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DIREITO PENAL MILITAR E PROCESSUAL PENAL

MILITAR – DPPM
TEN CEL PM CARLSBAD VON KNOBLAUCH
DIREITO PENAL MILITAR•UNIDADE 1

Unidade 1. Noções Básicas. Princípios Fundamentais do Direito


Penal Militar. Do crime militar: conceito e classificação.
Especificidades do direito penal militar.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Origem histórica

• Na visão de Univaldo Corrêa, para quem a Justiça Militar deu os primeiros


passos obviamente em virtude do surgimento de um direito substantivo
específico para a atividade beligerante, “quando o homem entrou na faixa das
conquistas e das defesas para o seu povo”, mesmo porque sentiu “necessidade
de contar, a qualquer hora e em qualquer situação, com um corpo de soldados
disciplinados, sob um regime férreo e com sanções graves e de aplicação
imediata”[5]. Pode-se concluir, portanto, que o Direito Penal Militar, em que
pese a influência dos movimentos condicionantes do Direito Penal comum,
desenvolve-se paralelamente e ganha notoriedade com o início da atividade
bélica, exigindo, por consequência, a apreciação do fato crime por ângulo
diverso, o que resultou na origem da Justiça Militar.

•Fls. 50
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Origem histórica

• Assentindo na relevância inquestionável do Direito Romano, Loureiro Neto


sustenta haver evidências históricas de que outras civilizações da Antiguidade
(Índia, Pérsia, Atenas, Macedônia e Cartago) “conheciam a existência de certos
delitos militares, e seus agentes eram julgados pelos próprios militares”[8],
mas somente em Roma o Direito Penal Militar adquiriu autonomia;

•fls. 51

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Origem histórica

• Primeira legislação penal militar brasileira: Artigos de guerra do


Conde de Lippe (1763) que vigoraram até final do século XIX, com
o surgimento do código penal da armada (1891).
• O primeiro Código Penal Militar Brasileiro (1944).
• Atual Código Penal Militar (1969).
•Ressalta-se que segundo decisão do STF a súmula 297 (que data
de 1963) está há muito superada (ultrapassada), por conta da
constituição e legislação vigente. (HC 82.142 de 12/09/2003):
“Oficiais e praças das milícias dos Estados, no exercício de função policial civil,
não são considerados militares para efeitos penais, sendo competente a Justiça
Comum para julgar os crimes cometidos por ou contra eles.”
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito

• Conceito de Direito Penal Militar


•“Direito Penal Militar consiste no conjunto de normas jurídicas
que têm por objeto a determinação de infrações penais, com suas
consequentes medidas coercitivas em face da violação, e, ainda,
pela garantia dos bens juridicamente tutelados, mormente a
regularidade de ação das forças militares, proteger a ordem
jurídica militar, fomentando o salutar desenvolver das missões
precípuas atribuídas às Forças Armadas e às Forças Auxiliares. ”
•Fls. 91.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conflito Aparente de Normas

• Prevalência do Direito Penal Militar

• As normas de direito penal militar prevalecem sempre sobre as


de direito comum, que não as derroga e nem sub-roga. As regras
gerais do Código Penal Comum aplicam-se aos fatos incriminados
por lei militar penal especial, se esta não dispõe de modo diverso.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Bens Jurídicos Tutelados

• Os bens juridicamente tutelados pelo Direito Penal Militar são aqueles


protegidos pelo legislador, haja vista sua importância e relevância para a
harmonia social e para a manutenção do Estado Democrático de Direito.
São bens protegidos:
• Interesse do Estado
• Instituições militares
• Administração militar
• Dever militar
• Disciplina e hierarquia
• Serviço militar (este inerente ao serviço militar obrigatório nas Forças
Armadas)
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Definição Doutrinária de Crime Militar

Critérios para definição de crime militar:


•Critério Rationi Materiae (origem romana) – Busca proteger
determinados bens juridicamente relevantes. Será delito militar
aquele cujo cerne principal da infração seja matéria própria da
caserna, ligada à vida militar. CRIME MILITAR PRÓPRIAMENTE MILITAR, SÓ PREVISTO NO CPM

• Critério Rationi Personae (origem germânica) – A conduta


criminosa do militar será sempre enquadrada como crime militar.
O crime militar estará configurado quando houver a qualidade de
militar no agente ou ainda quando envolve ativos e passivos do
delito, militares.
Fls. 114 Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Definição Doutrinária de Crime Militar

•Critério Rationi Loci – Em função do lugar em que o crime é


cometido.

