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DIREITO CONSTITUCIONAL 1
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 2
DIREITOS SOCIAIS 4
EDUCAÇÃO 4
DIREITO À SAÚDE 5
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 6
INTERVENÇÃO FEDERAL 11
PODER LEGISLATIVO 11
PROCESSO LEGISLATIVO 12
TRIBUNAL DE CONTAS 13
PODER EXECUTIVO 14
PODER JUDICIÁRIO 14
PRECATÓRIOS 15
DEFENSORIA PÚBLICA 15
SEGURANÇA PÚBLICA 16
CULTURA 16
ÍNDIOS 17
PAGAMENTO DE TAXAS 17
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 18
OUTROS TEMAS 18
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
“ADPF das favelas”. O STF determinou que: 1) o Estado do Rio de Janeiro elabore e encaminhe ao STF, no
prazo máximo de 90 dias, um plano para redução da letalidade policial e controle das violações aos
direitos humanos pelas forças de segurança, que apresente medidas objetivas, cronogramas específicos e
previsão dos recursos necessários para a sua implementação. 2) o emprego e a fiscalização da legalidade do
uso da força sejam feitos à luz dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei. 3) seja criado um grupo de trabalho sobre Polícia Cidadã no
Observatório de Direitos Humanos localizado no Conselho Nacional de Justiça; 4) nos termos dos Princípios
Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei,
só se justifica o uso da força letal por agentes de Estado quando, ressalvada a ineficácia da elevação gradativa do
nível da força empregada para neutralizar a situação de risco ou de violência, exauridos os demais meios,
inclusive os de armas não-letais, e necessário para proteger a vida ou prevenir um dano sério, decorrente de
uma ameaça concreta e iminente. 5) as investigações de incidentes que tenham como vítimas crianças ou
adolescentes terão a prioridade absoluta; 6) No caso de buscas domiciliares por parte das forças de segurança
do Estado do Rio de Janeiro, devem ser observadas as seguintes diretrizes constitucionais, sob pena de
responsabilidade: (i) a diligência, no caso específico de cumprimento de mandado judicial, deve ser realizada
somente durante o dia, vedando-se, assim, o ingresso forçado a domicílios à noite; (ii) a diligência, quando feita
sem mandado judicial, pode ter por base denúncia anônima; (iii) a diligência deve ser justificada e detalhada por
meio da elaboração de auto circunstanciado, que deverá instruir eventual auto de prisão em flagrante ou de
apreensão de adolescente por ato infracional e ser remetido ao juízo da audiência de custódia para viabilizar o
controle judicial posterior; e (iv) a diligência deve ser realizada nos estritos limites dos fins excepcionais a que se
que haja a possibilidade de confrontos armados, sem prejuízo da atuação dos agentes públicos e das operações;
8) o Estado do Rio de Janeiro, no prazo máximo de 180 dias, instale equipamentos de GPS e sistemas de
gravação de áudio e vídeo nas viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança, com o posterior
armazenamento digital dos respectivos arquivos. STF. Plenário. ADPF 635 MC-ED/RJ, Rel. Min. Edson Fachin,
A liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos, com intuito manifestamente
aviltantes. É possível vislumbrar restrições à livre manifestação de ideias, inclusive mediante a aplicação da lei
penal, em atos, discursos ou ações que envolvam, por exemplo, a pedofilia, nos casos de discursos que incitem a
violência ou quando se tratar de discurso com intuito manifestamente difamatório. A garantia da imunidade
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parlamentar não alcança os atos praticados sem claro nexo de vinculação recíproca entre o discurso e o
desempenho das funções parlamentares. Isso porque as garantias dos membros do Parlamento são
vislumbradas sob uma perspectiva funcional, ou seja, de proteção apenas das funções consideradas essenciais
aos integrantes do Poder Legislativo, independentemente de onde elas sejam exercidas. No caso, os discursos
proferidos pelo querelado teriam sido proferidos com nítido caráter injurioso e difamatório, de forma
manifestamente dolosa, sem qualquer hipótese de prévia provocação ou retorsão imediata capaz de excluir a
tipificação, em tese, dos atos descritos nas queixas-crimes. Com base nesses entendimentos, a Segunda Turma,
por maioria, ao dar provimento a agravos regimentais, recebeu queixas-crimes pelos delitos dos arts. 139 e 140
do Código Penal. STF. 2ª Turma Pet 8242 AgR/DF, Pet 8259 AgR/DF, Pet 8259 AgR/DF, Pet 8262 AgR/DF, Pet 8263
AgR/DF, Pet 8267 AgR/DF, Pet 8366 AgR/DF, relator Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
segurança nacional e garantia de cumprimento eficiente dos deveres do Estado, devem operar com
estrita vinculação ao interesse público, observância aos valores democráticos e respeito aos direitos e
garantias fundamentais. Nesse contexto, caracterizam desvio de finalidade e abuso de poder a colheita, a
privado de órgão ou de agente público. Na hipótese, a utilização da máquina estatal para a colheita de
informações de servidores com postura política contrária ao governo caracteriza desvio de finalidade e afronta
aos direitos fundamentais da livre manifestação do pensamento, da privacidade, reunião e associação, aos quais
deve ser conferida máxima efetividade, pois essenciais ao regime democrático. Ademais, os órgãos de
inteligência de qualquer nível hierárquico de qualquer dos Poderes do Estado, embora sujeitos ao controle
externo realizado pelo Poder Legislativo, submetem-se também ao crivo do Poder Judiciário, em respeito ao
princípio da inafastabilidade da jurisdição). Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou
procedente o pedido para confirmar a medida cautelar e declarar inconstitucionais atos do Ministério da Justiça
pessoais e políticas, e as práticas cívicas de cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e municipais
identificados como integrantes de movimento político, professores universitários e quaisquer outros que,
atuando nos limites da legalidade, exerçam seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se. STF.
