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ARMAS DE FOGO

LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE


PROF. RAFAEL FIGUEIREDO PINTO
ARMAS DE FOGO - LEI N. 10.826/03

1. INTRODUÇÃO

- O porte de arma de fogo foi considerada contravenção por muito tempo

- Advento do Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/03)

- Capítulo I: regulamenta o Sistema Nacional de Armas (Sinarm)

- Capítulos II e III: questões atinentes ao registro e ao porte de arma de fogo

- Capítulo IV: tipos penais


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No Brasil, o Estatuto do Desarmamento é uma lei federal, derivada do PL nº 292


(PL 1555/2003), de autoria do então senador Gerson Camata (MDB/ES), morto
em 2018 por um ex-assessor utilizando uma arma fria, que entrou em vigor no
dia seguinte à sanção do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, em
23/12/03. Trata-se da Lei n. 10.826/03, regulamentada pelo DL 5.123/04.
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Os anos em que a população podia se armar para teoricamente “fazer frente à


bandidagem” não foram de paz absoluta, mas de crescente violência. Entre
1993 e 2003 os homicídios com arma de fogo cresceram 7,8% ao ano, até atingir
36.115 mortes. Seguindo esta progressão, ter-se-ia em 2012, por exemplo,
71.118 vítimas fatais de disparos. “Mas foram registradas 40.077 mortes. Só
nesse ano foram poupadas 31.041 vidas”, informa o Mapa da Violência 2015.
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“As pessoas se sentiam mais seguras naquela época”, afirma Benê Barbosa, um
dos mais antigos militantes pró-armas do Brasil. Segundo ele, nos anos de 1990
deveria haver “aproximadamente meio milhão de pessoas armadas em São
Paulo, e você não tinha bangue-bangue nas ruas”. Ainda, o Estatuto “elitizou” a
posse de armas. “Antigamente era comum pessoas de baixa renda comprarem
armas. Hoje só em exames e papelada você gasta mais de 2.000 reais”, diz.
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2. DOS CRIMES E DAS PENAS

2.1. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

- “Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de


uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no
interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento
ou empresa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.” (art. 12)

a) Bem jurídico protegido


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b) Elementos do tipo

- Exercício da posse (não se confunde com porte) sem o devido registro

- Objetos materiais: armas de fogo (uso permitido), munições e acessórios

- Posse de arma e violência doméstica

c) Sujeito ativo / passivo

d) Consumação / tentativa
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“A jurisprudência desta Corte Superior possui o entendimento de que o


caminhão não pode ser considerado extensão de sua residência, ainda que seja
instrumento de trabalho. Veículos automotores não podem ser considerados
como local de trabalho para fins da Lei n. 10.826/2003.” (STJ, 2016)
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“A jurisprudência deste STJ aponta que os crimes previstos nos arts. 12, 14 e 16
da Lei 10.826/03 são de perigo abstrato [...] Porém, na esteira da jurisprudência
do STF, esta Corte passou a admitir a incidência do princípio da insignificância
quando se tratar de posse de pequena quantidade de munição,
desacompanhada de armamento capaz de deflagrá-la, quando ficar evidenciado
o reduzido grau de reprovabilidade da conduta.” (STJ, HC 625.041/MG, 2021)
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e) Suspensão condicional do processo

f) Vigência do dispositivo

- Prazo para regularização: registro até 31 de dezembro de 2009 (art. 30)

- Presunção de boa-fé

- Prazos diferenciados para armas restritas, proibidas ou com n. raspada

- A abolitio criminis prevista no artigo abrange o porte? (STJ, 2013)


