ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou
conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da
vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre
acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua integridade física”. STF. Plenário. RE 1209429/SP,
Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10/6/2021 (Repercussão
Geral – Tema 1055) (Info 1021)

O termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento da ação de indenização contra o Estado em razão da
demora na concessão da aposentadoria conta-se a partir do seu deferimento.
O servidor público pode ser indenizado caso haja uma demora injustificada da Administração Pública em analisar o
seu requerimento de aposentadoria?
SIM. Existem julgados do STJ reconhecendo ser possível: A demora injustificada da Administração em
analisar o pedido de aposentadoria do servidor público gera o dever de indenizá-lo, considerando que, por
causa disso, ele foi obrigado a continuar exercendo suas funções por mais tempo do que o necessário. STJ.
1ª Turma. AgInt no AREsp 483398/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/10/2016. STJ. 2ª Turma. AgRg
no REsp 1469301/SC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 21/10/2014.

Qual é o prazo prescricional neste caso? 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto nº 20.910/1932.

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Qual o termo inicial do prazo prescricional? A partir de quando se inicia essa contagem? A partir da data do
deferimento da aposentadoria. STJ. 1ª Turma. REsp 1.840.570-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
16/11/2021 (Info 720)

PESSOA JURÍDICA E DANO MORAL

Imagine que um particular profere palavras ofensivas contra a administração pública. A pessoa jurídica de
direito público terá direito à indenização por danos morais sob a alegação de que sofreu violação da sua honra
ou imagem?
NÃO. Em regra, pessoa jurídica de direito público não pode pleitear, contra particular, indenização por
dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem. Nesse sentido: REsp 1.258.389/PB, REsp
1.505.923/PR e AgInt no REsp 1.653.783/SP.
Suponha, contudo, que uma autarquia foi vítima de grande esquema criminoso que desviou vultosa quantia e
gerou grande repercussão na imprensa, acarretando descrédito em sua credibilidade institucional.
Neste caso, os particulares envolvidos poderiam ser condenados a pagar indenização por danos morais à
autarquia? SIM. Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente
agredida e o dano reflexo sobre os demais jurisdicionados em geral for evidente.
Nos três julgados acima mencionados nos quais o STJ negou direito à indenização, o que estava em jogo era a
livre manifestação do pensamento, a liberdade de crítica dos cidadãos ou o uso indevido de bem imaterial do
ente público. No caso concreto é diferente. A indenização está sendo pleiteada em razão da violação à
credibilidade institucional da autarquia que foi fortemente agredida em razão de crimes praticados contra ela.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.722.423-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2020 (Info 684)

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

DESAPROPRIAÇÃO

Se, quando o proprietário adquiriu o imóvel, já havia a restrição administrativa ele não poderá pedir
indenização, salvo se se tratar de negócio jurídico gratuito ou se for vulnerável econômico.
Em regra, quem adquire bem anteriormente atingido por restrição administrativa não é parte legítima, por
carência de efetivo prejuízo, para, com fundamento em desapropriação direta ou indireta, ingressar com ação
indenizatória contra o Estado.
Nessas condições, querer agir em nome do credor primitivo, postulando lesão que não sofreu, afronta os
princípios da boa-fé objetiva, da proibição de enriquecimento sem causa e da moralidade, representando, não o
exercício de um direito, mas a invocação abusiva do direito.
Observam-se duas exceções, em numerus clausus, para a regra geral:
• quando a transferência da propriedade for realizada por negócio jurídico gratuito;
• quando o adquirente for sujeito vulnerável, na acepção de indivíduo incontestavelmente pobre ou humilde.
Em ambos os casos há presunção relativa de boa-fé objetiva, de moralidade e de inexistência de enriquecimento
sem causa.
STJ. 1ª Seção. REsp 1750660/SC, Rel. Min. Gurgel De Faria, Rel. p/ Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em
10/03/2021 (Tema Repetitivo 1004).

