Você está na página 1de 44

1

COORDENAÇÃO ANDRAGÓGICA
CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS
DISCIPLINA > CULTURA GERAL JURÍDICA
MÓDULO > Direito Penal Militar
DOCENTE: Prof. José WALTERLER

INTRODUÇÃO

Direito Penal Militar é o conjunto de normas


jurídicas que define as infrações penais militares,
mediante as quais o Estado proíbe determinadas ações
ou omissões, cominando sanções (penas e medidas de
segurança) aos infratores.

É ramo do Direito Público e abrange o estudo do crime, da pena, da medida de segurança e


do delinquente no âmbito militar.

1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL MILITAR


1.1 Da Legalidade

Tem significado político e jurídico, no primeiro caso é garantia constitucional dos direitos do
homem e, no segundo, fixa o conteúdo das normas incriminadoras, não permitindo que o ilícito
penal seja estabelecido genericamente, sem definição prévia da conduta punível: Art. 5º, XXXIX,
da CF e Art.1º do CP.

1.2 Da Anterioridade

Há necessidade por princípio de que haja lei anterior disciplinando a conduta; a relação
jurídica é definida pela lei vigente na data do fato. Art. 1º do CP.

1.3 Da Irretroatividade (retroatividade da Lei benigna)

A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, é uma garantia individual constitucional e
quem deve atender o Judiciário e o Legislativo ao cuidarem da tutela penal. Art. 5º, XL da CF.

1.4 Da Taxatividade

As leis que definem os crimes devem ser precisas de modo a delimitar exatamente a conduta que
objetivam punir, Não são aceitas leis vagas ou imprecisas.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
2

1.5 Da Reserva Legal

Somente lei pode determinar o que é crime, ou seja, somente a lei (lei federal) pode definir
crimes e cominar penas.

1.6 Da Especialidade

Neste caso a lei especial derroga a lei geral, ou seja, o Código Penal manda aplicar as regras
gerais do mesmo codex aos fatos indiscriminados por lei especial se esta não dispuser de modo
diverso. Art. 12 do CP.

1.7 Da intervenção Mínima

O Estado somente deve intervir nos casos de ataque graves aos bens jurídicos importantes,
deixando os demais à aplicação das sanções extra-penais ou administrativas.

1.8 Da Proporcionalidade

Deve haver uma proporção, um equilíbrio entre a conduta delituosa do agente e a sanção
prevista para o tipo penal.

1.9 Da Humanidade

Deve haver uma responsabilidade social nas sanções penais, visando sua reabilitação e
reintegração a sociedade.

1.10 Da culpabilidade

Exige-se a presença do dolo ou da culpa na conduta do agente, sendo indispensável que a


pena seja imposta por sua própria ação e não por eventual desvio de caráter.

2 DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR


2.1 Crimes militares em tempo de paz

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;

II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei
penal comum, quando praticados;

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
3

a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação


ou assemelhado;

b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração


militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar,


ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva,
ou reformado, ou civil (Redação da Lei nº 9.299, de 08 de agosto de 1996);

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou


reformado, ou assemelhado, ou civil;

e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a


administração militar, ou a ordem administrativa militar;

f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 08 de agosto de 1996);

III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do
inciso II, nos seguintes casos:

a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou


assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de
função inerente ao seu cargo;

c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação,


exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;

d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem
pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em
obediência a determinação legal superior.

Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (incluído pela Lei nº 9.299, de 08
de agosto de 1996).

Critérios adotados

Expresso
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
4

- Ratione legis: são militares aqueles delitos que o legislador ordinário assim conceitua . É o
adotado pelo Código Penal Militar em conseqüência do que preceitua os arts. 124 e 125, § 4º, da
CF/88.

Não expressos

- Ratione materiae: exige que se verifique a dupla ocorrência da qualidade militar -no ato e
no agente.;

- Ratione loci: o doutrinador leva em consideração para classificar como crime militar, o
lugar do crime, bastando, portanto, que o delito ocorra em lugar sob administração militar, para
se Ter um crime militar;

- Ratione temporis: indica que os delitos praticados em determinada época, por exemplo, os
ocorridos em período de guerra, independente de comprometer ou não a preparação, eficiência
ou as operações militares, ou de qualquer outra forma, atentar contra a segurança externa do País
ou expô-la a perigo, são crimes militares, ou durante o período de manobras ou exercícios;

- Ratione personae: por seu turno, leva em conta a qualidade do autor enquanto militar;

O CRIME MILITAR

Para saber se a conduta é crime militar ou não, se faz necessária uma “dupla adequação”.
Em um primeiro momento devemos realizar a adequação da conduta em um dos tipos
penais previstos na Parte Especial do CPM.

Há condutas delituosas que embora sejam crimes e possam ser praticadas em local militar,
por militar e contra militar, não serão crimes militares, como por exemplo: o crime de infanticídio,
aborto, furto de coisa comum etc., já que tais crimes não estão previstos no CPM, mas tão-
somente na Lei Penal Comum.

Encontrado na Parte Especial do CPM um tipo penal em que a conduta venha a se adequar
perfeitamente, será necessária uma segunda adequação, agora no artigo 9º do CPM, que vai
considerar uma conduta como crime militar em tempo de paz.

I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
Há crimes que existem no CPM e no CP comum, com a mesma rubrica, mas possuem o tipo
diferente. Essa é a primeira parte do inciso I, do artigo 9º, do CPM.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
5

FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA


CÓDIGO PENAL MILITAR CÓDIGO PENAL COMUM
Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou
verdade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
intérprete, em inquérito policial, processo administrativo inquérito policial, ou em juízo arbitral.
ou judicial, militar.
FALSIDADE IDEOLÓGICA
CÓDIGO PENAL MILITAR CÓDIGO PENAL COMUM
Art. 299. Omitir, em documento público ou
particular, declaração que dele devia constar, ou nele
Art. 312. Omitir, em documento público ou particular,
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
devia ser escrita, com o fi m de prejudicar direito, criar
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação
relevante.
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante,
I – os crimes de que trata este Código, quando
desde que o fato atente contra a administração ou o
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela
serviço militar.
não previstos, qualquer que seja o agente, salvo
disposição especial;

A 2ª parte do inciso I trata dos não previstos na lei comum. São os crimes que somente
existem no CPM, como por exemplo: deserção, insubmissão, pederastia, ingresso de clandestino
etc.
Tanto os crimes definidos de modo diverso na Lei Penal Comum, quanto os crimes somente
previstos no CPM, podem ser praticados por qualquer pessoa.

É necessário atentar para a parte final do inciso I, quando utiliza a expressão “salvo
disposição especial”.

Essa expressão deve ser entendida em confronto com a expressão “qualquer que seja o
agente”.

Esta expressão é na verdade alguma condição específica exigida do agente para a


caracterização do crime, como por exemplo: a Deserção, que exige a condição de militar (artigo
187), omissão de eficiência da força, que exige a condição de comandante (artigo 198) e a
insubmissão, que exige a condição de civil e convocado (artigo 183).

Quando a parte final do inciso I, do artigo 9º, refere-se “qualquer que seja o agente, salvo
disposição especial”, esta “disposição especial” está em confronto e tratando da expressão
“qualquer que seja o agente”.

A “disposição especial” é uma condição específica do agente para o cometimento do crime


prevista no tipo penal militar.

Para os crimes de igual definição no CPM e no CP comum, são aplicáveis os incisos II e III, do
artigo 9º.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
6

II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei
penal comum, quando praticados:

O inciso II é voltado para o militar, pois todos os incisos referem-se ao militar.

CONCEITO DE MILITAR
CÓDIGO PENAL MILITAR CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL
Art. 22. É considerado militar, para efeito da aplicação Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de
deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou Bombeiros Militares, instituições com base na hierarquia
de guerra, seja incorporada às forças armadas para nelas e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal
servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina e dos Territórios.
militar. Art. 142. [...]
[...]
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados
militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser
fixadas em lei, as seguintes disposições:

Como militar, entende-se quem se encontra incorporado às Forças Armadas, à Polícia Militar
e ao Corpo de Bombeiros Militares, mesmo afastado temporariamente do serviço ativo, por
licença para tratamento de saúde, licença especial, férias, licença para tratar de interesse
particular, etc.

Enfim, o que interessa é o vínculo à instituição militar que desaparece com a exclusão do
serviço ativo, por transferência para a reserva remunerada, por reforma, demissão ou outros
previstos no Estatuto dos Militares.

Militar, ou não, para a Justiça Militar Federal


I - militar federal (incorporado às Forças Armadas): militar, para efeito de aplicação da lei
penal militar pela Justiça Militar Federal. Para esse fim, somente ele, exclusivamente ele é
considerado militar;

II - militar federal na inatividade (na reserva ou reformado): considerado civil para efeito de
aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Federal, ressalvados os crimes cometidos antes de
passar para a inatividade;

III - militar estadual (integrante da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares):


considerado civil para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Federal;

IV - policial militar ou bombeiro militar na inatividade (na reserva ou reformado):


considerado civil para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Federal.

Militar, ou não, para a Justiça Militar Estadual


________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
7

I - militar estadual (integrante da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares):


militar para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Estadual;

II - militar estadual na inatividade (na reserva ou reformado): considerado civil. Dessa


forma, não estão sujeitos à Justiça Militar Estadual, ressalvados os crimes cometidos quando se
encontravam no serviço ativo.

a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação


ou assemelhado; (Ratione personae)

- Art. 22, CPM; Art. 42 e Art. 142, § 3º, ambos da CF/88.

b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração


militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; (Ratione loci)

Lugar sujeito à Administração Militar

É o espaço físico em que as forças militares realizam suas atividades, como quartéis,
aeronaves, embarcações, estabelecimentos de ensino militar, campos de treinamento etc.

Não são considerados lugar sujeito à Administração Militar


I - Residência fornecida a oficial ou praça das Forças Armadas, Polícias Militares ou Corpo de
Bombeiros Militares, como moradia. (Art. 5º, XI, CF/88);

II - Quartos alugados a militares em hotéis de trânsito (individual);

III - Viaturas, embarcações e aeronaves de pequeno porte, botes, helicópteros, motocicletas


etc.

c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar,


ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva,
ou reformado, ou civil; (Ratione materiae)

Crime militar em razão do dever jurídico de agir


É quando o policial militar, à paisana, e de folga, e com armamento particular, comete o fato
delituoso por ter se colocado em serviço, intervindo numa situação de flagrância. (Art. 301, CP;
Art. 243, CPPM).

Não é considerado crime militar em razão do dever jurídico de agir

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
8

I - Policial Militar que comete o delito como Segurança Particular;

II - Policial Militar que defende a sua vida.

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou


reformado, ou assemelhado, ou civil; (Ratione temporis)

Período de manobras ou exercício

É o espaço temporal compreendido entre o aprontamento da tropa até sua liberação.

e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a


administração militar, ou a ordem administrativa militar;

Patrimônio sob a Administração Militar

Abrange, além dos bens pertencentes à Força Militar, os de propriedade de pessoas naturais
e jurídicas que, por alguma razão, encontram-se sob responsabilidade da Administração Militar.

Não é considerado patrimônio sob a Administração Militar


I - Os bens de entidades civis, ainda que compostas por militares, por exemplo, clubes,
associações, cooperativas etc.)

Ordem administrativa militar

É a própria harmonia da instituição, abrangendo sua administração, o decoro de seus


integrantes etc. Atingem a organização, existência e finalidade da instituição, bem como o
prestígio moral da administração.

III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do
inciso II, nos seguintes casos:

O inciso III, do artigo 9º, são as hipóteses em que o militar da reserva, reformado e civil,
comete uma conduta tipificada no CPM, sendo ainda necessário que haja adequação, também em
uma das hipóteses das suas alíneas.