Plenário. ADPF 722/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 13/05/2022 (Info 1054).
Não viola a Constituição a previsão legal de imposição das sanções administrativas ao condutor de
veículo automotor que se recuse à realização dos testes, exames clínicos ou perícias voltados a aferir a
influência de álcool ou outra substância psicoativa (art. 165-A e art. 277, §§ 2º e 3º, todos do Código de
Trânsito Brasileiro, na redação dada pela Lei 13.281/2016). RE 1224374/RS - ADI 4017/DF - ADI 4103/DF,
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relator Min. Luiz Fux, julgamento em 18 e 19.5.2022. (Tema 1079 RG) (Info 1055)
É constitucional a requisição, sem prévia autorização judicial, de dados bancários e fiscais considerados
imprescindíveis pelo Corregedor Nacional de Justiça para apurar infração de sujeito determinado, desde
concretos da prática do ato. ADI 4709/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em
DIREITOS SOCIAIS
Não há vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo, desde que inexistam
reajustes automáticos. A fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo mostra-se compatível com o
texto constitucional, desde que não ocorra vinculação a reajustes futuros. STF. Plenário. ADPF 53 Ref-MC/PI,
ADPF 149 Ref-MC/DF e ADPF 171 Ref-MC/MA, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 18/02/2022 (Info 1044). No
mesmo sentido é a OJ 71, da SBDI-2 do TST: “A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário
mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do referido
preceito constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo.”
EDUCAÇÃO
eclosão da pandemia de Covid-19 e no respectivo efeito de transposição de aulas presenciais para ambientes
virtuais, determinam às instituições privadas de ensino superior a concessão de descontos lineares nas
contraprestações dos contratos educacionais, sem considerar as peculiaridades dos efeitos da crise pandêmica
em ambas as partes contratuais envolvidas na lide. Tese fixada pelo STF: É inconstitucional decisão judicial que,
sem considerar as circunstâncias fáticas efetivamente demonstradas, deixa de sopesar os reais efeitos da
cursos prestados por instituições de ensino superior. STF. Plenário. ADPF 706/DF e ADPF 713/DF, Rel. Min. Rosa
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Se o Estado ou Município receber da União valores de complementação do FUNDEB, por força de
condenação judicial, ele não precisa aplicar a quantia recebida na forma do art. 60, XII, do ADCT. O caráter
extraordinário dos valores de complementação do FUNDEB pagos pela União aos estados e aos municípios, por
força de condenação judicial, justifica o afastamento da subvinculação prevista nos arts. 60, XII, do ADCT e 22 da
educação. STF. Plenário. ADPF 528/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2022 (Info 1047).
DIREITO À SAÚDE
STF determinou à União o restabelecimento dos leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 que
estavam custeados pelo Ministério da Saúde até dezembro de 2020, e que foram reduzidos nos meses de
janeiro e fevereiro de 2021. A União deve prestar suporte técnico e apoio financeiro para a expansão da rede
de UTI’s nos estados durante o período de emergência sanitária. STF. Plenário. ACO 3473/DF, ACO 3474/SP, ACO
3475/DF, ACO 3478/PI e ACO 3483/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 10/11/2021 (Info 1037).
Não se pode utilizar verbas do Fundeb para combater a pandemia da Covid-19. É vedada a utilização, ainda
que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao Fundeb para ações de combate à pandemia do novo
coronavírus (Covid-19). Ainda que se reconheça a gravidade da pandemia da Covid-19 e os seus impactos na
economia e nas finanças públicas, nada justifica o emprego de verba constitucionalmente vinculada à
manutenção e desenvolvimento do ensino básico para fins diversos do que ela se destina. STF. Plenário. ADI
compulsoriedade da vacinação, conforme decidiu o STF; disque denúncia não pode ser utilizado para
queixas contra a obrigatoriedade da vacinação e das medidas restritivas contra a Covid. As notas técnicas
Covid-19. É vedado ao governo federal a utilização do canal de denúncias “Disque 100” do Ministério da Mulher,
Família e Direitos Humanos (MMFDH) para recebimento de queixas relacionadas à vacinação contra a Covid-19,
bem como para o recebimento de queixas relacionadas a restrições de direitos consideradas legítimas pelo STF.
Resumo do caso concreto: o MMFDH produziu uma nota técnica em que se opõe ao passaporte vacinal e à
obrigatoriedade de vacinação de crianças contra a Covid. O Ministério da Saúde divulgou em seu site uma nota
técnica dedicada unicamente a fornecer argumentos jurídicos para sustentar que a vacinação de crianças não é
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obrigatória. MMFDH estava disponibilizando canal de denúncia para que a população apresentasse queixas
contra a vacinação e restrições da Covid. STF considerou que essas práticas seriam ilegítimas, devendo as notas
técnicas serem retificadas para que seja esclarecida a validade da compulsoriedade da vacinação. Além disso, foi
proibida a utilização do disque denúncia para a finalidade com a qual estava sendo usada. STF. Plenário. ADPF
754 16ª TPI-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/3/2022 (Info 1047).