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O STF, no dia 17/05/2018, ao julgar a ADI 2332, modificou vários entendimentos jurisprudenciais consolidados
envolvendo desapropriação. Como o STJ vinha seguindo esses entendimentos consolidados, teve que
acompanhar as alterações promovidas pela ADI 2332 e modificar suas teses.

Taxa dos juros compensatórios


Tese revisada no Tema Repetitivo n. 126/STJ
 Tese original: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n.
1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na
forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal.
 Tese revisada: O índice de juros compensatórios na desapropriação direta ou indireta é de 12% até
11/06/1997, data anterior à vigência da MP 1577/97.

Foi cancelada a súmula 408 do STJ


A Súmula 408 do STJ tinha redação igual à tese 126/STJ original e, por isso, foi cancelada.
Súmula 408-STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória
1.577 de 11/06/1997 devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e a partir de então, em 12% ao ano, na
forma da Súmula 618 do Supremo Tribunal Federal.

Imóvel improdutivo e não cabimento de juros compensatórios


Tese revisada no Tema Repetitivo n. 280/STJ
 Tese original: A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros compensatórios, pois
esses restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também a
expectativa de renda, considerando a possibilidade do imóvel ser aproveitado a qualquer momento de forma
racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista.
 Tese revisada: Até 26/9/1999, data anterior à edição da MP n. 1901-30/1999, são devidos juros
compensatórios nas desapropriações de imóveis improdutivos.

Imóvel que não pode ser explorado economicamente e não cabimento de juros compensatórios
Tese revisada no Tema Repetitivo n. 281/STJ
 Tese original: São indevidos juros compensatórios quando a propriedade se mostrar impassível de qualquer
espécie de exploração econômica seja atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação
geográfica ou topográfica do local onde se situa a propriedade.
 Tese revisada: Mesmo antes da MP n. 1901-30/1999, são indevidos juros compensatórios quando a
propriedade se mostrar impassível de qualquer espécie de exploração econômica atual ou futura, em
decorrência de limitações legais ou fáticas.

Imóvel com índice de produtivo zero e não cabimento de juros compensatórios


Tese revisada no Tema Repetitivo n. 282/STJ
 Tese original: Para aferir a incidência dos juros compensatórios em imóvel improdutivo, deve ser observado
o princípio do tempus regit actum, assim como acontece na fixação do percentual desses juros. As restrições
contidas nos §§ 1º e 2º do art. 15-A, inseridas pelas MP's n. 1.901-30/99 e 2.027- 38/00 e reedições, as quais
vedam a incidência de juros compensatórios em propriedade improdutiva, serão aplicáveis, tão somente, às
situações ocorridas após a sua vigência.
 Tese revisada:
i) A partir de 27/9/1999, data de edição da MP n. 1901-30/1999, exige-se a prova pelo expropriado da efetiva
perda de renda para incidência de juros compensatórios (art. 15-A, § 1º, do Decreto-Lei n. 3365/1941); e

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ii) Desde 5/5/2000, data de edição da MP 2027-38/2000, veda-se a incidência dos juros compensatórios em
imóveis com índice de produtividade zero (art. 15-A, § 2º, do Decreto-Lei n. 3365/1941).

Cancelada a tese fixada no Tema Repetitivo n. 283/STJ Cancelamento do Tema Repetitivo n. 283/STJ
Tese cancelada: Para aferir a incidência dos juros compensatórios em imóvel improdutivo, deve ser observado
o princípio do tempus regit actum, assim como acontece na fixação do percentual desses juros. Publicada a
medida liminar concedida na ADI 2.332/DF (DJU de 13.09.2001), deve ser suspensa a aplicabilidade dos §§ 1º e 2º
do artigo 15-A do Decreto-lei n. 3.365/41 até que haja o julgamento de mérito da demanda.

Nova tese repetitiva afirmada no Tema Repetitivo 1072 Tese fixada no Tema Repetitivo 1072
Os juros compensatórios observam o percentual vigente no momento de sua incidência.