2.2 CRIME PRÓPRIA E IMPROPRIAMENTE MILITAR


O critério de nosso ordenamento para definir o crime militar, a exemplo da Itália e da
Alemanha, é o ratione legis. Assim, são crimes militares aqueles enumerados pela lei.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
9

Tal critério (legal), adotado desde a Constituição de 1946, evidencia-se na atual Carta Magna
pelo disposto nos arts. 124 e 125, § 4º.

Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004.

Manteve, no âmbito estadual, a competência para julgar os crimes acidentalmente


(impropriamente) militares, ampliando sua competência para apreciar ações impetradas contra
atos disciplinares, próprios das instituições militares.

Art. 18 do CPPM – Detenção (cautelar) do indiciado

“Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as


investigações policiais, até 30 (trinta) dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária
competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais 20 (vinte) dias, pelo comandante da
Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do
inquérito e por via hierárquica”.

Com o advento da Carta de 1988, tal dispositivo restou mitigado pelo art. 5º, inciso LXI.

Nesse sentido, a detenção própria do encarregado do inquérito policial militar somente seria
cabível nos crimes militares próprios.

Art. 64, II, do CP – Para efeito de reincidência

“Não se consideram os crimes militares próprios e políticos”.

Crimes próprios militares


Constituem infrações penais militares que somente podem ser cometidas por militar em
uma condição funcional específica, como a de comandante (arts. 198, 201 etc).

2.2.1 Teoria clássica (Direito Romano) - Célio Lobão/Jorge César de Assis

Crimes propriamente militares seriam os que só podem ser cometidos por militares, pois
consistem em violação de deveres que lhes são próprios. Trata-se, pois, do crime funcional
praticável somente pelo militar. Assim, a deserção (art. 187), dormir em serviço (art. 203) etc.

Os crimes comuns em sua natureza, praticáveis por qualquer pessoa, civil ou militar, são os
chamados impropriamente militares. Por exemplo: o homicídio de um militar praticado por outro
militar, ambos em situação de atividade (art. 9º, II, a, c/c o art. 205), ou a violência contra
sentinela (art. 158).

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
10

Exceção:

O crime de insubmissão (art. 183), considerado o único crime propriamente militar que
somente o civil pode cometer.

A incorporação do faltoso, portanto a qualidade de militar, é condição de punibilidade ou de


procedibilidade, nos termos do art. 464, § 2º, do CPPM. Antes de adquirir a qualidade de militar,
com sua inclusão nas Forças Armadas, não cabe ação penal contra o insubmisso.

2.2.2 Visão da doutrina penal comum

Os crimes propriamente militares têm definição diversa da lei penal comum ou nela não se
encontram. Seriam crimes militares próprios, dessarte, aqueles de que trata o inciso I do art. 9º do
CPM; e impropriamente militares os abrangidos pelo inciso II do mesmo dispositivo.

2.2.3 Teoria de Jorge Alberto Romeiro

Crime propriamente militar traduz-se por aquele cuja ação penal somente pode ser proposta
contra militar.

2.3 OS CRIMES MILITARES DOLOSOS CONTRA A VIDA DE CIVIL

Ainda referente ao artigo 9º do CPM, é necessário tecer alguns comentários sobre seu
parágrafo único, acrescentado pela Lei nº 9.299/96.

Como se sabe, no Brasil a questão de policiais militares ligados a grupos de extermínio não é
um fenômeno de todo raro.

A sociedade brasileira (certamente por desconhecimento) acreditava que o julgamento de


policiais pela Justiça Militar era um privilégio de classe, onde imperava o corporativismo. Diante
do clamor social, surgiu a Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996, com o seguinte texto:

Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996

Art. 1º O art. 9° do Decreto-lei n° 1.001, de 21 de outubro de 1969 – Código Penal Militar, passa a
vigorar com as seguintes alterações:
Art. 9°
[...]
II –
[...]
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil;
[...]
f) revogada.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
11

[...]
Parágrafo único. “Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos
contra civil, serão da competência da justiça comum.”
Art. 2° O caput do art. 82 do Decreto-lei n° 1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo
Penal Militar, passa a vigorar com a seguinte redação, acrescido, ainda, do seguinte §2°, passando o
atual parágrafo único a § 1°:
[...]
Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, a
ele estão sujeitos, emtempo de paz:
[...]
§ 1°[...]
§ 2° “Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos
do inquérito policial militar à justiça comum”.
Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

A nova lei alterou a competência para processar e julgar os crimes dolosos praticados por
militares contra a vida de civil, ainda que na forma do artigo 9º do CPM, sendo alterada também a
competência constitucional para processar e julgar os crimes militares da Justiça Militar da União
para o tribunal do júri.

Como dito, a intenção do legislador foi alterar a competência da Justiça Militar dos Estados,
porém modificou, também, a competência da Justiça Militar da União.

No âmbito da Justiça Militar dos Estados, a EC 45/2004 alterou constitucionalmente a


competência. Eis o dispositivo em comento:

Art. 125 – Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação da EC nº 45 –
31/12/2004).

Embora resolvida a questão referente à Justiça Militar dos Estados, no âmbito da União, a
questão permanece, gerando perplexidade aos profissionais que se dedicam ao estudo do Direito
Penal Militar.

Tal ausência de sistematização, não só da legislação castrense, mas também das reformas
legislativas, demonstram o desconhecimento (para não dizer o esquecimento) por parte do Poder
Legislativo sobre a atividade militar, o que resulta em uma legislação ultrapassada sobre certos
aspectos (vide a Lei dos Crimes Hediondos, inaplicáveis ao Direito Penal Militar).

Para alguns, a inconstitucionalidade da Lei reside na alteração da competência para


processar e julgar crimes militares dolosos contra a vida de civil, praticados por militares, nas
situações do artigo 9º do CPM, sem retirar o caráter militar do delito, ou seja, o crime (que
continua sendo militar) será julgado pelo tribunal do júri.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
12

3 DAS PENAS

3.1 Das Penas principais

Art. 55. As penas principais são:


a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.

Sobre as penas, por oportuno, merecem registro os comentários de Ione de Souza Cruz e
Claudio Amin Miguel:

As penas principais previstas no Código Penal Militar são as seguintes:

 morte,
 reclusão,
 detenção,
 prisão,
 impedimento,
 suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função e reforma.

Impõe-se ressaltar que inexiste previsão expressa no CPM quanto à aplicação de penas
restritivas de direito em substituição às privativas de liberdade, como dispõem os artigos 43 a 48
do CP.
No entanto, alguns entendem que tal substituição poderia ocorrer no caso de acusado civil,
pois, se existe uma legislação militar em razão da preservação dos princípios de hierarquia e
disciplina, o crime praticado por agente civil, em geral, não afrontaria esses princípios de forma
direta.

Acrescente-se que, se o agente vier a ser condenado à pena superior a dois anos, há de
cumpri-la em estabelecimento prisional civil, e o juiz da execução será o da Vara de Execuções
Penais. Não há qualquer divergência quanto à inaplicabilidade de pena de multa. (Op. cit. p.
120/121).
[...]

Penas Acessórias, como indica o nome, são aquelas que dependem da imposição de
uma principal. Originam-se das antigas restrições de direito impostas em consequência a uma
condenação penal.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
13

Perante o direito positivo, são consideradas efetivamente sanções penais, não devendo ser
confundidas com os efeitos da condenação (art. 109 do CPM), nem tampouco podem configurar
medidas de segurança.

O Código Penal de 1940 trazia a previsão de penas acessórias, tendo sido estas abolidas por
ocasião da reforma penal de 1984, quando foram disciplinadas as penas restritivas de direitos.
(Op.cit. p. 193).
A Lei Castrense possui algumas particularidades sobre a matéria que merecem relevo.

■ Pena de morte

A pena capital cominada tão-somente para crimes militares praticados em tempo de guerra,
deve ser executada por fuzilamento, de acordo com o art. 56, atendido o contido no art. 57, que
trata da sua comunicação.

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.


Art. 57.A sentença defi nitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao
Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação.
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente
executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares.

Aparentemente não há nenhuma inconstitucionalidade na previsão desta pena, tendo em


vista o art. 5, XLVII da CF.

■ Mínimos e máximos genéricos

Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da
pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.

As penas privativas de liberdade são as de reclusão, detenção e prisão. De acordo com o art.
58, o mínimo da pena de reclusão é de 1 (um) ano, com o máximo de 30 (trinta) anos. Já para a de
detenção, aplica-se um mínimo de 30 (trinta) dias e um máximo de 10 (dez) anos.
A pena de prisão conforme o art. 59 do CPM só existe na forma de conversão.

■ Pena até dois anos imposta a militar


Art. 59 – A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é
convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional: (Redação
da Lei nº 6.544, de 30 de junho de 1978);

I – pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;

II – pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que
estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois
anos.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
14

■ Separação de praças especiais e graduadas

Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da pena de prisão, atender-se-á,


também, à condição das praças especiais e à das graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das
que tenham graduação especial.

■ Pena de impedimento

Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade,


sem prejuízo da instrução militar.

■ Pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função

Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na
agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo

fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não
será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena.

■ Caso de reserva, reforma ou aposentadoria

Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou


reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em pena de detenção, de
três meses a um ano.

■ Pena de reforma

Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, não podendo
perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem receber importância
superior à do soldo.
A pena de impedimento sujeita o sentenciado a permanecer no recinto da Unidade Militar,
devendo o mesmo participar de toda a instrução militar. É cominada apenas para o delito de
insubmissão.
A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, bem como a de
reforma além de estarem no art. 55 são mencionadas também nos arts. 64 e 65.

Novamente cabem as lições de Ione de Souza Cruz e Cláudio Amin Miguel:

A suspensão tem, por óbvio, caráter temporário, e determina o afastamento do oficial


(detentor de posto) ou da praça (cabo, sargento e suboficial/subtenente – detentores de
graduação) mediante “agregação, afastamento, licenciamento ou disponibilidade”, termos esses
definidos no Estatuto do Militares (Lei nº 6.880/80) (Op. cit. p. 130).

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
15

[...] a reforma é uma das hipóteses de passagem do militar à situação de inatividade. Como
pena, é operada ex officio (art. 104, inciso IV), e pode ser imposta a oficiais e praças, estas últimas
com estabilidade assegurada. De fato, a pena de reforma aplicada a uma praça não estável haveria
de constituir verdadeiro prêmio, uma vez que importaria uma constituição de direito que possuía
na atividade, antes da condenação.

Mesmo assim, o art. 65 impõe a redução do valor dos proventos a serem auferidos em caso
de condenação à pena de Reforma, a fim de que não seja o sentenciado beneficiado com uma
remuneração integral.

Contudo, há que se registrar que os militares são servidores públicos, garantindo-se-lhes a


Constituição Federal a irredutibilidade de vencimentos. Decerto o militar pode ser condenado à
pena de Reforma. A remuneração cabível, porém, deverá ser calculada proporcionalmente ao seu
tempo de efetivo serviço, podendo-lhe ser vedado o recebimento de quantia superior àquela que
vinha percebendo na ativa.

Cumpre registrar que não se trata de pena pecuniária, e sim de verdadeira segregação do
infrator do convívio de seus pares. (Op. cit. p. 134).

Com relação às penas acessórias, cabe registrar que as previstas no inciso I, II, III do art. 98
não foram recepcionadas pela Constituição da República, segundo os preceitos do artigo 142 § 3º,
inciso VI, tendo em vista que este dispositivo constitucional determina:
Art. 142 [...]
§ 3º.[...]
Inciso VI da CF – o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato
ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz,
ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
Nesse diapasão conclui-se que a pena de exclusão das forças armadas só pode ser aplicada
às praças.
Pontue-se ainda que a suspensão dos direitos políticos deve respeitar o art. 15 da
Constituição da República.
A perda da função pública está inserida no art. 103, devendo ser observado ainda o artigo
subsequente. A suspensão do pátrio poder, da tutela e da curatela no artigo 105 do CPM.

