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Continuação...
“Crime Militar é toda violação acentuada ao dever militar e aos valores militares das
instituições militares. Distingue-se da transgressão disciplinar porque esta é a mesma violação,
porém na sua manifestação elementar e simples. A relação entre crime militar e transgressão
disciplinar é a mesma que existe entre crime e contravenção”.
Jorge C. de Assis
Para Alexandre Saraiva, é aquele que guarda sua razão de ser exclusivamente para tutelar uma
objetividade jurídica estanha à sociedade civil, ou seja, é um tipo penal especificamente criado
para proteger um interesse próprio, particular e característico da ambiência militar,
preferencialmente veiculado em norma específica e, via de regra, praticado por militares.
Após o advento da Lei n.º 13.491/17, pode ser definido como aquele com previsão no Código
Penal Militar – CPM e o previsto na legislação penal, praticado, em ambos os casos, em
situações que se enquadram no inciso II do art. 9º do CPM, quando o agente for militar da
ativa, e no inciso III, do mesmo artigo, quando o agente for militar da reserva ou reformado.
Ex.: lesão corporal, furto, prevaricação, disparo de arma de fogo, tortura etc.
CF/88, art. 5º, LXI: LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei;
Código Penal, art. 64, II: não haverá reincidência por crime propriamente militar anteriormente
praticado.
- O julgamento, pela Justiça Militar da União, de crime doloso contra a vida de civis praticado
por militar das Forças Armadas no contexto de certas atividades. Ex.: intervenção federal; em
operações de garantia da lei e da ordem etc.
A alteração é significativa, pois, antes da Lei n° 13.491/17, somente seria crime militar aquele
com previsão na parte especial do CPM .
Praticará crime de pedofilia por meio da internet (art. 241 e 241-A da Lei n.º 8.069/90 – ECA) o
policial militar de serviço que, no interior do quartel, usando o computador da unidade,
publica na internet fotografias de pornografia infantil. Antes da Lei n.º 13.491/17, o fato seria
crime comum.
Exemplos de leis cujos crimes poderão ser julgados pela Justiça Militar:
Súmula nº 75: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime
de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.
Súmula nº 90: Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela
prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.
Súmula nº 172: Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, ainda que praticado em serviço.
Ex.: militar que efetua disparo de lugar de fogo em lugar habitado. O crime será militar se o
fato se enquadrar em uma das hipóteses do art. 9º. Será comum, por outro lado, se não se
encaixar em uma das referidas hipóteses.
1º passo: o fato em análise possui tipificação na Parte Especial do CPM (arts. 136 a 408) ou na
legislação penal comum?
Ex.: No Hospital do Policial Militar, A, que trabalha naquele local, é agredido por B, paciente
indignado com a demora no atendimento.
- ART. 9º, INCISO I: Crimes Propriamente Militares.
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum ,
ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial
Na segunda parte (“nela não previstos”), temos os crimes não previstos na lei penal comum.
Ex.: deserção (art. 187); desrespeito a superior (art. 160).
Na primeira parte (“definidos de modo diverso na lei penal comum”), a definição do delito, no
CPM, tem algum elemento especializante (ver próximo slide) no tipo penal, que o distingue do
crime comum.
a) Crimes com definição idêntica no Código Penal Militar e na legislação penal comum. Ex.:
furto; ameaça; lesão corporal etc.
b) Crimes previstos apenas na legislação penal comum. Ex.: tortura; abuso de autoridade;
disparo de arma de fogo.
Somente teremos o crime militar com a ocorrência concomitante de condições que são
expressas pelas alíneas do inciso II, vistas a seguir:
São crimes militares os praticados por militar da ativa contra militar na mesma situação.
O crime praticado caracterizar-se-á como crime militar em função das pessoas envolvidas
(sujeito passivo e ativo).
Ex.: ameaça (art. 223) cometida por PM da ativa, de folga, contra PM da ativa, também de
folga.
TEMAS POLÊMICOS – Alínea “a”:
1. E se o crime for praticado por militares de forças diferentes (militar estadual x militar
federal)?
No STJ, a posição não é unânime, havendo julgados nos dois sentidos, ora admitindo (HC
94.277/RS), ora negando (Conflito de Competência nº 48.804/RJ) a incidência da alínea a do
inciso II do art. 9º do CPM.
Já a visão do STF parece caminhar para uma não equiparação entre militares federais e
estaduais. HC nº 83.003/RS.