•Critério Rationi Temporis – A definição de crime militar depende


do tempo em que o crime é cometido (paz ou guerra).

•Critério Rationi Legis – Ou seja, crime militar é aquele delineado


como tal pela lei penal militar. Consagra o princípio da legalidade
(não há crime sem lei anterior que o defina). Adotado pelo nosso
Sistema Jurídico.
•fls 114
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Fundamentos Constitucional do Crime Militar

• O crime militar está delimitado constitucionalmente nos artigos


124 (para os militares federais) e 125 (para os militares estaduais),
estes artigos irão remeter ao que a lei estabelece, no caso, o
Código Penal Militar, devendo se observar em especial a definição
estabelecida pelo artigo 9º do Código.

•A lei que estabelece os crimes militares não é, portanto, uma lei


de exceção, estando em perfeita consonância com o estado
democrático de direito consolidado na Constituição Federal de
1988.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Classificação do Crime Militar

Teoria Clássica
•Crimes Propriamente Militares: crimes previstos somente no
código penal militar e que só podem ser cometidos por militares,
pois consistem em violação de deveres que lhes são próprios. A
exceção admitida aqui é o crime de insubmissão (art. 183), eis
que, embora cometido por civil, o faltoso somente será julgado
pelo crime, após a inclusão e admissão nas Forças Armadas como
militar.
• Crimes Impropriamente Militares: Crimes que, embora previstos
no código penal militar, podem ser cometidos por civis (contra
militares ou instituições militares das Forças Armadas).
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Classificação do Crime Militar

Nova classificação pós lei 13.491/2017


•Crimes Militares por extensão: São aqueles crimes não previstos
no Código Penal Militar, todavia, cometidos nas hipóteses do art.
9º, II, do CPM, segundo a alteração promovida pela lei
13.491/2017 passaram a ser considerados também como crimes
militares por extensão. Por não constarem no texto do CPM,
podem vir em legislações penais diversas, como o CTB, Código
Ambiental, ECA, Estatuto do Idoso, ou mesmo inovações do
Código Penal Comum.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Classificação do Crime Militar

Nova classificação pós lei 13.491/2017


•Atenção! Somente crimes podem ser militares. Contravenções
penais, não!

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Circunstância do Crime Militar

• O Código Penal Militar estabelece as seguintes circunstâncias em


que um fato é considerado crime militar:

1) Tipicidade
2) Antijuricidade (art. 42 CPM)
3) Art. 9º CPM

Tendo em vista que aspectos como tipicidade e antijuridicidade já


são tratados no Direito Penal Comum, iremos focar adiante nas
definições de crime militar estabelecidas pelo artigo 9º.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Circunstância do Crime Militar

CÓDIGO PENAL MILITAR

Redação anterior Redação da Lei nº. 13.491/2017

Art. 9º Consideram-se crimes militares, Art. 9º Consideram-se crimes


em tempo de paz: militares, em tempo de paz:

II - os crimes previstos neste Código, II - os crimes previstos neste


embora também o sejam com igual Código e os previstos na
definição na lei penal comum, quando legislação penal, quando
praticados: praticados:

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Circunstância do Crime Militar

• Importante ressaltar que antes da mudança da Lei nº.


13.491/2017, para que fosse considerado crime militar com base
no art. 9º, inciso II do CPM, a conduta praticada pelo agente
deveria ter previsão legal tanto no Código Penal Comum, quanto
no Código Penal Militar, definindo-se, assim, como crime
impropriamente militar.

• Todavia, agora, após a mudança legislativa, a conduta praticada


pelo agente com previsão em qualquer legislação penal, na
incidência do inciso II, art. 9º do CPM, é considerada crime militar.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Circunstância do Crime Militar

• Exemplo: 3º Sgt PM Fulano, tortura autor de crime de roubo,


para que este entregue os bens subtraídos, bem como a arma de
fogo utilizada na infração penal.

• Qual crime cometeu, em tese, o 3º Sgt PM Fulano?