3.2 DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA


■ Pressupostos da suspensão

Art. 84 – A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser
suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: (Redação da Lei nº 6.544, de 30 de junho de
1978).
I – o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por
outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; (Redação da Lei nº
6.544, de 30 de junho de 1978).
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
16

II – os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem


como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinquir. (Redação da
Lei nº 6.544, de 30 de junho de 1978).

■ Restrições

Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas de reforma, suspensão do exercício


do posto, graduação ou função ou à pena acessória, nem exclui a aplicação de medida de
segurança não detentiva.

■ Condições

Art. 85. A sentença deve especificar as condições a que fica subordinada a suspensão.

■ Revogação obrigatória da suspensão

Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I – é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça Militar ou na comum, em razão de


crime, ou de contravenção reveladora de má índole ou a que tenha sido imposta pena privativa de
liberdade;

II – não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;

III – sendo militar, é punido por infração disciplinar considerada grave.

■ Revogação facultativa

1º A suspensão pode ser também revogada, se o condenado deixa de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença.

■ Prorrogação de prazo

2º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período


de prova até o máximo, se este não foi o fixado.

3º Se o beneficiário está respondendo a processo que, no caso de condenação, pode


acarretar a revogação, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.

■ Extinção da pena

Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido revogada a suspensão, fica extinta a pena
privativa de liberdade.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
17

Não aplicação da suspensão condicional da pena

Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica:


I – ao condenado por crime cometido em tempo de guerra;
II – em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra
superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a
superior, de insubordinação, ou de deserção;
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.

Segundo Damásio E. de Jesus:

Sursis quer dizer suspensão, derivando de surseoir, que significa suspender. Permite que o
condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração.

Suponha-se que o agente seja condenado a três meses de detenção pela prática de um
crime de lesão corporal leve (CP, art. 129, caput).

O juiz, na sentença condenatória, desde que não seja caso de aplicação de pena restritiva de
direitos, reunidos os requisitos do instituto, concede ao réu o sursis, dando os motivos da decisão
(Lei de Execução Penal, art. 157).

Na sentença menciona as condições a que fi cará obrigado durante certo prazo (Lei de
execução Penal, art. 158). Notificado pessoalmente, o réu comparece à audiência de advertência
(ou admonitória).

Na audiência o juiz lê ao réu a sentença respectiva, advertindo-o das consequências de nova


infração penal e da transgressão das obrigações impostas (Lei de Execução Penal, art. 160).

Da data da audiência admonitória começa o período de prova, que varia de dois a quatro
anos (CP, art. 77, caput). Isso significa que o juiz, em vez de determinar a execução da sanção
imposta na sentença, concede a “suspensão condicional da execução da pena” (sursis).

O réu não inicia o cumprimento da pena, ficando em liberdade condicional, por um período,
chamado período de prova, que varia de dois a quatro anos.

Se o juiz marca o prazo de dois anos, quer dizer que o condenado ficará durante esse
período em observação.

Se não praticar nova infração penal e cumprir as condições impostas pelo juiz, este, ao final
do período de prova, determinará a extinção da pena que se encontrava com sua execução
suspensa.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
18

Se durante o período de prova houver revogação do sursis o condenado cumprirá a pena


que se achava com a execução suspensa.

O instituto, na reforma penal de 1984, não constitui mais incidente da execução nem direito
público subjetivo de liberdade do condenado. É medida penal de natureza restritiva da liberdade
de cunho repressivo e preventivo. Não é um benefício.

O juiz não tem a faculdade de aplicar ou não o sursis: se presentes os seus pressupostos a
aplicação é obrigatória.

Existem dois sistemas em relação ao sursis:

• sistema anglo-americano (probation system);

• sistema belga-francês (europeu continental).

No Brasil, adotamos o 2º sistema, ou seja, o sistema belga-francês, tanto no CP quanto no


CPM. Divergência interessante sobre os dois diplomas, provavelmente levando-se em conta que a
Justiça Militar é a guardiã da hierarquia e disciplina, é o que prevê o art. 88 do CPM:

Art. 88: A suspensão condicional da pena não se aplica:


I – ao condenado por crime cometido em tempo de guerra;
II – em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra superior,
oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de
insubordinação ou de deserção;
b) pelos crimes previstos nos art. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns I a IV.

Mais interessante ainda é o cotejo da Lei Adjetiva Castrense com o artigo 617 do CPPM.
Claramente nota-se que o delito de insubmissão que não está previsto no art. 88 do CPM tem na
Lei Adjetiva a sua menção. Resta a questão: Pode o insubmisso ser beneficiado com o “sursis” ou
não?
3.3 Do livramento condicional
■ Requisitos

Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois
anos pode ser liberado condicionalmente, desde que:
I – tenha cumprido:
a) metade da pena, se primário;
b) dois terços, se reincidente;
II – tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime;
III – sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às
circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem
supor que não voltará a delinqüir.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
19

■ Penas em concurso de infrações

§ 1º No caso de condenação por infrações penais em concurso, deve ter-se em conta a pena
unificada.
■ Condenação de menor de 21 ou maior de 70 anos
§ 2º Se o condenado é primário e menor de vinte e um ou maior de setenta anos, o tempo
de cumprimento da pena pode ser reduzido a um terço.
Mais uma vez, se faz necessário mencionar da obra de Ione de Souza Cruz e Claudio Amin
Miguel:

Segundo a lição de Haroldo Caetano da Silva, livramento condicional é a denominação dada


ao benefício ou à concessão feita ao condenado, para que fique livre da prisão a que estava
sujeito, ainda antes do término da pena. De fato, com o livramento condicional o condenado deixa
de cumprir a pena privativa de liberdade antes de seu termo final, constituindo, assim, uma
espécie de liberdade provisória concedida condicionalmente ao sentenciado.

O livramento condicional na Legislação Penal Comum tem natureza jurídica de estágio final
da execução da pena, enquanto na Legislação Castrense ainda permanece com a natureza de
incidente de execução. A matéria foi tratada no CPM, em seu artigo 89 e seguintes, bem como no
CPPM, em seu artigo 618 e seguintes.

Observação curiosa deve ser aventada considerando a aplicação do “sursis” e do livramento


condicional na Legislação Castrense. Poderia o condenado a uma pena aquém de dois anos, pela
prática de um crime cujo “sursis” é vedado, ser beneficiado com o livramento condicional,
considerando todos os requisitos e finalidades que norteiam a aplicação de uma sanção privativa
de liberdade?

4 DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR


4.1 Violência contra superior
Art. 157. Praticar violência contra superior:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
Formas qualificadas
§1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 9 (nove) anos.
§2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço).
§3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime
contra a pessoa.
§4º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço.
A violência contra superior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal
específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc.
I, 2ª parte, do art. 9º).
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
20

De acordo com Neto (1995, p. 125/126),

Violência em Direito Penal Militar quer dizer a violência física (vis corporalis), consistente em
tapas, empurrões, rasgar roupas, puxão de orelha, pontapés e socos que podem ou não provocar
lesões. Há necessidade de contatos físicos diretos ou através de instrumentos, também físicos. Em
regra é a agressão sem a presença de lesão corporal. Poderíamos dizer que corresponde a
contravenção penal de ‘vias de fato’ (art. 21).

O conceito de superior vem descrito no artigo 24 do Código Penal Militar, que dispõe:

CPM, Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual
posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
O conceito de superior não decorre apenas da escala hierárquica, como ocorre com o militar
com o posto de capitão em relação ao primeiro-tenente. Aqui, embora ambos tenham o mesmo
posto, considera superior aquele que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de
igual posto ou graduação.

Assim, aproveitando o mesmo exemplo anterior, se um primeiro-tenente assume o


comando de uma companhia, seu colega, também primeiro-tenente, evidentemente mais
moderno, servindo na mesma companhia, praticará o delito em estudo se dolosamente desferir-
lhe um tapa ou empurrão.

4.2 Violência contra militar de serviço

Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra
sentinela, vigia ou plantão:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço).
§2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime
contra a pessoa.
§3º Se da violência, resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

O suporte legal da classificação do delito como crime militar, relaciona-se com a condição do
agente. Sujeito ativo militar: inciso I, 2ª parte, do art. 9º (crime não previsto na lei penal comum).
Agente civil: inciso III, caput e alínea a e d, 2ª parte, combinado com o inciso I, 2ª parte, do art. 9º
(crime não previsto na lei penal comum, contra militar em serviço de natureza militar e contra a
ordem administrativa militar).
Oficial de dia, de serviço ou de quarto é o oficial, suboficial, aspirante a oficial, que se
encontra no efetivo exercício dessas funções, conforme escala ou designação da autoridade
militar competente.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
21

Sentinela é o militar encarregado de guardar determinado local sob administração militar ou


fora dele, por determinação legal de autoridade militar competente, com ou sem armamento, em
posto fixo ou móvel, usando acessórios indicativos da condição de militar em serviço.
O vigia observa pessoas, coisas ou ocorrência. O militar de plantão permanece na unidade à
disposição do superior, usando farda e petrechos próprios, pronto para qualquer serviço externo
ou interno.

4.3 Ausência de dolo no resultado

Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam
que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a
pessoa é diminuída de ½ (metade).
Trata-se de crime preterdoloso, ou seja, modalidade de crime qualificado pelo resultado. O
preterdolo apresenta dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Ex.: o agente desfere um soco
no oficial de serviço ou na sentinela por querer feri-los, sendo que a vítima vem a cair morrendo
ao bater a cabeça ao solo.

4.4 Desrespeito a superior

Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:


Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Desrespeito a comandante, oficial-general ou oficial de serviço

Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o


agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da ½ (metade).
O desrespeito a superior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal
específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc.
I, 2ª parte, do art. 9º).
Desrespeitar significa faltar com consideração, com respeito, com acatamento, pode
manifestar-se através de gestos, atitudes e palavras. Um gesto de desaprovação, de crítica,
obsceno, pode considerar-se uma atitude desrespeitosa. Uma palavra de crítica, de menosprezo,
pode constituir-se, conforme as circunstâncias, ofensa a autoridade do superior.

4.5 Recusa de obediência

Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:
Pena - detenção, de 1(um) a 2 (dois) anos, se o fato não constitui crime mais grave.

A recusa de obediência é crime propriamente militar por se tratar de infração penal


específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc.
I, 2ª parte, do art. 9º).
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
22

De acordo com Crysólito de Gusmão (1915 apud LOBÃO, 1999, p.189), insubordinação
consiste no “ato pelo qual o militar quebra os laços de sujeição e obediência hierárquica e
disciplinar, quer não obedecendo às ordens emanadas, por qualquer meio, de seus superiores,
quer ofendendo física ou moralmente, por vias de fato ou ultrajes”.

A recusa consiste em manifestação de vontade que se exterioriza sob as formas mais


variadas, por meio de palavra, gesto, imobilidade, agir de forma contrária à ordem recebida,
mesmo simulando sua execução ou, também, executando-a, deliberadamente, de maneira
ineficaz.

A ordem é aquela relativa a serviço ou dever imposto em lei, regulamento ou instrução.


Pode ser escrita ou verbal, dada diretamente pelo superior ou por interposta pessoa, sendo, no
entanto, indispensável seu conhecimento pelo subordinado.

Serviços são os atribuídos ao militar, no exercício de função de seu cargo, compreendendo


não só os de natureza militar, como também os que, embora sem essa característica, são
indispensáveis ao funcionamento da instituição militar, como o preparo de refeições, limpeza das
dependências do aquartelamento ou do local onde se encontra estacionada a unidade militar,
manutenção de aparelhos, dos meios de transporte, do fardamento, calçado, além de outros.

Abrange os que se encontram previstos em lei, regulamento, instrução e determinação do


superior hierárquico.

4.6 Violência contra inferior

Art. 175. Praticar violência contra inferior:


Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Resultado mais grave
Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também aplicada a pena
do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao disposto no art. 159.