Predomina o entendimento que se trata de crime militar, sendo competente a Justiça Militar
do Estado do autor do delito, em conformidade com a Súmula nº 78/STJ: Compete a Justiça
Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido
praticado em outra unidade federativa.
Cícero R. C. Neves, por sua vez, discorda desse entendimento por entender que a autonomia
do ente federativo leva à conclusão que o militar de um Estado da Federação não pode ser
igualado ao militar de outro Estado.
Cícero R. C. Neves, embora reconhecendo que contraria a visão predominante, entende que,
em se tratando de crime militar doloso, é imprescindível o conhecimento, pelo sujeito ativo, da
condição de militar da ativa do sujeito passivo para que se configure a hipótese da alínea a do
inciso II do art. 9º do CPM.
Jorge César de Assis, atundo como representante do Ministério Público no IPM nº 52/03,
solicitou o arquivamento dos autos no caso em que um cabo do EB foi acusado de agredir um
soldado do EB, sem conhecer a condição de militar do outro. Para ele, o caso era de crime
comum, a ser julgado pelo Juizado Especial Criminal.
O tema já foi objeto de decisão do STF, decidindo-se, com base na visão restritiva que
prevalece naquela Corte, em favor da necessidade de conhecimento da condição de militar do
sujeito passivo para o reconhecimento do crime militar inter milites.
Com o advento da Lei nº 13.491/2017, é possível trasladar, para o Direito Penal Militar,
dispositivos de lei penal comum, no caso a Lei Maria da Penha. Trata-se, no caso, de crime
militar extravagante.
A Lei Maria da Penha, por ser especial, deve prevalecer sobre o CPM, o que levaria a uma
desnaturalização da conduta do agente, de crime militar para crime comum. Além disso, com
base em princípios de âmbito constitucional, a mulher militar (da ativa) deve ser amparada
pela Lei Maria da Penha quando for vítima de violência doméstica praticada por seu
companheiro, também militar (da ativa).
A incidência do CPM ou da Lei Maria da Penha vai depender do ambiente. Se este for
distanciado da caserna, o fato não merece a tutela penal militar. Porém, em ambiente onde
estejam presentes a hierarquia e disciplina, bens tutelados pelo Direito Penal Militar, aplica-se
o Estatuto Repressivo Castrense, diante do disposto na alínea a do inciso II de seu art. 9º.
Os tribunais militares não privilegiam a posição restritiva, com tendência a aplicar a lei de
forma objetiva, ou seja, se a violência doméstica for praticada por policial contra policial,
ambos da ativa e de folga, no interior da residência do casal, independentemente do motivo
agressão, o caso será crime militar a ser processado e julgado pela Justiça Militar Estadual.
Dessa forma decidiu o Tribunal de Justiça Militar de São Paulo, no julgamento do Recurso
Inominado nº 0003140-04-2018.9.26.0010.
São crimes militares os praticados por militar da ativa, em lugar sujeito à administração
militar, contra militar da reserva, ou reformado ou contra civil.
A vítima pode ser qualquer pessoa, exceto militar em situação de atividade (caso da alínea “a”).
São crimes militares os praticados por militar em serviço ou atuando em razão da função, em
comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que em local sujeito à administração
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil.
Não importa onde o crime é praticado, mas sim as quatro situações elencadas pela lei: em
serviço, em comissão militar, em formatura, ou atuando em razão da função.
Ex.: PM de serviço pratica lesão corporal em civil, durante uma abordagem policial.
- ART. 9º, INCISO II, ALÍNEA “D”:
São crimes militares os praticados por militar, durante o período de manobras ou exercício,
contra militar da reserva ou reformado ou contra civil.
Ex.: recrutas que, durante exercícios de campo, aproveitam breve folga para furtar objetos de
uma fazenda próxima ao local de treinamento.
São crimes militares os praticados por militar da ativa contra o patrimônio sob a
administração militar ou contra a ordem administrativa militar.
Ex.: Oficial PM retarda ato de ofício, para satisfazer interesse pessoal, no crime de
prevaricação.
São os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os crimes compreendidos no inciso I,
como os do inciso II.
Civil: só poderá figurar como sujeito ativo de crime militar na esfera federal. CF, art. 124 e 125 §
4º.
São crime militares os praticados por militar da reserva, ou reformado ou civil contra o
patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar.
Ex.: o furto de material bélico do Exército Brasileiro praticado por um civil, independentemente
de onde o fato ocorra.
Ex.: militar inativo para em um posto do Batalhão Rodoviário e ali subtrai o macaco e a chave
de roda de um veículo apreendido.