“Art. 1º Constitui crime de tortura: (Lei nº. 9455/1997)


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa”.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Circunstância do Crime Militar

• De quem é a competência para o processamento e julgamento?

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Circunstância do Crime Militar

• Competência para processamento e julgamento:

• Antes da Lei nº. 13.491/2017: Justiça Comum (justificativa: Por


que a conduta do 3ª Sgt PM Fulano não estava prevista no CPM
com igual definição na lei penal comum, de acordo com o inciso II,
do art. 9º do CPM).
• Depois da Lei nº. 13.491/2017: Justiça Militar (justificativa: Por
que a conduta do 3º Sgt PM Fulano para ser considerada crime
militar deve estar prevista no CPM ou na legislação penal comum,
desde que de acordo com o inciso II, do art. 9º do CPM).
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

• Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:


•I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo
diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que
seja o agente, salvo disposição especial;

Direito Militar
Quanto ao Inciso I, temos:
Crimes que só existem no CPM, evidentemente
haverão de ser crimes militares:
Exemplos: Motim, deserção, insubmissão, dormir
em serviço, embriaguez em serviço, violência
contra superior, etc.
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando


praticados: (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na
mesma situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado,
ou civil;
c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a
administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de
natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à
administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou
civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

d) por militar durante o período de manobras ou


exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou
assemelhado, contra o patrimônio sob a administração
militar, ou a ordem administrativa militar.

Direito Militar
Do inciso II podemos extrair, basicamente que será crime militar
quando cometido:
Militar Ativo x Militar Ativo Militar Ativo de Serviço x Qualquer um
Militar Ativo x Patrimônio Militar Ativo (lugar sujeito a adm.
sob adm. militar militar) x Qualquer um
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou


por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais
não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos
seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a
ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em
situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de
Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função
inerente ao seu cargo;
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

c) contra militar em formatura, ou durante o período de


prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício,
acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar,
contra militar em função de natureza militar, ou no
desempenho de serviço de vigilância, garantia e
preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária,
quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em
obediência a determinação legal superior.
Direito Militar
Do inciso III podemos extrair, basicamente, que será crime militar quando
praticado (*cuidar com a observação dos civis explicada adiante):
Civil*, Militar da Reserva ou Civil*, Militar da Reserva ou reformado (em
Reformado x Militar ativo de lugar sujeito a administração militar
serviço X
Civil*, Militar da Reserva ou Militar Ativo
Reformado x Patrimônio sob a
administração militar
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos


contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão
da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada
pela Lei nº 13.491, de 2017)

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e


cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência
da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:

I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo


Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar,
mesmo que não beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da
ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto
no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais:

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Crimes Militares em Tempo de Paz

a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de


Aeronáutica; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº
13.491, de 2017)
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal
Militar; e (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº
13.491, de 2017)

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar pelo CPM

Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste


Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja
incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto,
graduação, ou sujeição à disciplina militar.

Obs. Conceito incompleto, uma vez que, não cita os Militares


Estaduais.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar pela Constituição Federal

Art. 42: Os membros das Polícias Militares e Corpos de


Bombeiros Militares, instituições organizadas com base
na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar pela Constituição Federal

Art. 142: As Forças Armadas, constituídas pela MARINHA, pelo


EXÉRCITO e pela AERONÁUTICA, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República,
e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados


militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em
lei, as seguintes disposições:
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar Constituição + CPM

POR QUE A LEI PENAL MILITAR É APLICÁVEL A MILITARES ESTADUAIS?


CRFB/88
Art. 125: Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
[…]
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for
civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da
patente dos oficiais e da graduação das praças.

Por previsão constitucional §4º, artigo 125.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar Constituição + CPM

CIVIL x Militar Estadual


Importante ressaltar que por essas observações mencionadas:
- O CPM não nos define como militares (nós, militares estaduais).
- A CRFB/88 não menciona um órgão capaz de julgar civis por crimes
militares supostamente cometidos contra instituições militares estaduais
ou militares estaduais.