A violência contra inferior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal
específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc.
I, 2ª parte, do art. 9º).

Inferior hierárquico é o militar que se encontra sob a autoridade de outro militar, em razão
de posto, graduação ou função militar.

5 DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR


5.1 Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que
deve permanecer, por mais de 8 (oito) dias:
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
23

Deserção vem de desertio, que por sua vez deriva de deserere, que significa abandonar,
desamparar. Deserere exercitum ou simplesmente deserere, significa desertar.
Conseqüentemente, o agente do crime denomina-se desertor.

Na doutrina atual, distingue-se do emansor, que é o ausente, ou seja aquele que excede o
tempo de ausência sem consumar o prazo correspondente ao delito de deserção.

O Direito Romano distinguia o desertor do emansor: o emansor ou ausente é aquele que


regressa ao campo depois de ter vagado muito tempo; desertor, é o que depois de ter vagado
muito tempo, vem reconduzido. Distinguiam-se, portanto, em que, para um o regresso era
voluntário, para outro forçado.

De acordo com Lobão (1999, p. 229),

Segundo o Código Penal Militar brasileiro, a deserção consiste no fato de o militar ausentar-
se, sem autorização, da unidade em que serve ou do local onde deveria permanecer, por tempo
superior a oito dias, ou, estando legalmente ausente, deixa de apresentar-se, nesse mesmo prazo,
depois de cessado o motivo do afastamento e, ainda, não se faz presente no momento da partida
ou do deslocamento da unidade em que serve.

É crime de mera conduta e permanente, ensejando, por este último motivo, a prisão do
desertor em flagrante. É permanente porque a consumação se prolonga no tempo e somente
cessa quando o desertor se apresenta ou é capturado.

E é de mera conduta (ou de simples atividade) porque se configura com a ausência pura e
simples do militar, além do prazo estabelecido em lei, sem necessidade que da sua ausência
decorra qualquer resultado naturalístico. A lei contenta-se com a simples ação (deserção) ou
omissão (insubmissão) do agente.

A deserção é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e


funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte,
do art. 9º).

Como vem expresso na lei penal militar, o crime de deserção somente se tipifica se o militar
se ausenta da unidade em que serve ou do lugar em que deve permanecer, por período superior a
oito dias, período esse denominado prazo de graça. Prazo de Graça, portanto, é o período de oito
dias da ausência do militar. Antes desse prazo não haverá desertor e sim, o ausente, a quem são
aplicadas as sanções disciplinares. (ASSIS, 2005, p. 343).

Para o Código Penal Militar brasileiro, a contagem do prazo de graça inicia-se a zero hora do
dia seguinte ao da verificação da ausência, independente da hora em que o militar ausentou-se.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
24

O oitavo dia é contado por inteiro, isto é, o prazo só se esgota às 24 horas do oitavo dia de
ausência. Por exemplo, se a ausência ocorre no dia 04, às 08 horas (ou 10, 17, ou outra hora
qualquer), o prazo de graça inicia-se a zero hora do dia 05 e tem seu termo final às 24 horas do dia
12, consumando-se a deserção no momento imediatamente após zero hora do dia 13.

5.2 Abandono de posto

Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido
designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

O abandono de posto é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica
e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte,
do art. 9º).

De acordo com Lobão (1975 apud ASSIS, 2005, p.357), “trata-se de crime de perigo,
contentando-se a norma penal com a probabilidade de dano ao estabelecimento ou aos serviços
militares, decorrentes da ausência, do militar, do posto ou lugar de serviço que lhe foram
designados”.

O abandono de posto é delito instantâneo, consumando-se no exato momento em que o


militar se afasta do local onde deveria permanecer.

Posto é o local determinado onde o militar deve cumprir missão específica, quase sempre de
vigilância.

Lugar de serviço, é um local mais ou menos amplo que o posto, onde o militar deve
permanecer no exercício de qualquer função militar. Enquanto o posto, fixo ou móvel, tem limites
mais restritos, o lugar de serviço pode ser todo o estabelecimento militar, um acampamento e até
mesmo uma cidade ou uma região.

Consuma-se o abandono de posto, também, quando o militar, após iniciar o serviço,


abandona-o antes de seu término (abandono de serviço).

5.3 Embriaguez em serviço


Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para
prestá-lo:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.

Constitui crime próprio, doloso, comissivo, admitindo a tentativa, por ser possível, em tese,
o fracionamento espacial e temporal da conduta.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
25

O núcleo do tipo é embriagar-se, quer dizer embebedar-se, extasiar-se. Ou seja, o agente,


dolosamente, ingere bebida alcoólica durante o serviço ou, ainda, apresenta-se em estado de
embriaguez.
José da Silva Loureiro Neto faz um excelente estudo do delito em comento, sendo sua obra
facilmente encontrada nas livrarias e bibliotecas e leitura obrigatória para quem pretende
aprofundar-se no assunto.

Jorge César de Assis ensina que:

A punição da embriaguez em serviço é necessária porque tem como conseqüência imediata,


no mínimo, a falta de atenção e prejuízo ao desempenho do serviço que o agente está realizando,
já que não é crível aceitar-se que a ingestão de álcool melhore o desempenho funcional da cada
um.

Essa falta de atenção pode evoluir até mesmo para a incapacidade total para a continuação
e realização do serviço, quando o agente perde a coordenação motora, predomina a confusão
psíquica, apresentam-se perturbações sensoriais como a visão dupla, zumbido de ouvido, ilusões
(percepções erradas), palavra difícil e pastosa, inconveniência de atitudes, chegando mesmo ao
coma alcoólico nos casos mais graves.

O tipo penal era previsto no artigo 178 do CPM/1944.


Seguem os precedentes:

ACÓRDÃO
Num: 1982.01.043589-1 UF: DF Decisão: 14/06/1983
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40
Publicação
Data da Publicação: 18/08/1983 Vol: 00883-01 Veículo: DJ
EMENTA
CRIME MILITAR – EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO – ARTIGO 202 DO CÓDIGO PENAL MILITAR –
OCORRÊNCIA NA ESPÉCIE, DA DIRIMENTE DO ART. 49 DO MESMO DIPLOMA, RECONHECIDA PELA
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA DE PRIMEIRO GRAU – RÉU MENOR DE 21 ANOS A DATA DO EVENTO –
DESPROVIMENTO DO APELO DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, OBJETIVANDO A
REFORMA DA SENTENÇA COM A CONDENAÇÃO DO APELADO – DECISÃO UNÂNIME.
Ministro Relator
GUALTER GODINHO
Ministro Revisor JÚLIO DE SÁ BIERRENBACH

ACÓRDÃO
Num: 2000.01.048611-9 UF: BA Decisão: 25/06/2001
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40
Publicação
Data da Publicação: 27/08/2001 Vol: 05801-08 Veículo: DJ
EMENTA: Embriaguez em serviço. Autoria e materialidade encontram-se amplamente comprovadas,
não só pela confissão, mas, também, pela prova testemunhal e o Exame Pericial, restando inconteste
a culpabilidade, pois de acordo com os autos, o apelante estava escalado para serviço armado em
Unidade Militar, no mesmo dia em que também prestaria esclarecimentos em outra Investigação
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
26

Policial Militar. Na noite anterior, ingeriu bebida alcoólica, apresentando-se na OM com indícios de
grande intoxicação, sendo tal fato percebido por todos aqueles que estavam em sua volta,
demonstrando, aquela praça, dificuldades para se expressar corretamente perante seus
companheiros.
Negado provimento ao apelo da defesa, mantendo a sentença de primeiro grau.
Decisão unânime
Ministro Relator
ANTONIO CARLOS DE NOGUEIRA
Ministro Revisor
CARLOS EDUARDO CEZAR DE ANDRADE

ACÓRDÃO
Num: 2005.01.049951-2 UF: MS Decisão: 02/02/2006
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40
Publicação
Data da Publicação: 20/04/2006 Vol: Veículo: DJ
EMENTA: EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO. PROVAS.
SUPLEMENTAÇÃO. LAUDO DE DOSAGEM ETÍLICA.
Militares que durante a execução de serviço de escala ingerem grande quantidade de bebida
alcoólica.
Condutas que denotam claramente estado de embriaguez.
Mesmo inexistindo laudo que comprove a dosagem etílica, a prova testemunhal, conjugada com as
condutas dos agentes, demonstrando que não estavam os mesmos no pleno controle de suas ações,
constitui meio de prova suficiente para concluir que estavam efetivamente embriagados.
Recurso Ministerial provido.
Decisão majoritária.
Ministro Relator
CARLOS ALBERTO MARQUES SOARES
Ministro Revisor
HENRIQUE MARINI E SOUZA
Ministro Relator para Acórdão
HENRIQUE MARINI E SOUZA

5.4 Dormir em serviço

Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em
situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao
leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
Pena – detenção, de três meses a um ano.

Trata-se de crime próprio, de mera atividade, não admitindo tentativa.


Sobre o delito do sono, temos a lição de João Vieira de Araújo:
Em um ponto ainda podemos notar a anomalia da lei militar em relação á comum .
Assim seria certo escusado aquele que deixasse de cumprir um dever, porque lhe impedisse
certos estados patológicos, ou antes, fisiológicos mesmos, como por exemplo, o sono.
Mas conforme o art. 212 do código militar francês, é punido com a pena de 5 anos de prisão
com trabalho o soldado que for encontrado dormindo, estando de sentinela, diante do inimigo ou
de rebeldes armados.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
27

Outra é o excesso de atenção, que ora resulta de excitações externas e por isso o silencio, a
obscuridade, a imobilidade e uma posição cômoda, coincidindo com a noite, produzem facilmente
o sono.
Ora, si esses estados se podem produzir com muita facilidade em uma campanha,
juridicamente é o cumulo do absurdo e da irracionalidade servirem de base á criminalidade,
quando ao contrario poderiam suprimil-a no caso em que impedissem o cumprimento do dever.
Não há pois anomalia mais estupenda. O código penal da Armada (art. 133) pune no Maximo
com a pena de 2 anos com prisão com trabalho.

Macedo Soares criticou esse entendimento, com a seguinte argumentação:

Improcede a critica porque a lei militar não pune o sono, mas o ato de deixar-se a sentinela
surpreender pelo sono, ou ser encontrado dormindo, quando devia estar alerta. Há, portanto,
uma inobservância do dever militar, que, podendo ocasionar as mais funestas consequências, é
punida em razão das consequências do fato.

Chrysólito de Gusmão, por sua vez, criticou duramente a doutrina de Macedo Soares,
entendendo tratar-se de uma disposição desumana. Eis sua lição:

Uma disposição incongruente e desumana tem o nosso Cód Pen. Militar, quando determina,
em seu artigo 133 que:

“todo o individuo ao serviço militar que, estando de quarto, vigia, sentinela, plantão,
ao prumo, ás amarras, , ao governo de ronda fora do navio (ou praça de guerra, ou
posto) ou em qualquer serviço especial deixar-se surpreendeu pelo sono ou for
encontrado dormindo”.

Ora, o sono é um fenômeno de reação orgânica inevitável e fatal contra o qual se não pode
reagir senão até certos limites; seja o fenômeno do sono a consequência de uma intoxicação
produzida pela vigília no organismo, ou seja pela fadiga dos neurônios ou células cerebrais que
necessitam imprescindivelmente de refazer as energias perdidas, como querem outros, qualquer,
enfim, que seja a Teoria que se adote das múltiplas que sobre tal matéria se debatem, o certo é
que o sono é uma reação orgânica defensiva contra um estado anormal do organismo, produzido
pela vigília.

Ora, quer na paz quer, principalmente na guerra, o sono no militar, além de ser tão
inevitável e fatal como em todo mundo, pode ser ainda favorecido por circunstâncias especiais
que o tornam mais dificil de evitar. Dizia o Conde de Ambrugeac, em 1829, que: “de todas as faltas
militares, não ha nenhuma mais involuntária e, por conseguinte, mais escusável.

