Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
No âmbito da Legislação Penal Militar nossa Atual Constituição prevê a existência de crimes e
competência para o julgamento de crimes militares em quatro artigos, eles são:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXI - ninguém será preso
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei;
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da
Justiça Militar.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição. § 4º Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Ao analisar estes dispositivos Constitucionais, podemos observar que cabe à Justiça Militar
Estadual processar e julgar os Militares Estaduais (Policiais Militares e Bombeiros Militares),
nos crimes militares e ações judiciais contra atos disciplinares. Cabendo ressaltar que, com o
advento da Lei nº 9.299/96, foi retirada a competência da Justiça Militar para a apuração dos
crimes dolosos contra a vida, praticados por militares contra civil. Nesse sentido, se um policial
militar ao fazer uso de sua arma de fogo, durante ação policial, vier atingir fatalmente um
cidadão, restando comprovado o dolo por parte do agente de segurança pública, a
competência para julgamento será da Justiça Comum.
Vemos também que o Delegado de polícia não possui a competência jurídica para apurar
infrações penais militares.
O crime propriamente militar, consiste naquele “que só o soldado pode cometer”, porque
“dizia particularmente respeito à vida militar, considerada no conjunto da qualidade funcional
do agente, da materialidade especial da infração e da natureza peculiar do objeto danificado,
que devia seria o serviço, a disciplina, a administração ou a economia militar”. Nesse prisma,
seria as infrações previstas no Código Penal Militar e que somente poderão ser praticadas por
militar.
2
Exemplos:
Abandono de Posto Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço
que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo.
Dormir em Serviço Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou
de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia,
plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante.
Deserção Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da Unidade em que serve, ou do lugar
em que deve permanecer, por mais de oito dias.
Já os crimes impropriamente militares seriam previstos no Código Penal Militar, dentro das
condicionantes do seu Art. 9º, que podem ser cometidos tanto civil quanto militarmente.
Nesse sentido, um civil que entra em instalações militares (desde que fossem das forças
armadas), e efetua o roubo ou furto de um armamento ficaria sujeito a processo na Justiça
Militar. Se o mesmo cidadão efetuar o roubo ou furto em alguma Unidade da Polícia Militar ou
Corpo de Bombeiro Militar dos Estados, apesar de também tipificado no Código de Processo
Penal, no seu Art. 242, será processado pela Justiça Comum, uma vez que não há previsão
legal para Justiça Militar Estadual processar e julgar civil (art. 125, §4º).
Incêndio Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à administração militar, expondo à perigo
a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.
Desacato a militar Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou
em razão dela.
Princípio da Legalidade
De acordo com o Princípio da Legalidade Penal, não há crime sem lei anterior que o defina,
não há pena sem prévia cominação legal. Este princípio delimita o poder estatal, instituindo a
chamada reserva legal, ou seja, o Estado somente pode aplicar as penas de acordo com a
tipificação penal já existente anteriormente a prática do fato delituoso.
Esse princípio coaduna que o Direito Penal Militar deva se preocupar com a proteção dos bens
jurídicos mais importantes. Desta feita, podemos entender que de acordo com o princípio da
intervenção mínima o direito penal deve intervir o menos possível na vida em sociedade,
somente entrando em ação quando, comprovadamente, os demais ramos do direito não
forem capazes de proteger aqueles bens considerados de maior importância.
Princípio da Insignificância
Também conhecido como princípio da bagatela, sustenta que o Direito de punir do Estado não
deve ser clamado a interceder, quando a lesão produzida ao bem jurídico for de pequeníssima
monta.
3
Princípio da Culpabilidade
Esse principio diz que a pena só pode ser imposta ao indivíduo com dolo ou culpa
(imprudência, imperícia ou negligência).
Princípio da Humanidade
Esse principio diz que nenhuma pena pode ser ofensiva à dignidade da pessoa humana.
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele,
ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça
estrangeira.
Em seu primeiro título, o Código Penal Militar conclama à “aplicação da lei penal militar”. Logo
em seu Art. 1º, o Código Penal Militar também expressa como será aplicada a lei penal no
tempo, quando diz que “não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia
cominação legal”. Nesse sentido, para que uma conduta possa ser considerada crime,
necessariamente tem que haver a tipificação penal anterior à ação do agente.
Assim se um militar pratica uma conduta e posteriormente o legislador cria uma nova
tipificação penal, definindo essa conduta como crime, o militar não será alcançado por aquele.
Neste caso sua conduta foi atípica.
Neste mesmo entendimento, se o militar pratica uma conduta que é considerada crime e
tempos depois esta conduta passar a não ser mais considerada crime, irá cessar todos os
efeitos penais, mesmo que seja considerada crime. Isso é o previsto no art. 2º do CPM:
Exemplo: Mévio, com a idade 17 anos, 11 meses e 25 dias, desfere golpes de faca em Tício,
que após 10 dias veio a óbito. Mévio não pratica crime por ser inimputável à época da
conduta.
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil. O Art. 5º acolheu a chamada teoria da atividade para
definir o tempo do crime:
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o do resultado
Lugar do Crime
Diante da previsão legal retro citada, houve a adoção da chamada teoria da ubiquidade, a qual
considera tanto o local no qual se deu a ação ou omissão como o local que o resultado
ocorreu.