A compreensão decorrente é de que, para efeitos de aplicação da lei penal


militar para civis: Penalmente não somos “militares” para crimes cometidos
por civis (já que o CPM não nos define como militares). Também não há justiça
competente para julgá-los com o uso do CPM.
Não há o que se cogitar, portanto, em crime militar de civil, contra militar
estadual ou instituição militar estadual.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar Constituição + CPM

Militar Estadual x Militar das FFAA


Uma vez que um militar estadual pode cometer crime militar contra quem quer
que seja, e o mesmo ocorre em relação ao militar das FFAA, evidente que o
crime pode vir a ser militar, nas hipóteses do artigo 9º do CPM. Contudo, o
crime costuma ser tratado como militar, não pela condição de militar ativo
contra outro militar ativo, mas sim, pelas demais circunstâncias possíveis do
artigo 9º.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar Constituição + CPM

Militares de Forças Distintas ou Instituições Distintas


Exemplos:
Exército x Marinha
ou
PM x BM

Uma vez incorrendo nas hipóteses do artigo 9º, será crime militar,
normalmente.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Militar Constituição + CPM

Militares Estaduais de Estados Diferentes


Exemplo:
PM da PMSC x PM da PMBA

Uma vez incorrendo nas hipóteses do artigo 9º, será crime militar,
normalmente, competência de julgamento será da justiça militar do Estado do
PM autor do delito militar.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de Superior pelo CPM

Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade


sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior,
para efeito da aplicação da lei penal militar.

Obs. O referido conceito somente será aplicado quando houver


igualdade hierárquica entre pares para exercer, em razão da
função, autoridade sobre o outro.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Conceito de “Cabeça” pelo CPM

Co-autoria

Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide


nas penas a este cominadas.
[...]
Cabeças
4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se
cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.
5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais
oficiais, são estes considerados cabeças, assim como os inferiores
que exercem função de oficial.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Elementos não constitutivos do crime

Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime:

I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do agente;

Obs. Interpretação extensiva leva ao entendimento de que, se a conduta é


praticada sem que o agente tenha ciência da qualidade de militar do outro, não
estando de serviço e sem farda, será aplicada a lei penal comum.

II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de


quarto, ou a de sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em
repulsa a agressão.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Das Penas Principais

Art. 55. As penas principais são:

a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Das Penas Principais

Pena de Morte (art. 56) – É executada por fuzilamento.


Comunicação
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que
passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão
depois de sete dias após a comunicação.
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser
imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina
militares.
Obs. Somente aplicada em caso de guerra declarada (art. 5º, XLVII, CF/88).

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Das Penas Principais

Pena de Reclusão (art. 58) – Mínima de 1 ano e máxima de 30 anos.


Cumprimento de pena (art. 61) – Acima de 2 anos é cumprida em penitenciária
militar; na falta penitenciária comum.

Pena de Detenção (art. 58) – Mínima de 30 dias e máxima de 10 anos.


Cumprimento da pena quando superior a 2 anos (art. 61).

Pena de Prisão (art. 59) – Pena de reclusão ou detenção de até 2 anos


converte-se em prisão, quando não cabível a suspensão condicional da pena.
Oficial (art. 59, I) – Cumprimento em recinto de estabelecimento militar.
Praças (art. 59, II) – Cumprimento em estabelecimento penal militar.
Atenção: Não há na parte especial do CPM pena cominada de prisão, ela
decorre da aplicação da reclusão ou detenção.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Das Penas Principais

Impedimento (art. 63) – Pena “privativa de liberdade” aplicada no delito de


insubmissão (art. 183).

Pena de impedimento de 3 meses a 1 ano.

Sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da


instrução militar.

Insubmissão (art. 183) – Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação,


dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes
do ato oficial de incorporação.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Das Penas Principais

Pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função (art. 64)

Trata-se de pena restritiva de direito, que: “consiste na agregação, no


afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo
tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede
do serviço”.

O cumprimento da pena não conta para o tempo de serviço.


Reserva, Reforma ou aposentadoria – Conversão em pena de detenção de 3
meses a 1 ano.