São crimes militares os praticados em lugar sujeito à administração militar, contra militar da
ativa ou contra servidor público das instituições militares ou da Justiça Militar, no exercício
de função inerente ao seu cargo.
Ex.: militar reformado pratica lesão corporal contra um militar da ativa, de folga, no interior do
quartel.
No caso de crime praticado contra funcionário da Justiça Militar, exige-se que o fato seja
praticado em lugar sujeito à administração militar. Ex.: militar inativo, preso em um quartel,
agride oficial de justiça que ali comparece para lhe entregar uma intimação.
São crimes militares os praticados por militar da reserva, ou reformado ou civil contra militar
em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração,
exercício, acampamento, acantonamento ou manobras.
O delito praticado por civil ou inativo torna-se crime militar estando o sujeito passivo (militar
da ativa), em qualquer das situações enumeradas na lei.
Ex.: agressão pratica por manifestante civil a um militar do Exército que participa do Desfile de
7 de Setembro.
São crimes militares os praticados por militar da reserva, ou reformado ou civil, ainda que
fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar,
ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública,
administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em
obediência a determinação legal superior.
O STM reconheceu delitos de desacato (art. 299) e desobediência (art. 301) do civil a militar da
Polícia do Exército, que desempenhava atribuições de sua função e em local sob tutela da
Administração Militar.
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
§ 2°Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União,
se praticados no contexto ...
O disposto no § 2º do art. 9° é restrito à Justiça Militar da União. Logo, somente pode ser
aplicada aos militares das Forças Armadas.
Além disso, não poderia a lei afrontar a Constituição Federal de 1988, que preconiza, em ser
art. 125, § 4º, que, no caso dos militares estaduais, a competência para o julgamento de tais
crimes é do tribunal do júri.
Caberá à Justiça Militar da União o julgamento dos crimes dolosos contra a vida de civis,
cometidos por militares das Forças Armadas, nas seguintes situações:
b) Em ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante. Ex.: Sentinela de uma Base Aérea que repele a invasão de um civil.
Caberá à JMU o julgamento dos crimes dolosos contra a vida de civis, cometidos por
militares das FFAA, nas seguintes situações (cont....):
c.1) Em conformidade com a Lei no 7.565/1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. Ex.: Tiro de
Abate.
c.2) Em conformidade com a Lei Complementar no 97/1999 – Emprego das Forças Armadas.
Ex.: Operações de Garantia da Lei e da Ordem – GLO, em uma favela do Rio de Janeiro.
c.3) Em conformidade com o Decreto-Lei no 1.002/1969 - Código de Processo Penal Militar. Ex.:
crimes praticados no exercício da polícia judiciária militar (mandado de busca e apreensão).
c.4) Em conformidade com a Lei no 4.737/1965 - Código Eleitoral. Ex.: crimes praticados por
integrante de tropas requisitadas pela Justiça Eleitoral para a segurança das eleições.
- Relação de Causalidade:
Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
b) Omissão: transgressão de uma ordem para que se faça alguma coisa. Ex.: omissão de
lealdade militar (art. 151).
Ação não se confunde com ato. Uma ação criminosa pode ser praticada por diversos atos.
Ex.: no crime de violência contra superior (art. 157), o subordinado desfere tapas, chutes e
socos contra seu superior. A ação é única, embora praticada por diversos atos.
Art. 29. § 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-se, entretanto, a quem
os praticou.
Teoria da equivalência das condições: condição é tudo o que concorrer para a produção do
resultado.
Por menor que seja o grau de contribuição, todos que contribuíram responderão pelo
resultado.
Causas supervenientes: forças que atuam depois da causa humana. Ex.: capotamento da
ambulância. O resultado só pode ser imputado ao agente se estiver na mesma linha de
desdobramento natural da ação. Ex.: vítima de esfaqueamento morre vítima de infecção
hospitalar: o autor responde por homicídio.
§ 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a
quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência.
