Você está na página 1de 3

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento VII


Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

LEI N. 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO VII

Art. 14 – Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.


Pena – reclusão de 2 a 4 anos.
Esse crime não admite suspensão incondicional do processo, denominado
sursis processual, pois este pressupõe um delito cuja pena mínima não ultra-
passe um ano.
Diante da prisão em flagrância por porte ilegal de arma de fogo admite fiança.
A fiança, em delegacia de polícia, será cabível sempre nos crimes cuja pena
máxima não supere 4 anos.
O porte ilegal é conduta praticada extramuros. Para possuir uma arma em
casa é preciso o certificado de registro, mas, para sair com a arma junto de seu
corpo, de forma discreta fora de casa, além do registro, é preciso autorização de
porte. Segundo o Estatuto, quem pode obter junto à Polícia Federal a autoriza-
ção de porte são pessoas que demonstrem que estão sofrendo sérias e funda-
das ameaças à sua integridade física e pessoas que precisam carregar armas
em função de suas ocupações habituais.
Ex.: um fazendeiro que possui duas fazendas no interior do Piauí numa região
de cangaço, onde as pessoas são vítimas dos mais variados tipos de assaltos.
Sob a hipótese de que esse fazendeiro pague seus funcionários mensalmente
com dinheiro em espécie, entende-se que ele pode solicitar um certificado de
registro e uma autorização para portar arma de fogo. Obviamente não é certo
que ele conseguirá, pois a polícia deverá analisar o caso e pode ceder ou não.
Existem pessoas que possuem a chamada autorização funcional de porte,
são aquelas que passam em concursos que exijam porte de arma, como promo-
tor de justiça, juiz substituto e as polícias.
Há dois precedentes que ocorreram e que podem ser cobrados em prova:
Ex. 1: há um caso de um juiz que foi parado em uma operação policial e apre-
sentou sua autorização funcional de porte, mas possuía uma arma dentro do
carro que não estava registrada, cometendo, assim, o crime de porte ilegal de
ANOTAÇÕES

1
www.grancursosonline.com.br
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento VII
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

arma de fogo de uso permitido. Ele foi levado até a delegacia, mas não foi preso
em flagrante, uma vez que juízes e promotores só podem ser presos na situação
de crime inafiançável.
Ex. 2: um delegado foi surpreendido em uma operação da Polícia Militar e
verificou-se que ele tinha um revólver de uso permitido. Mesmo apresentando
a carteira funcional, constatou-se que o revólver não estava registrado. O dele-
gado foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.

Atenção!
Pessoas que portam armas que tenham o brasão da polícia não precisa
apresentar o certificado de registro.

Porte compartilhado

É a possibilidade de reconhecer o crime de porte ilegal de arma de fogo em


concurso de pessoas, ainda que diante de uma única arma, ou seja, sempre que
a arma estiver disponível para pronto uso.
Ex.: se uma arma é encontrada dentro de um veículo com duas pessoas, e
ela estiver perto dessas pessoas, entende-se que a ferramenta pode ser utili-
zada por qualquer um dos dois. Nesse caso, ambos responderão por porte ilegal
de arma em concurso de pessoas.
O porte ilegal não significa somente portar a arma, mas portar (situação de
pronto uso), adquirir, entregar, ceder, transportar etc.

Concurso do porte com outras infrações penais

Homicídio: a regra é que uma pessoa que efetuou disparo matando seu ini-
migo responderá por homicídio, segundo o princípio da consunção. Porém, as
questões de provas podem demonstrar contextos fáticos autônomos:
Ex.: supondo que um sujeito embarque com um revólver em um ônibus, às
8h, e segue para a cidade vizinha, onde chega por volta de 11h. O cidadão fica
no centro da cidade batendo papo com os amigos até 14h com essa arma na
ANOTAÇÕES

2
www.grancursosonline.com.br
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento VII
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

cintura, de forma discreta. Segue para a vila daquela cidade, onde começa a
se embriagar por volta de 17h até as 22h. No bar, o cidadão realiza disparos
matando o atendente.
Trata-se de um crime de homicídio somado ao porte ilegal de arma de fogo,
em um concurso que é material. Nesse exemplo há contextos fáticos autôno-
mos, que significam lapsos temporais ou espaços de tempos autônomos dife-
rentes. Antes de efetuar os disparos, a arma já estava em poder do cidadão por
várias horas antes da morte, ou seja, antes de atacar o bem jurídico vida, já ata-
cava o bem incolumidade pública; antes de agir com animus necandi (vontade
de matar), já agia com vontade de portar a arma sem autorização.

Atenção!
Haverá concurso porque existem contextos fáticos, logo há dolos diferentes e
ataques a bens jurídicos diversos.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Fernando Cocito.

ANOTAÇÕES

3
www.grancursosonline.com.br

Você também pode gostar