É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label? • Em regra, não é possível que o paciente exija
do poder público o fornecimento de medicamento para uso off label. Excepcionalmente, será possível que o
paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora da bula (off label) tenha sido autorizado
pela ANVISA. O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da
ANVISA. STJ. 1ª Seção. PUIL 2.101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717).
É obrigatória a inclusão da União no polo passivo de demanda na qual se pede o fornecimento gratuito de
medicamento registrado na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não incorporado aos Protocolos
Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Sistema Único de Saúde. No caso, a decisão de autoridade judicial no
sentido de que a União deve necessariamente compor o polo passivo da lide está em consonância com a tese
fixada por este Tribunal em sede de embargos de declaração no RE 855.178 (Tema 793 da repercussão geral).
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma deu provimento a agravo interno para negar seguimento a
recurso extraordinário, mantendo a remessa à Justiça Federal determinada na origem, bem como a medida
liminar deferida, até que o juízo competente analise a causa. STF. RE 1286407 AgR-segundo/PR, relator Min.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
É inconstitucional lei estadual que preveja que os serviços privados de educação são obrigados a
É inconstitucional lei estadual que impõe aos prestadores privados de serviços de ensino a obrigação de
estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes. Lei fluminense dizia que os serviços
privados de educação prestados de forma contínua no Estado do Rio de Janeiro seriam obrigados a conceder, a
seus clientes preexistentes, os mesmos benefícios de promoções posteriormente realizadas. O STF declarou a
inconstitucionalidade dessa previsão. A norma estadual, ao impor aos prestadores de serviços de ensino a
obrigação de estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes, promove ingerência indevida
em relações contratuais estabelecidas, sem que exista conduta abusiva por parte do prestador. Logo, afronta o
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art. 22, I, da CF/88. STF. Plenário. ADI 6614/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, redator do acórdão Min. Roberto Barroso,
É inconstitucional a lei estadual que proíbe a cobrança de juros, multas e parcelas vencidas de contratos
previa o seguinte: Art. 1º Fica vedada a cobrança de juros, multas e demais encargos financeiros, além da
inscrição do consumidor junto aos órgãos de proteção ao crédito, em razão do inadimplemento de contratos de
cumprimento de legislação vigente a época do inadimplemento. STF. Plenário. ADI 6938/PB, Rel. Min. Cármen
É inconstitucional lei estadual que imponha obrigações às empresas seguradoras, sendo também
inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que imponha obrigações ao DETRAN. Tema já
apreciado no Info 934-STF. É inconstitucional a lei estadual que disciplina, no âmbito do ente federado,
aspectos das relações entre seguradoras e segurados Esta lei estadual viola a competência privativa da União
para legislar sobre direito civil, seguros, trânsito e transporte (art. 22, I, VII e XI, da CF/88). São inconstitucionais
normas estaduais que disponham sobre relações contratuais securitárias, por consubstanciarem tema de direito
civil e seguros, afetos à competência legislativa privativa da União (art. 22, I e VII, CF/88). É inconstitucional lei
estadual, de iniciativa parlamentar, que atribua competências ao Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN)
Aplica-se, em âmbito estadual, o art. 61, § 1º, da Constituição Federal, que consagra reserva de iniciativa do
Chefe do Poder Executivo para iniciar o processo legislativo das matérias nele constantes. A criação de
atribuições, por meio de lei oriunda de projeto de iniciativa parlamentar, a órgão vinculado à estrutura do Poder
Executivo revela-se colidente com a reserva de iniciativa do Governador do Estado (arts. 61, § 1º, II, e, 84, VI, “a”,
CF/88). STF. Plenário. ADI 6132/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 26/11/2021 (Info 1039).
MPTC não possui iniciativa legislativa, sua organização não é tratada por lei complementar e a CF/88 não
autoriza que seus vencimentos e vantagens sejam equiparados aos do MP comum. O Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas encontra-se estritamente vinculado à estrutura da Corte de Contas e não detém
autonomia jurídica e iniciativa legislativa para as leis que definem sua estrutura organizacional. É inconstitucional
a exigência de lei complementar para regular a organização do Ministério Público especial. A Constituição não
membros do Ministério Público comum. STF. Plenário. ADI 3804/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2021
(Info 1040).
É inconstitucional lei estadual que legitime ocupações em solo urbano de área de preservação
permanente (APP) fora das situações previstas em normas gerais editadas pela União. Os arts. 2º, III; 3º, II,
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“c”; e 17, da Lei nº 20.922/2013, do Estado de Minas Gerais, ampliaram os casos de ocupação antrópica em áreas
de preservação permanente previstos na norma federal vigente à época (no caso, a Lei nº 11.977/2009, revogada
pela Lei nº 13.465/2017). Com isso, essa lei estadual, além de estar em descompasso com o conjunto normativo
elaborado pela União, flexibilizou a proteção ao meio ambiente local, tornando-o mais propenso a sofrer danos.
invadiu a competência da União, que já havia editado norma que tratava da regularização e ocupação fundiária
em APPs. STF. Plenário. ADI 5675/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2021 (Info 1042).