Garantidor ou garante: pessoa obrigada por lei a agir para impedir o resultado. De acordo com
o CPM, são garantidores as seguintes pessoas:
a) quem tenha por lei obrigação de cuidado, guarda e vigilância. Ex.: PM durante a abordagem.
c) quem, com seu comportamento anterior, criou o risco. Ex.: instrutor que joga gás pimenta
em sala de aula.
b) Atos Preparatórios: são atos necessários ao êxito da ação criminosa. Ex.: compra da arma;
escolha do local etc. Em regra, não são puníveis, pois o inciso II do art. 30 exige o início da
execução para que a tentativa seja punida. Todavia, o legislador optou por punir de forma
autônoma certas condutas que, a princípio, são atos preparatórios de outros delitos. Ex.: crime
de conspiração (art. 152), que é ato preparatório dos crimes de motim ou revolta.
c) Execução: o agente ingressa nos atos executórios do crime. O CPM adota a Teoria Objetivo-
formal, segundo a qual ato executório é aquele descrito no tipo penal objetivo.
d) Consumação: é a reunião de todos os elementos da definição legal do crime (art. 30, I). A
consumação depende da natureza do delito. Ex.: crimes materiais; crimes permanentes etc.
Obs.: Exaurimento: para a maioria dos doutrinadores, não é fase do crime. Ex.: o recebimento
da propina no crime de corrupção passiva (art. 308);
Crime consumado: reunião de todos os elementos de sua definição legal. Ex.: Art. 207. Instigar
ou induzir alguém a suicidar-se, ou prestar-lhe auxílio para que o faça, vindo o suicídio
consumar-se.
Espécies de tentativa:
a) Tentativa Perfeita (ou tentativa acabada ou crime falho): o agente esgota toda a fase
executória. Ex.: militar A, com dolo de matar, efetua 5 disparos de pistola contra o militar B,
atingindo-o em em região letal, mas este último é socorrido do sobrevive.
b) Tentativa Imperfeita (ou inacabada ou tentativa propriamente dita): o agente não exaura
toda a sua potencialidade lesiva. Ex.: militar A, com dolo de matar, deseja efetuar 6 disparos
contra o militar B; todavia, ao efetuar dois disparos, é interrompido pelo militar C.
Pena da tentativa: redução de uma dois terços; pode o juiz, em casos graves, aplicar a pena do
crime consumado. Aplicado pelo STM, mas não pelo STF.
Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Não se confundem com a tentativa (em que a consumação não ocorre por circunstância alheias
à vontade do agente).
O agente responde pelos atos já praticados se estes, isoladamente, constituem tipos penais.
Ex.: após roubo, o agente devolve a coisa roubada, respondendo, porém, pelo constrangimento
da vítima, na forma do art. 222, § 1º (emprego de arma).
#ATENÇÃO: O CPM, diferentemente do CP comum (art. 16) não contempla o arrependimento
posterior como causa obrigatória de redução da pena (minorante).
- Crime Impossível:
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável.
Existe apenas a parte subjetiva do crime (o intuito) mas falta o elemento objetivo (o dano
material).
Ex.: PM efetua disparos de pistola em um cadáver, achando que o corpo ainda estivesse com
vida (impropriedade absoluta do objeto).
Ex.: soldado do refeitório coloca antiácido no suco dos oficiais, achando que se trata de
poderoso veneno (ineficácia absoluta do meio empregado).
Ineficácia relativa do meio empregado ou uma relativa impropriedade do objeto: o delito não
estaria descaracterizado.
- Culpabilidade:
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.
a) Culpa Consciente: o agente prevê o resultado, mas supõe levianamente que não se realizaria
ou que poderia evitá-lo. = Ex.: armeiro, durante instrução, arremessa granada supostamente
desativada, que explode e mata o instrutor.
b) Culpa Inconsciente: o agente não prevê o resultado que podia prever. Ex.: militar que não
deixa o veículo freado quando estacionado.
- Nenhuma Pena sem culpabilidade:
Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente as penas só responde o agente quando
os houver causado, pelo menos, culposamente.
O CPM consagrou o Princípio da Culpabilidade ao prever que ninguém pode ser punido por um
resultado mais grave se não o tiver causado pelo menos a título de culpa.
Crime preterdoloso: combinação de dolo e culpa, que se sucedem no fato delituoso. Resultado
além da intenção do agente. Ex.: em partida de futebol, Sgt agride Cb com empurrão e este, ao
cair, bate a cabeça em uma trave, vindo a falecer.
Ocorrendo um resultado mais grave por mera obra do acaso, sem presença de dolo ou culpa, o
evento mais gravoso não repercute na órbita penal.
Para a punição do autor pelo resultado mais grave, deve-se provar que ele agiu com dolo (quis
o resultado ou assumiu o risco) ou culpa (consciente ou inconsciente).
- Erro de Direito:
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente,
salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por
ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.
Erro escusável é o mesmo que erro invencível. Erro inescusável é o mesmo que erro vencível.
O erro de direito incide sobre a proibição jurídica do fato praticado. Ex.: Recruta, com pouco
tempo de caserna, que participa de uma reunião ilícita por desconhecer o caráter criminoso de
tal conduta (art. 165).