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“Doutrina e jurisprudência têm entendido que as pessoas que tenham sido


flagradas antes de 31 de dezembro de 2009 com arma de fogo de uso permitido
no interior da própria residência ou estabelecimento comercial, sem o
respectivo registro, não podem ser punidas, porque a boa-fé é presumida, de
modo que se deve pressupor que iriam solicitar o registro da arma dentro do
prazo.” (José Baltazar)
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“A Sexta Turma, a partir do julgamento do HC n. 188.278/RJ, passou a entender


que a abolitio criminis, para a posse de armas e munições de uso permitido,
restrito, proibido e com numeração raspada, tem como data final o dia 23 de
outubro de 2005. 2. Dessa data até 31 de dezembro de 2009, somente as
armas/munições de uso permitido (com numeração hígida) e, pois registráveis,
é que estiveram abarcadas pela abolitio criminis” (STJ, 2013).
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g) Entrega da arma

- Espontânea (boa-fé) e a qualquer tempo = extinção da punibilidade

h) Registro federal

- Para os casos em que não se opta pela entrega espontânea (art. 5º, § 3º)

- Caso de registro não renovado após 3 anos (art. 18, § 3º, DL n. 5.123/04)
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“Abolitio criminis temporária. Conduta praticada após 31/12/2009. Excludente


de punibilidade. Ausência de devolução espontânea. Não configuração. No caso
concreto, tendo sido encontrada na residência do recorrente, em 2011, arma de
fogo de uso permitido, não tinha mais como ser beneficiado com a abolitio
criminis. Também, não se beneficia com a extinção da punibilidade, pois não
realizou o ato de entrega espontânea, consoante o ditame legal” (STJ, 2013).
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“Essa Corte firmou a compreensão de que, se o agente já procedeu ao registro


da arma, a expiração do prazo constitui mera irregularidade administrativa, não
caracterizando, portanto, ilícito penal. 2. No caso dos autos, a acusada teria
guardado em sua casa arma de fogo com registro vencido, conduta que se
revela penalmente atípica, configurando, apenas, ilícito administrativo que
enseja a apreensão do armamento e a aplicação de multa.” (STJ, 2016)
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2.2. Omissão de cautela

- “Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de


dezoito anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma
de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade. Pena -
detenção, de um a dois anos, e multa.” (art. 13)

a) Bem jurídico protegido

b) Elementos do tipo
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- Conduta nitidamente culposa

- O tipo penal não abrange munições e acessórios

c) Sujeito ativo

- O agente incorre também no art. 12, caso não tenha o registro da arma

d) Sujeito passivo

e) Consumação / tentativa
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2.3. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido

a) Bem jurídico protegido

b) Elementos do tipo

- Sucede nos locais não especificados no art. 12 (em desacordo com a lei)

- Diversas ações nucleares (ex: ocultar arma de fogo)

- Armas de uso restrito, proibido ou com n. raspada: outro tipo penal


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Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de
fogo estiver registrada em nome do agente.
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- Porte é proibido (art. 6º), mas comporta exceções: função ou autorização

- Possibilidade de perda automática da autorização e de restrições

- Curiosidades: porte para desportistas, para “caçador de subsistência” etc.

c) Crime de perigo

- Necessidade de laudo pericial para revelar a potencialidade lesiva da arma

- Arma desmuniciada: fato típico?


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As Cortes Superiores entendem que há uma presunção (relativa) de que as


armas de fogo possuem aptidão para efetuar disparos. Assim, se o laudo pericial
atesta ser a arma inoperante, cessa a presunção e o fato é considerado atípico.
De outro lado, se não for juntado o laudo pericial ou se este for considerado
nulo (e não houver qualquer outra prova da inoperância da arma), poderá haver
a condenação pelo delito (STJ, EREsp 1.005.300/RS, 2003).
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“Esta Corte Superior de Justiça firmou a compreensão de que a previsão do


delito descrito no art. 14 da Lei n. 10.826/03 busca tutelar a segurança pública,
colocada em risco com a posse ou porte de arma, acessório ou munição de uso
permitido à revelia do controle estatal, não impondo à sua configuração, pois,
resultado naturalístico ou efetivo perigo de lesão (...) a arma apreendida estar
desmuniciada não descaracteriza a natureza criminosa da conduta.” (STJ, 2017)
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- Constitucionalidade da tipificação de crimes de perigo abstrato

- Armas de brinquedo e réplicas

d) Sujeito ativo / passivo

e) Consumação / tentativa

f) Absorção e concurso

e) Crime inafiançável (?)