Lei estadual não pode proibir que os prestadores de serviço público de abastecimento de água e de
que vede a inscrição em cadastro de proteção ao crédito de usuário inadimplente dos serviços de abastecimento
de água e esgotamento sanitário. STF. Plenário. ADI 6668/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/2/2022
(Info 1043).
Lei estadual pode obrigar empresas de TV por assinatura e estabelecimentos comerciais de venda a
fornecerem atendimento telefônico gratuito aos clientes. É válida lei estadual que obrigue empresas
telefônico gratuito a seus clientes. STF. Plenário. ADI 4118/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/2/2022 (Info
1045).
A lei estadual não pode conceder porte de arma para Procuradores do Estado. A concessão de porte de
arma a procuradores estaduais, por lei estadual, é incompatível com a Constituição Federal. STF. Plenário. ADI
Análise da inconstitucionalidade de lei estadual que trouxe regras para a inclusão e exclusão de
consumidores dos cadastros de proteção ao crédito (ex: SPC/Serasa). 1) Lei estadual não pode exigir que o
consumidor, antes de ser inserido no cadastro restritivo, seja comunicado por meio de AR A adoção de sistema
de comunicação prévia a consumidor inadimplente por carta registrada com aviso de recebimento configura
desrespeito à Constituição Federal. 2) Lei estadual não pode exigir que seja dado ao consumidor um prazo de
tolerância antes da sua inserção no cadastro restritivo É inconstitucional a previsão, por lei estadual, de “prazo
de tolerância” a impedir que o nome do consumidor inadimplente seja imediatamente inscrito em cadastro ou
qualificam como entidades certificadoras da certeza, liquidez e exigibilidade dos títulos de dívidas A supressão
da verificação prévia quanto à existência do crédito, exigibilidade do título e inadimplência do devedor não
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caracteriza violação do princípio da vedação ao retrocesso. STF. Plenário. ADI 5224/SP, ADI 5252/SP, ADI 5273/SP
e ADI 5978/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 8/3/2022 (Info 1046).
É inconstitucional lei estadual que fixe a obrigatoriedade de divulgação diária de fotos de crianças
Catarina, previa “a obrigatoriedade diária de divulgação de fotos de crianças desaparecidas nos noticiários de TV
e jornais sediados” no Estado. Essa lei é inconstitucional sob os pontos de vista formal e material. A lei estadual
invadiu a competência privativa da União para legislar sobre radiodifusão de sons e imagens (art. 22, IV, da
CF/88). No que tange ao aspecto material, a lei estadual viola o princípio da livre iniciativa e a liberdade de
informação jornalística dos veículos de comunicação social (art. 220 da CF/88). Além disso, disciplina o tema de
forma diferente daquilo que prevê a Lei federal nº 12.127/2009, que criou o Cadastro Nacional de Crianças e
Adolescentes Desaparecidos. STF. Plenário. ADI 5292/SC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2022 (Info
1048).
Não há vício de iniciativa de lei na edição de norma de origem parlamentar que proíba a substituição de
trabalhador privado em greve por servidor público. Dispositivo legal, de iniciativa parlamentar, que foi
considerado constitucional: “ao servidor público do Distrito Federal é proibido substituir, sob qualquer pretexto,
trabalhadores de empresas privadas em greve”. A proibição de que o trabalhador privado em greve seja
substituído por servidor público não inibe a iniciativa do Governador do Distrito Federal para propor leis sobre
organização administrativa, servidores públicos e regime jurídico destes. STF. Plenário. ADI 1164/DF, Rel. Min.
intermunicipal de passageiros. A União possui competência para explorar os serviços de transporte rodoviário
interestadual e internacional (art. 21, XII, “e”, da CF/88). Logo, compete à União privativamente legislar sobre o
Município (art. 30, V, da CF/88). Logo, como consequência, compete aos Municípios legislar sobre o transporte
coletivo intramunicipal. A Constituição Federal não trouxe uma regra expressa dizendo de quem seria a
competência para explorar os serviços de transporte intermunicipal. Diante disso, a competência será dos
Estados-membros, que possuem competência residual, na forma do art. 25, § 1º, da CF/88. O prazo de validade
pode influenciar na política tarifária e, por consequência, impactar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato
celebrado em âmbito estadual. O prazo de validade do bilhete, mais elastecido ou não, corresponde a um
benefício que, por sua natureza, tem um custo. Logo, incumbe aos Estados-membros, como titulares da
exploração do transporte rodoviário intermunicipal, a definição da respectiva política tarifária, à luz dos
elementos que possam influenciá-la, como o prazo de validade do bilhete, nos termos do art. 175 da
Constituição. A União, ao dispor acerca do prazo de validade dos bilhetes de transporte coletivo rodoviário
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intermunicipal, imiscuiu-se na competência constitucional residual do Estado-membro. STF. Plenário. ADI
É constitucional lei estadual que concede aos professores das redes públicas estadual e municipais de
ensino o benefício da meia-entrada nos estabelecimentos de lazer e entretenimento. O Estado que edita
lei concedendo meia-entrada para os professores das redes públicas estadual e municipais de ensino atua no
exercício da competência suplementar prevista no art. 24, § 2º, da Constituição Federal. Ao não incluir no
benefício da meia-entrada os professores pertencentes à rede privada e aqueles vinculados às unidades federais
de ensino, a legislação atacada não atuou de forma anti-isonômica. Os professores da rede privada estão sob
influência de outros mecanismos de incentivo e os professores da rede pública federal estão dedicados quase
exclusivamente ao ensino superior e à educação profissional e tecnológica. STF. Plenário. ADI 3753/SP, Rel. Min.