Tratamento duplamente severo no CPM: a pena poderá ser atenuada ou substituída por outra
menos grave e, se for crime contra o dever militar, o erro de direito não aproveita ao agente
(Ex.: deserção, abandono de posto).
- Erro de Fato:
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a
inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que
tornaria a ação legítima.
1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o fato é punível como crime
culposo.
2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa,
conforme o caso.
Erro de fato é aquele em que o agente erra por meio de uma falsa percepção da realidade.
O agente desconhece a existência de uma situação de fato que integra a figura típica penal.
Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de execução, ou outro
acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e
qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão
do crime, e agravação ou atenuação da pena.
Art. 37, § 1º: Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do
visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo.
Duplicidade do resultado
Art. 37, § 2º: Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do
parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79.
Erro na execução: é o desvio do golpe; é o erro no ataque. Ex.: agressor quer atingir o Sd
Antônio, mas erra a pontaria e atinge o Sd Benedito.
Erro sobre a pessoa: o agente acerta o golpe, mas, por erro de percepção, atinge uma pessoa
supondo tratar-se de outra. Ex.: agressor quer atingir o Sgt Pedro, seu desafeto, mas confunde-
se e atinge o Sgt Paulo, sósia do alvo.
Nos casos acima deve-se ter em conta não as qualidades da vítima, mas as da pessoa que
realmente o agente queria atingir.
Erro quanto ao bem jurídico: por acidente ou erro na execução do crime, o agente atinge um
bem jurídico diverso do que realmente queria atingir. Ex.: militar que danificar uma viatura do
quartel, mas acaba atingindo outro militar que operava o equipamento.
Se também ocorre o resultado pretendido, o agente responde por concurso de crimes (art. 79).
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade;
Pode ser:
a) Física: soldado bastante forte segura com vigor as mãos de um colega magro e com elas
danifica equipamento militar.
b) Moral: militar que, sequestrando o filho de outro militar, obriga este último a publicar, sem
autorização, documento oficial.
1º) que haja relação de hierarquia entre o autor da ordem (superior) e o subordinado;
5º) que o subordinado não exceda os limites da ordem que lhe foi dada.
Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem
está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não
provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao
direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa.
Teoria diferenciadora: permite o sacrifício de um bem de maior valor para proteger o bem de
menor valor, se não for exigível outra conduta. Ex.: militar que pratica deserção para dar apoio
à mãe doente.
No estado de necessidade exculpante, o bem sacrificado pode ser de igual ou de maior valor
em relação ao bem protegido. Ex.: o caso clássico dos dois náufragos.
Se o bem sacrificado for menos importante que o bem protegido, a solução é a exclusão da
ilicitude. Ex.: militares do Corpo de Bombeiros destroem um carro de luxo para entrar em um
prédio durante uma emergência.
Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação
irresistível senão quando física ou material.
Nos crimes em que há violação do dever militar, ao agente somente lhe aproveita a coação
física (ou material) exercida sobre o seu corpo.
Ex.: em crime omissivo, do soldado que não desempenha missão que lhe foi confiada de dar o
toque de alarme, por haver sido amarrado a uma árvore por outro militar.
Já a coação moral não pode ser invocada, em hipótese alguma, pois o militar tem o dever legal
de enfrentar o perigo.
Ex.: militar que não cumpriu o seu dever e abandona o posto por ameaça de morte.
- Atenuação da Pena:
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b, se era possível resistir à coação, ou se a ordem não
era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício
do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a
pena.
O coagido terá a sua pena atenuada por ter sido coagido de forma resistível. Ex.: por covardia,
o agente cedeu à pressão do coator e abandonou seu posto de serviço.
- Excludentes da Ilicitude:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
Exs.: a) PM que efetua a prisão do autor de um crime (não há crime de constrangimento ilegal;
art. 222); b) guarnição policial no cumprimento de mandado de busca domiciliar (não há crime
de violação de domicílio; art. 226).
Atenção: PM que mata um criminoso em troca de tiros age em legítima defesa. Quem mata em
ECDL é o carrasco.
Exercício Regular do Direito
No exercício regular do direito, a ordem jurídica autoriza o agente a praticar o ato que, sem tal
permissão, seria criminoso.
Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito
seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar,
desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é consideravelmente inferior ao
mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo.
Ex.: Bombeiros militares que danificam um veículo particular para ter acesso ao local de
incêndio.