I - Os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum,
ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
Os crimes que previstos no CPM e em outra Legislação Penal Comum, no entanto com tipos
penais diversos. A expressão “qualquer que seja o agente” não se aplica à civil, quando este
pratica crime contra as intuições militares estaduais, por falta de previsão constitucional, para
julgamento de civis pela Justiça Estadual, em caso de crimes militares.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 4º Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
Essa alínea fala do militar em “situação de atividade”. No caso concreto, basta o policial
encontrar-se na ativa, não precisando necessariamente encontra-se escalado de serviço. O
“assemelhado”, conforme art. 21, do COM, era “o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude
de lei ou regulamento”.
Nesse caso, o sujeito ativo continua sendo militar do serviço ativo. Contudo, a prática do crime
ocorre em local sujeito a administração militar (Batalhão, DPO, PPC e etc.). O sujeito (para
quem recaí a atividade criminosa), passa a ser militar da reserva ou reformado e civil. É bom
salientar que o art.13, do COM, diz que “o militar da reserva, ou reformado, conserva as
responsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei
penal militar, quando pratica ou contra ele é praticado crime militar”. Neste sentido, ele pode
ser sujeito ativo ou passivo de crimes militares.
Vemos, na hipótese da alínea “c”, o crime praticado por militar da ativa em serviço ou atuando
em razão da função. Veja que não é necessária que a conduta criminosa ocorra dentro de lugar
sujeito à administração militar. Os sujeitos passivos da ação são os militares da reserva,
reformados ou civis.
Na alínea “d”, a conduta é praticada por militares durante manobras ou exercício, tendo
também como vítima da ação delituosa o militar da reserva, reformado ou civil.
Nesta alínea, verificamos que o sujeito ativo do crime é o militar da ativa, e objeto o qual recai
a ação delituosa é o patrimônio sob a administração militar, inclusive os bens que, mesmo não
pertencentes aos patrimônios, são por elas administrados. Assim, por exemplo, o crime de
peculato, praticado por um militar da ativa, terá sua conduta prevista em tal alínea e nos artigo
303, do CPM”.
Agora, estudaremos o inciso III, do art. 9º, do CPM, e veremos os crimes praticados por civis e
por militares inativos (pertencentes a reserva remunerada ou reformados): III - os crimes
praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares,
considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos
seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem
administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério Militar ou da Justiça Militar, no
exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o
período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento,
acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar,
contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância,
garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente
requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.
Podemos verificar que o inciso III, do art. 9º, do CPM, possui uma redação muito parecida com
o inciso anterior, mudando, como já dito, o sujeito ativo que comete o delito, agora, os crimes
são praticados por civis e militares inativos.
Contudo cabe novamente destacar que o civil não responde perante a Justiça Militar Estadual
aos crimes praticados contra as intuições militares estaduais, devendo responder apenas pelo
crime equivalente na justiça comum.
Por derradeiro, veremos o parágrafo único, do Art. 9º, que diz: Parágrafo único. Os crimes de
que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da
competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar realizada
na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de
Aeronáutica.(Redação dada pela Lei nº 12.432, de 2011).
Os crimes dolosos contra a vida, cuja autoria seja atribuída a militar contra vítima civil, serão
julgados pela justiça comum, sendo que a competência para decisão do tribunal do Júri,
conforme o Artigo 5º, Alínea “d”, do Inciso XXXVIII, da Constituição Federal
6
INFRAÇÕES DISCIPLINARES
Art. 13 - Transgressão disciplinar é qualquer violação dos princípios da ética, dos deveres e das
obrigações Policiais Militares, na sua manifestação elementar e simples, e qualquer ação ou
omissão contrárias aos preceitos estatuídos em leis, regulamentos, normas ou disposições,
desde que não constituam crime.
Art. 22. É considerado militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em
tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto,
graduação, ou sujeição à disciplina militar.
Todavia existe uma exceção, podendo militares da reserva figurar como sujeitos ativos de
crimes que possuam a palavra “militar” em seu tipo penal.
O art. 12, do CPM, equipara militar da reserva ou reformado que se encontra empregado, em
serviços na administração militar, a militar da ativa, para fins de aplicação da lei penal militar.
Vejamos então o art. 12, do CPM:
CONCEITO DE SUPERIOR
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou
graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
O Código Penal Militar aplica dois conceitos para superior que são: superior funcional e
superior hierárquico. A definição de superior funcional, “em virtude da função”, vem
claramente descrita no art. 24, do CPM. A definição de superior hierárquico não se encontra
7
O art. 12, § 1°, do Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Rio de Janeiro, define como se
dará a ordenação hierárquica na PMERJ:
O art. 55, do Código Penal Militar, faz previsão das seguintes penas principais: morte, reclusão,
detenção, prisão, impedimento, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função
e reforma.
RECLUSÃO E DETENÇÃO – São penas privativas de liberdade que para o CPM não guarda
muita distinção uma da outra, sendo a principal diferença, conforme o Art. 58, que “o mínimo
da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é
de trinta dias, e o máximo de dez anos. ”
Penas Acessórias
Como o nome sugere, as penas acessórias dependem da aplicação de uma pena principal.
EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS - Prevista no art. 102 do CPM. Esta pena acessória deve
constar expressamente da sentença que condena a praça à pena privativa de liberdade
superior a dois anos.
Por força também do Parágrafo 4º, do Artigo 125, da Constituição Federal, na Justiça Militar
Estadual, a exclusão da praça das Forças Armadas ou Auxiliares dependerão de decisão do
Tribunal, não funcionando como pena acessória.
9
PERDA DE FUNÇÃO PÚBLICA – Incorre na perda de função pública o civil, o militar da reserva
ou reformado nos casos de condenação por crime militar, a qual se manifeste por aplicação
desta pena acessória, conforme Art. 103 do CPM.
10
PENAL MILITAR -
CEFS