Não cabe ao STJ definir os efeitos da liminar que vigorou na ADI 2332
A discussão acerca da eficácia e efeitos da medida cautelar ou do julgamento de mérito da ADI 2332 não
comporta revisão em recurso especial.

Limitação temporal das súmulas 12, 70 e 102 do STJ


Súmula 12-STJ: Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios.
Súmula 70-STJ: Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em
julgado da sentença. Súmula 102-STJ: A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações
expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei.
As Súmulas n. 12, 70 e 102 somente se aplicam às situações ocorridas até 12/01/2000, data anterior à
vigência da MP 1.997-34. STJ. 1ª Seção. Pet 12.344-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/10/2020 (Recurso
Repetitivo) (Info 684).

Não se encontrando averbada no registro imobiliário antes da vistoria, a reserva florestal não poderá ser
excluída da área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da produtividade do imóvel rural.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1301751/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 08/04/2014 (Info 539).
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1505446/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/03/2021

REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados por unidade federativa
e destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos já foram empenhados. A
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA NÃO PODE SE VOLTAR CONTRA BEM OU SERVIÇO DE OUTRO ENTE
FEDERATIVO. Isso para que não haja indevida interferência na autonomia de um sobre outro.
STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 8/3/2021 (Info 1008)

É possível o ajuizamento de ACP alegando que o particular que recebeu a indenização na desapropriação
não era o seu real proprietário mesmo que já tenham se passado 2 anos do trânsito em julgado da ação
de desapropriação.
I - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação desapropriatória não obsta a
propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público para discutir a dominialidade do bem
expropriado, ainda que já se tenha expirado o prazo para a Ação Rescisória;
II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só serão devidos caso haja devido
pagamento da indenização aos expropriados.

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STF. Plenário. RE 1010819/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em
26/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 858) (Info 1019).

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

É possível acordo de não persecução cível no âmbito da ação de improbidade administrativa em fase
recursal.
STJ. 1ª Turma. AREsp 1.314.581/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/02/2021 (Info 686).

É possível, na ação de improbidade administrativa, que o juiz aplique a cassação de aposentadoria como
sanção por ato de improbidade?
NÃO. Servidor condenado por improbidade não pode ter aposentadoria cassada em decisão judicial.
O magistrado não tem competência para aplicar a sanção de cassação de aposentadoria a servidor condenado
judicialmente por improbidade administrativa. Apenas a autoridade administrativa possui poderes para decidir
sobre a cassação.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1496347/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 24/02/2021.

A legislação brasileira trata a improbidade de forma diferente nas esferas judicial e administrativa:
• no âmbito administrativo, a improbidade pode resultar na imposição, pela autoridade administrativa, da
sanção de cassação de aposentadoria, nos termos do art. 127, IV, art. 134 e art. 141, I, da Lei 8.112/90.
• na esfera judicial, a apuração de atos de improbidade é regida especificamente pela Lei nº 8.429/92, cujas
sanções estão previstas, de forma taxativa, no art. 12.
O art. 12 da Lei nº 8.429/92, quando cuida das sanções aplicáveis aos agentes públicos que cometem atos de
improbidade administrativa, não prevê a cassação de aposentadoria, mas tão só a perda da função pública.
As normas que cominam penalidades constituem matéria de legalidade estrita, não podendo sofrer
interpretação extensiva.

Aplica-se à ação de improbidade administrativa o previsto no art. 19, § 1º, da Lei da Ação Popular, segundo o
qual das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento.
A decisão interlocutória proferida no bojo de uma ação de improbidade administrativa pode ser impugnada por
agravo de instrumento, com base no art. 19, §1º, da Lei nº 4.717/65, ainda que a hipótese não esteja prevista no
rol do art. 1.015 do CPC.
Nas ações de improbidade administrativa, o CPC aplica-se apenas subsidiariamente, privilegiando-se as normas
do Microssistema Processual Coletivo, para assegurar a efetividade da jurisdição no trato dos direitos coletivos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.925.492-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 04/05/2021 (Info 695).