Requisitos:
c) inevitabilidade do perigo;
f) sacrifício do bem jurídico de menor valor (valor maior ou igual, temos o estado de
necessidade exculpante)
- Legítima Defesa:
Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Requisitos:
5) Intenção de defender.
- Excesso Culposo e Excesso Escusável:
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os
limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa.
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação
de ânimo, em face da situação.
Excesso Culposo:
Jurisprudência: O excesso da legítima defesa não absorve toda ação. O agente só será punido
pelo ato que gerou o excesso.
TJM/RS: “Age com excesso culposo na legítima defesa e deve ser condenado nas sanções dos
arts. 206 (homicídio culposo) e 210 (lesão corporal culposa) do CPM o policial que desfere três
tiros contra as vítimas, matando uma e ferindo outra, porque, embora desarmadas, o
ameaçaram quando tentava apartar a luta corporal em que estavam envolvidos.
Excesso Escusável:
Nada mais é do que o excesso fortuito, ou seja, aquele que não merece ser reprovado.
Excesso Doloso:
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso.
Ex.: uma vez prostrado seu agressor, o PM agredido prossegue na conduta de feri-lo, passando,
assim, de uma conduta lícita a um comportamento ilícito.
Além disso, a ação também deixará de constituir crime, quando praticada em repulsa a
agressão exercidas pelos ocupantes de determinadas funções militares.
- Imputáveis x Inimputáveis:
“O Grito”, um dos quadros mais famosos do mundo, pintado pelo norueguês Edvard Munch e
datado de 1893.
- Culpabilidade:
CONCEITO: é um juízo de reprovação (de censura) que recai na conduta típica e ilícita praticada
pelo agente.
O agente podia praticar uma conduta lícita, mas acaba praticando uma conduta criminosa.
O juízo de valor recai sobre o autor da conduta ilícita, ou seja, sobre o agente.
Enquanto a análise da tipicidade (fato típico) e a ilicitude (antijuridicidade) recaem sobre o fato,
a análise da culpabilidade recai sobre o agente.
Elementos:
Noções: De acordo com a teoria adotada pelo Direito Penal, a culpabilidade é formada de três
elementos:
- Imputabilidade;
A capacidade na esfera penal é diferente da capacidade na esfera civil. Ex. menor de 18 anos,
civilmente emancipado, é menor para fins penais.
Imputável, então, é o sujeito que, mentalmente, tem a capacidade de entender o caráter ilícito
do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A imputabilidade pode ser excluída nas seguintes situações, em que desaparece a capacidade
de imputação do agentes:
Critério psicológico: basta se mostrar incapacitado para entender o caráter ilícito do fato ou
determinar-se de acordo com esse entendimento, no momento do fato.
Este último é o critério adotado pelo CP e pelo CPM, EXCETO em relação aos menores de 18
anos.
Inimputáveis
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou
retardado.
b) Desenvolvimento mental incompleto: é aquele que não se concluiu (Ex.: menores de idade;
silvícolas não adaptados)..
c) Desenvolvimento mental retardado: é a redução acentuada do QI (Ex.: imbecilidade, QI <
50; idiotia, QI < 25).
E A SENTENÇA?
Uma vez isento de pena, o juiz determina a aplicação de medida de segurança: internação em
estabelecimento de custódia e tratamento (art. 112 do CPM).
- Inimputabilidade Reduzida:
Art. 48 ...
Oligofrenia suave: nos casos de QI acima de 50, até 80 (Ex.: débil mental, QI < 80).
E A SENTENÇA?
De acordo com o art. 113, na hipótese do parágrafo único do art. 48 (imputabilidade reduzida),
e se o condenado necessitar de especial tratamento curativo destinado aos inimputáveis, a
pena privativa de liberdade poderá ser substituída por internação ou por tratamento
ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do art. 112 (internação
em estabelecimento de custódia e tratamento).
- Embriaguez:
Processo agudo de intoxicação resultante da ação do álcool ou substância equivalente sobre o
sistema nervoso.
Modalidades de embriaguez
a) Caso fortuito: é a proveniente do acaso: Ex.: o agente desconhece ser sensível ao álcool.
b) Força maior: o agente é obrigado a ingerir o álcool. Ex.: no trote militar, recruta é obrigado a
ingerir pinga.
a) Culposa: causada pela imprudência. O agente não quer se embriagar, mas por descuido
acaba se embriagando.
b) Voluntária ou dolosa: o agente se embriaga por assim querer, mas não deseja cometer
crime.