Marchas penosas, longas privações, o excesso de vigílias, um calor acabrunhante, um frio


rigoroso podem muita vez forçar o sono do melhor soldado”.
[...]
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
28

É, pois, uma disposição bárbara a do art. 133 do Cód. Mil 92.

Sem adentrar na discussão, parece que a punição não está atrelada à potencial lesividade da
conduta, mas às eventuais conseqüências desta, na medida em que um militar que dorme,
qualquer que seja o seu serviço, pode colocar em risco a segurança de seu batalhão e a vida de
muitos de seus camaradas de armas.
Daí a elevação do sono ao quilate de crime, na medida em que um militar que dorme
durante seu serviço, pode gerar grave prejuízo à sua Força. Principalmente hoje, que se tornam
cada vez mais comuns investidas de narcotraficantes aos quartéis das Forças Armadas, na
tentativa de furtar ou roubar armamentos e munições.
Sobre o tipo penal em comento, trazemos os seguintes precedentes:

ACÓRDÃO
Num: 2006.01.050168-1 UF: RJ Decisão: 15/08/2006
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40
Publicação
Data da Publicação: 04/10/2006 Vol: Veículo:
EMENTA
APELAÇÃO – DORMIR EM SERVIÇO – CONDENAÇÃO.
Recurso, objetivando a absolvição, sustentando a tese de ausência de dolo para a tipificação do
delito. Comprovado que o Apelante dormiu durante seu quarto de hora, não cumprindo com as
obrigações inerentes. Prejudicado o serviço a que estava obrigado, colocando em risco a segurança
da tripulação e do Navio.
Segundo a doutrina: “... o militar nos serviços enumerados, de grande relevância para a segurança de
bens e de pessoas, tem o dever legal de não se deixar surpreender pelo sono”.
Negado provimento ao recurso.
Decisão unânime.
Ministro Relator
MARCUS HERNDL
Ministro Revisor
CARLOS ALBERTO MARQUES SOARES

6 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


6.1 Desaparecimentos, consunção ou extravio:

Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou extraviar combustível, armamento, munição, peças
de equipamento de navio ou de aeronave ou de engenho de guerra motomecanizado:
Pena – reclusão, até 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave.

O desaparecimento, consunção ou extravio é crime impropriamente militar. Os dispositivos


legais classificatórios do delito militar relacionam-se com o sujeito ativo. Agente militar: inciso I, 2ª
parte, do art. 9º (crime não previsto na lei penal comum). Agente civil: inciso III, a, 1ª parte, c.c. o
inciso I, 2ª parte, do art. 9º (crime não previsto na lei penal comum contra o patrimônio sob
administração militar).

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
29

Fazer desaparecer é perder, fazer com que não seja mais encontrado, por exemplo, lançar o
armamento ao mar, abrir a válvula do depósito de gás ou de combustível, deixando escapar seu
conteúdo, no todo ou parcialmente.

Consumir é extinguir até nada mais restar do bem, embora essa extinção limite-se a uma
porção do todo, por exemplo, abastecer, com combustível da unidade, o veículo particular ou o
oficial para uso particular.
Extraviar importa em desviar, subtrair, independente da quantidade do bem extraviado.

Segundo Macedo Soares:

“Extravio não constitui dano, nem destruição, embora cause prejuízo à Nação. Extraviar
armas, munições, etc., é desencaminhá-las, perdê-las, dar-lhes destino diverso daquele para onde
deviam ir, sem que tenham sido afetadas, isto é, danificadas ou destruídas”.

6.2 Modalidades culposas

Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de detenção de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício do posto de 1 (um) a 3
(três) anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada ao
crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial, ser imposta pena de reforma.

7 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR


7.1 Desacato a superior

Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando


deprimir-lhe a autoridade:
Pena - reclusão, até 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Agravação de pena
Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial general ou comandante da
unidade a que pertence o agente.

O desacato a superior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica
e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte,
do art. 9º).

De acordo com Lobão (1975 apud ASSIS, 2005, p.560),

“No Direito Penal Brasileiro (Direito Penal Comum e Direito Penal Militar), o desacato
consiste na falta de acatamento, no menosprezo, no ultraje, no insulto, na ofensa moral,
praticados contra funcionário público, civil ou militar, no exercício de função ou em razão de
função”.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
30

O desacato exterioriza-se por palavras, gestos, ameaças, vias de fato, agressão, escritos,
impressos, enfim, qualquer meio idôneo capaz de ultrajar o superior. Pode efetivar-se por meio de
fotografia, fita cinematográfica ou de vídeo, desenho, etc, desde que exibidos ao superior, pelo
ofendido.

O desacato a superior pode, ainda, assumir a forma de violência, se revestida de caráter


ultrajante.
O dolo consiste na vontade livre e consciente de proferir palavra ou praticar ato injurioso e,
o especial fim de agir está na finalidade de desprestigiar a autoridade do superior hierárquico.
Teixeira (1946 apud ASSIS, 2005, p. 300/301), esclarece que, Não havendo agressão física,
mas tendo o ato ou a atitude por fim ofender a dignidade ou deprimir a autoridade do superior, o
crime é de desacato.
Se a finalidade é de não obedecer à ordem em matéria de serviço, o crime é de
insubordinação.

Se, sem agressão ou sem intuito deprimente à autoridade ou da dignidade, ou sem a


desobediência à ordem, o militar falta o respeito devido ao superior, em presença da tropa ou de
subordinado do ofendido, verifica-se o crime de desrespeito.

7.2 Desacato a militar

Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui outro crime.

O desacato a militar é crime impropriamente militar. Os dispositivos legais classificatórios do


delito militar relacionam-se com o sujeito ativo. Agente militar: inciso II, 2ª parte, do art. 9º (crime
com igual definição na lei penal comum, contra a ordem administrativa militar). Agente civil:
alínea a, 2ª parte, do inciso III, combinado com o inciso II do art. 9º (crime com igual definição na
lei penal comum, contra a ordem administrativa militar).

De acordo com Neto (1995, p. 217),

O dispositivo prevê duas hipóteses: na primeira, é necessário que a ação ocorra quando o
militar esteja no exercício da função (in officio), praticando ato relativo ao ofício, isto é, aquele que
compreende dentro de suas atribuições funcionais ou regulamentares. Na segunda hipótese, o
desacato ocorre em virtude da função, não estando o militar no exercício da atividade funcional
(propter officium).
Conseqüentemente, não há de se cogitar o desacato se o militar é ofendido extra officium,
como particular e as ofensas não dizem respeito com sua atividade funcional.

7.3 Desobediência
Art. 301. Desobedecer à ordem legal de autoridade militar:
Pena – detenção, até 6 (seis) meses.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
31

Desobedecer significa não atender, não aceitar a ordem legal de autoridade militar.

Teixeira (1946 apud ASSIS, 2005, p. 566), esclarece quena insubordinação, a recusa de
obediência é contra a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a
dever imposto em lei, regulamento ou instrução. E faz parte do capítulo dos crimes contra a
autoridade militar. Já a desobediência é somente para casos de ordem administrativa.

Lobão (1975 apud ASSIS, 2005, p. 566), esclarece que:

“Em princípio, o agente do crime de desobediência é o particular, entretanto, pode ser


também o militar, superior ou inferior hierárquico de quem deu a ordem legal. Nessas hipóteses, o
militar age como particular, fora do exercício da função”.

Delmanto (1986 apud NETO, 1995, p. 219), ensina que, pune-se a conduta de quem
desobedece à ordem legal de funcionário público. É necessário, pois, que:

a) trata-se de “ordem”. Não basta que seja um pedido ou solicitação, sendo mister a efetiva
ordem para fazer ou deixar de fazer alguma coisa. A ordem deve ser dirigida direta e
expressamente ao agente, exigindo-se que este tenha conhecimento inequívoco dela;

b) seja ordem “legal”, É indispensável a sua legalidade, substancial e formal. A ordem pode
até ser injusta, mas não pode ser ilegal;

c) seja ordem de “funcionário público”. É necessário a competência funcional deste para


expedir ou executar a ordem. Além disso, para a tipificação da desobediência é indispensável que
o destinatário da ordem tenha o dever jurídico de obedecê-la, a obrigação de acatá-la.

8 ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA MILITAR


8.1 A Justiça Militar Estadual na Constituição Federal de 1988

O art. 125, § 3º, da CF/88, estabelece a possibilidade de a Lei estadual criar, mediante
proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual, constituída, em primeiro grau, pelos
Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou
por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil
integrantes.

Apenas os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul possuem Tribunal Militar
Estadual de longa data, sendo que nos demais Estados e Distrito Federal, a instância recursal é
afeta ao Tribunal de Justiça.

8.2 Da Auditoria e dos Conselhos de Justiça


A Lei 8.457/92 organiza a Justiça Militar da União, regulando o funcionamento de seus
serviços auxiliares.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
32

Os arts. 1º e 2º da Lei em questão tratam, respectivamente, dos órgãos da Justiça Militar e


da divisão do território nacional para efeito da administração da Justiça Militar.

A existência das instituições militares, sejam elas pertencentes às Forças Armadas ou às


Forças Auxiliares, é essencial para a manutenção do Estado e para a preservação da segurança
interna, no aspecto de ordem pública, e nacional, na defesa da soberania do território, do espaço
aéreo e do mar territorial.

A Justiça Militar no Brasil encontra-se prevista e disciplinada na Constituição Federal no art.


92, inciso VI, segundo o qual: “São órgãos do Poder Judiciário: (...) VI - Os Tribunais e Juízes
Militares”. Os juízes militares e os Tribunais Militares são órgãos do Poder Judiciário; portanto, não
se encontram inseridos no contexto de Tribunais de Exceção. Afirmar que a Justiça Castrense é
uma Justiça de Exceção é desconhecer o sistema jurídico brasileiro.

O art. 5º, XXXVII, da Constituição Federal (CF) veda expressamente o julgamento do cidadão
por Tribunal de Exceção, garantindo, assim, o princípio do juiz natural. Por força do art. 60, §4º, da
CF, os direitos e as garantias fundamentais do cidadão não podem ser objeto de Emenda
Constitucional. Com base neste dispositivo, fica mais do que evidenciado que a Justiça Castrense
não é um Tribunal de Exceção, mas uma Corte com previsão constitucional.

No sistema jurídico brasileiro, a Justiça Militar divide-se em Justiça Militar Federal e Justiça
Militar Estadual, sendo que a primeira julga, em regra, os militares integrantes das Forças Armadas
(Exército, Marinha e Aeronáutica), quando estes violarem os dispositivos do Código Penal Militar
(CPM), e a segunda julga os integrantes das Forças Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares).

A 1ª instância da Justiça Militar Federal é constituída pelos Conselhos de Justiça, formados


por um auditor militar, provido por concurso de provas e títulos, e mais 4 (quatro) oficiais, cujos
postos e patentes dependerão do posto ou graduação do acusado. Os Conselhos de Justiça
dividem-se em Conselhos Especiais, destinados ao julgamento dos oficiais, e os Conselhos
Permanentes, destinados ao julgamento das praças (soldado, cabo, sargento, subtenente e
aspirante-a-oficial).

Devido à formação mista existente nos Conselhos de Justiça, ou seja, formados por um juiz
civil mais os juízes militares, estes são chamados de escabinados. Os militares que integram os
Conselhos atuam na Justiça Militar por um período de três meses, ao término do qual novos
oficiais são chamados para compor a Corte Castrense. ]

É importante observar que esses Conselhos são presididos por um juiz militar que tenha a
maior patente em relação aos demais integrantes do órgão julgador, e a sede da Justiça
Especializada em 1° grau possui a denominação de Auditoria Militar.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
33

A Justiça Militar é, pois, um órgão jurisdicional com previsão no Texto Constitucional,


possuindo os juízes auditores as mesmas garantias asseguradas aos juízes integrantes da Justiça
Comum e da Justiça Federal, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, para
que possam, com fundamento na Lei e em sua livre convicção, proferir os seus julgamentos, na
busca da Justiça que deve ser o objetivo do Direito.