Pena de Reforma (art. 65) – Sujeita o condenado a situação de inatividade.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Das Penas Acessórias

Penas Acessórias (art. 98)

I - a perda de posto e patente;


II - a indignidade para o oficialato;
III - a incompatibilidade com o oficialato;
IV - a exclusão das forças armadas;
V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
VIII - a suspensão dos direitos políticos.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Suspensão Condicional da Pena (SURSIS)

SURSIS (art. 84) – “A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois)
anos, pode ser suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que”:
Consiste no não cumprimento da pena imposta ao condenado, desde que preencha
alguns requisitos legais.
A) Crimes que não admitem SURSIS: art. 88, CPM. Atualmente, na Vara de Direito
Militar (VDM), o voto Juiz Marcelo Pons Meirelles, acompanhando o voto anterior da
Juíza Margani de Mello, é no sentido de que a vedação do SURSIS é inconstitucional.

B) Quando policiais militares são condenados na VDM, ainda que em muitos casos
obtenham SURSIS, as consequências da condenação são severas: rol dos culpados,
ingressam no comportamento mau e, via de regra, afeta negativamente o conceito
moral na CPP para fins de cursos e promoções.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Motim
Art. 149. Reunirem-se militares o assemelhados:
I – agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;
II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando
violência;
III – assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em
comum, contra superior;
IV – ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou
dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura
militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transportes, para ação
militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento
da ordem ou da disciplina militar:
Pena – reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Revolta

Art. 149 (...)

Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:

Pena – reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Obs. A legislação castrense anterior exigia a reunião de 4 ou mais militares para a


configuração do delito. A legislação atual, embora não estabeleça expressamente o
número de militares para a caracterização do delito, conclui-se a necessidade de ao
menos 2 militares ativos.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Motim X Revolta

a) Na Revolta 2 ou mais militares devem estar armados, portanto, estando apenas um


dos militares armado, não configurará o delito em questão.
b) Pode haver a situação de 2 ou mais militares armados no grupo, porém, sem
conhecimento dos demais, desse modo, somente os armados responderão pelo delito
de revolta.
c) No caso de 2 ou mais militares armados, com o consentimento dos demais
desarmados, todos respondem pelo delito de Revolta.
d) Caracteriza o delito de Revolta não só as armas próprias, como, também, as armas
impróprias.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Omissão de Lealdade Militar

Art. 151 Deixar o militar de levar ao conhecimento do superior o motim ou


revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso,
não usar de todos os meios ao seu alcance para impedi-lo.

Pena – Reclusão, de três a cinco anos.

Obs. O delito se consuma quando o autor, sabendo do motim ou revolta que se


planejou, deixa de comunicar seu superior ou, ainda, quando não utiliza os
meios que dispõe para impedir o delito, estando presente quando de sua
deflagração.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Conspiração
Art. 152 . Concertarem-se militares para a prática do crime previsto no art. 149.
Pena –Reclusão , de três a cinco anos.
Isenção de pena
Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e
quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de
que participou.
Obs. Não caracteriza o delito a mera conversa sobre o assunto ou manifestação
de insatisfação, mas sim, a determinação, com os atos preparatórios (reunião,
planejamento, e etc).
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Violência Contra o Superior


Art. 157 Praticar violência contra superior
Pena Detenção, de três meses a dois anos.
§ 1º. Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou
oficial general:
Pena – reclusão, de três a nove anos.
§ 2º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência,
a do crime contra pessoa.
§ 4º Se da violência resulta morte:
Pena – Reclusão, de doze a trinta anos.
§ 5º. A pena é aumentada da Sexta parte, se o crime ocorre em serviço.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Violência Contra o Superior


Trata-se de crime propriamente militar, pois somente pode ser praticado por
militar que ostente graduação ou posto inferior ao do ofendido.
O sujeito ativo e/ou passivo pode ser tanto o militar da ativa, quanto o militar
da inatividade.
A violência é considerada desde as vias de fato até a morte.
Caracterização do delito: a) Empurrão; b) Dar tapa na cobertura; c) Segura-lhe o
braço, e etc.
Cuspir no superior não caracteriza o delito. (Pode vir a ser Desrespeito a
Superior).
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Violência Contra o Militar de Serviço

Art. 158 Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou


contra sentinela, vigia ou plantão
Pena – reclusão, de três a oito anos

§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.


§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência,
a do crime contra a pessoa.
§ 3º Se da violência resulta morte:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Violência Contra o Militar de Serviço


Art. 158 Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou
contra sentinela, vigia ou plantão
Pena – reclusão, de três a oito anos
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência,
a do crime contra a pessoa.
§ 3º Se da violência resulta morte:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.