Intensidade da embriaguez
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Será isento de pena o agente que, no caso de embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou de força maior, era, no momento da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender e de querer.
Ex.: Completamente embriagado no alojamento, após ser obrigado a ingerir álcool, militar
pratica violência contra um superior hierárquico que ali comparece.
Art. 49 (...)
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
Se o embriagado não possuía, no momento da ação ou omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento”, em
razão de caso fortuito ou força maior, a sua pena é reduzida de um a dois terços.
Ex.: Parcialmente embriagado, após ingerir acidentalmente álcool, militar desrespeita uma
superiora hierárquica.
#ATENÇÃO:
- Não se aplicam os dispositivos acima ao agente que comete o crime sob o efeito de drogas
ilícitas já que estas possuem um tratamento especial dado no arts. 45 a 47 da Lei nº 11.343/06.
A embriaguez, seja ela voluntária (dolosa) ou culposa, em qualquer grau, não exclui a
imputabilidade penal.
Já embriaguez preordenada é uma circunstância agravante da pena (art. 70, II, c).
Teoria da actio libera in causa (ação livre na causa): a aferição da capacidade de entender e de
querer é transferida para o momento antecedente à prática delitiva, ou seja, quando o agente
estava lúcido e decidiu pela ingestão álcool ou substância equivalente.
- Menoridade:
Art. 50. O menor de 18 (dezoito) anos é penalmente inimputável, ficando sujeito às normas
estabelecidas na legislação especial.
Nova redação dada pela Lei nº 14.688, de 20/09/2023, que, no que concerne aos menores de
idade, adequa o CPM à Constituição Federal de 1988, art. 226.
O menor, todavia, pratica fato típico e ilícito, denominado ato infracional (ECA, art. 103).
Nesse contexto, a medida socioeducativa é uma das possíveis respostas frente ao ato
infracional.
Isso porque, tanto a Constituição Federal (art. 226) quanto o CPM (art. 50) referem-se ao
“penalmente inimputáveis”.
É claro que a punição disciplinar deve atentar para a condição de menor de idade do sujeito
ativo.
Capítulo 6: Concurso de agentes
Tipos de Concurso:
Concurso eventual: o crime poderia ser praticados por uma só pessoa. Ex.: roubo simples (art.
242, caput); abandono de posto (art. 195).
Concurso necessário: exige a concorrência de duas o mais pessoas. Ex.: rixa (CP, art. 137);
associação criminosa (CP, art. 288); motim (CPM, art. 149); revolta (CPM, art. 149, par. único);
reunião ilícita (CPM, art. 165).
Agentes de um crime:
Autor: É aquele que executa o fato delituoso. Tem o domínio final da ação, podendo
interrompê-la.
Coautor: Quando mais de um agente pratica o fato previsto no tipo penal. O coautor colabora
decisivamente para o resultado, participando da execução do crime, realizando ou não o verbo
núcleo do tipo. Todos os coautores, entretanto, possuem o co-domínio do fato.
Intelectual: planeja a ação e execução do crime. É aquele que organiza ou planeja ou dirige a
atividade dos demais coautores. Também chamado de "coautor de escritório".
Ex.: O Sgt Lobo, na função de Adjunto, planeja a apropriação de combustível do quartel (crime
de peculato) e distribui as funções dos demais coautores que trabalham no serviço interno da
Unidade. Ele tem o domínio organizacional do fato.
- Tipos de Coautor:
Executor: realiza o verbo núcleo do tipo. É quem realiza a ação descrita no tipo legal (matar,
subtrair, praticar violência, etc).
Ex.: Seguindo as orientações do Sgt Lobo, o Sgt Hiena e o Sgt Chacal “apropriam-se” de 500
litros de gasolina por eles retirado da bomba de combustível do quartel.
Funcional: participa da execução do crime, mas, sem realizar, diretamente, o verbo núcleo do
tipo.
Partícipe: é o agente que não pratica a conduta descrita no tipo penal, mas coopera na
empresa criminosa, emprestando auxílio, estímulo ou apoio ao autor. Não tem o domínio (ou
co-domínio) do fato.
Ex.: no caso da subtração de gasolina do quarte, acima narrado, a Sgt Raposa, Comandante da
Guarda, monitora a entrada de pessoas no quartel para possibilitar a ação criminosa dos
coautores.
1) Teoria monista (também chamada de unitária ou igualitária): afirma que o crime praticado
em concurso de pessoas é único e indivisível, ainda que praticado por vários agentes. = Os
concorrentes cometem o mesmo crime, ou seja, há uma unidade de crime e pluralidade de
agentes.
