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Estatuto do Desarmamento

1. Quem comete o crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido?

Esse crime é cometido por quem possui ou mantém arma de uso permitido, em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, em sua residência ou local de trabalho, desde que
seja titular ou responsável legal do estabelecimento ou empresa.

2. Qual a classificação do crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido?

Trata-se de crime unissubsistente, não sendo possível a tentativa.

3. O crime de omissão de cautela, previsto no Estatuto do Desarmamento, é culposo ou


doloso?

Trata-se de crime culposo, tendo em vista a conduta do agente ser negligente ou imprudente,
consumando-se com o manejo da arma pelo menor ou deficiente. Caso o acidente
efetivamente ocorra poderá haver a tipificação de outros crimes.

OBS: é necessário o efetivo apoderamento da arma por parte do menor ou pessoa portadora
de deficiência mental.

4. Qual o prazo para comunicação à Polícia Federal, por parte das empresas de
seguranças e transporte de valores, nos casos de perda, roubo ou outras formas de
extravio de arma de fogo, acessório ou munição?

Nas primeiras 24 horas depois de ocorrido o fato.

5. No que consiste o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido?

Neste crime o agente manipula a arma de fogo ilegalmente em local distinto da casa ou
trabalho, como uma via pública ou qualquer outro local, praticando condutas previstas na lei.
Trata-se de crime de perigo abstrato presumido. Tipo misto alternativo que admite tentativa.
Cabe fiança.

OBS: STF entende atualmente que não é necessário que a arma esteja municiada. Entretanto,
o STJ entende que se a arma não estiver apta a disparar, não haverá crime.

STJ já firmou entendimento no sentido de que a prova do porte ilegal pode ser feita por
diversos meios, não sendo necessária perícia.

6. Explique o crime de disparo de arma de fogo.

Trata-se de conduta de disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em


suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que a conduta não tenha como
finalidade a prática de outro crime. Cabe fiança.
Tem por objetivo proteger a integridade física das pessoas que estejam no local onde o disparo
é efetuado. O crime se consuma como disparo. Somente é punível se a conduta não se refira a
outro crime.

OBS: STJ já decidiu no sentido de que é crime de perigo abstrato, que presume a ocorrência de
dano à segurança pública e prescinde, para sua caracterização, de comprovação da lesividade
ao bem jurídico tutelado.

7. Qual o crime cometido por quem possui, porta, adquiri, transporta ou fornece arma de
fogo, seja de uso permitido, restrito ou proibido, com numeração, marca ou qualquer
ou sinal de identificação raspado?

Incorre no crime de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, de acordo com o
entendimento do STJ.

Essa tese do STJ é anterior à criação do parágrafo 2º, que separou as armas de fogo de uso
proibido. Então, se a arma de fogo com numeração raspada for de uso proibido, o agente
responderá pelo parágrafo 2º.

OBS: o crime previsto no parágrafo segundo do artigo 16, que envolve arma de fogo de uso
proibido, é hediondo e por consequência inafiançável.

8. Quais os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento que são considerados


hediondos?

- crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO;

- crime de comércio ilegal de armas de fogo;

- crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição.

OBS: após o pacote anticrime posse ou porte de arma de fogo de uso RESTRITO não é
hediondo.

9. O crime de comércio ilegal de arma de fogo é próprio?

Trata-se de crime próprio, pois somente pode ser cometido por quem pratica atividade
comercial ou industrial.

10. O policial disfarçado previsto no crime de comércio ilegal de arma de fogo é o


mesmo que o policial infiltrado previsto na lei de organização criminosa?

O policial disfarçado é uma condição intermediária entre a campana e a infiltração policial. A


previsão no estatuto do desarmamento se presta a evitar alegações de flagrante preparado e
de crime impossível.

OBS: haverá aumento de pena da metade se a arma de fogo, acessório ou munição for de uso
proibido ou restrito.
11. O crime de tráfico internacional de arma de fogo prevê alguma quantidade para sua
configuração?

De acordo com o STJ, independentemente da quantidade de arma de fogo, de acessórios ou


de munição, não é possível a desclassificação do crime de tráfico internacional de arma de
fogo para delito de contrabando, em respeito ao princípio da especialidade.

OBS 1: Para a configuração do crime não basta apenas a procedência estrangeira do artefato,
sendo necessário que se comprove a internacionalidade da ação.

OBS 2: este crime também prevê aumento de pena da metade se a arma de fogo, acessório ou
munição for de uso proibido ou restrito.

12. Em quais crimes a pena será aumentada da metade se forem praticados por
integrantes dos órgãos e empresas de segurança privada e transporte de valores ou se
o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza?

- porte ilegal de arma de fogo;

- disparo de arma de fogo;

- posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito;

- comércio ilegal de arma de fogo;

- tráfico internacional de arma de fogo.

OBS: o pacote anticrime trouxe a reincidência específica como forma de aumento de pena
para estes crimes.

13. Cabe liberdade provisória nos crimes Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito; Comércio ilegal de arma de fogo; Tráfico internacional de arma de fogo?

O STF decidiu que o artigo 21 do Estatuto que previa a proibição de liberdade provisória é
inconstitucional, portanto o instituto pode ser aplicado.

14. A mera apreensão de munição desacompanhada de arma de fogo é fato típico?

Regra geral sim, a mera apreensão de munição é fato típico. No entanto, existem decisões do
STJ e do STF que entendem que a ínfima quantidade e munição desacompanhada de arma de
fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao
reconhecimento e atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco ao bem
jurídico tutelado pela norma.

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