assistência médico-hospitalar que interferem nas relações contratuais estabelecidas entre as operadoras
de planos de saúde e seus usuários. Esses temas são relativos a direito civil e concernem à política de seguros,
matérias conferidas constitucionalmente à competência legislativa privativa da União, nos termos do art. 22, I e
VII, da CF (2). Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente o pedido
formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade formal da Lei 11.782/2020 do Estado da Paraíba.
STF. Plenário. ADI 7029/PB, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 06/05/2022.
É inconstitucional lei federal, de iniciativa parlamentar, que veda medida privativa e restritiva de
liberdade a policiais e bombeiros militares dos estados, dos territórios e do Distrito Federal. ADI 6595/DF,
relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em 20.5.2022. (Info 1055)
É formalmente inconstitucional norma federal que concede anistia a policiais e bombeiros militares
melhorias de vencimentos e de condições de trabalho. ADI 4869/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento
Tribunal de Contas estadual que veicule regras sobre prescrição e decadência a ele aplicáveis. ADI
5384/MG, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 27.5.2022. (Info 1056)
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Não cabe à Constituição estadual instituir a figura das programações orçamentárias impositivas fora das
hipóteses previstas no regramento nacional. ADI 6308/RR, Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado
É inconstitucional, por ofensa ao princípio da separação dos Poderes, norma estadual que submete as
despesas com pessoal do Ministério Público de Contas aos limites orçamentários fixados para o Poder
Executivo. ADI 5563/RR, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 3.6.2022. (Info 1057)
É inconstitucional lei estadual que impõe aos prestadores privados de serviços de ensino e de telefonia
celular a obrigação de estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes. ADI 5399/SP -
ADI 6191/SP,, relator Min. Roberto Barroso, julgamento em 9.6.2022. (Info 1058)
INTERVENÇÃO FEDERAL
Juiz prolatou sentença determinando a reintegração de posse em imóvel rural ocupado pelo MST; apesar
de a decisão ter sido proferida há muitos anos, a ordem nunca foi cumprida; deverá ser deferida a
intervenção federal? A excepcionalidade e a gravidade que circundam a intervenção federal, bem como a
dos proprietários do imóvel. Na hipótese em análise, não há como reconhecer tenha o ente estatal se mantido
inerte, em afronta à decisão judicial, não havendo que se falar em recusa ilícita, a ponto de justificar a
intervenção, porquanto a situação fática comprovada nos autos revela questão de cunho social e coletivo,
desbordando da esfera individual da parte autora. STJ. Corte Especial. IF 113-PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado
em 06/04/2022 (Info 732). Obs: existem decisões mais antigas deferindo a intervenção: STJ. Corte Especial. IF
PODER LEGISLATIVO
Norma estadual ou municipal não pode conferir ao parlamentar, individualmente, o poder de requisitar
informações ao Poder Executivo. O art. 101 da CE/RJ estabelecia que “a qualquer Deputado” seria permitido
formular requerimento de informação ao Poder Executivo, constituindo crime de responsabilidade, nos termos
da lei, o não atendimento no prazo de trinta dias, ou a prestação de informações falsas. O STF declarou a
inconstitucionalidade da expressão “a qualquer Deputado” constante do caput desse dispositivo. O art. 49, X, da
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CF/88 é taxativo ao conferir exclusivamente às Casas do Poder Legislativo a competência para fiscalizar os atos
do Poder Executivo. Não se admite que norma estadual crie outras modalidades de controle ou inovem a forma
de exercício desse controle ultrapassando aquilo que foi previsto na Constituição Federal, sob pena de violação
ao princípio da separação dos poderes (art. 2º). STF. Plenário. ADI 4700/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
PROCESSO LEGISLATIVO
O Poder Legislativo pode emendar projeto de lei de conversão de medida provisória quando a emenda
estiver associada ao tema e à finalidade original da medida provisória. O Poder Legislativo pode emendar
projeto de lei de conversão de medida provisória quando a emenda estiver associada ao tema e à finalidade
original da medida provisória. É constitucional o art. 6º da Lei 14.131/2021, que simplificou o processo de
concessão de benefício de auxílio por incapacidade temporária. STF. Plenário. ADI 6928/DF, Rel. Min. Cármen
É inconstitucional norma de Constituição estadual que preveja quórum diverso de 3/5 dos membros do
estabeleceu que, para a aprovação de emendas à Constituição estadual seria necessário o voto de 2/3 dos
Deputados Estaduais. Ocorre que a Constituição Federal diz que, para uma emenda alterar seu texto, é
necessário o voto de 3/5 dos Deputados Federais e Senadores (art. 60, § 2º). Logo, a CE/RO não seguiu o modelo
previsto na Constituição Federal. As regras básicas do processo legislativo previstas na Constituição Federal são
de observância obrigatória pelos Estados-membros por força do princípio da simetria (art. 25 da CF/88 c/c o art.