3) Teoria pluralista: considera que cada um dos concorrentes (autores ou partícipes) pratica
uma conduta própria.
Coautoria
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas.]
Adoção da Teoria Monista: o crime é único, mesmo que praticado por várias pessoas.
Ex.: linchamento.
Isso quer dizer que, em um mesmo crime, um agente pode ter uma pena diferente da do
outro.
Ex.: no crime de violência contra superior, praticado em concurso por dois agentes, um será
apenado na forma simples e outro na forma qualificada, porque foi o único a usar arma.
Condições referem-se às relações do agente com a vida exterior, com outros seres e com as
coisas (menoridade, reincidência etc.), além de indicar um estado (casamento, parentesco etc.)
Circunstâncias são elementos que, embora não essenciais à infração penal, a ela se integram e
funcionam para modelar a qualidade e quantidade da pena (motivo do crime,
desconhecimento da lei, confissão espontânea etc.).
Resumindo:
E as circunstâncias elementares?
Ex.: aquele que auxilia o funcionário público na prática do peculato responde por este crime,
ainda que não exerça a função pública; ou aquele que instiga o médico a não comunicar a
moléstia cuja notificação é compulsória responderá por este crime.
No âmbito da Justiça Estadual, ocorrerá sempre separação dos processos. Ex.: Um civil e um Sd
PM ameaçam matar um Sgt PM. O primeiro será julgado pela Justiça Comum e o outro pela
Justiça Militar.
Tema divergente:
Ex.: militar e civil praticam, em concurso, crime de violência contra superior (art. 157).
1) Se a conduta praticada pelo civil também for prevista na legislação penal comum, mesmo
que com outra denominação, irá ele responder por esse delito.
Ex.: O Capitão BM A (da ativa) e o civil B agridem o Tenente BM C (da ativa), causando-lhe
lesões físicas; o Oficial Intermediário A irá responder pelo crime militar de violência contra
inferior qualificada (CP, art. 175, par. único), perante a Justiça Militar Estadual; já o civil C
responderá pelo crime de lesão corporal (CP, art. 129), perante a Justiça Comum.
2) Se a conduta praticada pelo civil não estiver prevista na legislação penal comum, mesmo
que com outra denominação, o fato será a típico.
- Agravação da pena:
Art. 53 ...
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível
em virtude de condição ou qualidade pessoal;
Art. 53 ...
A p.m.i. merece um tratamento penal atenuado, uma vez que revela uma culpabilidade menos
expressiva.
Ex.: A e B combinaram de furtar uma casa que aparentemente encontra-se vazia, B entra na
casa, enquanto A espera no carro para a fuga. Ao invadir a casa B encontra a dona da casa e
decide por conta própria estuprá-la. Logo após o delito, o meliante B encontra A e ambos
fogem com um televisor.
Tipos de Excesso:
1) Excesso qualitativo: é aquele imprevisível, em que um dos agentes não esperava que o
outro fugisse do que fora anteriormente planejado.
Ex.: “A” e “B” combinam roubar a casa de “C”. “A” (partícipe) fica no carro, esperando,
enquanto “B” (autor) pratica o roubo. Todavia, “B” acaba, também, violentando a filha de “C ”.
Não é normal que o outro agente (B) se exceda tanto na ação criminosa, fugindo totalmente do
que fora anteriormente planejado.
Ex.: “A” e “B" combinam praticar lesão corporal em “C”. Para tanto, “A” (partícipe) empresta
uma barra de ferro para “B” (autor) desferir os golpes contra a vítima. Porém, “B” se excede e,
além de lesionar “C”, acaba causando a sua morte . É normal se esperar (PREVER) que durante
uma agressão física alguém se exceda e acabe matando o agredido.
- Cabeças:
Art. 53 ...
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados
cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.
1ª) nos crimes de autoria coletiva necessária, fixando-se naqueles que dirigem a ação, podendo
ser oficiais ou praças;
2ª) em crimes de autoria coletiva eventual, fixando-se nos oficiais, sempre, se delinquirem com
inferiores; ou nestes, quando exercerem função de oficial.
- Casos de Inimputabilidade
Fora as exceções previstas em lei (Ex.: conspiração), se o crime não chega ao menos a ser
tentado, não são puníveis: o ajuste, isto é, o acordo para a prática do crime; a determinação,
impulso para que surja a vontade de se cometer a infração; a instigação, persuasão para a
prática de um crime; e o auxílio, a ajuda material para essa atitude.