• O delito pode ser praticado por militar da ativa, inatividade e por civil.
• O superior hierárquico pode ser autor do referido delito.
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Desrespeito a Superior
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que
pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a
pena é aumentada da metade.
O sujeito ativo é o subordinado Praça ou Oficial tanto da ativa, quanto da
inatividade.
O desrespeito deve ser na presença de outro militar.

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Desrespeito a Superior
Não há necessidade que o ofendido esteja no mesmo ambiente do autor dos
fatos, desde que tenha algum contato visual ou auditivo com o ato
desrespeitoso.
Diferença entre o desrespeito a superior e o Desacato: Enquanto este trata-se
de conduta de menosprezo a autoridade representada pelo superior
hierárquico, aquele diz respeito a uma mera desconsideração.
Ex: Imitar som de animal; Prestar inúmeras continências; dar voz de comando
para o superior ficar na posição de sentido ao percebê-lo concentrado; cuspir;
desenhar caricaturas, e etc.

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Desrespeito a Símbolo Nacional


Art. 161. Praticar o militar diante de tropa, ou em lugar sujeito à administração
militar, ato que se traduza em ultraje a símbolo nacional:
Pena – detenção, de um a dois anos
O desrespeito significa: ofender, injuriar, insultar, aviltar, menosprezar, tanto
com gestos, palavras, desenhos ou escritos.
Símbolos Nacionais (art. 13, §1º, CF/88): Bandeira, Hino, as Armas e o Selo
Nacional.
Ex: Cuspir ou limpar a bota na Bandeira Nacional

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Despojamento Desprezível
Art. 162, Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo,
por menosprezo ou vilipêndio:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado diante
de tropa, ou em público.
Ex: Jogar medalha de mérito ou insígnia no chão, após receber, com nítida
demonstração de menosprezo.

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Recusa de Obediência (Insubordinação)

Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de


serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

Pena – Detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Tutela-se a autoridade militar, bem como a disciplina militar.


Comete o delito somente o subordinado, seja hierárquico ou funcional.

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Oposição a Ordem de Sentinela


Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Sujeitos do delito: Militar federal ou dos estados e civil.
Obs. Qualquer militar pode cometer o delito, inclusive o superior hierárquico ao
sentinela.
Importante: Aqueles que são funcionalmente superiores ao sentinela, quais
sejam: Cabo da Guarda, Comandante da Guarda, Adjunto de Dia, Oficial de Dia
e outros, podem reformar a ordem emitida.

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Reunião ilícita
Art. 165: Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão
de ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a
seis meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave.

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Publicação ou Crítica Indevida


Art. 166 Publicar o militar, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar
publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a
qualquer resolução do Governo:
Pena – Detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave
A publicação pode ser por viva voz, escrito, diretamente ou por qualquer meio
de comunicação.
Caracteriza o delito a divulgação para o público interno (militares) e externo
(civis).

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Uso indevido por militar de uniforme, distintivo ou insígnia.

Art. 171 Usar o militar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia de posto


ou graduação superior:
Pena – Detenção, de seis a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

O uso deve ser em público.

O uso deve ser indevido, portanto, com autorização superior para teatralização
ou treinamento não caracteriza o delito.

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Uniforme: É o fardamento constituído pela roupa, cobertura, calçados,


equipamentos, e acessórios como cinto, quepes e outras peças.

Distintivo: É o símbolo sobreposto ao uniforme, indicativo de curso (brevê), da


Unidade Militar (brasão), ou de função desempenhada pelo militar (alamar).

Insígnia: É o símbolo também sobreposto ao uniforme, geralmente nas golas,


ombreiras ou mangas de camisa, indicativo de posto ou graduação.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Esse não era o Cabo


Paraminongas?

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DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia militar por qualquer pessoa


Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que
não tenha direito:
Pena - detenção, até seis meses.

Sujeito ativo: Militar da ativa, reserva ou civil; O Civil somente na esfera federal,
assim, o uso de indevido de uniforme, distintivo ou insígnia de militar estadual,
por civil pode caracterizar o delito do art. 46, da Lei de Contravenções Penais.

