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RESPOSTA A ACUSAÇÃO

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AO DOUTO JUÍZODE DIREITO DA (...) VARA CRIMINAL


DE FORTALEZA/CEARÁ.

Processo nº (...).

GABRIELA (...), já qualificada nos autos da Ação Penal em epígrafe, que


nesse juízo lhe move o Ministério Público, como incursa nas sanções do artigo 155,
caput, c/c art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, por seu advogado infrafirmado
(Procuração anexa – Doc. nº 01), nos termos do artigo 396 – A do Código de
Processo Penal, vem perante esse Juízo apresentar RESPOSTA À
ACUSAÇÃO, expondo e requerendo o seguinte:
I- DOS FATOS

De acordo com a denúncia, a acusada Gabriela, terminou relacionamento


amoroso, por não mais suportar as agressões físicas sofridas, sendo expulsa do
imóvel em que residia com o companheiro em comunidade carente na cidade de
Fortaleza/Ceará, juntamente com o filho do casal de apenas 02 anos. Sem ter
familiares no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em
igrejas e outros locais de acesso público, alimentando-se a partir de ajudas
recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez amizade com Maria, outra
mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela, não mais
aguentando a situação e vendo o filho chorar e ficar doente em razão da ausência
de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar
em um grande supermercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de
macarrão, cujo valor totalizava R$18,00. a conduta de Gabriela foi percebida pelo
fiscal de segurança, que a abordou no momento em que ela deixava o
estabelecimento sem pagar pelos bens, e apreendeu os dois produtos escondidos.
Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de recursos e a
situação de fome e risco de seu filho.
Desta forma a defendente foi denunciada nas sanções do art. 155, caput, c/c
art. 14, inciso II, ambos do Código Penal vigente, que legisla sobre o crime de furto
simples na forma tentada: citar o artigo, se quiser.
A denúncia foi acolhida por esse juízo e a acusada devidamente citada.

II- DOS FUNDAMENTOS PRELIMINARMENTE

1. DA EXTINÇÃO DE SUA PUNIBILIDADE, PELA PRESCRIÇÃO


DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL PROPRIAMENTE DITA
OU IN ABSTRATO:

 O fato narrado na denúncia ocorreu em 24 de dezembro de 2017, ocasião em


que Gabriela tinha apenas 20 anos, já que nascida em 28 de abril de 1997. O
Art. 115 do Código Penal leciona que, o prazo prescricional do menor de 21
anos na data dos fatos deve ser computado pela metade, sendo tal disposição
aplicável ao caso concreto. Foi imputada a Gabriela a prática do crime de furto
simples em sua modalidade tentada. A pena máxima em abstrato prevista para o
delito imputado é de 04 anos (com a causa de diminuição de 1/3 da tentativa, a
pena máxima in abstrato a ser aplicada será de 02 anos e 08 meses de reclusão);
logo, o prazo prescricional é de 08 anos, previsto no Art. 109, inciso IV, do
Código Penal, que cairá para 04 anos na hipótese, considerando a menoridade
relativa da ré, que diminui o prazo prescrição de metade (art. 115 CP).SENÃO,
VEJA-SE: ...). Em qualquer caso, já se passaram mais de quatro anos
desde a última quebra da disposição, e até o momento, já se passaram
vários anos desde que o Estado exerceu o seu direito de punir o
acusado, implicando o reconhecimento da a disposição de prevenção
punitiva em abstrato.

Com efeito, requer-se o PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA


ESTATAL PROPRIAMENTE DITA OU IN ABSTRATA, COM A
CONSEQUENTE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DA ACUSADA PELA
INCIDÊNCIA DA EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE, nos termos dos Artigos 397, IV do CPP, e Arts. 107, IV e 109, IV,
c/c Art. 115, todos do Código Penal. (CITAR).

Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e


parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente
o acusado quando verificar: IV - extinta a punibilidade do
agente. 