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“(...) A criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só,


comportamento inconstitucional por parte do legislador penal. A tipificação de
condutas que geram perigo em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor
alternativa ou a medida mais eficaz para a proteção de bens jurídico-penais
supraindividuais ou de caráter coletivo, como, por exemplo, o meio ambiente, a
saúde etc. (...)” (STF, 2012).
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“A prática dos delitos de porte ilegal de arma e receptação deflagra típica


hipótese caracterizadora de concurso material de crimes. Por se revestirem de
autonomia jurídica e por tutelarem bens jurídicos diversos (na receptação, o
sujeito passivo é o dono da arma subtraída, e o bem jurídico protegido, o
patrimônio, ao passo que, no porte ilegal de arma, protege-se a incolumidade
pública), impedem a aplicação do princípio da consunção” (STF, 2014).
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“A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de “porte ilegal de


arma de fogo de uso permitido” e de “disparo de arma de fogo”, mostra-se
desarrazoada, porquanto são crimes de mera conduta, que não se equiparam
aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade”
(STF, 2014). Não pode ser equiparado aos crimes hediondos para os quais a
Carta Magna veda a fiança.
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2.4. Disparo de arma de fogo

a) Bem jurídico protegido

b) Elementos do tipo

- Disparar: envolve a deflagração de um projétil verdadeiro

- Vários disparos em um mesmo momento: crime único?

- Requisitos cumulativos: lugar habitado (ou adjacências) + via pública


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Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.


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c) Sujeito ativo / passivo

d) Consumação / tentativa

e) Absorção

- Disparo e crime de lesões corporais leves (art. 129, CP)

- Disparo e crime de periclitação para a vida de outrem (art. 132 do CP)

- Disparo e posse/porte de arma de fogo: divergências


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“Estabelecido pelo Tribunal de origem que os crimes de porte ilegal e de disparo


de arma de fogo ocorreram no mesmo contexto fático e diante do nexo de
dependência entre as condutas, sendo o primeiro meio para a execução do
segundo delito, escorreita a aplicação do princípio da consunção no caso
concreto” (STJ, 2016).
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2.5. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de restrito

a) Bem jurídico protegido

b) Elementos do tipo

- Crime de perigo abstrato e de mera conduta

c) Natureza hedionda?

- Entendimentos adotados antes e depois do advento do Pacote Anticrime


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Art. 16, caput - Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.


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Nos termos do art. 16 do Decreto n. 3.665/00, são consideradas de uso restrito,


exemplificativamente, armas automáticas de qualquer calibre (metralhadoras, p.
ex.), as armas de fogo dissimuladas (em forma de caneta, p. ex.), as de pressão
por gás comprimido ou por ação de mola, com calibre superior a 6 mm, as de
alma lisa de calibre doze ou maior com comprimento de cano menor que 24
polegadas ou 610 mm, as de ar comprimido, etc.
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“Antes da entrada em vigor do Pacote Anticrime não apenas o porte e a posse


de arma de fogo de uso proibido eram considerados hediondos, como também
as mesmas condutas que fossem relacionadas a arma de fogo de uso restrito. A
nova Lei é benéfica e, portanto, afasta o caráter hediondo em relação àqueles
que cometeram crime de porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito
durante a vigência da lei anterior.” (José Baltazar Jr.)
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d) Sujeito ativo / passivo

e) Consumação / tentativa

f) Absorção e concurso

g) Vedação de liberdade provisória (?)

h) Vigência do dispositivo

i) Entrega da arma
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“A 6ª Turma, a partir do julgamento do HC n. 188.278/RJ, passou a entender que


a abolitio criminis, para a posse de armas e munições de uso permitido, restrito,
proibido e com numeração raspada, tem como data final 23/10/05. Dessa data
até 31/12/09, somente as armas/munições de uso permitido (com numeração
hígida) e, pois registráveis, é que estiveram abarcadas pela abolitio criminis”
(STJ, 2013). Não abrange o porte de armas (crime desde o início da vigência).
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2.5.1. Figuras com penas equiparadas

