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SENSÍVEIS
ENFIM
LEGISLAÇÃO
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Lei nº 10.826/2003
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Portanto, com base no exposto, podemos concluir que o objeto jurídico protegido
abrange a segurança pública e a incolumidade pública, que são interesses relacionados a
toda a sociedade, tendo a coletividade como seu detentor, em vez de uma única pessoa
ou um grupo específico. Consequentemente, caracteriza-se como um "crime vago", no
qual o sujeito passivo é uma coletividade sem personalidade jurídica, ou seja, toda a
comunidade e não apenas um indivíduo isolado.
ARMA DE FOGO
Uma arma de fogo é um dispositivo que lança projéteis utilizando a pressão dos
gases gerados pela queima de um propelente contido em uma câmara, geralmente
localizada dentro de um cano que serve para manter a queima do propelente, bem como
guiar e estabilizar o projétil.
ACESSÓRIOS
MUNIÇÃO
● Comprovação da idoneidade;
b) Já para armas de fogo de uso restrito, esse registro será realizado junto ao
Comando do Exército, conforme estabelecido no artigo 27 do Estatuto do Desarmamento.
É importante destacar que o registro da arma permite apenas a sua posse, não
autorizando o seu porte em locais públicos. Portanto, o detentor do registro deve cumprir
as seguintes regras:
Por outro lado, quando a arma é de uso permitido, mas o indivíduo não possui
autorização para portá-la, ele comete o crime de porte ilegal de arma de fogo, de acordo
com o artigo 14.
POSSE PORTE
O indivíduo que possui ou mantém arma de O indivíduo que é encontrado com arma de
fogo, acessório ou munição (de uso fogo, acessório ou munição (de uso permiti-
permitido) em sua residência ou trabalho, do) fora de sua residência ou local de traba-
sem que tivesse autorização para isso (sem lho sem que tivesse autorização para isso
que tivesse certificado da Polícia Federal), (sem que tivesse porte de arma), comete o
comete o crime de posse irregular de arma crime de porte ilegal de arma de fogo (art.
de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003). 14 da Lei nº 10.826/2003).
ANTECIPAÇÃO DA TUTELA PENAL – “CRIMES DE OBSTÁCULO”
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou,
ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o
responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Além disso, o artigo também aborda a posse no local de trabalho, onde não basta
apenas estar presente, sendo essencial ser o titular ou o responsável legal pelo
estabelecimento ou empresa. Portanto, esse crime exige uma qualidade especial por
parte do autor. Vale destacar algumas observações adicionais:
4. Recurso provido.
Para Fernando Capez, possuir significa guardar a própria arma, enquanto manter
sob a guarda, significa guardar a arma para terceiro.
Em um caso curioso, um indivíduo foi preso por porte ilegal de arma de fogo ao
tentar entregar a arma em uma delegacia. O ato de transportar a arma no carro até a
delegacia foi considerado como uma conduta antinormativa pelo Delegado de Polícia. No
entanto, o STJ decidiu que faltava ação antinormativa a essa conduta, aplicando a teoria
da tipicidade conglobante. Vamos fazer a leitura do caso:
SUJEITOS DO CRIME:
O sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa, pois se trata de um crime
comum ou geral, ou seja, não exige nenhuma qualidade especial do agente. Isso inclui
até mesmo o proprietário da arma que a possuir sem o devido registro.
Além disso, é um crime de mera conduta, ou seja, o tipo penal descreve apenas
uma conduta ilícita, sem exigir um resultado concreto. O crime se consuma quando
alguém está ilegalmente na posse de uma arma de fogo.
Este é um crime plurissubsistente, o que significa que ele é composto por várias
ações ou atividades que se desenvolvem ao longo do tempo. Como tal, admite tentativa,
pelo menos teoricamente, como destacado por Renato Brasileiro (2020).
A conduta do agente que mantém sob guarda, no interior de sua residência, uma
arma de fogo de uso permitido com registro vencido não configura o crime de posse ilegal
de arma de fogo, conforme o disposto no artigo 12 da Lei nº 10.826/2003.
Este crime é classificado como uma infração penal de menor potencial ofensivo,
uma vez que possui uma pena máxima que não excede dois anos de detenção. O
parágrafo único da legislação prevê uma figura equiparada a essa conduta.
SUJEITOS DO CRIME:
FIGURA EQUIPARADA: No que diz respeito ao Art. 13, parágrafo único, esse
trata da omissão de cautela do proprietário ou diretor responsável de empresas de
segurança e transporte de valores.
