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- Preservação dos valores das Instituições Militares (hierarquia, disciplina, ética, preparo).
- Roma: fundamento científico e noção jurídica perfeita (origem do termo “castrense”). Órgão
judicante especializado.
- Revolução Francesa (1789): regulamentação das relações do poder militar com o civil.
- Chegada da Família Real Portuguesa (1808): criação do Conselho Supremo Militar e de Justiça.
- Para se ter uma ideia do rigor dos Artigos de Guerra, vejamos a seguinte regra:
“Qualquer Soldado, que desamparar a sua guarda sem licença, será logo prezo, e no outro dia
castigado com cinquenta pancadas com a espada de prancha”.
- 1891: Código Penal da Armada. Posteriormente estendido para outras Forças (Exército e
Aeronáutica).
- “O Direito Penal Militar é o ramo especializado do Direito Penal que estabelece as regras
jurídicas vinculadas à proteção das instituições militares e ao cumprimento de sua destinação
constitucional”. Marcelo Uzeda.
- Cleber Olímpio, na obra Vade Mecum Sínteses Objetivas: área militar, conceitua que:
- Fonte Material (ou de produção): competência privativa da União (CF, art. 22, I).
a) Delação premiada: prevista para o crime de conspiração. Art. 152, p. único: É isento de pena
aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda possível evitar-lhe as
consequências, denuncia o ajuste de que participou.
- Parte Geral: composta pelas normas penais não incriminadoras, sendo aquelas que
determinam regras gerais sobre a aplicação da lei penal, bem como declaram a licitude ou
impunibilidade de certas condutas.
Ex.: Conceito de superior / Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade
sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei
penal militar.
- Parte Especial: composta pelas normas penais incriminadoras, ou seja, aquelas que definem
as infrações penais proibindo a prática de condutas (crimes comissivos) ou impondo a prática
de condutas (crimes omissivos), sob a ameaça expressa e específica de uma pena.
Ex.: Violência contra superior / Art. 157. Praticar violência contra superior: Pena - detenção, de
três meses a dois anos.
- A Parte Especial divide-se em: Crimes Militares em Tempo de Paz; Crimes Militares em Tempo
de Guerra.
- CF/88, art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em
lei.
- CF/88, art. 125, § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças.
Para Jorge César de Assis, “crime militar é toda violação acentuada ao dever militar e aos
valores das instituições militares”. Ex.: abandono de posto.
b) Crimes impropriamente militares: São aqueles também previstos na lei penal comum ou
apenas nesta, mas que se adequam a uma das hipóteses do art. 9º do Código Penal Militar. Ex.:
furto; lesão corporal; disparo de arma de fogo em local habitado.
6.2.Importância da Classificação
Distinções no legislação pátria sobre o crime militar próprio e crime militar impróprio:
- CF/88, art. 5º, inciso LXI: ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar
ou crime propriamente militar, definidos em lei (v. CPPM, art. 18);
- Código Penal (comum), art. 64, II: Para efeito de reincidência não se consideram os crimes
militares próprios e políticos.
1. Princípio da Legalidade:
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
- A conduta delituosa e sua pena devem estar previstas antes da ocorrência do fato criminoso.
- Constituição Federal (art. 5º, XXXIX) e Código Penal comum (art. 1º).
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (v. Lei 14.688/2023)
1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente,
ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser
consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
- Conduta penalmente lícita passa a ser criminosa. Ex.: crime de Invasão de Dispositivo
Informático. Lei 12.737/12 (Lei Carolina Diekman); art. 154-A do CP.
- Não retroage.
- Aplicação imediata.
- Retroage.
- O tratamento dado ao criminoso passa a ser pior. Ex.: Lei 9.839/99: proibiu a aplicação da
9.099 na Justiça Militar.
- Não retroage.
- O tratamento dado ao criminoso passa a ser melhor. Mas a conduta permanece ilícita. Ex.:
redução do prazo prescricional.