2.5.1.1. Supressão ou alteração de marca ou numeração

- Nas mesmas penas incorre quem “suprimir ou alterar marca, numeração


ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato” (§ 1º, I)

2.5.1.2. Modificação de características da arma

- “Modificar as carac. de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a


arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz” (II)
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- Pune-se o autor da modificação

- Na segunda parte, há crime mesmo se a autoridade não for enganada

2.5.1.3. Posse, fabrico ou emprego de artefato explosivo ou incendiário

- “possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário,


sem autorização ou em desacordo com determinação legal (...);” (III)

- Torna inaplicável o art. 253 do CP só no que tange a artefatos explosivos


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2.5.1.4. Posse/porte de arma de fogo com numeração raspada/adulterada

- “portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com


numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado” (IV)

- A Lei n. 9.437/97 só punia o responsável pela supressão da numeração

- Reclassificação para o crime do art. 14: possível?

- Entrega espontânea da arma de fogo: extinção da punibilidade


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“Deveras, para configuração do delito de porte ilegal de arma de fogo com a


numeração suprimida, não importa ser a arma de fogo de uso restrito ou
permitido, basta que a arma esteja com o sinal de identificação suprimido ou
alterado, pois o que se busca proteger é a segurança pública, por meio do
controle realizado pelo Poder Público das armas existentes no País.” (STF, 2013)
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2.5.1.5. Venda, entrega ou fornecimento de arma, acessório, munição ou


explosivo a menor de idade (V)

2.5.1.6. Produção, recarga ou reciclagem indevida, ou adulteração de


munição ou explosivo (VI)

2.5.2. Armas proibidas (§2º) - CRIME HEDIONDO (art. 1º, §único, I, LCH)

- “Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma


de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos”.
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“Na posse ou porte de munição de uso proibido, não nos parece correto rotular
tal conduta como hedionda, sob pena de indevida analogia in malam partem e
consequente violação ao princípio da legalidade”, diz Renato Brasileiro. Todavia,
José Baltazar afirma que “A redação do art. 16, § 2º, do Estatuto (dada pela Lei
n. 13.964/2019), não menciona acessórios e munição de uso proibido, contudo,
trata-se, evidentemente, de equívoco do legislador passível de ser sanado por
interpretação extensiva, pois a diferenciação não faria qualquer sentido”.
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3. CAUSAS DE AUMENTO DE PENAS

- “Nos crimes previstos nos arts. 17 (comércio ilegal de arma de fogo) e 18


(tráfico internacional), a pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso restrito ou proibido.” (art. 19)

- “Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da
metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas
nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.” (art. 20)
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4. VEDAÇÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

- “Os crimes previstos nos arts. 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de
uso proibido ou restrito), 17 (comércio ilegal) e 18 (tráfico internacional) são
insuscetíveis de liberdade provisória.” (art. 21)

- (In)constitucionalidade do dispositivo
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“Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a


prisão ex lege, em face dos princípios da presunção de inocência e da
obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade
judiciária competente; (...) IX - Ação julgada procedente, em parte, para declarar
a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e do artigo 21
da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003” (STF, 2007).
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5. OUTRAS CONSIDERAÇÕES

- Competência da Justiça Estadual, se não envolver interesses da União

- Destruição dos objetos apreendidos (art. 25)

- Referendo popular (art. 35, caput e §1º)

- Revogação da Lei n. 9.437/97


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O simples fato de se tratar de porte de arma de fogo com numeração raspada


não evidencia, por si só, a competência da J. Federal. O bem jurídico protegido
pela Lei n. 10.826/03 é a incolumidade de toda a sociedade, vítima em potencial
do uso irregular das armas de fogo, não havendo qualquer violação direta aos
interesses da União, a despeito de ser o SINARM um ente federal. Competência
da Justiça Estadual para a apreciação e julgamento da ação penal (STJ, 2016).

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