11 do ADCT). STF. Plenário. ADI 6453/RO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 11/2/2022 (Info 1043).
É constitucional a previsão regimental de rito de urgência para proposições que tramitam na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal, descabendo ao Poder Judiciário examinar concretamente as razões que
justificam sua adoção. A previsão regimental de um regime de urgência que reduza as formalidades
processuais em casos específicos, reconhecidos pela maioria legislativa, não ofende o devido processo
legislativo. A adoção do rito de urgência em proposições legislativas é matéria genuinamente interna corporis,
não cabendo ao STF adentrar tal seara. Precedente. Quando não caracterizado o desrespeito às normas
Casas Legislativas. STF. Plenário. ADI 6968/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 20/4/2022 (Info 1051).
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A atribuição de iniciativa privativa ao Governador do Estado para leis que disponham sobre a
organização do Ministério Público estadual contraria o modelo delineado pela Constituição Federal nos
É inconstitucional a atribuição de iniciativa privativa a governador de estado para leis que disponham sobre a
organização do Ministério Público estadual. ADI 400/ES, relator Min. Nunes Marques, redator do acórdão Min.
O poder de veto previsto no art. 66, § 1º, da Constituição não pode ser exercido após o decurso do prazo
A prerrogativa do poder de veto presidencial somente pode ser exercida dentro do prazo expressamente
previsto na Constituição, não se admitindo exercê-la após a sua expiração. ADPF 893/DF, relatora Min. Cármen
Lúcia, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 20.6.2022. (Info 1059)
TRIBUNAL DE CONTAS
O conselheiro do TCE não está sujeito a notificação ou intimação para comparecimento como
testemunha perante comissão parlamentar de investigação, podendo apenas ser convidado. Caso
concreto: Câmara Municipal instaurou Comissão de Investigação para apurar possível quebra de decoro
parlamentar envolvendo Vereadores. Dois conselheiros do TCE foram intimados para depor como testemunhas
de defesa. O STJ não concordou com essa intimação. Os Conselheiros do TCE são equiparados a magistrados
(equiparados a Desembargador do TJ). Logo, não podem ser notificados ou intimados pela comissão, podendo
ser convidados a comparecer. Aplicam-se aos Conselheiros do TCE as garantias do art. 33, I e IV, da LOMAN (LC
35/79). STJ. Corte Especial. HC 590.436-MT, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 11/11/2021 (Info 718).
De quem é a legitimidade para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de
Contas estadual a agente público municipal? Atualize o Info 1029-STF. Os Estados não têm legitimidade ativa
para a execução de multas aplicadas, por Tribunais de Contas estaduais, em face de agentes públicos
municipais, que, por seus atos, tenham causado prejuízos a municípios. O Município prejudicado é o legitimado
para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público
municipal, em razão de danos causados ao erário municipal. STF. Plenário. RE 1003433/RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 642)
(Info 1029). STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 926.189-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/02/2022 (Info
725).
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PODER EXECUTIVO
Governador e Vice-governador nos casos de crime de responsabilidade. O Estado-membro não pode dispor
sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na Constituição estadual. Isso porque a competência para
legislar sobre crime de responsabilidade é privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85 da CF/88. Súmula
vinculante 46-STF: São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o
Constituição Estadual que preveja a competência da Assembleia Legislativa para autorizar a instauração do
processo e para julgar o Governador e o Vice-Governador do Estado por crimes de responsabilidade. Também é
inconstitucional a previsão contida na Constituição Estadual afirmando que o Governador será suspenso de suas
funções nos crimes de responsabilidade, se admitida a acusação e instaurado o processo, pela Assembleia
Legislativa. STF. Plenário. ADI 4811/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2022 (Info 1041).
PODER JUDICIÁRIO
Se, após elaborar a lista sêxtupla para o quinto constitucional, a OAB perceber que um dos indicados não
preencheu os requisitos, ela poderá pedir a desconsideração da lista ainda que já tenha havido a
nomeação do indicado. A Ordem dos Advogados do Brasil possui autonomia para elaborar e revisar lista
sêxtupla para indicação de advogados para concorrer à vaga do quinto constitucional. STJ. Corte Especial. AgInt
na SS 3.262-SC, Rel. Presidente Min. Humberto Martins, julgado em 20/10/2021 (Info 716).
Catarina na escala de plantão dos oficiais gerais. Segundo a legislação do Estado de Santa Catarina (LC nº
501/2010), todas as atribuições dos oficiais da infância e juventude estão associadas à atuação nessa área
específica e encontram-se vinculadas ao juízo da infância e juventude. Desse modo, não há margem de
discricionariedade para que o administrador, neste caso, inclua os oficiais de infância e juventude no plantão
geral, por mais razoável que pareça a ideia. Essa inclusão contraria a lei estadual. STJ. 1ª Turma. RMS 55.554-SC,
Magistrado que está de licença para estudar no exterior não tem direito à retribuição por direção de
fórum nem à gratificação pelo exercício cumulado de jurisdição. O magistrado em gozo de licença para
capacitação no exterior não faz jus ao pagamento das vantagens de Retribuição por Direção de Fórum e
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Gratificação pelo Exercício Cumulado de Jurisdição ou Acumulação de Acervo Processual. STJ. 1ª Turma. RMS
É constitucional a Resolução 184/2013 do CNJ no que determina aos tribunais de justiça estaduais o
encaminhamento, para eventual elaboração de nota técnica, de cópia dos anteprojetos de lei de criação
de cargos, funções comissionadas e unidades judiciárias. ADI 5119/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento
PRECATÓRIOS
Caesb – Companhia de Saneamento do Distrito Federal (sociedade de economia mista) está sujeita ao
regime de precatórios e não pode ter seus bens penhorados para pagamento de verbas trabalhistas. São
inconstitucionais os pronunciamentos judiciais que determinam bloqueios e outros atos de constrição sobre
bens e valores da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para o pagamento de verbas
trabalhistas. STF. Plenário. ADPF 890 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2021 (Info 1039).