- Retroge;
- Aplicação imediata.
3. Medidas de Segurança
5. Tempo do Crime
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o do resultado.
6. Lugar do Crime
- Esse artigo é relacionado aos crimes à distância, nos quais a conduta ocorre em um país e o
resultado em outro. Não se confundem com os crimes plurilocais, em que a conduta e o
resultado ocorrem no território nacional, porém, em circunscrições diferentes, sendo adotada
a teoria do resultado.
- Crimes comissivos (por ação) (consumados ou tentados): local da ação ou local do resultado.
Teoria da Ubiquidade ou Mista. Ex.: Militar brasileiro efetua disparo de morteiro, que atinge
território venezuelano, causando danos.
- Crimes omissivos (por omissão): lugar em que deveria ser realizada a ação omitida. Teoria da
Atividade.
- No CP comum, adota-se a Teoria da Atividade para o lugar do crime, seja ele omissivo ou
comissivo.
7. Territorialidade e Extraterritorialidade
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele,
ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça
estrangeira.
1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional as
aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de
propriedade privada.
2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios
estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as
instituições militares.
Conceito de navio
3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando
militar.
- No Direito Penal Militar, essa extraterritorialidade é irrestrita, pois aplica-se ao delito que seja
de natureza militar, independentemente da nacionalidade do criminoso, da vítima, do lugar do
fato ou se este fato já está sendo processado no estrangeiro.
- Conceito de território: todo espaço geográfico em que o Estado exerce a soberania, isto é,
onde o seu ordenamento jurídico tem eficácia e validade. Isso equivale ao solo, ao subsolo, às
águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas) e ao espaço aéreo correspondente.
- Território nacional por extensão: o CPM (art. 7, § 1º) considera como extensão do território
nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando
militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente,
ainda que de propriedade privada. Ex.: Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) em resgate a
brasileiros que estão em zonas de guerra.
- Aeronaves e navios estrangeiros: de acordo com o CPM (art. 7º, § 2º), aplicável a lei penal
militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar
sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares.
- Conceito de navio: qualquer embarcação sob comando militar (art. 7º, § 3º).
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
- Homologação de sentença estrangeira: competência do STJ, de acordo com o art. 105, I, i).
9. Militares Estrangeiros
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas, ficam
sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções
internacionais.
- Cursos e estágios em Escolas Militares, com a participação de militares de outros países. Ex.:
Cadetes da AMAN.
- O inativo continua sendo militar, com direitos e obrigações. Ex.: Julgamento de oficial da RR
em Conselho Especial de Justiça.
- Ex.: Sgt PM Ref. agride PMs de uma guarnição durante uma ocorrência: prisão em flagrante
por crime militar; apuração em IPM (se for o caso); processo e julgamento pela JME.
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se
alegado ou conhecido antes da prática do crime.
Ex.: Militar ocultou a situação de arrimo de família e pratica deserção alegando quer iria cuidar
da família.
Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.
14. Assemelhado
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do
Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou
regulamento.
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em
tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto,
graduação, ou sujeição à disciplina militar.
- Conceito criticado: nem todo militar das FFAA é incorporado; não abarca os militares
estaduais.
- Jorge Cesar de Assis: o conceito de militar está na Constituição. Art. 42, caput (Militares
estaduais) e art. 143, § 3º (Militares das FFAA).
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, toda
autoridade com função de direção.
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou
graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as
pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil.
Estrangeiros
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros os
apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.
- Importância da distinção entre brasileiro e estrangeiro. Ex.: Traição imprópria (art. 362).
Art. 27. Quando este Código se refere a funcionários, compreende, para efeito da sua
aplicação, os juízes, os representantes do Ministério Público, os funcionários e auxiliares da
Justiça Militar.
- Funcionários da Justiça Militar: regulamentação própria. Lei 8.547/92 (JMU); Lei 319/48
(JME).