Incorre no delito o Subtenente que visando afrontar a disciplina, veste uniforme


com insígnias de Cabo, por exemplo.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Violência contra inferior


Art. 175. Praticar violência contra inferior
Pena – Detenção, de três meses a um ano
Parágrafo único . Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também
aplicada a pena do crime contra a pessoa.
Pratica a conduta o superior hierárquico (art. 24 CPM).
Concurso material com os crimes de lesão corporal ou morte.
Considera-se somente violência física.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Ofensa aviltante a inferior

Art 176 Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo
meio empregado, se considere aviltante:
Pena – Detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Aplica-se o dispositivo no parágrafo único do artigo anterior

Agressão humilhante, afronta a honra, ataca a dignidade (atributos morais) e o


decoro (atributos físicos e intelectuais) do ofendido, inferioriza, desvaloriza,
além de atingir a integridade física.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Insubmissão
Art. 183 - Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo
que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de
incorporação.
Pena – Impedimento, de três meses a um ano.
Sujeito ativo: Somente o Civil.
Somente pode ser julgado após a incorporação.
O Civil que não se alista não comete o crime de insubmissão, porém torna-se
refratário, conforme Lei nº. 4.375/64 (Lei do Serviço Militar).

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Deserção

Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou de


lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias:

Pena – Detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada

Direito Militar
Deserção – Contagem da ausência ilegal até consumar-se a deserção
DATA DATA DATA DATA DATA DATA DATA DATA DATA DATA
10 00h 00h 13 14 15 16 17 18 00h
11 12 19

Início e Início da Elaboração Elabora Diligências constadas em despacho do Parte de


Término contagem da parte ção dos Comandante para encontrar o ausente deserção e
do da ausência ausência inventá termo de
serviço ilegal ilegal rios deserção
do militar
faltoso,

DILIGÊNCIAS ENTENDIDAS COMO


NECESSÁRIAS PELAS AUTORIDADES
SUPERIORES AO AUSENTE PARA ENCONTRÁ-
LO NESSE PERÍODO
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Abandono de Posto

Art. 195 Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe
tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena – Detenção, de três meses a um ano.

Caracterização: Sentinela que abandona seu posto deliberadamente; viatura


que sai da área de sua circunscrição sem autorização e etc.

Não comete o delito o militar que se afasta de seu posto, porém, mantém
contato visual com possibilidade de reagir em qualquer eventualidade.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Descumprimento de Missão

Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Embriaguez em serviço
Art. 202 Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se
embriagado para prestá-lo:
Pena – Detenção, de seis meses a dois anos
Caracterização: Em regra geral, deve ser constatado a embriaguez por
profissionais da área médica, podendo ser realizado o exame clínico ou
laboratorial. Todavia, a jurisprudência tem se admitido por outros meios de
provas, como, por exemplo, auto de constatação lavrado pelo policial militar e
testemunhas.
Divergência na doutrina quanto a possibilidade de “embriaguez” por
substâncias entorpecentes.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Dormir em serviço
Art. 203 Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou ronda,
ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela,
vigia, plantão às máquinas, ao leme, ronda ou qualquer serviço de natureza
semelhante.
Pena – Detenção, de três meses a um ano
Caracterização: Dormir em serviço, desligando-se totalmente do que se passa à
sua volta, seja por pouco tempo, “cochilo”, ou por longa duração, sono
profundo.
A expressão serviço se subentende como atividade operacional, excluindo,
portanto, a atividade meio – serviço administrativo.
Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Desacato a superior
Sargento Pincel,
Art. 298: Desacatar superior, seu gordo, você é
ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro, ou uma vergonha
procurando deprimir-lhe a autoridade: para a tropa!
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato
não constitui crime mais grave.
Agravação de pena
P. único: A pena é agravada, se o superior é oficial general
ou comandante da unidade a que pertence o agente.

Direito Militar
DIREITO PENAL MILITAR•Parte Especial

Inobservância de lei, regulamento ou instrução


Art. 324: Deixar, no exercício de função, de observar lei, regulamento ou
instrução, dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração
militar:
Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção até seis meses; se por
negligência, suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função, de
três meses a um ano.

Direito Militar
Citações de:
Neves, Cícero Robson Coimbra. Manual de Direito
Penal Militar. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
DIREITO PENAL MILITAR•UNIDADE 1

TÉRMINO DA UNIDADE 1

Nome da Disciplina

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