DEFENSORIA PÚBLICA
Pública detém a prerrogativa de requisitar, de quaisquer autoridades públicas e de seus agentes, certidões,
providências necessárias à sua atuação. STF. Plenário. ADI 6852/DF e ADI 6862/PR, Rel. Min. Edson Fachin,
julgados em 18/2/2022 (Info 1045). STF. Plenário. ADI 6865/PB, ADI 6867/ES, ADI 6870/DF, ADI 6871/CE, ADI
6872/AP, ADI 6873/AM e ADI 6875/RN, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 18/2/2022 (Info 1045).
É inconstitucional norma estadual que restabeleça, no âmbito do Poder Judiciário local, cargos de
Advogado da Justiça Militar vocacionados a patrocinar a defesa gratuita de praças da Polícia Militar. Esse
modelo não se coaduna com aquele implementado pela ordem constitucional inaugurada em 1988, o qual
dispõe que a função de defesa dos necessitados, quando desempenhada pelo Estado, é própria à Defensoria
Pública (CF, art. 134; LC 80/1994). Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou
procedente o pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do art. 5º da Lei
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12.832/1998 do Estado do Ceará. STF. Plenário. ADI 3152/CE, relatora Min. Rosa Weber, julgado em 26/04/2022
(Info 1052).
É constitucional a norma federal que criou a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública nos estados-membros
e estabeleceu suas competências. Ao editar a Lei Complementar federal 80/1994, a União atuou conforme sua
competência legislativa, pois se limitou a instituir diretrizes gerais sobre a organização e a estrutura da
Ouvidoria-Geral das Defensorias Públicas estaduais, sem prever qualquer singularidade regional ou
especificidade local. Ademais, inexiste inconstitucionalidade na decisão estatal de instituir um órgão composto
por agentes que satisfaçam determinados requisitos de capacidade técnica e institucional, com respeito aos
princípios da razoabilidade e da obrigatoriedade de concurso público. No caso, as atribuições que a lei conferiu
aos seus membros estão em consonância com as que a Constituição previu para a criação de cargos em
comissão. Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou improcedente o pedido
formulado. STF. Plenário. ADI 4608/DF, relator Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/05/2022 (Info 1054).
SEGURANÇA PÚBLICA
É inconstitucional norma estadual que assegure a independência funcional aos delegados de polícia, bem
como que atribua à polícia civil o caráter de função essencial ao exercício da jurisdição e à defesa da
ordem jurídica. A Constituição Federal, ao tratar dos órgãos de Administração Pública, escolheu aqueles que
deveriam ter assegurada autonomia. Além de não assegurar autonomia à Polícia Civil, a Constituição Federal
afirmou expressamente, no seu art. 144, § 6º, que ela deveria estar subordinada ao Governador do Estado. A
norma do poder constituinte decorrente que venha a atribuir autonomia funcional, administrativa ou financeira
a outros órgãos ou instituições que não aquelas especificamente constantes da Constituição Federal, padece de
vício de inconstitucionalidade material, por violação ao princípio da separação dos poderes. STF. Plenário. ADI
CULTURA
Entidades estudantis municipais e estaduais podem emitir a carteira estudantil mesmo sem estarem
padronizado da carteira. É inconstitucional exigir das entidades estudantis locais e regionais, legitimadas para
a expedição da carteira de identidade estudantil (CIE), filiação às entidades de abrangência nacional. Admite-se a
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definição de um modelo único nacionalmente padronizado da CIE, desde que publicamente disponibilizado e
fixados parâmetros razoáveis que não obstem o acesso pelas entidades com prerrogativa legal para sua
emissão. STF. Plenário. ADI 5108/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/3/2022 (Info 1048).
ÍNDIOS
É necessário que a União e a FUNAI executem e implementem atividade de proteção territorial nas terras
indígenas, independentemente de sua homologação. Nos termos do art. 231 da Constituição Federal, a União
tem o dever (e não a escolha) de demarcar as terras indígenas. Tais demarcações deveriam estar concluídas no
prazo de 5 anos, contados da promulgação da Constituição, conforme art. 67 do ADCT. A não homologação das
demarcações dessas terras deriva de inércia deliberada do Poder Público, em afronta ao direito originário dos
índios. Ao afastar a proteção territorial em terras não homologadas, a FUNAI sinaliza a invasores que a União se
absterá de combater atuações irregulares em tais áreas, o que pode constituir um convite à invasão de terras
que são sabidamente cobiçadas por grileiros e madeireiros, bem como à prática de ilícitos de toda ordem. Além
disso, a suspensão da proteção territorial abre caminho para que terceiros passem a ali transitar, o que põe em
risco a saúde dessas comunidades, expondo-as a eventual contágio por COVID-19 e outras enfermidades. STF.
