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AO JUIZO DA 5ª VARA CRIMINAL DO RIO DE JANEIRO/RJ

Processo Crime nº xxx

Caio, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente,


perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, inciso LXVIII,
da Constituição Federal, e com base no art. 396-A, do Código de
Processo Penal apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

pelas razões de fato e fundamentos:

DOS FATOS

O mérito da denúncia trata-se de suposta prática dos delitos de extorsão


qualificada pelo emprego de arma de fogo enquadrado no Art. 158, §1º do CP.

Segundo consta da Denúncia, o acusado teria emprestado o valor de


R$ 20.000,00 reais a José, o qual assinou uma nota promissória como garantia do
respectivo valor, com vencimento para o dia 15 de maio de 2020.

Porém, não ocorrendo o pagamento, o denunciado, educadamente,


realizou telefonema para José objetivando a cobrança da dívida, ligação esta que foi
presenciada pelas testemunhas Joaquim e Manoel, e, na qual José se comprometeu a
quitar a dívida até o final daquela semana.

Uma vez findo este prazo e sem a devida quitação, o denunciado procurou
José, na data de 04 de junho de 2020 para realizar nova cobrança, porém, desta vez
munido de arma de fogo, a qual mostrou para José exigindo o pagamento naquele
momento, pois do contrário poderia pagar com sua própria vida.

Ato contínuo, José entra no restaurante e telefona para a polícia, que ao


chegar no local já não mais encontra o denunciado. Tendo os fatos acima expostos
levados ao delegado de polícia, instaurou-se inquérito policial para apurar-se as
circunstâncias do ocorrido e, desta feita, o parquet o denuncia pela prática do crime
tipificado no Art. 158, §1º do Código Penal.

DO DIREITO

DA TIPIFICAÇÃO PENAL

Apesar de o Ministério Público representar pela tipificação no art. 158,


§1º, CP a denúncia não deve prosperar visto que para tal tipificação penal seria
imprescindível a obtenção de vantagem indevida, sendo, portanto, a conduta quanto ao
art. 158 atípica, uma vez que não se caracteriza aos fatos a obtenção de vantagem
indevida.

Sendo assim, a denúncia não merece acolhimento, uma vez que a


tipificação adequada para os fatos ocorridos seria apenas a de crime de exercício
arbitrário das próprias razões, conforme artigo 345, parágrafo único, CP, devendo tal
denúncia ser rejeitada, conforme passa-se a demonstrar.

DA ILEGITIMIDADE ATIVA

Uma vez configurado o crime tipificado no artigo 345, parágrafo único


do CP, não cabe ao Ministério Público figurar no polo ativo de tal ação, visto que, ao não
haver o emprego de violência, nos termos do Parágrafo único, tal ação somente se
procede mediante queixa-crime.

Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora
legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede
mediante queixa.
Portanto, nas palavras de Miguel Reale Junior, a conduta tipificada pelo

art. 345 abrange comportamento onde o indivíduo busca, através do emprego de


violência, a satisfação de um direito legitimo:
“Tradicionalmente a conduta típica é conhecida como “fazer justiça com as
próprias mãos” e abrange comportamento que empreguem qualquer forma
de violência(física, intimidação ou meio ardiloso) para fazer um legítimo
direito, seja ele de qualquer natureza, que poderia haver sido apreciado por
autoridade judiciária. Na ausência de prestação jurisdicional adequada, o
indivíduo arroga-se no direito de impor, por seus próprios meios, a pretensão
que o Estado deixa lhe oferecer” (Código Penal Comentado, coordenador
Miguel Reale Junior, ed. Saraiva pag.1031).

Portanto, consoante os termos do parágrafo único do artigo 345 do Código


Penal, em seu parágrafo único, se não há emprego de violência, procede-se mediante
queixa, portanto, não compete ao ilustre membro do parquet a apresentação da
respectiva denúncia.

Dessa forma, não ocorrendo a queixa-crime dentro do prazo legal, há


decadência do direito de queixa, causando assim, a extinção da punibilidade.

Portanto, uma vez que não houve a obtenção de vantagem indevida, não
há que se falar em extorsão, sendo atípicos os fatos quanto ao art. 158 do Código Penal,
devendo ser rejeitada a presente denúncia, preliminarmente, pois uma vez moldados os
fatos conforme tipo penal do art. 345, parágrafo único, somente procederá mediante
queixa, desta forma, ilegítima a atuação do parquet.

DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - DECADÊNCIA DA QUEIXA

Como transcrito acima, a presente ação só pode ser movida mediante


queixa. Nos termos do artigo 103 do CP, a vítima tem o prazo decadencial de 6 meses
para oferecer a queixa:

Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito


de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no
caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para
oferecimento da denúncia.

Dessa forma, em se tratando de ação penal privada, passados mais de seis


meses do dia em que se tomou conhecimento da autoria do crime sem a ação do
ofendido, ocorre a extinção da punibilidade pela decadência do direito de queixa.
Desta forma, é obrigatório reconhecer o transcurso do prazo decadencial
de seis meses para exercício do direito de queixa, isto é, 04 de dezembro de 2020,
conforme estipulado pelo 103 do CPP, incidindo sobre o caso a decadência do direito de
queixa e a consequente extinção da punibilidade.

PEDIDOS

Isto posto, requer que seja ABSOLVIDO O DENUNCIADO, diante da


existência de circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu da pena.

Sucessivamente, pede-se:

1. A absolvição sumária, nos termos do artigo 397, III e IV;

2. No caso de não aceitação do pleito anterior, requer a


produção de toda prova admitida em direito, em especial
testemunhal, conforme rol abaixo;

3. Assim não entendendo, seja aplicada a suspensão


condicional do processo;

4. Ao final, seja reconhecida a inocência do acusado;

Termos em que, pede deferimento.

cidade, data .

Advogado
OAB/XX
ANEXOS:

1. PROCURAÇÃO PODERES ESPECIAIS

2. DOCUMENTOS LEGITIMIDADE

3. ROL DE TESTEMUNHAS

ROL DE TESTEMUNHAS

NOME: Joaquim

NOME: Manoel

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