É cabível a apreensão de passaporte e a suspensão da CNH no bojo do cumprimento de sentença


proferida em ação de improbidade administrativa.
Em regra, a jurisprudência do STJ entende ser possível a aplicação de medidas executivas atípicas na
execução e no cumprimento de sentença comum, desde que, verificando-se a existência de indícios de que o
devedor possua patrimônio expropriável, tais medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por meio de
decisão que contenha fundamentação adequada às especificidades da hipótese concreta, com observância do
contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade.
Na ação de improbidade administrativa, com ainda mais razão, há a possibilidade de aplicação das
medidas executivas atípicas, pois se tutela a moralidade e o patrimônio público.

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No que diz respeito à proporcionalidade, o fato de se tratar de uma ação de improbidade administrativa deve
ser levado em consideração na análise do cabimento da medida aflitiva não pessoal no caso concreto, já que
envolve maior interesse público.
STJ. 2ª Turma, REsp 1.929.230-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 04/05/2021 (Info 695).

A indisponibilidade pode ser decretada em qualquer hipótese de ato de improbidade e deve abranger o
pagamento da multa civil. É possível a inclusão do valor de eventual multa civil na medida de indisponibilidade
de bens decretada em ação de improbidade administrativa, inclusive nas demandas ajuizadas com esteio na
prática de conduta prevista no art. 11 da Lei nº 8.429/92, tipificador da ofensa aos princípios nucleares
administrativos. STJ. 1ª Seção. REsp 1.862.792-PR, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF
da 5ª Região), julgado em 25/08/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1055) (Info 706).

Mesmo que o juiz reconheça a prescrição das penas pela prática do ato de improbidade, a ação poderá
continuar para analisar o pedido de ressarcimento ao erário, não sendo necessária uma ação autônoma
apenas para discutir isso. Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o
prosseguimento da demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas
prescritas as demais sanções previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92. STJ. 1ª Seção. REsp 1.899.455-AC, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 22/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1089) (Info 710).

A decisão de recebimento da petição inicial da ação de improbidade não pode limitar-se ao fundamento
de in dubio pro societate. O STJ possui vários julgados afirmando que, se o juiz entender que há meros indícios
do cometimento de atos enquadrados como improbidade administrativa, a petição inicial da ação de
improbidade deve ser recebida. Isso porque, nessa fase inicial prevalece o princípio do in dubio pro societate, a
fim de possibilitar o maior resguardo do interesse público. O princípio do in dubio pro societate tinha
fundamento legal no antigo § 8º do art. 17 da Lei nº 8.429/92 (revogado pela Lei nº 14.230/2021). A decisão de
recebimento da petição inicial, incluída a hipótese de rejeição, deve ser adequada e especificamente motivada
pelo magistrado, com base na análise dos elementos indiciários apresentados, em cotejo com a causa de pedir
delineada pelo Ministério Público. Essa postura é inclusive reforçada, atualmente, pelos arts. 489, § 3º, e 927 do
CPC/2015. Nessa linha, a decisão de recebimento da inicial da ação de improbidade não pode limitar-se à
invocação do in dubio pro societate, devendo, antes, ao menos, tecer comentários sobre os elementos
indiciários e a causa de pedir, ao mesmo tempo que, para a rejeição, deve bem delinear a situação
fático-probatória que lastreia os motivos de convicção externados pelo órgão judicial. STJ. 1ª Turma. REsp
1.570.000-RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 28/09/2021 (Info 711).