REFERÊNCIAS
ASSIS, Jorge César de. Comentários ao código penal militar: comentários, doutrina, jurisprudência
dos tribunais militares e tribunais superiores. 5. ed. Curitiba: Juruá Editora, 2005.

______. Direito militar: aspectos penais, processuais penais e administrativos. 2. ed. rev. e atual.
Curitiba: Juruá Editora, 2007.

BRASIL. Constituição federal, código penal, código de processo penal. Organizador Luís Flávio
Gomes. 12. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010

______. Constituição federal, estatuto dos militares, código penal militar, código de processo
penal militar. Organizador Álvaro Lazzarini. 11. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
FILHO, Altamiro de Araújo Lima. Crimes militares dolosos contra a vida. São Paulo: Editora de
Direito, 1996.

LOBÃO, Célio. Direito penal militar. 3. ed. atual. Brasília: Brasília Jurídica, 2006.

NETO, José da Silva Loureiro. Direito penal militar. São Paulo: Atlas, 1995.

NEVES, Cícero Robson Coimbra; STREIFINGER, Marcello. Apontamentos de Direito Penal Militar. v.
1. (parte geral). São Paulo: Saraiva, 2005.

______. Apontamentos de Direito Penal Militar. v. 2. (parte especial). São Paulo: Saraiva, 2007.

BRASIL. Legislação Penal Militar: Código Penal Militar, Código de Processo Penal Militar,
Organização Judiciária Militar, Regimento Interno do STM, Segurança Nacional, Legislação
Complementar. CHAVES JÚNIOR, Edgard de Brito (Atual.). 7. Ed. Rio de Janeiro: Forense. 1997.

BRASIL. Constituição Federal, Código Penal, Código de Processo Penal e legislação complementar.

GOMES, Luís Flávio (organizador). São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

Silva. José Walterler dos Santos. ABC CORONEL WALTERLER. Editora LucGraf. 2015

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
34

COORDENAÇÃO ANDRAGÓGICA
CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS
DISCIPLINA > CULTURA GERAL JURÍDICA
MÓDULO > Direito Penal Militar
DOCENTE: Prof. José WALTERLER

AVALIAÇÃO DIREITO PENAL MILITAR


Discente: _________________________________________________ data ____/____/2017

1ª QUESTÃO – São crimes propriamente militares, EXCETO:


A. ( ) Motim
B. ( ) Deserção
C. ( ) Abandono de posto
D. ( ) Violência contra militar de serviço

2ª QUESTÃO – Sobre o crime de deserção É INCORRETO afirmar que:


A. ( ) É um crime permanente.
B. ( ) Se o militar faltoso apresentar-se para o serviço no oitavo dia da sua ausência injustificada, cometerá o crime de
deserção.
C. ( ) É um crime propriamente militar.
D. ( ) O militar que consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando incapacidade.

3ª QUESTÃO - Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. A seguir, marque a alternativa que contém
a sequência CORRETA.
a) ( ) militar que, perante a Justiça Militar Estadual responde por crime militar, pode ainda responder perante a Justiça
Comum,
pelos crimes de abuso de autoridade, improbidade administrativa, dentre outros.
c) ( ) Sd da PMRR que foi fazer curso na ACW, NATAL-RN, cometeu crime militar no Estado do Rio Grande do Norte,
deve responder perante a Justiça Militar daquele Estado.
d) ( ) se um Cb reformado da PM praticar violência contra um Tenente da Reserva da PM, num lugar sujeito à
Administração Militar, o agressor será julgado pela justiça militar.
d) ( ) a Justiça Militar Estadual é incompetente para processar e julgar o crime militar praticado por civil contra o
patrimônio da Polícia Militar.
A. ( ) V, F, F, V
B. ( ) F, V, F, V
C. ( ) V, F, V, F
D. ( ) F, F, F, V

4ª QUESTÃO - Conforme a legislação em vigor é CORRETO dizer que:


A. ( ) Os crimes dolosos contra a vida, praticados por Policiais Militares, contra civis, serão de competência da Justiça
Comum.
B. ( ) Em qualquer situação o crime praticado com arma da PMRR será considerado como crime militar.
C. ( ) No Brasil, em nenhuma situação, haverá pena de morte.
D. ( ) Aos militares da reserva não se aplica a Lei Penal Militar

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
35

5ª QUESTÃO – Acerca do Código Penal Militar, marque a alternativa CORRETA:


A ( ) O superior hierárquico pode cometer crime de desacato em face de militar subordinado que esteja no exercício
de função de natureza militar ou em razão dela.
B ( ) Quando houver a reparação do dano antes da sentença irrecorrível, nos crimes de peculato, indistintamente,
haverá a extinção da punibilidade. Se a sobredita reparação for posterior à sentença irrecorrível, haverá redução da
pena imposta, em metade.
C ( ) O agente que deixa de praticar ou retarda ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem, comete ato tipificado como prevaricação.
D ( ) A conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a presenciar, a praticar ou permitir que
com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal é tipificada como crime de estupro.

6ª QUESTÃO – Trata-se de um delito de natureza militar à luz do Código Penal Militar:


A. ( ) militar da ativa que divulga conteúdo de documento particular sigiloso dirigido a um outro militar da ativa.
B. ( ) militar da ativa que faz desvio de energia elétrica, subtraindo-a, clandestinamente, de um vizinho que, também,
é militar, da reserva não remunerada.
C. ( ) militar da ativa, de folga e em trajes civis, mas utilizando revólver da carga da Polícia Militar, em plena via
pública, vem a praticar roubo contra um militar da reserva remunerada.
D. ( ) militar reformado, no interior de um Batalhão, que agride fisicamente um civil que estava assistindo a um desfile
militar

7ª QUESTÃO Enumere a 2ª coluna, ligando os casos concretos aos TIPOS PENAIS MILITARES, constantes na 1ª coluna.
A seguir, marque a alternativa que contém a sequência CORRETA.
Durante o turno de serviço, após o Sgt PM Hulk, Cmt da viatura, fazer uma
1 Recusa de obediência brincadeira de mau gosto, o Cb PM Chico Peba, motorista da guarnição,
agrediu fisicamente o Sargento.
Violência contra militar Após ter sido impedido de adentrar num quartel da APICS, um Sd PM
2
de serviço desferiu um murro na barriga do Cb PM que era o comandante da guarda.
No dia 01ago17, um civil compareceu até o quartel do QCG/PMRR e instigou
Violência contra
3 o militar escalado na sentinela para que este abandonasse o posto, pois,
Superior
aquele não era um dia para se trabalhar.
O Cb PM mau amado escalado na sala de operações da Unidade, após ter
recebido ordem do Sgt PM Sargenteante, para redigir um Boletim de
4 Desobediência
Ocorrência, recusou cumprir o que lhe fora determinado, alegando que
aquela atividade não lhe cabia.
Durante uma blitz, o Cb Legalista aborda o Ten Vaidoso, Cmt de Pelotão
5 Incitamento destacado, e determina que o oficial apresente CNH e CRLV e este não o faz,
alegando que só apresentará a um Capitão.

A. ( ) 2, 3, 5, 1, 4
B. ( ) 3, 2, 5, 1, 4
C. ( ) 3, 4, 5, 2, 1
D. ( ) 2, 3, 5, 4, 1

8ª QUESTÃO – Soldado Delta, do pelotão da cidade de Bomfim, durante o atendimento de uma ocorrência, matou a
tiros um civil envolvido na confusão. Após o IPM, conclui-se que o soldado agiu com dolo na morte do pacato cidadão,
excluindo assim, a tese de legítima defesa arguida pela defesa. Diante disto, Delta será julgado:
A. ( ) no Tribunal do Júri da comarca de Bomfim.
B. ( ) no Tribunal do Júri da Comarca de Boa Vista.
C. ( ) na Auditoria da Justiça militar Estadual em Boa Vista.
D. ( ) no Juiz da 1º vara criminal da comarca de Boa Vista.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
36

9ª QUESTÃO - O Sargento PM Rambo, de folga, com uniforme de educação física, após identificar-se, envolve-se
numa briga de rua, com o objetivo de separar os contendores. Em consequência, acaba por causar lesões corporais
graves em um dos envolvidos que era civil e, também, pratica tentativa de homicídio contra o outro agressor, que era
um Cabo PM da ativa, que se encontrava em gozo de férias anuais. Diante disso, o Sgt PM Rambo, em tese, será
responsabilizado:
A. ( ) Por ambos os delitos na Justiça Militar Estadual.
B. ( ) Por ambos os delitos na Justiça Comum.
C. ( ) Pela lesão, na Justiça Comum e pela tentativa de homicídio na Justiça Militar Estadual.
D. ( ) Pela lesão, na Justiça Militar Estadual e pela tentativa de homicídio na Justiça Comum.

10ª QUESTÃO – De acordo com o Código Penal Militar, é de competência da Justiça Militar Estadual julgar:
A. ( ) o disparo de arma de fogo efetuado por um civil contra sentinela de um quartel do CBM.
B. ( ) o homicídio praticado por militar da Polícia Militar, que estava de folga, contra militar do Corpo de Bombeiros
Militar, que também estava de folga.
C. ( ) o uso indevido de uniforme da Polícia Militar por um civil.
D. ( ) o homicídio praticado por militar da reserva remunerada contra militar da ativa que se encontrava de férias,
ocorrido em local não sujeito à administração militar.

11ª QUESTÃO – São considerados crimes militares, em tempo de paz, previstos no artigo 9º do Código Penal Militar
vigente, os crimes previstos no Código Penal Militar (CPM) quando praticados por:
A. ( ) militar que embora não estando em serviço, usa armamento de propriedade militar.
B. ( ) militar em comissão de natureza militar, ainda que fora do lugar sujeito á administração militar, contra militar
reformado.
C. ( ) por civil contra militar.
D. ( ) militar em situação de atividade, contra o patrimônio que não está sob a administração militar.

12ª QUESTÃO - O militar estadual está sujeito à Lei Penal Militar. Nos crimes militares cometidos, em regra, o militar é
julgado pela Justiça Militar Estadual, porém, há exceções em que o militar deve ser julgado pela justiça comum.
Assinale em qual dos casos isto acontece:
A. ( ) crimes dolosos contra o patrimônio sob a administração militar;
B. ( ) crimes culposos contra o patrimônio particular;
C. ( ) crimes dolosos contra a vida de militar;
D. ( ) crimes dolosos contra a vida de civil.

13ª QUESTÃO - Trata-se de crime de competência da justiça comum:


A. ( ) Homicídio doloso praticado por PM da ativa contra militar de folga.
B. ( ) Homicídio culposo praticado por militar da ativa, em serviço, contra civil.
C. ( ) Homicídio doloso praticado por militar de folga, dentro de seu quartel, contra civil.
D. ( ) Lesão corporal dolosa praticada por militar em serviço contra civil.

14ª QUESTÃO – Clodovil, policial militar do serviço ativo, pertencente ao 1° BPM, de folga e em trajes civis, em
companhia de seu colega de batalhão, nas mesmas condições, após o término do turno de serviço, foram “curtir” a
folga em um balneário na cidade de Santa Cruz/RN. Em dado momento, por motivo não revelado, Clodovil entrou em
luta corporal com seu colega, causando-lhe graves ferimentos.
Com base nas informações acima, marque a alternativa CORRETA.
A. ( ) Clodovil cometeu crime militar e será processado e julgado na justiça militar estadual.
B. ( ) Clodovil cometeu crime comum e será processado e julgado em uma vara criminal na comarca da capital do
Estado.
C. ( ) Clodovil cometeu crime comum e será processado e julgado em uma vara criminal na comarca onde ocorreu o
crime.
D. ( ) Clodovil cometeu crime militar e será processado e julgado em uma vara criminal na comarca onde ocorreu o
crime.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
37

15ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA: Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
A. ( ) Os crimes comuns praticados por civis contra militares, estando estes últimos de folga e à paisana, em locais não
sujeitos à Administração Militar.
B. ( ) Os crimes previstos no Código Penal, praticados por militares, estando estes de folga e à paisana, fora dos locais
sujeitos à fiscalização da administração pública militar.
C. ( ) A deserção, o motim, a rebeldia e a indisciplina.
D. ( ) Os crimes de que trata o Código Penal Militar, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela
não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial.

