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Competência:
Em regra, da justiça comum estadual, salvo quando envolver tráfico
internacional de armas, quando será competência da justiça federal por
envolver interesse da união.
Princípio da Insignificância:
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Crimes em Espécie:
Simulacro de Arma:
A posse de arma de brinquedo, arma de pressão ou a utilização de
qualquer outro instrumento simulador de arma de fogo configura FATO
ATÍPICO, por ausência de previsão legal.
*Atenção:
Aquele que mantém arma na empresa, se não for o titular ou
responsável legal do estabelecimento, a conduta se amolda ao crime de
porte ilegal de arma de fogo. Nesse sentido, se o dono do restaurante e o
garçom trabalham com armas de fogo guardadas na gaveta, o dono
responderá por posse e o garçom por porte.
Arma com registro vencido dentro da residência configura crime?
Não, mas cuidado, pois se estiver fora da residência ou local de
trabalho caracteriza o porte. Se o agente já procedeu ao registro da arma,
a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a
apreensão do artefato e aplicação de multa, não caracterizando fato típico.
No entanto, muito cuidado aqui, pois portar arma com registro vencido é
crime previsto no art. 14 ou 16, a depender da arma.
Policial com arma sem registro:
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado
a portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais
previstas no Estatuto do Desarmamento, que impõe registro das armas no
órgão competente. Delegado de Polícia que mantém arma em sua casa sem
registro no órgão competente pratica crime de posse irregular de arma de
fogo. (Info 597 – STF).
Arma dentro da fazenda é posse:
Conforme a Lei nº 13.870/2019, se o cidadão possui uma fazenda
por 10 mil hectares, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do
respectivo imóvel rural, para fins de consideração da posse, e não do porte.
Arma enterrada no quintal é porte:
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Omissão de Cautela:
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor
de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere
de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Trata-se de um tipo penal que exige um dever objetivo de cuidado
por parte daquele que é proprietário ou possuidor de arma de fogo, que
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deve reconhecer o perigo que tal objeto representa nas mãos de incapazes,
adotando, assim, precauções para que isso não aconteça.
*Atenção: o crime somente é punido na forma culposa. Trata-se do
único tipo penal culposo previsto no Estatuto do Desarmamento.
Majoritariamente, entende-se que este delito somente pode ser
cometido a partir da NEGLIGÊNCIA do proprietário ou possuidor da arma de
fogo, a partir da literalidade do texto legal, que fala em deixar de observar
as cautelas necessárias. Todavia, parte minoritária da doutrina entende que
o crime também pode ser cometido por IMPRUDÊNCIA e IMPERÍCIA.
Sujeito ativo:
O sujeito ativo deve ser o proprietário ou possuidor da arma de fogo.
Trata-se de crime omissivo próprio.
Sujeito Passivo:
O sujeito passivo é a coletividade. Secundariamente, também figura
como vítima do delito o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa portadora
de deficiência mental que se apodera da arma de fogo, bem como terceiros
que por eles possam vir eventualmente a ser alvejados.
Alguns BIZUS:
1 – Não é necessário nenhum vínculo entre o omissor da cautela e
a criança. Nesse sentido, aquele que pega a arma, a partir da omissão de
cautela, pode ser o filho ou qualquer outro menor, mesmo que não tenha
relação com o omissor.
2 – Mesmo que o menor de 18 (dezoito) anos já tenha obtido a
capacidade civil pela emancipação há a incidência deste crime, pois o critério
é biológico, e não civil.
3 – A lei, expressamente, faz menção ao deficiente mental. Então,
não há crime se o agente que se apodera da arma é deficiente físico.
4 – Arma esquecida em cima da mesa, sem nenhum menor ou
deficiente mental que possa ter acesso a ela, não há crime, configurando
conduta atípica.
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Art. 19. Nos crimes previstos nos artigos 17 e 18, a pena é aumentada da
metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos artigos 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
I – forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos
arts. 6º, 7º e 8º, desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
II – o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019).
Note que o Pacote Anticrime criou nova causa de aumento de pena,
visando punir com mais rigor o criminoso reincidente específico nos crimes
do art. 14 (porte ilegal), 15 (disparo em via pública), 16 (posse ou porte de
arma de fogo de uso restrito e proibido), 17 (comércio ilegal) e 18 (tráfico
internacional de arma de fogo). Como se trata de causa de aumento, o
magistrado irá aplicá-la na terceira fase da dosimetria da pena.
Casos Específicos:
Arma quebrada e incapaz de efetuar disparos:
Trata-se de crime de perigo abstrato, no entanto, a doutrina e a
jurisprudência admitem que a arma quebrada pelo fato de ser impossível de
atingir o bem jurídico tutelado pela norma, se caracteriza como crime
impossível.
Porte de arma desmuniciada:
Segundo o STF e a 5ª turma do STJ, é crime, pois estamos diante
de crime de perigo abstrato, situação em que a probabilidade de dano é
presumida pelo tipo penal. Contudo, segundo a 6ª turma do STJ, para que se
possa caracterizar o crime de porte de arma há necessidade de o
instrumento estar municiado, porquanto o tipo penal exige a sua eficácia
para produzir o dano ao bem jurídico tutelado. É dominante, todavia, o
entendimento no sentido de que não há necessidade de a arma de fogo
estar municiada e que o crime estará caracterizado ainda que a munição
não esteja ao alcance das mãos do agente.
Arma com funcionamento imperfeito:
Neste caso, segundo a jurisprudência, trata-se de crime de porte
consumado (STF). Todavia, se a arma de fogo é absolutamente incapaz de
realizar disparos, estamos diante de hipótese de crime impossível por força
da ineficácia absoluta do meio (CP, art. 17).
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