 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: IV - pela prescrição,


decadência ou perempção; (Grifo pelo subscritor)
Art. 109.  A prescrição, antes de transitar em julgado a
sentença final, salvo o disposto no § 1 o do art. 110 deste
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se: IV - em oito anos, se o
máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;

Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição


quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21
(vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos;(Grifo pelo subscritor)

2. AUSENCIA DE JUSTA CAUSA PARA O REGULAR EXERCICIO


DO DIREITO DE AÇÃO, PELA ATICIDADE DA CONDUTA
IMPUTADA A ACUSADA PELA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICANCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA:

 Sequer há justa causa par ao regular exercício do direito de ação, vez que a
conduta da acusada cingiu-se a subtrair dois pacotes de macarrão que totalizavam
R$ 18,00 (dezoito reais). Esse valor é ínfimo para um grande supermercado, e
permite a aplicação do princípio da insignificância ou criminalidade de bagatela,
afastando a tipicidade material da conduta, o que justifica a absolvição sumária
da acusada com base no Art. 397, inciso III, do CPP.
 Deve-se alegar que, como consabido, com o Direito Penal democrático, o
princípio da insignificância é reconhecido e aplicado no Direito Penal, para
afastar a tipicidade material de certas condutas que, apesar de se amoldarem
integralmente a um dos tipos previstos nas normas penais incriminadoras
(tipicidade formal), são inofensivas ou produzem lesões ínfimas o bem jurídico
penalmente tutelado.
 Nestas situações, diante da ausência de relevância penal da lesão produzida ao
bem jurídico tutelado, como na hipótese em tela, não há necessidade de
repressão penal, pela atipicidade material da conduta, o que impõe a
absolvição da acusada, vez que, também preenche todos os demais
requisitos para a aplicação do referido princípio, mormente porque é ré primária e
jamais se envolveu com a polícia e justiça anteriormente, o que denota sua
diminuta ou nenhuma periculosidade.

Com efeito, E RECONHECIDA A ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA


DA ACUSADA, REQUER-SE SUA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, com base no
Art. 397,
inciso III, do CPP. (CITAR)
NO MÉRITO

Vencidas as teses acima destacadas, em sede de mérito, ressalte-se que a


acusada deve ser absolvida sumariamente, pois agiu sob o pálio da excludente de
ilicitude do estado de necessidade. Senão, veja-se:
Gabriela estava com seu direito e de seu filho em situação de risco atual e
concreto, em especial porque a criança estava ficando doente em razão da ausência
de alimentação. Ademais, a situação de perigo não foi criada por ela, já que foi
expulsa do imóvel pelo seu ex-companheiro, que lhe agredia, além de não conseguir
emprego ou ajuda financeira de outras pessoas. Ademais, não é razoável exigir que
Gabriela sacrificasse a integridade física de seu filho em detrimento de lesão de
ínfimo valor para grande supermercado da região.

Assim, DIANTE DO ESTADO DE NECESSIDADE, REQUER-SE A


ABSOLVIÇÃO
SUMÁRIA DA ACUSADA, com fundamento no Art. 397, I (existência manifesta
de causa excludente de ilicitude) do CPP.

Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e


parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente
o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa
excludente da ilicitude do fato;  

III – DO PEDIDO:
Com efeito, REQUER-SE:

1. Seja reconhecida a EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DA ACUSADA


PELA OCORRENCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA PROPRIAMENTE DITA, ABSOLVENDO-A
SUMARIAMENTE, nos termos do Art. 397, IV do CPP, e Arts. 107, IV;
e 109, IV c/c o 115, todos do Código Penal;
2. Alternativamente, requer A ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DA ACUSADA
PELA ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA , nos termos do
artigo 397, III do Código de Processo Penal; ou EM RAZÃO DO
ESTADO DE NECESSIDADE COM QUE AGIU A RÉ, nos termos
do art. 397, I do Código de Processo Penal.
3. Se assim não entender Vossa Excelência, em homenagem ao princípio da
eventualidade, SEJA DETERMINADO O PROSSEGUIMENTO DO
FEITO, COM A DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
E JULGAMENTO, oportunidade em que deverão ser ouvidas as
testemunhas abaixo arroladas, intimando-as para tal fim.

Termos em
que, Pede
Deferiment
o.

Local (...), ... de março de 2023.

Advogado

ROL TESTEMUNHAL

1. MARIA (...), residente na rua (...), nº (...), Bairro (...), nesta cidade;
2. NOME (...), residente na rua (...), nº (...), Bairro (...), nesta cidade. =

ESTAGIARIA: Lethicia Saloto de Almeida

portfolio.penalnoturno@gmail.com
(Noturno)

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