16ª QUESTÃO – No dia 10 de agosto de 2017, por volta das 20:10 horas, na BR 101, anel rodoviário, em Natal/RN, em
frente a Arena das Dunas, houve um acidente automobilístico, envolvendo a viatura da PMRN e uma motocicleta
particular. O Cb PM João da Silva estava socorrendo uma vítima de lesão corporal, levando-a ao hospital, quando a
viatura policial abalroou por trás a motocicleta. O condutor da motocicleta sofreu uma fratura do fêmur de sua perna
direita. Diante do exposto, é CORRETO afirmar que:
A. ( ) O militar cometeu delito de trânsito, previsto na Lei 9.503/97-CTB.
B. ( ) Conforme entendimento constitucional, o militar cometeu delito castrense de lesão corporal culposa.
C. ( ) Houve crime doloso de dano na viatura policial.
D. ( ) Houve o cometimento de delito de lesão corporal, previsto no Código Penal.

17ª QUESTÃO – O Sgt auxiliar da CORREG, no intuito de ajudar seu amigo submetido a Processo Administrativo
Disciplinar e com quem era “casado”, após receber da CPAD toda a documentação na CORREG, suprimiu o processo
para que não pudessem ser adotadas as providências decorrentes. Em face do exposto, o que acontecerá com o
graduado?
A. ( ) Não poderá ser punido disciplinarmente pela transgressão residual até que o processo transite em julgado.
B. ( ) Não será responsabilizado judicialmente pois não cometeu crime militar.
C. ( ) Não poderá ser submetido a processo administrativo disciplinar por se encontrar no conceito “A”.
D. ( ) Será submetido a Inquérito Policial Militar por haver indícios do cometimento de crime militar.

18ª QUESTÃO – A Sargento Moniquinha que trabalha na Tesouraria Geral, ao receber determinação do diretor para
fazer o lançamento no sistema, de descontos pecuniários decorrentes da queima de um computador ali existente, no
contracheque de todos os Praças ali lotados, promoveu uma reunião com seus colegas e decidiram não realizar os
lançamentos no Sistema. A conduta descrita, em tese, caracteriza-se, no Código Penal Militar, o crime de:
A. ( ) Revolta.
B. ( ) Motim.
C. ( ) Recusa de obediência.
D. ( ) Incitamento.

19ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA. Pelo Código Penal Militar, configura-se, em tese, o crime de motim a
reunião de:
A. ( ) Militares ou assemelhados, armados ou não, para ato de violência, em comum, contra superior.
B. ( ) Militares, exclusivamente, desarmados, agindo sem violência com o fim de recusar obediência a superior.
C. ( ) Militares armados para recusa de obediência contra ordem de superior.
D. ( ) Militares ou assemelhados, desarmados, agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la.

20ª QUESTÃO - Coloque “V”, para as verdadeiras, ou “F”, para as falsas. A seguir, marque a alternativa que contém a
SEQUÊNCIA CORRETA:
A. ( ) Se um Cadete PM, estando de folga, vier a matar um civil utilizando arma da PMRR, ele será julgado pela Justiça
Militar Estadual.
B. ( ) Se durante o radio-patrulhamento o Sargento PM, querendo se vingar, efetuar cinco disparos de arma de fogo e
alvejar fatalmente um civil, que em data anterior agredira um filho dele (do Sgt), o militar será julgado pela Justiça
Comum.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
38

C. ( ) Se um militar da ativa, estando de folga, lesionar com um soco no peito, militar da reserva, em via pública, estará
praticando um crime militar.
D. ( ) O civil que, no interior de um Quartel da PM, causar lesão corporal na sentinela será julgado pela Justiça Comum.
A. ( ) F, F, V, V
B. ( ) V, F, F, V
C. ( ) F, V, F, V
D. ( ) V, V, F, F

21ª QUESTÃO - Assinale a única alternativa verdadeira:


a) ( ) o desacato a superior assim como o desrespeito a superior só se configura se ocorrer diante de outro militar
b) ( ) durante o serviço, o Sd Direito diz ao Sgt Cmt de sua guarnição: “- Você é enrolado demais! Não deve ter feito o
CFS! Você não sabe nada de Direito Penal...”. Como a vítima estava trabalhando, O Sd Direito, em tese, cometeu o
crime de desacato a militar de serviço.
c) ( ) enquanto o Sgt PM Voador passava pelo Ten PM Caxias no pátio do quartel, deixou de prestar a continência
regulamentar. Após ser advertido pelo superior, na presença de vários militares, o Sgt PM fez diversas continências ao
Oficial e lhe disse: “O Senhor quer continência. Então em faço”. Neste caso, o Sgt PM Voador cometeu o crime de
desrespeito a superior.
d) ( ) o militar que durante o serviço efetua um disparo de arma de fogo em via pública, simplesmente para intimidar
alguns suspeitos, pratica o crime homicídio tentado.

22ª QUESTÃO - Três policiais militares reuniram-se na sala da secretaria do quartel a que pertencem e decidiram agir
contra a ordem recebida de seu superior hierárquico, no sentido de assumir o serviço em postos de sentinela do
referido quartel, atuando, dessa forma, em flagrante cometimento do crime de motim. A respeito do crime, com base
no conteúdo do Decreto-Lei nº 1.001/69 (Código Penal Militar), é CORRETO afirmar que:
A. ( ) Caso os agentes estivessem armados, o crime praticado ainda seria motim, bastando para isso que eles tivessem
pactuado que não utilizariam o armamento em nenhuma circunstância.
B. ( ) O que fez configurar o crime de motim foi o fato da reunião ocorrer no interior de quartel.
C. ( ) Não é possível identificar um líder (cabeça), cuja pena no crime de motim é aumentada, pois o grupo de apenas
três policiais militares não é uma fração constituída, elemento essencial para configurar o tipo.
D. ( ) Se um dos três policiais militares, antes da execução do motim e quando ainda possível evitar-lhe as
consequências, denunciar o ajuste do qual participou, será ele isento de pena.

23ª QUESTÃO– Cb Mário e Cb Marcelo são inimigos do Sd Pedro, que reside na cidade de Caracaraí. Em determinado
dia, ambos ficam sabendo por Ordem de Serviço operacional que o Sd Pedro trabalhará na cidade deles, e que a
chamada será às 10 horas da manhã. Então, sem que um saiba da decisão do outro, Cabo Mário e o Cabo Marcelo
resolvem matar o desafeto, fazendo uma emboscada. Ainda sem qualquer conhecimento da conduta do outro, ambos
se colocam cada qual, de um lado da estrada e ficam aguardando a passagem da vítima. Quando esta aparece, Cb
Mário efetua os disparos que atingem e matam Pedro, ao passo que o Cb Marcelo apenas atira quando Pedro já tinha
falecido em virtude dos tiros desfechados pelo Cb Mário. A perícia confirma estes fatos. Diante disso, a alternativa
CORRETA é:
A. ( ) Cb Mário responderá pelo homicídio e Cb Marcelo por tentativa de homicídio.
B. ( ) Cb Mário e Cb Marcelo responderão pelo homicídio, mas Mário deverá receber pena maior.
C. ( ) Cb Mário e Cb Marcelo responderão pelo homicídio.
D. ( ) Cb Mário responderá pelo homicídio e Cb Marcelo não responderá pelo mesmo crime.

24ª QUESTÃO - Sobre os crimes militares em tempo de paz, assinale a alternativa correta.
a) ( ) O militar só pode praticar crimes militares no interior de quartéis ou em serviço.
b) ( ) O civil só pode praticar crimes militares no interior de quartéis.
c) O militar não pode praticar crimes militares contra civis.
d) ( ) O civil pode praticar crimes militares em lugar sob administração militar.
e) ( ) O militar da reserva, ou reformado, ou civil não pode praticar crimes militares contra as instituições militares.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
39

25ª QUESTÃO - Um Cb PM de serviço na sala de operações de sua unidade recebeu um telefonema solicitando
repassar uma mensagem urgente ao militar que trabalhava na intendência do quartel. Dirigindo-se então à
intendência, o Cb PM adentrou nas suas dependências à procura do intendente, que naquele momento estava no
banheiro. Observando o local e verificando que havia um par de algemas sobre uma mesa, o subtraiu para si,
deixando o local. À luz do Código Penal Militar, o Cb PM cometeu o crime de:
A. ( ) peculato-furto.
B. ( ) peculato.
C. ( ) furto simples.
D. ( ) apropriação indébita.

26ª QUESTÃO - Antes do início do turno de serviço, em uma Unidade no interior do Estado, cinco militares, todos
desarmados e uniformizados, insatisfeitos com a política adotada pelo Comandante da Unidade referente às férias
anuais, resolveram manter as viaturas paradas, ocupando a área de estacionamento do Quartel. O Sub Cmt, diante da
atitude dos mesmos, ordenou-os que cessassem o movimento imediatamente e se deslocassem para seus postos de
rádio-patrulhamento, obtendo resposta negativa dos militares, que permaneceram parados no interior do Quartel.
Que crime praticaram os militares:
A. ( ) revolta.
B. ( ) organização de grupo para a prática de violência.
C. ( ) desrespeito a superior.
D. ( ) motim.

27ª QUESTÃO – O Código Penal Militar - CPM, trata dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar. A respeito do
contido no mencionado dispositivo legal, é CORRETO afirmar que:
A. ( ) se os agentes de motim estiverem armados, configura-se a Revolta, crime capitulado no parágrafo único do art
149, CPM.
B. ( ) ao militar que pratica violência contra superior e dela resulta lesão corporal, aplica-se apenas a pena da violência
aumentada de um terço.
C. ( ) existe exclusivamente circunstância atenuante para aquele que, antes da execução do crime de conspiração e
quando ainda era possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou.
D. ( ) o crime de conspiração, capitulado no art 152 do CPM, não está vinculado ao motim, sendo assemelhado à
omissão de lealdade militar.

28ª QUESTÃO – Teodoro é policial militar e deveria retornar de férias no dia 25 de janeiro, às 22h. Contudo, o policial
não compareceu ao serviço. Em relação à suposta deserção do policial, assinale a alternativa correta:
A. ( ) A deserção é crime militar em tempo de guerra e não pode ser imputada em tempo de paz.
B. ( ) A deserção será consumada no dia 01 de fevereiro.
C. ( ) A deserção será consumada no dia 02 de fevereiro.
D. ( ) A deserção será consumada no dia 03 de fevereiro.