Plenário. ADPF 709-MC-Segunda-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/2/2022 (Info 1045).
PAGAMENTO DE TAXAS
É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória o estrangeiro que demonstre
sua condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de regência. O estrangeiro que desejar
regularizar sua situação no Brasil, pode fazê-lo por meio de um procedimento chamado de “regularização
migratória”. Exige-se o pagamento de uma taxa. Ocorre que muitos estrangeiros são hipossuficientes e não
conseguem pagar o valor exigido. Diante disso, indaga-se: é possível a dispensa do pagamento dessa taxa caso o
estrangeiro seja hipossuficiente? SIM. O STF decidiu que o estrangeiro com residência permanente no Brasil, na
regularização migratória. Não se mostra condizente com a CF a exigência de taxas em face de sujeito passivo
evidentemente hipossuficiente. Fundamento: art. 5º, LXXVI e LXXVII, da CF/88. Tese fixada pelo STF: É imune ao
pagamento de taxas para registro da regularização migratória o estrangeiro que demonstre sua condição de
hipossuficiente, nos termos da legislação de regência. STF. Plenário. RE 1018911/RR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
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LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Condenação do ex-Deputado Federal Daniel Silveira. A liberdade de expressão existe para a manifestação de
opiniões contrárias, jocosas, satíricas e até mesmo errôneas, mas não para opiniões criminosas, discurso de ódio
expressão, com responsabilidade. A liberdade de expressão não pode ser usada para a prática de atividades
ilícitas ou para a prática de discursos de ódio, contra a democracia ou contra as instituições. Nesse sentido, são
inadmissíveis manifestações proferidas em redes sociais que objetivem a abolição do Estado de Direito e o
impedimento, com graves ameaças, do livre exercício de seus poderes constituídos e de suas instituições.
apenas sobre manifestações proferidas no desempenho da função legislativa ou em razão desta, não
sendo possível utilizá-la como escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas. Não configurada
abolitio criminis com relação aos delitos previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83). Quando
determinada conduta típica (e suas elementares) permanece descrita na nova lei penal, com a manutenção do
Na hipótese, o legislador não pretendeu abolir as condutas atentatórias à democracia, ao Estado de Direito e ao
livre exercício dos poderes. Na realidade, aprimorou, sob o manto democrático, a defesa do Estado, de suas
condutas previstas nos arts. 18 e 23, IV, da Lei nº 7.170/83 e a conduta prevista no art. 359-L do CP (com redação
dada pela Lei nº 14.197/2021), bem como entre a conduta prevista no art. 23, II, da Lei nº 7.170/83 e a conduta
típica prevista no art. 286, parágrafo único, do CP, com redação dada pela Lei nº 14.197/2021. STF. Plenário. AP
Manifestações por parte da imprensa de natureza crítica, satírica, agressiva, grosseira ou deselegante
não autorizam, por si sós, o uso do direito penal para, mesmo que de forma indireta, silenciar a atividade
jornalística. AgRg no HC 691.897-DF, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região),
Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 17/05/2022, DJe 26/05/2022. (Info 738)
OUTROS TEMAS
A Medida Provisória 144/2003, convertida na Lei nº 10.848/2004, que dispõe sobre a comercialização de
energia elétrica, não viola o art. 246 da Constituição Federal. O autor da ADI alegava que, como a MP
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144/2003 estipulou um novo modelo para o setor elétrico após a EC 06/95, o que essa MP fez foi regulamentar o
§ 1º do art. 176 da CF/88 (alterado pela EC 06/95). Logo, a MP teria violado o art. 246 da CF/88: Art. 246. É vedada
a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada
por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32/2001) O STF não concordou. A EC 6/95 não promoveu alteração
substancial na disciplina constitucional do setor elétrico. O que a EC 06/95 fez foi tão somente substituir a
expressão “empresa brasileira de capital nacional” pela expressão “empresa constituída sob as leis brasileiras e
que tenha sua sede e administração no país”, que foi incluída no § 1º do art. 176 da CF/88. O setor elétrico já
estava, antes dessa alteração, aberto ao capital privado. Houve apenas ampliação colateral em relação às
empresas que poderiam ser destinatárias de autorização ou concessão para explorar o serviço. Além disso, a MP
144/2003 não se destinou a dar eficácia às modificações introduzidas pela EC 6/1995. O que ela fez foi
regulamentar o art. 175 da CF/88, que dispõe sobre o regime de prestação de serviços públicos no setor elétrico.
Logo, não houve violação ao art. 246 da CF/88. STF. Plenário. ADI 3090/DF e ADI 3100/DF, Rel. Min. Rosa Weber,
É inconstitucional norma que prevê a concentração excessiva do poder decisório nas mãos de só um dos
entes públicos integrantes de região metropolitana. ADI 6573/AL - ADI 6911/AL - ADPF 863/AL, relator Min.
Material extraído dos informativos (versão resumida), disponibilizados pelo prof. Márcio Cavalcante no site
https://www.dizerodireito.com.br, e destacados nas partes mais importantes pela equipe da Legislação Destacada.
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