Vejamos:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que
deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de
fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras
24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
No que diz respeito a essa última expressão, a doutrina sustenta que o prazo de
24 horas começa a contar a partir do momento em que o fato se torna conhecido, não
necessariamente a partir do momento em que o fato ocorreu. Esse crime é considerado
próprio e omissivo próprio, uma vez que o responsável legal deixa de cumprir essas duas
obrigações, sem admitir uma modalidade culposa.
Por não haver ação na tentativa de evitar a consumação, esse crime é considera-
do um "crime omissivo próprio" e, portanto, não admite tentativa.
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO
O artigo mencionado contém uma série de verbos, mas isso não implica que, se
uma pessoa realizar várias dessas ações, ela responderá por múltiplos crimes. Estamos
lidando com um tipo penal misto alternativo, o que significa que se configura apenas a
prática de um crime, independentemente do número de ações realizadas. A quantidade
de ações desempenhará um papel crucial apenas na determinação da gravidade da pena
a ser aplicada.
SUJEITOS DO CRIME: O autor do delito pode ser qualquer pessoa, uma vez que
se trata de um crime comum. Quanto à vítima, ela é representada pela coletividade, dado
que se trata de um crime vago, isto é, um crime no qual o sujeito passivo é uma entidade
sem personalidade jurídica e não envolve uma vítima específica, como a sociedade e a
família, por exemplo.
INFORMATIVO 570, STJ - Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de
fogo quando o instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico
de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto
para realizar disparos.
INFORMATIVO 505, STF - O mero fato de o funcionamento de arma de fogo não ser
perfeito não afasta a tipicidade material do crime definido no art. 14 da Lei 10.826/2003.
Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que condenado por
porte ilegal de arma de fogo pleiteava o reconhecimento da atipicidade material de sua
conduta, sob a alegação de que não restara comprovada, de forma válida, a potencialida-
de lesiva da arma apreendida.
INFORMATIVO 699, STF - Asseverou-se que o tipo penal do art. 14 da Lei 10.826/2003
contemplaria crime de mera conduta, sendo suficiente a ação de portar ilegalmente a
arma de fogo, ainda que desmuniciada.
INFORMATIVO 488, STJ - O crime de manter sob a guarda munição de uso permitido e
de uso proibido caracteriza- se como crime único, quando houver unicidade de contexto,
porque há uma única ação, com lesão de um único bem jurídico, a segurança coletiva, e
não concurso formal.
ALGUMAS OBSERVAÇÕES:
Por exemplo, se alguém mantiver uma arma ilegal em sua casa por um ano e, em
determinado momento, decidir usá-la para cometer um roubo, essa pessoa será respon-
sabilizada pelo crime de posse ilegal de arma de fogo em conjunto com o crime de roubo,
com a aplicação da causa de aumento de pena devido ao uso da arma de fogo.
Nesse caso, não existe bis in idem, uma vez que a posse ilegal de arma visa
proteger a segurança pública, enquanto o crime de roubo visa resguardar o patrimônio,
ou seja, cada um deles tutela um bem jurídico diferente.
inafiançável
Esse crime é cometido somente quando alguém dispara uma arma de fogo ou
aciona munição em um lugar habitado ou nas áreas próximas a ele, em via pública ou na
direção dessas áreas.
A conduta descrita neste artigo não pode ter como objetivo a prática de outro
crime, devido à subsidiariedade expressa. Isso significa que o indivíduo deve ter a
intenção única de disparar ou acionar a munição naquele local. Por exemplo, se alguém
tinha a intenção de matar outra pessoa, mas erra todos os tiros, não será processado
pelo crime de disparo de arma de fogo, mas sim por tentativa de homicídio. No entanto,
se o indivíduo não tinha autorização para portar ou possuir a arma de fogo, os crimes de
porte ilegal (Art. 12) e posse ilegal (Art. 14) serão absorvidos, uma vez que fazem parte
do mesmo contexto fático, a menos que a posse ou o porte seja de uso restrito, nesse
caso, não será absorvido devido à penalidade mais severa.
CONDUTAS: Este crime envolve o ato de disparar uma arma de fogo ou acionar
munição. Importante notar que, embora contenha o verbo "disparar," o crime pode
ocorrer mesmo sem o disparo efetivo, bastando o simples acionamento da munição.
ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO: Isso está expresso no Artigo 15, que define o
crime como o ato de disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou nas
áreas próximas a ele, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não
tenha a intenção de cometer outro crime. Caso o disparo ocorra em um local ermo e
desabitado, não se configura crime, sendo considerado um fato atípico.
● acionar munição, mesmo que esta última não seja efetivamente disparada.