29ª QUESTÃO – A guarnição formada pelo 2º Sgt X, Cb Y e Sd Z, durante ocorrência policial recusa-se a assumir
ocorrência, após ordem legal do Oficial de Serviço. A guarnição entendeu que o Oficial teria dado uma ordem a qual
não deveria cumprir. Estando os integrantes da guarnição, no turno de serviço, devidamente armados e equipados,
em conformidade com o Código Penal Militar - CPM é CORRETO afirmar que:
A. ( ) Os membros da guarnição de serviço, em tese, estão cometendo o crime militar de conspiração.
B. ( ) Os membros da guarnição de serviço, em tese, estão cometendo o crime militar de motim, tendo acréscimo de
um sexto a mais na pena para o Sargento, tendo em vista ser ele o mais antigo.
C. ( ) Apenas o Sargento estará cometendo o crime de aliciação para cometimento de motim ou revolta, tendo em
vista ser ele o mais antigo da guarnição, respondendo o Cabo e o Soldado apenas pelos atos de violência, caso estes
ocorram.
D. ( ) Os membros da guarnição de serviço, em tese, estão cometendo o crime militar de revolta, tendo acréscimo de
um terço a mais na pena para todos aqueles que encabeçaram o crime.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
40

30ª QUESTÃO – Conforme capitulado no Código Penal Militar - CPM, a respeito dos crimes militares e de suas penas é
CORRETO afirmar que:
A. ( ) Se um militar da reserva agredir um militar reformado num lugar sujeito à administração militar, não configurará
crime militar, mesmo se tratando de dois militares, figurando como autor e vítima.
B. ( ) Para configurar um crime tipicamente militar, é necessário que a prática do delito tenha como autor,
exclusivamente, um militar da ativa ou da reserva.
C. ( ) Não há crime previsto no Código Penal Militar que tenha igual definição na lei penal comum.
D. ( ) No Código Penal Militar a pena mínima para a reclusão é de um ano, podendo haver conversão em prestação de
serviços e multa.

31ª QUESTÃO – De acordo com o Código Penal Militar - CPM, é considerado crime de “Organização de Grupo para a
prática de violência”:
A. ( ) quando militares reunirem-se armados, agindo contra a ordem recebida de superior ou negando-se a cumpri-la.
B. ( ) quando reunirem-se dois ou mais militares com armamento ou material bélico, de propriedade militar,
praticando violência a pessoas ou à coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não à Administração Militar.
C. ( ) quando militares reunirem-se armados, recusando obediência a superior e praticando violência.
D. ( ) quando militares reunirem-se armados ou não, recusando obediência a superior e praticando violência.

32ª QUESTÃO – O Sd PM que agride um Cb PM que se encontrava de serviço como sentinela do 1° BPM, comete o
seguinte crime militar:
A. ( ) Violência contra superior.
B. ( ) Desrespeito a superior.
C. ( ) Lesão corporal leve.
D. ( ) Violência contra militar de serviço.

33ª QUESTÃO – Assinale a única alternativa CORRETA. Considera-se como exemplo de crime militar, em tempo de
paz, previsto no artigo 9º do Código Penal Militar vigente:
A. ( ) O 2º Tenente Silva que, em comissão de natureza militar, representando a PM, estando dentro de uma
Secretaria de Estado da Educação de outro Estado da Federação, pratica um crime previsto no Código Penal Militar
(CPM) contra um oficial PM da reserva de sua corporação que ali se fazia presente, devido a um grave
desentendimento por uma pasta de anotações que seria distribuído por assessores daquela Secretaria.
B. ( ) O Cb PM João que, de folga e à paisana, usa armamento de propriedade militar para a prática de um crime
previsto no Código Penal Militar (CPM).
C. ( ) O civil Daniel, da Secretaria de Estado da Administração, que pratica crime previsto no Código Penal Militar
(CPM) contra o Cap José da PMRN.
D. ( ) O Sd Negligente pertencente a uma Cia do 3º BPM, ao quebrar uma obra de arte em uma casa cultural no Museu
Câmara Cascudo, cujo patrimônio estava sob a responsabilidade da administração da Prefeitura de Natal.

34ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA. O 1º Tenente QOS, médico da SAS, ao receber ordem de seu
Subcomandante da Unidade, para que alterasse o horário de atendimento de 07:00 às 12:00 horas para 13:00 às
18:00 horas, afirmou diretamente ao Subcomandante que não iria fazer pois já havia assumido outros compromissos
para o período vespertino. A conduta praticada pelo 1º Ten QOS caracteriza, de acordo com o Código Penal Militar,
em tese, o crime de:
A. ( ) Revolta.
B. ( ) Desacato.
C. ( ) Desrespeito a superior.
D. ( ) Recusa de obediência.

35ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA. Durante o atendimento de um Sgt PM, no consultório médico da
Unidade, o Oficial QOS é agredido com um soco e empurrões por não ter homologado uma licença médica. Apesar de
não ter causado lesão corporal, a conduta praticada pela Praça caracteriza-se, no Código Penal Militar, em tese, o
crime de:
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
41

A. ( ) Violência contra superior.


B. ( ) Violência contra militar de serviço.
C. ( ) Desrespeito a superior.
D. ( ) Desacato.

36ª QUESTÃO - Quando militares ou assemelhados, desarmados, reúnem-se para agir contra a ordem recebida de
superior, ou negando-se a cumpri-la, cometem qual crime Militar:
A. ( ) motim.
B. ( ) revolta.
C. ( ) conspiração.
D. ( ) desobediência.

37ª QUESTÃO - O Soldado Cara de Lata, do 6º BPM, estando de serviço, praticou violência contra o Tenente que se
encontrava de Oficial-de-dia naquela OPM. Qual crime militar, em tese, o Sd Cara de Lata cometeu:
A. ( ) lesão corporal.
B. ( ) violência contra militar de serviço.
C. ( ) violência contra oficial de dia.
D. ( ) agressão contra superior.

38ª QUESTÃO – Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão expedido pelo juízo competente para
tentar desvendar um crime de homicídio praticado em Boa Vista/RR, um dos militares executores da referida ordem
judicial, estando armado e aproveitando-se da confiança que lhe era depositada pelo comandante da operação,
apoderou-se, furtivamente, da quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais), em dinheiro, que estava no interior de um
cofre localizado num dos quartos da casa que estava sob revista, cujo acesso teve após quebrar a fechadura daquele
cômodo que estava trancado. De acordo com as informações contidas no enunciado da questão, é CORRETO afirmar
que o militar pratica, em tese, o crime militar de:
A. ( ) roubo qualificado.
B. ( ) apropriação indébita simples.
C. ( ) furto qualificado.
D. ( ) peculato.

39ª QUESTÃO – O militar que apropria-se de um bem móvel da Administração Militar, de que tem a
posse em razão do cargo, comete, em tese, o crime de:
A. ( ) Desvio.
B. ( ) Apropriação indébita.
C. ( ) Estelionato.
D. ( ) Peculato.

40ª QUESTÃO - Um Tenente PM que atendia uma ocorrência de roubo a estabelecimento, obriga um cidadão, que
passava pelo local, a ser testemunha do fato que este nem sequer presenciou. O cidadão se negava a testemunhar,
mas após ser ameaçado pelo oficial, deu seu testemunho no registro da ocorrência. Qual o crime, em tese, cometido
pelo tenente?
A. ( ) Cárcere privado.
B. ( ) Ameaça.
C. ( ) Sequestro.
D. ( ) Constrangimento ilegal.

41ª QUESTÃO - O Código Penal Militar - CPM, trata dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar. A respeito do
contido no mencionado supedâneo legal, é CORRETO afirmar que:
A. ( ) Se os agentes de motim estiverem armados, configura-se o crime de Revolta.
B. ( ) Para caracterizar o crime de motim, é necessária a reunião de 4 (quatro) ou mais militares, à semelhança do
crime de quadrilha ou bando, previsto no Código Penal Brasileiro.
________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
42

C. ( ) Reduz-se a pena de um terço até a metade para aquele que, antes da execução do crime de conspiração e
quando ainda era possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou.
D. ( ) O crime de conspiração, previsto no CPM, está vinculado ao delito de desrespeito a superior hierárquico.

42ª QUESTÃO - A conduta de deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou
revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu
alcance para impedi-lo, se amolda ao crime de:
A. ( ) Motim.
B. ( ) Omissão de lealdade militar.
C. ( ) Revolta.
D. ( ) Conspiração.

43ª QUESTÃO – O Código Penal Militar estabelece o rol dos crimes contra a pessoa. Assinale a alternativa que NÃO
corresponde a um crime contra a pessoa:
A. ( ) Homicídio simples.
B. ( ) Genocídio.
C. ( ) Lesão leve.
D. ( ) Latrocínio.

44ª QUESTÃO – O militar que receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou
antes de assumi-la, mas em razão dela vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem comete o crime de:
A. ( ) Corrupção ativa.
B. ( ) Desvio.
C. ( ) Corrupção passiva.
D. ( ) Concussão.

45ª QUESTÃO – O Sargento PM “Sabido” deixou de levar ao conhecimento da autoridade competente o fato de um
seu subordinado hierárquico, Cb PM “Enrolado”, que cometeu uma grave infração no exercício de suas atribuições
legais. A conduta do Sargento, à luz do Código Penal Militar, caracteriza-se, em tese, no delito denominado:
A. ( ) inobservância de instrução.
B. ( ) prevaricação.
C. ( ) condescendência criminosa.
D. ( ) exercício funcional ilegal.

46ª QUESTÃO – Das condutas descritas abaixo, qual NÃO constitui crime de motim, capitulado no Código Penal
Militar?
A. ( ) Recusar obedecer a ordem do superior sobre matéria de serviço.
B. ( ) Reunirem-se militares agindo contra ordem recebida de superior.
C. ( ) Reunirem-se militares ou assemelhados negando-se a cumprir ordem de superior.
D. ( ) Reunirem-se militares recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem.

47ª QUESTÃO – O artigo 303 do Código Penal Militar encontra-se assim escrito:
“Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou
detenção, em razão de cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.”
Sobre o dispositivo acima, marque a alternativa CORRETA:
A. ( ) Está descrito o tipo penal de Furto.
B. ( ) Está descrito o tipo penal chamado Peculato.
C. ( ) Está descrito o tipo penal de Roubo.
D. ( ) Está descrito o tipo penal de Apropriação Indébita.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
43

48ª QUESTÃO - Durante a execução de uma busca pessoal, um dos abordados, embriagado, deu um chute que atingiu
de raspão um militar que, em reação, desferiu duas fortes cacetadas na barriga do oponente com a intenção de fazer
cessar aquela conduta arredia, mas que veio ocasionar a morte do ofendido horas depois, em decorrência da ruptura
da alça intestinal e peritonite. Diante dessas circunstâncias e dos meios empregados, responderá o militar, durante a
fase inquisitorial:
A. ( ) por crime militar de homicídio qualificado.
B. ( ) por crime militar de tentativa de homicídio.
C. ( ) por crime militar de lesão corporal qualificada pelo resultado.
D. ( ) por crime militar de lesão corporal culposa.

49ª QUESTÃO – A reunião de dois ou mais militares com armamento de propriedade militar, praticando violência à
coisa pública em lugar sujeito a administração militar configura, nos termos do Código Penal Militar, o crime de:
A. ( ) Participação em motim.
B. ( ) Conspiração.
C. ( ) Organização de grupo para a prática de violência.
D. ( ) Revolta.

50ª QUESTÃO – O Cb PM Rui, Comandante da Guarda, descontente com a escala de serviço apresentada, procura o
Oficial de Dia e o agride fisicamente. Diante deste fato o graduado poderá ser preso em flagrante pelo cometimento
de qual delito:
A. ( ) Violência contra militar de serviço.
B. ( ) Violência contra superior.
C. ( ) Motim.
D. ( ) Desrespeito a superior.

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com
44

OORDENAÇÃO ANDRAGÓGICA
CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS
DISCIPLINA > CULTURA GERAL JURÍDICA
MÓDULO > Direito Penal Militar
DOCENTE: Prof. José WALTERLER

GABARITO DIREITO PENAL MILITAR

Discente: _________________________________________________ data ____/____/2017

1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
16 17 18 19 20
21 22 23 24 25
26 27 28 29 30
31 32 33 34 35
36 37 38 39 40
41 42 43 44 45
46 47 48 49 50

ADSUMUS !!!!

ATENÇÃO !!!!!! DEVOLVER APENAS O GABARITO

________________________________________________________________________________________________
Avenida Presidente Café Filho, 116, Praia do Meio, Natal/RN, CEP 59.010-000
(84) 9 9927.7750 - acwnatal@gmail.com

Você também pode gostar