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Trata-se de Apelação Criminal interposta por MARCILENE DA SILVA contra sentença que a
condenou pela prática dos delitos previstos nos arts. 129, caput, e 147, ambos do Código Penal, à pena de
04 (quatro) meses de detenção, em regime aberto.
A recorrente pugna, preliminarmente, pela nulidade por ausência de intimação pessoal para a audiência
de instrução e julgamento, na qual foi decretada sua revelia. No mérito, pretende sua absolvição com
relação ao crime de lesão corporal, sob o argumento de que agiu em legítima defesa; com relação ao
crime de ameaça, requer seja absolvida por atipicidade da conduta; subsidiariamente, pretende a
aplicação da suspensão da pena, eis que preenche os requisitos do art. 77 do Código Penal.
Contrarrazões apresentadas no evento 177.1. Parecer do Ministério Público atuante junto às Turmas
Recursais do Estado do Paraná no evento 13.1 (da guia “movimentações”) opinando pela nulidade
absoluta da presente ação penal, bem como pela extinção da punibilidade, ante a ocorrência da prescrição
in abstrato da pretensão punitiva do Estado, nos termos dos arts. 107, inciso IV (1.ª figura), 109, incisos
V e VI, e 114, incisos I e II, todos do Código Penal, e no art. 61, do Código de Processo Penal.
É o sucinto relatório.
Passo ao voto.
Preliminarmente, verifica-se a necessidade de que seja anulada a ação penal a partir da designação da
audiência de instrução e julgamento, dada a ausência de adequada intimação da ré para que comparecesse
ao seu ato e, assim, prestasse seu interrogatório.
Conforme se verifica no respectivo Termo de Audiência costado ao evento 114.1, foi decretada a revelia
da acusada. No entanto, em que pese não tenha comparecido para prestar sua versão dos fatos, verifica-se
que não foi devidamente intimada da audiência de instrução e julgamento, vez que esta foi recebida por
sua filha.
Portanto, conclui-se que deve ser declarada a nulidade da audiência de instrução e julgamento designada
para 23/11/2021.
Sendo assim, reconhecida a nulidade absoluta da ação a partir da audiência de instrução e julgamento,
nos termos dos artigos 66 e 67 ambos da Lei n.º 9.099/1995, nulificam-se todos os atos processuais
subsequentes .
A recorrente foi acusada pela prática das condutas previstas artigos 129, caput, e 147, ambos do Código
Penal, as quais preveem penas de “detenção, de três meses a um ano” e “detenção, de um a seis meses,
ou multa”, respectivamente.
Verifica-se, portanto, que a prescrição da pretensão punitiva do Estado, a teor do disposto no art. 109,
incisos V e VI, do Código Penal, ocorre em 4 (quatro) e 3 (três) anos.
O fato se deu em 21/04/2019 e, até o presente momento, transcorreram mais de 4 (quatro) anos, não
tendo sido verificadas, desde então, quaisquer causas de interrupção ou suspensão.
Assim, uma vez que a pretensão punitiva se encontra fulminada pela prescrição, deve ser declarada
extinta a punibilidade da acusada, consoante artigo 107, inciso IV, do Código Penal.
Diante do exposto, o voto é pelo provimento do recurso, a fim de declarar a nulidade do feito a partir da
audiência de instrução e julgamento e todos os atos processuais subsequentes, declarando-se, de ofício, a
extinção da punibilidade da recorrente, em decorrência do reconhecimento da prescrição punitiva, com
fundamento nos artigos 109, inciso VI, e 107, inciso IV, ambos do Código Penal.
Por fim, fixo os honorários advocatícios ao defensor dativo nomeado, no valor de R$ 400,00
(quatrocentos reais), nos termos da Tabela de Honorários da Advocacia Dativa do Estado do Paraná e
Resolução Conjunta nº 015/2019-PGE/SEFA.
Dispositivo
Ante o exposto, esta 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade dos
votos, em relação ao recurso de MARCILENE DA SILVA, julgar pelo(a) Com Resolução do
Mérito - Provimento nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Marco Vinícius Schiebel, com voto, e dele
participaram os Juízes Leo Henrique Furtado Araújo (relator) e Aldemar Sternadt.
Tci