ALGUMAS OBSERVAÇÕES:
Assim como no Artigo 14, encontramos aqui outro exemplo de um crime do tipo
misto alternativo. Neste caso, diversos verbos descrevem condutas que, quando
praticadas no mesmo contexto fático, resultam em uma única acusação. É importante
notar que anteriormente tínhamos a expressão "restrito e proibido", mas com as
alterações trazidas pelo Pacote Anti Crime, agora temos um parágrafo 2º que estabelece
uma qualificadora para este segundo tipo.
Esse tipo penal incrimina aquele que promove a supressão (eliminação completa)
ou a alteração (mudança) da marca ou numeração da arma de fogo. Vale ressaltar que,
na ausência de evidências desse delito, a pessoa pode ser acusada conforme o disposto
no artigo 16, parágrafo único, inciso IV.
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para
fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
perito ou juiz;
1ª SITUAÇÃO 2ª SITUAÇÃO
(modificar as características de arma de (modificar as características de arma de
fogo, de forma a torná-la equivalente a fogo, para fins de dificultar ou de
arma de fogo de uso proibido ou qualquer modo induzir a erro autoridade
restrito...) pune apenas o responsável policial, perito ou juiz) é crime formal, que
pela modificação. Qualquer outra pessoa afasta a incidência do delito de fraude
que a porte ou a possua responde pelo processual (CP, art. 347).
Aqui difere do art. 13 que é uma modalidade culposa, este inciso trata-se de uma
modalidade dolosa.
Para que uma pessoa possa recarregar munição em sua residência, é necessário
que ela possua o Certificado de Registro do Exército e tenha a devida autorização para
realizar a atividade de recarga de munição.
Portanto, o crime de porte ou posse de arma de fogo de uso restrito NÃO é mais
considerado hediondo, somente sua qualificadora, ou seja, posse ou porte de arma de
COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO
Mais uma vez, temos um exemplo de um crime do tipo misto alternativo, onde
vários verbos estão presentes, mas apenas uma punição é aplicada. Além disso, esse
crime é considerado próprio, ou seja, somente comerciantes ou industriais podem
cometê-lo.
Além disso, é um crime habitual, o que significa que a pessoa deve estar envolvi-
da em uma atividade constante de comércio ilegal de armas de fogo. Por exemplo, é
necessário que o comerciante ou industrial esteja realizando repetidamente as ações
listadas no artigo em questão, pois se elas forem praticadas apenas uma vez, configura-
ria o fornecimento isolado de uma arma, sujeitando-se a outras disposições legais, como
o Artigo 14 ou o Artigo 16.
Vale ressaltar que o Pacote Anticrime (PAC) alterou a redação das penas para o
crime de comércio ilegal de armas de fogo, aumentando a gravidade da infração. Antes
do PAC, a pena prevista era de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.
É importante destacar a presença do agente policial disfarçado, que não deve ser
confundido com a armadilha de flagrante preparado, uma prática que tornaria a ação ile-
gal, conforme estabelecido na Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal (STF):
(...)
É importante notar que no caput deste artigo não se faz menção à importação ou
exportação de explosivos, uma vez que isso configura o crime de contrabando ou
facilitação ao crime de contrabando, conforme previsto nos Artigos 344-A ou 318, ambos
do Código Penal.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada
da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso
proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se: (Lei 13.964/19, pacote anti crime).
É importante destacar a presença do Art. 32, que estabelece uma causa que
extingue a punibilidade:
OBJETO MATERIAL: O objeto deste crime, assim como no Art. 17, engloba
armas de fogo, acessórios ou munições, independentemente de seu uso ser permitido,
proibido ou restrito.
(...)
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
O Supremo Tribunal Federal (STF) sustenta que a munição, quando não está
acompanhada de uma arma de fogo, carece de potencial lesivo. No entanto, trata-se de
um crime de perigo abstrato, em que a ameaça é presumida por lei. Portanto, o poder
público só precisa comprovar a conduta do agente, não sendo necessário demonstrar
que ele efetivamente representou um perigo para a sociedade.
No caso concreto, embora o réu tenha sido preso com apenas uma munição de uso
restrito, desacompanhada de arma de fogo, ele foi também condenado pela prática dos
crimes descritos nos arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/2006 (tráfico de drogas e associação
para o tráfico), o que afasta o reconhecimento da atipicidade da conduta, por não
estarem demonstradas a mínima ofensividade da ação e a ausência de periculosidade
social exigidas para tal finalidade.
O parágrafo único do Artigo 14, que se refere ao porte ilegal de arma de fogo de
uso permitido, proíbe a concessão de fiança, exceto quando a arma estiver registrada em
nome do infrator.