É viável o prosseguimento de ação de improbidade administrativa exclusivamente contra particular quando


há pretensão de responsabilizar agentes públicos pelos mesmos fatos em outra demanda conexa.
O STJ possui o entendimento pacífico no sentido que é inviável o manejo da ação de improbidade
exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da
demanda. Essa posição continua a mesma e não mudou. Caso adaptado: o DNIT contratou uma empresa para
que ela fizesse a supervisão da construção de uma rodovia federal. Ocorre que, em tese, foram praticados atos
de improbidade administrativa na execução desse contrato. Diante disso, foram propostas duas ações de
improbidade administrativa: 1ª) Ação de improbidade proposta pelo DNIT contra João e Pedro, os agentes
públicos envolvidos no contrato. 2ª) Ação de improbidade proposta pelo MPF contra João e Pedro (os agentes
públicos) e também contra Marcelo (o particular envolvido no ato). O juiz, ao analisar a ação proposta pelo MPF,
recebeu a demanda apenas contra Marcelo (o particular) e rejeitou a ação contra João e Pedro (os agentes
públicos) sob o argumento de que eles já respondem a demanda anteriormente ajuizada pelo DNIT, sendo os
processos conexos. Diante dessa decisão, Marcelo interpôs agravo de instrumento e o TRF deu provimento ao

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recurso e extinguiu a ação proposta pelo MPF sob o argumento de que não cabe ação de improbidade
administrativa tramitando unicamente contra particular. Esse argumento não deve prevalecer. Isso porque os
agentes públicos já respondem em outra demanda conexa. STJ. 1ª Turma. AREsp 1.402.806-TO, Rel. Min. Manoel
Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 19/10/2021 (Info 714).

TEMAS DIVERSOS

CÓDIGO DE TRÂNSITO

A pessoa que foi aprovada nos exames do DETRAN para condução de veículos recebe inicialmente uma
“permissão para dirigir”, com validade de 1 ano. Somente ao final deste período, ela irá receber a Carteira
Nacional de Habilitação, desde que não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou
seja reincidente em infração média. É o que prevê o § 3º do art. 148 do CTB.
Ocorre que o STJ decidiu que o art. 148, § 3º, do Código de Trânsito Brasileiro é parcialmente
inconstitucional, excluindo de sua aplicação a hipótese de infração (grave ou gravíssima) meramente
administrativa, ou seja, não cometida na condução de veículo automotor.
Para as infrações cometidas na condução de veículo automotor: deve-se aplicar literalmente o § 3º do art. 148 do
CTB e a CNH não será concedida. Isso porque se a infração é cometida na condução de veículo automotor,
isso gera efetivo risco à segurança do trânsito.
Por outro lado, se a infração cometida foi meramente administrativa, não se deve aplicar o § 3º do art. 148
do CTB e a CNH pode ser concedida. Isso porque se a infração é meramente administrativa ela não tem o
condão de gerar risco à segurança do trânsito. STJ. Corte Especial. AI no AREsp 641.185-RS, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 11/02/2021 (Info 685)

A transferência de propriedade de veículo automotor usado implica, obrigatoriamente, na expedição de


novo Certificado de Registro de Veículo - CRV, conforme dispõe o art. 123, I, do CTB, ainda quando a aquisição
ocorra para fins de posterior revenda.
Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando:
I - for transferida a propriedade;
STJ. 1ª Turma. REsp 1.429.799/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 02/03/2021 (Info 687)

É possível no exame judicial da validade dos atos administrativos, diante da falta de norma processual
administrativa específica, a utilização dos dispositivos regentes da Lei de Ação Popular.
STJ. 1 Seção. MS 26.694/DF, Rel. Ministro Sérgio Kukina, julgado em 26/05/2021

DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR

Não alcança envergadura constitucional a controvérsia relativa à convocação para o serviço militar obrigatório
de estudante de Medicina — após a conclusão do curso —, anteriormente dispensado por excesso de
contingente.
STF. Plenário. RE 754276/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 20/3/2021 (Info 1010).

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ANISTIA POLÍTICA

No tocante ao valor da reparação mensal devida aos anistiados políticos, a fixação do quantum indenizatório por
pesquisa de mercado deve ser supletiva, utilizada apenas quando não há, por outros meios, como se
estipular o valor da prestação mensal, permanente e continuada.
Ex: João era Fiscal do IAPC. Em razão de perseguição política ocorrida durante o regime militar, ele foi obrigado a
abandonar o cargo, fugindo para o Paraguai. Se a União reconhecer a condição de anistiado político de João,
deverá fixar a reparação mensal em valor igual à remuneração de Auditor Fiscal da Receita Federal,
considerando que Fiscal do IAPC foi transformado neste outro cargo. Não se deve utilizar aqui o critério da
pesquisa de mercado.
STJ. 1ª Seção. MS 24.508/DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 12/05/2021 (Info 696).

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

Indivíduo foi condenado administrativamente pela CVM pela prática de insider trading; recorreu e a decisão foi
mantida pelo CRSFN; eventual ação contra essa punição deve ser proposta conta o CRSFN (e não contra a CVM).
O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) constitui órgão colegiado que julga em última
instância recursos contra decisões da CVM. Quando a decisão administrativa sancionadora é submetida a
recurso administrativo e substituída por acórdão do CRSFN, o órgão que aplicou originariamente a sanção (ex:
CVM, BACEN etc.) não detém legitimidade para figurar no polo passivo de ação judicial anulatória. Em outras
palavras, diante desse efeito substitutivo ocorrido no processo administrativo no âmbito da União (órgão da
Administração Direta), a CVM (autarquia, órgão da Administração Indireta) não possui legitimidade para figurar
no polo passivo da ação que visa questionar a sanção administrativa. A Comissão de Valores Mobiliários não
possui legitimidade para figurar no polo passivo de ação que visa questionar sanção imposta pelo
cometimento de crime de uso indevido de informação privilegiada (insider trading). STJ. 2ª Turma. AREsp
1614577-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 07/12/2021 (Info 721).

CÓDIGO DE TRÂNSITO

Depois de notificada sobre a infração de trânsito, a empresa proprietária do veículo deverá informar o
nome do condutor; se não informar, receberá nova multa; a empresa deverá ser novamente notificada
sobre essa segunda infração.
Em se tratando de multa aplicada às pessoas jurídicas proprietárias de veículo, fundamentada na ausência de
indicação do condutor infrator, é obrigatório observar a dupla notificação: a primeira que se refere à autuação
da infração e a segunda sobre a aplicação da penalidade, conforme estabelecido nos arts. 280, 281 e 282 do
Código de Trânsito Brasileiro. O CTB exige que o proprietário do veículo informe, no prazo de 30 dias, o nome do
condutor a fim de que possa ser registrado contra ele a pontuação pela infração de trânsito cometida (art. 257, §
7º). Se o proprietário do veículo é uma pessoa jurídica e ela não informa ao órgão de trânsito o nome do
condutor, o CTB prevê a aplicação de nova multa (art. 257, § 8º). A empresa já foi notificada sobre a
primeira infração de trânsito cometida. Mesmo assim, ela deverá ser novamente notificada sobre essa
nova multa prevista no § 8º do art. 257. STJ. 1ª Seção. REsp 1.925.456-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 21/10/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1097) (Info 715)

FGTS

Não há direito adquirido a incidência de correção monetária nas contas vinculadas ao FGTS pelo IPC de
fevereiro/1991 (relativo ao Plano Collor II).

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Inexiste direito adquirido à diferença de correção monetária dos saldos das contas vinculadas ao FGTS referente
ao Plano Collor II (fevereiro de 1991), conforme entendimento firmado no RE 226.855, o qual não foi superado
pelo julgamento do RE 611.503 (Tema 360). STF. Plenário. ARE 1288550/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 13/12/2021 (Repercussão Geral – Tema 1112) (Info 1041)

Material extraído dos informativos (versão resumida), disponibilizados pelo prof. Márcio Cavalcante no site
https://www.dizerodireito.com.br, e destacados nas partes mais importantes pela equipe da Legislação Destacada.

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